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Meu querido mês de Janeiro

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Terceiro Anel

O que é que têm em comum o entusiasmante Benfica 3-1 Vitória de Guimarães de 2009/2010 e o importante Braga 1-2 Benfica de 2012/2013? O que é que têm em comum o Benfica 5-0 Olhanense para a Taça de Portugal 2010/2011 e o Benfica 2-0 FC Porto a contar para a liga 2013/2014? E aquele Benfica 4-1 Vitória de Setúbal de 2011/2012? E aquelas vitórias folgadas no terreno do Marítimo em 2010 e agora em 2015? Pois, o ponto que une todas estas partidas (e tantas outras poder-se-iam juntar a este leque) prende-se com o facto de todas elas terem sido disputadas em Janeiro, primeiro mês do ano civil. Ora, parafraseando (não na totalidade) a carismática canção de Dino Meira, bem que posso afirmar “Meu querido mês de Janeiro”, pelo menos que no que diz respeito à era de Jorge Jesus enquanto treinador do Sport Lisboa e Benfica.

Os registos são assombrosos: em 37 partidas oficiais realizadas no mês de Janeiro, o Benfica venceu…35. E mesmo os dois resultados “negativos” não foram propriamente uma tragédia, visto que estamos a falar de um empate a um golo em Guimarães, a contar para a fase de grupos da Taça da Liga 2009/2010 (o maior de Portugal viria a vencer essa edição) e de um 2-2 numa partida electrizante entre Benfica e FC Porto no Estádio da Luz, 14ª jornada do campeonato (sim, Artur Moraes, eu não me esqueço do porquê deste empate…). Pois bem, será que há alguma explicação plausível para que Janeiro seja sinónimo de mês de sonho para a nação encarnada? Só Jorge Jesus saberá responder na totalidade à questão, mas a partir do momento em que na presente época, depois de o Benfica realizar exibições tão descoloridas até ao final de 2014, a equipa entra no novo ano como se nada fosse, parece que algo de paranormal se está a passar no Seixal.

É do conhecimento público que Jorge Jesus é um técnico super exigente com os seus atletas, em todos os momentos do treino e do jogo. Apesar de já orientar a equipa do Benfica há cerca de cinco anos e meio, e de visivelmente haver rotinas de jogo completamente estabelecidas (e ainda bem que assim o é), é natural que quem chegue de novo demore, e de que forma, a cumprir aquilo que o treinador amadorense pretende. E é por isso mesmo que o campeão nacional tem momentos que levam ao desespero qualquer um dos seus adeptos (e eu que o diga), mormente nos primeiros meses das temporadas. As lesões parecem surgir em catadupa, as vitórias arrancadas a ferros são muitas, tudo parece acontecer de uma forma forçada em desafios em que o Benfica está permanentemente à mercê dos adversários.

Jorge Jesus + Janeiro = sucesso garantido; Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Jorge Jesus + Janeiro = sucesso garantido;
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Se analisarmos mais especificamente a presente época, então torna-se gritante a diferença de andamento entre o ano civil passado e aquele em que estamos agora, como que de Dezembro para Janeiro se desse a transformação de todo um clube, de todo um fio de jogo, de toda uma estrutura, de todo um conjunto de ideias. Recuando no tempo, mas não muito, vemos como foi paupérrima a exibição diante do Gil Vicente, na última jornada do campeonato disputada em 2014, sendo secundada por uma não menos confrangedora prestação no desafio frente ao Nacional da Madeira. Nessa altura (que foi há tão pouco tempo!) tudo parecia negro: mau futebol, Enzo Pérez de saída, plantel fraquinho, e muito mais. Porém, qual golpe mágico, o reveillon voltou a ser presságio de espectáculo, de fiabilidade, de uma máquina futebolística destrutiva. Bastou entrar-se em Janeiro para surgir um Benfica transfigurado, a defender a sua liderança na tabela com futebol de altíssimo nível, e num ápice se descobriu (como eu sempre defendi) que este plantel não é assim tão mau (aliás, para o campeonato português continua a ser bem bom), que há muito por onde explorar, que a nação benfiquista pode estar confiante.

Estou longe de ser um especialista na questão da preparação física dos atletas, não sei se as cargas físicas que Jorge Jesus e a sua equipa técnica impõem ao plantel na pré-temporada visam mesmo isto (provavelmente visam), uma enorme performance nesta fase da época, mas a verdade é que esta conjugação de uma actual boa condição física dos jogadores, mais processos de jogo completamente interiorizados pelos jogadores, mais classe, talento e competência de muitos dos elementos do plantel tem contribuído para que tenham voltado os tempos em que é um simples deleite ver este Benfica a jogar à bola.

Janeiro, esse mês de entrada no novo ano, esse mês em que cumpro o meu aniversário, esse mês que para muitos estudantes universitários é de férias…não tem nessas características aquilo que mais me diz e que mais me importa: Janeiro é uma fase do ano encantadora por isto mesmo, porque o Benfica nesta altura costuma ser implacável, sedutor, mandão, poderoso, inigualável. Tenho pena que o mês já esteja a acabar, mas ainda há um jogo nele para ganhar: na Mata Real, defronte do Paços de Ferreira. Em caso de vitória o Benfica atingirá as 36 vitórias em 38 jogos disputados em Janeiro, que coisa transcendente. E é o que vai acontecer, eu sei que é aquilo que milhões de adeptos sentem.

Rumo ao bicampeonato, Sport Lisboa e Benfica!!!!!!!!

P.S. : Bernardo Silva, eu sei que serás sempre um dos nossos. Eu sei que estarás sempre a sofrer por nós. Eu sei que um dos teus sonhos é envergar o manto sagrado durante várias épocas. Isso vai acontecer, nem que seja o meu lado apaixonado e ingénuo a falar, quero crer que venha a acontecer. Mas receio, receio mesmo, que o Benfica tenha cedido de vez a uma febre mercantil desmesurada…

Foto de capa: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Os cinco melhores dentro de cinco anos

internacional cabeçalho

Desde que foi criado em 2010 através da junção do Ballon D’Or com o Fifa Player of the Year, o FIFA Ballon d’Or foi ganho apenas por dois jogadores, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Ronaldo completa 30 anos este ano e Messi faz 28. Nada nos leva a crer que algum deles abrandará num futuro recente, logo pelo menos as próximas quatro edições do prémio deverão ser disputadas entre estes dois fantásticos jogadores. Avancemos então cinco anos no tempo, para o ano de 2020. Ronaldo terá 35 anos e Messi 33. Apesar de não duvidar de que ambos poderão continuar a ser favoritos à vitória, proponho-me a especular sobre cinco possíveis candidatos.

