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Holanda 2-1 México – Laranjas deram sumo!

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O RESCALDO

O duelo entre Holanda e México adivinhava-se muito intenso e equilibrado. De um lado estava o melhor ataque do Mundial (Holanda, com 10 golos marcados); do outro, a melhor defesa da competição (México, tal como a Costa Rica, com apenas 1 golo sofrido). Ambas as equipas surpreenderam durante a fase de grupos, apresentando um nível futebolístico mais alto do que aquele que delas se esperava à partida, e chegaram aos oitavos-de-final com muita confiança e legítimas aspirações a continuar na senda do sucesso.

Hoje, em Fortaleza, o 3-5-2 de Miguel Herrera superiorizou-se sempre ao 3-5-2 de Van Gaal. O treinador mexicano apostou no onze habitual, incluindo Salcido na posição do castigado Vásquez; o timoneiro holandês insistiu em Kuyt a lateral-esquerdo e substituiu Janmaat por Verhaegh no lado direito da defesa.

Durante a primeira parte, num jogo disputado a um ritmo relativamente baixo e com as equipas tacticamente encaixadas, foi o México a chegar mais vezes e com mais perigo à baliza adversária – Cillessen, algo desconcentrado (teve duas saídas inexplicáveis), podia ter sofrido o golo em remates de Layun (logo no início), Herrera (rematou rasteiro a rasar o poste), Salcido (em boa posição, atirou muito por cima) e Giovani do Santos (com duas boas oportunidades).

No entanto, a Holanda estabilizou o seu jogo depois da pausa técnica aos 30 minutos e ainda construiu duas boas ocasiões para marcar – primeiro Van Persie falhou o remate após um domínio sublime; depois o capitão holandês roubou a bola ao central Rodríguez numa zona privilegiada e entregou a Robben, que acabou derrubado por Márquez e Moreno. Moreno saiu lesionado desse lance e cedeu o seu lugar ao portista Reyes ao intervalo – a segunda lesão da primeira parte, uma vez que Bruno Martins Inidi já havia entrado para o lugar de De Jong aos 8 minutos (obrigando Van Gaal a colocar Blind a trinco).

No regresso dos balneários, o português Pedro Proença apitou para o reatar da partida e os adeptos aztecas só precisaram de dois minutos para festejar o primeiro: Giovani dos Santos desembaraçou-se de Blind e, bem de fora da área, rematou cruzado para o 0-1. Um golaço do prodígio mexicano, a quem finalmente contabilizaram um golo neste Mundial (na primeira jornada tinham-lhe anulado dois golos limpos frente aos Camarões). Depois disso, o México segurou muito bem a vantagem, controlou o jogo e impediu uma reacção forte dos Países Baixos.

Gio dos Santos deu esperanças aos  aztecas  com um golaço  Fonte: Getty Images
Gio dos Santos deu esperanças aos aztecas com um golaço
Fonte: Getty Images

Essa reacção só se começaria a esboçar depois da entrada de Depay para o lugar do desinspirado Verhaegh – a substituição que se impunha e que mudou o jogo. A partir daí, a Holanda começou a jogar em 4-3-3 (defesa com Indi na esquerda, Vlaar e De Vrij no meio e Kuyt na direita; Blind, Wijnaldum e Sneijder no meio-campo; Depay e Robben bem abertos nas alas e Van Persie no centro do ataque) e a Holanda passou a mandar na partida. O primeiro sinal de perigo foi dado logo a seguir, com Ochoa a defender contra o poste, por instinto, um remate de De Vrij. Os extremos da Holanda impediam Aguilar e Layun de subir no terreno e Miguel Herrera trocou Gio dos Santos por Aquino, que veio dar velocidade e intensidade à asa direita do México. Com o México numa espécie de 5-1-3-1, com Salcido como pivot, Aquino e Guardado a fechar nas alas e Herrera como responsável pela ligação a Peralta, a Holanda continuou a controlar o jogo e Ochoa começou a justificar o título de Man of the Match atribuído pela FIFA com excelentes defesas.

Já com Chicharito e Huntelaar em campo, refrescando os respectivos ataques, a pressão dos neerlandeses surtiu efeitos práticos: na sequência de um canto, Sneijder, com uma bomba, reestabeleceu a igualdade aos 88 minutos. E quando já todos esperavam o prolongamento, eis que Robben arranca um penalty a Márquez depois de um fantástico lance individual. Huntelaar, com nervos de aço, converteu a grande penalidade e levou a Laranja Mecânica aos quartos-de-final, para desespero dos aztecas, que estiveram pertíssimo de eliminar os europeus.

O México foi das selecções que mais prazer me deu ver jogar neste Mundial’2014. Com uma equipa muitíssimo bem organizada e com intérpretes fantásticos (não conhecia Vásquez, Aguilar e Layun e fiquei rendido ao seu talento; Ochoa, Márquez, Moreno, Guardado, Herrera, Peralta e Dos Santos deram mais do que eu esperava), La Verde merecia outra sorte. Foram guerreiros, lutaram até ao fim e deixaram uma imagem muitíssimo positiva do seu futebol. Estão, sem dúvida alguma, de parabéns pela sua campanha.

A Holanda… bom, a Holanda tem, em teoria, a passadeira estendida até às meias-finais, uma vez que vai apanhar pela frente o vencedor do Grécia-Costa Rica e é claramente favorita. Com um futebol versátil e pragmático e três jogadores brilhantes na frente, tudo se pode esperar desta inteligente formação de Van Gaal.

Arjen Robben tem sido uma das figuras deste Mundial  Fonte: Getty Images
Arjen Robben tem sido uma das figuras deste Mundial – hoje não marcou mas arrancou um penalty
Fonte: Getty Images

A Figura

Louis Van Gaal – entrou em campo com o esquema táctico com que chegou ao Brasil, o 3-5-2. Porém, em desvantagem, mudou o esquema táctico com uma substituição apenas e revolucionou Laranja Mecânica. A partir daí, a Holanda tomou conta do jogo, foi em busca do golo e acabou por triunfar. Mérito de Van Gaal, que soube abanar tacticamente a equipa e retirou os frutos dessa opção.

 

O Fora-de-Jogo

Paul Verhaegh – cumprindo a sua 3.ª internacionalização, estreou-se no Mundial’2014 num jogo de “mata-mata” – uma missão muito complicada. A verdade é que nunca entrou verdadeiramente no jogo. Concedeu muito espaço a Layun durante o primeiro tempo, desequilibrando a equipa, e acabou por sair no início da segunda parte.

