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Benfica 4-1 Marítimo: A festa do Bicampeão

cabeçalho benfica

Mas que boa maneira de o Benfica terminar o campeonato: goleada por 4-1 na Luz perante o Marítimo, adversário da final da Taça da Liga (que se disputará dia 28 deste mês). Foi, de facto, e conforme o título indica, uma verdadeira festa – cânticos, ondas e vénias a Jonas.

Houve momentos, no entanto, em que esteve perto de deixar de o ser: o golo (mal) anulado a Jonas virou todo um estádio contra a equipa de arbitragem, que efectivamente acabou por afastar o brasileiro do prémio de Melhor Marcador da Liga, algo igualmente querido pelo jogador, equipa e adeptos. Os encarnados tudo fizeram para que esse galardão lhe fosse entregue, mas acabou por não chegar.

É impossível nesta altura não colocar o foco no ex-jogador do Valência. É, juntamente com Talisca, uma das figuras desta época benfiquista. A única queixa que a este se pode fazer é o facto de ter chegado tarde – que falta fez na Liga dos Campeões! De todas as vezes que jogou de águia ao peito encantou. Parece incrível que um jogador com 0 euros à cabeça tivesse tantos golos nos pés. A segunda metade da época não teria sido a mesma sem Jonas.

Jonas (na foto) foi a grande figura do Benfica de 2014/2015. Fonte: Facebook Oficial Sport Lisboa e Benfica
Jonas (na foto) por pouco não conquistou o prémio de Melhor Marcador.
Fonte: Facebook Oficial Sport Lisboa e Benfica

A primeira não teria sido a mesma sem Talisca. Lembram-se do hat-trick ao Setúbal? Do bis ao Estoril? Ao olhar para o Talisca de agora parece difícil imaginar que o ex-jogador do Bahia tivesse feito algo remotamente parecido. No entanto, o brasileiro foi um verdadeiro abono de família para os encarnados no começo da época. A sua forma foi decrescendo, provavelmente devido à falta de descanso. Mas, tendo em conta que passou a maioria da segunda metade da época no banco, essa é uma desculpa que começou a parecer mais e mais forçada nestes instantes finais da época.

Passando do individual para o colectivo: o Benfica de 2014/2015 foi, talvez, o mais calculista da era Jorge Jesus. A maioria das exibições não encheu o olho dos adeptos, pelo menos não da forma que em anos anteriores fez. Se nas épocas passadas o Benfica teve rasgos de “joga-bonito”, nesta mostrou que também se podem ganhar campeonatos vestido de fato de macaco, sendo o melhor exemplo disso a vitória por 2-0 contra o Porto, no Estádio do Dragão. Olhando para trás percebe-se que não poderia existir estratégia melhor para uma equipa que tanto sofreu este ano nos mercados de transferências.

Em tarde de gala, o Benfica despiu o fato de macaco e vestiu o seu “tuxedo” para um jogo onde se fez jus ao hino encarnado: foram papoilas saltitantes. Resta à nação benfiquista esperar que este espírito perdure até à final da Taça da Liga e, porque não, até à próxima época.

 Foto de Capa: Facebook Oficial S.L. Benfica

João Sousa: o melhor português de sempre

cab ténis

João Sousa perdeu hoje a sua terceira final consecutiva de um torneio ATP; havia perdido com Pablo Cuevas, em Bastad, e para Goffin, em Metz. Hoje, em Genebra, o português não conseguiu superiorizar-se ao brasileiro Thomaz Bellucci, cedendo pelos parciais de 7-6 e 6-4. Fruto da excelente semana que realizou, o português vai ascender no ranking e ficar, assim, às portas do top 40 mundial.

No que ao jogo diz respeito, o vimaranense não entrou da melhor maneira e sofreu o break logo de entrada. No entanto, João Sousa foi entrando aos poucos no encontro e conseguiu mesmo recuperar o break de atraso, igualando o primeiro set a três jogos iguais. O português, que ainda salvou de três set points quando servia a 5-4, desperdiçou uma vantagem de, curiosamente, 3-0 no tie-break e acabou mesmo por perder o primeiro por 7-4 no tira teimas.

No segundo set, João Sousa, imitando o que Bellucci havia feito no primeiro set, concretizou e rapidamente se adiantou para 3-0. Todavia, e talvez acusando algum cansaço devido a dois duríssimos encontros frente a Andujar e a Delbonis, Sousa começou a cometer demasiados erros não forçados e o brasileiro aproveitou, acabando, desta forma, por conquistar o seu terceiro título em solo suíço.

