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Arena

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brasileirao

Arena, s. do latim arena (areia, de que é divergente).

Apresentações feitas? É esta a magia da etimologia. Ir buscar à raiz de cada palavra as determinações que lhes dão sentido. Como a raiz de uma planta, que suga carinhosamente a água em volta.

Mas está aqui algo de estranho… não é? Vejamos. Areia? Tudo bem, gladiadores, que faziam do terreno solo sagrado nas suas infinitas batalhas travadas. Mas agora a nova moda é chamar aos estádios de futebol, arenas. Porquê? Há batalhas sangrentas no relvado? Não, apenas lutas por vencer com uma bola dentro da baliza. A multidão é insaciável? Sim! Caramba, mas com tamanho espetáculo quem não é?

Porém, o sentido conotativo e denotativo que tal vocábulo evoca é o de luta física. Com sangue e pior do que isso… a morte brutal e cruel para deleite doentio.

A nova “Arena Amazônia”, em Manuas, capital do Amazonas, está pronta. Morreu um operário português durante a sua construção. Luto. Agora mais do que nunca seria preciso trocar o tão infeliz nome tendo em vista o triste curso dos acontecimentos. Ninguém quer uma morte destas. Se há duas coisas certas na vida (a morte e os impostos) o certo é que ao segundo dá para escapar por subterfúgios, mas quanto ao primeiro todos iremos parar a um sobretudo de madeira. É que esta história de se estar vivo um dia ainda acaba mal! Só que, sinceramente, nenhum ser humano desejaria ir para o outro mundo durante a construção de um monumento edificante.

Nem dez estádios desta envergadura dariam para repor a vida que se perdeu Fonte: copamundial2014brasil.com.br
Nem dez estádios desta envergadura dariam para repor a vida que se perdeu
Fonte: copamundial2014brasil.com.br

Será a oportunidade para a Seleção “vingar” o que aconteceu. Como se pudesse ser possível fazer alguma coisa para apaziguar a dor da família do operário.

Arena Pantanal, Arena de São Paulo, Arena da Baixada… enfim. Com tanta areia não sei como não será um campeonato de futebol de praia, em vez de futebol (de relva). Felizmente o Maracanã ficou com o mesmo nome.

Em Portugal, estes nomes começam a invadir-se-nos e nós nem nos damos conta disso. Pavilhão Atlântico? Nada. Passa a Meo Arena. E as coisas vão acontecendo, vão criando raízes, como falamos em cima, e o caule fortifica e fica cada vez mais independente até se instalar. E depois… olha, depois adeus.

Peço desculpa, mais uma vez e como faço regularmente nas peças que tenho o prazer de escrever para vós, mas este assunto teria de ser tratado. Não quero estar a ser pedante, pois que isso é uma característica dos fracos. Mas é preciso chamar a atenção e corrigir algumas imprecisões tanto do lado de cá, como da outra margem do Atlântico. A língua é mutável, claro. E o futebol é o princípio de uma bela conversa.

Voleibol universitário – que futuro, passado, presente?

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cab Volei

Ainda antes da década de sessenta, António Cavaco, engenheiro natural da ilha açoriana de São Miguel, foi um elemento importantíssimo na divulgação da modalidade continente fora – isto depois de o voleibol ter sido trazido aos Açores pelos militares americanos.

Tendo vindo cursar engenharia na Universidade Técnica, em Lisboa, Cavaco foi um elemento preponderante neste desporto e na Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico, tendo esta equipa vindo a ser a mais importante marca da fase inicial da competição no país; no primeiro campeonato nacional oficial, em 1947, sagrou-se a AEIS Técnico como primeira equipa detentora do título nacional.

No mundo da competição nacional – não só no voleibol –, várias instâncias da competição foram criadas. Campeonatos especificamente universitários foram um exemplo de competição específica criada, que fomentou o espírito académico e a inclusão do desporto nas associações académicas e união entre pólos universitários de várias áreas e zonas do país.

E hoje? Pleno ano de 2014. Como está a competição do voleibol dito ‘académico’? É uma porção muito pequena do desporto académico atualmente, e é maioritariamente composto por equipas femininas.

Vitória SC - Exemplo de uma equipa com raízes não inteiramente ligadas à academia. Fonte: Vitoriasempre.net
Vitória SC – Exemplo de uma equipa com raízes não inteiramente ligadas à academia
Fonte: Vitoriasempre.net

Felizmente, o leque de opções que as associações do país inteiro têm ao dispor através de vários clubes e em relação aos escalões de formação é elevado. Ou seja, desde bem pequenos há uma porção elevada de pessoas a praticar a modalidade e um conjunto de bons atletas que têm vindo a mostrar boas aptidões para ingressar futuras congéneres profissionais.

Porque é que o voleibol na universidade tem esta quebra? Será a falta de divulgação? A falta de interesse no desporto assim que os estudantes ingressam no ensino superior?

