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GP do Canadá: Hamilton consegue a bolha de oxigénio

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O fim-de-semana do Grande Prémio do Canadá pode ser retratado por um sábado irrequieto e turbulento, e um domingo calmo e sem grandes surpresas. Lewis Hamilton garantiu a sexta pole da temporada, numa qualificação que se revelou problemática para Sebastian Vettel: o piloto da Ferrari teve problemas no carro mal entrou em pista, e teve de voltar imediatamente às boxes. Quando regressou, não conseguiu melhor do que um 16º lugar. Lugar esse que seria desqualificado devido à ultrapassagem a Roberto Mehri (Manor Marussia) com bandeira vermelha; Vettel acabou por sair da última linha.

Nico Rosberg tinha, nesta prova, uma boa oportunidade para se colar a Hamilton na classificação geral. Ao sair da segunda posição, perseguiu durante toda a corrida o companheiro de equipa, mas as suas esperanças saíram goradas. Lewis Hamilton mostra-se absolutamente exímio na sua estratégia de deixar o oponente aproximar-se até à barreira do 1s e depois fugir, não dando espaço nem tempo a ultrapassagens. Além deste factor, Rosberg passou toda a corrida a ser advertido pela equipa, que lhe pedia contenção nos gastos de pneus e combustível. A Mercedes a compensar o erro com Hamilton, de há duas semanas.

Petronas voltou a dominar Fonte: Facebook Mercedes AMG Petronas
Petronas voltou a dominar
Fonte: Facebook Mercedes AMG Petronas

Nota muito positiva para as duas grandes recuperações da prova: Vettel e Massa. Saíram da cauda da qualificação e terminaram em quinto e sexto lugar, respectivamente. E, quem sabe, se não fosse o toque em Alonso, o piloto alemão teria conseguido mesmo chegar ao pódio, que ficou completo com Valtteri Bottas (Williams), que aproveitou um pião de Kimi Raikkonen para chegar à terceira posição. O finlandês da Ferrari dirigiu-se à equipa para relembrar que já no ano passado lhe havia acontecido o mesmo na mesma curva.

Já a menção negativa fica para a McLaren: a equipa conseguiu um desolador duplo abandono e tem muito que trabalhar com Fernando Alonso. O piloto espanhol recusou abrandar o ritmo para poupar combustível e disse que não ia agir como um amador. Ao ouvir a resposta, um dos engenheiros da McLaren afirmou “We’re going to have big problems!” Alonso, pela primeira vez na sua já longa carreira, abandonou três corridas seguidas. A McLaren tem de mudar alguma coisa na sua estratégia, sendo que Alonso ainda não pontuou e Button segue no último lugar dos pilotos pontuados. É triste ver dois pilotos conceituados, com percursos profissionais de renome, a ficarem nas derradeiras posições do campeonato por culpa de decisões irreflectidas.

Pastor Maldonado pontuou pela primeira vez, ao ficar em sétimo lugar. Já o outro piloto da Lotus, Romain Grosjean, foi penalizado em cinco segundos depois de um acidente com Wil Stevens (Manor Marussia).O jovem franco-suíço provocou o toque, forçando a saída de pista do carro da Manor. Stevens, que ficou com a asa direita partida, chegou mesmo a desabafar para a equipa que Grosjean “foi estúpido”.

Lewis Hamilton consegue assim, em Montreal, aumentar a vantagem para Nico Rosberg – que já é de 17 pontos – e quebrar uma série de duas vitórias do alemão. Sebastian Vettel segue em terceiro, resiliente mas em dificuldades, 43 pontos abaixo. O Campeonato do Mundo F1 2015 volta a 21 de Junho, em Osterreich, Áustria.

Foto de capa: Facebook Mercedes AMG Petronas

Jogadores que Admiro #38 – Rivaldo

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É muito difícil um jogador querer alcançar a fama e o sucesso sem se tornar mediático ou ter uma carreira paralela dominada pela propaganda. Um jogador que não se entrega a nada disso simplesmente não é lembrado ou até é esquecido. Ele é apenas mais um que dá uns chutos na bola, ganha bastante dinheiro, mais um que joga na selecção, e nunca “O Jogador”. Esta estranha e triste realidade tocou de forma injusta um dos maiores médios ofensivos que o futebol já viu, que durante toda a sua carreira preferiu permanecer pelos bastidores, que era avesso às entrevistas e afins. Ele apenas jogava à bola e de que maneira.

O Rivaldo era para mim a verdadeira e pura definição de um craque. Um médio com uma técnica poética e suprema, uma agilidade e uma capacidade de tomada de decisão impressionante, conseguia decidir os jogos com os seus remates dilacerantes, a sua inteligência superior e a sua classe de um recorte intangível e emocionante.

No auge da sua carreira transferiu-se do Corunha para o Barcelona, tendo sido campeão duas vezes e ganhado a Bola de Ouro. Foi uma pedra essencial da selecção do Brasil nos mundiais de 1998, na França, e 2002, no Mundial da Coreia-Japão, onde o Brasil acabou por vencer, tendo sido considerado um dos melhores jogadores, atrás de Oliver Kahn e Ronaldo, e nomeado para o onze do campeonato.

Rivaldo venceu o prémio de melhor jogador da FIFA em 1991 Fonte: listasdefutbol.com
Rivaldo venceu o prémio de melhor jogador da FIFA em 1991
Fonte: listasdefutbol.com

Rivaldo em campo debitava uma estética deliciosa, com toques de requinte e até de uma malvadez inocente. Rivaldo era avesso aos holofotes. Se dentro do campo ele era de uma habilidade tremenda, fora do campo não o era de todo. Mas no jogo ele mandava. E como jogava. Regularmente presenteava os adeptos do Barcelona com actuações estelares. Fora deste mundo e do outro. Um dia ele fez um hat-trick contra o Valência, no jogo que talvez tenha sido o da sua vida. A dois minutos do fim ele escreveu na história do futebol, pela importância, pela beleza, pela genialidade, um dos mais fenomenais golos que talvez possamos imaginar. Recebendo um passe quase do meio campo de Frank De Boer, matou a bola no peito em cima da linha da área e presenteou toda a gente no Camp Nou com uma bicicleta perfeita, irrepreensível, luxuriante, elástica, plástica e mágica, que foi morrer no canto da baliza do Valência. O estádio delirou em eterno êxtase!

Rivaldo conquistou outros troféus importantes mas nunca quis os holofotes. Desde a Liga dos Campeões pelo Milan a outros campeonatos no Olimpiacos, na Grécia, tornou-se um ídolo por aquelas bandas.

A humildade tímida do craque nunca se deixou sobrepor pela arrogância especial que os seus autênticos hinos ao futebol provocaram. Curioso é que “ninguém” gostava dele. Principalmente os adversários. Em 2014 pendurou as chuteiras com as lágrimas nos olhos e com uma simples mensagem de gratidão à família pelo apoio e carinho que recebeu ao longo dos seus 24 anos como jogador.