Eden Hazard

O belga é um dos maiores talentos da actualidade, um fantasista capaz de resolver qualquer jogo através do seu enorme talento individual, um desequilibrador nato que não deverá abrandar nos próximos anos. Pelo contrário, tudo leva a crer que continue a evoluir até se tornar um dos melhores do mundo. Especialmente se continuar a ser treinado por José Mourinho, que com certeza espremerá todo o talento que o belga tem para dar e ainda mais algum, potencializando toda a qualidade que ele tem para oferecer. Daqui a cinco anos, com 29 anos, se Hazard não for o melhor, andará com certeza lá perto.

Hazard é um dos craques do Chelsea Fonte: Facebook do Chelsea
Hazard é um dos craques do Chelsea
Fonte: Facebook do Chelsea

Neymar

O brasileiro é o herdeiro aparente de Messi no Barcelona e à medida que os anos passarão a sua importância e responsabilidade na equipa só deverá aumentar. Com 22 anos é já a principal figura da Canarinha; com 28, Neymar terá competido em mais duas Copas América e um Mundial, além dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, isto tudo contando que não se lesione e seja convocado, claro. Apesar de Neymar ser já considerado um dos melhores da actualidade, continua muito atrás de Messi e Ronaldo. Mas com o avançar dos anos o brasileiro deverá tornar-se mais produtivo, deixando alguns dos seus mergulhos e fitas de lado e transformando-se numa máquina de golos. A qualidade está toda lá.

Paul Pogba

O francês, que completa 22 anos este ano, é já um dos médios mais desenvolvidos do futebol mundial. Pogba tem tudo – começando no físico, passando pela técnica e acabando na inteligência -, e contribui para a equipa em todas as zonas do campo. Nesta altura já é o melhor jogador a actuar em Itália. Quer fique na Juventus, quer se transfira para um Chelsea ou um Real Madrid, Pogba continuará em curva ascendente, lembrando um Patrick Vieira mais ofensivo mas com potencial para mais ainda. Com 27 anos, Pogba deverá ter cimentado o seu estatuto como um dos melhores, se não o melhor médio do futebol mundial.

Pogba é um dos melhores médios do mundo Fonte: Facebook da Juventus
Pogba é um dos melhores médios do mundo
Fonte: Facebook da Juventus

Gareth Bale

Bale faz 26 anos este ano. Em 2020 terá, então, 31 anos. O galês tem tido algum azar, sendo perseguido por lesões ao longo da sua carreira, mas se se conseguir manter em campo tem tudo para tomar o lugar de Cristiano Ronaldo no Real Madrid – da capacidade de explosão à qualidade na finalização. Precisa apenas de aprender a tomar a decisão certa em frente à baliza, algo que Ronaldo faz com regularidade. É claro que espero nunca de Bale o mesmo nível de produtividade de Ronaldo, tal como não espero de Neymar o mesmo de Messi, mas a qualidade está lá em ambos os casos para tentarem deixar a sua marca na história.

Thomas Müller

O alemão é dos jogadores menos egoístas que há – é um fantástico jogador de equipa. Completa apenas 26 anos este ano e já ganhou quase tudo o que havia para ganhar, faltando-lhe apenas um Euro, que poderá conquistar em 2016 ou 2020 (contando que a Alemanha se apure e ele seja convocado – gosto das hipóteses de isso acontecer). Müller pode e deve terminar a carreira como o melhor marcador de sempre em Campeonatos do Mundo, além de fazer parte de uma equipa do Bayern que parece ter capacidade para conquistar a Bundesliga durante os próximos dez anos, competindo ainda pela Liga dos Campeões todos os anos. Devido à sua forma de jogar, um Müller de 31 anos deverá ser tão efectivo e produtivo como o Müller que conhecemos hoje, juntando ao seu já excelente jogo experiência e maturidade (ainda mais).

Foto de Capa: Wikipedia

Sem surpresas na Taça

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cab futsal

A festa da Taça de Portugal regressou aos pavilhões espalhados de norte a sul do país, nos quais as equipas portuguesas disputaram o acesso aos oitavos de final da competição.

Sem qualquer surpresa nos resultados finais, os olhos dos amantes do futsal estiveram claramente postos no Pavilhão Desportivo Universitário de Gualtar, uma vez que recebia o jogo grande entre o SC Braga e o Benfica. Estas duas formações prometiam uma partida equilibrada, até porque se encontram no 2º e no 1º lugar do campeonato de futsal, respectivamente.

Numa demonstração de grande qualidade por parte das duas equipas durante os 40 minutos, a sorte acabou por sorrir aos encarnados. Aos nove minutos, inauguraram o placar através de Alan Brandi, mantendo-se o 0-1 até ao intervalo. Na segunda parte, a turma de Joel Rocha acabou por dilatar a vantagem e, desta vez, foi Bruno Coelho o protagonista da jogada. Os “arsenalistas” cerraram os punhos e, em resposta, conseguiram reduzir a desvantagem para 1-2 com um golo de Tiago Brito. No entanto, a esperança bracarense, que se sentia tanto dentro de campo como nas bancadas, durou cerca de três minutos; Mancuso voltou a aumentar os números das águias para 1-3. Com o SC Braga a apostar no 5 para 4, o veredicto final foi estabelecido já nos últimos segundos da partida, quando Juanjo, guarda-redes do Benfica, aproveitou a baliza deserta dos minhotos para confirmar a vitória benfiquista e, consequentemente, carimbar a passagem aos oitavos de final. Um dos principais candidatos à vitória da competição foi então eliminado – na minha opinião, precocemente – sendo, de certa forma, “traído” pelo sorteio.

