Imagine aqueles exercícios de brainstorming, onde uma ideia ou conceito conduz a uma panóplia alargada de palavras relacionadas com esse tal conceito ou ideia. Já está? Preparado? Ok. Pense, agora, que o conceito é Dérbi. Naturalmente, na rede conceptual do pensamento humano surge uma palavra : “Sporting – Benfica”. Aliás, prova disso é o facto de o jogo em questão ser apelidado de Dérbi dos Dérbis. A designação cai que nem uma luva a um confronto que é secular, que já ultrapassou as 100 partidas e que envolve os dois clubes de maior dimensão a nível nacional. Contudo, existe uma outra partida que merece todo o reconhecimento de jogo grande, essencialmente se atendermos ao historial das equipas e de confrontos entre estas – o Sporting vs Belenenses.
Amanhã, no Restelo, defrontar-se-ão dois clubes históricos do futebol em português. Sporting e Belenenses partilham, entre si, 241 jogos, um número notável e digno de registo. Se adicionarmos a este número o facto de esses 241 jogos envolverem as mais conceituadas e variadas provas do futebol em Portugal, como o Campeonato de Lisboa, o Campeonato de Portugal ou a “rainha” Taça de Portugal, penso que se torna irrefutável afirmar que o Sporting-Belenenses é um jogo repleto de história e importância no futebol português.
Na foto, Matateu e Travassos, dois jogadores icónicos do Dérbi entre Sporting e Belenenses. Fonte: aventar.eu
Há nomes incontornáveis num Sporting-Belenenses. Jogadores como Matateu, Travassos ou, mais recentemente, Liedson embelezaram o jogo entre os dois clubes lisboetas. A 23 de Setembro de 1951 deu-se a estreia, ao serviço da equipa de Belém, daquele que viria a ser o grande embaixador dos Azuis do Restelo a nível internacional. No seu primeiro jogo, Matateu mostrou serviço, marcando dois dos quatro golos do Belenenses nessa tarde, que viria a vencer o jogo por 4-2. Do outro lado do campo estava precisamente… o Sporting dos Violinos.
Analisando o Dérbi na perspectiva das hostes leoninas, há, igualmente, jogadores que gravaram com crivo de ouro o seu nome na história de um “Sporting-Belenenses”, ou vice-versa. Como já referi, Travassos e Liedson, em alturas desportivas distintas, são exemplos. O “Zé da Europa” deixou uma marca indelével na história dos leões, espelhada também nos jogos entre Sporting e Belenenses, onde esteve presente na maior vitória do Sporting ao clube de Belém fora de portas (0-6, no longínquo ano de 1954), tendo apontado dois golos. Já Liedson rubricou um póquer, um feito apenas ao alcance de predestinados, na última visita do Sporting ao reduto dos Azuis, na época de 2009/2010. Com esta proeza, Liedson entrou directamente para a história dos confrontos entre Sporting e Belenenses.
A 28ª jornada do Campeonato trará mais um pouco de história àquele que é um dérbi como os outros mais badalados. Sem ter a intenção de menorizar partidas como o Sporting – Benfica, creio que não se deve relegar um jogo como o Sporting – Belenenses para segundo plano. Pela história do confronto e pela altura em que este acontece – recorde-se que o Belenenses luta pela manutenção, e à equipa de Alvalade falta um ponto para assegurar a entrada directa na Liga Milionária.
“Força da Táctica” é um novo espaço que o Bola na Rede vai passar a apresentar. De futebol tanto falamos que acabamos, na maior parte das vezes, sem discutir a sua essência e profundidade, tal como os seus elementos fulcrais. Os conceitos, ideias e matrizes que regem as equipas dentro de campo – onde mais interessa – vão ser foco de estudo e análise desta nova rubrica. Comprometemo-nos em ser minuciosos em cada parágrafo com o fim de dar ao leitor o mesmo gosto pelo futebol que temos em assisti-lo.
Como primeira edição, nada melhor do que trazer à baila o regresso da táctica mais antiga do mundo: o 2x3x5. Assim, invertido aos olhos de quem aprendeu a ver a solidez defensiva como prioridade, o Brasil e Uruguai disputaram a final do primeiro Campeonato do Mundo, em 1930. Todo este artigo é uma adaptação crítica do original publicado, em castelhano da Argentina, no blog Paradigma Guardiola.
Jonathan Wilson fala da evolução do 2x3x5 ao 4x4x2 no seu livro “Inverting the pyramid. The history of soccer tactics”
Com o tempo, o 2x3x5 foi dando lugar aos antagónicos 4x3x3 ou 4x4x2; a primazia ofensiva foi perdendo adeptos para o pragmatismo defensivo e, a certo ponto, chegou de Itália uma moda resultadista chamada Catenaccio que nos afastava do gosto pela bola e convencia o mundo de que a forma de ganhar mais fácil seria cobrir os espaços defensivos e tentar marcar um golo que garantisse a vitória. Entretanto, chegou Guardiola e o 2x3x5 pode estar de volta.
Estranho? Frente ao Manchester United, Dortmund (na 1ª parte) e nas meias-finais da Taça da Alemanha, frente ao Kaiserslautern, Pep Guardiola, quando com bola, apostou numa disposição dos seus jogadores em tudo semelhante àquela utilizada no início do futebol. Os laterais, Lahm (ou Rafinha) e Alaba, ocuparam espaços mais adiantados e interiores, junto do médio mais recuado da equipa (Kroos ou Schweinsteiger) e deixaram Dante e Boateng sós na defesa. A estratégia passa por gerar mais movimentos e linhas de passe no meio-campo adversário e oferecer novas soluções para a cada vez maior preparação dos rivais, que naturalmente estudam ostensivamente o modelo do antigo Barcelona e do actual Bayern de Munique.
A disposição dos jogadores do Bayern, frente ao United, na primeira parte. Fonte: UEFA
Através da imagem (em cima) disponibilizada pela UEFA podemos constactar esta mudança na disposição dos jogadores da equipa bávara. Mas quais as vantagens? Uma delas, facilmente detectável no vídeo de análise ao movimento de Alaba que em baixo disponibilizamos, é a criação de superioridades numéricas e espaciais no meio-campo adversário. Com Lahm e Alaba em zonas muito mais interiores, os extremos contrários ou acompanham o movimento dos supostos laterais e deixam Robben e Ribery em 1×1 constante contra os defesas laterais, ou preferem ajudar os seus laterais na marcação aos dois desequilibradores do Bayern e oferecem todo o controlo do jogo no corredor central.
