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Depois de Loeb, Ogier

cab desportos motorizados

Os desportos motorizados incluem várias modalidades, todas elas com os seus encantos. Hoje vamos falar sobre ralis, já que o título mundial foi entregue na passada quinta-feira.
O espaço desta semana vai ser mais em jeito de biografia do que de opinião, pois a ocasião assim o exige.

http://autosport.pt/o-ultimo-duelo-loeb-ogier=f115048
Loeb e o discipulo
Fonte: autosport.pt

Sébastien Ogier sucede ao super-campeão Sébastien Loeb, o que equivale a dizer que o aluno sucede ao professor. Ambos os pilotos contaram, desde novos, com o apoio da Federação Francesa de Automobilismo (FFSA), que, ao patrocinar a participação em provas dos jovens valores do país, lhes dá visibilidade e experiência.

Ogier nasceu em Gap, no sul de França, a 17 de dezembro de 1983. Após vencer o Troféu 206 de França, em 2007, foi convidado para representar a equipa da FFSA no campeonato júnior do mundial (J-WRC), na temporada seguinte, aos comandos de um Citröen C2 S1600. A primeira época do francês nesta competição não podia ter corrido melhor: obteve três vitórias e um segundo lugar, o que lhe garantiu o título mundial. Para comemorar a conquista, a FFSA proporcionou a Ogier a estreia aos comandos de um WRC – o Citröen C4 WRC. Esta estreia deu-se no Rally da Grã-Bretanha, o qual, apesar de ter terminado em 26º, liderou durante as primeiras cinco especiais.
O ano de 2009 marca a estreia do francês a tempo inteiro no campeonato do mundo (WRC), ao serviço da Citröen Junior Team. O melhor resultado da época é o segundo lugar obtido no Rally da Grécia, considerado um dos mais duros do mundo. A classificação final do campeonato foi o oitavo posto, o melhor entre os pilotos da equipa. Nesse mesmo ano, participa ainda, aos comandos de um Pegeuot 207 S2000, no mítico Rally de Monte Carlo, prova que acaba por vencer.

http://www.gotcone.com/blog/page/9
Fonte: gotcone.com/

A temporada de 2010 é considerada a época de afirmação do piloto. Neste ano, Ogier consegue as primeiras vitórias no WRC e acaba a temporada a fazer os ralis de terra na equipa oficial da Citröen, em vez da equipa júnior. A sua primeira vitória é no Rally de Portugal, sendo que ganhou ainda o Rally do Japão, mas já ao serviço da equipa principal. O francês termina o ano de 2010 no quarto posto da classificação.

Em 2011, passa em definitivo para a equipa principal da Citröen, que estreia neste ano o novo DS3 WRC. Ao obter cinco vitórias (Portugal, Jordânia, Grécia, Alemanha e França), acaba a temporada em terceiro. Os resultados obtidos abrem a discussão sobre quem a equipa francesa deve escolher para líder: se o campeão Loeb, ou se a estrela em ascensão Ogier. A escolha caiu no primeiro, e Ogier decide mudar de equipa, entrando para a Volkswagem, que se encontrava a preparar a sua entrada no WRC. Foi, no fundo, um passo atrás para conseguir dar dois em frente.
A temporada de 2012 é passada em testes ao Polo WRC e em prova, ao volante do Skoda Fabia S2000. Num carro mais fraco que os WRC, Ogier consegue mesmo assim acabar em 10º no campeonato.

 http://www.theguardian.com/sport/2013/oct/03/sebastien-ogier-world-rally-championship-title
Fonte: The Guardian

A temporada de 2013 está a ser totalmente brilhante. A estreia do Polo WRC não podia estar a ser melhor e Ogier já venceu seis provas (Suécia, México, Portugal, Itália, Finlândia e Austrália), além de dois segundos lugares (Monte Carlo e Argentina), que já lhe valeram o título mundial, apesar de ainda faltar disputar duas provas e acabar o Rally de França, cujo desfecho é amanhã. Foi precisamente no seu país natal que Ogier se sagrou campeão mundial, pois a Power Stage foi a primeira especial disputada do rali, em vez da última, como habitualmente acontece.

