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Penafiel 1-3 FC Porto: A “Evolução dos Cravos”

a minha eternidade

No estádio 25 de Abril, o Futebol Clube do Porto venceu o visitado Penafiel por 1-3. Os portuenses reduziram, à condição, a desvantagem para o primeiro classificado Benfica, que joga fora, frente ao Marítimo, no estádio dos Barreiros. Os azuis e brancos iniciaram a partida com a sua estrutura mais usual – o 4x3x3 –, actuando Fabiano na baliza, com Danilo, Maicon, Martins Indi e Alex Sandro a compor o quarteto defensivo, sendo que, no meio-campo, Casemiro esteve mais recuado como pivot, Óliver e Herrera mais à frente como médios interiores, jogando no tridente ofensivo Quaresma, Tello e Jackson.

Numa noite excessivamente fria, em que a chuva não cessou, o relvado ressentiu-se, ficando empapado e pouco praticável, e, com isso, dificultando a beleza e qualidade do jogo. O Penafiel entrou acutilante, com boas envolvências ofensivas e conseguiu dividir o encontro. Os portistas sentiram algumas dificuldades nos primeiros trinta minutos, sem conseguirem articulações perigosas, que constituíssem perigo para a baliza penafidelense, defendida pelo estreante Tiago Rocha. Debelados esses perros 30 minutos, o Porto foi capaz de desbloquear o nulo no marcador, adiantando-se por intermédio de Herrera. É relevante dissecar a jogada desse golo inaugural, onde o Porto empreendeu uma nuance posicional que confundiu a equipa da casa. Com nove jogadores no seu meio campo ofensivo, tendo os laterais recuados e abertos, o recuo de Óliver para o seu meio-campo permitiu a subida de Casemiro para uma troca de posição inesperada. Os dois extremos encontravam-se junto à linha e dividiam a atenção dos defesas contrários. Jackson baixou, recebendo o passe de Danilo, e viu a entrada do médio brasileiro que rematou para Herrera encostar junto às redes. Uma jogada brilhante, com o ponta-de-lança a criar o espaço vazio, para os médios entrarem de rompante nessa zona abandonada, ferindo, em forma de “pinça”, a baliza adversária. De ressalvar aqui a troca posicional do médio espanhol com o brasileiro, que prejudicou os posicionamentos contrários.

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O Porto tem estado a evoluir positivamente, melhorando o seu jogo interior
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

O Penafiel sentiu muito o golpe, tendo sofrido o segundo golo minutos depois, com Jackson a aparecer sem qualquer marcação para finalizar uma assistência de Óliver. De salientar a agressividade destes últimos 15 minutos na procura do golo pelo Porto, que introduziu muitos homens no interior da área na procura do golo. Inúmeras vezes se viram quatro, cinco e, às vezes, mais jogadores em zona perigosa para os oponentes, procurando tentos.

O Penafiel entrou melhor depois do intervalo, subindo linhas, pressionando o Porto mais alto, tendo ganho muitos ressaltos e segundas bolas, conseguindo dividir então a partida com os Dragões. Os da casa reentraram na discussão do jogo quando Rabiola reduziu para 1-2, num lance em que a defesa portista não consegue aliviar o perigo com um chuto longo.

O golo galvanizou o Penafiel, que jogou com mais confiança, instalando-se durante dez minutos no meio-campo portista, forçando o empate. Foi o capitão Jackson a “criar do nada” uma jogada que inverteu novamente o estado mental das equipas em campo. Conseguiu libertar-se de dois oponentes com um movimento técnico primoroso e cruzar para Casemiro ao segundo poste, que, à segunda tentativa, conseguiu desviar a bola do caminho de Tiago Rocha, assistindo Óliver, que, junto da linha de golo, só teve de tocar para dentro.

Olhando para as substituições, pouco depois do intervalo, e logo a seguir ao golo, saiu Ricardo Quaresma para entrar o defesa central Marcano – uma substituição que alterou a estrutura táctica de 4x3x3 para 5x3x2. Foi uma má cartada do treinador espanhol do Porto, dado que a equipa recuou algo e a defesa não melhorou. Por outro lado, foi dada nova oportunidade a Evandro, que rendeu Casemiro (já amarelado), sendo que Jackson saiu para a coroação, dando o seu lugar ao espanhol Adrián, nos minutos finais.

 

A Figura

Jackson Martínez: Prestação sublime do capitão portista. Baixou para jogar brilhantemente em apoios, ora temporizando, ora assistindo os colegas que entravam no espaço vazio nas suas costas. Finalizou dentro de área, rematou fora dela. Procurou algumas vezes a linha para cruzar, como vimos no terceiro golo. Este mago colombiano não se queixou das condições da relva – para ele, estavam excelentes.

O Fora-de-Jogo

Ricardo Quaresma: Foi colocado literalmente fora de jogo na segunda parte. Não fez um primeiro tempo exuberante mas também não destoou. Não tem sido inferior ao seu concorrente espanhol Tello, mas é notório que ainda não conquistou totalmente o treinador Lopetegui. A sua saída de campo foi despropositada e o Porto demorou a ajustar posicionamentos.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Defeso

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brasileirao

Não há muito a dizer quando um campeonato entra num período em que as coisas ficam mornas. É o que a palavra presente no título quer dizer: tempo de adaptação; época em que é proibido caçar, no sentido literal. Apenas se podem caçar jogadores. De resto, as competições estão fechadas. O que agora rola (ainda antes dos Estaduais) é a famosa Copinha, isto é, uma competição entre os melhores clubes do Brasil, mas nas camadas jovens.

De resto, não há muito mais para contar. O Cruzeiro acabou por se tornar bicampeão, e veremos se conseguirá manter as pérolas do assédio europeu ou mesmo interno. Foi mais um ano de Minas Gerais: sendo que não houve vitórias brasileiras (depois de um tetra) na Libertadores, as duas maiores competições foram ganhas por equipas mineiras. O campeonato, como já foi referido, e a Copa do Brasil, pelo Atlético Mineiro. Veremos como se comportarão no próximo campeonato.

Times de nomeada, como são o Internacional e o Grêmio, o Santos e o Palmeiras, ou o Flamengo, que não são campeões há já algum tempo (exceção feita aos cariocas), também terão uma palavra a dizer. De saudar o regresso do histórico Vasco da Gama. Mas infelizmente o Botafogo, também do Rio de Janeiro, quis substituir os vascaínos na Série B. Criciúma, Bahía e Vitória também desceram, sendo substituídos por Avaí, Ponte Preta e Figueirense.

É ainda muito precoce dizer o que poderá ser o Brasileirão 2015. Só o tempo dirá. Primeiro ainda vêm os Campeonatos Estaduais… e aí até já vi treinadores serem despedidos.

Foto de capa: Facebook do Cruzeiro

CAN’2015 – Grupo B, o mais imprevisível

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internacional cabeçalho

Recorda a antevisão do Grupo A

Grupo B – Será, porventura, o mais imprevisível da prova. A Tunísia, com o seu futebol conservador mas eficaz, leva ligeiro favoritismo na luta pelo apuramento, mas Cabo Verde, que tem tido uma evolução notável nos últimos tempos, a Zâmbia, vencedora em 2012, e a sempre extravagante RD Congo prometem uma luta acesa pela outra vaga.

Zâmbia – Chipolopolo

Kalaba é um jogador entusiasmante Fonte: supersport.com
Kalaba é um jogador entusiasmante
Fonte: supersport.com

Surpreenderam tudo e todos na edição do campeonato de 2012, ao baterem a Costa do Marfim na final. Contudo, a equipa ainda não conseguiu dar continuidade a essa bela conquista, contando com bastantes dificuldades na edição de 2013, onde nem sequer passou da fase de grupos.Do principal onze dessa altura alguns jogadores já não constam nas convocatórias, aparecendo um número interessante de jovens locais: Ronald Kampamba, Bruce Musakanya (atuam ainda na Zâmbia) e Mukuka Mulenga (joga na África do Sul).