O brasileiro venceu o seu terceiro titulo ATP em solo suíço Fonte: Facebook Oficial do Geneva Open
O brasileiro venceu o seu terceiro título ATP em solo suíço
Fonte: Facebook Oficial do Geneva Open

João Sousa voltou a provar que é o melhor jogador português de todos os tempos e nem mesmo a derrota na final deixa quaisquer dúvidas sobre isso. O vimaranense segue agora para Roland Garros, onde vai defrontar Vasek Pospisil. João Sousa parte para o encontro como favorito, sobretudo porque Pospisil regressa de uma lesão sofrida no Masters 1000 de Madrid.

Fica, assim, concluída mais uma excelente semana de João Sousa e, consequentemente, para o ténis português. Resta-nos esperar que o português dê continuidade ao bom momento de forma.

Foto de Capa: Facebook Oficial de João Sousa

UFC 187: O fantasma de Jones

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cabeçalho ufcQue cartaz recheado tem UFC 187. Johnson v Cormier e Weidman v Belfort são os combates que encabeçam o evento, ambos pelos respectivos títulos de Peso Meio Pesado (que está vago) e de Peso Médio. Promete ser o evento do ano (até ao UFC 189, pelo menos), pelo que é algo a não perder.

A verdade é que o evento está marcado por controvérsia desde o início: recorde-se o leitor de que Johnson ia lutar contra Jon Jones (ex-campeão de Peso Meio Pesado) pelo seu título, mas as suas “aventuras” – desde o caso da cocaína no início do ano até à fuga de um acidente no qual atingiu uma mulher grávida – derrotaram-no antes que Johnson tivesse oportunidade de o fazer. Cormier, que perdeu contra Jones no UFC 182, assumiu o lugar deste.

Um fantasma vai pairar sobre o octógono: precisamente o de Jon Jones. A sensação de que nenhum dos lutadores será um campeão legítimo tem estado bastante presente nestes dias que antecedem o combate. Disse em tempos Ric Flair: “To be the man, you gotta beat the man”. Serve como uma luva, nesta situação. Apenas quando Jones voltar ao octógono (se o fizer) saberemos se o vencedor deste combate merece ser campeão.

Fantasmas à parte, este deverá ser um excelente combate. Pode dizer-se que é uma segunda oportunidade para ambos: para Cormier porque perdeu – como acima foi referido – contra Jones recentemente; para Johnson porque teve uma primeira volta na UFC desastrosa, na categoria de Peso Meio-Médio, com 77 quilos. Hoje, compete com 93… A diferença nota-se. Desde que voltou à UFC, há um ano, que tem estado absolutamente demolidor. Será, portanto, uma luta de wrestling v striking.

A segunda luta do título terá como protagonistas o campeão Chris Weidman e Vitor Belfort. Esta luta está há um ano para acontecer (UFC 173 foi originalmente o palco escolhido), mas foi consequentemente adiada, primeiramente pela suspensão de Belfort devido à proibição de terapia de substituição hormonal por parte da Comissão Atlética do Nevada, e nas restantes duas ocasiões (UFC 181 e 184) por lesões de Weidman, mão e costelas partidas, respectivamente.

Weidman (esq.) e Belfort (dir.) trocaram algumas palavras acesas nas pesagens. Fonte: Facebook Oficial UFC
Weidman (esq.) e Belfort (dir.) trocaram algumas palavras acesas nas pesagens.
Fonte: Facebook Oficial UFC

Os recentes valores de testosterona de Belfort têm gerado alguma controvérsia, mas à partida não parece existir qualquer tipo de batota. Surgiram, no entanto, alguns comentários por parte de Weidman, que não compreendeu como é que um homem de 38 anos tem valores tão elevados comparativamente a ele, que tem 30. Por norma, estes vão reduzindo com o avançar da idade.

Será interessante ver em que forma estará o brasileiro sem o uso desta terapia. À altura estava impressionante: venceu as últimas três lutas por KO/TKO sempre na primeira ou segunda ronda. A questão que se impõe é: será que a diferença entre o Belfort com TSH e o Belfort sem TSH será estrondosa?