O início da recuperação?

cab desportos motorizados

Regresso a casa para mim é quase como regressar à vida no que toca a ver desporto na TV. Acordar e poder ver o GP da Holanda em Moto3 é muito bom para malucos como eu, que nada têm que fazer, e ainda melhor fica quando temos um português em destaque na prova. Miguel Oliveira ficou em terceiro nesta prova do Benelux depois de uma grande recuperação, pois partiu de 13º; o resultado ainda podia ter sido melhor se não tivesse cometido um pequeno erro na entrada para a chicane final, que lhe custou o segundo lugar.

Em entrevista ao nosso site (para ler aqui), o piloto de Almada dizia que pretendia lutar pelos três primeiros da classificação e, se possível lutar, pelo título; quem me quis ouvir depois desta entrevista talvez se lembre de eu considerar que estes eram objetivos um pouco altos para a moto que o português tem – e neste caso é mesmo a moto, porque o piloto tem qualidade mais do que suficiente. Até agora, infelizmente, tenho tido mais razão do que Miguel; este foi o primeiro pódio da temporada e encontra-se na oitava posição da tabela, com 53 pontos (menos 64 pontos do que o líder e menos 57 que o terceiro classificado). Numa altura em que estamos sensivelmente a meio da temporada (este foi o oitavo GP de dezoito), as previsões de poder lutar pelo título não são as melhores, mas com as melhorias evidentes da moto (esta foi a apenas a terceira vez que o português ficou no TOP10, sendo que duas delas foram nos últimos três GP) pode ser que a consistência dos resultados aumentem e o almadense ainda suba mais na classificação até ao final da temporada.

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A foto do pódio na Holanda
Fonte: motogp.com

Na categoria principal temos tido um total domínio do atual campeão do mundo. Marc Márquez venceu todos os oito GP até agora disputados e está a mostrar que o título da temporada passada não foi um simples acaso. O piloto da Honda está neste momento com 72 pontos de vantagem do segundo classificado, o carismático Valentino Rossi. Márquez, de 21 anos, parece ir lançado para o bicampeonato e assim dar o segundo título seguido à Honda e o terceiro espanhol (Jorge Lorenzo em 2012). Vamos ver se não haverá um domínio como aconteceu com a Red Bull e Sébastien Vettel, até esta temporada, e com Michael Schumacher e a Ferrari. Por falar neste piloto alemão, parece que o pior já passou, e continuamos à espera da recuperação total do piloto.

Colômbia 2-0 Uruguai – Temos Candidato!

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O RESCALDO

A selecção uruguaia voltou ao emblemático Maracanã, onde se sagrou campeã do mundo há cerca de 64 anos. Hoje, em vez de festejar… foi o bombo da festa, fazendo parte de um episódio histórico da selecção colombiana, que alcança, pela primeira vez, os quartos-de-final de um Campeonato do Mundo. Os cafeteros derrotaram a celeste por 2-0.

Ciente do quão mais fraca a ausência de Suarez tornaria a sua formação (o favoritismo deixou de ser repartido e passou para o lado da Colômbia), a selecção uruguaia tentou recorrer à agressividade nos primeiros minutos de jogo, com Álvaro Pereira e Arévalo Rios em evidência nesse campo, na tentativa de intimidar, e consequentemente limitar, a (muita) qualidade técnica dos executantes contrários, especialmente James Rodríguez e Juan Cuadrado…

…  e se isso pareceu ter efeitos imediatos, não se verificaram resultados a longo prazo pois a Colômbia foi mantendo e circulando o jogo (73 % de posse de bola) no meio-campo contrário, ganhando confiança com a bola nos pés, tentando a sua sorte em remates de longe (Zuñiga foi o principal municiador, “centralizando” o seu posicionamento quando Aguilar descaia para a lateral direita) ou em situações de desposicionamento contrário. Uma estratégia que se revelou frutífera, pois foi através do primeiro “modo” que se inaugurou o marcador, numa jogada que pode muito bem ter sido treinada numa das 46 praias do Rio de Janeiro – Aguilar ganha de cabeça uma bola cortada por Álvaro Pereira e assiste James, que, fora da àrea, pára no peito, e sem deixar cair o esférico dispara com força e colocação (a bola bateu na trave) para a baliza de Muslera, candidatando o tento a melhor do Mundial.

O Uruguai não conseguiu reagir ao golo contrário, pois, apesar de ser forçado a correr atrás do prejuízo e a alterar a forma de chegar às redes contrárias, não conseguiu deixar de depender do erro contrário para executar contra-ataques rápidos e foi obrigado a optar pelos lançamentos longos em virtude de uma formação colombiana pressionante (mesmo estando a vencer) na primeira zona de construção contrária e bem organizada quando o adversário conseguia invadir o seu meio-campo, incapacitando-o de criar oportunidades de perigo.

Uma postura notável e digna de uma formação que sabe ter o peso dessa responsabilidade que é o favoritismo. Comportamento que se manteve após o segundo golo (envolvência ofensiva notável, atravessando, horizontalmente, a entrada da àrea contrária e que terminou de forma fantástica: cruzamento de Armero, Cuadrado “aparou” de cabeça, e James deu o toque de final) e que se polongou para o resto do encontro, de nada servindo as tentativas de desespero de Tabarez na busca de um empate (começara em 5x3x2, acabara em 2x4x4, com os laterais, sobretudo Maxi, a funcionarem praticamente como extremos) que, a acontecer, estaria completamente desenquadrado com um encontro dominado pela Colômbia a todos os níveis, numa revelação de personalidade e carácter com e sem bola, em vantagem ou à procura dela. Temos candidato.

Com o bis de hoje, James ficou isolado na lista dos melhores marcadores do Mundial'2014  Fonte: Getty Images
Com o bis de hoje, James isolou-se na lista dos melhores marcadores do Mundial’2014, com 5 golos
Fonte: Getty Images

A Figura

Quando um jogador está em boa forma, as coisas não podem correr mal. James Rodríguez é a ilustração disso mesmo, “monopolizando” os golos da sua selecção com o talento (soberbo primeiro golo) e oportunismo (estava bem colocado no segundo). Para além disso, voltou a espalhar o perfume do seu futebol e reforçou as apetências naturais para jogar a número 10, não se acanhando perante a responsabilidade de dirigir um ataque no qual incide a ilusão de cerca de 48 milhões de adeptos.

