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Época de lançamento… ou de falhanço total!

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atodososdesportistas

Depois do jogo de ontem em Penafiel, que culminou com vitória por 2-0 a favor dos Dragões, fecham-se as cortinas da época desportiva azul-e-branca e já se começa a olhar para a que vem aí. Como sempre afirmei, Lopetegui teve um enorme desafio pela frente ao ter de montar uma equipa praticamente de raiz e sem o seu capitão Helton, única figura dos Dragões que se pode assemelhar a João Pinto, Jorge Costa, Deco ou Victor Baía.

Com um começo atribulado devido à excessiva rotação no meio campo Portista, Lopetegui fez um mea-culpa e começou a solidificar o seu tridente do sector intermédio e assim a criar um 11 base, constituído por: Fabiano (quanto a mim um dos elos mais fracos deste Porto); Danilo, Maicon, Marcano e Alex Sandro; Casemiro, Herrera e Óliver; Brahimi, Tello e Jackson. E foi este 11 que fez o Porto ser, de longe e durante largos meses, a melhor equipa a jogar futebol em Portugal. Mas o técnico espanhol voltou a claudicar quando não devia, como por exemplo, no jogo dos barreiros, onde “inventa” um Quintero a extremo ou na Luz quando se apresenta com uma equipa com 5 alterações em relação ao “normal”. Não falarei hoje das arbitragens, que foram a principal causa do Benfica campeão e do Porto não campeão, até porque já o fiz e hoje quero focar-me no meu clube e não nos claros factores externos que toda a época empurraram uns para cima e puxaram outros para baixo.

Como disse também anteriormente, acho Lopetegui o homem certo no lugar certo, e mantenho isso. Penso que cresceu e que a comunicação social também fez dele um “fantoche”, a lembrar o que a comunicação espanhola fazia com Mourinho. E claro, o timoneiro dos Dragões tinha de se defender, e a distorção do contexto de suas palavras fizeram-no parecer um “chorão”. Mas, continuando, penso que o Porto tinha obrigação de fazer muito mais do que fez, mas ainda assim dou uma segunda e derradeira chance ao meu treinador. Como sei que ter Mourinho, Villas-boas, Klopp ou Ancelotti no Porto não é sequer um possibilidade, apenas “trocava” o meu técnico por Jorge Jesus ou… Vítor Pereira. Sou um fã de Jorge Jesus assumido desde os tempos do Braga, e penso que tem feito maravilhas no reino da Luz e que com uma estrutura como a do Porto tinha condições de fazer bem mais e melhor. Já VP, o eterno “mal-amado” da atmosfera azul-e-branca, pegou no plantel com o balneário mais difícil de sempre do Porto e tornou-o bicampeão nacional – duas vezes de forma épica. Seria sempre um “seja muito bem-vindo, mister!”, da minha parte.

Lopetegui (na foto) é o treinador certo para o FC Porto. Fonte: Facebook Oficial FC Porto
Lopetegui (na foto) é o treinador certo para o FC Porto.
Fonte: Facebook Oficial FC Porto

Mas isto tudo são ilusões, por isso, o que fará Lopetegui na época que vem, sabendo que vai ter de “montar” nova equipa, agora que conhece a realidade do nosso futebol?

Helton: Tem de se manter como “número 1”, com Fabiano a ser emprestado, Ricardo a suplente e com o jovem Godiño a completar o lote de guardiões, sendo que o último jogaria pela equipa B;

Danilo: Com a já mais que certa saída para o Real Madrid, penso que é uma das prioridades da equipa azul-e-branca adquirir um lateral tão competente como Danilo; e desse ponto de vista, Marcos Rocha perfila-se como natural sucessor, embora um lateral com experiência na europa fosse mais a minha escolha…

Casemiro: Ainda é incerta a permanência do internacional brasileiro nas fileiras do Dragão. Depois de uma época fantástica, os adeptos do Real Madrid exigem a integração do jovem jogador no plantel madrileno já na próxima temporada. Dadas as boas relações entre as instituições e o excelente trabalho que o Porto fez com Danilo, não era de estranhar que o Real enviasse para o Dragão Lucas Silva ou Illarramendi, com o mesmo propósito de fazer o mesmo que fez com Casemiro. De todo o caso, eu preferia que fosse alcançada a permanência do médio defensivo.

Óliver: Aqui se prende uma das dúvidas “nucleares” deste futebol clube do Porto (a par de Jackson). O jovem espanhol demonstrou ser o próximo maestro da selecção espanhola e pegou cedo na batuta portista, mostrando uma maturidade não vista até então desde Lucho Gonzalez, em estilos diferentes, claro. Não passa de uma ilusão pensar que o espanhol irá permanecer no Norte do país, pois Simeone não anda a dormir e sabe que está ali um diamante com todas as condições de jogar num Atlético que sente, por vezes, falta deste “sangue fresco”. Com Quintero a continuar sem se afirmar e sem conseguir expor o seu futebol (que em nada é inferior ao de Óliver), quem poderá o Porto “repescar” para aquela posição de dinamização de jogo?

Brahimi/Tello: Duas dúvidas também no ar da próxima época: Brahimi, pois tem “tubarões” como Bayern ou Manchester atrás dele e Tello, pois, com a imposição da UEFA de impedir o Barcelona de inscrever jogadores durante dois anos, a solução de Luis Henrique pode ser a de repescar de jogadores emprestados, embora no caso do Espanhol, o Porto tenha salvaguardada uma opção de compra. Resta saber se o Espanhol aceita permanecer do Dragão…

Jackson: É praticamente uma certeza: vamos perder uma dos melhores avançados da Europa. E as baterias já se devem apontar para o seu sucesso: Aboubakar estará preparado para tamanha pressão? Demonstrou ser um jogador muito interessante e quando jogou, marcou e jogou bem, com grandes golos à mistura; mas é uma pressão enorme, e veremos se o avançado Camaronês está preparado. Quero e exijo ver Gonçalo Paciência integrado no plantel da época que vem e gostei da contratação Alberto Bueno ao Vallecano, jogador que me parece muito interessante.

Posto isto, e voltando ao título do meu texto, ou esta foi uma época de “lançamento” daquilo que será um Porto mais sólido no futuro (ou seja, próxima época) ou esta aposta na ruptura revelar-se-á um falhanço total! Mas eu acredito que o nosso ciclo ainda não terminou, apenas temos um Benfica mais competente e com um treinador que sabe um pouquinho mais que os outros em Portugal…

Vamos lá, somos Porto e a nossa chama não se apagará só porque em dois anos apenas ganhámos uma supertaça de Portugal… Quem dera a muitos em dois anos terem ganho isso a certo momento de um passado recente… Continuamos a ser os melhores do Século XXI em Portugal, quer se queira, quer não!