É pena, porque existem muitos casos de pessoas que após iniciarem a vida no ensino superior – e que por vários motivos não conseguiram ingressar em equipas federadas mas, mesmo assim, não chegam sequer a informar-se de grupos académicos – que poderiam vir a disputar interessantes torneios universitários e, quem sabe, dar asas a outros rumos em equipas profissionais no futuro.

O PAOK visto por quem o conhece

internacional cabeçalho

O artigo que se segue foi redigido por Johnny Georgopoulos, jornalista grego, que gentilmente nos enviou este texto de análise à equipa do PAOK de Salónica, adversário de amanhã do Benfica na Liga Europa. A tradução integral ficou a cargo de Mário Cagica Oliveira.

Já era expectável para toda a gente na Grécia que o PAOK, este ano, iria ser o principal adversário do Olympiacos na luta pelo título de campeão nacional. Atualmente, o PAOK é uma das equipas que menos tem sofrido com a atual situação financeira da Grécia. Esta situação deve-se, essencialmente, ao seu presidente, Ivan Savvidir, antigo membro do parlamento russo.

No entanto, e ao contrário daquilo que se esperava inicialmente, o PAOK tem desapontado nesta luta: está a 20 pontos do Olympiacos e o terceiro classificado, o Atromitos, está a apenas 2 pontos de distância. O PAOK é muito conhecido pela sua força no Toumba (o seu estádio local) e isso tem sido evidente no campeonato: está invencível, com um registo interessante (11 vitórias, 1 empate e zero derrotas). O grande problema da equipa de Salónica continua a ser os jogos fora de casa (5 vitórias, 2 empates e 6 derrotas). Inclusivamente, os últimos 4 jogos fora de casa resultaram em 4 derrotas. No último fim-de-semana, contra o Asteras Tripolis, o PAOK até esteve em vantagem com um golo de Athanasiadis (goleador nato), mas acabou por conceder 2 golos e perder mais uma partida (2-1).

Esta recente série negativa colocou o técnico holandês, Huub Stevens, numa posição complicada, uma vez que os adeptos do PAOK o apontam como o principal culpado pela má campanha da sua equipa. Desde a derrota com o rival Panathinaikos (2-1, no dia 9 de fevereiro), que a contestação tem subido de tom. O PAOK continua a procurar equilibrar-se enquanto equipa, mas continua a estar longe de encontrar estabilidade e a melhoria dos índices anímicos dos seus jogadores. A comunicação social grega tem dito, de forma recorrente, que Huub Stevens não se está a adaptar à mentalidade do país e que não terá tanto interesse no campeonato grego como deveria.

Atualmente, para o PAOK, nem o segundo lugar, que muitos lhe asseguravam, está garantido. O técnico holandês continua a mudar constantemente o seu onze inicial e a 2 meses e meio do final do campeonato regular, continua a prometer que a equipa irá jogar bem no futuro. O tempo para provar que o PAOK pode jogar um futebol atrativo consigo é agora. Este jogo frente ao Benfica é crucial e ele quer mostrar que os adeptos estão errados em contestá-lo. As desculpas acabaram. O Benfica está invicto há 18 jogos (curiosamente, a última derrota foi contra o Olympiacos no Karaiskaki por 1-0), mas em Salónica acredita-se num bom resultado, com a ajuda do forte apoio que se verifica no Estádio Toumba.

Huub Stephens tem perdido algum tempo a analisar os prós e contras da equipa do Benfica, através da visualização de DVD’s, e, nos últimos treinos, tem sido visto a trabalhar muito os movimentos defensivos e ofensivos da sua equipa. Inclusivamente, depois da derrota do último fim-de-semana, frente ao Asteras Tripolis, ele já se encontrava focado no encontro de amanhã: «Jogámos bem, mas tivemos azar e perdemos. Cometemos alguns erros, mas já estamos a pensar no próximo encontro. E temos um jogo importante frente ao Benfica», referiu.

Apesar de tudo, a situação de Stevens está longe de estar resolvida entre os adeptos. Todos continuam à espera que o presidente, Ivan Savvidis, retorne a Salónica para demitir o técnico holandês do seu posto. Pessoalmente, eu creio que se sair será por sua livre vontade e não por despedimento do presidente.

Miguel Vítor e Katsouranis já pertenceram ao Benfica e agora jogam pelo PAOK
Miguel Vítor e Katsouranis já pertenceram ao Benfica e agora jogam pelo PAOK de Salónica

Para o encontro de amanhã, o PAOK não poderá contar com Miguel Vítor (lesionado) e Maartens (não foi selecionado para as competições europeias). Também os novos reforços, Natko (proveniente do Rubin Kazan) e Danny Hoesen (do Ajax), irão falhar o jogo por já terem jogado pelos seus clubes nas competições europeias deste ano.