Na primeira parte do jogo contra o Dortmund, Guardiola optou por continuar a aposta nesta variante táctica que foi rebuscar aos confins do tempo e da história. O resultado ia sendo negativo (0-1 para o Dortmund, ao intervalo), causado pelas poucas mas excelentes transições que a equipa de Klopp conseguiu, mas sobretudo pela lentidão de processos na saída de jogo do Bayern e pela incapacidade dos mesmos permanecerem com bola no meio-campo contrário (1º e 2º vídeos em baixo). As ausências de Boateng, Muller, Thiago mas sobretudo de Kroos, que vem sendo o melhor médio do conjunto de Munique, foram também dificuldades acrescidas que não facilitaram a vida a este 2x3x5.
Contudo, convém notar que só uma equipa com capacidade para pressionar bem e alto, como a de Klopp, tem argumentos para colocar problemas na primeira fase de construção ao Bayern. O Kauserslautern ou até o Manchester United sofreram bastante pois, a seguir a ultrapassar aquela primeira fase de construção, o Bayern em 2x3x5 gera sucessivas vantagens numéricas no segundo e terceiro terços do terreno, motivadas também por uma dinâmica muito fluída e de alta rodagem. A alta posse de bola no meio-campo contrário faz com que a equipa em organização defensiva acabe por se desposicionar e, mesmo que consiga recuperar a bola, acaba por ser alvo de uma pressão zonal da qual dificilmente consegue sair com eficácia devido ao desgaste proveniente do largo período sem posse. Assim, dificilmente sai para o contra-ataque, momento do jogo que considero ser mais perigoso para o Bayern tão balanceado para a frente.
Luis Bassat, um catalão influente na área da publicidade, afirmou que criatividade é fazer algo diferente e melhor do que o anterior, que mais tarde se torna o modelo standard dos restantes. Guardiola já o conseguiu fazer com o seu modelo de jogo sustentado na posse, mas fá-lo-á também com o 2x3x5 que tem colocado em prática?
A voz encurta, o coração chega a mil, as sensações vão ao expoente máximo e o plano da nossa vida reduz-se à baliza onde entra o esférico simultaneamente mais perfeito e importante da nossa existência – foi basicamente esta a sensação que invadiu milhares (ou milhões) de benfiquistas na passada Quarta-Feira, aquando do pontapé de André Gomes. Sei-o porque também eu, de Sevilha a Old Trafford, ou com Kelvin no Dragão, já o saboreei. Mas de que me vale hoje?
Sou um privilegiado. Continuo a ser um privilegiado. Mas o privilégio de que continuo a gozar por ser adepto do FC Porto não apaga nem esquece a vergonha da última Quarta-Feira. Pela primeira vez na vida, tive vergonha da minha equipa e do meu clube. De termos sido tão incapazes quanto ingénuos ou descomprometidos.
Não sou apologista de clichés mas quando, há uns anos, Nuno Espírito Santo (que feito conseguiu ele no Rio Ave!), então capitão do FC Porto, soltou um apelo de bravura e de crença em forma de “Somos Porto!”, apreendi o que estava em causa; quando André Villas-Boas ‘ajudava’ Álvaro Pereira a marcar o extremo-direito contrário e, exuberante, festejava os (imensos) golos da super-equipa que construiu, materializava ainda mais esse sentimento; e até Vítor Pereira, com murros na mesa e voz firme e, depois, lágrimas no final, demonstrava o sentimento que o unia a este clube. Sim, são exemplos recentes, e com eles muito provavelmente estarei a ser injusto para com figuras que ajudaram a erguer o Dragão e o encarnaram na perfeição. Colocando Pinto da Costa noutra dimensão, a colecção vai de Pedroto a Mourinho, passando por Oliveira; de João Pinto a Jorge Costa, não esquecendo Bruno Alves; de estrangeiros que se tornaram património do clube como Aloísio ou Deco a Lucho. Inevitavelmente todos eles perderam com a camisola do FC Porto – mas todos eles souberam corporizar o ‘sentimento Porto’ e deixar lá dentro mais do que aquilo que podiam dar.
A passividade da defesa portista facilitou o momento de inspiração de André Gomes Fonte: Fpf.pt
O que sucedeu na passada quarta-feira em plena Luz foi exactamente o contrário daquilo que este clube representa. Passando por cima de todos os problemas estruturais que afectaram a equipa desde o primeiro dia desta temporada – e tanto que já falei deles aqui –, como a escolha de um treinador que nunca percebeu a sua nova realidade ou a deficiente construção do plantel, a equipa que entrou para defrontar o Benfica não soube honrar a camisola que envergava. Esqueceu-se do palco que pisava, do rival que tinha pela frente e do facto de estar a disputar uma final. Mais: esquecendo-se de olhar para o símbolo que trazia ao peito, esqueceu-se de o respeitar.
Tolero que a defesa seja imensamente jovem, condescendo que o meio-campo seja tão curto quanto pouco criativo e que a linha avançada não consiga facturar em função do mísero jogo que lhe chega em condições aceitáveis. Mas já não consigo admitir que os erros se acumulem, que as falhas se repitam e que os protagonistas, invariavelmente, sejam os mesmos.
Acredito que a má época desta equipa seja mais do que reversível – aliás, foi isso mesmo que este clube nos ensinou das últimas duas vezes que ficou em 3º lugar. Acho, inclusivamente, que há qualidade e potencial por explorar neste plantel. Mas seja qual for a revolução que esteja em marcha (e terei tempo de me pronunciar sobre o que aí virá …), o que está em causa é o sentimento Porto – é o comprometimento, a honra, a vontade e o crer. Tudo aquilo que vem faltando e voltou a falhar, clamorosamente, num dos palcos em que o Dragão mais tinha prazer de se impor. Até isso parece que se perdeu.
P.S.: “No llores porque ya se terminó … sonríe, porque sucedió”. Eu sei, sr. Gabriel. Mas o futebol talvez seja a excepção à regra: por mais que o passado “seja um livro de honra de vitórias sem igual”, é preciso voltar a ensinar a esta gente “o que é ser nobre e leal.” Depois, então, virá “mais um arco triunfal”.