 

O Fora-de-Jogo

Mario Yepes esteve envolvido em “sururus” com Diego Fórlan e Diego Godín. Característica de jogador sul-americano, fruto de sangue latino e ilustração da competitividade, mas também sinal de imaturidade e falta de controlo de uma figura que, para além de ser o capitão da sua selecção desde 2008, leva 38 anos de idade e 20 de futebol profissional.

Brasil 1-1 Chile (3-2 g.p.): Os postes fizeram esquecer a traição de Hulk

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O RESCALDO

Vestiram hoje de amarelo e vermelho os artistas que nos proporcionaram três horas de fé, alegrias e tristezas para alguns, de incerteza para todos, de futebol, enfim, para os fãs que anseiam pela repetição deste espectáculo com outras cores e outras nacionalidades mas com a mesma beleza nos próximos dias. De um lado, os meninos predestinados que jogam desde que se lembram na favela, na estrada, no descampado onde se possam colocar duas pedras e uma bola, que é só disso que se trata o futebol; aqueles que apontam como um dos conjuntos de maior valia individual. Do outro, os guerreiros organizados (que Sampaoli não gostará de ver as suas virtudes limitadas à vontade contagiante que existe nos chilenos), os escolhidos por um povo que se aguenta nas minas durante dias a provar que os impossíveis só o são se assim eles o permitirem; aqueles que apontam como um dos conjuntos de maior valia colectiva.

Foi de forma equilibrada que se viveram os primeiros minutos deste embate de – mais do que países – estilos futebolísticos distintos. O Chile parecia mais confortável sabendo que o Brasil iria ter de agarrar a bola e mostrar àquele estádio inteiro que queria ganhar como sempre ganhou, com qualidade, com bola, com a magia de Neymar, que houve sempre um mágico por trás do sucesso brasileiro. Eu, por volta dos 15 minutos, já algo impaciente, perguntava: e o Óscar?

Pouco depois, aos 18, eis que a confortável equipa do Chile se apanhou no momento em que se costuma sentir mais desconfortável: bola parada, jogo aéreo, golo de David Luiz a meias com Jara. 1-0 e o Brasil, astuto e preparado, quis mudar o jogo. Imitou a Holanda que pragmaticamente entregou as despesas do jogo à equipa do Chile há uns dias e ganhou dessa forma. Explorava-se a profundidade através de Neymar e Hulk mas, aos 31 minutos, eis que o mesmo Hulk trairia toda a ideia de Scolari com uma perda infantil perto da sua área que culminaria no golo de Alexis e no 1-1. A equipa do valor individual sofria um revés através de um erro… individual.

O empate do valor colectivo contra o individual  Fonte: FIFA
O empate do valor colectivo contra o individual
Fonte: FIFA

A partir daí até final dos 90 o jogo variou por fases em que as equipas se superavam e onde dois técnicos tentavam dar instrumentos aos seus jogadores para desbloquearem o empate. Mas… e o Óscar?, voltei a perguntar, até que o vi colado à linha, tímido, preso, triste. Oh Scolari, este também é teu menino e também o devias proteger. Sampaoli é que sem problemas mexia na equipa de forma inesperada mas efectiva: sai o ponta de lança Vargas e entra o trinco Gutiérrez. Passo atrás? Não. Ninguém chega à frente sem passar pelo meio, razão pela qual o treinador argentino ao serviço do Chile reforçou o meio-campo e passou a controlar melhor a partida. Scolari trocou Fred por um qualquer Éder brasileiro que Luís Freitas Lobo dizia poder apanhar pássaros cada vez que saltava. O jogo mostrou-nos que nem pássaros nem bolas para desalento de Hulk, que se queria recriminar e o tentou tantas vezes mas ora era Bravo a evitar o golo ora Jô que, nada bravo, desperdiçou um cruzamento milimétrico do 7 ex-Porto. Do outro lado, quem não desperdiçava uma única bola era Alexis que – e temos de gostar mesmo de algo para a proteger tão bem! – guardava a bola como talvez mais ninguém o faça actualmente neste mundo. Que exibição, miúdo!

O jogo seguiu para o prolongamento porque não houve clarividência e inteligência – Óscar, onde andas, craque? – para explorar os pontos menos fortes do adversário. Nos 30 que se seguiram descobrimos que aqueles mineiros disfarçados de futebolistas também eram humanos e sofriam de desgaste. Nada que se compare com o dos portugueses, claro está, mas notou-se a quebra física provocada pela intensidade máxima que colocaram em cada lance de cada jogo disputado até ao momento. O Brasil esteve por cima, procurou mais o golo mas, lá está, faltava Ósc… inteligência ao seu jogo e um pouco de Neymar também, que teve o seu dia menos bom hoje. Entrou Pinilla para o Chile e eis que o ex-Sporting quase deixou de ser o rapaz que marcou o golaço ao Alkmaar para ser o rapaz que marcou o golaço ao Brasil, mas o poste não deixou e permitiu a Hulk não ter pesadelos com o lance dos 31 minutos que o acompanhariam não fosse o Brasil ter acabado por ganhar.

Grandes penalidades, bem batidas por David Luiz, muito mal por Pinilla, com azar para Willian, que quis fazer bem demais, também mal por Alexis, que não merecia esse erro, irrepreensíveis de Marcelo e Aranguiz e de forma errada por Hulk, que nunca entendeu que um penalty é mais engenho do que força. O Chile voltou à decisão mas, no momento da verdade, Neymar teve a calma de quem joga na areia de São Vicente, onde cresceu, e Jara viu bem todo o Mineirão a olhar para si e continuou com o azar que o tinha feito empurrar a bola para a própria baliza ainda na primeira parte. Caíram, mas caíram de pé. O Brasil continua mas terá de depender menos dos postes se quer chegar ao título…

A Figura

Alexis Sanchez – Foi o melhor em campo, segurou o jogo do Chile, era o porto de abrigo do resto da equipa cada vez que precisava de subir e descansar. Atacou, defendeu, acompanhado ou sozinho na frente, recuou no campo, distribuiu jogo. Fez tudo… menos marcar o penalty. Não merecia.

O Fora-de-Jogo

Scolari – Não me podia ter roubado 120 minutos de Óscar assim, encostando o mais criativo que tem a uma linha que ele repulsa e que não lhe permite mostrar 20% do que sabe e pode fazer. Neymar não resolve sempre e, à falta do 10, o treinador tem em Óscar o seu elemento de maior valia ofensiva. Ainda vai a tempo de mudar, para bem dele próprio.