Em sentido contrário, Salpingindis (capitão), Katsouranis (ex-Benfica) e Stoch vão regressar aos relvados para o encontro de amanhã. Estes três jogadores estiveram de fora no último encontro e vão poder dar o seu contributo amanhã. Outra boa notícia é o regresso do médio veterano sérvio, Vukic, que está totalmente recuperado de lesão.

Na antevisão  da partida de amanhã, Giorgos Georgiadis, técnico adjunto, também deixou algumas notas importantes: «Estamos a atravessar uma má fase e, por isso mesmo, o jogo com o Benfica é muito importante. Temos de esquecer a liga e concentrarmo-nos apenas no jogo que aí vem. O Benfica é muito forte, mas temos a vantagem de jogar no nosso estádio.  Eu acredito que depois podemos garantir a qualificação no Estádio da Luz, mas vamos ter de ter atenção. O Benfica é muito bem organizado, forte no contra-ataque e tem estado muito bem, apesar da perda de Matić. Eles também são fortes a nível defensivo, mas temos de esperar que tenham um mau jogo. Vamos tentar bloquear o seu jogo ofensivo. Eles têm uma defesa sólida, mas vamos ter de encontrar espaços para lhes criar problemas», concluiu.

A nível tático, creio que Stevens não deve usar Lino (ex-Porto), porque não tem estado em boa forma. Acho mais provável que Katsouranis e Insaurralde joguem no centro da defesa com Tzavellas do lado esquerdo.

Se apostar no 4-2-3-1, creio que Vukic vai jogar atrás do único avançado Stefanos “Klaus” Athanasiadis. Se, por outro lado, apostar no 4-4-2, aposto em Salpingindis para fazer companhia a Athanasiadis. De qualquer forma, aqui fica a minha aposta para o onze inicial de amanhã:

paok onze

 

 

Esta é uma parceria entre o Bola na Rede e o site grego Sport 24.

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Ai Porto, a que porto irás parar?

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atodososdesportistas

Esta semana escrevo, em forma de desabafo, sobre o que o nosso Porto tem andado a fazer. Não tanto em termos de futebol jogado, mas também do que se passa ao nível das transferências e da gestão do plantel – é neste segundo aspecto que me irei focar. Depois das saídas de Moutinho e James e da não contratação de um médio e de um ala de categoria mundial (como eles eram), juntaram-se ainda as saídas de Lucho e, mais recentemente, de Otamendi. A de Lucho ainda posso perceber: é um jogador que deu tudo pelo clube, saiu e passados alguns anos quis voltar, abdicando de mais de 50% do seu salário. Ele mereceu ter um “contracto das Arábias” e fiquei feliz por isso ter acontecido (mas não por ele sair…). Já a venda de Otamendi, achei-a aberrante, sem sentido e totalmente despropositada!

Porquê? Ora, vejamos: é um central que poderia jogar em quase todas as equipas europeias, que foi vendido ao Valência por 12 milhões (mais três, consoante objectivos) e que, por complicações burocráticas, só pode voltar jogar na Europa em Junho. Até lá, estará emprestado a um clube brasileiro. Isto tem sentido? Por que não jogar estes últimos seis meses no Porto, ele que nas épocas que fez de dragão ao peito foi sempre dos jogadores mais utilizados por todos os treinadores, e ser vendido depois? Eram seis meses, nos quais ele seria um esteio na nossa defesa e jogaria melhor do que nunca, tendo em vista o Mundial que está à porta… Tenho um ex-colega brasileiro que é “atleticano” fervoroso e que ironicamente me agradeceu pelo Porto ter cedido Otamendi durante estes seis meses; diz que “é o melhor central a actuar no Brasileirão” (claro que isto dito por um adepto do clube pode roçar o exagero)!

 

Otamendi deveria fazer fazer dupla com Mangala  Fonte: fcpnacaoportista.wordpress.com
Otamendi deveria fazer fazer dupla com Mangala
Fonte: fcpnacaoportista.wordpress.com

Não é só o facto de Otamendi ter saído que me entristece, mas sim os problemas que conseguimos criar com a sua (ridícula) transferência! É que a juntar a isto, o Porto faz retornar Abdoulaye, um bom jogador mas que não pode jogar na Liga Europa por já o ter feito pelo Vitória de Guimarães, e ao voltar, torna-se titular no eixo da defensiva, assumindo-se como “substituto” de Otamendi. Escrevo e fico ainda mais confuso com esta gestão… Caso o Porto chegue longe na Liga Europa (espero que aconteça), como lidaremos com esta “dança de centrais” que se irá verificar entre campeonato, taças e competição europeia? Joga Mangala-Abdoulaye no campeonato e jogos difíceis da Taça, Mangala-Maicon na Liga Europa e Maicon-Reyes na Taça da Liga? Por favor, não dêem tiros nos pés! Abanar a estrutura pela base não pode trazer coisas boas! Por que não voltar a apostar na dupla Mangala-Maicon (que são grandes jogadores), deixar Abdoulaye crescer no banco e para o ano, caso decidam, voltar e estar disponível para todas as competições? A nossa equipa já treme demasiado para tanta troca de lugares!