Para mim foi uma das grandes estrelas de sempre do futebol e uma pessoa cujo simples amor ao jogo fez dele o que ele foi. Como costumo dizer, “nunca trazemos do jogo mais do que aquilo que lhe damos”.

Rivaldo para mim é imortal!

Foto de Capa: imortaisdofutebol.com 

Bibliografia:

O segundo título do Grand Slam de Wawrinka

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A maioria esperava a coroação de Novak Djokovic, que, após ter finalmente batido Nadal em Roland Garros, parecia ter desbravado o caminho para o Grand Slam de carreira. Mas a sua festa foi novamente estragada por um suíço, e não pelo do costume – Roger Federer – mas pelo sensacional Stanislas Wawrinka, que contra todas as previsões conquistou o seu segundo título do Grand Slam, derrotando o número 1 mundial em 4 sets.

Djokovic não se exibiu ao seu melhor nível na final, quiçá uma mistura de cansaço físico – teve de jogar dois dias consecutivos contra Andy Murray nas meias-finais e não teve dia de descanso antes da final ao contrário de Wawrinka – e a enorme pressão sentida por saber que esta era a sua maior oportunidade de completar o Grand Slam de carreira. Foi uma prestação frouxa e extremamente defensiva do número 1 mundial, contrastando com a exibição destemida de Wawrinka, que se mostrou confiante e determinado em todos os momentos e conseguiu o dobro dos winners de Djokovic (59 contra 30).

Wawrinka jogou o seu melhor nesta final e não vacilou nos momentos decisivos, tornando-se assim no sexto jogador em actividade a conquistar múltiplos títulos do Grand Slam (Federer, Nadal, Djokovic, Hewitt e Murray os outros cinco) e voltando a entrar no top 4 do ranking mundial. Devido ao seu jogo de alto risco, não é de esperar que Wawrinka mantenha este nível e ganhe torneios importantes regularmente mas provou novamente ser um jogador que pode a qualquer momento jogar o seu melhor e bater qualquer jogador.

Quanto a Djokovic, após finalmente bater Nadal e emergir vitorioso duma dura batalha a 5 sets contra Murray, não foi capaz de se apresentar ao seu melhor nível contra um adversário inspirado na final e perdeu uma oportunidade de ouro de ganhar Roland Garros. Terá outra oportunidade? Creio que sim, convém não esquecer que Djokovic é de longe o melhor jogador do mundo na actualidade apesar do resultado de hoje e, salvo lesão, terá mais alguns anos ao mais alto nível à sua frente. Estou em crer que esta não será a última final de Roland Garros disputada pelo sérvio, nem mesmo a última final de Grand Slam que disputará em 2015.

Solução K para a equação atacante

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É dado adquirido: Jackson Martínez não vai continuar no FC Porto. Em entrevista a uma rádio colombiana, o ‘Cha Cha Cha’ assumiu, palavra por palavra, “que está na hora de sair” do Dragão. Se, para os mais atentos, isto já não surge como novidade, é também justo olhar para os desejos do colombiano como naturais. Jackson já não caminha para novo (tem 28 anos) e esta será, muito provavelmente, a última oportunidade que tem de “dar o salto” para um campeonato mais competitivo e financeiramente atrativo – o Arsenal, em Inglaterra, e o Valência, em Espanha, parecem estar na linha da frente para assegurar os seus serviços. Ao serviço dos dragões foram três épocas de excelência: sagrou-se campeão português na primeira, venceu duas Supertaças e fez o ‘tri’ como melhor marcador da Liga. Agora, está na altura do “adeus” definitivo.

Chega a hora de todos os portistas fazerem contas à vida e começarem a lançar palpites sobre que jogador será o substituto de Martínez. Numa primeira instância, falou-se de Bueno. O jogador espanhol já assinou, mas parece claro que não será o ponta-de-lança titular ao longo da próxima temporada. O mesmo se aplica a Adrián López: em primeiro lugar, não é a sua posição natural, e, depois de uma época muito aquém das expetativas, já terá dificuldades suficientes em tentar impor-se na equipa para pensar em assumir o papel de goleador.

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A saída de Jackson Martínez cria uma dor de cabeça para Lopetegui
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Eis que o jornal O JOGO avança com a hipótese que, decerto, nem sequer passaria pela cabeça do mais iluminado dos portistas: Kléber vai voltar para fazer a pré-época. Sinceramente, não me acredito que o jogador faça a pré-época e acabe emprestado novamente. Parece-me que será para ficar no plantel durante a época. É uma aposta arriscada? Sem dúvida. Ora vejamos:
– Kléber chegou ao FC Porto em 2011: não se conseguiu impor e denotou falta de tarimba para assumir as despesas goleadoras do então campeão nacional e detentor da Liga Europa;
– Em 2012/13, protagonizou uma época atípica: afastado da equipa principal, fez 10 jogos pela equipa B e 11 ao serviço do Palmeiras, em regime de empréstimo. Apontou uns escassos três golos, no total;
– O FC Porto não se tem dado bem com “contratações internas”: os casos recentes de Licá e Josué deixaram os portistas com os cabelos em pé.

No entanto, há que ter em conta que, hoje em dia, Kléber é um jogador mais maduro e terá alguns fatores a seu favor. No Estoril, evoluiu taticamente – jogar numa equipa de menor dimensão do campeonato português obriga um jogador a crescer. Ao contrário do que aconteceu em 2011, quando aterrou na Invicta, Kléber não será obrigado a esconder a sombra de Falcao. Vai encontrar a sombra de outro colombiano, igualmente grande, mas, por um princípio de lógica, nem sequer será o titular. Este regresso pode ser entendido como um sinal da estrutura do FC Porto; um sinal de que não vai existir incursão no mercado em busca de um ponta-de-lança. Aboubakar deverá ser mesmo a solução apresentada para ocupar a vaga de Jackson. O camaronês cumpriu quando jogou, tem faro de golo e margem para progredir qualitativa e taticamente. Falta adaptar-se por completo ao modelo de jogo do Porto de Lopetegui, mas há tempo para isso.

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Kléber fez parte do plantel que se sagrou campeão nacional em 2011/12
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Assim, e como se diz em bom português, matam-se dois coelhos com uma só cajadada: Kléber regressa, mas não fica sujeito à pressão que lhe condicionou a adaptação à dimensão do clube na sua primeira passagem pelo Dragão; e Aboubakar vê-se obrigado a subir um degrau na hierarquia de avançados no Porto, dispondo de oportunidade para explodir. Gonçalo Paciência (caso não seja emprestado) será a opção de recurso, à semelhança do que já aconteceu esta época. Na equipa B, André Silva poderá cimentar a sua posição como escolha principal e espera-se que continue a evoluir. As indicações que tem deixado no Mundial Sub-20 fazem crescer água na boca e é imperativo que o FC Porto não deixe fugir o diamante em bruto que ali tem.