Se o talento ganhasse sempre…

internacional cabeçalho

Apesar de ser indicada por muitos analistas como uma das possíveis surpresas da prova e a mais provável segunda classificada do seu grupo, a Bósnia não se apurou para os oitavos-de-final do Mundial. Os três pontos que amealhou, na última jornada da fase de grupos, diante do Irão foram os únicos conseguidos durante toda a prova, o que costuma ser fatal (como foi) num Mundial.

Na génese deste “falhanço” não me parecem estar limitações de ordem técnica ou de profundidade de plantel. Do meio-campo para a frente, a equipa depara-se com uma autêntica praga de jogadores de qualidade, começando no “cérebro” Pjanic. Um 10 à antiga, capaz de manobrar todo o processo ofensivo no último terço do terreno com relativamente pouco espaço, contribuindo, para tal, com a ajuda de um nº9 dinâmico e bastante versátil – Edin Dzeko. Apesar de ser morfologicamente apontado para jogar como avançado mais posicional (1,93 metros, 84 quilos) e ser capaz de o fazer com a qualidade de um jogador de topo, é também capaz de recuar e auxiliar a construção ofensiva, sabendo explorar alas onde também militam jogadores de qualidade técnica indiscutíveis como Lulic ou Hajrovic. O primeiro é já experiente, muito versátil e funciona de forma fantástica principalmente se contar com espaço para embalar em velocidade (daí o facto de ser utilizado tanto a lateral como a extremo); o segundo é um jogador capaz de dar verticalidade ao jogo bósnio, com diagonais que permitem a penetração do lateral (normalmente direito) que joga atrás de si.

Para além destes jogadores, habituais titulares, há que contar com o virtuosismo de Misimovic (32 anos mas muito talento nos pés, provando que “quem sabe nunca esquece”), a inteligência de Ibisevic (um goleador… operário) e a assertividade no passe de jogadores como Susic ou Besic, ideais para jogar em 4x3x3. No entanto, estes dois últimos têm de ser trabalhados a nível mental, em particular Besic, que é um espelho perfeito daquilo que é a selecção Bósnia: talento desmedido e “ganas de vencer”, mas fraco poder mental quando é necessário tê-lo. Besic, tal como a sua selecção, é muito jovem (21 anos), e apesar de ser habitualmente usado numa zona bastante baixa do terreno, tem talento e potencial para explorar zonas mais adiantadas – tal e qual a cotação do seu país no panorama futebolístico. Basta redireccionar a agressividade para lances em que esta seja mesmo necessária, e controlá-la para que não o comprometa em situações cruciais do jogo… O que foi exactamente o que aconteceu à Bósnia no encontro decisivo frente à Nigéria.

A seleção da Bósnia venceu apenas um jogo e foi eliminada do Mundial'2014 Fonte: FIFA
A seleção da Bósnia venceu apenas um jogo e foi eliminada do Mundial’2014
Fonte: FIFA

Até sofrer o golo que sentenciou o encontro, a equipa conseguiu construir jogo com relativa facilidade e chegou a colocar, de forma regular (mas invalidada pelo árbitro), a bola dentro da baliza contrária. Mas a partir do momento em que surgiu a adversidade (golo nigeriano), passou-se a fazer uma corrida desenfreada e sem critério à baliza contrária que, até aos descontos, em nada resultou. Na fase de desespero, logrou um remate ao poste graças a algum demérito nigeriano, mas até lá foi travada pela racionalidade de um conjunto de jogadores que sabem o que é jogar uma grande competição e ter o país às costas.

Foi uma mentalidade jovem e inexperiente que, nesse jogo, cravou, nos anais da história, a fase de grupos como ponto final na primeira participação da Bósnia numa grande competição. Mas há margem para crescer – se o talento, sozinho, ganhasse jogos, esta equipa seria presença confirmada nas fases decisivas do Mundial.

O Passado Também Chuta: Didi

o passado tambem chuta

Jogava-se a final do Campeonato do Mundo de 1958. De um lado estava a Suécia e do outro lado estava o Brasil. A Suécia marcou o primeiro golo. Didi foi ao fundo das redes, recolheu a bola e regressou ao centro do relvado com a bola debaixo do braço, caminhando com parcimónia. No momento em que o stress poderia aparecer transformou-o imediatamente no momento mais natural. Não se joga apanhado dos nervos e com pressas. O Brasil deu a volta ao resultado e Didi foi considerado o melhor jogador do campeonato. Finalmente o Brasil sagrava-se Campeão do Mundo.

Didi é considerado um dos melhores centro-campistas de sempre. Não tocava a bola, beijava-a. Não jogava futebol, inventava-o. Hoje vivemos o futebol dos especialistas. Fulano sabe marcar e é isso que faz durante o jogo; aquele pressiona bem no meio-campo e não faz outra coisa o resto da sua vida; o outro sabe tirar faltas e é um craque desejado pelos estrategas. Didi sabia tirar faltas e não só as chutava de forma mortífera como inventou o toque e a forma como a bola caíria; chamava-se “folha seca”. Consistia em embater na bola com o exterior do pé, fazendo com que a bola partisse enroscando-se e caísse “de forma lenta, picada e sinuosa, tal como uma folha seca cai ao sabor do vento”. Dizia Didi que ninguém voltou a chutar daquela forma e sonhava ensinar as crianças a realizar esse remate.

Durante um treino com o Garrincha Fonte: torcedorbotafoguense.com.br
Durante um treino com o Garrincha
Fonte: torcedorbotafoguense.com.br

Entre umas equipas e outras, jogou durante 20 anos. Começou na década dos 40 e acabou nos anos 60. Foi componente da linha avançada mais célebre do futebol: Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo. Pertenceu ao Botafogo mais temível de sempre, onde jogou ao lado de Garrincha e Mário Zagalo. Destacou-se no Fluminense. Pertenceu ao Real Madrid de Di Stéfano. Ganhou títulos aqui e além e, como todos os grandes, encontrou-se com Di Stéfano. E aqui está: rezam as lendas que Di Stéfano provocou a sua saída do Real Madrid. Ciúmes ou formas encontradas de ver o futebol. O certo é que li bastantes entrevistas de Di Stéfano e jamais li uma referência elogiosa sobre Didi. Este, referindo-se à sua passagem fugaz por Espanha, disse que eles (Di Stéfano e Puskas) ficavam estragados porque não se sujava e que para deixar a bola franca para os avançados não precisava dessas coisas.