No entanto, serão outros os jogadores que mais esperança oferecem aos adeptos zambianos: Stophira Sunzu, Nathan Sinkala, Emanuel Mayuka e Rainford Kalaba deverão espalhar magia pela Guiné-Equatorial, em especial o último. Rainford Kalaba é um eléctrico médio criativo de 28 anos que alia a técnica à velocidade, faltando-lhe apenas maior capacidade atlética para ter aguentado a intensidade europeia (um paradoxo, tratando-se de um africano). O jogador não se adaptou muito bem a França e a Portugal, fazendo, contudo, furor na RD Congo, ao serviço do TP Mazembe.

Em relação ao treinador, o seu nome poderá ter pouca expressão a nível internacional, em especial na Europa. Chama-se Honour Janza, é zambiano, tem 48 anos, e foi o director técnico da Federação Zambiana de Futebol nos últimos anos. O treinador foi apontado por Kalusha Bwalya – antiga estrela do futebol local e actual presidente da federação – para substituir Beaumelle no cargo, no passado mês de Agosto.

1. Danny Munyao (Red Arrows) – GR
2. Donashano Malama (Nkana) – Def
3. Chisamba Lungu (Ural Sverdlovsk Oblast) – Méd
4. Christopher Munthali (Nkana) – Def
5. Roderick Kabwe (Zanaco) – Def
6. Davies Nkausu (Bloemfontein Celtic) – Def
7. Spencer Sautu (Green Eagles) – Méd
8. Bruce Musakanya (Red Arrows) – Méd
9. Ronald Kampamba (Nkana) – Ava
10. Mukuka Mulenga (Bloemfontein Celtic) – Méd
11. Lubambo Musonda (Ulisses) – Méd
12. Evans Kangwa (Hapoel Ra’anana) – Ava
13. Stoppila Sunzu (Shanghai Shenhua) – Def
14. Kondwani Mtonga (Shillong Lajong) – Méd
15. Given Singuluma (TP Mazembe) – Ava
16. Kennedy Mweene (Mamelodi Sundowns) – GE
17. Rainford Kalaba (TP Mazembe) – Méd
18. Emmanuel Mbola (Hapoel Ra’anana) – Def
19. Nathan Sinkala (Grasshopper) – Méd
20. Emmanuel Mayuka (Southampton) – Ava
21. Jackson Mwanza (ZESCO United) – Ava
22. Joshua Titima (Power Dynamos) – GR
23. Patrick Ngoma (Red Arrows) – Ava

Tunísia – Les Aigles du Carthage

Khazri é uma das figuras do Bordéus e da Tunísia Fonte: Facebook do Girondins Bordeaux
Khazri é uma das figuras do Bordéus e da Tunísia
Fonte: Facebook do Girondins Bordeaux

A Tunísia apresenta-se em competição como de costume, com uma selecção baseada no seu forte campeonato local, que este ano viu o CS Sfaxien qualificar-se para as meias-finais da Liga do Campeões Africanos. Curiosamente, a escolha desses jogadores é muito diferente em relação à última CAN, não deixando de surpreender para quem não acompanha com tanto afinco os campeonatos locais.

Mas não será um dos “locais” a atrair mais holofotes. De todos os seleccionados será Wahbi Khazri o jogador a despertar mais interesse. Nascido na Córsega, em Ajaccio, mas formado em Bastia, Khazri é um médio ofensivo de 23 anos que joga (e muito bem) no Bordéus. O antigo internacional jovem francês tem-se revelado uma peça fundamental no miolo da sua equipa, esperando-se que tenha o mesmo desempenho ao serviço da sua selecção.

Com um papel importante para encaixar as peças da equipa, o experiente treinador belga George Leekens terá a responsabilidade de acrescentar alguma qualidade a uma selecção que conta normalmente com muitos bons jogadores mas que nem sempre funcionam como equipa. No futebol da Tunísia, os resultados estão normalmente à frente das exibições, e nos últimos anos estas têm sido de qualidade muito duvidosa. No entanto, não será isso que mais preocupa o treinador belga, nem os tunisinos, não se esperando muita magia por parte desta selecção, antes pragmatismo resultadista.

1. Farouk Ben Mustapha (Club Africain) – GR
2. Syam Ben Youssef (Astra Giurgiu) – Def
3. Aymen Abdennour (Monaco) – Def
4. Bilel Mohsni (Rangers) – Def
5. Rami Bedoui (Étoile du Sahel) – Def
6. Hocine Ragued (Espérance) – Méd
7. Youssef Msakni (Lekhwiya) – Méd
8. Edem Rjaibi (CA Bizertin) – Ava
9. Yassine Chikhaoui (FC Zürich) – Méd
10. Hamza Younés (Ludogorets Razgrad) – Ava
11. Amine Chermiti (FC Zürich) – Ava
12. Ali Maâloul (CS Sfaxien) – Def
13. Ferjani Sassi (Metz) – Méd
14. Stéphane Nater (Club Africain) – Méd
15. Mohamed Ali Manser (CS Sfaxien) – Méd
16. Aymen Mathlouthi (Étoile du Sahel) – GR
17. Hamza Mathlouthi (CA Bizertin) – Def
18. Wahbi Khazri (Girondins Bordeaux) – Méd
19. Ahmed Akaichi (Espérance) – Ava
20. Mohamed Ali Yacoubi (Espérance) – Def
21. Jamel Saihi (Montpellier) – Méd
22. Moez Ben Cherifia (Espérance) – GR
23. Selim Ben Djemia (Stade Lavallois) – Def

Cabo Verde – Tubarões Azuis

Ryan Mendes continua a ser uma referência nos Tubarões Azuis Fonte: Facebook do LOSC
Ryan Mendes continua a ser uma referência nos Tubarões Azuis
Fonte: Facebook do LOSC

A única representante dos PALOP na CAN’2015 foi uma das mais belas selecções da edição de 2013, surpreendendo tudo e todos com o seu futebol atractivo e com a coesão do seu grupo de jogadores. Lúcio Antunes, treinador de então, foi considerado um herói nacional, não apenas pelo apuramento histórico, mas também por ter conseguido chegar tão longe.

Assim, se por um lado os jogadores cabo-verdianos estão mais experientes, muitos deles a jogar em equipas mais competitivas, por outro os seus adversários olharão agora para os Tubarões Azuis de uma forma mais séria e criteriosa, deixando o arquipélago de ser uma bela surpresa. O facto de ter ficado em primeiro no seu grupo da fase de qualificação mostra a qualidade que a sua equipa tem. Depois de alguma indefinição após a saída de Lúcio Antunes do comando da equipa, o treinador português Rui Águas, de 54 anos, assumiu o cargo, seguindo uma linha de continuidade em relação ao seu antecessor.