A improbabilidade da hipótese K(léber) era alta. Confesso que nunca me teria passado pela cabeça, até porque já nem olhava para o brasileiro como jogador do FC Porto. Mas, após esta primeira análise, e contrabalançando os riscos com os possíveis benefícios, julgo que Kléber merece, pelo menos, que os portistas lhe dêem uma segunda oportunidade. Afinal, pode vir a ser a solução mais viável para uma equação de complicada resolução. Porque não é fácil encontrar um Jackson ao virar da esquina.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

As ilhas dominaram

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“Nós somos filhos de uma raça batalhadora,/Ainda que nunca tenha conhecido vergonha,/E enquanto marchamos para enfrentar o inimigo/Cantaremos uma canção do soldado.” Estas pequenas quatro frases pertencem ao hino irlandês, país do vencedor da edição 50 do Sata Rallye Açores. Falo de Craig Breen.

O irlandês até começou o dia a ver-se ultrapassado na geral por Kajetanowicz (Kajto), mas foi sol de pouca dura pois no segundo troço do dia recuperou a liderança e nunca mais a largou. Na primeira passagem pela Tronqueira, Kajto sentiu muitas dificuldades devido à sua má escolha de pneus e perdeu 16,3s, que nunca mais conseguiu recuperar. Depois, até ao final da prova, houve um claro levantar do pé por parte do polaco que fez com que a diferença final entre os dois pilotos passasse do minuto, diferença muito exagerada para o que foi a prova.

A fechar o pódio ficou o açoriano Ricardo Moura, que apesar do bom andamento não conseguiu fazer frente aos dois primeiros classificados. Bruno Magalhães, que começou a sua campanha deste ano no ERC, fechou a prova no quarto lugar e arrecadou assim os seus primeiros pontos deste ano. A fechar os cinco primeiros ficou Consani, colocando assim as três marcas com R5 presentes nos cinco primeiros.

Gago fez uma grande prova
Gago fez uma grande prova

No ERCJ o destaque de hoje tem de ir para o português Diogo Gago, que começou o dia em quarto e terminou em segundo. Numa competição que é muito animada por ver os pequenos R2 a serem pilotados de forma tão boa, o que faz prever alguns bons nomes do futuro dos ralis mundiais. O vencedor desta categoria foi o inglês Chris Ingram, que assumiu a liderança na última PEC do primeiro dia e nunca mais a largou. O inglês aproveitou o seu conhecimento da ilha, onde o ano passado brilhou com um Twingo R2 em que já tinha terminado em segundo. A fechar o pódio ficou o norueguês Steve Rokland fazendo assim um top3 só com carros da Peugeot. Os Opel que apaixonaram quem andou pelas estradas de São Miguel não tiveram um bom terceiro dia, mas fica aqui um carro para os portugueses que estão a iniciar as suas carreiras terem em atenção. No ERC3 os três primeiros pilotos foram os mesmos do ERJ.

No ERC2 surge talvez o grande azarado do dia. Luis Miguel Rego entrou para a última PEC da prova com o segundo lugar assegurado, mas problemas nos travões fizeram com que o açoriano tivesse de abandonar. O vencedor desta categoria foi o lituano Dominykas Butvilas que apresentou um ritmo muito bom para quem se estreava na ilha e que é um valor a acompanhar no futuro, apesar de já estar nos 26 anos. Com a desistência de Rego o pódio ficou completo com Dávid Botka e Vojtěch Štajf.

No que toca às contas do Nacional o vencedor foi Ricardo Moura, que obteve a classificação máxima e assim voltou à liderança do CNR. José Pedro Fontes ficou em segundo e Adruzilo Lopes conseguiu um terceiro lugar. Carlos Martins apesar de fazer a sua estreia na ilha desiludiu-me um pouco, pois esperava outro andamento da sua parte e ficou em quarto sendo que Manuel Castro fechou os cinco primeiros a contar para o CNR.

Moura além do 3º lugar venceu o nacional e regional
Moura ficou em 3º lugar e venceu o nacional e regional

No campeonato português destinado às duas rodas motorizes apenas terminaram três carros. Paulo Neto foi o vencedor, Miguel Carvalho ficou em segundo e Marco Reis fechou o pódio e a classificação. Nos Açores Moura foi o vencedor – como esperado -, Ruben Rodrigues ficou em segundo e João Faria fechou o pódio num já antigo Peugeot 206 RC.

Foi sem dúvida uma grande prova a que hoje terminou. Para o ERC segue-se a Bélgica, para Portugal segue-se o Rali Vidreiro e nos Açores a próxima prova volta a ser em São Miguel.

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Fotos: Rodrigo Fernandes

Juventus 1-3 Barcelona : Quem disse que a perfeição não existe?

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122. Para muitos, possivelmente será um número como qualquer outro. Para quem assistiu à época fantástica do Barcelona, esse é a chave para tudo aquilo que os blaugrana conseguiram. Durante a época, foram 122 os momentos em que o trio dourado – composto por Neymar, Suárez e Messi – brilhou: 58 para Messi, 39 para Neymar e 25 para Suárez. Esses foram só os golos, mas, bem vistas as coisas, foram tantos mais os momentos que fizeram com que a final de hoje tenha sido apenas o capítulo final de uma história absolutamente dourada para a equipa de Luís Enrique.

Mas vamos por partes: falando desta final da Liga dos Campeões, talvez a cerimónia de abertura tenha sido o melhor prenúncio para aquilo que aconteceria em Berlim. Tão mágicos quanto marcantes, aqueles minutos que antecederam a final de todos os sonhos foram o presságio para uma final que ficará, com toda a certeza, como uma das melhores dos últimos anos. De um e de outro lado, Allegri e Luís Enrique optaram pelos seus onzes de gala: do lado italiano, a ideia era óbvia, com o técnico italiano a procurar fortalecer a linha média, impedindo uma das principais armas do Barça – o jogo entre linhas; do lado catalão, Luís Enrique montou a equipa para não a descaraterizar, procurando fazer da posse o símbolo ideal para um controlo que se pretendia total da partida. O que é facto é que, mesmo antes de serem lançadas as bases táticas para a partida, o génio coletivo do Barça decidiu entrar em campo. Passe fantástico de Messi para Neymar, receção fantástica do brasileiro para uma desmarcação perfeita de Iniesta, que deu o toque final para o golo de Rakitic. Simples, prático e eficaz. O Barça, na primeira tentativa, dava a primeira estocada nos italianos.