Ganhou dois campeonatos mundiais, uma Taça da Europa, quatro campeonatos cariocas e mais uma resma de troféus. A nível individual, arrecadou a Bola de Ouro do Campeonato do Mundo de 1958, é considerado o sétimo melhor jogador brasileiro do século XX, está catalogado como o 25º melhor jogador mundial do século XX. Um craque. O Príncipe Etíope do Rancho, como lhe chamou o dramaturgo Nelson Rodrigues, faleceu no dia 28 de Abril de 2001, num hospital a escassos 100 metros do Maracanã. Didi marcou o primeiro golo do Maracanã.

Mundial’2014 – Quem sobreviverá aos oitavos-de-final?

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O Mundial’2014 tem sido verdadeiramente memorável! Aos jogos globalmente muito bem disputados – cheios de golos e com vários duelos tácticos muito interessantes de acompanhar – têm-se somado algumas surpresas, como a qualificação da Costa Rica e dos EUA para os oitavos-de-final, as goleadas impostas por Alemanha e Holanda aos países ibéricos e as eliminações precoces de Inglaterra e Itália no «grupo da morte».

Com metade das selecções de fora já podemos traçar uma tendência inequívoca deste Mundial: a supremacia das nações americanas. Das 10 equipas de todas as Américas, 8 passaram à fase a eliminar, ocupando metade do quadro dos oitavos-de-final. Só Honduras e Equador, que sucumbiram perante França e Suíça no grupo E, impediram o pleno das Américas e um desnível ainda maior em relação à Europa. Do Velho Continente partiram 13 selecções para o Brasil, mas nem metade – apenas 6 – logrou chegar ao top 16. De resto, a Ásia e a Oceânia ficaram sem representantes no torneio (eram 4 no início) e de África sobram apenas Nigéria e Argélia (2) das 5 que chegaram a terras de Vera Cruz. Em resumo, nos oitavos-de-final teremos 8 nações americanas, 6 europeias e 2 africanas.

Quadro dos oitavos-de-final do Mundial'2014  Fonte: zerozero.pt
Quadro dos oitavos-de-final do Mundial’2014
Fonte: zerozero.pt

Alguns dos principais favoritos (não todos) vão ter já nesta fase autênticos testes de fogoBrasil, Holanda e Colômbia, especialmente, terão de puxar dos galões para se manterem em prova. É sempre arriscado fazer prognósticos, sobretudo num Campeonato do Mundo tão imprevisível quanto este, mas vou tentar prever quem chegará aos quartos-de-final. Antes de começar, deixo já um primeiro palpite: a tal tendência do domínio das Américas vai esbater-se (até porque há dois confrontos entre equipas desse continente) e apurar-se-ão para os quartos-de-final 4 nações americanas e 4 nações europeias. Vamos analisar jogo a jogo?

BRASIL – CHILE

Neymar é o líder da equipa da casa e já leva 4 golos marcados no Mundial  Fonte: UOL
Neymar é o líder da equipa da casa e já leva 4 golos marcados no Mundial
Fonte: UOL

O Brasil é claramente favorito. Não só porque joga em casa e é penta-campeão, mas essencialmente pela qualidade individual de todos os seus jogadores. Secundado por um Oscar em grande estilo, Neymar, a estrela da companhia, tem brilhado e parece capaz de levar o escrete à final do Maracanã. Contra os Camarões, Fred adquiriu confiança com o golo marcado e Fernandinho pode ter ganho um lugar no onze – boas notícias para o Brasil. O Chile, com uma equipa muitíssimo bem orientada por Sampaoli, fez uma fase de grupos notável (eliminou a Espanha) e tem um 3-5-2 muito bem oleado que, com este Alexis Sanchéz em grande forma, pode causar problemas a qualquer adversário. Ainda assim, não acredito que a defesa chilena resista ao poderoso ataque do anfitrião da prova.

A minha aposta: Brasil

COLÔMBIA – URUGUAI

A magia e a classe de James são uma mais-valia da Colômbia  Fonte: Fox Sport Asia
A magia e a classe de James têm valido pontos à Colômbia
Fonte: Fox Sport Asia

Este jogo, entre duas das minhas selecções favoritas, é aquele cujo resultado me parece mais imprevisível, uma vez que ambas as equipas se apresentam em grande forma e têm tudo para proporcionar um taco-a-taco deslumbrante. É difícil anunciar um favorito, mas ninguém duvida de que será um fantástico espectáculo. A Colômbia tem um futebol positivo, alegre e ofensivo, apimentado por um conjunto de intérpretes de alto nível e orientado por um competentíssimo Pékerman. Nem a ausência de Falcao se tem feito notar – na falta de El Tigre, James é o cabeça-de-cartaz do segundo melhor ataque da prova. Os cafeteros tiveram uma fase de grupos tranquila: ao mesmo tempo que superaram todos os adversários sem grandes dificuldades, mostraram que têm muitas e boas soluções para qualquer posição, designadamente no ataque. O Uruguai, semi-finalista do último Mundial, esqueceu o desaire inicial com a Costa Rica e bateu a Itália e a Inglaterra. Todavia, a aura positiva que rodeava a celeste no fim da fase de grupos desvaneceu-se com o anúncio da ausência de Suárez por castigo – uma mordidela nas aspirações do Uruguai, que fica privado do seu melhor marcador. O 3-5-2 de Tabárez, alicerçado na experiência e na raça dos seus guerreiros, será sempre difícil de contrariar. O Uruguai é uma equipa solidária e muito entrosada que jamais se rende. Devo dizer que estava decidido a apostar no Uruguai, mas sem Suárez inclino-me para a Colômbia. Com 50,01% de certeza!

A minha aposta: Colômbia

HOLANDA – MÉXICO

Robben e Van Persie comandam uma Holanda surpreendente  Fonte: Vavel
Robben e Van Persie comandam uma Holanda surpreendente
Fonte: Vavel

O México foi, na minha perspectiva, uma das grandes surpresas da fase de grupos. Com uma selecção experiente, que se dispõe num 3-5-2 compacto e com muita mobilidade à frente, os aztecas tem capacidade para proporcionar uma inesperada eliminação dos holandeses. Todavia, esta Holanda altamente pragmática que dizimou Espanha e Chile tem exibido um nível incrivelmente alto. Com Sneijder a servir Robben e Van Persie em transições rápidas e Depay a ascender como uma das revelações da prova, a Holanda tem-se revelado mortífera nesta versão 3-5-2. A ausência de Vásquez no México, o pivot defensivo e a plataforma giratória do meio-campo, poderá ser um handicap difícil de ultrapassar por Miguel Herrera. Embora simpatize com os mexicanos, estou convencido de que com Van Gaal no banco e a dupla Van Persie-Rbben em campo passa a Holanda.

