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NCAA March Madness: o Rescaldo (Parte II)

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(Primeira Parte do Texto AQUI)

A quarta ronda, denominada Sweet Sixteen devido ao número de equipas ainda presentes na competição (16), teve lugar nos dias 27 e 28 de Março e corresponde às meias-finais regionais. Começou com a confirmação de Dayton como a Cinderella Team do torneio ao bater Stanford por 82-72 e qualificar-se para a ronda seguinte pela segunda vez na sua história (a primeira foi em 1984). Num jogo em que qualquer das equipas podia, à partida, ter saído vencedora, Wisconsin levou a melhor sobre Baylor, ganhando facilmente por 69-52, quando se esperava um jogo mais equilibrado. Para fechar o dia, os super-favoritos Florida e Arizona eliminaram UCLA e San Diego State respectivamente. O segundo dia desta ronda relembrou-nos mais uma vez o porquê da denominação March Madness: Michigan State venceu Virginia por 61-59 num jogo de loucos e Kentucky deixou para trás o campeão em título, Louisville, ganhando por 74-69 num duelo entre dois dos melhores treinadores a nivel universitário – Rick Pitino e John Calipari. Connecticut, na surpresa do dia e impulsionado pelas exibições do seu small forward DeAndre Daniels (27 pontos e 10 ressaltos) e do seu point guard Shabazz Napier (19 pontos, 5 ressaltos e 5 assistências) acabou com o sonho de Iowa State e do seu forward Dustin Hogue (37 pontos e 6 ressaltos), ganhando por 81-76, enquanto Michigan mandou Tennessee para casa depois de um jogo apertado em que ganhou por 73-71.

Shabazz Napier o MOP do torneio corta as redes depois da vitoria final Fonte: Charlie Neibergall/AP
Shabazz Napier foi sensacional na competição
Fonte: Charlie Neibergall/AP

Chegámos então à quinta ronda, as finais regionais, que teve lugar nos dias 29 e 30 de Março e se designa por Elite Eight, pois estamos perante as oito “melhores” equipas deste ano. Dayton caiu finalmente – fizeram um bom torneio mas a qualidade de Florida foi demasiada, com o point guard Scottie Wilbekin a marcar 23 pontos na vitória dos Gators por 62-52. No outro jogo do dia, Wisconsin bateu Arizona por 64-63. Apesar da qualidade de Wisconsin, este resultado foi uma surpresa pois a equipa de Arizona era vista como uma das favoritas à vitória final, mas os 28 pontos e 11 ressaltos (duplo-duplo) do forward Frank Kaminsky foram demasiado para a equipa de Arizona, que acabou por cair em overtime depois de um grande jogo de parte a parte. Connecticut continuava a eliminar favoritos, derrotando desta vez Michigan State por 60-54 e apoiando-se mais uma vez no jogo do seu point guard Shabazz Napier, que continuou a elevar o seu jogo à medida que o torneio avançava, desta vez com 25 pontos, 6 ressaltos e 4 assistências. Kentucky deixou para trás Michigan, ganhando por 75-72 com um triplo de Aaron Harrison a 2.3 segundos do fim, mostrando mais uma vez que são uma força a ter em conta, principalmente com a qualidade dos gémeos Harrison e da máquina de duplos-duplos Julius Randle, que fez o seu 24º duplo-duplo da época – 16 pontos e 11 ressaltos, desta vez.

O Final Four teve lugar no dia 5 de Abril e começou logo com um choque: Connecticut eliminou Florida, o grande favorito, por 63-53, apoiando-se no jogo do seu point guard Shabazz Napier, que fez 12 pontos, 6 assistências e 4 roubos de bola, mas principalmente no seu small forward, DeAndre Daniels, que explodiu com um duplo-duplo de 20 pontos e 10 ressaltos. Do outro lado, o center Patrick Young fez um bom jogo, com 19 pontos e 5 ressaltos, e a estrela da equipa, o point guard Scottie Wilbekin, foi a grande desilusão da noite, fazendo apenas 4 pontos. No outro encontro, Kentucky bateu Wisconsin por 74-73, mais uma vez com um triplo do mais clutch possivel do point guard Andrew Harrison a 5.7 segundos do fim. Já é a terceira vez que ele faz isto. Depois de Michigan e Louisville, essa foi a vez de Wisconsin. Ambas as equipas jogaram bem, mas, no fim, o talento individual do cinco inicial de Kentucky acabou por fazer a diferença. De realçar que todos os jogadores da equipa titular dos Wildcats são freshmen (caloiros), o que leva a comparações com a grande equipa dos Michigan Wolverines de 1991/1992, os chamados Fab Five, que, com cinco freshmen a jogar de início (Jalen Rose, Chris Webber, Juwan Howard, Jimmy King e Ray Jackson), chegaram à final do torneio, onde acabaram por perder com Duke. Os Fab Five 2.0, como foram apelidados por Jalen Rose no seu podcast semanal no Grantland Channel, esperam que a sua época acabe de forma diferente do Fab Five original. À partida, Kentucky era favorito, algo que Michigan nunca foi.

Florida, os grandes favoritos, acabaram por cair diante dos futuros campeões na final four Fonte: veooz.com
Florida, os grandes favoritos, acabaram por cair diante dos futuros campeões na final four
Fonte: veooz.com

A tão esperada final do torneio masculino de basquetebol da NCAA foi disputada em Arlington, no Texas, a 7 de Abril e contou com alguns ilustres nas bancadas, como os ex-Presidentes dos Estados Unidos da América Bill Clinton e George W. Bush ou o dono e o quarterback dos Dallas Cowboys, Jerry Jones e Tony Romo. Todos eles viram Connecticut sagrar-se campeão do Torneio da NCAA, ao bater Kentucky por 60-54. Mais uma vez, a equipa contou com um inspirado Shabazz Napier, que anotou 22 pontos, 6 ressaltos, 3 assistências e 3 roubos de bola, superiorizando-se desta forma a James Young, de Kentucky, e aos seus 20 pontos e 7 ressaltos. A equipa treinada pelo ex-companheiro de Allen Iverson nos 76ers, Kevin Ollie, conquistou assim o seu quarto título na história do programa, sendo que o último tinha sido em 2011, com a estrela dos Bobcats Kemba Walker a liderar a equipa. Um dos factores que influenciou o jogo foram os lances livres, tendo Connecticut marcado 10 em 10, enquanto Kentucky falhou 11 em 24, mais do que suficiente para alterar o resultado final. O point guard dos Huskies, Shabazz Napier, foi eleito o MOP do torneio, ou seja, o Most Outstanding Player, prémio atribuido ao melhor jogador da competição. A distinção foi absolutamente merecida: Napier foi a revelação da competição e conduziu a sua equipa até à vitória máxima.

Fonte: NCAA.com
Fonte: NCAA.com

O que é ser “diferente”?

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Visto que o tema do momento é a Taça de Portugal, vou contar como esta competição começou nesta época para o Sporting, recuando ao mês de Outubro.

Desde pequeno que ouço dizer que “o Sporting é um clube diferente”. Provavelmente também o meu pai e o seu pai o ouviram. As palavas foram-se entranhando em nós e, com o tempo, enquanto nos formávamos como Sportinguistas, fomos percebendo. Ao vivermos o clube, as razões tornaram-se óbvias. Para os outros, continuam a ser dúbias. Mas creio que neste dia, em Alvalade, voltámos a mostrar ao Mundo o que é ser diferente.

64 minutos de jogo. O Sporting vence tranquilamente o Alba, equipa da divisão distrital de Aveiro, por esclarecedores 5-0. Depois de uma bola ser colocada fora de campo, o speaker anuncia: substituição na equipa do Alba – sai Zé Bastos, entra Tica.

Nas bancadas centrais, algo muda. Os Sportinguistas levantam-se, um por um, e aplaudem. Na Curva Sul, as claques cessam os seus cânticos para aplaudir Zé Bastos. Mas afinal, quem é Zé Bastos? Um ex-jogador do Sporting? Um sócio importante do clube? Será, sequer, Sportinguista? Ninguém sabe. Zé Bastos era apenas uma pessoa que acabava de ter uma das experiências mais memoráveis da sua vida. Um jogador de futebol amador que enfrentou profissionais de forma corajosa, dando o seu melhor. E por isso, mereceu um aplauso de pé.