Sempre gostei da palavra “salganhada”. Não sei exactamente porquê. É daquelas palavras que soam bem ao ouvido, que sabem bem dizer. Mesmo sem associar o seu significante ao significado (ai, Semiologia…), a própria palavra acaba por transmitir uma ideia automática de confusão, imprevisibilidade. Uma ideia de que nada está decidido e tudo pode acontecer.
Bem a propósito, é exactamente assim que vejo o que se passa actualmente no Campeonato de Futebol Feminino português – uma valente salganhada. Mas uma boa salganhada. Uma grande salganhada, diria. Isto porque afirmar que o campeonato feminino “está ao rubro” é dizer francamente pouco. E, sem mais demoras, devaneios ou introspecções linguísticas, passo a explicar o que quero dizer.
Campeonato de Manutenção
Aqui o termo salganhada remete para a intensa disputa entre 3 equipas. Bem sei que nesta fase de manutenção competem 6 clubes, mas actualmente penso ser bastante claro que a verdadeira luta pela permanência se jogará entre EFF Setúbal, 1º Dezembro e Cesarense. Com 4 jogos jogados de uma fase de 10 no total, tudo ainda é matematicamente possível, mas à excepção de uma eventual má fase de qualquer uma das restantes 3 equipas (Boavista, Valadares Gaia e Vilaverdense), o tira-teimas é entre as 3 últimas classificadas. Neste capítulo, o Cesarense leva uma forte vantagem para os restantes – 14 pontos somados, 3 vitórias e 1 derrota desde que começou a fase de manutenção. A 7 pontos de distância está, para surpresa de muitos que não tenham acompanhado recentemente futebol feminino, o 1º Dezembro. Sim, o grande Golias do Futebol Feminino português dos últimos anos, que chegou a vencer 11 campeonatos consecutivos e atingiu a marca de 140 jogos sem perder para o campeonato, está neste momento com um pé fora do primeiro escalão. Com um pouco mais do que um pé fora está mesmo a EFF Setúbal. Apenas 3 pontos somados no total (relembro que à entrada para a 2ª fase do campeonato os pontos foram divididos), 4 derrotas em 4 jogos da fase de manutenção. Vida difícil para o lanterna vermelha, que ainda assim registou bons pormenores durante a presente época.
1º Dezembro e EFF Setúbal em situação mais delicada para garantir a manutenção Fonte: Zerozero.pt
Penso que seja seguro afirmar que, à partida, Boavista, Valadares Gaia e Vilaverdense estão “safos”, isto é, em princípio não irão descer de divisão. A vantagem de 7 pontos que o Cesarense tem sobre a linha de água é sólida, mas nada garanta que 1º Dezembro e EFF Setúbal não desatem a fazer pontos e ainda consigam fugir àquele que começa a parecer cada vez mais o seu destino. Nesta salganhada para ver quem consegue um lugar ao sol, tenho o pressentimento de que ainda pode haver surpresas na fase de manutenção. Resta aguardar e ver quem se destaca.
Campeonato de Apuramento de Campeão
Na minha antevisão sobre a luta pelo campeonato de campeão (http://www.bolanarede.pt/?p=8711), sublinhei dois aspectos de maior revelo: que o espectáculo prometia pela grande competitividade que se adivinhava e que ainda estava mesmo tudo em aberto. Volvidas três jornadas, que é como quem diz metade da fase de apuramento de campeão, estas duas premissas confirmam-se. Se partimos para esta segunda fase com A-dos-Francos em primeiro (24 pontos), seguido de Clube Futebol Benfica (22), Atlético Ouriense (20) e Albergaria (19), vejamos como está agora a classificação:
Campeonato de Apuramento de Campeão de Futebol Feminino Nacional 13/14, à passagem da terceira jornada. Fonte: Zerozero.pt
Primeiras reacções? “Grande salganhada!” foi a minha. O líder incontestado da primeira fase fez 3 pontos em 3 jogos. Para quem havia atingido um marco impressionante de 16 vitórias em 18 jogos da fase regular, é seguro afirmar que o A-dos-Francos está um pouco aquém do esperado. De qualquer forma, mantém-se no topo da classificação, com os mesmos dois pontos de avanço para a competição, e com boas hipóteses de se vir a sagrar campeão. Isto porque nos primeiros 6 jogos (3 jornadas) desta espécie de final four do campeonato nacional feminino, 4 deles acabaram em empate. O líder não descolou dos top contenders, o que permitiu ao campeão em título, Atlético Ouriense, aproximar-se do topo da classificação. Na primeira metade deste mini-campeonato, o Ouriense foi mesmo a equipa com o melhor resultado – 5 pontos em 9 possíveis. Logo atrás está o Albergaria, que, com uma preciosíssima vitória em Benfica frente ao Fofó, conseguiu angariar 4 pontos, continuando ainda na última das quatro posições.
Falta falar, então, do Clube Futebol Benfica. E a sua situação é mesmo a mais surpreendente. Depois de terem acabado a fase regular do campeonato com expressivas vitórias sobre adversários directos, o Fofó tem até agora o pior registo desta fase – apenas 2 pontos em 9 possíveis, fruto de dois empates e da derrota, em casa, com o Albergaria. Nesta verdadeira fase de mata-mata, em Benfica não se tem conseguido impor a supremacia ofensiva que tanto caracterizou a equipa ao longo da presente época.
O Campeonato Feminino Nacional está mais do que ao rubro e a imprensa desportiva portuguesa não é indiferente – o jornal A Bola deu o merecido destaque à modalidade. Fonte: Futebolfemininoportugal.com
A 3 jornadas de se saber quem será o novo campeão feminino português, tenho de destacar o Atlético Ouriense nesta primeira metade da luta pelo título. Num curto espaço de tempo, as atletas de Ourém conseguiram ultrapassar a saída de uma jogadora importante, a demissão e consequente substituição do treinador e uma desvantagem de 4 pontos para estarem actualmente a apenas 2 do título. Não tenho dúvidas de que o Ouriense está dedicadíssimo em defender o título do qual é detentor, e os resultados comprovam-no. Nesta altura, apenas o Albergaria não depende de si mesmo para atingir a glória, e a próxima jornada contém um escaldante Fofó vs. Ouriense que pode decidir muito. Mas a julgar pelo que aconteceu nas primeiras 3 jornadas, tudo está, verdadeira e comprovadamente, em aberto.