Também numa linha de continuidade, Ryan Mendes deverá ser o “jogador-chave” desta equipa. O jogador nunca se conseguiu afirmar verdadeiramente no Lille, mas o facto de ter um papel importante numa equipa que disputa os lugares cimeiros num dos principais campeonatos europeus revela um pouco a sua qualidade. Aos 25 anos, Ryan Mendes poderá ter o seu torneio de consagração. Numa equipa que se destaca fundamentalmente pelo colectivo, não é fácil nomear outros jogadores, já que o seu nível de competência é elevado, mas Platini, Kuca e Garry Rodrigues deverão ser, também, tidos em consideração…

1. Vozinha (Progresso) – GR
2. Stopira (Videoton) – Def
3. Fernando Varela (Steaua Bucharest) – Def
4. Kay (CSU Craiova) – Def
5. Babanco (Estoril) – Méd
6. Sérgio Semedo (Olhanense) – Méd
7. Odaïr Fortes (Stade de Reims) – Ava
8. Toni Varela (Excelsior) – Méd
9. Kuca (Karabükspor) – Ava
10. Héldon (Sporting CP) – Ava
11. Garry Rodrigues (Elche) – Ava
12. Ken (Nacional) – GR
13. Platini (CSKA Sofia) – Méd
14. Gegé (Marítimo) – Def
15. Nuno Rocha (CSU Craiova) – Méd
16. Ivan Cruz (Gil Vicente) – GR
17. Calú (Progresso) – Méd
18. Nivaldo (Teplice) – Def
19. Júlio Tavares (Dijon) – Ava
20. Ryan Mendes (Lille) – Ava
21. Djaniny (Santos Laguna) – Ava
22. Jeffrey Fortes (FC Dordrecht) – Def
23. Carlitos (AEL Limassol) – Def

República Democrática do Congo – Les Léopards

Mubele foi um dos destaques da Liga dos Campeões africana Fonte: FIFA
Mubele foi um dos destaques da Liga dos Campeões africana
Fonte: FIFA

A RD Congo aparece nesta competição apurando-se como a melhor terceira classificada num grupo constituído por Costa do Marfim, Camarões e Serra Leoa. Dessa forma, mesmo tendo um grupo de jogadores interessante, não são muitas as expectativas criadas à volta dos Leopards.

Muitos dos jogadores convocados para as últimas edições já não constam neste elenco. Nomes como Herita Ilunga, Zola Matumona, Tresor Mputu e Lomana LuaLua já não fazem parte das contas de Florent Ibengé, optando o treinador por chamar muitos jogadores a actuar em África. E não é de admirar, já que o TP Mazembe e o AS Vita Club chegaram, respectivamente, à meia-final e à final da Champions League africana.

Outro ponto negativo apontado pelos analistas é a inexperiência do seu seleccionador. Com 57 anos, Florent Ibengé apenas tem no currículo o comando do Shanghai Shenhua e do AS Vita Club, clube que ainda lidera enquanto assume o papel de seleccionador congolês. E, mesmo tendo levado a sua equipa à final da Champions, continua a ser olhado com alguma interrogação.

De todos os jogadores escolhidos, aquele que poderá chegar à CAN mais motivado – tem boas razões para isso – é o avançado Firmin Ndombe Mubele. Este jovem de 20 anos foi o vencedor do prémio de Melhor Jogador Africano a actuar em África. Só por isso, mostra todo o potencial deste avançado, que foi também dos Melhores Marcadores da CAF Champions League, com 6 golos.

1. Robert Kidiaba (TP Mazembe) – GR
2. Issama Mpeko (Kabuscorp) – Def
3. Jean Kasusula (TP Mazembe) – Def
4. Christopher Oualembo (Académica) – Def
5. Nelson Munganga (AS Vita) – Méd
6. Cédric Makiadi (Werder Bremen) – Méd
7. Youssouf Mulumbu (West Bromwich Albion) – Méd
8. Hervé Kage (Genk) – Méd
9. Dieumerci Mbokani (Dynamo Kiev) – Ava
10. Neeskens Kebano (Charleroi) – Méd
11. Yannick Bolasie (Crystal Palace) – Ava
12. Bawaka Mabele (AS Vita) – Def
13. Junior Kabananga (Cercle Brugge) – Ava
14. Gabriel Zakuani (Peterborough United) – Def
15. Joël Kimwaki (TP Mazembe) – Def
16. Mulopo Kudimbana (Anderlecht) – GR
17. Cédric Mongongu (Évian TG) – Def
18. Cedrick Mabwati (Osasuna) – Ava
19. Jeremy Bokila (Terek Grozny) – Ava
20. Lema Mabidi (AS Vita) – Méd
21. Firmin Ndombe Mubele (AS Vita) – Ava
22. Chancel Mbemba Mangulu (Anderlecht) – Def
23. Parfait Mandanda (Charleroi) – GR

Foto de Capa: Matthew Kenyon

Passo a passo

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coraçãoencarnado

Lá veio mais um Sábado, quente e aconchegado, apesar do frio que se faz sentir. Assim é o nosso “Coração Encarnado”. Sejam bem-vindos!

Amanhã lá se vai a primeira volta do campeonato. Um Benfica líder promete continuar isolado, com cada vez mais golos marcados e menos sofridos. É isso que esperamos, nada mais. Todos sabemos já de cor e salteado que as equipas do Jesus só começam a “carburar” a partir de Janeiro. Pois olhem, que comece a festa! Não havia melhor maneira de começar o ano: 10 golos marcados e zero sofridos. Jogo aceitável em Penafiel, melhor primeira parte da época com o Vitória de Guimarães e exibição interessante com o Arouca. Estas três partidas só nos dão razões para acreditarmos que este plantel nos vai dar um sorriso largo em Maio, aquele sorriso de que eu tanto gosto, o sorriso de líder.

Não posso deixar de voltar a frisar (desta vez só vos ocupo os olhos durante um parágrafo) que este Benfica está mais saudável que nunca. O Enzo já lá vai, o Pizzi está doido para jogar cada minuto. O Cristante só quer é fazer passes magistrais e o Talisca já não tem unhas só de pensar que quer ser o melhor marcador da época. Benfiquistas, esta vai mesmo para vocês: acreditem ainda mais neles agora. Façam-no por mim. Neste momento é que eles precisam dos nossos cânticos, abraços e festejos. Não é quando as coisas estão simples que nós temos de aparecer, é agora! Não usem saídas de jogadores para desculpar isto ou aquilo. Temos de estar juntos para a caminhada que aí vem, e prometo-vos que vai ser longa e dura.

Amanhã é dia de deslocação à Madeira, para visitar um Marítimo que ocupa o décimo lugar. É preciso relembrar que em sete jogos caseiros (para o campeonato) o Marítimo apenas perdeu um. Este vai ser um jogo difícil, onde me parece que é essencial entrar forte. Luisão vai estar de volta e penso que Eliseu manterá o lugar no lado esquerdo da defesa. Espero acabar este fim-de-semana ainda mais sorridente, trazendo estes três pontos pelo Atlântico. De resto, para além da vitória, só peço que o Imperador Jonas jogue. Ainda ontem fui ao dicionário confirmar o inevitável: Jonas é sinónimo de golo.

Analisando o calendário do Sport Lisboa e Benfica, deparamo-nos com duas deslocações difíceis neste mês. Para além do jogo de amanhã, teremos também que ir à “Capital do Móvel”, para defrontar uma das equipas sensação deste campeonato, o Paços de Ferreira. Assim sendo, para o restante deste mês peço os tais obrigatórios seis pontos (adorava continuar com zero golos sofridos!) e que esta equipa consiga convencer os restante benfiquistas de que estamos mais saudáveis que nunca (pelo menos no decurso desta época).