Quanto a Weidman pouco há a dizer: o homem que destronou Anderson Silva quererá derrotar mais uma lenda brasileira. Tem tudo para o fazer, diga-se. Nas duas defesas de título que teve, contra Anderson Silva e Lyoto Machida, sempre foi dominante. É difícil também saber em que forma estará o nova-iorquino no combate desta madrugada, visto que vem de duas lesões. Apesar disso, não deixa de ser o homem que terminou a carreira de Silva (como a conhecemos) – o que significa que de Weidman podemos sempre esperar algo excepcional.

O UFC 187 contará ainda com os combates entre Cerrone e Makdessi, Browne e Arlovski e Benavidez e Moraga. Será transmitido na Sport TV 1 às 3h00 da madrugada de Domingo.

FC Porto 2-0 Penafiel : Pena (um público pouco) Fiel

a minha eternidade

O Futebol Clube do Porto venceu na última jornada do campeonato, em casa, o Penafiel por dois golos sem resposta. Visto que a partida foi de tal maneira desinteressante a nível competitivo, fruto da depressão e desconcentração por falta de objectivos a atingir, não irei proceder a um rescaldo ortodoxo. Julgo ser mais premente uma reflexão sobre o enquadramento antecedente e alguma tentativa de prognosticar o futuro da equipa de futebol.

Numa semana maculada e penosa para os dragões, arredados do título por demérito e falta de qualidade endémica, os atletas e responsáveis do clube viram o seu treino ser impedido (durante algum tempo) por adeptos que traziam pás e picaretas (numa exigência de mais trabalho e empenho) pretendendo vincar que não perdoavam o resultado que entregou o título ao eterno rival, Benfica. É neste ambiente hostil que acaba uma época não satisfatória, embora não incompetente.

É mais instigante prever que caminho desbravará o universo azul e branco do que encontrar explicações sobre o que correu mal este ano. Nessa perspectiva, e visto que alguns jogadores irão certamente sair, é relevante procurar soluções internas para o funcionamento do modelo de Lopetegui (treinador que se manterá com confiança presidencial).

Evandro, que entrou de forma excepcional neste jogo, dinamizando e potenciando o futebol de conjunto, poderá ser uma peça fundamental no próximo ano. Óliver Torres, que regressará ao Atlético de Madrid, tem no brasileiro um jogador semelhante (também número 10 de base), que no sistema usual de três médios poderá ser aquele que possibilite mais critério de passe e discernimento na posse. Com habilitação de chegada à frente e definição, o brasileiro difere do espanhol na verticalidade das suas ligações. O espanhol é mais versátil na variação do sentido de jogo, alternando passes profundos com lateralizações agressivas, ao passo que Evandro tem tendência para uma verticalização mais acentuada (portanto, optando de forma menos imprevisível).

Aboubakar
Aboubakar foi peça chave na vitória portista
Fonte: Facebook oficial do FC Porto

Aboubakar é um jogador que, bem enquadrado (impulsionando a alteração de alguns subprincípios), poderá substituir o goleador Jackson. O colombiano é melhor jogador (quando comparado globalmente com o camaronês), o que não significará que Aboubakar não seja melhor em alguns aspectos. O africano é mais rápido e tem melhor remate (principalmente de fora da área), sendo melhor em desmarcações longas. Claro que perde em tudo o resto – na desmarcação curta, no jogo em apoios, cabeceamento, combinações em tabela, visão de jogo e finalização a um toque.

O Futebol Clube do Porto da época 2014/2015 teve competência, qualidade e concentração competitiva. Faltou, sim, inteligência em muitos momentos, alguns decisivos do campeonato (como na exaltação e histerismo, no banco e em campo, antes do lançamento de linha lateral que origina o famoso golo de Lima, no jogo da primeira volta com o Benfica). Lopetegui tem uma filosofia de jogo bem orquestrada e consolidada. Falta, sim, um sistema alternativo para responder a situações ou jogos onde a estratégia e abordagem inicial não surta efeito. Mais tempo não é benéfico numa concepção errada. Nesses contextos, o erro eternizar-se-ia. Não julgo que seja o caso do Porto de Lopetegui.

 

A Figura
Danilo – A única transferência já confirmada, neste caso para o Real Madrid, não tem substituto à altura no plantel. Irá, sem margem para dúvidas, obrigar a SAD portista a ter de procurar uma solução para a lateral direita no mercado de Verão. Foi o melhor neste jogo. É um jogador de excepção. Atleta de uma entrega inexcedível. É injusto que a sua despedida fique manchada por críticas de adeptos ao profissionalismo dos jogadores. Não merecia tamanha injustiça!