Golo do Alba foi um grande momento no jogo Fonte: TVI
Golo do Alba foi um grande momento no jogo
Fonte: TVI

Este momento de desportivismo repetiu-se. Uma, duas, três vezes. Todos os jogadores substituídos foram ovacionados. O golo do Alba foi aplaudido por todo o estádio. São 20.000 Sportinguistas a parabenizar um golo adversário. É verdade que se o jogo estivesse renhido não o teriam feito? É. Obviamente, continuamos a ser adeptos que querem ver a sua equipa ganhar. Mas ao invés dos aplausos, poderíamos ter optado por uma atitude arrogante e gozar com os adversários, gritando uns “olés”, ou não? Não é o que se faz nos outros estádios?

Dei por mim a pensar: se eu fosse jogador do Alba e, ao mesmo tempo, fosse adepto do Porto ou do Benfica, naquele dia teria saído de Alvalade um grande Sportinguista. Quando se tem contacto com este clube, com as suas pessoas e a sua forma de olhar para o desporto, é impossível não o achar fantástico. É impossível não ter um orgulho gigante em ser do Sporting. Por quê? Porque o Sporting é assim: diferente.

P.S: episódios destes multiplicaram-se pela época. Hélton foi aplaudido de pé quando saiu de maca e ainda no passado sábado, Vitor Vinha, lateral do Gil Vicente, foi aplaudido quando saía lesionado do campo de Alvalade. Um orgulho.

Gigantesca Final

Para hoje, antevia-se um jogo muito bem disputado com as duas equipas a procurarem arduamente a vitória. O Real Madrid venceu por 2-1 num jogo muito equilibrado e a vitória é, na minha perspetiva, justa.

O Real Madrid vinha para este encontro com 2 resultados opostos: perdeu 2-0 com o Borussia Dortmund numa partida em que jogou de forma horrível e venceu o Almeria por 4-0, num jogo muitíssimo importante que lhe permitiu recuperar o 2º lugar. Com esta vitória, a equipa de Madrid está a 3 pontos do 1º lugar Atlético de Madrid e detém 1 ponto de vantagem sobre o seu rival Barcelona.

O Barcelona vinha de 2 derrotas surpreendentes e este jogo era muito importante para recuperar a moral e para conquistar mais um troféu. A derrota em Madrid diante do Atlético ditou o afastamento da Liga dos Campeões e a derrota com o Granada por 1-0 complicou as contas da equipa relativamente ao título espanhol (o Barcelona está a 1 ponto do Real Madrid e a 4 pontos do Atlético de Madrid faltando apenas 5 jornadas para o fim do  ampeonato).

Recordo que este ano a equipa de Lionel Messi já venceu a Supertaça Espanhola, e vencer hoje o Real Madrid proporcionar-lhe-ia mais um título.

Desde 2010, o Real Madrid conta apenas com 5 vitórias sobre o Barcelona em todas as competições. O Barcelona venceu por 9 vezes e houve 6 empates. Como podemos observar, a equipa do Barcelona leva vantagem sobre o seu rival e, este ano, o Barcelona venceu os 2 jogos disputados para a Liga Espanhola. Mas estes resultados não passam de meros números – cada jogo é um jogo.

Para mim, num encontro destas características não há favoritos e qualquer equipa pode levar vantagem sobre a outra.

Resultados entre as duas equipas, em todas as competições, desde 2010 Fonte. Zerozero.pt
Resultados entre as duas equipas, em todas as competições, desde 2010
Fonte. ZeroZero

A 1ª parte do encontro foi bem disputada. Contudo, considero o jogo do Real Madrid bastante superior ao do adversário. Em termos de posse de bola obviamente que a equipa catalã leva vantagem, mas se olharmos para oportunidades de golo a equipa de Madrid é superior.

Aos 11 minutos, fruto de uma boa jogada de contra-ataque, Di Maria inaugura o marcador num remate algo fraco em que o guarda-redes Pinto não fica muito bem na fotografia.

O Barcelona não possuiu qualquer oportunidade de golo, e na 2ª parte teria de melhorar significativamente. Queria destacar alguns jogadores que na 1ª metade realizaram, na minha opinião, um bom jogo. Da parte do Barcelona: Iniesta é sem dúvida alguma o cérebro da equipa e a sua qualidade técnica é inqualificável; Jordi Alba sobressaiu inúmeras vezes e a equipa usou bastantes vezes o seu flanco para tentar empatar a partida; Lionel Messi continua como nos tem habituado nos últimos encontros (muitíssimo apagado).

Relativamente ao Real Madrid, Gareth Bale desequilibra por completo a defesa adversária quando acelera, Di Maria está a jogar muito bem, principalmente a defender, Modric, através do seu poder de passe, tem-se revelado importante para a construção do jogo ofensivo da equipa e os centrais madrilistas dão segurança à sua defesa.

Bale foi, claramente, o jogador que mais desequilibrou a defesa do Barcelona Fonte: Telegraph.co.uk
Bale foi, claramente, o jogador que mais desequilibrou a defesa do Barcelona
Fonte: Telegraph.co.uk

A 2ª metade começou com mais do mesmo: O Real superior, a jogar no erro do adversário e a aproveitar todas as oportunidades para causar perigo. O Barça entrou como tinha terminado a 1ª parte: mais posse de bola, pouquíssimas oportunidades de golo e um jogo desinspirado.

Ao minuto 68 da partida o Barcelona empata o jogo, relançando-o por intermédio do central Marc Bartra. O golo surge dum canto em que o central formado no clube aparece sozinho devido a uma falha de marcação de Pepe e num cabeceamento de alto nível bate Casillas.

Com o empate, a equipa embalou e cresceu no jogo.

Decorria o minuto 85 e era previsível o jogo ir para o descanso. Todavia, Fábio Coentrão recupera a bola e passa-a ao extremo gaulês que numa fenomenal arrancada faz um bom golo, deixando o autor do golo adversário para trás e sem qualquer hipótese de o acompanhar. Depois do golo, os pupilos de Carlo Ancelotti tiveram de segurar o resultado e Neymar, mesmo no fim do encontro, quase estragava a festa dos adeptos do Real Madrid ao rematar ao poste.

Para aqueles que consideram que caso este remate de Neymar tivesse entrado o jogo ficava empatado desenganem-se, porque estão-se a esquecer do tiro de Luka Modrid ao poste (caso fosse golo ficaria 2-1 para o Real sem contar com o tento de Bale).

Considero que o árbitro esteve muitíssimo bem, salvo 1 ou 2 lances, porque deixou que se jogasse futebol. Manteve um critério largo para ambos os lados e não alterou as suas decisões face aos exorbitantes e exagerados protestos dos jogadores.

Para mim, Bale é indubitavelmente o homem do jogo devido à grande exibição que fez e, claro, ao golo apontado. Messi é, mais uma vez, a desilusão do jogo devido à sua “ausência” na partida.

Lionel Messi esteve, outra vez, aquém das expetativas Fonte: : Bandsports.band.uol.com.br
Lionel Messi esteve, outra vez, aquém das expetativas
Fonte: : Bandsports.band.uol.com.br

Concluindo, considero esta uma vitória justa em que o Real Madrid se mostrou superior, deteve mais oportunidades de golo, manteve as suas linhas organizadas e coesas, não teve medo da expressiva posse de bola do adversário e fez um grande jogo. Com esta 1ª vitória frente ao Barcelona, a equipa de Cristiano Ronaldo conquista a sua 19ª Taça do Rei, sendo este o 1º título da temporada.

Com esta derrota, a equipa catalã sofre a 3ª derrota consecutiva estando já afastada da Liga dos Campeões e da Taça do Rei. No campeonato encontra-se na 3ª posição e para ser campeã terá de vencer todos os jogos e esperar que tanto o Atlético de Madrid como o Real Madrid percam pontos. Poderá afirmar-se que esta equipa está a passar por uma surpreendente crise de resultados? Creio que sim!