A estratégia da Juve ficou, como não podia deixar de ser, marcada por esse embate imprevisível. No primeiro tempo, a única arma da Juve era a profundidade que procurava sempre imprimir quando se lançava em momento ofensivo. O meio campo, composto por Pirlo, Vidal, Marchisio e Pogba, procurou sobretudo nunca se desposicionar e por isso os riscos que correram foram mínimos. Por isso, os tentáculos com que Busquets jogou nos primeiros 45 minutos foram mais do que suficientes para que o Barça tenha dominado o primeiro tempo como quis. Salvo raras exceções em que Morata conseguia furar a defensiva contrária, só dava mesmo Barcelona e só por culpa da sua ineficácia e da qualidade de Buffon é que a final não estava praticamente decidida quando Cuneyt Çakir apitou para o intervalo.

Buffon não conseguiu a sua primeira Champions Fonte: Facebook Juventus
Buffon não conseguiu a sua primeira Champions
Fonte: Facebook da Juventus

O segundo tempo foi totalmente distinto. O jogo sofreu uma revolução tática gigantesca, e da presença fantasmagórica da Vecchia Signora do primeiro tempo já nada restava. A Juve, com Pogba a colocar sempre a dimensão física em campo, foi subindo linhas, pressionando o Barça e sobretudo colocando a equipa de Luís Enrique constantemente em zonas que lhe são desconfortáveis. Mesmo continuando a criar oportunidades flagrantes, a verdade é que os primeiros 20 minutos do segundo tempo foram o melhor momento dos italianos. O Barça parecia uma equipa amorfa em campo, e o papel dos três médios – Busquets, Rakitic e Iniesta -, que tanto tinham contribuído para uma primeira parte taticamente perfeita do Barça, havia diminuído de intensidade drasticamente, fazendo com que os tabuleiros se tenham alterado.

Por essa razão, o golo da Juventus, construído por Marchisio e apontado por Morata, aos 55 minutos, acaba por ser merecido tendo em conta o crescimento tático que existia na Juventus. A partir daquele momento, a equipa de Allegri colocava-se por cima de um jogo onde havia sido, até ali, praticamente atriz secundária. O que é facto é que, tal como em tantas outras ocasiões esta temporada, há coisas que nem mesmo o melhor dos equilíbrios pode controlar. O trio composto por Neymar, Messi e Suárez é uma dessas coisas. A facilidade com que tudo acontece quando a bola lhes chega aos pés é indescritível. É como se o jogo parasse, como se o futebol fizesse tanto mais sentido. E, na verdade, nesta final voltou a fazer. Aos 68 minutos, Lionel Messi decidiu fazer uma das suas arrancadas habituais. O resultado, como em tantas outras vezes, só podia dar em golo. O remate do argentino foi forte de mais para Buffon, que, ao contrário do que havia acontecido até ali – onde tinha sido a figura maior da Juve -, não conseguiu parar aquele remate, deixando a Suárez a oportunidade de colocar os catalães novamente em vantagem. Mesmo não estando a passar pelo melhor dos momentos, a verdade é que a qualidade dos jogadores do Barça voltou a fazer toda a diferença. Uma simples distração, conjugada com a qualidade de Messi, fez com que o golo do uruguaio tenha sido sem dúvidas o momento da final de Berlim.

A partir desse minuto 68, a conquista da Liga dos Campeões para a equipa espanhola era uma questão de tempo. A Juventus bem tentou: colocando sempre a dimensão física em campo, as tentativas foram-se revelando infrutíferas. Mesmo que Ter Stegen tenha estado a bom nível, o que é facto é que a equipa italiana, a partir do momento em que se viu em desvantagem, nunca mais conseguiu estar confortável em campo. Por essa razão, levou não raras vezes com contra ataques que apenas não deram em goleada porque nem sempre os jogadores do Barça tomaram as melhores decisões. Até ao apito final, a dança das substituições e o baixar de ritmo natural da equipa de Luís Enrique levaram a um controlo efetivo dos últimos minutos pelos catalães. Quando a equipa de Allegri decidiu colocar as fichas todas, com Llorente a procurar o jogo direto, o Barça acabou por dar o xeque-mate na final, num contra ataque lançado por Messi e culminado de forma simples por Neymar.

Xavi despediu-se em grande do Barça Fonte: Facebook Champions League
Xavi despediu-se em grande do Barça
Fonte: Facebook da UEFA Champions League

Depois de uma final como esta, não se pode, nem por um momento, criticar-se a Juventus: com as armas que tem e que a levaram à final, os italianos lutaram até quando puderam. O problema é que, como em tantos outros capítulos desta época, a qualidade deste Barça foi demasiada para o adversário. Por essa razão é que, bem vistas as coisas, apesar de esta ter sido uma das melhores finais dos últimos anos, o enredo da história foi ao encontro daquilo que se esperava. O Barça acabou por vencer a sua quinta Liga dos Campeões, sendo a quarta nos últimos nove anos. Para além disso, o clube catalão, com a vitória de hoje, conquista o segundo triplete da sua história, tornando-se a primeira equipa da história a consegui-lo. Para que isso tivesse acontecido, em muito contribuíram os três suspeitos do costume. Neymar, Suárez e Messi. Três nomes que fazem com que o futebol pareça simples. Três génios que não raras vezes tocaram na perfeição e que colocaram o seu talento ao serviço do coletivo. E essa foi mesmo a chave deste Barça de Luís Enrique. O facto de ter sido sempre uma equipa, no seu verdadeiro sentido da palavra.

A Figura
Iniesta/Messi/Suárez – A nomeação tripartida deve-se à enorme e diferenciada importância que os três tiveram ao longo do jogo. Iniesta foi considerado pela UEFA o melhor em campo e com todo o mérito. O médio espanhol foi sempre o farol da equipa e, enquanto fisicamente esteve bem, foi a figura maior do Barça. No caso de Messi, as palavras já são poucas para o efeito que o argentino tem. Esteve nos três golos da equipa e foi claramente o elemento mais desequilibrador. Para Suárez, o jogo de hoje foi uma verdadeira batalha. Não raras vezes foi vítima do excesso de agressividade dos defesas da Juve mas até por isso sai como uma das principais figuras da final. O golo que faz foi decisivo para a conquista da Liga dos Campeões.

O Fora-de-Jogo
Excesso de agressividade da Juventus – Bonucci, Barzagli, Pogba e Vidal foram apenas os jogadores que deram mais nas vistas. Ainda assim, claramente que este foi o ponto negativo desta final. Com uma estratégia taticamente tão bem pensada, é pena que o jogo da Juve também tenha ficado marcado pelo excesso de agressividade que os seus jogadores puseram ao longo da partida.

Imagem de capa: Facebook Barcelona

A Segunda Circular e a definição de Gratidão

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Confirmada a contratação de Jorge Jesus, este texto tem assim por base algumas certezas que me despertam sentimentos mistos.