Fico preocupado com o rumo que o Porto começa a levar. Contratamos Reyes pelos milhões envolvidos e, quando sai um central, faz-se retornar outro? Isso é passar um atestado de incompetência ao “miúdo”. Seria o mesmo que, com a saída de Lucho, não fosse dada uma oportunidade a Carlos Eduardo e a Herrera e se fosse contratar um jogador qualquer. É preciso mudar algo, e esse algo é… A politica de gestão! Sempre tivemos das melhores que existiram, porquê esta mudança este ano? Não estavamos tão bem? Não se percebeu já que por este caminho estamos a oferecer o titulo aos nossos rivais? Precisamos de calma, tranquilidade e, acima de tudo, ORGANIZAÇÃO! Olho para este Porto e não consigo entender “quem é quem”, quem faz o quê… Cabe à SAD perceber o que é melhor para o clube. A nossa SAD sempre equilibrou contas com a necessidade de vencer títulos. Este ano parece que não: vende-se, vende-se, vende-se em nome dos milhões e contrata-se a preços baratos. Não sei o que se espera!

Como digo sempre que falo de forma menos positiva do meu clube: “espero estar errado e que continuemos a ganhar”, mas infelizmente o que vou escrevendo enquanto “analista” vai-me dando razão quando vejo onze jogadores (e não uma equipa) de azul-e-branco a entrar em campo. Existem anos menos bons e este é, de todo, um deles.

Eu acredito no Porto e nas pessoas que o comandam e só peço, enquanto adepto, que me façam voltar a sorrir com o futebol jogado e as brilhantes exibições de outrora, num passado muito recente… Somos Porto, somos os melhores de Portugal e, acima de tudo, o nosso palmarés prova-o! Iremos dar a volta esta situação; espero que ainda esta época!

Para onde caminhas, Braga?

futebol nacional cabeçalho

A temporada está longe de ser perfeita. O descalabro inicial com o Pandurii e a constante irregularidade da equipa no campeonato têm sido os fatores de maior relevância nesta segunda aventura de Jesualdo Ferreira no comando técnico dos Guerreiros do Minho. Com ainda alguns jogos por disputar, não é normal que uma equipa como o Braga já tenha averbado 9 derrotas no campeonato e que não tenha já grandes ambições para o que falta da temporada. O quarto lugar está muito longe, a Liga Europa ficou (escandalosamente) perdida no início da época e a Taça da Liga foi agora também colocada de parte (ainda que, é certo, em condições muito específicas – ver AQUI). Será a Taça de Portugal a salvação da temporada?

António Salvador esperará que sim, para não retirar Jesualdo Ferreira do leme da equipa. Uma medida que se percebe, dado o contexto atual da equipa, mas que volta a ser ingrata para um técnico que tanto sabe e que tantas vezes tem sido injustiçado. Depois de o Braga ter ficado atrás do Paços de Ferreira na temporada passada, depois dos abandonos de Hugo Viana, Mossoró ou Salino e do cada vez mais evidente decréscimo de forma de Alan e Custódio, este era o ano zero para o clube – o ano em que a geração de jogadores iniciada com Jorge Jesus em 2008 chega ao final da sua caminhada. E cabia a Jesualdo essa tarefa. Tal como no ano passado, com o Sporting CP, lhe foi incumbido semelhante trabalho: pegar num conjunto de jogadores e fazer um plantel. E isso não se faz de um momento para o outro. É preciso tempo e um treinador capaz e competente. Como Jesualdo.

Olhando para o atual plantel do Braga, é possível verificar que em termos individuais há, de facto, muita qualidade. Mauro foi uma excelente descoberta de Jesualdo; Éder, quando estiver em condições físicas aceitáveis, tem tudo para ser o melhor ponta-de-lança português; e Alan, Custódio e Rúben Micael conferem alguma experiência e rigor tático à equipa, fruto da sua maturidade. Depois, queria ainda deixar o registo para dois jogadores que são, na minha opinião, as grandes revelações do Braga nesta temporada. Falo de Raul Rusescu e Rafa. Quanto ao romeno, apesar de ter chegado apenas em janeiro, já demonstrou argumentos para assumir a titularidade na frente de ataque. É muito rápido a movimentar-se e consegue encontrar facilmente espaços para rematar (com qualidade) à baliza adversária, para além de que é muito dotado tecnicamente e com um sentido fantástico de oportunidade para aparecer na cara do golo. É jogador de clube grande e vai demonstrá-lo no que resta da temporada. Já em relação a Rafa, faltam-me os adjetivos para descrever tudo aquilo que este jovem de 20 anos tem conseguido fazer na sua primeira temporada na primeira divisão portuguesa. A grande questão em relação a Rafa é saber qual é o clube grande que o vai atacar primeiro. Fortíssimo no um para um, muito rápido a definir jogadas e com uma colocação de remate muito interessante. Uma ida ao Mundial’2014 não era, de todo, descabida. Aceito apostas: quem é o clube que vai pegar em Rafa?