A minha aposta: Holanda

COSTA RICA – GRÉCIA

Joel Campbell é a maior ameaça da equipa da Costa Rica  Fonte: toovia.com
Joel Campbell é a maior ameaça da equipa da Costa Rica
Fonte: Getty Images

Só um lunático diria que a Costa Rica ou a Grécia chegariam aos quartos-de-final deste Mundial. A verdade é que um deles vai lá estar. Este é o duelo dos underdogs. De um lado, a coqueluche da América Central, a grande surpresa deste Mundial, a elogiadíssima Costa Rica, que de derrotada à partida se fez líder do «grupo da morte». Do outro lado, a Grécia liderada pelo português Fernando Santos, que com uma mistura de fortuna e engenho sobreviveu ao grupo C. Os helénicos, sem dar grande réplica à Colômbia no jogo inaugural, seguraram o empate com o Japão em inferioridade numérica e derrotaram a Costa do Marfim dos derradeiros instantes. Podem surpreender porque estão em crescendo e são mais experientes (tenho gostado particularmente do médio Kone), mas acredito que a organização táctica e a confiança dos costa-riquenhos podem desequilibrar os pratos da balança a seu favor. O empate com a Inglaterra e as vitórias sobre a Itália e o Uruguai mostram como Jorge Luís Pinto formou magistralmente uma selecção que, sem nenhum dos grandes craques do futebol mundial, tem todas as condições para chegar ainda mais longe. Estou convicto de que Bryan Ruiz e Joel Campbell levarão o sonho dos costa-riquenhos até aos quartos-de-final, mas gostava de continuar a ver a Europa do Sul representada e um técnico português a dar cartas.

A minha aposta: Costa Rica

FRANÇA – NIGÉRIA

Benzema tem sido o protagonista do ataque gaulês  Fonte: mensquare.com
Benzema tem sido o protagonista do ataque gaulês
Fonte: mensquare.com

A Nigéria, actual campeã africana, tem correspondido às expectativas: teve o azar de empatar com o Irão e a sorte de ganhar à Bósnia antes de dar muita luta à Argentina no último jogo. Com uma equipa organizada e jogadores rápidos na frente (Musa e Emenike têm estado em excelente plano), a Nigéria pode causar uma surpresa se estiver num dia de particular inspiração, mas acho muito pouco provável que consigam ultrapassar a poderosa França. Didier Deschamps implementou um modelo de jogo bem definido, conseguiu pôr o colectivo a funcionar e tem muitas soluções à sua disposição (isso ficou bem patente no último jogo, com o Equador), o que lhe permite adequar o onze à estratégia de jogo sem perder identidade nem qualidade. Os bleus já mostraram que são uma das formações mais fortes deste Mundial – têm uma defesa jovem mas experiente, um meio-campo fortíssimo do ponto de vista físico, técnico e táctico (Cabaye, Pogba, Matuidi e Sissoko dão garantias de intensidade e clarividência em todos os momentos do jogo, profundidade ofensiva e cobertura defensiva) e um ataque endiabrado (Benzema e Valbuena em grande forma; Giroud, Griezmann e até Remy claramente soluções mais do que válidas e todas elas diferentes). Prevê-se um jogo muito físico e muito bem disputado, mas a França parece-me claramente superior. Passam os “franciús”.

A minha aposta: França

ALEMANHA – ARGÉLIA

Klose e Müller – o encontro de gerações no eficaz ataque germânico  Fonte: Eurosport
Klose e Müller – o encontro de gerações no eficaz ataque germânico
Fonte: Eurosport

Um dos desafios mais desequilibrados dos oitavos-de-final. A Alemanha é uma das super-favoritas neste Mundial – é a equipa mais forte da Europa. O cenário de uma eventual eliminação da Mannschaft nos oitavos-de-final não passa pela cabeça de ninguém. É certo que a Argélia é um conjunto competente, aguerrido e perigoso nas saídas para o ataque, mas francamente não estou em crer que tenha argumentos para superar a pujante selecção alemã. Adoptará, com certeza, uma postura mais defensiva, procurando aguentar o empate o máximo de tempo possível. Só que a Alemanha sabe que não pode permitir veleidades no “mata-mata” e por isso deverá entrar forte no jogo, praticando o futebol ofensivo e de posse que lhe é característico, com a paciência, a concentração e a frieza necessárias para aproveitar os espaços e chegar ao(s) golo(s). Müller quer ser o melhor marcador deste Mundial, Klose quer ser o melhor de todos os Mundiais – este pode ser um bom jogo para os levar a atingir esses objectivos. Se os alemães marcarem cedo podem golear.

A minha aposta: Alemanha

ARGENTINA – SUÍÇA

messi
Lionel Messi já é um dos melhores marcadores do torneio – lendário
Fonte: sdgpr.com

Messi tem estado completamente imparável. Marcou em todas as partidas até agora e parece determinado a escrever mais uma página dourada da história do futebol argentino. Os sul-americanos não foram tão avassaladores quanto se esperava, num grupo relativamente fácil, e têm apresentado um estilo de jogo bastante conservador (a titularidade de Gago tem sido muito criticada; Enzo poderia acrescentar algo mais à equipa). O poder de fogo do ataque alviceleste, que não conta com o lesionado Agüero nos próximos jogos, ainda não foi potencializado e a Argentina tem-se dado ao luxo de viver à custa do génio de Messi. Porém, também Di María, Lavezzi ou Higuaín podem decidir o jogo em qualquer segundo. E se é verdade que a Suíça tem bons jogadores – os experientes Inler e Behrami (fundamentais no meio-campo), os laterais Rodriguez e Lichtsteiner (importantíssimos no ataque, a dar profundidade) e o inevitável Shaqiri (puxado para o centro, arrancou um hat-trick no último jogo) – não é menos verdade que os helvéticos têm na instabilidade do eixo central da defesa uma das suas maiores pechas. Caso o ataque da Argentina decida “abrir o livro”, a Suíça nada poderá fazer para o contrariar. A selecção das pampas deverá ganhar com maior ou menor facilidade.

A minha aposta: Argentina

BÉLGICA – E.U.A.