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Caio Japa transferiu-se para o Sporting na época 09/10 e tem sido fundamental. Desta vez, confirmou a passagem do Sporting à fase seguinte da Taça
Fonte: Uefa.com

A pouco mais de 50 quilómetros de distância deste duelo entre bracarenses e lisboetas, o Unidos Pinheirense recebeu outro dos principais candidatos ao título – o Sporting. Separados por 34 pontos no campeonato nacional, nada previa que esta partida tivesse o início ao qual pudemos assistir: no espaço de 13 minutos, os espectadores foram presenteados com cinco golos, que surgiram de parte a parte. A equipa da casa foi a primeira a marcar, através de Vigário, quando passavam apenas três minutos do início da partida. Em resposta, Fábio Lima restabeleceu a igualdade e, poucos minutos depois, Paulinho e Alex conseguiram mesmo inverter o resultado a favor dos leões. Ainda assim, o Pinheirense reduziu a desvantagem, fixando o resultado em 2-3 ao intervalo. Já na segunda parte, e apesar do domínio leonino, tivemos de esperar pelo minuto 33 para que Caio Japa garantisse a qualificação da formação de Nuno Dias.

Relativamente às equipas pertencentes à primeira divisão, decorreu ainda o embate entre o Rio Ave e o Boavista. Ambas as equipas estão posicionadas nos últimos lugares da tabela e queriam certamente, neste jogo, demonstrar que tinham qualidade para continuar numa das provas mais emblemáticas a nível nacional. Contrariando o lugar de despromoção em que se encontra, o Rio Ave e a sua força de vontade foram superiores à qualidade dos axadrezados, alcançando o triunfo por 5-3 na presença dos seus adeptos.

A estas três equipas juntaram-se mais sete formações que disputam a liga principal de futsal nacional (Leões de Porto Salvo, Burinhosa, Modicus, AD Fundão, Cascais, Póvoa Futsal e Belenenses), bem como seis equipas da segunda divisão (Operário, Fátima, ABC Nelas, Amarense, UPVN e Casal Velho).

 

Resultados completos da eliminatória

Valpaços Futsal

0-7

Fátima

AD Fundão

0-0 (3-1) g.p.

SL Olivais

SC Braga

1-4

Benfica

Os Indefectíveis

0-1

Modicus

Piratas de Creixomil

3-6

Burinhosa

Operário Lagoa

6-5

Arsenal Parada

Portela

1-2 (a.p.)

Leões de Porto Salvo

Rio Ave

5-3

Boavista

Academia Caranguejeira

0-2

Cascais

ABC Nelas

7-7 (10-9) g.p.

CS São João

GDR Lameirinhas

1-2

Póvoa Futsal

Lobitos Futsal

3-6

Belenenses

AR Amarense

5-2

ACR Vale de Cambra

Beira-Mar

5-7 (a.p.)

Casal Velho

UPVN

3-1

Feirense

Unidos Pinheirense

2-4

Sporting

Foto de capa: Facebook do SC Braga/AAUM Futsal

SC Braga 1-1 FC Porto: Para Guerreiros e Machados, Helton!

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Hélton, Ricardo, Reyes, Marcano, Ángel, Rúben Neves, Campaña, Evandro, Adrián, Quintero e Gonçalo Paciência. Todo e qualquer plano que Lopetegui pudesse ter para este jogo, com estes onze, era, ao intervalo, uma miragem. Mas já lá vamos… Do outro lado esteve um Braga que, por dispor de um plantel competitivo e equilibrado, apresentou um onze respeitável, ainda que todo o trio atacante, por exemplo, tenha sido uma novidade – Pedro Santos, Salvador Agra e Zé Luís.

O jogo arrancou com dois infortúnios: Adrián ‘rompeu’ logo à passagem do minuto 5 e foi substituído por Tello; Aderlan Santos, o central bracarense, saiu também lesionado na madrugada do jogo, tendo entrado para o seu lugar o seu habitual colega de eixo central defensivo, Ivo Pinto. Mesmo com muitas novidades, a estrutura táctica do Porto foi a habitual: assente num 4-3-3, Rúben Neves vestiu a pele de pivot defensivo, com Evandro e Campaña numa linha mais adiantada do terreno. À frente, Quintero a partir da direita para o centro, Tello pela esquerda e Gonçalo Paciência a “fazer de” Jackson.

O FC Porto até entrou bem no jogo mas não deixou de sentir calafrios: a posse de bola permitia dominar a partida mas não controlá-la e prova disso foram duas defesas apertadas de Helton nos primeiros 10’. Na verdade, os dragões apresentaram capacidade de circular a bola, assim como a habitual preponderância para atacar pelos corredores, porém sempre com um défice de verticalidade no seu futebol. Sempre que tinha oportunidade, fruto de uma pressão mais efectiva ou de alguma desconcentração portista, o Braga roubava a bola e saía em contra-ataques tão rápido quanto possível. Daí as intervenções de Hélton. O mesmo que soube oferecer um upgrade ao jogo portista: com ele a primeira fase de construção de jogo é mais segura, mais fiável, em suma, com outra qualidade.

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Antes de ser expulso, Evandro marcou o golo do FC Porto
Fonte: fcporto.pt

No melhor momento portista o golo surgiu: Ricardo (mais uma vez defesa direito) cruzou à procura de Gonçalo Paciência e este apenas não chegou porque, salvo melhor opinião, foi empurrado pelo adversário. Penalty e conversão do mesmo por Evandro. 0-1 favorável ao FC Porto aos 23’ – cinco minutos antes da tarja “Obrigado, Custódio” ser erguida por uma franja de adeptos bracarenses, em jeito de despedida em relação a um dos esteios da equipa minhota dos últimos anos.

28’ é também o minuto em que Diego Reyes viu o primeiro cartão amarelo, sete minutos antes de ver o segundo – a expulsão, face às entradas imprevidentes do defesa mexicano, até se aceita. Isto, claro, se Cosme Machado soubesse o que é coerência. A partir desse momento, o árbitro da Associação de Futebol de Braga (para os puritanos que adoram estes detalhes …) perdeu o auto-controlo e, com isso, fez o jogo entrar numa espiral de acidentes e incidentes, prejudicando o bom espectáculo que, até então, estava a acontecer na Pedreira. Numa atitude pouco inteligente, Evandro também contribuiu para o cenário negro ao pontapear uma bola que se encontrava junto ao corpo de um jogador bracarense – Cosme Machado interpretou como sendo uma tentativa de agressão e sentenciou a segunda expulsão do jogo aos 42’, ficando o FC Porto reduzido a 9. Tudo somado, dos tais onze iniciais, Lopetegui já só tinha sete em campo – para além dos já referidos, saiu também Quintero para a entrada de Indi, permitindo, assim, recompor o espaço defensivo central.