Benfica 3-1 FC Porto

O Benfica derrotou o FC Porto por 3-1 e apurou-se para a final da Taça de Portugal. Os encarnados adiantaram-se no marcador por intermédio de Salvio, mas Silvestre Varela, já no segundo tempo, igualou a partida. Com a eliminação garantida, a equipa de Jorge Jesus reagiu e acabou por marcar dois golos vitais (Enzo Pérez de penalty e André Gomes num lance monstruoso) que lhe garantiu um lugar no Jamor. Destaque ainda para as expulsões de Guilherme Siqueira (27′), Ricardo Quaresma (89′) e dos treinadores de ambas as equipas.

paixaovermelha

Sport Lisboa e Benfica 

O melhor de Portugal já está na final

Se havia dúvidas ficaram dissipadas: o Benfica é de longe a equipa que melhor futebol pratica em Portugal. Que grande jogo. Que qualidade de futebol tem esta equipa comandada por Jorge Jesus. O Benfica carimbou a passagem ao Jamor com todo o mérito do mundo.

Depois do jogo da primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, que culminou na vitória do FC Porto por 1-0, no estádio do Dragão, o Benfica entrou a todo o gás com a habitual pressão alta e muita dinâmica ofensiva. O FC Porto, por seu turno, optou por um jogo de contenção à espera de ver o que faziam os encarnados. Os homens de Luís Castro permaneceram sempre muito estáticos em campo e mesmo com mais um jogador durante 60 minutos nunca foram superiores ao clube da casa.

Os primeiros 20 minutos do Benfica foram simplesmente avassaladores, contrastando com a apatia portista. De fato, a mobilidade atacante dos homens da frente do Benfica causaram imensos problemas à defesa azul e branca, que raramente acertou as marcações. Esse primeiro período forte das águias resultou no golo da vantagem: Gaitán, sobre o flanco esquerdo, tira um magnífico cruzamento e Salvio, já dentro da pequena área do FC Porto, cabeceia não dando qualquer hipótese a Fabiano. Justiça no marcador.

O jogo continuou na mesma toada até que Pedro Proença decidiu, uma vez mais, ser protagonista num jogo de futebol. Entre o minuto 25 e o minuto 28 mostrou dois amarelos e o respetivo vermelho a Siqueira. Se no lance do segundo cartão amarelo (28m) o defesa benfiquista foi imprudente na falta que cometeu sobre Ricardo Quaresma, tendo visto com toda a justiça o cartão amarelo, o primeiro lance é bastante duvidoso, ficando a ideia de que Siqueira utiliza o ombro na disputa de bola.

A jogar com dez, o Benfica baixou as linhas, o que permitiu ao FC Porto ter mais bola.  Porém o resultado permaneceria igual até ao fim da primeira parte.

Salvio foi o autor do primeiro golo encarnado Fonte: ZeroZero
Salvio foi o autor do primeiro golo encarnado
Fonte: zerozero.pt (Carlos Alberto Costa)

O recomeço do jogo ditou uma nova filosofia por parte de ambas as equipas: enquanto o FC Porto subiu as linhas e o bloco do meio-campo, de forma a chegar perto da baliza de Artur, o Benfica tentou avançar no terreno utilizando transições rápidas pelos alas Nico Gaitán e Eduardo Salvio. Com Herrera a pautar todo o jogo portista, os dragões chegaram ao empate ao minuto 52, num grande lance individual de Varela. O FC Porto ganhava uma importante vantagem no marcador da eliminatória.

Porém, o Benfica nunca desistiu e foi em toda a linha superior ao seu rival – sim, mesmo com menos um jogador.

A habitual garra de Enzo e a classe de André Gomes (que enorme, enorme exibição do médio português) davam mostras de querer agarrar o jogo e a passagem à final. Foi precisamente Enzo Pérez que transformou uma grande penalidade conquistada por Salvio ao minuto 59.

O público da Luz acreditava de novo e os jogadores também. A recompensa veio ao minuto 80, quando André Gomes apontou o melhor golo da noite. A forma sublime como recebeu a bola de Gaitán e tirou Fernando do caminho é digna de uma curta-metragem. Que grande golo! A Luz explodia de alegria.

Os últimos minutos foram tudo menos futebol. Alguma quezílias entre os jogadores e, uma vez mais (!), Pedro Proença não resistiu a ser protagonista e expulsou Jorge Jesus e Luís Castro. O FC Porto foi incapaz de vencer um Benfica muito forte coletivamente. A coesão e o espírito de sacrifício foram a chave para a passagem à final da Taça de Portugal.

A Figura
O coletivo – Não há palavras para a garra desta equipa. Jogam todos em prol do coletivo e isso é a chave do sucesso.

O Fora-de-Jogo
Pedro Proença – O suposto melhor árbitro do Mundo não teve (mais uma vez) controlo sobre o jogo. É um facto que não merece apitar estes encontros.  

Pedro Beleza

eternamocidade

Futebol Clube do Porto

Uma derrota digna de um espaço F

11 de maio de 2013: Aos 92 minutos do FC Porto-Benfica, o improvável Kelvin fez o golo decisivo que deu a conquista do título nacional 2012-2013. Em pleno Estádio do Dragão, Jorge Jesus ajoelhava-se e 50 mil explodiam de alegria. Mais importante do que o golo ou o título, aquele momento de magia de Kelvin valeu-lhe um espaço privilegiado no museu do FC Porto.

Peço desculpa, caro leitor, por ter começado a crónica deste jogo com esta efeméride, mas permita-me que 11 meses depois daquela que foi uma das vitórias mais épicas da história portista, eu tenha que colocar isto em linha de comparação com aquilo que aconteceu esta noite no Estádio da Luz. Naquela noite de 11 de maio, e apesar de toda a festa que me envolveu, lembro-me perfeitamente de ter pensado comigo mesmo que aquele golo teria sido o pior que podia ter acontecido ao FC Porto. A explicação para este meu pensamento valeria uma tese de doutoramento, mas em poucas palavras lhe explico que a razão para esta minha crença teve que ver com a capacidade do FC Porto reagir a mais uma vitória perante o seu rival. Por isso mesmo, sempre temi que um jogo como o desta noite fosse acontecer. Não vou citar Bruno de Carvalho para dizer que sou adivinho, mas cá no fundo sempre soube que um jogo como o desta noite iria mais tarde ou mais cedo acontecer. Tudo porque a história nunca se repete e mais tarde ou mais cedo, o feitiço vira-se contra o feiticeiro.

Depois de dois campeonatos caídos completamente do céu, o FC Porto ficou na zona de conforto, julgou que as vitórias iriam aparecer sem esforço. Basicamente, o FC Porto deixou de ser FC Porto: deixou de ser uma equipa com garra, com caráter, com vontade, com atitude, que a cada momento e a cada jogo lutava como se não houvesse amanhã, e que pressionava de forma tão sufocante que não tinha rival equiparável. Naquela noite de 11 de maio, tudo sucumbiu. E tudo sucumbiu porque o FC Porto julgou que aquele gesto de Jorge Jesus era a rendição eterna do rival Benfica e que a partir daquele momento, mais golos dignos de museu iriam aparecer na equipa portista. A partir daquele momento, piadas foram feitas sobre o rival, histórias foram criadas sobre aquela humilhação e parecia que tudo na história portista agora se resumia ao minuto 92.

Quaresma foi uma das desilusões do encontro Fonte: ZeroZero
Quaresma foi uma das desilusões do encontro
Fonte: zerozero.pt (Carlos Alberto Costa)

Eu, que nunca fui muito de ligar a emoções, bem sabia que esta noite iria aparecer: porque era demasiado óbvio que o feitiço se iria virar contra o feiticeiro e porque era demasiado evidente que o FC Porto iria “pagar” por tudo aquilo que disse e fez. Na altura, e apesar dos festejos justos e naturais do título, o clube dos 120 anos de história, o clube dos títulos europeus, o clube do tri, do tetra e do penta, decidiu, no seu museu, onde apenas teriam lugar os imortais, colocar o nome de Kelvin. Sim, esse mesmo que marcou aquele golo decisivo e que ganhou o direito de ter um lugar no passeio da fama portista. Não, não vou dizer que o facto de o FC Porto já não ter nada para disputar (excluo a Taça da Liga) este ano seja resultado desse golo aos 92 minutos. Não, não vou ser injusto e esquecer tudo o que o FC Porto deu aos adeptos em tantos anos da sua história. Mas por isso, e sobretudo por isso, caro leitor, escrevi todas estas linhas para contextualizar aquilo no qual o meu clube se tornou.