Mas se em termos individuais tudo parece orientado, é na parte coletiva que este Braga falha redondamente. Eduardo é um guarda-redes competente, mas a defesa minhota continua a ser, na minha opinião, uma das mais graves lacunas do plantel atual. As laterais estão longe de ser brilhantes e os centrais tardam em convencer. Eu, aliás, defendo que desde 2009/2010, com Moisés e Alberto Rodríguez, que o Braga não encontra uma dupla com qualidade para se fixar no onze inicial. As mudanças na zona mais recuada do terreno são constantes e, naturalmente, a equipa ressente-se. Se há zona onde não se deve mexer com frequência é na defesa. E no Braga, seja por lesões ou por opção, essa é uma área que tem recebido retoques a mais. O velho ditado que diz que “um bom plantel se começa a construir de trás para a frente” nunca foi colocado em prática nos começos de temporada. E, este ano, os problemas estão a saltar à vista de todos.

Tudo isto para dizer que a situação do Braga não é, de todo, a melhor. Mas também não será com o despedimento de Jesualdo que a situação poderá melhorar. O técnico bracarense está mais perto do que nunca de encontrar o seu núcleo de bons jogadores e necessita de tempo para reorganizar tudo. Este foi o ano zero e já deu para retirar várias ilações sobre aquilo que é necessário melhorar. Em Braga,  este ano, há ainda que lutar pelo quarto lugar e por um lugar na final da Taça de Portugal. Para o ano, o objetivo é manter a estrutura (incluindo Jesualdo) e subir a fasquia. António Salvador, mais do que ninguém, sabe que há qualidade e infra-estruturas para assumir compromissos de “clube grande” e esquecer esta, até ver, desastrosa temporada.

Champions League 18/02: A Primeira Noite de Grandes Emoções

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A Liga dos Campeões voltou em grande e a presentear-nos com aquele que é, provavelmente, o maior jogo dos 16 avos-de-final, Manchester City – Barcelona, ao mesmo tempo que, na Alemanha, decorria o Bayer Leverkusen contra o Paris-Saint Germain. Ambas as equipas forasteiras, sem grande surpresa, conseguiram resultados positivos, talvez a surpreender apenas pelos resultados muito folgados para as mesmas.

Manchester City – Barcelona

Em Manchester, o City recebia o Barcelona, que dá sinais de regressar ao Tiki-Taka, de Guardiola. A equipa comandada por Pellegrini apresentou um esquema de jogo extremamente defensivo para tentar bloquear o pendor ofensivo do Barcelona, apresentando um 4-5-1, com Kolarov e Clichy no lado esquerdo. Já o Barcelona, apresentou o seu esquema habitual recheado de estrelas, dando-se ao luxo de deixar Neymar e Pedro no banco.

O City jogava com duas linhas defensivas muito recuadas e cabia a Yaya Touré levar a equipa para a frente, mas a posse de bola acabava por cair toda para o lado do Barça, que não demorou muito a testar a qualidade de Hart. Contudo, foi apenas na segunda parte que o Barcelona chegou à vantagem por intermédio de Messi, de grande penalidade. Na minha opinião, apesar da expulsão de Demichelis (justa), a falta é fora da área. É, no entanto, uma decisão muito difícil para o árbitro.

Zabaleta frustrado com o golo sofrido
Zabaleta frustrado com o golo sofrido
Fonte: UEFA

Este golo de desvantagem obrigou os Blues a correr atrás do prejuízo, e, apesar da desvantagem numérica, vislumbraram-se bons momentos de futebol por parte dos ingleses. Porém, numa jogada de insistência de Dani Alves, a equipa de Pellegrini viu as suas probabilidades de se qualificar para uma próxima fase ficarem ainda mais reduzidas, com um golo do brasileiro a surgir pelo corredor direito, até colocar a bola por baixo das pernas de Hart, e, consequentemente, na baliza.

Bayer Leverkusen – PSG

Já em Leverkusen, o grande favorito era mesmo o PSG, com Zlatan a ser a sua grande referência. Apenas com 3 minutos passados, Matuidi fez o primeiro tento para os franceses, destruindo toda a táctica dos comandados de Hyypiä. Sem conseguir responder, o Bayer viu o PSG aumentar a vantagem para três golos de diferença, por intermédio do sueco, primeiro de grande penalidade e de seguida com mais um grande golo de fora da área, a juntar a outros tantos nesta edição da competição.

Zlatan Ibrahimovic a celebrar o golo
Zlatan Ibrahimovic a celebrar o golo
Fonte: UEFA

Se a missão não era de todo fácil, ainda mais se complicou com a expulsão de Spahić. Coube ao recém-contratado Cabaye resolver o assunto e praticamente colocar o PSG na próxima fase da Liga dos Campeões, com um golo de belíssimo efeito.