Com tamanho condicionalismo, o FC Porto viu-se obrigado a fazer o jogo possível: fechado atrás, dispôs-se num 4-4-0, com Tello e Gonçalo Paciência a fecharem as alas (trabalho para o qual não estão claramente talhados) e com Campaña e Rúben Neves a neutralizarem o espaço central (belíssimas exibições de ambos). Havia, no entanto, terreno a mais para cobrir e o Braga – definitivamente voltado para o ataque após a troca de Baiano por Rafa – acabou por lograr chegar ao golo, por intermédio de Alan, através da conversão de uma grande penalidade no mínimo discutível. O jogo estava a fugir das mãos do FC Porto e Lopetegui, percebendo-o, lançou Herrera por troca com Gonçalo – foi, então, a partir daqui que os dragões deixaram simplesmente de defender. Mesmo que a (tal) coerência de Cosme Machado se tenha esquecido de aparecer para expulsar Tiago Gomes aos 58’…

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Campaña esteve a um bom nível no jogo da Pedreira
Fonte: fcporto.pt

Com a entrada de Éder para o lugar de Sasso – outro que, pela tal coerência, já devia ter saído deste rescaldo mais cedo … –, o Braga ganhou ainda mais presença na área e isso foi-se notando a partir do momento em que o jogo ganhou uma outra dimensão aérea e de luta pelo espaço. Foi desse modo, aliás, que Zé Luís esteve perto de fazer o 2-1, num canto em que a marcação portista foi deficiente. Ainda que cada vez mais desgastado (Rúben Neves, por exemplo, fez o último quarto de hora ao pé coxinho), o FC Porto, talvez por sentir que a sua muralha não ia ser destronada, sentiu-se também mais confiante: nos poucos momentos em que tal lhe era possível, soube manter e gerir alguma posse de bola, sendo que Herrera foi preponderante na forma como a conseguiu transportar desde a linha defensiva até terrenos mais avançados, surgindo ainda Campaña como um elemento de grande intensidade, capaz de ofertar linhas de passe e de recuperar rapidamente no momento da perda. Nos últimos dez minutos da partida o FC Porto teve duas oportunidades flagrantes para vencer a partida, momentos inventados por Herrera e José Ángel e deficientemente finalizados por Tello e Campaña, respectivamente. E que tão penalizadores poderiam ser…

… Não houvesse o regressado Hélton na baliza portista. O FC Porto lutou, segurou e aguentou até ao final um resultado que lhe acaba por ser favorável, tendo em conta o que o jogo lhe trouxe: imensos dissabores. Demasiados. Mas que pode ter sido o toque a reunir ideal para uma equipa que está ainda a construir-se e a crescer. E que deve aproveitar a noite de hoje para reforçar o orgulho em si própria.

 

A Figura

Hélton – Aos 36 anos, esteve 10 meses parado. Olhou para a Pedreira e inspirou-se – falhou duas abordagens aparentemente simples e depois partiu para uma exibição imaculada. Pedro Santos, Zé Luís e Alan fartaram-se de tentar até… desistir. A defesa com o pé no último suspiro da partida é monstruosa e demonstra que o Capitão está de volta por inteiro. O cavaquinho ainda vai ter de esperar; a baliza é o habitat do #1 portista.

O Fora-de-Jogo

Cosme Machado – Más decisões, critério disciplinar incoerente e incapacidade total para lidar com as exigências de um jogo muito intenso. Estragou o espectáculo.

Foto de capa: fcporto.pt

Moreirense 0-2 Benfica: Jonas mais dez

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Jorge Jesus tinha dito, na conferência de imprensa de antevisão da partida frente ao Moreirense, que o Benfica valorizava a Taça da Liga – o que acaba por ser legítimo, tendo em conta que os encarnados ganharam cinco das setes edições da competição. Ora, o treinador benfiquista foi da teoria à prática e apresentou um onze forte, numa mistura entre jogadores do habitual onze titular e algumas segundas opções, que foram mais do que suficientes para vencer a equipa de Moreira de Cónegos. 

Perante um Benfica que entrou dominador e mandão, tal como se esperava, o Moreirense, sabendo de antemão que apenas a vitória lhe permitiria alcançar um lugar nas meias-finais da Taça da Liga, fez uma primeira parte de muito bom nível, demonstrando, mais uma vez, que é uma equipa sólida. Ainda assim, o Benfica deu sempre a sensação de que a vitória era apenas uma questão de tempo. Sem grandes rasgos individuais, as águias evidenciaram bom entendimento, principalmente na frente de ataque, com Jonas e Ola John a demonstrarem qualidade acima da média. O Moreirense, por seu turno, apostava nos lances de contra-ataque, explorando a rapidez dos alas, sem, contudo, conseguir causar grande perigo junto da baliza de Artur.

Jonas tem somado golos atrás de golos com a camisola do Benfica Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Jonas tem somado golos atrás de golos com a camisola do Benfica
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica 

Com poucas oportunidades de golo na primeira parte, o Benfica entrou para o segundo tempo decidido a por um ponto final na partida e, consequentemente, na dúvida sobre quem seguiria para as meias-finais. O Moreirense, apesar da boa organização defensiva, foi incapaz de impedir um grande golo de Jonas à passagem do minuto 65, depois de uma excelente tabela entre o ex-avançado do Valência e Derley. Já com Samaris em campo, que formou dupla no meio-campo com Cristante, o Benfica aumentou ainda mais o controlo da bola e, evidentemente, da partida. O Moreirense mostrava-se agora inábil nas saídas em contra-ataque e Ramón Cardozo, que esteve bastante em jogo na primeira parte, era somente um expectador. Foi, aliás, com alguma naturalidade que os encarnados chegaram ao segundo golo da partida, após um lance de insistência de Derley – que trabalhou imenso –, André Marques, numa tentativa de cortar a bola, fez um auto-golo.

O resto da partida foi um autentico monólogo do Benfica, que evidenciou, assim, o excelente momento de forma em que se encontra. Os encarnados seguem em frente na prova com três vitórias em três jogos.

A Figura:
Jonas – Hoje, o Benfica foi Jonas mais dez. É um jogador de uma classe notável. Parece-me que, neste momento, é um jogador indiscutível no onze titular do Benfica.