Enquanto sócio e adepto há muitos anos, sempre me habituei a ver o meu clube a ganhar, empatar e perder. Afinal de contas, o futebol é um jogo e por isso, tudo pode sempre acontecer. E não é por isso que escrevo, e não é pelas constantes derrotas esta época que escrevo este texto. Perder não é aquilo que mais me custa, mas a forma como perco, isso sim, merece a minha atenção. Há uns meses escrevi um artigo sobre a saída de Paulo Fonseca. Se bem se lembra, o título foi “Acabou o duplo pivô, e agora?”. Não foi à toa que na altura escolhi aquele título para o meu texto. Isto porque, e tal como expliquei naquelas linhas, o problema do FC Porto era bem mais profundo do que apenas o treinador. Naquela altura, evidenciei a falta de atitude e de qualidade dos jogadores; tentei mostrar a falta de competência da tão proclamada estrutura portista. Afinal de contas, na altura saiu apenas o elo mais fraco da equipa: o treinador. Contudo, a partir daquela célebre noite de 11 de maio, os problemas foram bem outros e estão à vista de todos.

Durante as centenas de jogos que já vi ao vivo do FC Porto, e apesar de todas as derrotas a que já presenciei, nunca me tinha sentido envergonhado. Hoje, 16 de abril de 2014, posso dizer que este foi o jogo onde senti essa vergonha. Não foi apenas por ter perdido 3-1 contra o Benfica quando a equipa esteve 60 minutos a jogar com mais um elemento; não foi apenas por termos ficado de fora da final do Estádio do Jamor. Hoje senti vergonha porque cá no fundo, sempre soube que esta noite iria acontecer. Não sou adivinho, nem me sinto um homem particularmente afortunado, mas permita-me que conclua que esta minha previsão teve que ver com a evidência do comportamento do clube durante todos os meses subsequentes àquela memorável noite. Foi o facilitismo da implacável estrutura, que julgou que tudo seriam “favas contadas” a partir daquela noite; foi a constante provocação de dirigentes e adeptos sobre um momento que não foi mais do que a conquista de mais um título; foi sobretudo o pensamento de que a partir daquela noite, o FC Porto ganharia com qualquer treinador e com qualquer jogador.

Depois desta noite, espero que o FC Porto volte a ser o que sempre foi e sobretudo que esta noite tenha servido para abrir os olhos a muita gente dentro do clube. Esta noite, no Estádio da Luz, só uma equipa com muito carácter, atitude, garra e vontade conseguiria fazer o que o Benfica fez. Sim, não foi por acaso que escolhi estas palavras, porque se bem se lembra, era com estas características que ano após ano eu via o FC Porto. A partir daquele célebre minuto 92, o espaço K mudou tudo: mudou a maneira de ser do clube, dos dirigentes, dos jogadores e dos adeptos. Depois destes constantes desaires, algo tem que mudar porque a história do FC Porto assim o exige. Nem que para isso tenha que ser criado um espaço F, para explicar o fracasso e o falhanço desta época. Porque afinal de contas o feitiço acaba sempre por se virar contra o feiticeiro. O FC Porto tem de o saber. Não há outra hipótese.

A Figura
André Gomes – O médio português foi o pulmão da equipa benfiquista e fez um golo de bandeira que colocou os encarnados no Jamor.

O Fora-de-Jogo
Ricardo Quaresma – Mais um jogo em que Quaresma não quis jogar e onde provou o seu pior lado, tal como tinha feito na Madeira. Estava mais que visto que iria levar o segundo amarelo e, já perto do fim, Pedro Proença fez-lhe a vontade.

Pedro Maia

Primeiro lugar decide-se na última jornada

cab futsal

A classificação do Campeonato Nacional de Futsal permaneceu da mesma maneira devido às vitórias de Benfica e Sporting. O Benfica venceu o Olivais por 5-0, e o Sporting a Académica por 15-2.

A equipa líder do campeonato não vacilou diante do Olivais e mantém-se, assim, no primeiro lugar da classificação. O Benfica não encontrou grandes dificuldades para derrotar o atual 11º classificado.

Apresentou-se como nos tem habituado: seguro, organizado, a praticar um bom futsal e forte na finalização. De realçar a boa exibição de Joel Queiroz, que apontou dois golos.

Joel Queiroz, uma das figuras da equipa encarnada, no encontro diante do Olivais Fonte: Slbenfica.pt
Joel Queiroz, uma das figuras da equipa encarnada, no encontro diante do Olivais
Fonte: Slbenfica.pt

Com este resultado e faltando apenas um jogo, a equipa encarnada muito dificilmente não conquistará a Fase Regular.

Em Coimbra, o Sporting cilindrou a equipa da casa por uns expressivos 15-2. Foi um jogo de sentido único, em que o Sporting mostrou todo o seu poderio ofensivo. A Académica nada conseguiu fazer para se impor, a não ser os escassos dois golos que marcou. A equipa de Coimbra ocupa neste momento o penúltimo lugar, e a descida de divisão é neste momento irreversível.

Divanei foi a grande figura do encontro, ao apontar três golos Fonte: Zerozero.pt
Divanei foi a grande figura do encontro, ao apontar três golos
Fonte: ZeroZero

O Sporting partiu para este jogo com a certeza de que não poderia perder qualquer ponto caso quisesse ainda conquistar a Fase Regular. Com este resultado, a equipa mantém o segundo lugar.

A equipa leonina é, neste momento, aquela com mais golos marcados (153) e a que tem menos golos sofridos (50). Estes números simbolizam a boa época que os leões estão a realizar, mas são meros números. O Benfica tem 109 marcados e 52 sofridos, estando também a realizar uma belíssima temporada, ocupando o primeiro lugar, superiorizando-se ao rival Sporting.

A Fase Regular está muito perto do fim, e há apenas duas incertezas: qual será o vencedor da mesma e qual será a oitava equipa apurada para os playoffs.

Na minha opinião, o Benfica será, sem qualquer dúvida, o vencedor da Fase Regular (o último jogo encarnado disputa-se no Pavilhão da Luz, diante da Académica).

Relativamente à oitava equipa apurada para os playoffs, penso que será o Belenenses. A equipa azul joga em casa, contra um adversário muito difícil, o Fundão, mas o seu adversário direto (Modicus) joga frente ao Sporting, em casa do mesmo. Visto isto, mesmo que o Belém perca assegurará o tão desejado lugar nos Play-offs. Para ocorrer uma mudança no oitavo e nono classificados, é necessário que o Belenenses perca ou empate e aconteça algo surpreendente: o Sporting perder. Relembro que este ano a equipa verde e branca somente perdeu com o seu rival Benfica.

Classificação da Fase Regular do Campeonato Nacional de Futsal Fonte: Zerozero.pt
Classificação da Fase Regular do Campeonato Nacional de Futsal
Fonte: ZeroZero

Concluindo, considero que esta está a ser uma Fase Regular muito intensa e antevejo uns playoffs muitíssimo competitivos.

Efemérides: o primeiro adversário do Brasil

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– Já algum de vocês jogou com o Brasil?
É este o grito que a claque do Exeter, modesto clube inglês do quarto escalão, entoa em todas as partidas. Mas por que razão o fazem? Vamos viajar no tempo para entender.

Brasil, há 100 anos.

Estamos a 21 de julho de 1914. A uma semana exata do rebentamento do primeiro conflito à escala global. Brasil e Inglaterra – talvez já prevendo que ambos iriam ser aliados na Guerra – decidiram estreitar laços. O modus operandi? Futebol. Nada melhor do que a velha máxima de “pão, vinho e circo”, que os nossos antepassados romanos tão bem conceberam, antes de uma batalha sangrenta.

O Brasil jogava com o Exeter, no Rio de Janeiro. Mas algo de estranho se passava. Os favoritos eram os ingleses, inventores que foram do desporto rei. A seleção canarinha funcionava como um obediente aluno. Mas o aprendiz venceu o mestre. A partida terminou com uma vitória brasileira por 2-0.