Ogier chega assim, aos 29 anos, ao seu primeiro título mundial, na categoria principal de ralis. Tendo em conta a situação atual da modalidade, a qualidade do piloto e a qualidade do carro, não é de estranhar que este seja o primeiro de muitos títulos. Mas atenção: o próximo Sébastien já vem aí. Falo de Sébastien Chardonnet, de 24 anos (faz 25 no dia 17 deste mês), que, com o apoio da FFSA, está prestes a vencer o WRC3, competição que se destina aos carros da categoria “R3”.

Artigo revisto por: Francisca Carvalho

Jogo a Jogo

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No início desta época, alguém me perguntou como seria o desempenho do meu clube durante este campeonato. Ao contrário de todas as outras (em que a resposta era sempre “Vamos ser campeões!”), este ano, por alguma razão, a resposta foi diferente. Mais contida e mais realista. Não porque não haja motivo para expectativas – finalmente este ano parece que o caminho a seguir é outro – mas porque aprendi a saber esperar. Embora com algum atraso, sei que o nosso dia vai chegar. Caminhamos para lá, definitivamente.

Em relação aos nossos jogadores e a quem nos dirige, só podemos pedir que se esforcem em todos os jogos e todos os dias para nos devolverem a glória que um dia foi nossa e que alguém se encarregou de tirar.

Respira-se um ambiente diferente, isso é certo. Atrever-me-ia a dizer que assusta algumas pessoas o facto de que esta onda verde tenha acordado e esteja para ficar. É algo novo, a que nem os sportinguistas estavam habituados. Resta-nos esperar que este ano esteja guardada alguma surpresa para os lados de Alvalade que catapulte o clube para patamares de outra dimensão.

Nós, sócios e adeptos, cá continuamos como sempre. Unidos, esperançados e dotados de uma paciência inabalável. Isso ninguém nos tira e já não conseguimos viver de outra forma. Chamem-nos malucos ou digam-nos que a Champions League só se joga na Playstation.

Mas no final, e como sempre, veremos. Jogo a jogo.

O Factor Presidente

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portosentido

Na estrutura do Porto há sempre um manda chuva. Uma pessoa que, nos momentos difíceis, se mostra presente e nos momentos prósperos sabe gozar o seu sucesso. No Porto é fácil identificar o manda-chuva. É fácil identificar o seu homem do leme: Pinto da Costa.
Um presidente não deve, em cada derrota, fazer uma visita ao balneário ou ao treino da equipa. Uma situação como essa pode colocar mais pressão tanto na equipa técnica como nos próprios jogadores. No entanto, existem certas situações em que é necessário a intervenção do presidente.

Após a derrota, em casa, perante o Atlético de Madrid, Pinto da Costa fez questão de se dirigir ao campo do Olival para conversar com os membros do plantel do Porto e em especial com Paulo Fonseca. A visita do homem do leme azul e branco mostra o engenho que Pinto da Costa tem mostrado ao longo do seu reinado no FC Porto. Numa situação que podia, devido à forma como o Porto perde o jogo com o Atlético, deixar marcas, Pinto da Costa fecha todas as portas e janelas à possível desconcentração.

No Porto, mais do que em qualquer outro clube em Portugal, a personagem do presidente é a mais forte. É em situações como estas que um presidente pode fazer pender a balança para o positivo e tentar tirar bons indícios de uma derrota. Após a primeira derrota da era Paulo Fonseca, quem faz a equipa levantar não é o treinador. Quem diz “presente” é o homem do leme. No próximo Domingo, contra o Arouca, não vai haver, em nenhum jogador do Porto qualquer tipo de memória do jogo da Champions. O Porto será Porto!

Um aparte…
Não posso deixar passar em branco o aniversário de cha cha cha Martinez. O goleador colombiano completa hoje 27 anos. Sendo um dos grandes obreiros da conquista do campeonato do ano passado é-me muito complicado deixar passar esta marca. Jackson Martinez faz 27 anos. Esperemos que, este ano, sejam 27 os golos que irá marcar ao serviço do Porto.

No futebol está tudo inventado!