O Fora-de-jogo:
Sulejmani – é certo que veio de uma lesão prolongadíssima, mas tem de fazer muito mais se quer se aposta para o que falta de época. Com uma qualidade técnica invejável, o sérvio tem obrigatoriamente de ser mais objetivo nas suas ações.

 

Onze pontos para fazer o balanço da primeira volta

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a norte de alvalade

Completou-se a primeira volta da Liga 2014/15. Hora para fazer um balanço da carreira da equipa, procurando em 11 pontos, tantos quantos são os jogadores de uma equipa em campo, perceber as razões que contribuíram para o actual terceiro lugar e dez pontos de atraso do actual comandante, o SLB.

1- De forma genérica, a qualidade do plantel, face às responsabilidades assumidas para a época em curso. Há alguns jogadores de qualidade indiscutível, não muitos. Quando esses jogadores não estão presentes, registam abaixamento de forma ou têm de jogar vários jogos num curto espaço de tempo; tal reflecte-se no desempenho da equipa. Não será por acaso que algumas perdas de ponto inesperadas se registaram na sequência de jogos da Champions League. Apenas Nani pode ser reconhecido como um verdadeiro reforço do plantel; os restantes, e com alguma benevolência para alguns, podem ser considerados alternativas. Os reflexos na competição pela titularidade e na resposta em momentos de maior exigência são inevitáveis.

2- De forma mais específica, a solidez a defender e a eficácia a atacar. É muito lapalissiana a afirmação, mas o que se reteve no início do campeonato foi a perda de pontos por falta de eficácia no momento de fazer golos, que nos dariam mais pontos, especialmente com equipas habitualmente designadas “ao nosso alcance”. Do mesmo modo, as dificuldades registadas no início de época com a formação da dupla de centrais retiraram-nos alguns pontos que habitualmente coleccionaríamos. Não é por acaso que o Sporting está a grande distância dos golos marcados e sofridos dos que o precedem na classificação.

Marco Silva
Marco Silva demorou a colocar o Sporting na melhor forma
Foto: Facebook Sporting

3- Marco Silva tem ainda muito trabalho pela frente e demorou um pouco a encontrar a melhor forma de contornar as equipas “desavergonhadamente” defensivas. Agora que a equipa parece estar mais segura e até mais paciente na procura do golo, falta dar-lhe mais consistência na movimentação colectiva, principalmente nos momentos em que perde a bola. Melhor posicionamento, mais coberturas, especialmente que evitem a excessiva exposição ao centro do terreno. Mas aqui voltamos à questão individual: tanto Jorge Jesus como Lopetegui têm à disposição mais e melhores jogadores, e é a qualidade individual que muitas vezes acaba por ditar as diferenças, especialmente quando os jogos registam equilíbrio acentuado e é no relvado que se têm de encontrar as soluções.

4- A impressão geral que o futebol do Sporting tem deixado é precisamente a de que resulta do somatório das análises feitas acima. O Sporting nem sempre tem encantado, embora em alguns jogos tenha conseguido momentos de muito bom futebol. Nota-se que a equipa tem crescido com a acumulação de resultados positivos, o que pode estar relacionado com a maior confiança que aqueles proporcionam. Conseguiu finalmente alcançar o terceiro lugar, o qual não está ainda consolidado, mas repõe justiça – seja lá o que isso é em futebol – face ao que fez nestas dezassete jornadas. Depende contudo de terceiros para chegar mais acima. Esses são precisamente os seus rivais de sempre, que, pelos meios que conseguiram reunir, detêm também maiores responsabilidades.

5- Um dos principais contributos para a sensação de desempenho abaixo do esperado vem do exterior, não estando por isso ao alcance da sua acção directa. Refiro-me em concreto à carreira do comandante da prova, o SLB. Muito poucos pontos perdidos, incluindo um bom início de época, atípico na era Jorge Jesus, colocam-no a uma distância que quase obriga a esperar, não um, mas vários milagres para a situação poder ser revertida. E cada jornada que passa sem que os tais milagres surjam mais difícil parece ser a nossa tarefa.

6- O pior momento, e que poderia ter estado na ruína de uma parte importante do seu edifício futebolístico – a equipa técnica -, foi vivido em Guimarães. Quanto a mim tomou-se a árvore, aquele resultado específico inesperado, pelo todo, o que até me pareceu injusto face ao que a equipa vinha fazendo no cômputo geral das competições.

7- Curiosamente, o momento mais importante pareceu-me ter sido vivido na cidade vizinha e rival, onde e com quem o comandante actual da competição conheceu os maiores reveses. Ao ganhar em Braga, e da forma quase épica como o fez, o Sporting sacudiu o fantasma incómodo de não conseguir ganhar às melhores equipas do campeonato, ganhando confiança e fôlego. Também curiosamente, não perdeu com os que agora o precedem na classificação, tendo até dado uma muito boa conta de si em ambos os encontros.

8- Como revelação da época elegeria, de forma que me parece indiscutível, Carrillo. Finalmente a ser aquilo que não tinha conseguido ser até agora: consistente. Talento já tinha demonstrado ter de forma inequívoca.

9- Do lado das desilusões está Capel, que poderia e deveria estar a render muito mais, mas parece ter cristalizado. A época abaixo da expectativa de evolução de Mané e o que parece ser mais um adiamento na confirmação plena de André Martins também podem entrar neste lote.

10- O melhor, e cuja importância ultrapassa em muito as suas boas acções em campo, tem sido o regresso e as exibições de Nani. É bom para o nosso campeonato poder ter jogadores com a sua categoria e estatuto.

11- Como o pior não elegeria um jogador mas um lote de jogadores cujo valor e futuro no clube são uma enorme incógnita. Seja pelo que já demonstraram uns até agora, sem convencer, seja por aquilo que já fizeram e que apenas contribuiu para adensar a dúvida expressa.

Foto de capa: Facebook Sporting

O Passado Também Chuta: Sócrates

o passado tambem chuta

Chamava-se Sócrates. Também foi político, mas, que se saiba, nunca esteve em Évora. A ditadura brasileira suspeitou dele; o mundo admirou-o; o Mundial de 1982 jogado em Espanha foi a sua grande confirmação, ainda que a seleção brasileira, praticando um futebol fascinante, tenha ficado pelo caminho. A Itália de Paolo Rossi ganhou apoiando-se em duas características: o oportunismo letal em frente à baliza e a consistência defensiva. Chorou-se a eliminação daquele Brasil. Não jogavam, maravilhavam. E o Sócrates, com a sua enorme estatura e um pé diminuto – 41 -, arquitetava o jogo daquela equipa de uma forma sublime. Era a elegância; bom toque; cabeça levantada; bola a correr para o companheiro mais bem situado.