Só que, depois disso, ambos largaram as mãos que os unia e tiveram um destino diferente. O Brasil escusa-se a apresentações. Cinco vezes campeão Mundial. Já o clube britânico enfrentou uma travessia de que nunca mais se conseguiu livrar. É que o Exeter passaria as décadas seguintes a penar pelas divisões inferiores do futebol em terras de Sua Majestade.

Mas a viagem da equipa do sul de Inglaterra teve as suas explicações. Primeiro, o Tottenham recusou o convite. Depois foi o Exeter a substituir os “spurs”. Jogaram nove jogos em 15 dias, na Argentina, em ambientes completamente inóspitos. Depois, no Brasil, as terras mostravam-se mais hospitaleiras. Uns dias em S. Paulo para relaxar e mais umas quantas jornadas no Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa tinha Copacabana, em alta e chiquérrima, para oferecer.

Depois do embate, o guarda-redes dos visitantes, Dick Pym, apaixonou-se por terras de Vera Cruz. O inglês levou consigo um papagaio de recordação e, quando o alegre bicho faleceu, Pym enterrou-o debaixo do relvado do St. James Park, o estádio do Exeter.

fotografia do primeiro jogo da seleção  brasileira, em 1914  Fonte: www.itv.com
fotografia do primeiro jogo da seleção brasileira, em 1914Fonte: www.itv.com

Inglaterra, atualmente.

O pequeno clube britânico também celebra o Dia do Brasil: um encontro jogado uma vez na época, onde os fãs aparecem com camisas, bandeiras, galhardetes, cachecóis e outros artefactos da seleção do escrete. As bandeiras do país são hasteadas e ainda há escola de samba para quem tem ritmo no pé.

Apesar disso, o clube inglês passa por dificuldades. A equipa luta contra a descida de divisão e está em desvantagem financeira em relação aos concorrentes. Nos “Grecians”, apelido pelo qual são conhecidos os membros do Exeter, o salário médio é de 700 libras por semana (cerca de 850 euros), contra mil libras-esterlinas dos outros emblemas. A queda para a quinta divisão representaria um corte severo no orçamento.

Mas como agora, findas duas guerras mundiais e vindo o tempo de paz, tudo parece mais calmo, nada como voltar a estreitar laços. O Exeter planeia viajar para o Brasil em julho (data dos 100 anos do primeiro encontro).

Por outro lado, o Exeter, de momento, não tem relações com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De qualquer forma, a viagem para o Rio de Janeiro, 100 anos após a primeira, é aguardada com ansiedade no clube. Sem dinheiro, o Exeter vai empreender uma série de ações para reforçar o cofre. Na loja oficial, na sede dos “Grecians”, estão à venda camisas com a foto da equipa em 1914, em referência ao duelo com o Brasil. Uma réplica da camisola do Exeter em 1914, um filme e um livro sobre o feito parecem ser os ingredientes perfeitos para espalhar a mensagem da mística epopeia britânica vivida em terras que, outrora, foram colónias portuguesas.

Um dia enfrentando-se como iguais, em termos de retrospetiva podemos ver que o Exeter e a seleção do Brasil tiveram destinos opostos. Mas o desporto é isto mesmo. Juntar o rico e o pobre. Em campo todos são iguais. E agora a história pode unir novamente ao escrete aqueles que tiveram a honra de ser os primeiros adversários de sempre. Porque para haver um vencedor, também tem de haver vencidos.

NCAA March Madness: o Rescaldo (Parte I)

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Mais um ano, mais um alucinante mês de Março no basquetebol universitário. Para ser mais preciso, são vinte e um dias dias entre 18 de Março e 7 de Abril em que se disputam sessenta e três jogos para coroar o novo campeão universitário na modalidade. Todos os jogos são uma final: quem perde vai para casa, quem ganha avança para a ronda seguinte.

Como se não bastasse a emoção de termos as melhores sessenta e oito equipas de entre as trezentas que competem no basquetebol universitário a jogarem jogos de eliminação entre elas até ficar apenas um vencedor, este ano o bilionário Warren Buffett prometeu oferecer um bilião de dólares a quem conseguisse preencher uma bracket perfeita, adivinhando o vencedor de todos os sessenta e três jogos. Por muito improvável que fosse isso acontecer, este ano esse sonho acabou rapidamente, pois logo após o final da segunda ronda, ou seja, do quarto dia de competição, já não havia brackets perfeitas.

Na primeira ronda, disputada nos dias 18 e 19 de Março, realizaram-se quatro jogos e não houve qualquer surpresa digna de registo, ficando essas guardadas para a segunda ronda, disputada a 20 e 21 de Março. A segunda ronda consistiu em trinta e dois jogos disputados em dois dias – dezasseis jogos por dia. Nesta ronda tivemos a passagem de alguns dos favoritos a ganhar a competição, como Florida, Syracuse, Michigan State, Michigan, Arizona, Kansas, Wichita State, Virginia, Iowa State ou Louisville, mas também tivemos alguns underdogs a surpreender e à procura de se tornar a Cinderella team do torneio deste ano – Harvard, que eliminou Cincinnati; North Dakota State, que passou por Oklahoma; e o mais surpreendente de todos, Mercer, que venceu o sempre candidato Duke. Mercer merece lugar de destaque, pois além de estar cotada como a décima quarta melhor equipa da sua zona e de Duke ser a terceira, Duke é treinada pelo Coach K, nada menos que Mike Krzyzeswski, campeão universitário por quatro vezes e campeão olímpico com a selecção dos Estados Unidos em 2008 e 2012. Krzyzeswski teve o gesto de ir ao balneário de Mecer no final do jogo congratular os jogadores e a equipa técnica por uma excelente vitória. Como se isso não bastasse, umas das estrelas maiores do basquetebol universitário é também a estrela de Duke – o small forward Jabari Parker, que se decidir entrar para o draft da NBA do ano que vem poderá provavelmente ser a escolha número um desse mesmo draft.

Além destas equipas, passaram também à terceira ronda Dayton, Wisconsin, Pittsburgh, Oregon, Connecticut, Saint Louis, Texas, Villanova, San Diego State, Baylor, Stanford, Creighton, Tennessee, Gonzaga, Memphis, North Carolina, Austin, Kentucky e UCLA.

Dayton a "Cinderella team" deste ano Fonte: Frank Franklin/AP
Dayton a “Cinderella team” deste ano
Fonte: Frank Franklin/AP

O destaque em termos de exibição destas duas primeiras rondas vai para Adreian Payne, o center de Michigan State que dominou Delaware com os seus 41 pontos e 8 ressaltos na vitória da sua equipa por 93-78. A maior desilusão tem de ser Jabari Parker, apesar dos seus 14 pontos e 7 ressaltos, uma vez que viu a sua equipa cair perante Mercer, algo inexplicável para um jogador sobre quem já se disse ser a maior promessa deste desporto desde o aparecimento do grande LeBron James.

A terceira ronda foi disputada a 22 e 23 de Março e consistiu em dezasseis jogos divididos igualmente por estes dois dias, ou seja, oito jogos por dia. No primeiro dia tivemos a passagem de alguns dos favoritos à vitória máxima, como Florida, Michigan State, Louisville ou Michigan, que com maior ou menor dificuldade ultrapassaram os seus adversários e avançaram na competição. Wisconsin e San Diego State, apesar de não serem considerados favoritos, têm boas equipas e avançaram também para a ronda seguinte, sendo que o melhor jogo do dia foi o disputado entre Wisconsin e Oregon. Como sempre, houve algumas surpresas: Connecticut, que era o número sete no Este, venceu facilmente Villanova, que estava avaliada como a segunda melhor equipa desta região; e a maior delas todas, Dayton, que já tinha causado sensação ao eliminar Ohio State na segunda ronda e que deixou para trás um dos favoritos à vitória final, Syracuse. Note-se que Syracuse é treinada por Jim Boeheim, que ganhou a competição em 2003 com Carmelo Anthony como estrela principal e que agora tinha em Tyler Ennis um dos melhores point guards do torneio. Apesar dos seus 19 pontos, 4 ressaltos e 3 assistências, Ennis não conseguiu evitar a eliminação da sua equipa.