Hazard é a figura de proa desta Bélgica entusiasmante  Fonte: Getty Images
Hazard é a figura de proa desta Bélgica entusiasmante
Fonte: Getty Images

A Bélgica bateu Rússia, Argélia e Coreia do Sul no grupo C e chega invicta aos oitavos-de-final. Era dada como uma das “prováveis surpresas” deste Mundial e a verdade é que, sem ser demolidora, tem tido desempenhos muito positivos. Com uma defesa experiente, um meio-campo fortíssimo e cheio de soluções e um ataque jovem e irreverente, esta geração de ouro da Bélgica parece destinada a ir longe. Do outro lado estão os Estados Unidos, que voltaram a eliminar Portugal na fase de grupos. Da outra vez, em 2002, chegaram aos ‘quartos’ e fizeram a sua melhor campanha desde 1930 (ficaram em 3.º no primeiro Mundial!). Conseguirão repetir o feito? Não acredito. O 4-2-3-1 de Wilmots, que tem beneficiado do bom momento de Witsel, Fellaini, Hazard, Mertens, De Bruyne ou Origi, parece suficientemente consistente para assegurar uma vitória europeia. Estou a torcer pelos Diabos Vermelhos!

A minha aposta: Bélgica

 

Como notaram, as minhas escolhas foram altamente conservadoras – limitei-me a apostar em todos os primeiros classificados de cada grupo. Bom, mas se a minha bola de cristal estiver bem calibrada, teremos:

  • Brasil-Colômbia (único confronto entre equipas da América do Sul – Brasil rumo ao hexa?);
  • Holanda-Costa Rica (milagre da Costa Rica ou Holanda mais uma vez nas meias-finais);
  • Alemanha-França (duelo de gigantes europeus; Mannschaft favorita);
  • Argentina-Bélgica (ambas chegam só com vitórias aos ‘quartos’; Messi e os amigos são favoritos).

Terei sido cauteloso demais ou há mesmo 5/6 equipas que são claramente mais fortes do que todas as outras? Façam as vossas apostas. Quais as 8 equipas que chegarão aos quartos-de-final do Mundial’2014?

Bélgica 1-0 Coreia do Sul: até com 10 os diabos vermelhos ganham

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O RESCALDO

Bélgica a vencer a Coreia do Sul: nada de anormal, provavelmente o resultado que se esperava. Mas o que importa aqui salientar é que a selecção europeia esteve reduzida a 10 unidades durante mais de 45 minutos, devido à expulsão de Steven Defour, médio do FC Porto, depois de uma dura entrada sobre um jogador sul-coreano.

Mas indo ao início da partida, tínhamos uma Bélgica já apurada para os oitavos-de-final, ou seja, livre de pressão, que tinha pela frente uma Coreia do Sul com poucas hipóteses de seguir em frente na prova, depois da derrota da jornada anterior frente à Argélia. E a verdade é que, na primeira parte, o conjunto asiático assustou a formação belga, com os seus habituais ataques rápidos, aproveitando a velocidade dos seus jogadores. Contudo, a Bélgica, mesmo com algumas alterações no seu tradicional onze inicial, quase sempre conseguiu neutralizar as investidas sul-coreanas, com Courtois a revelar, quando chamado a intervir, a segurança do costume. Até que, à beira do intervalo, surgiu o tal momento em que Defour foi expulso (cartão vermelho directo bem mostrado, diga-se), deixando a sua equipa com menos um elemento em campo.

Bélgica a ganhar: um hábito Fonte: dailymail.co.uk
Bélgica a ganhar: um hábito
Fonte: dailymail.co.uk

Mas quem pensou que a etapa complementar seria passada quase por inteiro no meio-campo defensivo da Bélgica enganou-se, porque a equipa orientada por Marc Wilmots nunca deixou de espreitar o ataque, disputando o jogo quase por inteiro com a Coreia do Sul. E, de facto, até através desse dado deu para perceber como a selecção asiática está muito longe de ser um poderio, já que os comandados de Kim Seung-Gyu raramente conseguiram mostrar ser motivo de sufoco para os diabos vermelhos. Aos 60 minutos, talvez o momento que ainda acabou por dar mais força à Bélgica na partida: as entradas de Chadli e Origi, para os lugares de Januzaj e Mertens, respectivamente. O ataque da equipa europeia refrescou, a Bélgica cresceu no jogo, mesmo com apenas 10 jogadores em campo, e a Coreia do Sul percebeu que estava a gozar os seus últimos minutos neste Mundial 2014. E assim sendo, como que um corolário lógico do desafio, a Bélgica adiantou-se no marcador, após recarga de Vertonghen a uma defesa incompleta de Kim Seung-Gyu. Estava feito o resultado, estava consumado o pleno para a Bélgica neste grupo H, estava consumada a despedida da Coreia do Sul do Campeonato do Mundo.

Contas finais, uma moralizadíssima Bélgica vai defrontar os EUA nos oitavos-de-final da competição, provando que é uma equipa a ter debaixo de olho, devido à elevada qualidade dos seus jogadores, enquanto a Coreia do Sul tem de lutar muito para voltar a ter equipas como aquelas que já teve noutras alturas.

A FIGURA

Leque de opções da Bélgica – a equipa de Marc Wilmots dá-se ao luxo de rodar jogadores e de promover alterações, mas mesmo assim o ADN do conjunto nunca desaparece. Sim, é verdade que os diabos vermelhos até nem fizeram nenhuma exibição de sonho nesta fase de grupos, mas a verdade é que fica a ideia de que, mesmo sem acelerar e forçar muito, a Bélgica venceu os três jogos e assim seguiu para a próxima fase da prova. Mesmo com 10 jogadores em campo, os belgas não deram chances à Coreia do Sul.

O FORA-DE-JOGO

Coreia do Sul para baixos voos – desde o primeiro jogo, frente à Rússia, que se percebeu que esta selecção sul-coreana teria problemas para seguir em frente na prova. Depois da hecatombe frente à Argélia na ronda anterior, os sul-coreanos sabiam que a partida desta noite era decisiva, mas a verdade é que voltaram a falhar. Mesmo criando algumas oportunidades, a Coreia do Sul demonstrou que está a anos-luz de uma Bélgica, demonstrando também que será necessário muito trabalho para que esta equipa seja mais competitiva no Mundial em 2018, na Rússia.

Argélia 1-1 Rússia: Super Slimani

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 O RESCALDO

O encontro entre russos e argelinos era importantíssimo para as contas do grupo H. Para passar, a Rússia precisava obrigatoriamente de vencer e esperar que a Bélgica vencesse também, enquanto que para a Argélia bastava o empate.

A Rússia entrou muitíssimo bem no jogo e logo aos seis minutos inaugurou o marcador, fruto de um excelente cabeceamento de Kokorin, deixando MBolhi pregado ao chão. Depois do golo, a equipa de Slimani e companhia viu-se em desvantagem, sendo obrigada a correr atrás do resultado, visto que este apenas era benéfico para a Rússia.