Começou a jogar no Botafogo de Ribeirão Preto. Estudava Medicina. Treinava pouco, mas a sua imensa qualidade permitia-lhe esse luxo. Chegou a ganhar a Taça de São Paulo em disputa direta com o São Paulo. E marcava golos, ainda que fosse só um homem do meio-campo. Tocou à porta 1978. Os sinos do Corinthians tocaram em alvoroço a sua contratação. Acompanhado por Geraldão, também procedente do Botafogo de Ribeirão Preto, formou uma grande equipa. Ganhou depois de uma larga seca de títulos: o campeonato Paulista de 1979 e o bicampeonato brasileiro em 1982-83. O Timão ultrapassou fronteiras; a sua qualidade futebolística foi mencionada em todos os recantos.

Mas Sócrates não era um atleta. Fumava, bebia e fazia o que lhe apetecia. Dizia que se não tivesse vivido como viveu não seria um homem tão completo. Um dos seus biógrafos compara-o em genialidade com o universal Garrincha. Usava o calcanhar como recurso para o drible. Essa manha compensava a falta de apoio num pé pequeno em relação à estatura. Desconcertava. Lançou-se a fazer uma espécie de democracia direta no clube; o peso da palavra era igual desde um simples funcionário até ao Presidente.

Sócrates é um ídolo para os brasileiros Fonte: deviantart.net
Sócrates é um ídolo para os brasileiros
Fonte: deviantart.net

Aquela seleção que disputou o Mundial de 1982 tinha, entre outros, o famoso Pelé branco:  Zico. Tinha por lá o Eder, o Falcão, o Júnior. Foi uma equipa que sonhou sobre o relvado, mas que não se aproximou da coroa de louros. Já tarde Sócrates veio até a Itália para vestir as cores da Fiorentina. Não teve sorte ou o futebol italiano daqueles tempos não conjugava com o Doutor. Regressou ao Brasil, percorreu ainda diferentes clubes; no entanto, a sua época deslumbrante passara à Historia.

Depois de deambular, chegou a ser treinador, ator, músico. E continuou a viver, a ser quem era: alguém que não conjugava com o tradicional mundo de futebol. Morreu cedo. O mundo do futebol e não só rendeu-lhe tributo. Foi-se com a tenra idade de 57 anos. Entre os seus vários sobrenomes tinha um que o definia totalmente como jogador: o Calcanhar de Ouro. O dinamizador da Democracia Corintiana, apesar de não ser um atleta, não deixa de ser considerado um dos melhores jogadores de sempre.

Foto de Capa: Wikipedia

Cambalhota na classificação

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cab futebol feminino

A 17.ª jornada do Campeonato Nacional de futebol feminino não poderia ter sido mais emocionante. Muitas foram as “trocas e baldrocas” que se fizeram sentir na tabela classificativa e, mais especificamente, nos lugares cimeiros da mesma.

Na tentativa de continuar a manter o primeiro lugar, o Atlético Ouriense deslocou-se até ao terreno do Valadares Gaia, um dos seus adversários directos na luta pela primeira posição. Estas duas equipas já se haviam encontrado em Novembro do ano transacto e, por essa altura, as jogadoras de Ourém conseguiram uma vitória, em casa, por 2-0. No entanto, no passado fim-de-semana a história foi escrita de maneira diferente.
A formação de Vila Nova de Gaia fez uso da sua qualidade, bem como do factor casa, para conseguir arrancar uma vitória às actuais campeãs nacionais. Este triunfo permitiu-lhe subir ao 2º lugar do campeonato, ficando apenas a um ponto do 1º lugar. O golo solitário foi marcado na segunda parte por Edite Fernandes, uma das três jogadoras nomeadas para o título de “jogadora do século” (que acabou por ser entregue a Carla Couto) na gala organizada pela Federação Portuguesa de Futebol.

O Valadares Gaia, que pode contar com algumas jogadoras internacionais, arrecadou uma vitória importante frente às campeãs nacionais.  Fonte: Facebook do Valadares Gaia F.C. Futebol Feminino Fonte: Facebook do Valadares Gaia F.C. Futebol Feminino
O Valadares Gaia arrecadou uma vitória importante frente às campeãs nacionais.
Fonte: Facebook do Valadares Gaia F.C. Futebol Feminino

Com este resultado, o Clube Futebol Benfica poderia sonhar com a subida ao 1.º lugar, caso conseguisse vencer a sua partida contra o Leixões. E, na verdade, nem um minuto teve de esperar para começar a ver as suas aspirações tornarem-se realidade. Através de um livre marcado por Filipa Galvão surgiu o primeiro golo da equipa lisboeta. Estava dada luz verde para que a formação de Pedro Bouças conseguisse o tão desejado triunfo. A confirmação do regresso ao topo da tabela apareceu aos trinta minutos através de Andreia Silva, que, com este golo, justificou (ainda mais) a liderança na lista das melhores marcadoras do campeonato, com dezanove golos apontados. O resultado final fixou-se então em 2-0 para o Fófó, empurrando o Clube Atlético Ouriense para o 3.º lugar da classificação.

Filipa Galvão marcou o primeiro tento da partida, abrindo caminho para o triunfo lisboeta. Fonte: Facebook do Clube Futebol Benfica Feminino
Filipa Galvão marcou o primeiro tento da partida, abrindo caminho para o triunfo lisboeta
Fonte: Facebook do Clube Futebol Benfica Feminino

A uma jornada do final da fase regular do campeonato, o Clube Futebol Benfica, o Valadares Gaia e o Clube Atlético Ouriense já têm garantido o acesso à fase final, na qual se disputará o título de campeão nacional. Ainda assim, o quarto e último lugar vago continua em aberto e será decidido apenas no próximo fim-de-semana. A Fundação Laura Santos encontra-se em vantagem, depois da vitória conseguida frente ao A-dos-Francos (1-2), mas as duas equipas estão separadas por apenas dois pontos. Ao golear o Boavista por 7-1 (!), o Clube de Albergaria também continua na luta pelo 4º lugar, dependendo do resultado das equipas já mencionadas.