O Fora-de-Jogo
Claques – Os Super Dragões e Colectivo Ultras 95 demonstraram, no mínimo, muita incongruência. Reconheço nestes grupos organizados mais racionalidade no acompanhamento e avaliação do jogo do que aos restantes adeptos indiscriminados (mais voláteis e bipolares). Depois do encontro em Munique, onde a sua equipa perdeu por 6-1 (na pior prestação da época), muitos destes ultra foram receber com loas os atletas portistas. Por mais desiludidos que estejam pela derrota no campeonato, não faz sentido que depois de um empate no Restelo toda esta postura benevolente se estilhace por completo. Colocar em causa a atitude, o esforço e o profissionalismo de alguém é muito duro e difícil de provar. Como os jogadores, estes portistas também falham. Também o podem fazer. Venha a próxima época.

Foto de Capa: Facebook oficial do FC Porto

Uma Taça para ti, Francisco

porta

21 de Maio de 1892, uma data que para a maioria pouco ou nada deve significar. Mesmo para os Sportinguistas, à primeira vista nada terá que ver com o seu clube, uma vez que faltariam pouco mais de 14 anos para a fundação do Sporting Clube de Portugal.

Foi neste dia que nasceu o símbolo maior do clube, a personalidade a quem devemos o Sporting de hoje e que mostrou o que é verdadeiramente um Sportinguista. É difícil separar a história de Francisco Stromp e a do Sporting Clube de Portugal; facilmente se confundem os primeiros passos do “leão” acabado de nascer com a vida dum enorme desportista, capitão e, acima de tudo, um grande Homem.

Stromp aprendeu a amar o Sporting mesmo antes de ele nascer, fez parte do grupo de amigos que imaginou um clube diferente, ambicioso e eclético, contrastando com todos os piqueniques e actividades de recreio da classe alta que imperavam no Campo Grande Football Club. Criado o clube que viria a ser a maior potência desportiva portuguesa, onde Francisco era atleta, treinador e dirigente, o eterno capitão passou a viver e a respirar Sportinguismo, algo que confesso invejar.

Mais de uma centena de jogos realizados com a camisola que viria a ter o seu nome, uma década como capitão de equipa, inúmeros títulos no Futebol e até no Lançamento de Disco e estafeta dos 3x100m, e uma figura reconhecida dentro e fora do clube como um verdadeiro cavalheiro, respeitado por todos os rivais de então.

Passagem quase obrigatória em dias de jogo em Alvalade, Francisco Stromp continuará sempre por perto do Sporting Clube de Portugal
Passagem quase obrigatória em dias de jogo em Alvalade, Francisco Stromp continuará sempre por perto do Sporting Clube de Portugal

Ouvi na minha infância a história deste enorme homem vezes sem conta, e enquanto crescia lia periodicamente todos os livros que o meu pai comprava sobre o Sporting, assim como as colecções que fazia através dos diários desportivos. No Natal de 1997 tive a minha primeira camisola do Sporting, uma Stromp, pois claro, com o leão em marca de água. Usei-a sempre enquanto me serviu, e ainda hoje tem lugar de destaque no meu armário.

Francisco Stromp faleceu por vontade própria a 1 de Julho de 1930, dia em que o Sporting celebrava o seu vigésimo quarto aniversário. Perpetuando o seu nome, a sua vida e o seu legado a uma história centenária do maior clube português.

Hoje em dia, sou da opinião de que deveríamos jogar com essa camisola mais vezes, a verdadeira e original cor do Sporting Clube de Portugal. E gostava de que, no próximo fim de semana, no Estádio do Jamor, onze leões entrassem em campo com esse equipamento vestido, honrando alguém que representa tudo o que este clube é: esforço, dedicação, devoção e glória.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

The North Remembers

cab desportos motorizados

Público, público e mais público. O que se esperava está a acontecer e muito público está a aparecer nas estradas do norte do país, findo agora o primeiro dia de prova, apesar de ela já ter começado na quinta-feira à noite.