Foto de capa: Facebook Oficial FC Porto

“A única coisa que transcende a existência do ser humano é a sua obra” – Maxim Gorky

internacional cabeçalho

Numa altura em que havia um número considerável de jogadores russos a jogar na liga espanhola, chegou às Astúrias, proveniente do Dynamo Moscovo, um avançado altamente versátil com uma velocidade fora do normal e com uma taxa de eficácia bastante considerável para um jogador com as suas características. Nascido na antiga cidade de Gorky (actual Nizhny Novgorod), este pequeno avançado de nome Dmitri Cheryshev veio reforçar o contingente russo do Sporting Gijón, no qual já figuravam dois internacionais de grande qualidade daquele país do leste da Europa: Igor Lediakhov e Yuri Nikiforov.

Dmitri, actualmente com 46 anos, é a razão pela qual temos hoje no futebol espanhol um futebolista de elevada qualidade como é o seu filho Denis Cheryshev, que completou uma época de elevada qualidade ao serviço do Villarreal por empréstimo do Real Madrid.

Denis Cheryshev – O novo menino de ouro do futebol russo Fonte: Página do VK de Denis Cheryshev
Denis Cheryshev – O novo menino de ouro do futebol russo
Fonte: Página do VK de Denis Cheryshev

Tal como o seu pai, Denis nasceu em Nizhny Novgorod e foi para Espanha com apenas seis anos, quando Dmitri assinou pelo Sporting Gijón, e foi nessa equipa Asturiana onde começou a dar os primeiros toques na bola. Em 2001, depois de cinco anos no El Molinón, Dmitri assinou contrato com o Burgos e o jovem Denis seguiu novamente as pisadas de seu pai. Aos 12 anos de idade, Denis dá o salto para as equipas jovens do Real Madrid, mas mais uma vez não foi sozinho, já que o seu pai, que havia pendurado as botas após uma curta passagem pelo Real Aranjuez, se juntou a ele ocupando o cargo de treinador nas camadas jovens da equipa Merengue.

O pequeno Denis Cheryshev cresceu e foi, aos poucos, tornando-se um jogador de excelência, cujas excelentes exibições não passaram ao lado de Alejandro Menéndez que, na temporada de 2010-11, comandava o Castilla (a fábrica de futebol Madrilista) e que antevia um futuro brilhante para o jovem russo: “Tiene mucho margen de progresión. En los últimos años le faltaban minutos y algo de tranquilidad en su juego y ahora los ha adquirido y tiene confianza. Puede convertirse en un jugador de élite”.

Em 2012, ainda ao serviço do Castilla mas já sob a batuta de um treinador diferente (Alberto Toril), Cheryshev deixou de jogar como avançado, posição que tinha vindo a ocupar até então, e passou a desenrolar o papel de extremo esquerdo. Foi aliás a actuar nessa posição que Denis começou a provar ser um jogador altamente desiquilibrador, fazendo uso da sua velocidade, excelente visão de jogo e finta curta, algo que o tornava num verdadeiro tormento para as defesas adversárias.

O clã Cheryshev – Dmitri e Denis Fonte: Página do Sovsport.ru
O clã Cheryshev – Dmitri e Denis
Fonte: Página do Sovsport.ru

A evolução de Denis não passou ao lado do sempre atento José Mourinho, que convidou o jovem a integrar os treinos da equipa principal do Real Madrid e que o incluiu nos eleitos para a Champions League, após Cheryshev ter marcado um dos golos do Castilla no mini-Classico frente ao Barcelona B nesse ano. Numa entrevista dada a um jornal russo em 2012, Cheryshev não poupou elogios ao treinador português e realçou a forma como este tratava os jogadores mais jovens: “Mourinho no es el mismo que pinta la Prensa. Tengo grabado cómo nos trata a nosotros, los canteranos. Lo hace con todo respeto, sin hacer distinciones entre los jugadores. La primera vez que hablé con él cara a cara creía que el corazón se me salía del pecho”.

A saída de José Mourinho e as ideias algo irrealistas que Carlo Ancelotti tinha para o jogador (o técnico italiano via em Cheryshev uma possível alternativa a Marcelo para o lado esquerdo da defesa Merengue) precipitou a saída, por empréstimo, para o Sevilla em Setembro de 2013. O que começou como uma época promissora terminou numa verdadeira desilusão, uma vez que Cheryshev, por motivos vários, incluindo diversas lesões, não conseguiu deixar a sua marca no Sanchez Pizjuán.

No passado Verão, Cheryshev rumou ao Villarreal, dando assim um passo bastante importante na sua carreira. Contrariando a ideia de alguns que o criticaram por recusar uma proposta tentadora do FC Zenit, o jovem russo pegou de estaca na equipa de Marcelino Toral. O talentoso treinador do Submarino Amarillo soube retirar o melhor do extremo russo que rapidamente se tornou um dos principais jogadores da equipa. Cheryshev marcou quatro golos esta época, um deles em Camp Nou frente ao todo-poderoso Barcelona de Luis Enrique, mas mais importante do que isso foram as nove assistências para golo que fez (apenas Ronaldo e Messi atingiram um número maior). Cheryshev participou em mais de 40 partidas esta época mas uma lesão algo complicada afastou o russo da equipa nesta fase final da temporada. De qualquer forma, o jogador russo assinou uma temporada de alto nível com o Villarreal varrendo para canto todos os seus críticos, que, não há muito tempo atrás, teimavam em apelidá-lo de “flop” e punham constantemente em causa todo o seu valor.

Denis, que de acordo com os meios de comunicação social estará a caminho da Premier League para jogar no Liverpool na próxima época, é um jogador de excepção dentro e fora de campo, sendo descrito por todos como um individuo extremamente educado e, acima de tudo, como um excelente companheiro. O seu pai Dmitri, que em 2011 voltou ao país que o viu nascer para dar continuidade à sua carreira de treinador, corrobora essa teoria e não hesita em realçar todas as qualidades do novo representante do clã Cheryshev: “Es rápido, valiente, técnico, zurdo, con buen golpeo y gran visión de juego. Puede dar último pase. Trabaja muchísimo. Y lo más importante: es un buen compañero”.

Perder e ganhar, tudo no mesmo dia

cab desportos motorizados

Chegou o fim-de-semana do Grande Prémio do Mónaco. E com ele, todas as emoções, curvas apertadas e toques perigosos que tornaram o circuito monegasco no mais famoso do Campeonato do Mundo de F1. E quem, como eu, vivia a magia do Mónaco nos jogos para a PlayStation, pode somente imaginar o que deve ser vivê-la na realidade. Como já várias vezes aqui referi, a competição está claramente partida e dividida; Rosberg, Hamilton e Vettel voltaram a ser os protagonistas.