Classificação:

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Foto de capa: Facebook Oficial do Valadares Gaia F.C. Futebol Feminino

Carta Aberta a: Luís Filipe Vieira

cartaaberta

Luís Filipe Vieira,

Escrevo-lhe após ter recebido a triste notícia da venda de Bernardo Silva, em definitivo, ao Mónaco por 15 milhões de euros. Escrevo-lhe com tristeza, amargura e raiva. Sentimentos que grande parte da família benfiquista partilha neste momento comigo.

Foram anos e anos a ouvir os adeptos do Sporting a dizer que tinham a melhor formação do mundo, a enxergarem-nos os ouvidos com nomes como Luís Figo e Cristiano Ronaldo. Diziam que nunca os íamos apanhar. A verdade era que cada benfiquista bem lá no fundo sempre invejou esta produção nacional de talento do Sporting, mas nunca ninguém ousou admiti-lo. Os anos avançaram e academia do Benfica evoluiu, e o senhor teve a lata de vir a público dizer que dentro de alguns anos viríamos a ter um plantel principal baseado na formação do Sport Lisboa e Benfica. A nossa academia melhorou ao ponto de os nossos meninos chegarem à final da Youth Cup. Chegamos ao ponto de estarmos taco a taco com o Sporting no que diz respeito aos jogadores que actuam nas fileiras das selecções de sub-20 e de sub-21. Crescemos e formámos grandes jogadores. Mas para quê?

Bernardo Silva, mais um talento da formação ignorado pelo Benfica... Fonte: Facebook de Bernardo Silva
Bernardo Silva, mais um talento da formação ignorado pelo Benfica…
Fonte: Facebook de Bernardo Silva

Eu quero ganhar, quero ir ao Marquês e não sou fundamentalista ao ponto de achar que o Benfica tem o poderio económico de um Chelsea ou de um Paris Saint-Germain para conseguir manter as pérolas durante toda a sua carreira. Não, o Benfica não é assim. Mas deixar sair estas pérolas tão novas? Com tanto ainda para dar ao clube? E atenção que estes não são jogadores quaisquer. Não são jogadores que vêm de fora, fazem uma brilhante época no Benfica e se vão embora apenas levando o Benfica na memória. Não! E o senhor, como presidente, deveria saber isto melhor do que eu: estes meninos sentem a camisola, amam-na, vivem-na como poucos o fazem. E se há coisa que falta ao Benfica de hoje são jogadores que sintam o peso do manto encarnado, que conheçam as nossas tradições e que vivam o seu dia-a-dia de águia ao peito. Estes jogadores não levam o Benfica na memória, levam o Benfica no coração, um coração certamente triste por não ter tido mais oportunidades de envergar a camisola encarnada. Um coração que iria ser sempre triste porque sentiria que poderia dar sempre mais pelo seu clube do coração.

Sou jovem e talvez seja burro, utopista e sonhador quando digo que em tempos sonhei com um onze do Benfica em que actuavam jogadores promissores como Mika, Nelson Oliveira, André Gomes, Bernardo Silva, João Cancelo… Pura utopia, puro irrealismo de um jovem ingénuo que não conseguiu ver além do amor a um clube. Neste momento duvido de tudo e começo a sentir pena de jovens talentos como Gonçalo Guedes, João Teixeira, Rui Fonte ou Fábio Cardoso, que provavelmente serão apenas a cara de uma promessa falsa: a promessa de um Benfica baseado na formação.

Sr. Presidente, digo-lhe que me contive durante carta para não o denominar por todos os nomes da gíria que me vêm neste momento à cabeça para descrever o seu comportamento e atitude para com a família benfiquista, para com estes jovens que têm ambição de chegar à equipa principal e acima de tudo para com o que são os princípios deste clube. “E PLURIBUS UNUM” não é uma verdade com uma política de formação e gestão como a sua.

(P.S.: Adeus, Bernardo. Um adeus comovido e triste. Que nunca esqueças que esta é a tua casa e que um dia te volte a ver de manto encarnado sobre os ombros e emblema de águia ao peito).

 

Foto de Capa: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica

De falta de vassouras está o futebol cheio

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eternamocidade

A semana transacta trouxe ao futebol português – mais do que uma típica jornada de campeonato e de Taça da Liga onde os grandes se impuseram com naturalidade – a gala do centenário da Federação Portuguesa de Futebol, em que, na última quarta-feira, diversas personalidades ligadas ao futebol nacional e internacional foram distinguidas no Casino Estoril, em Lisboa.

Aquela noite trazia, por isso, diversos motivos de interesse, entre os quais as presenças ilustres de ex-jogadores como Figo, Rui Costa, Fernando Couto, Chalana, Vítor Baía ou João Vieira Pinto; de altos dirigentes como Joseph Blatter e Michel Platini; e de treinadores como José Mourinho ou o actual selecionador nacional, Fernando Santos. É, por isso, fácil de constatar que, no passado dia 14, se assistiu a uma verdadeira parada de estrelas em Cascais, onde, à margem da conferência Football Talks, se consagraram as maiores personalidades ligadas ao futebol em Portugal. Por isso, era muito aguardada a atribuição de certos prémios, tais como a eleição do “onze histórico”, do “onze contemporâneo” ou do “onze do século”, sem nunca esquecer as nomeações para treinador e jogador do século da FPF. Entre os principais “vencedores” da noite, destacaram-se Cristiano Ronaldo, com a distinção como melhor jogador do século, e José Mourinho, eleito treinador do século para a Federação Portuguesa de Futebol. Entre o onze do século, as presenças de Vítor Baía, Fernando Couto, Germano, Humberto Coelho, Ricardo Carvalho, Coluna, Figo, Rui Costa, Cristiano Ronaldo, Eusébio e Futre são sinónimo de qualidade e sobretudo de orgulho para um país que, apesar de nunca ter vencido nada em termos de selecção A, tem dado a Portugal e ao mundo jogadores repletos de talento.