As equipas visitantes foram melhores e as expulsões até esboçaram uma reação nas equipas da casa, porém, os resultados são algo exagerados, tendo em conta que as equipas vencedoras jogavam fora. Dois encontros que praticamente selaram as respectivas eliminatórias e resta-nos  esperar que haja surpresas na segunda volta, para que a emoção volte.

Sami Hypia e Laurent Blanc
Sammi Hyypiä e Laurent Blanc
Fonte: UEFA

Amanhã esperam-se grandes jogos entre o Arsenal e o Bayern München e entre o Milan e o Atlético de Madrid. Os grandes favoritos, pela sua história seriam o Bayern e o Milan. A equipa alemã é rotulada como a melhor do mundo, o que leva o Arsenal a ter uma tarefa muito difícil pela frente. Quanto ao Milan terá que dar tudo por tudo para resgatar uma época muito negativa, frente a um Atlético a grande nível nas competições internas.

“O triunfo dos porcos”

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Ser adepto de um clube com um vasto historial de razões de queixa das equipas de arbitragem deixa marcas. No meu caso, uma das principais é a mania que ganhei de só festejar certos golos depois de olhar para o auxiliar que acompanha o ataque do Sporting – não vá ele, com ou sem razão, invalidar a jogada por qualquer motivo. Foi o que aconteceu no golo de Carlos Mané, em que só comecei a celebrar depois de ter confirmado que a bandeira continuava em baixo. Para alguns este maneirismo pode parecer despropositado, mas a verdade é que, pouco tempo depois, vi-me de novo recordado do porquê de o fazer.

Fredy Montero cumpriu o seu papel e quebrou finalmente a sua seca de golos, mas já não é da sua responsabilidade que esses golos sejam erradamente anulados. Noutros estádios, o fora-de-jogo inventado pelo auxiliar Hernâni Fernandes já daria para várias semanas de “vêem como afinal os prejudicados somos nós?”. Em Alvalade, contudo, os árbitros costumam ir muito mais longe na sua audácia, e o último fim-de-semana não foi excepção. À entrada para a segunda parte, Pedro Garcia, o fiscal-de-linha do lado dos bancos de suplentes, dirigiu-se para a baliza perto da qual me encontrava. O propósito, pensava-se, seria inspeccionar o estado das redes. A bancada irrompeu nos tradicionais assobios e algumas bocas, às quais os intervenientes normalmente reagem com indiferença. Mas Pedro Garcia estava a encarar os adeptos e a sorrir com ar de gozo, fazendo de seguida um gesto a simular um acto sexual. A desvantagem de não haver imagens é óbvia; por outro lado, neste futebol onde tudo acontece ao contrário, se elas existissem o Sporting talvez acabasse multado por ter adeptos que assediaram o simpático profissional da arbitragem ao ponto de fazerem o pobre homem tocar-se em público. Parece ridículo mas se fosse verdade não me espantaria, porque não é muito diferente da inversão dos factos que se tem vindo a fazer relativamente ao caso da Taça da Liga. O FC Porto quebrou os regulamentos mas o Sporting é que devia ter atrasado o seu jogo, o Sporting é que devia ter alertado os delegados… É certo que os mesmos de sempre irão desvalorizar a atitude de Pedro Garcia, mas um comportamento destes é inaceitável e mostra bem ao que vêm as equipas de arbitragem quando apitam jogos do Sporting. Tudo isto ultrapassa as fronteiras do razoável e atinge proporções escandalosas.

Pedro Garcia, o árbitro assistente que insultou as bancadas de Alvalade Fonte: Albertohelder.blogspot.pt
Pedro Garcia, o árbitro assistente que insultou as bancadas de Alvalade
Fonte: Albertohelder.blogspot.pt

Por falar em escândalo, foi hoje oficializado aquilo que já se sabia: o FC Porto ainda manda no futebol português. Por outras palavras, o clube nortenho viu confirmada a sua permanência na Taça da Liga, troféu que assim se assume cada vez mais como um rebuçado dado pela Liga ao clube que, de entre Benfica e FC Porto, não consegue ganhar o campeonato. Não me causa grande transtorno ter sido eliminado. O que me deixa confuso é a existência de regulamentos que, como se viu, não são para cumprir. Tudo o que se pôde concluir com este episódio é que o FC Porto precisa de contratar novos argumentistas para escrever o guião das desculpas que apresenta, uma vez que este da lesão do Fernando nem sequer batia certo. Mas, se eu fosse portista, talvez até desse desconto: entre tentativas de convencer juízes de que Pinto da Costa tinha ido passear a Espanha no preciso dia em que iria ser detido ou que “fruta” e “café com leite” se referiam realmente a pequenos-almoços, esse departamento do clube já deve ter esgotado a sua criatividade no processo Apito Dourado.