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Topo Sul

Neste vasto mundo futebolístico é lógico, pelo menos para mim, que existam alguns senhores que, pelo seu estatuto de sábios do futebol, experimentem novas abordagens, testem determinados movimentos ou que apostem em novos jogadores. Coisas da bola. O futebol só progride se estiver em constante mutação e evolução e, nesse sentido, estou totalmente do lado daqueles treinadores que assumem o desejo de arriscar e de implementar a sua filosofia e as suas ideias de jogo. Como se diz na gíria, meter o seu próprio cunho na sua equipa para que esta se reveja no treinador. Os melhores trabalham assim e Jorge Jesus está entre os melhores. Disso ninguém duvida.

Já disse que a capacidade criativa é crucial no futebol. Também já disse que o treinador do Benfica é dos melhores do Mundo a trabalhar com os jogadores e a fazê-los evoluir. Só ainda não referenciei o termo “inventar no futebol”, mas ainda vou tempo. Nos meus tempos de futebolista, tive vários treinadores e todos eles , no primeiro treino da época, diziam: “Jogadores, no mundo está tudo inventado. Aqui ninguém vai inventar nada”. De facto, eu sempre tive aquelas palavras em conta e hoje, quando vejo o meu Benfica jogar, lembro-me sempre delas. Para mim a palavra inventar, no Mundo do futebol, sempre teve uma conotação negativa. Fazer um passe de calcanhar quando se pode ser mais eficaz, arriscar um pontapé acrobático, quando se pode encostar de cabeça, enfim isso é inventar no futebol, enquanto jogador. Porém, agora interessa-me relacionar este misterioso termo com o papel do treinador e para isso vou centrar-me em Jorge Jesus.

Desde que chegou ao Benfica, Jesus não tem parado nem de experimentar, nem de inventar. Experimentou jogadores em novas posições, colocando-os a jogar o dobro do que quando o faziam na sua posição original, como é o caso de Enzo Pérez ou Fábio Coentrão. Experimentou um losango no meio campo, que impressionava qualquer adepto de futebol, no ano do título em 2010. Mas também inventou. E muito. E experimentar, não é inventar. Inventou sempre que defrontou um adversário de qualidade acima da média. Inventou sempre nos momentos cruciais e quando não o devia fazer.
Como adepto positivo e optimista que sou, não costumo agarrar-me às desilusões do passado e de fazer perdurar a mágoa do minuto noventa e dois. Por isso mesmo, já só vejo o Benfica versão 2013/2014. Este Benfica tem o mesmo plantel que tinha na temporada passada e acrescentou a qualidade sérvia. Os “vic” são jogadores talentosos e com um futuro brilhante, mas ainda estão cá os mesmos artistas que brilharam na época transacta, mister! Para quê mexer numa equipa que (esquecendo as não conquistas) fez uma temporada de altíssimo nível em três frentes?

Em pouquíssimos meses, Jorge Jesus já ligou o seu “inventor” e parece não querer desligá-lo. E ninguém parece querer desligar-lhe a ficha. O técnico começou por substituir um lateral-ofensivo (que havia sido invenção sua), por um ainda mais ofensivo que, por sua vez, foi substituído por outro ainda mais ofensivo. Hoje, ainda não temos defesa-esquerdo, na verdadeira acepção da palavra. Ao caso Melgarejo-Cortez-Siqueira, seguiram-se as mexidas no meio campo. A lesão de Salvio teve um efeito devastador nas ideias de Jesus, que, para solucionar o problema, decidiu mexer na organização da equipa ao deslocar Enzo para extremo, Matic para oito e colocar um muro chamado Fejsa para a posição seis. Eis o resultado: Enzo em sub-rendimento e Matic sem a mínima influência na construção de jogo ofensivo. A invenção de Jesus acabou com um meio-campo que, na época passada, era alma e o coração da equipa.
Caros benfiquistas, ainda estamos na primeira metade da temporada, muita coisa pode acontecer. E mais invenções poderão estar a caminho.

Miami Heat: A Equipa a Abater

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cab nbaNão há sombra de dúvida que a equipa mais consistente e letal na National Basketball Association reside em South Beach. Os Miami Heat acabaram a fase regular com 66 vitórias e 16 derrotas, o melhor recorde da liga na última temporada e simultaneamente, o melhor na breve história do clube. Juntamente com este feito, pode-se acrescentar o título da Conferência Leste e o Campeonato, disputado contra os San Antonio Spurs.