Diz a história que as equipas de Jesus só começam a correr a partir de Janeiro. Pois bem, venha daí essa história!  Fonte: Facebook do SL Benfica
Diz a história que as equipas de Jesus só começam a correr a partir de Janeiro. Pois bem, venha daí essa história!
Fonte: Facebook do SL Benfica

Antes de terminar esta soma de palavras benfiquistas, não podia deixar de fazer uma vénia ao Capitão Luisão. Obrigado. Na aproximação aos 440 jogos pelo Sport Lisboa e Benfica, este brasileiro apaixonou-me ao longo de onze longos anos. Sim, mais de uma década de águia ao peito. Volto a agradecer: obrigado. A verdade é que no mesmo dicionário que referi anteriormente Luisão era sinónimo de capitão. E eu confirmo – sempre que entramos em campo e a braçadeira está no braço esquerdo daquele Homem (sim, homem com H grande), o meu coração palpita mais devagar e as unhas acabam por ser poupadas (pelo menos até a bola rolar). Resumindo, este gigante deu-nos onze anos de tranquilidade em campo, de segurança defensiva e a certeza de que há muitos por aí que sentem o mesmo que nós por este clube. Ele optou por se tornar lenda em vez de ser mais um. De se tornar adorado, em vez de apenas provocar saudades. De se tornar um símbolo, em vez de se tornar rico (com isto estou apenas a comparar o possível ordenado do Luisão noutros clubes que o terão convidado nestes anos). Estes são gestos que só os grandes demonstram. Nós, benfiquistas, estaremos para sempre gratos a Homens como este.

Despeço-me de todos vocês com um forte abraço, desejando-vos um restante mês de Janeiro à Benfica. Que este início de 2015 seja também o regresso do “encarnado mecânico” de outras épocas. Ah, e que no fim eu tenha de voar novamente para Lisboa “só” para ajudar a povoar o Marquês. Os títulos começam por algum lado e o caminho até lá percorre-se passo a passo – este bi-campeonato começou no dia 4 de Janeiro.

Foto de Capa: Facebook do SL Benfica

Portugal tem obrigação de subir de divisão

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cab ténis

A selecção portuguesa defronta em Março a equipa de Marrocos, na tentativa de subir ao grupo I da Taça Davis da zona Euro-África da Taça Davis. A equipa portuguesa é favorita e tem mais do que obrigação de vencer este confronto.

Para se ter uma noção, o melhor tenista marroquino não está sequer dentro do top500 do ranking mundial ATP e Portugal tem ainda a “benesse” de jogar em casa, podendo assim passar sem dificuldades este primeiro obstáculo.

Acontece, no entanto, que em Portugal quase nunca nada é fácil, e a selecção portuguesa na Taça Davis segue este mote. Para além dos sempre afamados problemas financeiros que de tempos a tempos geram problemas no seio do grupo de atletas, existe agora a variante João Sousa.

Isto porque Portugal não é uma equipa que se possa dar ao luxo de dispensar o melhor tenista português de sempre por caprichos; ou seja, se João Sousa quiser jogar em terra batida a federação tem de cumprir essa indicação, e é por isso que ainda não é conhecido o piso em que Portugal irá receber Marrocos.

João Sousa tem, no entanto, razão nesse pedido. O tenista português está num nível em que o seu planeamento começa a ser definido ao detalhe, e alterar esse planeamento para defrontar um conjunto de tenistas que estão longe do nível do tenista de Guimarães só faz sentido caso a sua temporada não seja afectada.

Vasco Costa, presidente da Federação Portuguesa de Ténis, admitiu ao Ténis Portugal que o jogo pode até ser em piso rápido, devido ao facto de “Marrocos ser um país por norma melhor em terra batida”, mas a verdade é que tal só deverá acontecer caso João Sousa dê o sim – o que não deve acontecer, visto nesta época a temporada de terra batida estar a decorrer.

Mas, João Sousa à parte, Portugal tem mais do que equipa para derrotar contundentemente Marrocos, e Nuno Marques, capitão da selecção, será certamente o primeiro a querer conquistar a vitória. O ex-top100 nacional tem de começar a justificar a sua contratação e nada melhor do que uma vitória para o fazer.

A par disso, Gastão Elias, Rui Machado, Frederico Silva e até mesmo Frederico Gil “chegam e sobram” para fazer face à equipa marroquina, que vem assim a Portugal com Tahiri Mohamed El Mehdi como capitão e com Ouahab Lamine (586.º no ranking mundial de singulares), Idmbark Yassine (710.º), Ahouda Amine (1136.º) e Rachidi Younes (1224.º).

Aguarda-se assim a definição do piso e do local do encontro, que, segundo o que tem estado a ser indicado por uma série de responsáveis, desta vez não deverá decorrer no CIF, em Lisboa, ao contrário das últimas duas eliminatórias.

Foto de Capa: sportskeeda.com

Como Cristiano Ronaldo gasta a sua fortuna?

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12 de janeiro. Cristiano Ronaldo foi eleito o melhor jogador do ano de 2014. Entre os finalistas, nomes de peso: o rival argentino Lionel Messi e o campeão do mundo Manuel Neuer. Que hipóteses tinha Cristiano de ganhar? De acordo com as casas de apostas de Las Vegas, cerca de 90%. Também, pudera: o seu único momento mau na temporada foi o Campeonato do Mundo – e, se considerarmos que o elenco luso na edição passada não era dos mais fortes (e que a classificação heroica para o torneio contra a Suécia veio dos pés dele), é um ponto fora da curva. Ronaldo venceu a décima UEFA Champions League da história do Real Madrid e em dezembro foi campeão do mundo de clubes. Isto sem contar recordes individuais.

Aparentemente é só mais um troféu. Engana-se quem pensa assim. A Bola de Ouro da FIFA não é apenas um metal em forma esférica e banhado por um dos metais mais preciosos do mundo. Ela é, por essência, um passaporte para a posteridade. E posteridade significa dinheiro. Como? Contratos de publicidade. Um jogador vencedor da Bola de Ouro consegue fazer com que mais empresas queiram que ele seja a face de seus produtos. Tome-se o brasileiro Ronaldo “Fenómeno” por exemplo. Vencedor por duas vezes do Ballon D´Or (quando a premiação ainda era exclusiva da revista francesa France Football) em 1997 e 2002. Depois de se retirar, foi a cara da operadora de telemóveis Claro e é hoje, com o tenista Rafael Nadal, a face do site PokerStars. Em outras palavras, o Ballon D´Or é um carimbo de credibilidade e fama – e as empresas adoram essa fama. Quando as pernas deixam de ser as mesmas e os jogadores têm de se aposentar, precisarão dela para se manter em atividade. E vida atual do Cristiano não é propriamente barata… Confire abaixo alguns itens do patimónio do jogador.

A Lamborghini Aventator é um dos carros que o jogador tem na garagem Fonte: wheelsandmore.de
A Lamborghini Aventator é um dos carros que o jogador tem na garagem
Fonte: wheelsandmore.de

Carros

Cristiano é apaixonado por carros. Revistas especializadas estimam que o jogador tenha cerca de 20 automóveis na sua garagem. E não são uns carros quaisquer: a lista conta com alguns dos modelos mais desejados do mundo. Lamborghini Aventador, BMW M6, Ferrari 599 GTB, Porsche 911 Carrera, Bentley Continental GTC e Mercedes-Benz Classe C Sports coupé são alguns dos modelos que fazem parte de sua frota.

Mansões

Quando jogava no Manchester United, Ronaldo tinha uma casa avaliada em 3,8 milhões de libras. Atualmente, a casa está arrendada a Luke Shaw, jogador do United, por 7 mil libras mensais (nada mal para Shaw). Mas o que impressiona mesmo é a atual casa de Cristiano: praticamente um palacete em Madrid, Espanha. A casa tem 800 metros quadrados e está avaliada em 12 milhões de euros.

Viagens

insta ronaldo

A foto acima, retirada do Instagram do jogador, foi tirada em Dubai – um dos destinos mais caros do mundo. Para se ter uma ideia, uma passagem de avião de Lisboa para Dubai na classe económica custa cerca de 400 euros. Imagine a passagem em primeira classe na Emirates.