Primeiro ponto – e para mim o que mais me custa abordar neste momento –, a dispensa de Marco Silva. É certo que não sabemos tudo o que se passou ao longo da época, e não considero o agora ex-treinador leonino um anjo, inocente de culpa. Ainda assim, os motivos que surgem a público são manifestamente curtos para rescindir com um treinador que teve uma das melhores prestações à frente do clube na última década. Já esmiucei antes o trabalho de MS no Sporting, e até comentei a relação entre o mesmo e a direcção, sendo que o que mais me aflige e desilude é o momento em que toda esta situação se processa, parecendo que esta “nota de culpa” é apenas o pretexto encontrado para colocar JJ no Sporting. Um clube como o Sporting, com os valores que o mesmo tem, deveria e poderia ter tido uma melhor postura neste processo, mais que não fosse apresentar argumentos válidos para sustentar esta decisão, porque a questão da indumentária num jogo da Taça é absolutamente rídicula.

Posto isto, digo que me sinto de consciência tranquila para falar sobre este assunto. Uma vez que apoiei e votei em Bruno de Carvalho nas eleições de 2011 e 2013, afirmo que voltarei a fazê-lo no futuro e explico o porquê: não é por um erro de gestão e postura – embora grave – que minimizarei o bom trabalho que BdC está a fazer no Sporting Clube de Portugal.

A quem neste momento diz que vai deixar de apoiar o clube devido a esta situação pergunto porque é que não o fez enquanto uma certa e determinada corja roubava e destruia o património do clube durante décadas? Será porque era tudo feito às escondidas e ninguém queria ver? Será porque nessa altura a Comunicação Social não se importava de denegrir a imagem dos verdadeiros criminosos, como agora faz diariamente? Quem diz que BdC é um infiltrado a destruir o bom nome do Sporting tem visto a recuperação financeira do clube após anos de gestão danosa por parte dos verdadeiros “infiltrados croquetes”? A vida não é preta ou branca, toda a gente tem um pouco de cinzento no seu ser, e BdC não é excepção.

Obrigado, Marco! Fonte: Facebook Oficial do Sporting  Clube de Portugal
Obrigado, Marco!
Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Compreendo que, tal como a mim, custe a muita gente ver sair um bom treinador. E alguém que realizou um bom trabalho sair pela porta pequena, sem mérito nem crédito, não é de todo uma situação que exemplifique a grandeza leonina. Mas também tenho que ver o outro lado da moeda. Será que estou a ser justo para alguém que impediu o Sporting de fechar as portas, que trouxe as vitórias às modalidades, que tirou o Sporting do sétimo lugar e o colocou na Liga dos Campeões, que cumpriu a promessa do pavilhão? Quem apoia cegamente MS não está a ser ingrato para alguém que já fez um muito melhor trabalho?

Falando sobre Jorge Jesus, e a sua contratação para técnico leonino, tenho muito medo desta aposta. Não sei se JJ é a melhor solução, uma vez que, em termos de filosofia, aposta nas camadas jovens e até a própria personalidade pode criar atritos no futuro. Para o treinador português ter sucesso, terá que mudar um pouco a sua maneira de trabalhar, porque o Sporting terá que ser sempre um clube formador. Faz parte de quem somos e ninguém pode alterar isso, nem mesmo Jesus.  Mas o meu maior medo prende-se com o feitio de JJ e de BdC, uma vez que, na minha opinião, tem tudo para ser uma relação de amor perfeito ou de ódio de morte. Algo que só saberemos aquando da primeira quezília entre os dois, o que, sinceramente, espero que aconteça num futuro muito distante.

Por fim, queria fazer algo que raramente faço – escrever um pouco para benfiquistas. Não faz parte da minha maneira de ser, gostar de comprar guerras ou espetar farpas nos meus vizinhos, mas esta última semana tem vindo a dar-me um certo gozo, confesso. Este gozo é resultado do facto de ter visto durante seis anos o endeusamento de Jesus (ironia religiosa talvez), desde fotos de facebook a posts que dizem que JJ é o “Deus da táctica” e o melhor treinador português, para agora JJ ser um treinador para um Algarve United ou para o Orvalho.

A todos esses benfiquistas, que durante seis anos  vangloriaram o técnico da Amadora, queria perguntar quem são vocês para falar sobre ingratidão? A quem afirma que MS foi um senhor e mal tratado em Alvalade já ouviram as palavras de LFV e leram o comunicado de JJ?  A quem diz que o Sporting tem dinheiro “sujo” angolano conhecem Isabel dos Santos?  A quem se espanta com o dinheiro dos leões pergunto: Será que tiveram atenção aos últimos Relatórios Oficiais de Contas dos três grandes?

Há muitas coisas que se explica quando se tem um raciocínio maior do que  a dor num cotovelo, ou uma mente mais aberta do que aqueles que só veem tudo de uma cor (seja ela verde ou vermelha).

Confirmada a vinda de Jesus, só tenho que lhe pedir para fazer o bom trabalho que fez no clube rival, mas sem nunca esquecer que, tal como aconteceu no clube da luz, quando chegar o dia da sua partida, o Sporting seguirá sem ele, continuando a ser a maior potência desportiva nacional.

Tanto jogador entrou, mas o que seria dos que saíram?

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atodososdesportistas

Numa altura em que  o futebol nacional está virado para o Mundial de Sub-20 (onde Portugal categoricamente já carimbou a passagem à segunda fase, com as jovens promessas do Porto em claro destaque) e para o caso JJ, pouco assunto existe sobre a restante realidade desportiva. Estamos naquela altura onde o futebol interno fica “estagnado” e tudo o que se sabe são especulações atrás de especulações. No caso dos Dragões, muitos nomes se têm mencionado (alguns dos quais até já falei em textos anteriores), como são os casos de Danilo Pereira, Djaniny, André André, Sérgio Oliveira e Mayke (entre outros nomes veiculados pela imprensa), passando pela possível chamada de Kleber e Carlos Eduardo para a pré-época que se avizinha. São muitas as caras que têm feito correr tinta nos diários desportivos e gastado teclados nos sítios de maior preferência online.

Posto isto, irei hoje abordar um tema que vai exactamente no sentido oposto a este: jogadores que saíram do Porto por “tuta e meia” e que hoje poderiam ter valor para jogar neste clube, que vingaram onde estão e que, continuando no Porto, certamente teriam tido uma margem de evolução muito maior… Tome em atenção que, como é lógico, me podem escapar vários nomes, pois foram tantos os que passaram. Começando:

Beto: o guardião bicampeão da Liga Europa, pelo Sevilha, saiu dos actuais campeões da mesma competição para um empréstimo aos Romenos do Cluj, clube onde foi o titular indiscutível. Sem ser perceptível, de todo, a estratégia da SAD azul-e-branca, o guarda-redes é cedido ao Sporting de Braga com os Dragões a manterem 50% de uma futura venda. Meia época na pedreira e um empréstimo aos espanhóis do Sevilha, que exerceram opção de compra, fixada em um milhão de euros (repartidos por Porto e Braga), quantia francamente baixa para o valor do jogador. Verdade seja dita que Beto vivia na sombra do poderoso Helton, mas um guarda-redes amadurece após os 30 e hoje, no alto dos seus 33 anos, tem brilhado ao defender as cores andaluzas, sendo um dos capitães de equipa. A pergunta que faço é: não teria feito “este” Beto bem melhor do que Fabiano ou Andrés com a prolongada ausência de Helton?