Lewis Hamilton começou bem, ao garantir a sua primeira pole em Monte Carlo. Numa qualificação atribulada, com duas penalizações, Rosberg garantiu a saída da segunda posição e Vettel colocou o Ferrari na segunda linha. A Red Bull volta a afirmar-se como a terceira melhor equipa: aliás, Ricciardo e Kvyat conseguiram mesmo qualificar-se à frente de Raikkonen. Os dois jovens pilotos voltaram a pôr a equipa nos lugares cimeiros e estão a devolvê-la à glória que outrora teve.

Hamilton saiu forte e manteve bem seguro o primeiro lugar, chegando aos 3 segundos de diferença à décima primeira volta. O piloto da Mercedes controlou a corrida desde o arranque e acabou por perdê-la por motivos alheios a si mesmo. Mas já lá vamos. O inglês foi fugindo durante toda a corrida, mostrando um grande controlo da vantagem; a Mercedes, até aqui, ia garantindo mais uma dobradinha.

Mas, à 62ª volta, o acidente entre Grosjean e Verstappen alterou o curso de toda a prova. Apesar de, felizmente, o piloto da Toro Rosso ter saído ileso, o embate foi violento e o carro do holandês ficou desprovido da roda esquerda frontal. Mas mais do que o abandono de Max Verstappen, este acidente foi fulcral na frente da corrida: com a entrada do safety-car, a vantagem de 15 segundos de Hamilton sobre Rosberg é completamente anulada.

O vencedor e o derrotado do GP do Mónaco Fonte: Facebook Mercedes AMG Petronas
O vencedor e o derrotado do GP do Mónaco
Fonte: Facebook Mercedes AMG Petronas

E se tenho vindo a elogiar a estratégia de paragem nas boxes da Mercedes, admito hoje o erro monumental de Toto Wolff, chefe de equipa. Depois da entrada em pista do safety-car, o inglês foi chamado a trocar de pneus, perdendo assim a liderança. Quando regressa, Rosberg e Vettel já haviam arriscado e passado para a frente da corrida. Apesar de ter pneus novos, contrastantes com os de 30 voltas dos oponentes, Lewis Hamilton não mais consegue aproximar-se dos lugares cimeiros, chegando mesmo a desabafar via rádio: “perdi esta corrida”.

Rosberg venceu. Vettel garantiu o segundo lugar. Hamilton ficou na última posição do pódio por erros de timing da Mercedes. E no campeonato, apesar de continuar em primeiro, a diferença para Rosberg é de apenas 10 pontos. Nota positiva para Jenson Button, que garantiu os primeiros pontos da McLaren. Desilusão, mais uma vez, para Pastor Maldonado: o piloto da Lotus apenas terminou o GP do Bahrain.

Rosberg junta-se a Senna e ganha pela terceira vez consecutiva em Monte Carlo, que volta a revelar-se um circuito complicado para Lewis Hamilton. A Mercedes perdeu e ganhou o GP do Mónaco, tudo no mesmo dia. A 7 de Junho, no Canadá, Rosberg tem a oportunidade de discutir a liderança do campeonato.

Foto de Capa: Facebook Mercedes AMG Petronas

Olheiro BnR – Fábio Sturgeon

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A boa campanha do Belenenses neste campeonato nacional, que até poderá ainda passar por um surpreendente apuramento para a Liga Europa, está também a ser assente em algumas jovens promessas, sendo um perfeito exemplo o avançado Fábio Sturgeon.

Atacante polivalente, rápido e evoluído tecnicamente, trata-se claramente de um jogador a prometer altos voos, lembrando, inclusivamente, pelas suas características os primeiros tempos de Jorge Cadete, quando o ex-internacional português também era colocado preferencialmente nos flancos do ataque.

Há seis anos no Belenenses

Fábio Miguel dos Santos Sturgeon nasceu a 4 de Fevereiro de 1994 na Charneca da Caparica, tendo começado a sua carreira precisamente no Charneca da Caparica, isto antes de mudar-se para o Pescadores e, em 2010/11, para o seu actual clube, o Belenenses.

No emblema do Restelo, estreou-se ao nível do futebol sénior logo em 2011/12, quando o Belenenses ainda se encontrava na Segunda Liga, ainda que apenas tenha começado a jogar com verdadeira regularidade na presente temporada de 2014/15, na qual soma 35 jogos e dois golos.

Faz todas as posições do ataque

Fábio Sturgeon faz todas as posições do ataque, podendo actuar como extremo (à direita ou à esquerda), segundo avançado ou mesmo “dez”, ainda que me pareça que acabará por perceber-se que será em zonas centrais, como avançado de suporte, que terá mais condições de desenvolver todo o seu potencial.

Nesta fase mais embrionária da carreira, ainda assim, é muitas vezes colocado nas faixas, nomeadamente a direita, onde também mostra valências mais do que suficientes para ser útil, uma vez que é raçudo, rápido, explosivo, tecnicista e desequilibrador.

Inegável, de qualquer maneira, é que, enquanto joga sobre os flancos, se desvanecem muitas outras das suas qualidades, sendo de destacar a sua excelente visão de jogo e capacidade de criação em zonas centrais, isto sem esquecer a excelência do seu último passe e a sua boa meia-distância.

Foto de Capa:  Os Belenenses SAD

A parábola da ingratidão

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eternamocidade

Que o futebol é um jogo de emoções, isso já toda a gente sabe. Que o futebol nos leva a estados de alma como talvez nenhuma outra coisa consegue, isso também é de conhecimento geral. É um jogo e só por isso, nesta equação, a emoção está presente. É indiscutível que sempre foi assim e sempre será no futebol e no desporto em geral. Quanto a isso, não há volta a dar. Quer queiramos quer não, no que toca a emoções, é uma evidência que estas se tornam cada vez mais intensas à medida que o fim da história se aproxima. Como em tantas outras áreas – o cinema, a música, a literatura – não raras vezes o clímax de cada atividade leva a que a nossa exteriorização emocional seja mais forte que nunca.

No futebol, os picos de emoção não são constantes. Afinal de contas, para um simples adepto, não é a mesma coisa ver um FC Porto – Penafiel ou um FC Porto – Bayern, como não será a mesma coisa para um amante de literatura ler um clássico ou um livro de trazer por casa. No campeonato que termina este fim de semana, os adeptos portistas terão tido possivelmente mais picos de emoção do que o que esperavam. Aliás, não deixa de ser interessante recuar na história cerca de dez meses e ver que, no início da temporada, seriam quase todos os que previam um passeio ao longo desta época para o FC Porto. Não vou dissecar novamente o porquê de esta época ter sido um fracasso em termos desportivos, e não, não vou voltar a carregar sobre Julen Lopetegui ou sobre a atitude de muitos dos jogadores.