A equipa contou com o Big Three, constituído pelo Poste Chris Bosh, o Base-Extremo Dwayne Wade e, considerado a maior estrela da liga de basquetebol americana, Lebron James. Elevados a estatuto de superstars, o trio pôde contar também com o talento do Base Mario Chalmers, a experiência do perito em lançamentos triplos Ray Allen, a excelente defesa interior de Chris “Birdman” Andersen, entre outros jogadores preponderantes ao domínio dos Heat na temporada passada.

Dwayne Wade, estrela dos Miami Heat / Fonte: http://www.tommedvedich.com/
Dwayne Wade, estrela dos Miami Heat
Fonte: tommedvedich.com

Claro que nem tudo é ouro sobre azul. Um dos factores mais importantes para ser bem sucedido nos playoffs é ter uma equipa saudável, algo que custou alguns jogos aos Miami Heat, com os problemas no joelho direito de D-Wade, jogador vital ao sucesso da equipa. Com 31 anos, Dwyane Wade é um dos Alas/Bases mais explosivos da NBA. Sempre foi sua característica jogar até ao limite das suas capacidades fisícas. Isto levanta algumas dúvidas para a próxima época, visto que é possível que o desgaste causado pelas 10 temporadas ao serviço dos Heat seja o principal factor para os jogos mais ineficazes nos playoffs. Qualquer jogador que não jogue a 100%, será sempre um risco à obtenção do título mais desejado, o Campeonato. Com a agravante de que se trata de um jogador tão preponderante no domínio da equipa sobre as restantes.

Apesar de ser considerada a equipa mais completa da NBA, a equipa sediada em Miami também tem pontos fracos. A maior falha a apontar será a sua defesa interior, que provou ser uma grande fragilidade contra os Indiana Pacers. Esta equipa tem como peças vitais na sua estratégia ofensiva o Poste e Extremo-Poste. Por serem tão grandes e atléticos, a sua agressividade ao atacar o cesto de perto torna-os em ameaças a ter em conta (para além de contarem com o Ala Paul George, que confirmou o seu estatuto de estrela na última temporada). Nada melhor para confirmar esse facto que a última série dos playoffs entre Miami Heat e Indiana Pacers. A equipa vencedora só foi determinada ao sétimo jogo, servindo de atestado à legitimidade dos Pacers pela sua luta ao título. Consequentemente, os Miami aproveitaram para reforçar a sua defesa interior e capacidade de rebounding ao adquirir o basquetebolista Greg Oden este Verão. Se o Poste conseguir ficar afastado das recorrentes lesões que têm limitado imens

Mais uma vez o Azar (e não só)

cab hoquei

Começo este meu espaço no Bola na Rede a falar sobre uma modalidade que já deu muitas alegrias aos portugueses: falo do hóquei em patins. E, neste momento, falar sobre hóquei é falar sobre o Mundial de 2013 que aconteceu em Angola.

Mais uma vez Portugal apresentou-se como um dos favoritos à competição, procurando o título que escapa desde 2003. Na última edição, na Argentina, Portugal foi eliminado na meia-final pela selecção da casa num jogo bastante polémico. Neste Mundial, Portugal voltava a defrontar a Argentina nas meias-finais. Portugal tinha chegado até aqui com grandes exibições. Ultrapassou a selecção da casa, Angola, Moçambique (4ºclassificado do último Mundial), Chile e África do Sul com resultados volumosos e boas exibições.

Portugal 2013 Hóquei / Fonte: http://mundialhoqueiangola2013.com/
Portugal 2013 Hóquei
Fonte: mundialhoqueiangola2013.com

Mas mais uma vez, Portugal falhou. Portugal voltou a não ter a estrelinha da sorte, a estrelinha que protege os campeões, tal como aconteceu no Europeu, onde perdeu o título para a Espanha a 4 segundos de fim. Desta vez, Portugal, no jogo contra a Argentina, voltou a ser infeliz. Desperdiçou um livre directo a 24 segundos do fim do jogo e sofreu o golo de ouro num lance igual.