André Pinto: Não sendo um central de eleição, é um jogador com passagem por todas as camadas jovens da selecção nacional e extremamente seguro naquilo que é a principal tarefa de um defesa: defender. Hoje tem 25 anos e experiências por empréstimo em clubes como Santa Clara, Vitória de Setúbal, Portimonense e Olhanense. Quando todos pensavam que o jogador vinha com rodagem suficiente para poder “espreitar” um lugar na equipa principal, eis que é transferido para o Panathinaikos de Jesualdo Ferreira, que, ao vir para o Braga, traz o “seu” central com ele. Hoje em dia é uma das referências da defesa arsenalista e, contra Cabo Verde (no passado dia 31 de Março), obteve a sua primeira internacionalização A, pela mão de Fernando Santos. Com Marcano e Maicon como “betão” da defesa portista, não seria hoje um jogador que poderia muito bem fechar o leque de centrais juntamente com Indi?

Ivo Pinto: Mais um jogador que me dá “azia” por não o ver no meu clube. Faz-me lembrar Fucile: jogador cheio de raça e que não dá por perdida uma bola que seja. Corre 90 minutos e tem uma colocação de bola acima da média. Mais uma perda que bem podia colmatar, facilmente, as ausências, por impedimento, de Danilo.

Bolatti: Vindo do Belgrano, rotulado de “Super Mario”, cedo se percebeu que o versátil médio argentino (de cariz mais defensivo mas que podia ocupar qualquer posição do “miolo”) estava com dificuldades de adaptação ao futebol europeu, coisa normal num jogador que veio de um país sul-americano. Não era um Lucho Gonzalez ou um João Moutinho, mas nas épocas que passou de Dragão ao peito sempre o vi com mais qualidade do que em jogadores como Andrés Madrid, Tomás Costa, Pelé, Dias, Kazmierczak ou Leandro Lima. Saiu para a Fiorentina depois de dois anos de secura no Dragão para provar o seu valor, retornando depois à América do Sul para representar o Internacional, onde viveu os seus anos de ouro: foi chamado por Maradona para a selecção nacional das “pampas” e, na estreia, faz o golo que valeu o apuramento para o Mundial de 2010, frente ao Uruguai. Foi uma pena vê-lo partir; tinha tudo para dar mais.

Souza: Faço para Souza um texto idêntico ao que fiz inicialmente para Bolatti. Este médio viveu sempre na sombra de um 1-4-3-3 que privilegiava apenas um médio defensivo, e esse era Fernando. Fez alguns jogos, mostrou muito potencial mas, ao que tudo indica, não soube esperar pela sua vez.

Paulo Machado: Um “canterano” é a coisa que mais custa ver partir, ainda mais quando é um jogador de valor incontestável. Tendo-se estreado com 17 anos na equipa principal azul-e-branca pela mão de Victor Fernandez, numa deslocação a Coimbra que quase culminava com um golo, o jovem começou a ser apontado como a nova coqueluche do plantel portista. Infelizmente para ele, o técnico espanhol é despedido no final da época e a vinda de José Couceiro ofuscou o crescimento do então jovem prodígio. Passou por clubes como Estrela da Amadora, União de Leiria, Leixões e Saint-Étienne (sempre a título de empréstimo), até que assinou em definitivo pelo Toulouse, clube que lhe deu a estabilidade necessária para arrancar uma série de grandes jogos. Passou pelo Olympiakos e este ano sagrou-se campeão na época de estreia pelo Dinamo de Zagreb, clube onde milita… Ivo Pinto. No meio de tudo isto, soma seis internacionalizações A.

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Paulo Machado brilha, actualmente, no Dínamo de Zagreb, da Croácia
Fonte: Página de Facebook de Paulo Machado

Castro: A maior desilusão que senti. Um jogador que transpira Porto, sente a alma de ser Dragão e seria o mais natural sucessor da braçadeira usada por Helton (como agora terá de ser, num futuro próximo, Rúben Neves). Pelo clube este menino comia a relva, lutava até não poder mais… Nunca percebi como foi quase obrigado a deixar o Dragão, ainda mais quando se sabia que Fernando estava, mais ano menos ano, de saída… Triste.

Vieirinha: Mais um produto daquela excelente fornalha do Futebol Clube do Porto. Extremo de raiz, hoje em dia é lateral direito da equipa sensação da Bundesliga: Wolfsburgo. Fez também parte do onze do ano da equipa germânica, tendo sido considerado o jogador mais regular naquela posição do Campeonato alemão. Soma 12 internacionalizações A e uma ida ao Mundial do Brasil, em detrimento de Ricardo Quaresma.

Atsu: O actual melhor extremo da selecção ganesa, e uma das figuras de proa da mesma, começou o primeiro ano de Vítor Pereira como a surpresa do onze, até se tornar uma certeza com exibições fantásticas e arrancadas que deixavam os adversários pregados ao relvado. Aos poucos começou a ofuscar-se, e dizem os ecos que o empresário começou a meter-lhe “macaquinhos na cabeça”, e este, por sua vez, adoptou um comportamento intriguista, que levou ao seu afastamento. Pois bem, penso que a estrutura portista falhou, e de que maneira, na forma como abordou este assunto. Esta época esteve emprestado pelo Chelsea ao Everton e é visto como um caso sério no mundo do futebol. Tem 23 anos e um mundo de sucesso pela frente. Lá se foram 30 milhões do nada…

Iturbe: Que se pode dizer de Iturbe? O mesmo que espero não vir a dizer de… Quintero. Difícil adaptação e poucas oportunidades. Hoje em dia o “mini-Messi” (alcunha que a imprensa portuguesa usou e da qual abusou a fim de poder jogar ao chão o menino, visto ser do Porto – e todos sabemos como é a comunicação social com os Dragões, basta ver como foram este ano com Lopetegui…) brilha na Roma. Não fosse a grave lesão, teria sido um dos protagonistas da equipa “Giallorossi”. Ainda rendeu uns milhões, mas desportivamente foi uma nulidade. Poderia e deveria ter sido mais bem aproveitado, quer desportiva quer financeiramente.

E o caro leitor, que análise faz?