Neste texto, decidi analisar uma das semanas mais tristes a que assisti nos últimos tempos na nação portista. O empate no Restelo, que simbolizou a entrega final do título ao rival, foi o rastilho para que a fogueira finalmente se acendesse. A partir daquele momento, e até porque as televisões, as rádios e os jornais nos preenchiam o olhar com a festa adversária, a contestação acabou por chegar. Mascarada ou não, o que é facto é que, mesmo tendo visto as competições a cair aos poucos, aquilo que aconteceu à chegada da equipa ao Dragão no último domingo foi o primeiro e único capítulo deste tipo de manifestações. Justo ou não, o facto é que os adeptos portistas, tão contestatários em outras ocasiões – em que provavelmente tinham menos razões para protestar – decidiram, ao fim de nove meses de competição, sair à rua. Como em outras ocasiões, esperaram pelos principais jogadores. De treinador a jogadores, ninguém escapou à sua fúria e à sua indignação pelo jogo miserável que a equipa tinha acabado de realizar no Estádio do Restelo. Enquanto observador, considerei de todo justa aquela receção. Depois de uma exibição tão miserável como aquela, alguém tinha de fazer alguma coisa. E não, não estou a falar do joelho no chão de Lopetegui ou do banco partido no Restelo. Falo dos adeptos porque, quer se queira quer não, são eles que sustentam o clube nos bons e nos maus momentos e por isso devem ser os primeiros a poder reclamar.

Uma das frases que marcou o jogo Fonte: Fotos da Curva
Uma das frases que marcou o jogo
Fonte: Fotos da Curva

No entanto, o que mais me preocupou foi o que vi a seguir, no primeiro treino da semana. Com pás e picaretas, os Super Dragões decidiram bloquear as ruas que dão acesso ao Centro de Estágios do Olival. A meu ver, a ideia foi, a todos os níveis, notável. De facto, depois de um jogo como o do Restelo, também eu fiquei com a opinião de que se calhar os jogadores não precisavam de trabalhar mas sim de umas boas horas no duro para verem o que realmente é trabalho. Contudo, e voltando ao início do parágrafo, aquilo que se seguiu a este episódio foi, a meu ver, ridículo. Em primeiro lugar, a reação da direção portista, na newsletter Dragões Diário, que aceitou o descontentamento dos adeptos mas se insurgiu contra aquela suposta interferência da claque na planificação da equipa, utilizando o histórico bloqueio de Cuba para mostrar ao público portista que uma ação daquelas já não se justificava. Objetivamente, parece-me claro que a direção portista deu um completo tiro ao lado ao usar uma analogia destas e a repudiar de forma tão veemente um protesto tão pacífico. Ao ler uma inquietação tão grande apenas porque uma centena de adeptos decidiu ser “original”, não deixei de me lembrar daquela célebre noite, depois de uma derrota em Coimbra, em que os adeptos portistas atiraram tochas para o autocarro e quase obrigaram a que este parasse. Naquela altura, se bem me recordo, não houve newsletter alguma ou recado algum que repudiasse o que quer que fosse. Talvez seja uma simples curiosidade ou coincidência.

Como não podia deixar de ser, a claque acabou por não se esconder atrás das palavras da direção. Num texto com várias referências a palavras do comunicado portista na newsletter do clube, a claque vincou o seu direito à contestação. “Os deveres que temos perante o nosso clube são também acompanhados pelos direitos. Não perceber isso é pensar que só servimos para aplaudir”, lia-se na mensagem dos Super Dragões. Tivesse esta troca de palavras ficado por aqui e seria o primeiro a dizer que a claque portista teria dado uma verdadeira bofetada de luva branca à direção portista. De facto, um protesto com pás e picaretas não justificava uma reação daquelas, até pela importância que os Super Dragões têm para o FC Porto.

É certo que a claque liderada por Fernando Madureira tem vários capítulos que envergonharam o clube mas também é facto que, de há uns anos para cá, a situação tem-se alterado, o que tem contribuído para uma maior pacificação entre as claques dos clubes grandes. Para além disto, para um clube como o FC Porto, penso que uma mensagem destas só mostra a tal ingratidão de que hoje falo. Nas vitórias e nas derrotas, nos bons e nos maus jogos, eles estiveram sempre lá. Vendo equipas gloriosas e outras absolutamente medíocres, eles estiveram sempre lá. Por tudo isso, uma mensagem como aquelas era completamente desnecessária, tendo em conta a razão pela qual os protestos tinham sido originados.

Ainda assim, neste “duelo de emoções e de recados”, o jogo contra o Penafiel acabou por simbolizar o toque final, não só na época mas nesta disputa entre os dois lados da barricada. E aqui eu não posso concordar totalmente com o que as duas claques portistas fizeram durante o jogo contra os durienses. Mas vamos por partes: ao longo da temporada, não raras vezes eu próprio alertei para algo que me perturbava no clube. A falta de palavras da direção levou a que Lopetegui tenha sido quase sempre o único a dar o peito às balas. Também por isso, por parecer estar tão sozinho, o treinador espanhol cometeu tantos erros, ao não saber nunca quando falar e quando estar calado. Pinto da Costa admitiu-o, na entrevista dada ao JN, mas diria que, neste caso, as ações teriam sido bem mais importantes do que estas palavras. Aquilo que a direção devia ter percebido desde o início é que Lopetegui estava no seu primeiro ano enquanto treinador de equipa grande, no primeiro ano enquanto treinador no campeonato português e, no meio de tantos erros próprios e alheios, alguém o devia ter protegido.

Este foi o jogo de despedida de Danilo(e provavelmente de Helton) Fonte: Facebook do FC Porto
Este foi o jogo de despedida de Danilo(e provavelmente de Helton)
Fonte: Facebook do FC Porto

Nunca o fizeram e também por isso, tal como referi no meu último texto, tornou-se difícil separar o trigo do joio relativamente ao técnico espanhol. Por tudo isto, aquela primeira tarja mostrada pelos Super Dragões, no início da partida contra o Penafiel, fazia todo o sentido. “Existe no silêncio tão profunda sabedoria, que às vezes ele se transforma na mais perfeita resposta”, lia-se. A frase, tão simples quanto acertada, simbolizava muito daquilo que tinha sido a época e muito do que tinham sido os erros da estrutura portista. Infelizmente, o problema veio depois, com o decorrer dos minutos e da exibição paupérrima da equipa.