Mas não só o azar fez com que Portugal fosse eliminado do Mundial. Tal como em 2011, Portugal foi prejudicado pela arbitragem. Viu um golo invalidado a poucos minutos do fim que daria uma vantagem preciosa a Portugal, com o árbitro a dizer que a bola bateu no corpo do jogador português quando as repetições mostram que bateu no stick. Além disso, o árbitro estava tapado por vários jogadores e não tinha visão clara para o lance.

E é nisto que o hóquei precisa de melhorar. Um árbitro espanhol que já tinha dado provas da sua não capacidade para arbitrar neste Mundial e curiosamente, o seleccionador espanhol tinha afirmado que queria defrontar a Argentina na final. Pela segunda vez consecutiva, calha o árbitro que não está à altura do desafio. Em 2011, calhou um arbitro brasileiro nas meia-final contra a Argentina. Se o hóquei quer melhorar, o Comité Internacional devia estar mais atento a quem coloca nos grandes jogos.

Como consolo, Portugal ficou em 3ºlugar, com o melhor ataque e uma das melhores defesas da prova. Índices bastante positivos para o futuro da selecção portuguesa de hóquei. Os holofotes estão apontados para os sub-20 no Mundial da categoria, disputado na Colômbia, de 6 a 12 de Outubro.

Jorge Jesus | Estado de(s) graça

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Ficar em estado de graça em Portugal é algo que não é muito difícil, talvez por sermos muitas vezes incompetentes, quando existe algo acima da média os elogios chovem como se de um prémio Nobel se tratasse.

Ora, isso no SL Benfica toma proporções muito maiores e muito mais destruidoras do que noutra instituição portuguesa, seja ela desportiva ou de outra área qualquer. E aqui falo-vos de forma mais específica da dupla Jorge Jesus (JJ) e Luís Filipe Vieira (LFV) que, apoiados na 1.ª época do treinador português na Luz, vivem ainda em Estado de Graça. Veremos por quanto tempo.

O jogo de ontem frente ao Paris Saint-Germain FC mostrou a antítese do que era o futebol do Benfica em épocas anteriores: falta de intensidade, falta de magia, falta de classe, falta de talento e, principalmente e cada vez mais, falta de união. E todos estes pergaminhos não deveriam faltar porque supostamente estará lá tudo: nenhum jogador saiu, a equipa técnica está lá, os adeptos são os mesmos e a equipa directiva também. Então o que se passa?

Serei provavelmente “lapaliciano” mas parece óbvio que mais de metade do plantel já não está com JJ e com o seu estado de graça. Pior do que isso, já não está com o Benfica, pelo menos enquanto a equipa continuar a ser orientada por ele. Causas? À cabeça, o final da época passada, o caso Cardozo fragilizou JJ e dividiu claramente o plantel, para além disso, raras não foram as vezes em que vimos jogadores como Enzo, Rodrigo, Gaitán, mal dispostos ou a discutir com o técnico.

Bem sei que são jogadores com feitios complicados, mas faz-me crer que as relações não seriam já as melhores, principalmente no caso dos argentinos, que são dois jogadores decisivos na equipa e influentes no balneário. Depois a falência táctica de JJ: o treinador encarnado não consegue ir mais longe e os jogadores sentem isso.

Sempre fui adepto de Jorge Jesus, sempre gostei da forma ofensiva como o Benfica foi jogando ao longo dos anos, mas a forma como a equipa se afunda contra equipas mais evoluídas a esse nível é inacreditável e a frustração do plantel parece também ser cada vez maior.

Para terminar, a falta de recuperação anímica da equipa, depois de uma temporada desgastante em termos físicos, mas principalmente psicológicos. O caso Cardozo, os festejos na Madeira, o empate com o GD Estoril-Praia, as derrotas com FC Porto, Chelsea FC e Vitória SC são feridas que ainda estão abertas e que desde a pré-época se vão abrindo cada vez mais.

Soluções para tudo isto? Não será fácil! LFV terá em mãos provavelmente a decisão mais complicada dos seus mandatos. Pinto da Costa fez com que o presidente do Benfica tenha pavor em libertar Jesus e os oito Milhões que acordou com JJ farão com que pense muitas vezes antes de tomar uma decisão.