Faltam nada mais, nada menos do que 3 jornadas. 3 jogos, 6 partes, 270 minutos que separam uma destas 4 equipas de ser campeã nacional. Afirmar que o apuramento do campeão nacional de futebol feminino “está ao rubro” soa a pouco. Muito pouco mesmo. Chegámos àquela altura em que a história chega ao seu desfecho, em que depois do twist inesperado a trama chega ao seu derradeiro final. Foi uma grande e longa guerra. Vamos ver quem ganha as últimas batalhas. Depois de ter acompanhado a temporada desde o seu início, confesso que estou em pulgas para ver os episódios finais. Foi uma bela viagem. Veremos quem sai por cima desta grande, mas boa, salganhada.
Não soube nunca o que me liga a ti. Ainda hoje não sei que chama é esta, que fulgor é este que me não deixa estar sereno sempre que tomas o relvado para enfrentar um clube outro, sempre tão mais pequeno que tu. E entre gritos e silêncios sôfregos, entre suores e lágrimas corrosivas, ergo outra e mais uma vez o cachecol com as tuas cores numa ânsia inexplicável de tudo emergir sob a tua alçada. Eu amo-te, Benfica.
Amo-te desmesuradamente como se te descobrisse por entre os curtos intervalos entre-aulas no secundário. Como se atrás de eucaliptos e edifícios velhos – que pode orgulhar Portugal de ter a maior percentagem de escolas básicas e secundárias adaptáveis a cenários de paintball da União Europeia – te encontrasse em cada história que eu mesmo por lá escondi. E depois voltar a casa com a frivolidade de ter encontrado o amor da minha vida com o primeiro sol de Maio a beijar-me a tez, como que a recompensar-me pelo tão grande nada que acabara de conquistar. Do fútil e do superficial jamais seremos apartados, bem sabemos, porque a quem não sente assim não se consegue explicar o que de majestoso existe no respirar vermelho e branco. Mas quis quem distribui o amor pelo Mundo que a amar-te como eu não houvesse poucos e que a frivolidade que nos é apontada, por ser de tantos e tão bons, fosse grande o suficiente para tornar regra a excepção: “Dizem que somos loucos da cabeça”.
Haja sempre Benfica Fonte: ontemvi-tenoestadiodaluz.blogspot.com
Não tenho dúvida de que o próximo domingo vai ser um dia de benfiquismo do mais alto nível. Porque esta nação merece, porque o que outros clubes tentam almejar ao munir-se de artifícios que jamais podem construir mística alguma é base do que nos faz não menos que estratosféricos, genuinamente grandes. E nada disso se explica, nada disso se aprende.
No domingo reuniremos todos em casa para uma celebração em família. Haja tochas e fumos que nos façam chegar ao céu, onde o Eusébio e o Coluna nos possam sentir, haja alegria e vermelho infinito, haja pais a mostrar o Benfica aos seus rebentos, haja quem veja o Benfica pela última vez campeão depois de uma vida dedicada ao clube, haja confraternização e solidariedade para com quem se festeje ébrio, haja abraços e lágrimas de campeão, haja Benfica em todo o lado, em todas as cores, em todas as línguas. Haja, acima de tudo, benfiquismo sem fim.
Nunca soube o que me liga a ti, mas peço-te hoje o que quero ver consumado no domingo: Sport Lisboa e Benfica, faz-me o favor de seres campeão. Até domingo, amor da minha vida.
“vou largar tudo
a mulher o trabalho a cidade onde vivo a casa de que não gosto
a cidade apagou em mim muitos desejos
a única coisa que ainda faço com prazer é vagabundear
o que não é muito
mas sinto-me livre e feliz e anónimo”
Foi na passada semana, entre os dias 7 e 12 de Abril, que a Maia, Cidade Europeia do Desporto 2014, acolheu as fases finais concentradas dos Campeonatos Nacionais Universitários. Depois de, em 2013, a maior festa do Desporto Universitário ter tido como sede a cidade da Covilhã, foi o norte do país o albergue de seis dias de intensa competição, organizada em parceria pela Federação Académica do Porto e pelo município da Maia.
Oito modalidades, 12 pavilhões/estádios e cerca de 2000 estudantes-atletas compuseram o cartaz dos CNU’s 2014. Com uma enorme mobilização a nível nacional – estiveram presentes Academias e Faculdades de todo o país – e depois de dezenas de jogos da fase de grupos e subsequentes fases eliminatórias, os primeiros títulos começaram a ser atribuídos ao terceiro dia de competição.
O Bola na Rede esteve presente nos CNU’s 2014, na Maia
Competição e Títulos
Na disciplina de Hóquei em Patins Masculino, a final foi disputada entre a AEFMH e a U. Porto, na qual os “motricitários” foram mais fortes (8-2), garantindo o título de Campeões, com a medalha de bronze a ser arrebatada pela Universidade Nova de Lisboa (depois de vencer o IPLeiria por 5-2). Já no tocante ao Basquetebol Feminino, reeditou-se a final do ano transacto, entre IPPorto e AAUAveiro – depois de um intenso e renhido jogo, o IPP levou a melhor, tornando-se Campeão Universitário, com o placard final a registar 61-54, sendo o último lugar do pódio ocupado pela AAUMinho depois da vitória (56-46) sobre a AEFMH.
É certo que, se os primeiros dias de Competição são encarados de forma mais relaxada e descontraída, com o aproximar das grandes decisões, a carga emotiva também aumenta – de todo em todo, se há coisa de que o Desporto Universitário em geral se pode orgulhar é do ambiente salutar que sempre se observa entre atletas e instituições. Porém, no desporto só um pode vencer… E foi ao quarto dia de CNU’s que o maior número de finais teve lugar.
No Rugby 7 Masculino, a vitória pertenceu à Universidade Nova de Lisboa, com o restante pódio a ser ocupado pela U.Porto (segunda) e AACoimbra (terceira). Já na vertente feminina, e com um quadro competitivo diverso (grupo único composto por cinco equipas), depois da desqualificação da AACoimbra – campeã em título –, o título foi conquistado pela U.Porto, com a AAUMinho a terminar no segundo posto.
No mesmo dia, também o Voleibol conheceu os seus Campeões Universitários – as finais acabaram por ser um pouco desequilibradas, com o título a sorrir, no Masculino, ao IPPorto (3-0 sobre a AEFEP, permitindo-lhe renovar o título conquistado no passado ano), com a AEFADEUP a terminar no terceiro lugar. Por sua vez, no Feminino, a AAUMinho não conseguiu revalidar o ceptro, perdendo na final por claros 3-0 diante da AEFADEUP, com a AEFEUP a levar para casa a medalha de bronze. Neste contexto, destaque para a clara supremacia das equipas do Norte do país em qualquer dos géneros.