Na frente da prova está um Volkswagen (VW) como seria de esperar; o que não seria de esperar, ou talvez fosse, visto Ogier ir a abrir a estrada, é que o líder fosse Latvala, que ao fim de sete PEC tem 11,1s de vantagem sobre Meeke (Citroen) e 15,9s sobre Mikkelsen, também em VW. O “mata vacas” – como ficou conhecido depois de um acidente no Rali dos Açores em 2010 onde matou duas vacas – começou na liderança e é um dos destaques da prova até agora. Quem também começou bem foi Dani Sordo. O espanhol da Hyundai venceu a primeira PEC de hoje e passou por esta altura pela liderança, mas agora encontra-se em quinto a 21,8s da liderança, tendo 4s de desvantagem para o quarto, Ott Tanak (Ford), e 4s de vantagem sobre o sexto, Ogier.

Nesta que está a ser uma prova quente, pode dizer-se que em todos os sentidos nada está decidido e amanhã será um dia muito interessante, com mais seis PEC que muito podem mudar nesta classificação.

Mas um dos motivos pelos quais a prova está a ser quente é o fogo que está a decorrer em Ponte de Lima, e que fez com que a primeira passagem tivesse de ser interrompida e a segunda cancelada. Também nesta primeira passagem um carro da segurança ardeu, embora sem nenhuma relação com o incêndio florestal.

Indo agora aos portugueses, o líder é Miguel Campos, a mostrar que quem sabe não esquece, mesmo não fazendo uma temporada completa desde 2010. O piloto natural de Famalicão beneficiou da desistência de Bernardo Sousa por problemas no radiador do seu 208 T16 para assumir este posto. O piloto madeirense, que é o único português a participar no mundial, era 17º no WRC2, competição que está a ser liderada por Nasser Al-Attiyah num Ford Fiesta RRC. Pedro Meireles é o segundo entre os tugas, e o pódio fica fechado com Miguel Jorge Barbosa, que faz a sua primeira prova em 2015 e a sua primeira no Fiesta R5.

Nas restantes competições em disputa na Rali de Portugal, o WRC3 e o JWRC são liderados por Quentin Gilbert, enquanto na Drive Dmak Cup o líder é Max Vatanen, filho do antigo piloto Ari Vatanen campeão do mundo em 1981. Para terminar, apenas relembro que pode ver-se as duas passagens por Baião às 8h53 na RTP1 e às 14h38 na RTP2.

João Sousa: o guerreiro vimaranense

João Sousa, atual número 50 da hierarquia mundial, está pela quarta vez na sua carreira numa final de um torneio da categoria ATP. O português vai defrontar amanha o brasileiro Thomas Bellucci, naquela que será a primeira decisão de um titulo ATP inteiramente falada em português.

O vimaranense começou por derrotar o brasileiro João Souza pelos parciais de 7-5 e 6-3. Na segunda-ronda, Sousa defrontou o seu amigo e companheiro de treino Jurgen Melzer; o encontro, que, diga-se em abono da verdade, o português dominou por completo, teve um pequeno incidente durante o primeiro set. João Sousa, em resposta a um amorty do austríaco, no entender de Melzer, deixou a bola tocar 2 vezes no chão; contudo, esta não foi a interpretação do árbitro e o ponto acabou mesmo por ser atribuído ao português. Ora, esta situação, que aconteceu aquando do marcador se encontrava em 3-3, e em que João Sousa acabou mesmo por conseguir fazer o break, irritou bastante Melzer, que não mais conseguiu oferecer grande resistência ao português. João Sousa derrotava, assim, por duplo 6-4 Jurgen Melzer.

Nos quartos-de-final, e naquele que foi, na minha opinião, o melhor encontro de todo o torneio até agora, o português derrotou o espanhol Pablo Andujar, salvando 4 match points pelo caminho. Já hoje, e em mais uma exibição de bom nível, sobretudo se retirarmos o segundo set, onde o português cometeu bastantes erros não forçados, João Sousa derrotou o seu companheiro de pares, Frederico DelBonis. O vimaranense qualifica-se, assim, para a sua 4ª final de carreira, onde vai defrontar Thomas Bellucci.

João Sousa (na imagem) está pela 4º vez numa final ATP Fonte: Facebook Oficial João Sousa
João Sousa (na imagem) está pela 4º vez numa final ATP
Fonte: Facebook Oficial João Sousa

E agora? Quais são as reais hipóteses do melhor tenista português de sempre? As casas de aposta atribuem algum favoritismo ao brasileiro, contudo, e se continuar a demonstrar o controlo emocional desta semana, João Sousa pode mesmo vencer o seu segundo titulo ATP. Na minha opinião, será um jogo de 50/50. O português terá de conseguir colocar uma alta percentagem de primeiros serviços e cometer muito poucos erros não forçados.