Saídas

Um último e importante item quando falamos de Cristiano Ronaldo. A história aqui é interessante. A casa noturna Seven, propriedade do ex-cunhado do jogador (José Pereira), abriu em 2012. Cristiano resolveu levar os amigos do Real Madrid para a inauguração – pagando seus transportes até lá – e gastou 500 mil euros para reformar o local e contratar os DJs para a inauguração do local. Pois é, ele não brinca em serviço.

Com efeito, ganhar o Ballon D´Or é importante para que Cristiano Ronaldo continue conhecido. A Samsung e a Unilever (por meio do shampoo Clear) já patrocinam o jogador – e com certeza deram pulos de alegria ao saber que ele agora é ainda mais conhecido e reconhecido do que já era antes.

Foto de Capa: 365dm.com

O ensurdecedor silêncio da vitória

porta

Sete jogos, sete vitórias e zero golos sofridos nos últimos seis jogos. Se a crise é assim, os portugueses que peçam de novo um plano de resgate.

Em Alvalade o natal foi vivido de forma diferente, entre boatos, verdades, conflitos e um senhor de tachos a falar demais sobre ser-se Sportinguista (será que sabes o que é Zé?) e agendas pessoais. Eu cá digo: Marco, adoro a tua nova agenda, espero que continue por 2015 fora. Não conto ser campeão este ano, não vejo o rival a perder dez pontos, seja de forma justa ou por influências externas. Por isso, o que te peço é a Taça de Portugal; um dia de convívio no Jamor, com direito a churrasco regado com alguma cerveja e com direito a festa no final.

Toda esta pseudo guerra-interna só reforçou os valores e a tua importância na estrutura, assim como elevou a moral da equipa e o seu desejo de lutar pelo bom nome do seu treinador.

Desde Boloni ou até Jozic que o Sporting não tinha um futebol tão atraente e ofensivo. Fonte: Facebook  Sporting
Desde Boloni ou até Jozic que o Sporting não tinha um futebol tão atraente e ofensivo.
Fonte: Facebook Sporting

Calaram-se os velhos do Restelo e os novos do restaurante, uniram-se os jogadores e a equipa técnica e ganhou-se uma imensa vontade de vencer.

Sei que esta sequência de vitórias vai ter fim, e que inevitavelmente Patrício irá buscar uma bola ao fundo das redes, mas ainda assim os teus feitos irão continuar visíveis para quem os quiser ver. Tens os teus defeitos, os teus erros em algumas substituições, a má abordagem em alguns jogos e até apostas em jogadores em má forma; mas nunca esqueço os teus valores. A forma atraente como a equipa joga, a mentalidade ofensiva e o trabalho desenvolvido com jogadores como Carrillo são inegáveis, e mesmo com todas as contrariedades tens a estrelinha da sorte que protege os audazes e quem merece a felicidade.

Obrigado, Marco, e que as tuas vitórias e o teu silêncio continuem a soar mais alto do que as palavras ocas dos tachos.

Foto de capa: Facebook Sporting

Manchester City x Chelsea (head-to-head)

cab premier league liga inglesa

Esta Premier League não está a correr como era esperado. Liverpool, Arsenal e sobretudo o Manchester United estão muito longe daquilo que foram em épocas anteriores e isso reflecte-se na tabela classificativa. Se no passado tivemos campeonatos empolgantes, com três ou mais equipas na disputa até ao fim, este ano apenas duas se encontram nessa batalha. E que batalha! Manchester City e Chelsea prometem emoção e espectáculo até ao último minuto. Com números muito idênticos no ano civil de 2014 (27 vitórias, 7 empates e 4 derrotas para ambas as equipas), vou com este texto dar a minha visão sobre este duelo de milionários.

BALIZA
Nesta posição o Chelsea está claramente mais forte. É, na minha opinião, a equipa a nível mundial que está melhor servida. Tanto Thibaut Courtois como Petr Cech são melhores do que o titular da equipa dos citizens – Joe Hart.

DEFESA
Uma das grandes virtudes de Mourinho – a construção de defesas fortes e sólidas. Gary Cahill e um renascido John Terry têm sido absolutamente fenomenais na protecção da baliza defendida por Courtois. Ganham a maior parte das bolas aéreas e compensam a pouca velocidade com um sentido posicional muito bom. Igual para Ivanovic. Não é um tipo de lateral direito que eu aprecie, mas a verdade é que há poucos tão eficazes como ele. Não lhe peçam para fazer piscinas e cruzamentos milimétricos, mas é provavelmente o melhor do mundo da sua posição em trabalho defensivo, letal também em bolas paradas. Do outro lado temos outro jogador que nunca seria uma primeira escolha da minha equipa de sonho, Azpilicueta, mas a verdade é que o espanhol não perdeu o lugar para Filipe Luís. Uma vez Mourinho disse que ganhava uma Champions League se jogasse com onze Azpilicuetas e é capaz de ter razão. Afinal, é Mourinho que o diz.

Do lado adversário, a dupla de centrais utilizada por Pellegrini não tem sido regular: Mangala, Demichelis e Kompany vão trocando entre si. Não é tão sólida e tão forte como a defesa dos azuis londrinos, mas ainda assim é melhor do que todas as outras da Premier League, o que diz muito da qualidade destas duas equipas. Do lado direito da defesa surge Zabaleta, para muitos o melhor defesa direito do mundo. Melhorou bastante o seu jogo ofensivo com a vinda do técnico chileno, e mantém um nível elevado de regularidade já há algum tempo. Nem a chegada de Sagna a Manchester fez tremer o vice-campeão do Mundo. Na esquerda já temos alguma rotatividade entre Clichy e Kolarov. São jogadores muito diferentes, mas de qualidade semelhante naquilo que trazem ao jogo.

Defesas sérvios em disputa acesa Fonte: Facebook do Man City
Defesas sérvios em disputa acesa
Fonte: Facebook do Man City

MEIO CAMPO
A chegada de Matic ao grupo de José Mourinho, em Janeiro de 2014, veio trazer uma segurança enorme e ainda uma calma na construção de jogo que não havia com David Luiz. É por esta altura considerado por muitos o melhor médio a jogar em terras britânicas e esta época tem estado absolutamente incrível. Faz do corpo uma muralha quase intransponível. Corta, ganha no ar e sai a jogar com qualidade. Se a chegada de Matic veio trazer destruição do jogo adversário, a chegada de Fàbregas veio trazer construção e um equilíbrio perfeito à equipa de Londres. Joga como um vagabundo no meio campo e tanto aparece ao lado de Matic como está a assistir na perfeição Diego Costa, surgindo por vezes na pele de um verdadeiro ponta de lança em zonas de finalização. O elemento mais avançado deste miolo é Óscar, um verdadeiro 10, mas não um verdadeiro 10 brasileiro. Um 10 europeu. Um 10 que sabe fintar, rematar, passar e marcar livres, mas um 10 que também sabe fazer um sliding tackles e apoiar a defesa quando necessário.

Em Manchester temos a dupla dos Fernandos. O ex-Porto tem-se revelado aos ingleses que duvidavam da sua valia. No Dragão jogava sozinho à frente da defesa e era assim que sabia jogar bem. Colocar um jogador ao seu lado era quase enjaulá-lo a si mesmo. Cresceu, ganhou maturidade táctica e agora sim tem ao seu lado um grande amparo. Fernando é um trinco que sabe destruir, mas que não sabe construir; talvez daí a sua saída tão tardia do FC Porto para um campeonato de maior dimensão. Neste Manchester City joga com Fernandinho ao seu lado, que tem a função de ser o primeiro construtor de jogo da equipa. Ainda no centro do terreno aparece Yaya Touré, que dispensa qualquer tipo de apresentações. Um tractor em campo. Apesar de não parecer apresentar-se na sua melhor forma, continua a ser um jogador excepcional e um dos melhores médios do mundo. Corta, corre, passa e remata. Um enorme jogador. Quem contrasta com Yaya a nível de forma é Samir Nasri. Depois de quase duas temporadas em que passou algo despercebido da equipa e sem grande importância no seu jogo, o francês tem sido um dos melhores dos light blues. Já David Silva é outro, mas esse nunca se escondeu. Um enorme jogador que tende a criar grandes lances e marcar enormes golos, um génio. Jesus Navas trouxe a velocidade que faltava às alas desta equipa. Supersónico, é capaz de rasgar uma defesa quando arranca e depois tanto finaliza como assiste com classe.