Fonte: SL Benfica

Na minha opinião, tudo continuará como está e o futebol do Benfica permanecerá sofrível, apenas abrilhantado pelas inúmeras estrelas que compõem o plantel encarnado mais forte dos últimos 25 anos.

Para finalizar duas notas. Não referi aqui a “armada sérvia” como um ponto de desagregação do plantel. Ainda não vi nenhuma razão para tal e até prova em contrário, penso que não será decisivo para o momento do Benfica.

A segunda nota passa por LFV, se porventura o presidente despedir Jorge Jesus. Poucos caminhos irão sobrar para além da demissão o que poderá aproximar o Benfica de uma crise financeira obrigatória por tudo aquilo que de forma pouco clara se vai passando nas contas do clube.

Espero estar enganado!

 

Foto de Capa: Carlos Silva/Bola na Rede

FC Porto | Dragões com areia na engrenagem

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Poucos dias depois das comemorações dos 120 anos dos Dragões, o reduto do FC Porto vestiu-se de gala para a primeira grande noite europeia da temporada. O duelo com o Club Atlético de Madrid, adversário reconhecidamente difícil, antevia-se equilibrado.

Afinal, era o encontro entre os líderes dos campeonatos ibéricos e ambas as equipas conservavam um registo de invencibilidade até à data. Mais do que isso, este jogo representava o primeiro grande teste de Paulo Fonseca enquanto treinador do Porto, no Porto.

Os azuis e brancos entraram com uma postura dominadora e pressionante, chegaram ao golo e foram para o intervalo com uma justa vantagem no marcador. No segundo tempo, os colchoneros cresceram e chegaram ao empate; o FC Porto reagiu, procurando recuperar a liderança, mas acabaram por ser os espanhóis a chegar ao triunfo, na sequência de um livre “à Zanetti” perto do final.

Após o apito do árbitro, o placard registava 1-2 e os dragões tinham voltado a perder no Dragão para a Liga dos Campeões, o que já não acontecia desde os tempos de Jesualdo Ferreira.

A equipa apresentou alguns momentos de bom futebol e até subiu ligeiramente o rendimento face ao que já havia produzido. No entanto, mais do que a derrota, eventualmente fortuita, o que preocupa os portistas é o facto de esta ser o espelho de um novo FC Porto que ainda não conseguiu encontrar-se, que continua abaixo das expectativas e a quem se exige que melhore rapidamente o nível futebolístico. Depois do primeiro desaire, há que fazer um balanço e perceber quais são as areias na engrenagem.

Fonte: FC Porto

A grande mudança que o novo treinador operou na equipa foi a alteração da mecânica do meio-campo e isso teve repercussões em todos os sectores do terreno. Durante anos e anos, os dragões jogaram com um tampão à frente dos centrais (Costinha, Paulo Assunção, Fernando) e dois médios à sua frente. Paulo Fonseca decidiu inverter o triângulo do meio-campo e passar a jogar com o famoso “duplo pivot” e um “n.º10”.

No papel, a ideia até pode ser interessante: libertar os laterais para dar largura à equipa; libertar o médio mais adiantado para criar jogo na frente e permitir aos extremos procurar posições interiores, criando superioridade numérica junto à área adversária.

No entanto, esta estratégia não está a surtir os efeitos desejados: os laterais não têm conseguido desequilibrar como se previa (Alex Sandro ainda está à procura da melhor forma e Danilo, que tem melhorado, continua longe valer 18M€); há uma cratera entre Fernando/Defour e Jackson, onde aparece um Lucho demasiado sozinho e incapaz de ligar os dois sectores; Defour parece desenquadrado neste novo desenho e não se consegue soltar para missões ofensivas, uma vez que tem de compensar as constantes subidas de Fernando e Otamendi; Fernando é obrigado a transportar a bola com frequência e a assumir tarefas que não está habituado nem habilitado a desempenhar; e Jackson está constantemente desapoiado e sem margem para explorar a sua formidável capacidade de pivot ofensivo.