Mesmo tendo feito mais uma exibição muito cinzenta, penso que a equipa não merecia grande parte do comportamento que os adeptos tiveram. Em relação às claques, ver mensagens como “Hoje são 90 minutos à vossa imagem, sem mexer uma palha” é, a meu ver, absolutamente ridículo, sobretudo se atentarmos que estes são os mesmos adeptos que há bem pouco tempo foram ao aeroporto depois de uma goleada sofrida em Munique. Para além disso, e apesar dos erros que a equipa cometeu, dizer que a equipa não “mexeu uma palha” durante a época não tem o mínimo fundamento. É certo que o campeonato foi, em grande parte, perdido por erros próprios, mas não nos podemos esquecer do futebol de qualidade que a equipa praticou em vários momentos e da imagem europeia que deixou na Liga dos Campeões. É certo, e eu sou o primeiro a admitir, que um plantel como estes podia e devia ter sido campeão. Mas uma coisa é mostrar onde se errou e outra bem diferente é ser-se demagogo e mudar de postura de forma tão fácil como se muda de camisa. Para mim ser adepto não é isso.

Para além da inacreditável assistência da época (pouco mais de 16000 adeptos), outra das coisas que mais me perturbaram na última sexta-feira foi ter visto as duas claques – Coletivo Ultras 95 e Super Dragões – abandonarem as bancadas do Dragão a cerca de cinco minutos do fim da partida. Num jogo que é o último do campeonato, sendo um jogo que simbolizava a despedida de jogadores como Danilo, (muito provavelmente) Jackson e talvez Helton, como é que se explica que as duas claques tenham simplesmente saído do estádio? Sendo os últimos momentos de pelo menos dois dos jogadores mais importantes do clube nas últimas temporadas, há algo que explique um comportamento destes? Sinceramente, eu acho que não. Neste mesmo texto, dei a razão às claques de protestarem pelo comportamento da equipa. Com uma exibição daquelas no Restelo, aquilo que os Super Dragões fizeram se calhar até foi pouco para aquilo que os jogadores mereciam, tendo em conta o clube que defendem.

Aquilo que eu não consigo perceber é que, no meio de birrinhas idiotas com a direção, este tipo de adeptos possa fazer uma coisa destas a alguns jogadores do plantel. Mesmo podendo ter alguma razão do seu lado, penso que eles próprios tê-la-ão perdido ao fazerem aquilo, abandonando a equipa e deixando sem uma última despedida jogadores que a mereciam. Não é preciso fazer-se grandes cálculos para se perceber a importância de Danilo e Jackson ao longo das últimas épocas: 92 golos marcados pelo colombiano, com mais dez do brasileiro e vários momentos de bom futebol dados por dois jogadores de classe mundial. Ao longo de três épocas e meia (Danilo) e três (Jackson), mesmo tendo cometido muitos erros, eles foram quase sempre as figuras maiores do plantel. Por tudo isso, aquilo que vi no Dragão na última sexta-feira envergonhou-me. E envergonhou-me mais por saber que os adeptos que abandonaram o Dragão são os mesmos que veneram um jogador que foi parar ao museu do clube por ter feito um golo aos 92 minutos. E envergonhou-me por saber que são os mesmos adeptos que veneram um jogador que acabou um clássico aos beijos com o treinador rival.

Possivelmente serei muito criticado por este texto, mas depois do que vi no anfiteatro portista não podia deixar de assinalar aquilo que aconteceu na última semana, porque me entristeceu. E sobretudo porque mostrou uma das coisas mais tristes que alguém pode demonstrar: ingratidão. Em primeiro lugar a direção, pelo que disse do protesto da claque. Depois os adeptos, que não apareceram no último jogo de campeonato. E por último as claques, que decidiram abandonar o estádio e esquecer-se de que havia jogadores que não mereciam aquilo que eles fizeram. Talvez não fosse mal pensado mostrarem a todos as imagens deste fim de semana – em Espanha, com a despedida de Xavi; na Alemanha, com a despedida de Klopp; ou em Londres, com a despedida de Drogba – para ilustrar que a falta de memória é uma das piores coisas no futebol. Para mim, o que se passou na semana portista foi triste e sinceramente espero que tenha sido uma exceção de ambas as partes. E isto porque, mesmo quando se perde, há certos valores que não podem ficar esquecidos. Espero é que no fim de tudo isto, todos sem exceção metam isto na cabeça. Pelo bem do clube.

Foto de capa: Fotos da Curva

Benfica vence Sporting na final da Taça e faz dobradinha

cab hoquei
Depois de ontem o Benfica ter eliminado o Óquei de Barcelos com uma vitória apertada (3-2) e de o Sporting ter deixado pelo caminho a formação da Oliveirense (4-1), os encarnados levantaram hoje a Taça de Portugal de hóquei em patins após um triunfo por 3-0 sobre os leões. Numa tarde de muito calor em Vila Franca de Xira, o pavilhão José Mário Cerejo aqueceu com o ambiente que os adeptos construíram à volta do jogo. Terão estado cerca de 1300 adeptos nas bancadas, o que significa dizer que o recinto esgotou.

O Benfica começou o jogo a dominar. Os encarnados tinham a posse da bola, atacavam e rematavam mais mas não conseguiam marcar. Por entre uma série de defesas, umas mais complicadas que outras, o guarda redes do Sporting André Girão ia gritando com os colegas para que estes não dessem tanto espaço para o remate exterior das águias. Faltava inspiração de ambos os lados e quando, aos 21 minutos, Carlos Nicolia falhou um penálti, parecia inevitável que o jogo chegasse ao intervalo empatado a zero. No entanto, a 30 segundos do descanso, Nicolia redimiu-se do erro e, aproveitando um buraco enorme na zona central da defesa do Sporting, inaugurou o marcador.

Na zona de acesso aos balneários instalou-se a confusão entre os jogadores, que chegaram mesmo a trocar agressões. A polícia foi forçada a intervir para acalmar os atletas, as respetivas equipas técnicas e também os adeptos. Na sequência dos incidentes, Tiago Losna, do Sporting, e Pedro Henriques, do Benfica, foram expulsos.

À saída para o intervalo  instalou-se a confusão entre os jogadores
À saída para o intervalo instalou-se a confusão entre os jogadores

Na segunda parte, o Sporting continuou com dificuldades em contruir jogadas de ataque e só não viu a vantagem encarnada aumentar mais cedo porque Nicolia continuava perdulário no frente a frente com Girão. Desta vez, desperdiçou um livre direto a castigar um cartão azul mostrado a Daniel Oliveira. Os cartões azuis sucediam-se para o lado verde e branco, com André Moreira e Ricardo Figueira a serem afastados do jogo por dois minutos. O capitão do Sporting, Ricardo Figueira, não conseguir concretizar um livre direto (o Benfica tinha atingido as 10 faltas) e simulou uma grande penalidade, o que lhe valeu o cartão azul.