Lampard
Lampard é um elo de ligação entre os dois clubes
Fonte: Facebook do Man City

ATAQUE
Eto’o, Torres e Demba Ba. Estes eram os três atacantes que Mourinho tinha à sua disposição na passada época. Esses três juntos não faziam um Diego Costa. O hispano-brasileiro tem tudo para se consagrar como o melhor avançado do planeta esta época. Provavelmente vai terminar o campeonato como goleador máximo. Um jogador à imagem de Mou – forte, muito forte. Provocativo, muito provocativo. Para além de receber as assistências magníficas de Cesc, tem ainda o enorme prazer de ser apoiado por Willian na direita, uma flecha, e por Hazard na esquerda, um dos melhores do mundo. O belga está cada vez melhor e a cada arrancada que faz os adeptos sentem que há ali muitas hipóteses de acabar com a bola no fundo da baliza.

No Etihad Stadium joga-se com um sistema diferente. Dzeko e Agüero complementam-se de forma quase perfeita, e é com muita pena que não posso ver esta dupla mais vezes. As lesões tanto de um como do outro condicionam e muito a qualidade ofensiva desta equipa. Ainda assim, quando jogam, formam uma das melhores duplas do globo. Se conseguisse jogar com tanta regularidade como Messi e Ronaldo, Agüero estaria, na minha opinião, na luta com os dois pela Bola de Ouro, algo demonstrativo da qualidade do argentino.

Hazard é uma das figuras do ataque londrino  Fonte: Facebook do Man City
Hazard é uma das figuras do ataque londrino
Fonte: Facebook do Man City

BANCO
O Chelsea tem mais e melhores opções para colmatar saídas do seu onze. Na baliza, Cech oferece mais segurança do que o titular do Manchester. Para a defesa há dois jovens prodígios (Zouma e Aké) e ainda Filipe Luís, que foi peça fundamental de Simeone no Atletico Madrid. No meio campo, quer Ramires, quer Obi Mikel eram titulares em quase todas as outras equipas da Premier. O mesmo se passa com Schürrle, Salah, Drogba ou Rémy, opções mais ofensivas.

Pellegrini, por sua vez, tem um banco mais pobre. Trouxe consigo do Málaga Willy Caballero, que, apesar de tudo, cumpre bem quando chamado a jogo. Na defesa, sim, estão mais bem servidos do que o conjunto de José Mourinho. De Kompany, Mangala ou Demichelis há sempre um que vai ao banco. Assim como Kolarov ou Clichy, não esquecendo ainda Bacary Sagna, que tanto pode jogar a defesa lateral direito como a defesa central. No meio campo perdem claramente: apesar de Lampard e Milner estarem muito bem, não me parece que ofereçam tanta frescura a partir do banco como um Ramires ou um Schürrle. No ataque, creio existir um empate. O recém-chegado Bony e o montenegrino Jovetic são excelentes opções a partir do banco e podem desbloquear um jogo a qualquer momento. Mas o City é um clube especial, já que do meio campo para a frente é quase impossível distinguir os titulares, dado o elevado número de lesões neste sector do terreno.

TREINADOR
Mourinho vence, claro. O ano passado, com uma equipa muito pior em relação à desta temporada, andou lá na luta. Mas a verdade é que o campeão é o seu rival.

VEREDICTO FINAL
Na minha opinião, mas contra a minha vontade, o Chelsea vai acabar por ser o campeão. Numa competição com níveis competitivos tão elevados como os do campeonato inglês, ter um bom banco é quase tão fundamental como ter um grande onze inicial. O facto de Mourinho costumar vencer os jogos ‘a doer’ tem também um peso enorme nesta minha antevisão.

Foto de Capa: Facebook do Man City

CAN’2015: Grupo A, o mais fraco da prova

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internacional cabeçalho

Já falta pouco para começar a edição de 2015 da Taça das Nações Africanas. O torneio decorrerá entre amanhã e o dia 7 de Fevereiro na Guiné-Equatorial.

Ao contrário do que estava planeado, a CAN 2015 não se irá realizar em Marrocos, devido ao risco da propagação do vírus do ébola. O governo marroquino optou por rejeitar a realização do torneio, ficando a Guiné-Equatorial o país responsável pela sua organização, tal como aconteceu em 2012 – nessa altura em conjunto com o Gabão.

Com estas alterações, Marrocos junta-se à Nigéria, a Angola e ao Egipto como as principais ausências da competição. Para os fãs do futebol africano será uma pena não se verem em ação jogadores destes quatro países como Enyeama, Ahmed Musa, Obi Mikel, Onazi e Omeruo (Nigéria), Elmohamady e Salah (Egipto), Belhanda, Benatia e Boussoufa (Marrocos) e Vetokele e Geraldo (Angola). Além dos craques destes países, outros jogadores como Adane Girma (Etiópia), Adebayor, Romao e os irmãos Ayité (Togo), Emmanuel Okwi (Uganda), Mexer e Simão (Moçambique), Maazou (Níger), Luís Leal (São Tomé e Príncipe), Ulimwengu e Samatta (Tanzânia), Sami (Guiné-Bissau) e Sessègnon (Benim) também não estarão presentes nos estádios da Guiné-Equatorial.

Por razões históricas e culturais, em Portugal as atenções vão estar voltadas sobretudo para Cabo Verde, única selecção dos PALOP a qualificar-se para a fase final da competição. Além disso, o seleccionador é português: Rui Águas. Contudo, não será a única selecção a chamar a atenção aos portugueses, já que o Gabão também é treinado por um português: Jorge Costa.

Grupo A

Guiné-Equatorial – Nzalang Nacional

Emilio Nsue é um dos mais jogadores mais cotados dos anfitriões  Fonte: Wikipédia
Emilio Nsue é um dos mais jogadores mais cotados dos anfitriões
Fonte: Wikipédia

A Guiné-Equatorial apresenta-se como a mais limitada selecção deste torneio. De uma lista de jogadores repleta de desconhecidos, mesmo para quem segue o futebol africano – muitos deles nem sequer são conhecidos no país já que nasceram fora -, o nome que mais se destaca é o de Emilio Nsue. Trata-se de um médio direito internacional jovem espanhol, de 25 anos, formado no Maiorca, e que por lá fez grande parte da sua curta carreira. Contudo, o jogador trocou na pré-temporada de clube, tendo assinado pelo Middlesbrough. Outros nomes, como Juvenal e Charly, poderão pedir um olhar mais atento, mas, com todo o devido respeito para os jogadores, sem grande intensidade.

O seu treinador é Esteban Becker, argentino de 51 anos que assumiu o comando da equipa apenas no início de 2015. Becker era até à data o selecionador nacional feminino, mas devido à recusa de Goikotxea em renovar arcou também o cargo na selecção masculina. O argentino não conta com um grande currículo, contribuindo para uma opinião menos favorável em relação à qualidade dos organizadores.

Curioso verificar-se que algumas das principais figuras da equipa da CAN’2012 não constam na convocatória, como Ekanga, Fidjeau, Doe e Konaté.