Em 2014 o futebol português vive os últimos capítulos, espera-se, de um longuíssimo “triunfo dos porcos” ao vivo e a cores. O que me alegra é que tudo tem o seu tempo, e o de Pinto da Costa enquanto dono do futebol nacional já esteve mais longe do fim. Até lá, porém, resta aos Sportinguistas a raiva silenciosa de ver um árbitro suficientemente confiante para insultar as bancadas de Alvalade e sair impune, e também o sabor amargo de cumprir os regulamentos e ser afastado de uma competição.

Europa dos Pequeninos

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Começa esta semana uma nova etapa europeia do Porto com os 16-Avos da Liga Europa, frente ao Eintracht Frankfurt no Dragão. Depois de uma decepcionante (para não dizer humilhante) Liga dos Campeões, a equipa de Paulo Fonseca pode nesta Liga Europa chamar novamente os adeptos ao estádio e talvez motivar um plantel dividido entre jogadores que querem sair, jogadores medíocres, jogadores que tardam em provar o seu valor e jogadores talentosos em baixo de forma.

Um protótipo de Meio-Campo

Com as saídas e entradas no mercado de Inverno, o Porto aparece, à data, com um meio-campo idealizado por Paulo Fonseca que na realidade ainda nem sequer foi propriamente testado: Fernando, Herrera e Carlos Eduardo. Fernando é indiscutível: apesar da novela da sua possível saída, o jogador brasileiro (naturalizado português) quer mostrar todo o seu valor para que a sua mais do que provável saída no Verão seja realizada para um colosso europeu; Herrera está finalmente a mostrar consistência e adaptação (aliando ao talento e força que o jogador já tinha apresentado) na equipa portista, estando claramente à frente de Defour neste momento e tendo  realizado grande exibições nas vitórias contra o Paços de Ferreira e Gil Vicente; Carlos Eduardo é o médio ofensivo (um falso 10) que desde há uns meses conquistou a titularidade no Dragão (Josué mostra pouca regularidade e Quintero parece não ter a confiança do treinador), e apesar de a sua lesão o ter afastado dos últimos jogos, parece-me clara a confiança que o treinador tem nele.

Que a estreia de Herrera na Liga Europa dure mais do que seis minutos Fonte: trivela.uol.com.br
Que a estreia de Herrera na Liga Europa dure mais do que seis minutos
Fonte: trivela.uol.com.br

É impossível saber se Paulo Fonseca cederá ou não à tentação de começar o jogo de quinta-feira com um meio-campo que assumidamente (ainda que não o faça publicamente) entende ser o melhor, mas que dadas as circunstâncias foi sendo remediado com o que havia no banco. Ainda que já tenha desistido de prever as decisões do treinador do Porto, acredito que seja desta que irei acertar, até porque Josué tem tido várias falhas nos últimos jogos e a inclusão de Carlos Eduardo no 11 é a única duvida que reside neste momento, estando dependente naturalmente da sua condição física.

Um Quaresma à Porto

Sou um assumido apreciador do talento do número 7 português e, passado mês e meio do seu regresso, impõe-se um pequeno balanço do seu recente trajecto no Porto. O seu talento não mudou, tem vindo a melhorar sobretudo a nível de velocidade e de 1×1, e se cheguei a ter dúvidas sobre se seria chamado novamente à selecção nacional, acredito que, ao manter-se a sua subida de forma, o Brasil espere por ele.

Porém, o Mustang tem-se apresentado muito intempestivo em campo, muitas vezes por sentir que tem nos seus ombros um peso brutal para decidir os jogos. Exageros em jogadas individuais, entradas agressivas sobre adversários, muitos encostos menos próprios, todo um conjunto de atitudes que acaba por reflectir uma vontade exagerada de ganhar e de defender a camisola em cujo símbolo tanto ama bater efusivamente a cada golo que marca.

Um Jackson (não) à Porto

Jackson Martinez atravessa um dos seus piores momentos no Porto, com uma fraca finalização, lento no ataque às bolas e com constantes atrapalhações infantis com a bola. Ninguém duvida do seu talento, mas talvez comecem a duvidar sim da sua motivação para continuar na equipa que o trouxe para a Europa e que o meteu no radar dos clubes mais poderosos a nível mundial.

ACADEMICA - FC PORTO SUPERTACA   2011/2012
Liga Europa, a motivação europeia para Jackson Martinez
Fonte: futebolportugal.clix.pt

Ainda que haja Ghilas no banco (o Derlei argelino que tanto elogiei no meu último artigo), Jackson não sente o peso da concorrência, mas em semana europeia, ainda que com clubes que não sejam essencialmente o desejo do avançado colombiano, talvez esta seja a motivação extrínseca de que Cha Cha Cha tanto necessita para mostrar que pode vir a ser o titular da selecção colombiana no Brasil (em caso de ausência de Falcão).