Concluindo, resta-nos desejar boa sorte a João Sousa. O encontro realizar-se-á amanha por volta das 14:15 (hora portuguesa) e terá transmissão na Eurosport.

Há diferenças entre o saber e o fazer

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Sabemos diversas coisas sobre Lopetegui. Enquanto jogador, sabemos que foi guarda-redes do Real Madrid e do Barcelona. Sabemos que ganhou alguns títulos como jogador nessas mesmas equipas. Sabemos que foi treinado por Johan Cruyff e Bobby Robson. Sabemos ainda que privou com Mourinho e Guardiola, talvez os dois melhores treinadores da atualidade. Sabemos…

Como treinador, sabemos que Lopetegui orientou as seleções espanholas mais jovens conquistando um Campeonato da Europa de sub-21 e outro de sub-19. Sabemos também que possuía um blog onde partilhava a sua opinião em relação a diversas equipas, formas de jogar, modelos de jogo, entre muitas outras coisas. Sabemos que Lopetegui, como treinador de uma equipa de futebol, quer ter um modelo de jogo que privilegie a posse de bola, que permita ser dominante, ser paciente a construir. Sabemos que o treinador quer “ser protagonista”. Sabemos…

José Mourinho, em declarações à televisão da Federação Portuguesa de Futebol, referiu que “o conhecimento está ao alcance de todos”. No mesmo vídeo, Mourinho afirma que “a capacidade de operacionalização de uma ideia é aquilo que faz, de facto, o treino rico, que te faz escolher os exercícios adaptados às tuas ideias e aquilo que tu queres transmitir”.

Lopetegui deixa boas sensações acerca das ideias que possui. São, de forma geral, as mesmas ideias que inspiraram aquela é considerada, por muitos, como a melhor equipa da história. Aquilo que todos esperamos do treinador do Futebol Clube do Porto é que ele saiba aquilo que está a fazer, que saiba por inteiro o que é o famoso tiki-taka. Não concebo nem acredito que Lopetegui não conheça o modelo de jogo e tudo o que é preciso para que este funcione.

A minha dúvida surge em relação ao saber fazer de Lopetegui. Não sei até que ponto é que ele consegue pôr em prática todas as suas ideias. Por culpa própria ou por fatores externos? Os dois, arrisco. Quando se é contratado para orientar uma equipa há duas coisas que se podem fazer: ou adaptas o teu modelo de jogo à equipa ou adaptas a equipa ao modelo de jogo. E os clubes em Portugal são clubes formadores. Até os grandes são clubes formadores – clubes “trampolim” como há uns tempos ouvimos dizer. Esta premissa pode ser fatal para Lopetegui, verdinho nas andanças do futebol português. O treinador do FC Porto não pode exigir que todos os jogadores encaixem no estilo e no modelo de jogo. Não pode porque o clube não o vai permitir. Há que formar, há que potenciar e há um mercado sul-americano a explorar. O FC Porto não é um Barcelona, um Real Madrid, um Bayern Munique ou um Chelsea que pode ir buscar jogadores com características específicas que encaixem que nem uma luva no modelo de jogo. Não pode.

Para a próxima época, Julen Lopetegui vai ter uma nova oportunidade. Resta saber se será mesmo capaz de pôr em prática as suas ideias. Se não for… pode sempre ir cortar ou aparar a relva. Ou partir a estrutura de um banco de suplentes qualquer.

Deixe que lhe diga, caro treinador… Há muita gente a falar em mística e raça e atitude. Quando a equipa começar a jogar futebol, quando começar a ser superior em todos os momentos do jogo, quando souber jogar pelas alas e (!) pelo centro do terreno… ninguém se vai lembrar dessas coisas. Porque quando se é superior, pode-se “brincar” com os adversários. E podemos reservar essas coisas para os jogos a sério frente aos Bayerns desta vida!

Foto de capa: fcporto.pt

O campeonato é suficiente, Villas-Boas?

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Com o final da temporada a aproximar-se na Rússia, é tempo de fazer o balanço de 2014/15. O Zenit, comandado pelo técnico português André Villas-Boas (que já passou por FC Porto, Chelsea, Tottenham), conquistou o campeonato, com duas jornadas ainda por disputar na competição, e pôs fim a um jejum de dois anos (o CSKA de Moscovo foi campeão em 2012/13 e 2013/14). Mas, será esta conquista suficiente para uma época, tendo em conta os objetivos que o orçamento do clube permite e os jogadores de classe mundial de que dispõe?