A decisão, diga-se algo exagerada, fez aumentar o tom dos protestos vindos do banco de suplentes dos leões e também das bancadas. Protestos que atingiram o seu auge, quando, num lance muito discutível, a equipa de arbitragem decide marcar mais um penálti a favor do Benfica. Desta vez, João Rodrigues foi chamado a marcar e não falhou, aos 13 minutos da segunda parte. Mal se deu o reatar da partida, o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, abandonou as bancadas do pavilhão.

Nicolia ainda iria bisar na partida e fazer o 3-0 para os encarnados. Quando soou a buzina no pavilhão a marcar o fim da partida, os jogadores leoninos recolherem de imediato aos balneários. No terreno de jogo, ficaram os jogadores do Benfica, que, depois de receberam as medalhas, festejaram largos minutos com os adeptos, mostrando a taça e distribuindo sticks, joelheiras e camisolas.

Com esta vitória, o Benfica soma o campeonato à taça e ultrapassa o FC Porto como o clube com mais Taças de Portugal (15).

Ronaldo e Messi, dois “extraterrestres” que conquistaram o Mundo

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“É o melhor jogador de todos os tempos. Comparo-o a Pelé”Pep Guardiola sobre Lionel Messi

“Ao longo dos anos tem havido alguns jogadores rotulados como “o novo George Best”, mas esta é a primeira vez que vejo essa frase como um elogio a mim”George Best sobre Cristiano Ronaldo

 

Até há quatro anos, o recorde de golos da liga espanhola era 38, conseguido em 1950/51 por Telmo Zarra e igualado em 1989/90 por Hugo Sánchez. Marca extraordinária e que parecia inatingível, dado o número máximo de jogos também ser 38 e as defesas terem passado a ser, com o passar do tempo, cada vez mais eficazes face aos ataques. No entanto, o mundo ainda não tinha conhecido aqueles que são já dois dos melhores futebolistas de todos os tempos: Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.

Desde que está no Real Madrid, o craque português já chegou aos 40 golos, depois aos 46 e, este ano, acabou o campeonato com 48, o seu melhor registo. O astro argentino, por seu turno, terminou agora com 43 tiros certeiros e já tinha chegado aos 46 e aos 50 noutras temporadas. Isto mostra bem a enorme distância que separa Ronaldo e Messi dos restantes craques, não só pela quantidade inacreditável de golos que marcam mas também pela qualidade assombrosa do seu jogo.

Pessoalmente sinto-me obrigado a admitir que Messi está um patamar acima, embora torça sempre por Ronaldo. Mas, independentemente das preferências de cada um, é bom que tenhamos a noção de que nunca mais iremos presenciar algo assim. Para além das monstruosidades que fazem em campo, ambos são os responsáveis por termos passado a encarar como normal um jogador ter mais golos do que jogos disputados. Se um deles passa dois jogos sem marcar, está em “crise”, diz-se.

Para se ter uma ideia, a melhor época da carreira do Ronaldo brasileiro – vulgo “Fenómeno” – são 37 jogos e 34 golos. A de Thierry Henry são 37 jogos e 30 golos. Cristiano Ronaldo marcou, em 6 épocas no Real, quase os mesmos golos que Raul fez em 16 (313 tentos do português contra 323 do espanhol). A questão não é que os craques mais antigos tenham passado a ser maus; Messi e Ronaldo é que são extraterrestres. Ano após ano exibem números que mais parecem tirados dos anos 40, quando o futebol se jogava com dois defesas e cinco avançados.

Há uns tempos, Luís Figo dizia que no meu tempo possivelmente havia melhores jogadores” do que Messi e Ronaldo. Não só a opinião é de gosto duvidoso como ainda por cima está errada. CR7 e “La Pulga” estão de tal forma acima de todos os outros que criam a ilusão de que não há mais craques no futebol. Na verdade há e não são poucos, mas são todos humanos. Messi e Ronaldo não.

Ambos mudaram para sempre a História do futebol e já ninguém consegue pensar o que seria do melhor desporto do mundo sem eles. É um orgulho poder ver Lionel Messi e Cristiano Ronaldo jogar e pulverizar os recordes desta modalidade apaixonante. Aproveitemos, porque não vai durar sempre!

 

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Os 43 golos de Messi na Liga 2014/15

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Os 48 golos de Cristiano Ronaldo na Liga 2014/15

Foto: Facebook Oficial do Real Madrid CF e do FC Barcelona

Roland Garros 2015 – 10.º título para Nadal?

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cab ténis

Assim que o quadro de Roland Garros saiu, aquilo que todos os fãs da modalidade notaram imediatamente foi o previsível duelo entre Rafael Nadal e Novak Djokovic nos quartos de final do torneio – no que muito provavelmente será uma reedição das finais de 2012 e 2014 deste torneio.

Estes dois jogadores já se defrontaram seis vezes em Roland Garros (2006, 2007, 2008, 2012, 2013 e 2014), com Nadal a levar a melhor em todas, tendo apenas sido levado a cinco sets nas meias-finais de 2013. Desta vez, porém, o contexto é diferente. Djokovic é o incontestável número um do mundo e, pela primeira vez, parte para Roland Garros como favorito ao título; a maioria espera vê-lo finalmente destronar Nadal e vencer este torneio.

O espanhol, por seu turno, está no pior momento da sua vida tenística e chega a Roland Garros como número sete do ranking ATP e sem ser detentor do título em pelo menos um dos Masters de terra batida pela primeira vez na sua carreira. Traz também na bagagem derrotas recentes contra Fabio Fognini (2x), Stanislas Wawrinka e Andy Murray, jogadores que nunca o haviam batido no pó de tijolo anteriormente.

A grande questão é se Nadal conseguirá defender a única coisa que lhe resta agora, o título de Roland Garros que conquistou nos últimos cinco anos e em nove dos últimos 10?

As estatísticas mencionadas são suficientes para concluir que não se pode subestimar Nadal para este torneio. Roland Garros é, sem dúvida, o torneio mais importante da época de Nadal e seria uma enorme surpresa se o seu nível de jogo não fosse consideravelmente mais alto do que nos torneios de preparação. O court e as condições de jogo no Philippe Chartrier são absolutamente ideais para Nadal.

Convém relembrar que em 2014 Nadal perdeu contra Ferrer em Monte Carlo, Almagro em Barcelona, precisou de uma lesão para vencer Nishikori na final de Madrid (estava um set e um break abaixo quando o corpo do Japonês cedeu) e perdeu contra Djokovic na final de Roma, mas nada disto interessou em Roland Garros – tendo ganhado o título pela nona vez, perdendo apenas dois sets no caminho (contra Ferrer e Djokovic).