1. Felipe Ovono (Deportivo Mongomo) – GR
2. Ruben Belima (Real Madrid Castilla) – Méd
3. Dani Evuy (Piast Gliwice) – Def
4. Rui (Hibernians) – Def
5. Diosdado Mbele (Leones Vegetarianos) – Def
6. Juvenal (FC Santa Coloma) – Méd
7. Ivan Bolado (Pune City) – Ava
8. Randy (Iraklis Psachna) – Méd
9. Raul Fabiani (Olimpic Xátiva) – Ava
10. Emilio Nsue (Middlesbrough) – Méd
11. Javier Balboa (Estoril) – Méd
12. Kike (RCD Mallorca B) – Ava
13. Aitor Embela (Malaga) – GR
14. Ivan Zarandona (Biu Chun Rangers) – Méd
15. Charly (College Europa) – Méd
16. Sipo (AEK Larnaca) – Def
17. Miguel Angel (Akonangui) – Def
18. Viera Ellong (The Panthers) – Méd
19. Igor (Tropezon) – Def
20. Pablo Ganet (San Sebastian de los Reyes) – Méd
21. Carlos Mosibe (Atletico Malabo) – GR
22. Iban (Valencia Mestalla) – Ava
23. Ruben Dario (Leones Vegetarianos) – Ava

Burkina Faso – Les Etalons

Alan Traoré, companheiro de Raphael Guerreiro no Lorient,  Fonte: Wikipédia
Alan Traoré, companheiro de Raphael Guerreiro no Lorient, é um dos destaques do Burkina-Faso
Fonte: Wikipédia

Embora seja considerada por alguns analistas desportivos como uma selecção menos competente, o Burkina Faso tem um dos lotes de jogadores mais compactos da competição. É verdade que alguns deles começam a entrar numa fase mais decadente da sua carreira, mas também é verdade que outros talentos começam a emergir e a deixar água na boca aos seus adeptos.

Dos vários jogadores interessantes a atuar nesta equipa, como Nakoulma, Kaboré, Pitroipa ou o novo menino bonito do futebol burquinabê, Bertrand Traoré, o que mais qualidade parece ter é Alain Traoré. O médio de 26 anos é dos jogadores mais excitantes deste torneio e, não fossem algumas lesões na sua carreira, estaria, sem dúvida, num outro patamar competitivo. O jogador saiu cedo do seu país para se juntar ao Auxerre e por lá andou até à época 2011/12, mudando-se na época a seguir para o Lorient. Se conseguir ligar a sua qualidade técnica à condição física desejada, será certo que não deixará ficar mal os seguidores do torneio.

O seu selecionador é Paul Put, treinador belga de 58 anos, ligado ao melhor e ao pior do futebol. Por um lado conseguiu levar o Burkina Faso, um verdadeiro outsider, à final da CAN’2013, tendo perdido com a Nigéria por apenas 0-1. Por outro lado, Paul Put esteve já banido pela Federação do seu país por estar ligado à combinação de resultados quando treinava o Lierse.

1. Moussa Fofana (Kadiogo) – GR
2. Steeve Yago (Toulouse) – Def
3. Moussa Yedan (Al-Ahly) – Méd
4. Bakary Koné (Olympique Lyonnais) – Def
5. Mohamed Koffi (Zamalek) – Def
6. Djakaridja Koné (Évian TG) – Méd
7. Florent Rouamba (CA Bastia) – Méd
8. Paul Koulibaly (Horoya) – Def
9. Issa Gouo (Kaloum Star) – Def
10. Alain Traoré (Lorient) – Méd
11. Jonathan Pitroipa (Al-Jazira) – Ava
12. Adama Guira (SønderjyskE) – Méd
13. Narcisse Bambara (Universitatea Cluj) – Def
14. Wilfried Balima (Sheriff Tiraspol) – Def
15. Aristide Bancé (HJK) – Ava
16. Abdoulaye Soulama (Hearts of Oak) – GR
17. Jonathan Zongo (Almería) – Méd
18. Charles Kaboré (Kuban Krasnodar) – Méd
19. Bertrand Traoré (Vitesse) – Méd
20. Issiaka Ouédraogo (Admira Wacker Mödling) – Ava
21. Abdou Traoré (Kardemir Karabükspor) – Méd
22. Prejuce Nakoulma (Mersin İdmanyurdu) – Méd
23. Germain Sanou (Beauvais) – GR

Gabão – Les Panthères

Aubameyang pode ser uma das figuras da CAN Fonte: Facebook de Aubameyang
Aubameyang pode ser uma das figuras da CAN
Fonte: Facebook de Aubameyang

Com o futebol local em crescendo, fruto de uma aposta na formação, o Gabão tem conseguido criar uma base sólida que lhe permite sonhar com belos feitos no futuro. É verdade que não são muitos os jogadores que jogam em equipas de grande reputação internacional, mas a sua geração de 1990-92 é das mais fortes em África, oferecendo à equipa um leque de jogadores com potencial e extremamente competentes que têm tudo para oferecer coisas bonitas ao seu país.

O realce óbvio vai para Pierre-Emerick Aubameyang, jogador do Borussia Dortmund, nascido em França, filho do também internacional gabonês Yaya Aubameyang. O veloz atacante de 25 anos está bastante moralizado por ter alcançado o segundo lugar na votação para o melhor jogador africano do ano e, com os índices de motivação em alta, terá tudo para fazer uma excelente competição.

Mas este não deverá ser o único a brilhar na selecção de Jorge Costa. Depositam-se muitas expectativas sobre outros jogadores, como Ecuele Manga, excelente defesa-central do Cardiff; André Biyogho Poko, jovem médio-centro do Bordéus; e Malick Evouna, forte avançado do WA Casablanca.

1. Didier Ovono (Oostende) – GR
2. Aaron Appindangoyé (Mounana) – Def
3. Johann Lengoualama (Difaâ El Jadidi) – Ava
4. Yrondu Musavu-King (Caen) – Def
5. Bruno Ecuele Manga (Cardiff City) – Def
6. Johann Obiang (Chateauroux) – Def
7. Malick Evouna (Wydad Casablanca) – Ava
8. Lloyd Palun (Nice) – Def
9. Pierre-Emerick Aubameyang (Borussia Dortmund) – Ava
10. Frédéric Bulot (Charlton Athletic) – Ava
11. Lévy Madinda (Celta Vigo) – Méd
12. Guélor Kanga (Rostov) – Méd
13. Samson Mbingui (MC El Eulma) – Méd
14. Randal Oto’o (Braga) – Def
15. Henri Junor Ndong (Auxerre) – Def
16. Anthony Mfa Mezui (Metz) – GR
17. André Biyogo Poko (Girondins Bordeaux) – Méd
18. Alexander N’Doumbou (Olympique Marseille) – Méd
19. Benjamin Zé Ondo (ES Sétif) – Def
20. Bonaventure Sokambi (ASO Chlef) – Méd
21. Romaric Rogombé (Léopards) – Ava
22. Didier Ibrahim N’Dong (Lorient) – Méd
23. Yves Bitséki (Bitam) – GR

Congo – Diables Rouges

Ladislas Douniama, avançado do Guingamp  Fonte: Wikipédia
Ladislas Douniama, avançado congolês do Guingamp 
Fonte: Wikipédia

Com um dos elencos mais desconhecidos do torneio, que tem inclusive um dos maiores grupos de jogadores locais (8 jogadores), o Congo aparece aqui como uma bela surpresa. Mas se tivermos em conta que a equipa é comandada por um dos melhores “Feiticeiros Brancos” – nome que se dá aos bons e experientes treinadores caucasianos em África – no seu leme ajuda bastante. Chama-se Claude Le Roy, e é um treinador francês de 66 anos que irá para a sua 8.ª CAN!