Foto de capa: Página de Facebook da AS Roma

A “Geração de Ouro” da Academia do Chelsea

cab premier league liga inglesa

Depois da conquista da Premier League no seu segundo ano após regressar a Inglaterra, o próximo grande desafio de José Mourinho passa pela aposta e potencialização da “geração de ouro” da academia do Chelsea.

Numa altura em que fair play financeiro ameaça assumir um papel cada vez mais preponderante, a aposta em produtos das camadas jovens pode vir a fazer a diferença, principalmente se tiverem o potencial dos actuais detentores da UEFA Youth League e da FA Youth Cup, mas, mais do que isso, seria um desperdício imenso, para não falar de um acto de má gestão, não conseguir aproveitar e integrar na equipa principal alguns destes jogadores.

Apresento então algumas promessas da excitante academia dos blues, que mais tarde ou mais cedo podem vir a contribuir e até assumir um papel importante na equipa principal.

Jay Dasilva, rápido e tecnicista, faz todo o corredor esquerdo  Fonte: Clive Rose/Getty Images
Jay Dasilva, rápido e tecnicista, faz todo o corredor esquerdo
Fonte: Clive Rose/Getty Images

Jay Dasilva – O inglês de ascendência brasileira tem apenas 17 anos e joga como lateral esquerdo. Com as vendas de Ryan Bertrand e Patrick Van Aanholt e a eminente saída de Filipe Luís, Mourinho pode vir a dar uma oportunidade na equipa principal a este jogador que tem sido comparado com Marcelo, do Real Madrid, pela sua grande velocidade e capacidade técnica.

Andreas Christensen – O dinamarquês de 19 anos encontra-se já a treinar com o plantel principal, tendo mesmo chegado a fazer uns quantos jogos, principalmente nas taças. Central de origem, actua também a lateral direito (onde Mourinho o usou) e a médio defensivo, e pode usar a sua versatilidade para cimentar a sua posição na equipa principal na próxima época, mesmo que o clube opte pela contratação de um outro central, como Raphaël Varane.

Nathan Aké – A primeira de duas jóias da coroa da formação do Chelsea, o médio defensivo holandês de 20 anos pode actuar também como central ou lateral esquerdo, mas é na sua posição de origem que os seus talentos são mais bem aproveitados – mostra já qualidade e maturidade suficientes para vir a ser alternativa ao gigante sérvio Matic. Depois de passar um mês desta época emprestado ao Reading, o holandês deve assumir um lugar no plantel principal do Chelsea na próxima temporada, começando a jogar com maior regularidade se se confirmar a saída de Mikel ou Ramires (ou mesmo ambos). Não é à toa, nem apenas pelo seu cabelo, que o apelidam de “próximo Ruud Gullit”.

O holandês  Fonte: football-oranje.com
Bi-campeão europeu de sub-17 (2011 e 2012), Aké procura afirmar-se ao mais alto nível
Fonte: football-oranje.com

Ruben Loftus-Cheek (*) – O box-to-box inglês de 19 anos é a segunda jóia da coroa da academia dos blues. Estreou-se pela equipa principal na Liga dos Campeões deste ano contra o Sporting e os seus talentos não passaram despercebidos – o Barcelona já tentou a contratação deste jogador que tem inspirado comparações com o francês Paul Pogba (curiosamente desejado pelo Chelsea). De momento, Loftus-Cheek tem mais para dar à equipa do que Ramires e a única coisa que pode impedir a sua afirmação num futuro próximo é mesmo a compra de Pogba. Com Aké e Loftus-Cheek, Mourinho tem assim uma possível dupla para o seu plano de dez anos para o clube.

Nathaniel Chalobah – O médio defensivo inglês de 20 anos, que pode também actuar como central, tem passado os últimos anos emprestado a vários clubes ingleses – conta já com passagens por Watford, Notthingham Forest, Middlesbrough, Burnley e Reading. Tem acumulado experiência fora do clube, mas a aposta do Chelsea neste jovem tem tardado e, com a emergência de Aké e Loftus-Cheek, pode mesmo passar mais umas épocas a rodar fora do clube.

Lewis Baker – O vencedor do prémio “Chelsea’s Young Player of the Year” na época passada passou por dois períodos de empréstimo este ano, o primeiro ao Sheffield Wednesday e o segundo ao MKD, onde jogou com mais regularidade. O médio centro inglês de 20 anos joga bem com os dois pés e renovou recentemente com o clube por mais cinco anos. Provavelmente passará a próxima época emprestado a um clube do Championship ou mesmo da Premier League, mas a sua qualidade acabará por falar mais alto e mais tarde ou mais cedo afirmar-se-á conquistará o seu lugar na equipa principal.

José Mourinho já disse que quer fazer de Baker internacional AA inglês e pode incluí-lo no plantel já este ano  Fonte: teamtalk.com
José Mourinho quer fazer de Baker internacional AA inglês e pode incluí-lo no plantel já este ano
Fonte: teamtalk.com

Charly Musonda Jr. – O talentoso belga de 18 anos actua como médio ofensivo, podendo também jogar a extremo. Dono de uma qualidade técnica e de uma visão de jogo invejáveis é ofensivamente um dos jogadores mais completos da formação londrina. O Chelsea queria tanto esta jovem promessa que contratou os seus dois irmãos menos talentosos para a equipa de forma a convencer o jogador a assinar pelo clube.

Jeremie Boga – O extremo francês de 18 anos é um jogador extremamente virtuoso, dotado de uma qualidade técnica invejável e a sua capacidade de progressão é enorme. O seu maior defeito passa pela sua reduzida ou nula contribuição defensiva, algo que Mourinho não aprecia (De Bruyne que o diga). O talento está lá e tem todo o potencial para se tornar num jogador especial, mas se for mal aproveitado pode vir a seguir as pisadas de Kakuta, algo que o Chelsea preferia não repetir.

Bertrand Traoré – O médio ofensivo/extremo de 19 anos do Burquina Faso tem impressionado na Holanda nos últimos dois anos ao serviço ao Vitesse, mas nada leva a crer que venha a ser opção para Mourinho na próximo época, podendo passar mais um ou dois anos emprestado para jogar com regularidade de forma a atingir o seu potencial como jogador. Rapidíssimo e forte tecnicamente, quando inspirado pode ser uma dor de cabeça para os defesas adversários.

Izzy Brown – O extremo/avançado inglês de 18 anos que o Chelsea “roubou” ao West Brom estreou-se na Premier League com apenas 16 anos pelo seu antigo clube, sendo o segundo jogador mais novo de sempre a actuar na competição, com 16 anos e 117 dias. Do meio campo para a frente pode jogar em qualquer posição e Mourinho chegou mesmo a afirmar que Brown só não se tornará um grande jogador se não quiser. Passou a segunda parte da temporada a treinar-se com a equipa principal e se ficar no plantel para o ano pode dar a sua contribuição à equipa.