No que ao plantel concerne, o emblema de São Petersburgo está recheado de estrelas, jogadores que podiam bem figurar nos onzes inicias de vários clubes de topo do futebol mundial. A sua baliza está bem guardada por Yuri Lodygin, guarda-redes russo, internacional por oito vezes, que cumpre a segunda época no Zenit e tem vindo a assinalar exibições de nível positivo e defesas importantes para as aspirações de Villas-Boas.

Na defesa, nomes bem conhecidos do povo português como o do argentino Ezequiel Garay, ex-defesa central do Benfica, imperial no que à arte de defender diz respeito, e do português Luís Neto são figuras de destaque. A juntar a eles estão, ainda, o italiano Domenico Criscito e o belga Nicolas Lombaerts, que com os russos Smolnikov e Anyukov formam uma defesa bem coesa (apenas 16 golos consentidos em 28 jogos na Premier League russa).

A nível de meio-campo, a figura de proa é Axel Witsel, que passou pelo Benfica em 2011/12 e custou cerca de 40 milhões de euros aos cofres do Zenit. A qualidade técnica e o conhecimento tático do médio belga permitem que seja um dos ativos mais atrativos do mercado neste momento, sendo que, à terceira época, está a viver o melhor momento e ano na Rússia. O virtuosismo e capacidade de construir jogo de Witsel são catapultados pela consistência defensiva que o espanhol Javi García, também com passagem pelo Benfica, oferece – funciona como um autêntico “bombeiro” no miolo defensivo do Zenit, bem ao estilo do que nos habituou por terras lusas. Esta dupla conta, ainda, com a ajuda dos russos Oleg Shatov (cada vez mais fundamental no esquema de Villas-Boas) e Alexander Ryazantsev.

Witsel (direita) é uma das jóias da coroa do Zenit Fonte: Facebook oficial Zenit
Witsel (direita) é uma das jóias da coroa do Zenit
Fonte: Facebook oficial Zenit

No que ao ataque diz respeito, é necessário fazer referência ao internacional português Danny, capitão da equipa, que com uma tremenda capacidade no que ao capítulo do passe diz respeito, conta 11 assistências para golo na liga russa. Os principais visados dos passes magistrais do luso venezuelano são Salomón Rondón e o ex-Porto Hulk. Esta dupla atacante leva 27 golos no campeonato (15 de Hulk e 12 de Rondón), sendo dos melhores marcadores.

Com toda esta qualidade no plantel era de esperar que o clube de Villas-Boas lograsse muitas vitórias, conquistas e se exibisse a um nível competitivo comum ao de muitos outros emblemas de topo europeu. Porém, feitas as contas à época, o Zenit apenas triunfou no campeonato. Na Taça da Rússia, não foi além dos oitavos de final, onde não conseguiu impor o favoritismo atribuído e foi derrotado pelo Arsenal Tula no seu próprio estádio. Na Europa, o seu papel na Liga dos Campeões ficou-se pelo terceiro lugar na fase de grupos, embora pese o facto de ter ficado no considerado “grupo da morte”, junto a Benfica, Mónaco e Bayer Leverkusen. Arredado para a Liga Europa, competição menosprezada pela maioria dos clubes, partia com favoritismo para a conquista da competição, mas tal não se verificou. O Sevilha, atual detentor do troféu e finalista desta edição, levou a melhor sobre a turma de São Petersburgo nos quartos de final.

Com somente o campeonato no “bolso”, pode-se considerar esta como uma época menos conseguida do Zenit. E, face a isto, as críticas são constantes – o futebol do Zenit foi já apelidado de “chato”, “aborrecido” e os resultados europeus da equipa considerados como penosos, tendo em conta o potencial da equipa. Outro dos temas quentes passa pela quantidade de jogadores estrangeiros que têm chegado, em tempos recentes, ao clube, algo com que as mentes mais nacionalistas no futebol do país não concordam.

Assim sendo, o que se segue para Villas-Boas? Será a próxima temporada de afirmação europeia na principal competição de clubes do mundo, a Champions? Para já, o Zenit já tem um fator a seu favor, pois sabe, à partida, que estará presente no pote 1 do sorteio da fase de grupos. Por agora, resta esperar pela próxima época e ver o quão alto consegue André Villas-Boas voar com este Zenit.