Com um influência francesa bastante forte, espera-se que os desempenhos da equipa não sejam muito incompetentes, mesmo tendo em conta a inexperiência motivada tanto pelas idades – os dois jogadores mais velhos têm 29 anos -, como pela falta de rotina competitiva – apenas o médio Delvin N’Dinga jogou esta época a Champions League.

E será mesmo esse o jogador congolês que mais atenção requererá dos adeptos da competição. Trata-se de um médio-centro de características defensivas de 26 anos, que joga actualmente no Olympiakos, por empréstimo do AS Mónaco, para onde foi depois de se ter destacado ao serviço do Auxerre, que o recrutou em 2005 no seu país de origem. Enquanto a geração do Mundial Sub-20 2011 ainda não alcançou a qualidade necessária para fazer parte de uma forma mais activa desta selecção, as maiores atenções, para além de N’Dinga, vão para Thievy Bifouma e Chris Malonga.

1. Christoffer Mafoumbi (Le Pontet) – GR
2. Francis N’Ganga (Charleroi) – Def
3. Igor N’Ganga (Aarau) – Def
4. Boris Moubhibo (Léopards) – Def
5. Arnold Bouka Moutou (Angers) – Def
6. Dimitri Bissiki (Léopards) – Def
7. Prince Oniangue (Stade de Reims) – Méd
8. Delvin N’Dinga (Olympiakos) – Méd
9. Silvére Ganvoula M’Boussy (Raja Casablanca) – Ava
10. Férébory Doré (CFR Cluj) – Ava
11. Fabrice N’Guessi (Wydad Casablanca) – Ava
12. Francisc Litsingi (Teplice) – Ava
13. Thievy Bifouma (Almería) – Ava
14. Césaire Gandzé (Léopards) – Méd
15. Ladislas Douniama (Guingamp) – Ava
16. Chancel Massa (Léopards) – GR
17. Chris Malonga (Laussane) – Méd
18. Marvin Baudry (Amiens) – Def
19. Dominique Malonga (Hibernian) – Ava
20. Hardy Binguila (Diables Noirs) – Méd
21. Sagesse Babéle (Léopards) – Méd
22. Pavelh Ndzila (Étoile du Congo) – GR
23. Atoni Mavoungou (ACNFF) – GR

Foto de Capa: Matthew Kenyon

Jogo Interior #2 – A Operacionalização da Mentalidade: A Influência do Treinador

jogo interior

Sempre me interessou esta questão da mentalidade, quer no desporto, nomeadamente no futebol, quer na dimensão profissional das nossas vidas. Desde os meus tempos de jogador que ouço muita gente a falar em mentalidade como se fosse algo de que o sucesso de uma equipa dependesse. E é…

Antes de mais devo deixar algum suporte para o que vou apresentar a seguir. Considerando que a mentalidade é um conceito filosófico que traduz um estado de espírito, mais ou menos permanente, ou até transitório, no qual um grupo ou um indivíduo expressam o seu modo de pensar e/ou sentir numa dada situação, através de determinadas acções ou reacções, então a mentalidade é um gestor de comportamento individual ou colectivo, sendo que a soma dos comportamentos individuais dá origem a um padrão de comportamento colectivo.

Indo ao cerne da questão, a mentalidade é um dos fios condutores do sucesso de uma equipa. Dependendo da mentalidade do conjunto dos jogadores, a equipa terá mais ou menos sucesso na concretização do objectivo do jogo, o golo e/ou o objectivo final, mais um golo marcado do que o adversário. Surgem-me entretanto algumas questões. A mentalidade colectiva de uma equipa do topo da tabela será diferente da mentalidade colectiva de uma equipa do fundo da tabela? A mentalidade de um avançado será diferente da mentalidade de um defesa ou de um guarda-redes? A mentalidade do Talisca será diferente da mentalidade do Jackson Martinez? A mentalidade do Sérgio Conceição será diferente da mentalidade do Marco Silva? É muito relativo e, na minha perspectiva, depende muito do ambiente, do contexto e da motivação.

Ouvimos falar (e até podemos observá-lo) que o Cristiano Ronaldo é muito forte mentalmente. O que é que isso significa? Que ele expressa a sua mentalidade através de acções que traduzem persistência, paciência, resiliência, capacidade de luta, um foco muito grande nos seus processos e acções, e coragem para vencer muito superior ao medo de perder, entre outras coisas. Quem diz o Cristiano, diz também o Messi, o Neuer, o Robben, etc. É a mentalidade que separa os vencedores dos outros. A mentalidade permite que todos estes jogadores, que são de topo, mantenham consistência e constância na sua actividade.

Ronaldo e Messi, dois exemplos de mentalidade  Fonte: telegraph.co.uk
Ronaldo e Messi mostram como é necessário ter a mentalidade certa para permanecer no topo
Fonte: telegraph.co.uk

Passando àquilo a que eu chamo “Operacionalização da Mentalidade”, considero que os atletas que são dotados com uma mentalidade forte têm um padrão de comportamento próprio, pouco influenciado pelos treinadores que tiveram ou têm. Nas equipas do fundo da tabela, por esses campeonatos fora, existem muitos jogadores que têm uma mentalidade forte. O sucesso, ou falta dele, tem mais a ver com os padrões de comportamento colectivo, no qual o treinador tem influência, através da sua liderança, da sua comunicação e relação, das dinâmicas que cria nos seus processos, do que propriamente com os padrões de comportamento individual. É possível “operacionalizar” a mentalidade, tal como se operacionaliza os momentos do jogo, o modelo de jogo, as transições ou a posse de bola, no treino? Pode o treinador ter influência ou conseguir que um jogador seu mude a sua mentalidade transitoriamente ou até permanentemente? Isto é, existirá alguma possibilidade de um atleta modificar os padrões de comportamento individuais através de uma mudança do seu pensamento ou sentimento e com isso implementar acções ou reacções alinhadas com os pressupostos de um padrão mais enérgico, positivo, motivado, orientado para o sucesso e 100% alinhado com a mentalidade do seu treinador?

Em alguns momentos e acções o treinador consegue influenciar os padrões de comportamento e ter interferência na mentalidade da equipa mas nunca na mentalidade individual dos jogadores. Algumas partes da motivação do jogador é que alimentam a sua mentalidade e a principal motivação deste é, numa grande escala, intrínseca. É gerada no jogador e não através do “chicote e da cenoura”, as recompensas tradicionais. A liderança exemplar do treinador e a comunicação assertiva, entusiasta e dinâmica conseguem por vezes gerar esta motivação e inspirar mudança mas a responsabilidade do jogador é total.

Pelas características técnicas, físicas e psicológicas individuais dos jogadores, existem alguns com maior mentalidade ofensiva, outros com maior mentalidade defensiva. Poderemos considerar estes tipos de mentalidade como subcategorias mas a mentalidade é só uma e é complexa.

Por todos estes factores, e mais alguns, é que o futebol é tão belo e complexo. A linha que separa a emoção da razão é tão ténue que quase não se vislumbra. O papel do treinador é tão fundamental quanto difícil e árduo. Muito do seu trabalho é intuitivo e até a sua própria mentalidade pode ser contagiante, seja ela fraca ou forte. Pensando num treinador que tenha a personalidade forte e/ou bastante atitude, existe uma enorme probabilidade de este ter também uma mentalidade forte e seja extra-motivado, mas isto não significa que tenha superpoderes, como muitos julgam. Apesar de tudo, um treinador, mesmo inserido num ambiente complexo, é simplesmente humano e só poderá influenciar quem quer que seja se este último quiser.

Foto de Capa: Flickr (CFCUnofficial)