Nadal é um ‘animal’ diferente na terra batida parisiense – o seu recorde no torneio é 66-1, com a única derrota a acontecer frente a Soderling em 2009 – e decerto que Djokovic não estará nada contente por ter de o enfrentar tão cedo no torneio. A vantagem psicológica pode muito bem estar do lado de Nadal. Dado o momento de forma do espanhol, Djokovic poderá sentir-se quase obrigado a finalmente ganhar o torneio que lhe tem sempre escapado. É justo afirmar que há mais pressão do seu lado do que do de Nadal desta vez.

O percurso de Nadal até aos quartos de final é o que se segue:

R1 – Halys

R2 – Almagro/Dolgopolov

R3 – Mannarino/Melzer/Kuznetsov/Jaziri

R4 – Dimitrov/Robredo/Sock/Coric/Querrey

Não parece haver aqui ninguém capaz de tirar três sets a Nadal em terra batida, aliás, Almagro e Dimitrov foram batidos por Nadal facilmente nesta temporada de terra batida mesmo com a forma fraca do espanhol. Dolgopolov é potencialmente perigoso, mas a sua forma tem deixado muito a desejar este ano e as lesões têm sido constantes.

Assim sendo, seria uma enorme surpresa se esta autêntica final antecipada não tivesse lugar nos quartos de final. Djokovic partirá como favorito, mas Nadal fará de tudo para manter o seu trono e não é à toa que tem um recorde de 6-0 contra o sérvio neste torneio e é unanimemente considerado o melhor jogador de terra batida de todos os tempos. Inspirado pela cidade e pelo court que definiu a sua carreira, não surpreenderia ninguém se Nadal redescobrisse a sua forma e vencesse Djokovic, conquistando depois um histórico 10.º título em Roland Garros.

Rafael Nadal (na imagem) tenta conquistar o 10º titulo em Roland Garros Fonte: Facebook Oficial de Roland Garros
Rafael Nadal (na imagem) tenta conquistar o 10º titulo em Roland Garros
Fonte: Facebook Oficial de Roland Garros

Não subestimando Andy Murray e o finalista da metade inferior do quadro, a verdade é que o vencedor do duelo entre Nadal e Djokovic se tornará o enorme favorito ao título, especialmente se for Nadal, que tem um historial de exibições absolutamente demolidoras em meias-finais e finais deste torneio.

Factos e curiosidades:

– Nadal estará a competir, não só contra Djokovic e o resto do quadro, mas também contra a história: nunca ninguém ganhou um torneio do Grand Slam por seis vezes consecutivas na Era Open. Federer esteve muito perto duas vezes: foi derrotado em cinco sets numa épica final de Wimbledon contra o próprio Nadal, em 2008, e de novo em cinco sets contra Juan Martin del Potro na final do US Open de 2009;

– caso perca contra Djokovic nos quartos de final, o ranking mais alto possível para Nadal após o torneio será o número 10, correndo mesmo o risco de sair do top 10;

– pelo segundo ano consecutivo, a final do ano anterior poder-se-á repetir nos quartos de final; o ano passado, Nadal defrontou Ferrer nos quartos após tê-lo batido na final de 2013.

 

Fonte da Foto de Capa: Facebook Oficial de Roland Garros

Académica 2-4 Vitória de Guimarães: Lindo, das bancadas para o campo

futebol nacional cabeçalho

Foi sob a letra do hino nacional que Marco Ferreira deu o apito inicial para o último jogo da época no Estádio Cidade de Coimbra. Não, ainda não se adoptou o hábito americano de se começar cada encontro com o hino nacional. Tratou-se apenas de uma provocação da Mancha Negra aos White Angels e ao Vitória de Guimarães, numa demonstração da rivalidade existente entre estas duas equipas, reacesa nos inícios dos anos 90 aquando do “caso N’Dinga”, e que fez este jogo ultrapassar a importância do último jogo da época para a Académica e da disputa do quarto lugar para o Vitória de Guimarães. Era notório, mesmo fora do estádio (houve algumas escaramuças entre os agentes da autoridade e adeptos do Vitória, e a segurança era reforçada), os patamares de rivalidade que esta partida atingia entre os adeptos de ambos os clubes.

Algo interiorizado pelas equipas para o terreno de jogo, disputando-o com excelente entrega e proporcionando um bom espectáculo, com a bola a saltitar entre uma e outra área, com vários lances de perigo eminente, “patrocinados”, sobretudo na primeira parte do encontro, pela necessidade do Vitória em vencer (a aposta em dois médios de propensão ofensiva é disso exemplo), pela inclusão de Pedro Nuno e Cissé (muitas bolas ganhas na primeira fase de construção do Vitória) no onze da Académica, pela subida de Esgaio no terreno (foi extremo), pelo 4x3x3 trazido a jogo por Viterbo (mais gente a atacar), que trouxe consistência ao jogo ofensivo dos estudantes, e pela ausência de André André, apoio fundamental nas dobras a Cafu na zona recuada do meio-campo vitoriano.

O desnorte inicial do Vitória perante a ausência do seu patrão do meio-campo foi evidente, e a Académica soube explorar isso no primeiro quarto-de-hora, pecando apenas na eficácia (Cissé, Ivanildo, Nuno Piloto e Pedro Nuno dispuseram de boas ocasiões). Respondeu o Vitória, impulsionado, sobretudo, por Sami, que ao trocar de flanco com Ricardo Valente trouxe a jogo o fulgor ofensivo vitoriano, traduzido no golo inaugural, apontado pelo segundo.

A Académica não se ficou e até ao final do primeiro tempo demonstrou a importância de vencer este encontro mesmo com a manutenção garantida, conseguindo garantir o domínio da partida, ilustrado no golo da igualdade, apontado por Pedro Nuno.

O segundo tempo começou num ritmo mais lento que o primeiro, com poucos motivos de interesse, excepção feita aos golos de um Vitória bastante eficaz (o primeiro apontado por Otávio, depois de grande cruzamento de Sami, o segundo por Tomané, aproveitando o desleixo de Iago na marcação) e à desgarrada entre White Angels e Mancha Negra, que fez deste período, ainda que com excessos na linguagem, muito mais que uma partida de futebol e trouxe à tona a beleza das rivalidades no futebol, proporcionando um ambiente fantástico, pese embora a presença de apenas 3498 pessoas no Estádio Cidade de Coimbra.