O segundo dia da terceira ronda começou logo com a eliminação surpresa de um dos favoritos, Kansas, por Stanford. A equipa treinada por Bill Self (campeão com Kansas em 2008) não podia contar com o fantástico center Joel Embiid, que continua lesionado, mas tinha ainda o small forward canadiano Andrew Wiggins, uma das maiores estrelas do basquetebol universitário e também ele possível escolha número um do draft da NBA do próximo ano. Tal como Jabari Parker, de Duke, saiu do torneio pela porta pequena, com uns míseros 4 pontos e 4 ressaltos. São as duas maiores desilusões do torneio, dado que eram os jogadores de quem mais se esperava e nenhum deles esteve à altura do seu talento. Num jogo fabuloso, os Kentucky Wildcats de John Calipari, campeão da NCAA em 2012 com Anthony Davis, venceram Wichita State por 78-76, liderados pelo promissor power forward Julius Randle (13 pontos e 10 ressaltos – duplo duplo), apesar dos 31 pontos e 7 ressaltos do forward de Wichita, Cleanthony Early. Não se pode dizer que este resultado foi um choque, mas Wichita State estava avaliado como a equipa número um do Midwest depois de ter ficado invicto na época regular (31-0), enquanto Kentucky estava apenas em oitavo, apesar de ter começado o ano apelidado de equipa mais talentosa da nação.

Wiggins e Parker, 2 maiores promessas que foram as 2 maiores desilusoes da prova Fonte: Truschool Sports
Wiggins e Parker, 2 maiores promessas que foram as 2 maiores desilusoes da prova
Fonte: Truschool Sports

Jogão entre Iowa State e North Carolina, duas das melhores equipas do Este, num frente a frente memorável que foi apenas resolvido com um buzzer beater do shooting guard DeAndre Kane (24 pontos, 10 ressaltos e 7 assistências) a um segundo do fim, dando a vitória a Iowa por 85-83 num jogo impróprio para cardíacos. March Madness no seu melhor. No resto dos jogos, Tennessee venceu facilmente Mercer; UCLA bateu Austin; Virginia passou por Memphis; Arizona deixou Gonzaga de fora e Baylor acabou com o sonho da equipa de Creighton, eliminando assim o small forward Doug Mcdermott, que acabou o jogo com 15 pontos e a sua carreira universitária como o quinto melhor marcador de sempre da NCAA, com 3150 pontos, apenas ultrapassado por nomes como Alphonso Ford, Lionel Simmons, Freeman Williams e Peter “Pistol Pete” Maravich.

O destaque da jornada vai para a exibição do point guard de Connecticut, Shabazz Napier, que com os seus 25 pontos, 5 ressaltos, 3 assistências e 2 roubos de bola ajudou a sua equipa a ultrapassar os favoritos de Villanova. A maior desilusão, tal como já tinha referido, foi uma das estrelas do jogo a nivel universitário, Andrew Wiggins, de quem se esperava muito mais do que 4 pontos na eliminação da sua equipa, os super-favoritos Kansas Jayhawks, perante Stanford.

 

(Segunda Parte do Texto AQUI)

A seca vimaranense

futebol nacional cabeçalho

O Vitória de Guimarães conquistou apenas dois pontos nos últimos oito jogos. A equipa da terra do nosso conquistador Dom Afonso Henriques perdeu o comboio para a Liga Europa e agora vê-se obrigada a olhar para baixo, porque a manutenção ainda não está garantida.

Depois da vitória na última edição da Taça de Portugal, a equipa de Rui Vitória não teve um começo de época muito auspicioso; a equipa jogava de uma forma muito intermitente, e também intermitente era a conquista de pontos – apenas em duas ocasiões conseguiu vencer por duas vezes consecutivas, escasso para quem ambiciona lugares europeus.

Como detentor da segunda prova maior do futebol português, a Taça de Portugal, esperava-se mais do Vitória esta época; após vencer o Fátima na 3ª eliminatória por 0-3, os vimaranenses encontraram o Porto na ronda seguinte e foram impotentes perante a equipa orientada por Paulo Fonseca, na altura.

A casa do Vitória, Estádio Dom Afonso Henriques.  Fonte: vitoriasempre.net
A casa do Vitória, Estádio Dom Afonso Henriques.
Fonte: vitoriasempre.net

Os adeptos sempre muito veementes criticaram as atuações da equipa e a prestação do treinador, não só pela eliminação da Taça de Portugal como, na semana seguinte, pela eliminação da Taça da Liga. Estávamos em novembro e, como se não bastassem estas duas eliminações, o Vitória acabaria por somar no jogo seguinte uma nova derrota para o campeonato, e já estava a quatro pontos dos lugares europeus.

Após isso, apareceram dez pontos em quatro jogos; a chama voltava a acender e o Guimarães já era quinto classificado. A partir daí foi o abismo completo: nos 13 jogos que se seguiram até à presente jornada, a equipa vimaranense apenas obteve oito pontos. Um registo paupérrimo para quem ambicionava a segunda presença consecutiva em competições europeias.

O presidente do clube, Júlio Mendes, não está contente e o próximo embate na liga diante do agora adversário direto, na luta pela manutenção, Arouca pode ditar o fim da linha para o jovem e promissor técnico Rui Vitória. Apesar de a vantagem sobre os lugares de descida ser relativamente boa, de oito pontos – faltam disputar apenas nove -, a continuar nesta senda derrotista o Vitória pode ainda passar por calafrios nesta Liga Zon Sagres. Isto hipoteticamente, visto que, em caso de empate diante dos arouquenses, fica garantida a manutenção.

Na vitória sobre o Arouca na 1º volta do campeonato.  Fonte: vitoriasc.pt
Na vitória sobre o Arouca na 1º volta do campeonato.
Fonte: vitoriasc.pt

O calendário é difícil (Arouca, Académica, Braga), mas a equipa vimaranense tem uma distância considerável; contudo, contas são contas e a calculadora indica que o Guimarães ainda não está a salvo e a recente senda vitoriosa das equipas que estão nos últimos lugares da tabela pode fazer a equipa de Rui Vitória passar por dificuldades.

A Páscoa trará decisões ou interrogações? O próximo fim-de-semana é decisivo, mas, para o Guimarães, a próxima quinta-feira é que é decisiva, isto porque o jogo frente ao Arouca está marcado para esse mesmo dia.

Na quinta veremos quem leva a melhor: se o Guimarães, que já não vence há oito jogos, se o Arouca, que nos mesmos últimos oito jogos conquistou sete pontos.

O campeonato está interessante e vai dar que falar até ao fim!

Grandes clubes, grandes contratações

Com a época prestes a terminar, começam a surgir os habituais rumores. Este ano não é excepção, e algumas transferências acabaram já mesmo por ser reveladas, como é o caso de Adrián Ramos para o Borussia Dortmund, e a ainda mais mediática transferência a custo zero de Lewandowski por parte do Bayer München.

Olhando para as equipas de topo, e fazendo uma breve análise ao seu plantel, posso concluir o seguinte relativamente a cada uma delas:
Bayern München – O clube orientado por Pep Guardiola tem feito uma época extraordinária. Já venceu a Bundesliga, está nas meias finais da Champions League e ainda na final da Taça da Alemanha, sendo, para mim, o principal candidato à vitória em ambas as competições. Com um plantel do outro mundo, para muitos o melhor do mundo, os adeptos não se preocupam com a baliza, já que contam com Manuel Neuer e Starke, que se revela sempre seguro quando chamado à acção. Dante é claramente o pilar da defesa, com Boateng, Badstuber e van Buyten a alternarem entre si na dupla com o brasileiro, mas sem a mesma qualidade. Atendendo ao facto de o gigante belga estar em final de contrato, e tendo também em conta os seus 36 anos, esta é uma posição que poderia ser reforçada. Isto pode acontecer mesmo com um reforço vindo de dentro do plantel. Javi Martínez joga tão bem nessa posição como médio mais recuado e, ocupando uma posição ainda mais defensiva, abre outra vaga no meio campo.