Com a vitória diante da AEFEP, o IPPorto renovou o título no Voleibol Masculino
Trocando a bola e retirando a rede, o Andebol viu os seus Campeões Universitários renovarem os respectivos títulos. Na casa-mãe dos CNU’s, no Pavilhão Municipal da Maia, na vertente feminina, o IPLeiria sagrou-se Bicampeão Nacional Universitário, vencendo o conjunto da U.Porto por apenas um golo de diferença, num resultado justo mas muito saboroso (20-19). O pódio fechou com a equipa da casa, a AEISMAI. O maior feito estaria para chegar de seguida… No Masculino, a AAUMinho, pela sexta vez consecutiva (!), levou o título para casa, depois de bater a AEISMAI de forma clara por 35-22, com a medalha de bronze a ficar na posse da AEISEP, fruto de uma vitória sobre o Técnico (28-24).
Foi no penúltimo dia de competição que as finais mais aguardadas surgiram. Tanto no Pavilhão do Formigueiro (Basquetebol Masculino) como no Pavilhão Municipal da Maia, sede das finais (masculina e feminina) do Futsal, registaram-se assistências bastante interessantes e um público caloroso no apoio às suas equipas.
Mais ao lado, no Estádio Municipal de Gondim, o Desporto-Rei (apenas na vertente masculina) viu AACoimbra e AAUMinho lutarem pelo título. O favoritismo da turma do Minho confirmou-se, e a vitória por 2-1 (com golos de Rui Silva e Pedro Oliveira) diante da congénere conimbricense (tento de Pedro Marques) permitiu-lhe tornar-se Bicampeã Nacional Universitária de Futebol de 11, sendo que a medalha de bronze foi levada para casa pela AAU Beira Interior, depois da vitória sobre o Técnico (1-0, golo de Rafael Abreu).
A AAUM foi mais forte no Futebol de 11, revalidando o título
Voltando às modalidades indoor, a tarde de sexta-feira dos CNU’s dividiu-se entre as finais do Basquetebol Masculino e do Futsal.
No Basquetebol, o primeiro jogo do dia opôs AEFEUP e AAUAveiro na disputa pelo último lugar do pódio. Os engenheiros foram mais felizes e, depois de estarem a vencer durante todo o encontro, acabaram por confirmar a medalha de bronze com o resultado final de 69-63. Disputada duas horas depois, a grande final colocou frente a frente a AAUMinho e AEFADEUP. A equipa minhota, com outros argumentos, esteve sempre por cima do jogo, atingindo mesmo uma diferença no marcador de mais de 10 pontos. Porém, os desportistas, numa enorme demonstração de crer, fizeram uma ponta final de jogo de grande categoria, dando, inclusive, a sensação de que poderiam reverter o rumo dos acontecimentos. De qualquer forma, a AAUMinho soube ser inteligente, gerindo a partida de maneira a garantir o título de Campeã Nacional Universitária, algo que ficou carimbado com o resultado final de 67-59.
No Pavilhão Municipal da Maia e no Futsal, quem reinou foram as equipas da AACoimbra. Porém, antes disso, na vertente feminina, a AAUM garantiu o terceiro lugar depois de uma vitória muito suada diante do IPLeiria (3-2), com Cátia Morgado em destaque fruto de um bis. Por sua vez, a grande final foi disputada entre a AACoimbra e a AAÉvora. A AAC entrou melhor no jogo e, aos cinco minutos, viu a sua jogadora Sara Fatia colocar a equipa em vantagem. Ainda assim, nos primeiros 10 minutos de jogo, a AAE criava mais perigo em bolas longas do que propriamente a AAC, que, já em vantagem, trocava a bola no meio campo adversário mas nunca tentava o remate, acabando por sofrer vários contra-ataques. A segunda metade da primeira parte já foi diferente, com a guarda-redes da equipa de Évora a fazer algumas defesas difíceis, mantendo as suas companheiras na luta pelo empate. Antes do apito para o intervalo, houve ainda tempo para um remate potente que esbarrou no poste direito, de novo da autoria de Sara Fatia: uma grande oportunidade (não concretizada) para a AAC partir com uma vantagem de dois golos para a segunda parte. No reatar da partida, as bases do jogo não se alteraram, e a AAC continuou a trocar a bola de uma maneira muito precisa. Com o avançar do tempo, chegou a altura de as atletas de Évora apostarem tudo e instalarem-se no meio campo adversário, mas a verdade é que o último passe nunca saiu. Foi sem surpresa que a AAC chegou ao golo já perto do fim, através de um contra-ataque letal, com Sofia Regadas a sentenciar o jogo, fixando um 2-0 justíssimo.
Sara Fatia (AACoimbra) esteve em destaque durante a final, ajudando a sua equipa a vencer a congénere de Évora
Se a AACoimbra tinha demonstrado toda a sua qualidade no género feminino, o mesmo sucedeu na final masculina. Jogando contra a equipa da casa, a AEISMAI, os atletas conimbricenses viram-se a perder por duas bolas a zero mas, fazendo uso do quinto elemento, conseguiram voltar à partida, que, diga-se, foi imensamente disputada e com um número anormal de bolas nos ferros. Com um empate a dois no final do tempo regulamentar, o jogo foi para prolongamento. Aí, a AAC adiantou-se pela primeira vez no marcador (em mais um golo consequência de estar a jogar com o quinto elemento), ainda que a AEISMAI tenha respondido de forma certeira na transformação de uma grande penalidade, fixando o 3-3 final. O recurso às grandes penalidades foi inevitável e a AAC acabou por ser mais feliz – depois de uma tremenda eficácia de ambas as equipas na conversão dos primeiros cinco penalties, a AEISMAI acabou por falhar, fruto de uma boa defesa do keeper da AAC, João Bersch. Nesse momento ficou consumado o título da turma de Coimbra (muito graças ao hattrick do número dois da equipa, Júlio), algo que já não acontecia desde 2008/2009.