Ainda assim, e como acontece em quase todos os eventos deste género (basta relembrar o espectáculo que é feito aquando da gala para a eleição do Bola de Ouro), a polémica acabou por também marcar presença. E isso porque, tal como acontece frequentemente nestes eventos, há sempre quem critique a vitória de um determinado jogador ou treinador, enquanto há outros que criticam quem se esquece de uma ou outra homenagem a uma personalidade que, segundo eles, merecia ter sido destacada nessa gala. Depois das quatro vitórias consecutivas de Lionel Messi, que geraram críticas por parte dos fãs de Ronaldo, e das três vitórias de Cristiano, que geraram críticas por parte dos fãs de Messi, desta vez foi a Federação Portuguesa de Futebol que “levou por tabela”. E tudo porque, segundo o FC Porto, dois nomes não foram destacados no Estoril: José Maria Pedroto e Jorge Nuno Pinto da Costa.

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A conferência Football Talks foi um dos eventos organizados pela FPF no âmbito do seu 100º aniversário
Fonte: fpf.pt

Bom, de forma breve, os portistas queixaram-se do “lamentável esquecimento” da FPF, não só por ter passado ao lado de homenagear o dirigente mais titulado da história do futebol mundial mas também pela “incompreensível e inaceitável ausência de qualquer referência a José Maria Pedroto”, o primeiro treinador a “conquistar um título internacional para a Federação, bem como pelas barreiras que ajudou a derrubar no futebol português”. Assim, de forma incisiva e crítica, o FC Porto decidiu insurgir-se contra a Federação Portuguesa de Futebol, abrindo uma frente de ataque que não é de agora relativamente a Fernando Gomes.

Para quem, como eu, viu enquanto espectador e analista a gala da FPF e o comunicado do FC Porto, apetece dizer que toda esta situação dá vontade de rir. Digo-o porque, como em tantas outras ocasiões, a razão está dos dois lados e simultaneamente não está em nenhum. E a explicação para tal acontecimento é simples: tal como sucede nas galas de atribuição de prémios a jogadores ou treinadores, também eu não concordei com algumas presenças e esquecimentos de jogadores e dirigentes na cerimónia da Federação Portuguesa de Futebol. Para mim, que só comecei a gostar de futebol de forma apaixonada a partir da entrada do novo século, não ver o nome de João Vieira Pinto no onze do século é absolutamente ridículo. Tal como, na minha opinião, não faz sentido que um árbitro como Pedro Proença – que não apita há mais de dois meses no campeonato português sem razão justificativa (aparentemente “amuou” por não ter apitado a final do Mundial de Clubes) – seja nomeado melhor árbitro do século para a Federação Portuguesa de Futebol. Mas, como tudo na vida, isto são apenas opiniões que podem ser ou não aceites consoante os gostos pessoais.

Mas, voltando ao princípio, e tal como já referi, o FC Porto tem, de facto, na minha opinião, razões de queixa. Não em relação a Pedroto – com todo o respeito que me merece o saudoso “Zé do Boné” – até porque o ex-técnico acabou por ficar em segundo lugar na nomeação para treinador do século. Agora, relativamente a Pinto da Costa, a minha opinião é bem distinta. De facto, com tantos campeonatos nacionais, Taças de Portugal, Supertaças, Ligas dos Campeões, Taça UEFA, Liga Europa e Intercontinentais, não existem adjectivos suficientes para ilustrar o que tem sido o percurso de Pinto da Costa no FC Porto, a importância deste para o futebol português e, por conseguinte, o esquecimento que teve na Federação Portuguesa de Futebol. Bem sei que o argumento utilizado por alguns puristas foi o de nenhum dirigente ter sido premiado. Bom, o facto é que, ao longo dos últimos trinta anos, por entre os erros que cometeu e os títulos que ganhou, penso que Pinto da Costa, salvo melhor opinião, merecia lugar de destaque numa gala como a que tivemos na passada quarta-feira.

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O golo de Kelvin diante do Benfica ficou para a história
Fonte: Página de Facebook de Kelvin

Contudo, e como disse anteriormente, o FC Porto também não tem toda a razão do mundo quando se fala de distinções. E, para sustentar a minha opinião, basta olhar para o museu do clube e para o tão divulgado “Espaço K”. Por mais estranheza que possa causar, naquele que é um dos lugares mais especiais do clube – pois lá se encontram presentes as grandes memórias e vitórias do passado – é homenageado um jogador, de seu nome Kelvin, cuja “única” coisa feita no clube foi ter marcado um golo decisivo ao Benfica, ao minuto 92. Caro leitor, não estou com isto a ser, como se diz na minha terra, “pobre e mal agradecido” pelo que fez o avançado brasileiro. Aliás, se calhar o golo de Kelvin foi aquele que mais festejei no Dragão desde o célebre dia 16 de Novembro de 2003, a data em que o palco das emoções foi inaugurado. Mas, para alguém que já viu tantos jogadores de classe com a camisola portista, desde Baía e Helton, passando por Danilo, Pepe, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Jorge Costa, Fernando, Lucho, Deco, Moutinho, James, Lisandro, Hulk ou Falcao, ver Kelvin a ser distinguido no museu do clube com um lugar só seu não faz sentido.

Bem sei que muito provavelmente irei, depois deste texto, ser atacado por muitos companheiros de sofrimento pelo clube. Bem sei que esta é uma cruzada onde possivelmente “luto” sozinho. Mas, caro leitor, apesar de reconhecer que o futebol é feito de momentos, não vejo o porquê de o clube não ter no seu museu um espaço “D”, que pudesse distinguir a memorável exibição de Derlei na vitória em Sevilha, contra o Celtic; um espaço “D”, que distinguisse a exibição de Deco, em Gelsenkirchen, na final contra o Mónaco; ou um espaço “F”, que homenageasse os 17 golos da autoria de Falcao na gloriosa campanha na Liga Europa culminada com a vitória, em 2011. O problema é que, infelizmente, o Celtic, o Mónaco ou o Sp. Braga não têm o peso simbólico que o Benfica tem para a esmagadora maioria dos dirigentes e adeptos do FC Porto. Para mim, que opto por ignorar rivalidades baseadas no ódio (ressalve-se, com culpas de ambas as partes), é preferível ter na memória outros “espaços”, como o que se pode ver no museu. Só que nos meus perduram jogadores que foram mais do que simples protagonistas de um momento. Nos meus estão jogadores que marcaram uma era e marcaram o clube.

São prioridades, pois claro. O futebol português é mesmo isto. E se calhar é por isso que precisa tanto de vassouras.

Foto de capa: fpf.pt