No fundo, a equipa está menos coesa: defensivamente, porque surge demasiadas vezes descompensada; e ofensivamente, porque o meio-campo parece sistematicamente desligado do ataque.

Quando chegou ao clube, Paulo Fonseca disse que pretendia explorar o jogo interior e deixou claro durante a pré-época que era o 4-2-3-1 que pretendia implementar. Até ver, parece não ter sido a escolha mais sensata.

Como a maior parte dos opositores do FC Porto joga com as linhas muito recuadas e próximas entre si, povoando maioritariamente o centro do terreno, as diagonais e os movimentos interiores dos extremos não estão a ser suficientes para auxiliar Lucho no apoio ao ponta-de-lança e estão a retirar largura à equipa, incapacitando-a de esticar o jogo pelas faixas.

Parece-me que a chave para desbloquear este emaranhado táctico em que se tornou o FC Porto passa por subir Defour para junto de Lucho. Esta pequena variação no miolo beneficiaria substancialmente as prestações de Fernando (joga melhor sozinho atrás do que com o belga a seu lado), do próprio Defour (que se sente demasiado amarrado neste seu novo papel e pode passar a desequilibrar, em vez de se limitar a equilibrar se passar a actuar mais adiantado), de Lucho (que precisa de alguém a seu lado para render o máximo; não consegue, sozinho, ocupar uma zona tão grande do campo), de Jackson (que passaria a ter os apoios necessários para voltar às suas performances de excelência) e de toda a defesa (habituada a jogar com Fernando à sua frente). Não acredito, porém, que Paulo Fonseca abdique das suas ideias e regresse à fórmula antiga.

Fonte: FC Porto

É imperioso que, de uma maneira ou de outra, se reconquiste a solidez defensiva, a capacidade de gerir a posse de bola e os ritmos do jogo, a largura no ataque e a proximidade entre os médios e os avançados. Tudo isto tem faltado aos dragões e tudo isto tem redundado em exibições com laivos de mediocridade. Resta à equipa técnica perceber o que está a correr menos bem e corrigir os erros; resta aos portistas esperar que a equipa assimile rapidamente esta nova identidade e eleve a qualidade do seu jogo o quanto antes.

P.S.: Não posso terminar sem fazer referência à inauguração do Museu do FC Porto, a última grande obra que Pinto da Costa sonhava deixar concluída no seu “reinado”. Ao projectar um museu carregado de interactividade e altamente inovador no panorama internacional, os dragões deram, uma vez mais, provas do seu vanguardismo, da sua singularidade e da sua competência. Estou ansioso por visitar este espaço de memórias que será, de hoje em diante, um ponto turístico de referência na cidade do Porto.

 

Foto de Capa: Diogo Cardoso/Bola na Rede

Está 0-0, malta!

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Não passei muito tempo a jogar à bola. Talvez seja por isso que passo tanto tempo a falar sobre ela: mágoas de quem tem 2 pés esquerdos. 2 pés esquerdos como o pé direito do Capel, claro.

Mas nos poucos anos que joguei tive a oportunidade de viver algumas situações curiosas. Umas típicas de balneário e de espírito de equipa, outras nem tanto. Lembro-me com especial prazer de alguns jogos no Atlético da Malveira, em que entrávamos para dominar e asfixiar o adversário. Por diversas vezes marcámos cedo no jogo. Nessa altura, quando a bola estava a ser reposta no meio-campo, o capitão de equipa virava-se para trás, de forma a ver todos os jogadores, e dizia: está 0-0, malta!

Não estava. Afinal, tínhamos acabado de marcar. Podíamos respirar um pouco, parar, descansar os músculos e circular a bola tentando controlar o jogo. Mas a mensagem era a contrária. O que o capitão nos pedia era para esquecer a vantagem e jogarmos como se estivéssemos empatados. E não o pedia estupidamente, numa anarquia tática de miúdos que só querem jogar ao ataque. Não. Pedia-o porque nós éramos melhores e não se contentava com um golo de vantagem. Nem nós.

É isto que se pede no próximo Sábado ao Sporting. Ninguém exige goleadas como as obtidas contra o Arouca e a Académica. Mas o que aconteceu contra o Rio Ave não se pode repetir. Nas bancadas há o desejo que tenha sido um abre-olhos para uma equipa que considerou que os problemas se resolveriam sozinhos, sem dificuldade. Não se resolvem.