Já a luta pelo bronze terminou com a vitória do IPViseu sobre a AEFEUP por 3-1. A equipa de Viseu trocou sempre muito melhor a bola, jogando pela certa e atacando com critério, ao contrário da AEFEUP, que, provavelmente por ter estado sempre em desvantagem, correu bastante mas nem sempre da melhor forma. De facto, tratou-se de um jogo interessante, com algumas oportunidades para as duas equipas, mas com o IPV sempre por cima. Aliás, não fosse o guarda-redes dos portuenses fazer a diferença, evitando várias vezes o golo e mantendo sempre a equipa na luta, e o resultado poderia ter sido mais desnivelado. Nota final para a presença nas bancadas, desde o primeiro dia, de Jorge Braz, seleccionador nacional de futsal, certamente a pensar na convocatória para o próximo Campeonato do Mundo Universitário, a realizar em Málaga, Espanha.
O pódio do Futsal Masculino
O último dia dos CNUs foi dedicado, por inteiro, ao Corfebol. Com todos os jogos a terem como palco o Pavilhão Municipal da Maia e disputados numa lógica de equipas mistas, a final colocou frente-a-frente a AEISCAL e a AEIST. Num jogo que se adivinhava equilibrado, o Técnico acabou por ser muito superior, vencendo por 7-1 e conquistando o título. Para além da AEISCAL no segundo posto, o pódio completou-se com a presença da Universidade Nova de Lisboa (venceu a AAUMinho por 2-0) – as equipas provenientes de Lisboa mostraram, assim, que nesta disciplina estão um patamar acima de todos os seus restantes opositores.
Os CNU’s vistos de dentro
Os CNU’s são o evento desportivo-académico por excelência. Mais do que isso, são competições de estudantes para estudantes. Neste quadro, perceber a dimensão de que este evento se reveste para quem nele participa é algo, quiçá, tão importante quanto as classificações finais (já expostas acima).
Francisco Viegas, aluno da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, foi um dos muitos atletas-estudantes que estiveram presentes na Maia, em representação das suas cores. No seu caso em particular, os CNU’s 2014 significaram a possibilidade de representar a AAFDL na modalidade de Futebol de 11 a nível nacional. “Faríamos todos 1000 quilómetros se isso nos levasse aos CNU’s”, explicando que, para eles, em particular, “esta foi uma experiência diferente da de muitos, talvez, devido a vários factores que envolveram a equipa. Começámos a época desportivo-académica com muitas caras novas, assim como novos treinadores, mas, acima de tudo, quando o Campeonato (n.d.r.: competição a nível distrital que dá acesso aos CNU’s) começou o nosso objectivo era a manutenção e, no final, acabámos por realizar jogos míticos e por conseguir um apuramento para os CNU’s no minuto 92 do último jogo da fase regular.”
A comitiva da AEFDL que se deslocou até à Maia
Uma das questões que continuam a marcar os CNU’s é o facto de as Associações de Estudantes das Faculdades de Lisboa e Porto competirem de forma individual e não dentro de uma única Academia, como sucede nos restantes casos (a título de exemplo, AAUMinho, AACoimbra, AAÉvora).
Para Francisco Viegas trata-se de uma questão menor, uma vez que “embora faça diferença, após a nossa participação deste ano pude constatar que, defrontando verdadeiras Academias ou não, a nossa equipa tem capacidade para, no futuro, voltar a chegar longe”. “Basta ver que ganhámos a uma Academia que tinha o dobro das condições e dos apoios que nós tínhamos e que acabou por chegar à final, enquanto uma equipa como a nossa passa por dificuldades várias, como jogadores a terem de colar fita adesiva para fazerem os números nas camisolas, por exemplo. Isso responde em parte quanto aos apoios que nos foram dados, mas entende-se que não se possa exigir muito. De qualquer forma, tivemos hotel e transporte para a faculdade, mas é certo que, comparado com outras equipas, sabe a pouco”, concluiu.
A preparação de um evento desta envergadura, com a participação de perto de 2000 atletas, envolve sempre inúmeros cuidados e preocupações com toda a organização, logística e acompanhamento das equipas. Para Francisco Viegas, sobra o lamento de as competições serem realizadas num curto espaço de tempo, sendo que “a organização, pelo que me pareceu, valeu pelos mínimos”, algo contrariado por José Maria Monteiro, também ele presente nos CNUs, representando a AAUAlgarve em Futebol de 11. “Foi de louvar a excelente organização: gostei muito da forma como lidaram com tudo”, conta José, sobrando apenas o reparo em relação a alguma da comida que foi servida nas cantinas, algo corroborado por Francisco.
Os juristas que representaram a AEFDL nos CNU’s 2014
Por fim, o atleta-estudante da FDL considera que o Desporto Universitário e, por inerência, os CNU’s são para ser levados cada vez mais a sério. Nas palavras de Francisco, a competição universitária “é um instrumento importantíssimo para a união académica e para o bem-estar na Faculdade. Este ano, na FDL, já se verificou uma mudança na tendência normal, algo que partiu da iniciativa de membros da equipa através de cartazes e via Facebook. Para o ano, assim vai continuar, porque o ambiente que se verifica nos jogos é fora do normal”.
Pedro Carvalho, adepto atento dos CNU’s desde o primeiro dia, partilha do mesmo pensamento, crendo que “o desporto jovem e universitário está bem e recomenda-se” e que as equipas e os jovens que saíram vencedores destes intensos e festivos dias de competição na Maia “vão representar muito bem Portugal nas Universíadas”. A avaliar por aquilo a que o Bola na Rede teve oportunidade de assistir in loco, os CNU’s revelaram-se mais um evento de sucesso, quer em termos competitivos quer ao nível de toda a organização. No fundo, o presságio de que o futuro do Desporto Universitário em Portugal será risonho.
Reportagem de Filipe Coelho e Telmo Soares Ribeiro
O Sporting Clube de Portugal tem, este Sábado, o jogo mais importante da época. Estas são palavras de Leonardo Jardim. E, como já vem sendo hábito, não posso deixar de concordar com o técnico leonino.
Ao longo desta temporada, o clube leonino tem mantido uma qualidade de jogo alta aliada a uma regularidade notável. Vindos da pior temporada de sempre, os adeptos do Sporting não esperariam uma época tão bem conseguida por parte dos pupilos de Leonardo Jardim. E qual a melhor maneira de confirmar este estatuto? Garantindo matematicamente a entrada directa na Liga dos Campeões, vencendo o jogo de Sábado contra o Belenenses.