Isaiah Brown é, aos 18 anos, o capitão da selecção inglesa de sub-19 e um dos grandes talentos britânicos  Fonte: Sky Sports
Um talento precoce – Isaiah Brown já é, aos 18 anos, o capitão da selecção inglesa de sub-19
Fonte: Sky Sports

Dominic Solanke – O avançado inglês de 17 anos apontou uns fabulosos 12 golos na caminhada vitoriosa do Chelsea na UEFA Youth League, sendo um jogador bastante versátil, forte pelo ar e com a bola nos pés, conseguindo produzir situações de perigo a partir do nada. Com a saída de Drogba, Solanke e Bamford podem vir a competir pelo posto de terceiro avançado do plantel se o Chelsea optar por apostar na prata da casa em vez de ir ao mercado.

Patrick Bamford – O avançado inglês passou o ano emprestado ao Middlesbrough de Karanka no Championship, tendo marcado 19 golos em 43 jogos. Nada mau para um jovem de apenas 21 anos. Bamford já expressou a sua vontade de ficar na equipa principal do Chelsea na próxima época, mas se Mourinho achar que o jogador ainda não está preparado, sabe-se que há interesse de vários clubes do escalão principal do futebol inglês em contar com o jogador por empréstimo.

 

A estes jogadores juntam-se outros jovens não formados no clube mas actualmente com contrato com o Chelsea e emprestados para ganhar experiência, como Lucas Piazon, Christian Atsu, Mario Pasalic, Cristian Cuevas, Kenneth Omeruo, Oriol Romeu, Van Ginkel, Tomáš Kalas, Wallace e mesmo Mohamed Salah.

O futuro parece então sorrir para o Chelsea de José Mourinho, que terá nas suas mãos a difícil tarefa de gerir, desenvolver e tentar aproveitar ao máximo esta “geração de ouro” da academia dos blues.

 

(*) Foto de capa: goal.com

Campeonato do Mundo de Futebol Feminino: It’s showtime!

cab futebol feminino

Estados Unidos da América, Suécia, Japão, Alemanha e Brasil. Cortemos os ‘joguinhos’ de suspense. Estas são as maiores potências do futebol feminino, estas são as principais candidatas ao título do Campeonato do Mundo que arranca hoje no Canadá. Se o nível de jogo corresponder a 50% do mediatismo que o futebol feminino tem tido nos últimos meses (e vai ultrapassar de olhos fechados a marca aqui proposta), será o evento de maior sucesso para as jogadoras que querem e merecem que deixe de existir um ‘feminino’ depois da identificação da prova.

Falar de futebol, o jogado por raparigas/senhoras, é falar de uma vertente em crescendo desde os últimos anos. Mas essa introdução está feita. O que aqui interessa são os ‘dias de ouro’ do futebol feminino que hoje arrancam. O que aqui interessa, mesmo, é falar das equipas, das jogadoras, de hipóteses e perspectivas. De hoje até 5 de julho joga-se o sétimo Campeonato do Mundo de futebol feminino da história.

Pela primeira vez, estarão em competição vinte e quatro equipas. Não as doze que em 1991 disputaram, na China, a primeira edição da prova, mas vinte e quatro. O favoritismo distribui-se um pouco mais, sim, mas nem por isso os Estados Unidos deixam de ser apontados como principais favoritos. Têm a fórmula (da vitória e do sucesso – é importante distingui-los), têm a experiência e, claro, a equipa. Da baliza ao último terço do terreno, são a equipa mais completa.

Alex Morgan e Abby Wambach - dez anos de diferença e um objectivo comum: o terceiro título mundial  Fonte: Goal.com
Alex Morgan e Abby Wambach, dez anos de diferença e um objectivo comum: o terceiro título mundial
Fonte: Goal.com

Aqui, não há como enganar e é difícil apontar uma e apenas uma jogadora, mas fazemo-lo. Na frente e já com mais de cinquenta golos está Alex Morgan, agora com 25 anos. É ela a principal figura fora do campo (a par da guarda-redes Hope Solo), é ela a principal figura dentro dele. É exímia na colocação da bola, dotada como poucas. Tem a capacidade de destruir qualquer defesa num piscar de olhos e a estar livre de lesões será, indiscutivelmente, uma das figuras do mundial. Mas só com o apoio de Sydney Lerous, Abby Wambach e Megan Rapinoe. Não há como enganar.

Mas, tal como os EUA, também a Suécia tem uma equipa e um plano bem traçado. O problema? Estarem ambas no mesmo grupo, a par de Austrália e Nigéria. Se no último Mundial (e nos dois Jogos Olímpicos ganhos) a equipa norte-americana era orientada por Pia Sundhage, a sueca está finalmente ‘em casa’ e poderá revelar-se como um fator decisivo na luta pelo título; a lutar pela camisola azul e amarela dentro do campo estarão jogadoras como Nilla Fischer. Sara Thunebro e, claro, a icónica Therese Sjögran, que aos trinta e oito anos conta já com 209 internacionalizações.

Quando, em 2011, os Estados Unidos (sim, outra vez…) garantiram o apuramento para a final, o título estava praticamente entregue. Pelo menos assim pensava a imprensa, os adeptos e, eventualmente, algumas atletas. O Japão discutiu a decisão para vencer, com uma humildade notável e talvez nunca antes vista. Fê-lo contra a corrente, contra o estrelato e venceu. Sofreu, mas venceu por 3-1 depois de grandes penalidades (2-2 após os 120 minutos).

O Japão vai tentar revalidar o título conquistado em 2011  Fonte: Fox Sports
O Japão vai tentar revalidar o título conquistado em 2011
Fonte: Fox Sports

Não há armas que valham mais que o espírito de equipa e o Japão tem-no como apenas algumas equipas conseguem nos dias de hoje. O futebol feminino está a crescer, sim, mas a equipa nipónica não. Tem raízes entrosadas há vários anos, tem valores adquiridos. Tem um percurso e, já, uma história.

Os casos do Brasil e da Alemanha estão a meio termo. Não atingem a popularidade dos EUA, como aliás ninguém nos dias de hoje consegue, mas têm o mesmo talento e, claro, a mesma experiência. Basta referir o nome de Marta, emblemática, para os dados estarem lançados.

Se conseguimos, através disto, delinear uma campeã antecipada? Bem… Uma vez mais, os Estados Unidos têm sido a equipa com melhores resultados nas grandes provas, aquelas que todas jogam – vice-campeãs mundiais em título, bi-campeãs olímpicas –, mas… Não passam de números. É dentro do campo que se define a campeã mundial e os jogos começam hoje. A partir de agora, sim, podemos passar a falar de campeãs. It’s showtime.

Foto de Capa: Eurosport