Quanto às laterais, esta é mais uma posição segura. Rafinha na direita e Alaba na esquerda garantem segurança, e como alternativas há um Phillip Lahm, que faz bem os dois flancos, mesmo jogando actualmente como pivot no meio campo, e ainda Diego Contento, que cumpre quando é chamado a jogo na lateral esquerda. Há ainda dois talentos emergentes na equipa B; falo de Benno Schmitz e de Vladimir Rankovic.

A posição mais central do terreno já é ocupada por jogadores que jogam como ninguém. Schweinsteiger, Kroos, Thiago, Lahm e Javi Martínez oferecem garantias e, mesmo assim, para o ano terão mais um companheiro na posição. Trata-se de Sebastian Rode, actual jogador do Eintracht Frankfurt. Rode é internacional pelas selecções jovens alemãs, tem 23 anos e, apesar de se encontrar lesionado desde Fevereiro, actuou em 28 partidas, marcando um golo.

No ataque demolidor da Baviera há Ribéry, Robben, Shaqiri, Müller e Götze, como criativos e polivalentes, trocando de posições várias vezes no jogo, ocupando as posições nas alas e no centro do terreno, tanto a ponta de lança como no seu apoio. Os jogadores mais fixos deste ataque absolutamente letal são Mandzukic e Claudio Pizarro. No entanto, com a já confirmada vinda de Lewandowski, Mandzukic perde espaço e há já rumores de uma possível transferência para a Premier League, mais concretamente para um gigante de Londres. Arsenal, Chelsea e mesmo o Tottenham desesperam por um avançado. Quanto a Pizarro, este deve mesmo abandonar a equipa, já que conta com 35 anos e o seu contrato acaba em Junho de 2014.

Lewandowski irá reencontrar Mario Götze, que já havia sido seu companheiro no Borussia Dortmund Fonte: Getty Images
Lewandowski irá reencontrar Mario Götze, que já havia sido seu companheiro no Borussia Dortmund
Fonte: Getty Images

Borussia Dortmund – Depois das machadadas de Kagawa, Lucas Barrios, Nuri Sahin (tendo este retornado à equipa por empréstimo do Real Madrid) e Götze, o actual vice-campeão europeu deve agora procurar um substituto para Lewandowski e, muito provavelmente, para Reus. Já começaram. Adrián Ramos, colombiano de 28 anos, irá certamente ser feliz em Dortmund, depois de cinco épocas fantásticas ao serviço do Hertha. Esta época, o jogador já marcou 17 golos em 35 aparições, fazendo dele um dos melhores marcadores da Bundesliga.

O Borussia já garantiu também os serviços de Ji Dong-Won, mas, ainda assim, não penso que esta mexida compense o vazio deixado pelo polaco. Penso que não é um nome suficiente grande para ocupar esta vaga. O substituto pode vir de Inglaterra, mais concretamente do Manchester City. Já se falou várias vezes em Dzeko, mas Jovetic é também um jogador fenomenal e que encaixaria na perfeição no sistema de jogo de Klopp. Continuando a falar de jogadores de leste, Mandzukic é outro a ter em conta, já que, como disse, começam a surgir rumores de que quer deixar o Bayern München. Tinha no Borussia Dortmund um grande clube para prosseguir carreira.

Sem deixar a Alemanha aparece outro nome, sendo este uma aposta mais de futuro, mas ainda assim creio que segura. Falo de Drmic, jogador de apenas 21 anos do FC Nürnberg. O suíço já marcou por 16 ocasiões (0.53% do total de golos da equipa) e já despertou a cobiça de tubarões mundiais, como Arsenal, AC Milan e PSG. Outro nome de que se fala, ainda que seja quase impossível, é o de Ibrahimovic. Desde que o sueco perguntou a Klopp quando é que o levaria para Dortmund que se fala na vontade de ver Zlatan vestido de amarelo e preto.

 

Dzeko já foi feliz numa equipa alemã Fonte: Getty Images
Dzeko já foi feliz numa equipa alemã
Fonte: Getty Images

Descendo no terreno, as alas podem ser mais um problema para Klopp. Reus pode estar de saída e Błaszczykowski vai perdendo alguma velocidade. Aubameyang foi uma boa aposta na presente época, e Grosskreutz é sempre aquele jogador com o qual o treinador pode contar para ocupar várias posições do terreno, mas nenhuma com uma qualidade acima da média; é uma espécie de Rúben Amorim alemão. Fala-se em Draxler, apesar da enorme rivalidade entre o Borussia Dortmund e o Schalke 04, e ainda no regresso de Kagawa. Depois da recente multa da FIFA ao Barcelona, abortando então a mudança de Alen Halilović para a Catalunha, voltou o rumor de que o Borussia Dortmund o contrataria para a próxima época, continuando assim o já antigo namoro entre as duas partes.

Para médio ofensivo, Mkhitaryan parece-me ser o homem certo, ainda para mais com o reforço de Inverno Milos Jojic para seu suplente. Atrás de si podem jogar Gündogan, Sven Bender, Sebastian Kehl, e surge com cada vez mais força o boato de que Nuri Sahin será contratado em definitivo pelo Borussia ao Real Madrid, no fim da temporada.

No centro da defesa, o Borussia conta com jogadores fenomenais, como Hummels, Subotic e Sokratis, mas que parecem ser feitos de cristal. Passam demasiado tempo lesionados, e isso pode ter sido um factor determinante para os resultados menos felizes da equipa esta temporada. Hummels é sempre um jogador apetecido por grandes clubes europeus, e, mesmo que não deixe o clube, sou da opinião de que deveria ser contratado um outro central de créditos firmados. Nas laterais há Łukasz Piszczek e Schmelzer, que, normalmente, ocupam as posições de defesa direito e defesa esquerdo, respectivamente. No entanto, tal como os centrais, são jogadores que passam muito tempo lesionados, e aí Durm ou o inevitável Grosskreutz são chamados a jogo.

Na baliza está o experiente Weidenfeller, mas, mesmo atendendo à enormíssima qualidade do alemão, penso que seja hora de começar a preparar a sua sucessão e pensar num guarda-redes jovem, mas de qualidade. A minha aposta seria mais uma vez numa transferência abortada pelo Barcelona, Marc-André ter Stegen. O atleta do Borussia M’gladbach tem apenas 21 anos, mas tem já uma experiência notável na Bundesliga, o que poderá fazer dele não só o sucessor de Weidenfeller no Borussia, mas também o sucessor de Manuel Neuer na baliza da selecção alemã.

Até lá, muita tinta irá correr nos jornais. Rumores, boatos, mentiras, verdades e declarações polémicas prometem fazer deste um Verão quente no que toca a mudanças, ainda mais estando em ano de Mundial, no Brasil.

Formação: mas há dúvidas de quem é o melhor?

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sextoviolino

Desde a época de 1973/74 até hoje o Sporting só foi campeão nacional de seniores por cinco vezes. Entre essa mesma data e a temporada de 2003/04, os leões festejaram o título de juniores por quatro vezes. Tanto num caso como no outro, é manifestamente pouco. Mas não se pode analisar o primeiro caso nos mesmos moldes com que se interpreta o segundo. No que diz respeito aos seniores, a falta de títulos deve-se a vários fenómenos – as décadas de corrupção portista, os anos de direcções incompetentes, a falta de qualidade de alguns plantéis, etc. – com que todos os Sportinguistas estão familiarizados. Já a realidade das camadas jovens deve ser olhada sob um outro prisma.

Este ano, apesar de ainda não haver campeões em nenhum escalão, o Benfica tem-se superiorizado ao Sporting tanto em juniores como em juvenis e iniciados. Na última sexta-feira, o clube da Luz despachou o Real Madrid (4-0) na recém-criada UEFA Youth League, tendo depois perdido na final com o Barcelona (0-3). Os leões, por seu turno, ocupam o 3º lugar do Campeonato Nacional de Juniores, atrás do Braga e a cinco pontos dos encarnados. Nos juvenis, a 2ª fase da Zona Sul terminou com o Benfica em primeiro (27 pontos) e o Sporting em segundo (20); no que toca aos iniciados, a mesma fase da competição viu as águias terminarem com três pontos de avanço face aos leões (27 pontos contra 24).