Para além deste factor, a equipa de Alvalade tem nas mãos a oportunidade de garantir o segundo lugar e consequente acesso directo à Liga dos Campeões ao mesmo tempo que adia a festa do título benfiquista por um dia. Ter um Benfica campeão por causa de um mau resultado do Sporting seria uma injustiça para os leões, tendo em conta aquilo que se passou durante a presente temporada. Deixaria um amargo sabor de boca saber que era o Sporting a dar o último passo para entregar o 33º título ao Benfica. Trata-se de uma questão de orgulho e não de uma questão de tempo, pois o título, esse, já está entregue.
Leonardo Jardim é um dos rostos deste novo Sporting Fonte: supersporting.net
Por estes motivos acima referidos, sou levado a concordar com o técnico leonino quando afirma que o jogo contra o Belenenses, a contar para a 28ª jornada, se trata do jogo mais importante da época. Garantir o acesso directo à Liga dos Campeões é a prioridade, sem dúvida. Não só por aquilo que representa voltar à Champions League de forma directa mas também porque, ao derrotar a equipa do Restelo, não teremos de nos preocupar com os dois jogos seguintes, que são bem mais difíceis (Nacional, na Choupana, e Estoril, em casa).
Leonardo Jardim tem efectuado um trabalho formidável no comando técnico do Sporting, e o madeirense de 39 anos merece, mais do que ninguém, a recompensa de poder vencer aquele que, para ele, é o jogo mais importante da temporada.
Ninguém esperava um Sporting tão forte esta época e, aconteça o que acontecer, esta temporada será sempre recordada com orgulho por parte dos sportinguistas. O Sporting está, sem dúvida, de volta. Uma grande prova disso mesmo seria alcançar os três pontos na próxima jornada.
Então, Sporting, vence por nós! Vence pela temporada extraordinária que fizeste, pela garra que mostraste, pelo respeito que reconquistaste e pelo esforço todo que esta época representou! Surpreende aqueles que ainda duvidam do teu valor! Vence para garantir o acesso directo à Champions! Mas, acima de tudo, vence por uma questão de orgulho, para mostrar aquilo que é o verdadeiro Sporting Clube de Portugal!
Depois da fraca prestação na primeira etapa do WCT, Tiago Pires ficou de fora do Drug Aware Margaret River Pro devido a uma lesão no joelho. Agora, completamente recuperado, o atleta português volta à competição. Deste modo, Tiago Pires recomeça a sua jornada já no Rip Curl Pro Bells Beach, que se realiza entre os dias 16 e 27 de Abril na Austrália.
Bede Durbidge e Nat Young são os adversários da primeira ronda do surfista natural da Ericeira. É de relembrar que Saca teve uma boa prestação em Bells Beach no ano de 2013, tendo sido eliminado pelo actual campeão mundial, Mick Fanning. Nat Young, que vai ser adversario de Saca, acabou esta prova em 2º lugar, perdendo a final para o surfista brasileiro Adriano de Sousa.
Tiago Pires numa rasgada “animal”. Fonte: asphawaii.org
Agora, voltando uns dias atrás: Michel Bourez foi o grande vencedor do Drug Aware Margaret River Pro. Apesar de o surfista da Polinésia Francesa ter sido derrotado no round 1 e round 4, não se deixou ir abaixo e foi caminhando a passos largos até à final, eliminando grandes nomes como Adriano de Sousa e Kelly Slater.
Michel Bourez num “carve” impressionante. Fonte:wp.clicrbs.com.br/
Na grande final, Bourez encontrou um surfista um pouco improvável, Josh Kerr. Com vento off-shore e ondas a rondar o metro e meio de altura, Michel Bourez começou a bateria com uma excelente nota, 7.57 pontos. Kerr respondeu com 5.07 pontos. Michel Bourez teve a capacidade de responder com um 8.33. Josh Kerr, apesar de estar em desvantagem, ainda conseguiu uma boa nota (7.37), mas infelizmente para ele não foi o suficiente para ganhar o Margaret River Pro. Deste modo, Michel Bourez tornou-se campeão da 2ª prova do WCT, com um score total de 15.90 pontos em 20 possíveis; já Josh Kerr não foi para além de um score total de 12.44 pontos.
Terça-feira, dia 15 de Abril de 2014, bar da Escola Superior de Comunicação Social: do nada, dou por mim a verter uma ou outra lágrima, enquanto falo de toda a mística benfiquista e de tudo aquilo que poderá vir a acontecer, no próximo fim-de-semana.
Segunda-feira, noite de 14 de Abril de 2014, quarto da minha mansão lisboeta: dou por mim a verter várias lágrimas, ao rever tudo aquilo que se passou no dia dedicado às cerimónias fúnebres de Eusébio.
E, assim como referi estas datas e factos, poderia ter referido outros, como sendo a minha massiva visualização dos festejos do título, em 2010, ou o resumo alargado do Sporting 3-6 Benfica, em 1994, ou o resumo do Leça 1-5 Benfica, de Janeiro de 1997 (atenção, também vejo muitos resumos que se reportam a desaires do maior de Portugal). O que importa aqui realçar é a forma como o Benfica ocupa um espaço tremendo na minha vida, nos meus hábitos, no meu quotidiano. Admito: não consigo estar mais de cinco minutos sem pensar neste clube e, fundamentalmente, na temporada que tem vindo a realizar e naquilo que nos poderá reservar o futuro.
Mas digam-me lá: como é que eu não hei-de amar o Sport Lisboa e Benfica? Depois de um final de época tão dramático e penoso como aquele que aconteceu no ano passado, que outro clube conseguiria reerguer-se desta forma? Que outro clube tem esta aura? Que outro clube consegue colocar milhões e milhões de pessoas em suspenso? Que outro clube consegue superar um FC Porto, estando a jogar com menos um jogador desde os 30 minutos de jogo? Que outro clube consegue ter tanto ex-jogador, de nacionalidade estrangeira, a torcer por ele?
Assumo: sou o típico adepto benfiquista! Ao longo desta época, como podem comprovar por alguns dos meus primeiros artigos, já fui um crítico veemente do clube, porque na altura o Benfica merecia isso. Penso que sempre mantive a coerência, porque nestas coisas do futebol tudo muda num ápice. Neste momento, é impossível dizer mal do que quer que seja. Ontem dei por mim, no final do Benfica vs FC Porto, quase com os olhos empapados, a olhar completamente babado para toda aquela atmosfera na Luz. Ao longo desta quinta-feira, já vi e revi dezenas de vezes o golaço de André Gomes.