E por isso pedimos atitude. A nossa exigência é de que os jogadores saibam a camisola que vestem e que não se contentem com o suficiente. Que entrem em cima deles, que não os deixem respirar, não cedam tempo para descansar nem dizer ai! ou ui!. É entrar para ganhar, ponto final. Porque em nossa casa mandamos nós e perante os nossos adeptos uma vitória vale sempre mais que 3 pontos.

Sábado temos de entrar com o pensamento no 1º golo, bem cedo. E depois disso, está 0-0, malta.

Foto de Capa: Carlos Silva / Bola na Rede

Nem sempre somos de um Clube desde “Pequeninos”

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A maioria das pessoas nunca pensa realmente porque é que apoia um certo clube. Muitas vezes dizem uma frase do género: “Sou do Benfica/Sporting desde pequenino. Mas o que entendem os miúdos “pequeninos” de futebol? Situações como estas surgem, quase sempre, por se identificarem com os pensamentos do seio da família. Como o pai, tio, avô é de um clube existe a predisposição de ser adepto desse clube.

A idade não é um factor no que toca a gostar de futebol. Porém, é um factor no que toca a entender futebol. Durante muitos anos fui apelidado de Benfiquista pelo meu pai. Cheguei, até, a ver um jogo do Benfica no antigo Estádio da Luz. Até ao Euro 2004 eu não sabia ver futebol. Não sabia o que era futebol.

O Euro 2004 foi um ponto de viragem no futebol português. Com Scolari ao comando da equipa nacional, e a jogar em casa, Portugal fez um campeonato europeu espetacular chegando mesmo à final. Portugal jogava bem, coeso e com uma equipa que transpirava confiança. A Grécia, tenha sido pela táctica defensiva que utilizou ou pela ajuda de Zeus e dos restantes deuses gregos, acabaria por ganhar. No entanto, a grande vitória portuguesa não foi nos relvados, mas sim nas ruas. Mesmo perdendo uma final para a Grécia, Portugal ganhou espirito. A partir do Euro, e durante a estadia de Scolari como seleccionador, Portugal tinha um dos melhores apoios no mundo. As varandas de todas as regiões de Portugal encheram-se de bandeiras. O vermelho e verde português estavam por todo o lado.

A relação entre a minha paixão azul e branca e o Euro 2004 foi simples. Foi nessa altura que comecei a perceber as razões que, por vezes, o meu avô gritava para o televisor o que o faziam dizer palavras menos próprias para o ar, cada vez que o Benfica não ganhava. Foi nessa altura que eu comecei a ter paixão pelo futebol, paixão pela seleção nacional. Eu admirava a forma como Portugal jogava. Os processos intermitentes entre complexidade e simplicidade que resultavam num futebol bonito, rendilhado e que dava resultados.

A minha admiração rapidamente passou para os jogadores. A maioria do F.C Porto de 2003/04 de José Mourinho. Comecei a prestar mais atenção aos jogos do Porto. A cada jogo que passava mais me identificava com o estilo de jogo que os azuis e brancos mostravam. Vi, naquele Porto, a forma de jogar pela qual me tinha apaixonado com a seleção nacional.

Desde 2004 que me considero portista. Agora, nove anos depois, é com unhas e garras que defendo o clube que conseguiu conquistar o meu coração através do futebol. O Porto, como qualquer outro clube desportivo profissional do mundo, evoluiu. A equipa do Porto mudou, já não são os mesmos jogadores que vestem a camisola mas a equipa não mexe. O Porto é continuidade. Manter os mesmos objectivos, os mesmos princípios, os mesmos adeptos, a mesma alma que eu apenas descobri em 2004.

O lema do Porto, que está na parte de trás de todas as camisolas, é claro: “ A vencer desde 1893”. Uma frase que assenta ao Porto como uma luva e que de 2004 até ao dia que eu deixe de respirar irá estar presente na minha mente cada vez que for referido o nome Futebol Clube do Porto.

Foto de Capa: Carlos Silva / Bola na Rede