Será isto motivo para alarme? Na minha opinião, não. Por uma razão muito simples: tal como a designação indica, o principal objectivo da formação não é ganhar títulos, mas sim descobrir, educar, trabalhar e polir os craques do futuro. Fazendo aqui um paralelismo com outros sectores da sociedade, sempre me irritaram os analistas para quem os números significam tudo. Essas pessoas são capazes de dizer, por exemplo, que os tempos difíceis de Portugal já fazem parte do passado, quando todos os dias a realidade se encarrega de os desmentir. No caso do futebol de formação é idêntico: face aos bons resultados destas temporadas, muitos adeptos do clube da Luz – e até o próprio treinador principal, com a humildade que o caracteriza – têm vindo a reclamar o estatuto de “melhor formação de Portugal”. Porém, acontece que estes benfiquistas cometem a proeza de errar duplamente: segundo o seu argumento meramente “matemático”, a melhor formação de Portugal é o Porto (56 campeonatos, somando juniores, juvenis, iniciados e infantis, contra 49 do Benfica e 41 do Sporting); se, por outro lado, o epíteto de “melhor formação do país” couber ao clube que mais craques deu ao futebol português e mundial, como defendo, aí nem é preciso dizer quem lidera isolado.

João Mário será um dos próximos valores a despontar no Sporting, já a partir da próxima época  Fonte: Zerozero
João Mário será um dos próximos valores a despontar no Sporting, já a partir da próxima época
Fonte: Zerozero

Nesse período entre 1973 e 2004, o Sporting conquistou os tais quatro campeonatos de juniores, por oposição aos oito do Benfica e aos 12 do Porto. Aliás, até o Boavista festejou o mesmo número de vezes que o clube de Alvalade. Quer isto dizer que a formação do Sporting é inferior às dos rivais e é equiparável à do Boavista? Só alguém mal-intencionado poderá afirmar tal coisa. Durante esses pouco mais de 30 anos, os leões lançaram para a ribalta do futebol mundial nomes como Futre, Figo, Simão, Quaresma, Cristiano Ronaldo, Nani e Moutinho. O Benfica, por seu turno, produziu Rui Costa, Paulo Sousa e João Pereira, enquanto o Porto terá em Fernando Couto e Bruno Alves porventura os únicos atletas dignos de registo. Até o Boavista forneceu alguns nomes que nada ficam a dever aos de Benfica e Porto – casos de João Pinto, Petit, Nuno Gomes, Bosingwa e Raul Meireles. Quererá isto dizer que os axadrezados têm uma formação superior às dos dragões e águias? Claro que não. Mas deveria ser suficiente para os adeptos e responsáveis do Benfica pensarem duas vezes antes de se autoproclamarem os novos “reis das camadas jovens”.

A superioridade do Sporting neste capítulo está patente, aliás, no facto de muitos pais e mães benfiquistas preferirem confiar os filhos ao clube de Alvalade do que ao emblema do seu coração. Mesmo sendo adeptos de um clube rival, sabem que no Sporting a aposta nos jovens é séria, sistemática e frutuosa. É também por isso que quando, há uns meses, o Benfica passou a ser o clube mais representado nas selecções jovens, esse facto foi notícia de jornal. É uma realidade estranha, e todos o sabem. Não gosto de pegar num caso específico para depois o extrapolar, mas aqui fá-lo-ei porque penso que é elucidativo: para quem não sabe ou não se lembra, João Moutinho era invariavelmente suplente de João Coimbra nas selecções jovens. Hoje, o ex-Benfica está no Estoril e raramente joga; o ex-Sporting tem lugar cativo no onze da Selecção Nacional. Claro que o Sporting se deve manter alerta e não se deixar ultrapassar, ainda que não acredite que isso vá acontecer tão cedo.

Há pouco referi que uma das tarefas dos clubes formadores é educarem os seus atletas. Nesse sentido, o nome de João Moutinho serve de mote para abordar um assunto que me preocupa bem mais do que a classificação das equipas jovens do Sporting: a questão da formação pessoal. Bem sei que os futebolistas são profissionais e que, nesse sentido, procuram as melhores opções para as suas carreiras. Também não ignoro que os leões são o clube que forma mais e melhores atletas, havendo por isso uma maior probabilidade de alguns deles virem a jogar no Benfica ou no Porto. Mas tem de se incutir em todos aqueles “miúdos” que representar esses clubes é pior do que roubar uma carteira a uma velhinha. São os nossos rivais, portanto jogar por algum deles é trair e defraudar o clube que fez deles jogadores. O Sporting não pode continuar a formar atletas para a concorrência. Bruno de Carvalho parece já ter tomado medidas nesse sentido, como é exemplo a cláusula que impede Bruma de ingressar no Benfica e no Porto até 2018.

O Sporting é o único clube do Mundo que formou dois Bolas de Ouro: Luís Figo (2001) e Cristiano Ronaldo (2008 e 2013)
O Sporting é um dos únicos clubes do Mundo que formaram dois Bolas de Ouro: Luís Figo (2001) e Cristiano Ronaldo (2008 e 2013)

Ainda a respeito dos títulos, claro que estaria a mentir se dissesse que tanto me faz se o Sporting ganha ou não campeonatos nas camadas jovens. É óbvio que prefiro ganhar, mas esse objectivo não é nem de perto nem de longe o mais importante. A este propósito, Carlos Mané afirma, na penúltima edição do Jornal Sporting, que “a equipa B não serve para ganhar campeonatos, mas sim para formar jogadores”. Mais do que a ânsia de incutir um espírito ultra-competitivo em adolescentes, é este modo de ver as coisas que deve imperar em Alvalade. Relativamente ao clube da Luz, tenho para mim que ou Luís Filipe Vieira está implicitamente a dar razão a Bruno de Carvalho no que diz respeito ao desinvestimento que o Benfica terá de fazer (vendo-se obrigado a apostar mais nas camadas jovens), ou os tão propalados “60 ou 70%” de jogadores da formação no plantel principal dos encarnados em 2020 nunca serão mais do que um devaneio.

Termino com uma observação: há dois anos entrevistei Aurélio Pereira, responsável máximo do Departamento de Prospecção do Sporting. Em conversa, esta figura emblemática do futebol nacional disse-me que tinha recebido um homólogo seu do Barcelona poucos dias antes, tendo o catalão afirmado que a única diferença entre as formações do Sporting e do Barcelona é que os culés têm a capacidade financeira para segurar as suas pérolas e, assim, poder construir equipas fenomenais. Dito isto, pouco mais haverá a acrescentar. O problema é que, tal como acontece na discussão sobre quem é o melhor futebolista português de todos os tempos, também no que diz respeito à melhor formação do país só em Portugal é que parece haver margem para dúvidas. Se, lá fora, a ideia de que Cristiano Ronaldo é não só o melhor jogador português de sempre mas também um dos melhores executantes que o futebol mundial já viu parece ter cada vez mais adeptos, por cá há quem ainda insista que Eusébio é superior. Da mesma forma, basta um ano de bom nível do Benfica para todo o trabalho da formação do Sporting ser colocado em causa, inclusive por alguns Sportinguistas. Pela minha parte, se estiver errado, cá estarei daqui a uns tempos para o reconhecer. Mas há que olhar para a realidade, e ela recorda-nos que a formação do Sporting continua a fornecer à equipa principal inúmeros jogadores – só este ano, Patrício, Cédric, Dier, William Carvalho, André Martins, Adrien, Mané e Wilson Eduardo desempenharam um papel importantíssimo. Já o Benfica tem em Sílvio e Ivan Cavaleiro crónicos suplentes, os únicos exemplos de atletas das camadas jovens – isto num clube em que nenhum jogador português marca um golo para o campeonato desde 27 de Outubro de 2012. Quando a diferença em termos de qualidade e aproveitamento na formação é tão gritante, só apetece dizer: há realmente dúvidas sobre quem é o melhor?

P.S.: escolhi analisar as épocas apenas até 2004 porque esse período coincide com os anos de menor fulgor do Sporting em termos de títulos nas camadas jovens. Ainda assim, a quantidade de grandes jogadores saídos da formação do clube é impressionante. De 2004 para cá, em nove campeonatos possíveis, o Sporting ganhou seis. Mais um facto que não favorece os argumentos benfiquistas…