O problema é que, mesmo que eu quisesse que o ego baixasse um pouco, não daria! Somos o clube europeu com mais adeptos no próprio país, segundo estudo oficial da UEFA, isto dias depois de termos transformado Aveiro num autêntico vulcão benfiquista. Temos filas intermináveis junto às bilheteiras do Estádio da Luz, com vista a adquirir o bilhete mágico para esse aguardado Benfica vs Olhanense. Tivemos uma equipa de júniores a disputar a final da Youth Cup, de uma forma digníssima.
Ontem à noite, ao ver todos aqueles adeptos que invadiram o terreno, completamente eufóricos para comemorar um golo com os seus ídolos, eu revi-me totalmente neles! Isto é uma doença, talvez seja, mas é esta maleita que nos torna uma massa adepta única, completamente sofredora, que torna o Estádio da Luz em algo transcendente, em algo inigualável.
Um qualquer golpe de Estado? Não, é Benfica campeão nacional 2009/2010 Fonte: Blogue “Voltas ao Mundo”
No próximo domingo, como todos os restantes milhões de adeptos do meu clube, espero festejar o 33º título nacional. Sem provocações aos rivais, sempre a cantar pelo nome do Benfica, tornando o dia 20 de Abril, domingo de Páscoa, em algo sobrenatural. Nós somos o Sport Lisboa e Benfica, conseguimos paralisar Lisboa, Aveiro, Braga, Paris, Genebra, Lausanne, Díli, Newark, e todo o restante local em que exista oxigénio. Somos o clube do povo, das massas! Na segunda-feira, se tudo correr bem, veremos médicos, juízes, lojistas, barbeiros, desempregados, sem-abrigo, toxicodependentes, o que quiserem, felizes! Porque, independentemente da conjuntura de Portugal, um título do Benfica é algo de único, é algo que nos faz esquecer de tudo aquilo que temos à nossa volta.
Eusébio da Silva Ferreira e Mário Coluna, onde quer que estejam, devem estar radiantes por ver que o Benfica está à imagem deles – grandioso, corajoso, sem medo de nada nem de ninguém, a encantar milhões de adeptos. Por isso, Sport Lisboa e Benfica, mais uma razão para dares tudo o que tens neste fim-de-semana pascal: homenagear estas duas lendas do futebol nacional, que durante quase toda a sua vida te veneraram.
Bem, e agora eu, como em jeito de despedida, digo-te, maior de Portugal: dá-me esta alegria suprema, que é como quem diz, seres campeão nacional. Só penso em ti, quando jogas entro noutro mundo, já prejudiquei namoros por causa de ti, já tive discussões em casa por causa de ti, já saí abruptamente de espaços públicos por causa de ti, já sorri, e muito, por causa de ti, já chorei por causa de ti, já saí até às tantas por causa de ti, já me fechei no quarto por causa de ti. Não te estou a cobrar nada, porque isto é instintivo. Mas vá, faz lá felizes tantas e tantas pessoas.
Porque tu, Sport Lisboa e Benfica, és mesmo um dos meus suportes básicos de vida, desde 2 de Janeiro de 1989. Sem ti, não andava cá a fazer nada.
P.S: Confesso que desejo ardentemente ouvir anúncios de trânsito radiofónicos, no próximo domingo, do género: “Trânsito muito condicionado entre o Saldanha e o Marquês de Pombal”…
Edison Cavani foi a contratação mais sonante a chegar ao Parque dos Príncipes para a época 2013/2014. Nasser Al-Khelaïfi continuou a investir no clube francês e, mais uma vez, sem mãos a medir: pagou 64,5 milhões de euros pelos serviços do avançado uruguaio.
O ponta-de- lança era a figura do Nápoles e veio para o clube milionário com o rótulo de monstro, de matador! E vinha com provas dadas. Na sua última época no clube italiano Cavani marcou 38 golos num total de 42 jogos divididos entre Serie A, Liga Europa, Supertaça de Itália e a TIM Cup, tendo sido coroado como melhor marcador da Serie A (2012/2013). O Paris Saint-Germain investiu num valor seguro; Cavani decidiu abraçar um projecto e elevar as suas ambições, principalmente nas competições europeias.
Cavani foi uma das contratações mais sonantes do verão de 2013 Fonte: Getty Images
No verão de 2013 o monstro sul-americano chegou a Paris deixando tudo e todos em sentido. Agora o Paris Saint Germain, só no ataque, tinha argumentos para deixar os guarda-redes adversários de bexiga apertada: Ibrahimovic e Cavani. Que dupla! Esperava-se dois dos melhores pontas-de-lança do mundo, matadores por natureza, assassinassem cada conjunto de redes e postes que lhes aparecesse à frente. Ibrahimovic cumpriu. Com pormenores fantásticos e com a sabedoria de toda uma carreira, leva 40 golos em 43 jogos na presente temporada. Cavani não se mostrou tão “matador” quanto se esperava. Pedia-se mais do que 22 golos em 39 jogos a um activo de 64,5 milhões de euros. A verdade é que não é fácil viver na sombra de Ibrahimovic, mas mesmo quando teve a oportunidades (sem o sueco) Cavani pouco mostrou. Com pequenas lesões a afectar o seu jogo, o uruguaio queixa-se de não conseguir encaixar no jogo de Blanc: “atualmente no PSG eu tenho de defender muito e vinha com uma ideia diferente do que seria o meu papel na equipa”, disse recentemente o n.º 9.
O que esperar de Cavani? Que se imponha? Uma saída no final da época? Quem irá cobrir o investimento feito pelo PSG? O avançado vinha para matar e pouco matou. Ibrahimovic continua a ser o rosto da equipa e nem a idade, nem a vinda de Cavani pareceram afectar o gigante sueco. O ex-jogador do Nápoles fala numa “revisão de papel na equipa” e já demonstrou interesse em jogar na Liga Inglesa. Será isso? Será que o futebol francês não é para Cavani? Encaixará Cavani num jogo mais físico e directo na melhor liga do mundo? Temos de esperar para ver. Esperemos que em breve Cavani confirme o rótulo de classe mundial com que veio do Nápoles. Ou no PSG ou noutro país. Agora aguardemos pelo Mundial. Vamos lá ver se Cavani consegue encaixar na selecção uruguaia ou se, à semelhança do que aconteceu com Ibra, Suaréz o vai remeter para um plano menor na equipa, sendo o goleador de serviço.