Foto de Capa: Facebook oficial Zenit

Jogadores que Admiro #37 – Lionel Messi

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Vi o meu primeiro mundial em 1974 e desse tempo ficou-me a forte impressão causada pelo guarda-redes Alemão Sepp Mayer. De tal forma que, quando quis ser jogador de futebol, escolhi aquele sitio amaldiçoado entre ferros a que se chama baliza e onde até a relva hesita em crescer.

O normal seria ter ficado impressionado pela forma como Beckenbauer lia o jogo antes de este acontecer, ou pelos desenhos imprevisiveis de Johan Cruijff contornando os defesas como se fossem pinos.

Ainda fui a tempo de ver a última sombra de Eusébio nos relvados Portugueses. E de ver soçobrar o talento e imprevisibilidade de Sócrates e Falcão ante a frieza e cinismo de Paolo Rossi e companhia. Essa seria a última vez que a presença de um argentino baixinho passaria despercebida.

Diego Armando Maradona ainda estava guardado na margem sul do oceano Atlântico, num tempo em que a globalização era apenas ficção científica. Mas era impossível guardar por muito mais tempo tamanho segredo. A consagração definitiva de El Pibe chegaria em 1986 e logo com a célebre ajuda da mão de um deus efémero. Infelizmente o talento incomensurável não encontraria o suporte interior necessário para reinar mais do que de forma fugaz. Em 1994 um controlo positivo de efedrina retirá-lo-ia definitivamente da ribalta. Isto já depois de, na passagem por Nápoles, ceder aos prazeres da “dolce vita”, de todo incompatível com a alta competição.

Nessa altura pensei que não teria tempo de vida suficiente para voltar a ver tal concentração de talento em apenas um jogador. Maradona fazia coisas que mais ninguém parecia capaz de algum dia imitar. Dizer isto pode ser profundamente injusto perante a magia de Ronaldo, Ronaldinho ou Zidane, por exemplo. Mas creio que também é justo afirmar que a retirada prematura do astro argentino ajudou a que tivessem trajectória e iluminação próprias ao invés de poderem ficar condenados a gravitar à sua volta.

O aparecimento de Messi contraria todas as probabilidades. Incluindo as do próprio jogador. Messi não era apenas mais pequeno que os demais, apesar de não ser difícil reconhecer-lhe as qualidades.

Era também um miúdo com problemas de saúde que requeriam tratamentos demasiado onerosos para as posses dos pais. Um acaso aparentemente infeliz que no entanto seria fundamental para o fazer viajar até Lérida, onde seria descoberto pelos olheiros do Barcelona. O trabalho de meticulosa filigrana de La Masia – onde chegou a jogar um escalão abaixo para poder estar ao lado de alguém do seu tamanho – foi determinante na metamorfose de um miúdo de 13 anos com apenas 1,40m para o atleta de alta competição que hoje todos conhecem.

O responsável pela sua contratação, Carlos Rexach, disse, então: “contratei-o ao fim de 30 segundos. Com mais de 40 anos de futebol, nunca havia visto nada assim. Em 4 oportunidades, converteu 3.” No último mundial do Brasil, Thiery Henry, seu antigo colega no Barcelona, testemunhou no mesmo sentido: “conheci grandes jogadores mas nunca vi ninguém fazer o que ele fazia. Em espaços reduzidíssimos pedia-nos a bola e desaparecia a serpentear, como se a bola estivesse colada aos seus pés.”

O toque de bola de Messi é inconfundível  Fonte: Facebook oficial de Leo Messi
O toque de bola de Messi é inconfundível
Fonte: Facebook Oficial de Leo Messi

Agora julgo que é definitivo: demorará muito para aparecer alguém que se lhe assemelhe. Leo Messi é de longe o melhor jogador que alguma vez vi jogar. A forma como entende o jogo, como conduz a bola, como define, como inventa espaços, finaliza e reinventa o jogo é absolutamente genial. Só uma má condição física o aproxima dos mortais.

Elogiar Messi é também reconhecer o enorme talento e as qualidades de Ronaldo. É preciso ter muita sorte para podermos desfrutar na mesma vida de jogadores deste quilate. O que o “nosso” jogador tem conseguido no tempo de Messi é absolutamente notável e creio que também ele é, pela sua abnegação, corresponsável pelo contínuo derrubar de barreiras e limites pelo argentino.

 Foto de Capa: Facebook Oficial de Leo Messi