Grande início da seleção russa, que, com este golo e respetivos três pontos, estava nos Oitavos de Final. Todavia, o intervalo fez muitíssimo bem à seleção argelina, que entrou na segunda parte com uma atitude completamente diferente: procurou o golo, organizou o seu meio-campo, tentando causar oportunidades de golo em vez de jogar diretamente para Slimani, e dispôs de algumas oportunidades para empatar a partida. Com a procura do golo por parte dos argelinos, os russos jogaram em contra ataque e quase marcaram, não fossem as boas defesas do guardião MBolhi.

Slimani voltou a estar em destaque Fonte: FIFA
Slimani voltou a estar em destaque
Fonte: FIFA

Neste jogo, o ponto forte desta seleção foram as bolas paradas e, aos 59 minutos, fruto de mais uma bola parada, Islam Slimani subiu mais alto do que Akinfeev e empatou a partida, levando os adeptos presentes no estádio ao delírio. Grande golo! Os restantes 30 minutos foram de sofrimento para ambas as seleções: a Rússia procurava desesperadamente o golo, e a Argélia procurava manter este resultado até ao fim. Ou seja, houve emoção até aos últimos segundos!

O jogo terminou, e pela primeira vez na sua história a Argélia qualificou-se para os Oitavos de final de um Mundial. Esta passagem deveu-se a uma seleção com uma enorme raça, espírito de sacrifico e entrega em todos os jogos que disputou.

A Figura:

Islam Slimani tem de ser, obviamente, a figura do encontro, por ter marcado o golo que garantiu a histórica passagem argelina aos Oitavos de Final e por ter ajudado e muito a equipa no encontro diante da Coreia do Sul (marcou um golo e fez duas assistências).

O Fora-do-Jogo:

Para mim, Fábio Capello destacou-se pela negativa com as duras críticas que fez às arbitragens, considerando que foram estas o principal motivo da eliminação russa. Péssima atitude!

 

Portugal 2–1 Gana: nem com ganas lá fomos

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O RESCALDO

“O sonho era possível”. Acredito que este seja um dos títulos usados nas capais dos jornais desportivos de amanhã. O cliché é grande, é certo, mas verdadeiro. Portugal teve inúmeras ocasiões de golo para tornar realidade o tal sonho impossível. Numa tarde que pedia duplo ecrã, os portugueses viram a Alemanha, que bateu os Estados Unidos por 1-0, dar esperança à permanência de Ronaldo e companhia no Brasil, mas Portugal não cumpriu a sua parte da missão e deixa, de forma justa, o Brasil.

Rapidamente se percebeu que Portugal entrou para dominar e controlar o jogo. O início forte da seleção traduziu-se em duas ou três ocasiões de golo de iminente, com Cristiano Ronaldo em grande evidência. O capitão das quinas, porém, viu a trave (6’) e Dauda (19’) negarem-lhe o tão desejado golo. O 4-3-3 de Portugal sobrepôs-se ao 4-4-2 do Gana muito pelas entradas de William Carvalho e Rúben Amorim para o meio-campo. Portugal não só ganhou equilíbrio e força (William), como também adquiriu uma maior eficácia no jogo vertical e qualidade no transporte de bola (Amorim).

Do outro lado, o Gana, à exceção de dois lances de contra-ataque, pouco incomodou a baliza de Beto na primeira metade da partida. Portugal jogava mais e melhor. A supremacia portuguesa finalmente deu frutos ao minuto 31: Miguel Veloso, após receber a bola de João Moutinho (excelente trabalho individual), cruza para a grande área adversária e é o defesa ganes Boye que desvia, inadvertidamente, a bola para o fundo da baliza do Gana.

O primeiro golo português foi um bom tónico para a motivação da equipa. Com os índices de confiança altos, Portugal tentou, ainda que sem êxito, dilatar o marcador e facilitar a tarefa para a segunda parte. Ao intervalo, as notícias de Recife não eram as melhores: mantinha-se o empate entre alemães e americanos.

O início da segunda parte trouxe uma seleção das quinas diferente, para pior. Portugal continuava à procura de golos, é certo, mas perdeu fluidez e dinâmica. A equipa desuniu-se e os índices de concentração caíram a pique. O Gana ganhou alento e ameaçava a baliza de Beto com alguma regularidade.

Portugal pagou caro a ineficácia frente ao Gana  Fonte: FIFA
Portugal pagou caro a ineficácia frente ao Gana
Fonte: FIFA

Faltava um “clique” que catapultasse Portugal para uma exibição, no mínimo, semelhante à da primeira parte. Esse “clique” bem podia ter-se dado com a notícia de que Alemanha se adiantava no marcador frente aos Estados Unidos da América. Ironicamente, no mesmo momento em que, no Recife, Muller faturou o seu quarto golo no Mundial, Asamoah Gyan fez o empate frente a Portugal. Que enorme golpe nas aspirações lusitanas.

Portugal, no entanto, não baixou os braços e foi atrás dos golos. Paulo Bento tirou João Pereira e Éder, por Varela e Vieirinha, numa desesperada tentativa de oferecer maior volume ofensivo. A verdade é que a seleção portuguesa ganhou outra vida e chegou ao golo por Cristiano Ronaldo, o seu primeiro na competição. O capitão das quinas trouxe alguma justiça ao marcador, mas Portugal continuava longe, bem longe, dos oitavos de final – necessitava ainda de recuperar de uma desvantagem de três golos.

De forma incrível, a reta final do jogo ficou marcada por várias ocasiões de golo. Mas, mais uma vez, Portugal não se conseguiu transcender. Além da habitual impaciência, os jogadores portugueses falharam estrondosamente na eficácia, logo num jogo destes, onde se pedia, acima de tudo, um grande acerto nas oportunidades de golo.Portugal deixa o Brasil com uma vitória (e uma boa exibição) por 2-1 sobre o Gana, mas com a certeza de que podia – e devia – ter feito muito mais. Os dois primeiros jogos da fase de grupos não demonstraram, de todo, o potencial da seleção lusa. Portugal acordou tarde para o Mundial, e, por isso mesmo, abandona o Brasil mais cedo do que o esperado.

A Figura:

João Moutinho – excelente exibição do médio português. Para além da criatividade, trabalhou imenso para a equipa. Foi o motor de um meio-campo (com William Carvalho e Ruben Amorim) que devia ter jogado desde a primeira partida, frente à Alemanha.

O Fora-de-jogo:

Nani – completamente desinspirado. Trapalhão, péssimo na receção e inconsequente, Nani foi um elemento a menos durante toda a partida.