Tomané (esq.) fez um dos golos do Vitória e acabou por ser uma das figuras do jogo Fonte: Facebook Oficial A. Académica Coimbra
Tomané (esq.) fez um dos golos do Vitória e acabou por ser uma das figuras do jogo
Fonte: Facebook Oficial A. Académica de Coimbra

Mais uma vez, o golo do Vitória teve o condão de despertar a Académica, que voltou a atacar com afinco, procurando reduzir a diferença. Esgaio demonstrou essa vontade, escapando à marcação de Luís Rocha para cruzar para Rafael Lopes (tinha entrado há poucos minutos para o lugar de Cissé) poder rematar, em posição privilegiada, para as mãos de Douglas. Uma ameaça que se concretizou minutos depois, com o golo de Ivanildo – o guineense aproveitou um mau alívio da defesa do Vitória para, de primeira, dentro da grande área, surpreender Douglas.

A Briosa voltou a ganhar alento e continuou a criar perigo, com remates de Lucas Mineiro e de Aderlan, que obrigaram Douglas a defesas apertadas… Porém, até ao final, a rebeldia dos estudantes foi neutralizada por um Vitória bem organizado, que viria a fazer o 4-2, começado numa recuperação de bola de Joseph (mais um jovem lançado pelo Vitória), terminando no bis de Ricardo Valente, assistido por Jonathan Alvez. Uma jogada que sentenciou o encontro.

Um Vitória eficaz, uma Académica a fazer dos melhores jogos da época (concordou Viterbo, com o Bola na Rede, em conferência de Imprensa), e adeptos empenhados de ambos os lados da barricada fizeram deste jogo um bom espectáculo futebolístico, do campo para a bancada e da bancada para o campo.

A Figura:

Tomané – Para além de revelar um sentido de baliza apurado, ilustrado no golo apontado (execução difícil, de primeira), foi o primeiro tampão da equipa quando a Académica, em desvantagem, tentava sair para o ataque, revelando-se importante, por isso, também no processo defensivo do seu conjunto.

O Fora-de-jogo:

Iago – Deixou fugir Tomané no terceiro golo. Uma desconcentração que beneficiou o Vitória. A gestão do jogo, com dois golos a mais, passou a ser mais fácil para os de Guimarães.

O Momento do jogo:

59 minutos, terceiro golo do Vitória – As diferenças entre ambas as equipas não foram muitas mas foram decisivas. A eficácia do Vitória sobressaiu, e a forma como o terceiro golo surgiu ilustra-o bem. A diferença de dois golos viria a revelar-se fatal para uma Académica algo perdulária.

Foto de capa: Site Oficial Vitória SC

FC Porto vence Sporting (34-32 a.p.) e sagra-se heptacampeão

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cab andebol

O FC Porto revalidou o título de campeão de Andebol, alcançando o heptacampeonato. Os dragões já tinham vencido o Sporting em casa (36-33, a.p., e 29-20), bastando-lhes portanto um triunfo em Odivelas para revalidar o título. Contudo, em casa os leões superiorizaram-se (23-22 e 25-24) e forçaram a “negra”, novamente em território portista. A jogar no Dragão Caixa e com um historial de confrontos claramente a seu favor nos últimos anos, o FC Porto bateu o Sporting (34-32 após dois prolongamentos) e venceu o título. O jogo, no entanto, foi tudo menos fácil.

Os dragões são objectivamente melhor equipa do que os adversários de hoje (mais soluções para cada posição, mais experiência, duas grandes soluções na baliza – ainda que ontem Hugo Laurentino estivesse lesionado – e a aura temível que os seis títulos seguidos – agora sete – lhes confere) e dominaram a generalidade da partida. Contudo, à medida que o regulamentar se ia aproximando do fim, os azuis-e-brancos foram afrouxando um pouco e o Sporting, de mansinho, recuperou um jogo que tinha estado praticamente perdido, uma vez que os leões raramente conseguiam baixar dos quatro golos de desvantagem.

Como já é habitual, a defesa dos da casa mostrou-se mais agressiva do que a dos leões, impedindo os forasteiros de jogar e forçando vários erros. Outros foram desencadeados pelo próprio Sporting, que continua a parecer bloquear mentalmente quando joga no Porto, onde já não ganha há mais de uma década. Ricardo Moreira, que tinha passado quase despercebido nos jogos de Odivelas, esteve em grande nível, assim como João Ferraz (até à expulsão), Daymaro Salina e o já inevitável Gilberto Duarte. Porém, a maior figura dos dragões – e aquela que, porventura, terá feito maior diferença nas contas finais – foi o guardião Alfredo Quintana, com várias defesas difíceis e em alturas cruciais. Do lado do Sporting, nem Ricardo Candeias nem Ricardo Correia se exibiram perto sequer do nível do luso-cubano, situação que pode também ter sido chave.

O lance que podia ter mudado tudo: livre de 7m transformado em 9m, com 15 segundos para jogar Fonte: Facebook Oficial do FC Porto
O lance que podia ter mudado tudo: livre de 7m transformado em 9m, com 15 segundos para jogar
Fonte: Facebook Oficial de Bruno Moreira, jogador do Sporting

O Sporting apenas pareceu estar por cima do jogo à entrada para o prolongamento, após Fábio Magalhães empatar a partida com a execução notável de um livre directo quase impossível no último segundo. No tempo extra os leões chegaram a ter dois golos de vantagem e a apreensão reinou por minutos no Dragão Caixa, mas aí os portistas puxaram dos galões e conseguiram empatar. A 15 segundos do fim, no entanto, deu-se o caso do jogo: com a partida empatada a 30, os árbitros sancionaram com livre de 9 metros um lance de remate iminente que deveria ter sido ajuizado com a marcação de um livre de 7 metros. Em caso de golo leonino, a História teria sido outra. A arbitragem, até aí correcta, pareceu pender mais para os da casa a partir desse lance. No segundo prolongamento Pedro Portela viu um golo ser-lhe erradamente anulado por suposta violação da área, que as repetições desmentem.

O momento do Sporting foi o fim da segunda parte e o início do prolongamento, onde realmente as coisas pareciam poder tornar-se favoráveis aos leões. No entanto, o FC Porto foi superior não só na fase regular do campeonato como também, pode dizer-se, nestas finais, ainda que em menor grau. Os dragões acabam por ser justos campeões, embora os jogadores do Sporting tenham dado tudo. De salientar também a lesão de Rui Silva, provável reforço do FC Porto na próxima época, que desde cedo desfalcou os leões neste jogo. Este factor, juntamente com a expulsão de Frankis Carol, fez com que atletas como Bosko Bjelanovic e Pedro Spínola tenham tido mais minutos do que é habitual.

É preciso também saudar o regresso dos playoffs, que só engrandecem a modalidade. Há quanto tempo não víamos pavilhões cheios, um interesse tão generalizado à volta do andebol e uma incerteza tão acentuada quanto ao campeão? Por vezes apetece perguntar em que é que estão a pensar os responsáveis por este desporto em Portugal…

Foto de Capa: Facebook Oficial do FC Porto