Rumo à 3ª

A Liga Europa não é nem deve ser a prioridade do Porto. Primeiro está o Tetra na Liga Portuguesa, depois vem tudo o resto. Cometer erros do passado não é um hábito deste clube, e a aposta na Liga Europa deve ser pensada e planeada de forma a não prejudicar os restantes objectivos da época. Dito isto, e acreditando que este Porto está a anos-luz do Porto da Taça Uefa de Mourinho e do Porto da Liga Europa de Villas-Boas, não é irreal acreditar que de Turim saia o 3º troféu da Europa dos Pequeninos para o Dragão, até porque, diga-se de passagem, este ano, com este treinador, nada é provável mas também nada é irreal; tudo depende da possível ou não subida de forma da equipa, porque talento, esse, parece-me indiscutível, mesmo que apenas esteja presente em metade dos jogadores.

O adversário é o modesto 12º classificado da Bundesliga, actualmente com 10 derrotas em 21 jogos na principal liga alemã. A equipa visitante (é mais fácil tratá-la assim) é bastante inferior ao pior Porto dos últimos anos, e não acredito que alguém espere menos do que uma vitória na próxima quinta-feira. Honestamente, pouco posso falar desta equipa, mencionando apenas nomes relativamente sonantes, como Rosenthal, Barnetta ou Kadlec, cuja forma na presente época desde logo desconheço.

Quinta-Feira estarei no Dragão a apoiar o clube que amo e que infelizmente não posso ver tantas vezes quantas gostaria, mas com a esperança de que de uma vez por todas esta equipa comece a jogar à bola. Sei que não vou gritar olés, sei que não vou ver uma goleada expressiva, espero apenas festejar uma vitória do Porto que valha os quase 700km que felizmente farei para o ver.

Dizem que somos loucos da cabeça…

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lanternavermelha

O Benfica é o clube com mais sócios do mundo. São 235 mil sócios pagantes. Sim, pagantes.

Mas dizem que somos loucos da cabeça. Dizem que uma grande percentagem não paga, que outra percentagem significativa já morreu e é igualmente contabilizada, que outros tantos não estão em Portugal – como se isso realmente tivesse a mínima importância para a grandeza deste feito -, etc. Em suma, somos o clube com mais sócios no mundo e dizem que somos loucos da cabeça.

O mais engraçado é que aceito. E aceito com o peito inchado e o queixo bem levantado. Aceito com grande orgulho e enorme e verdadeira alegria. Porque é simplesmente verdade e tenho a perfeita noção de que não é para todos. Sim, somos loucos da cabeça e amamos o Benfica com certeza. Loucos pelo Benfica e por tudo o que o envolve.

Há dias falava com um grande amigo sobre futebol, sobre a forma como nos Estados Unidos o desporto serve de pretexto para o show off, para o negócio do espectáculo levado a um nível máximo – os casos da NBA ou do Futebol Americano, entre outros. A forma como eles maximizam e dinamizam tudo e nós (no velho continente) não. Disse-lhe, na altura, que talvez fosse pertinente apostar mais nisso cá, nesse espectáculo que também vende bilhetes, nesse show off que atrai adeptos; ao que ele me respondeu, de forma simples e apaixonada: ”Sabes que sou open mind, que aceito mudanças, alterações em várias coisas e que até as incentivo, mas neste caso…não me tirem o courato e a cerveja, não me tirem o espectáculo que é ver um jogo na Luz. Não mexam”. Na altura discordei. Hoje concordo.

Não mexam. O jogo como ele é faz parte da nossa paixão, da história, é o que nos ajuda a ser loucos por este desporto e por este clube. Ir à Luz é o que é: um ritual único. Uma bifana e uma(s) cerveja(s) antes de um jogo, um grupo de amigos a falar como se fossem taberneiros, o caminho para as bancadas, aquela entrada no estádio, já meio cheio, a irmandade vivida com quem está ao lado, sem que para isso tenhamos de conhecer tais pessoas. O cantar o hino como se fosse a primeira vez. Aquele hino. A festa, a alegria do golo, a explosão da vitória ou a angústia partilhada da derrota.

A Luz ao rubro Fonte: trexona.com.sapo.pt
A Luz ao rubro
Fonte: trexona.com.sapo.pt

Esta descrição serve para qualquer adepto de qualquer clube? De um modo geral e em teoria, sim. E é bom sinal. Sinal de que vamos todos para o mesmo, independentemente do símbolo cravado no nosso coração. Na prática, não. Porque para nós é maior do que aquilo que mal consigo expressar em palavras. Por isso somos loucos da cabeça, por tudo o que o Benfica nos dá. Por todas as experiências que nos permite viver.

Somos arrogantes? Convencidos? Com o ‘rei na barriga’? Acho que não. Generalizar é fácil. E se é para generalizar prefiro generalizar pelo orgulho que sentimos pelo Benfica – sendo que a nível desportivo nem sempre temos razões para tal.

Podem não gostar mas somos de facto maiores, somos mais e somos bons.

Talvez seja fácil, segundo a justificação de alguns, porque somos o clube do povo, que abrange o taxista, o operário fabril, o médico, o desempregado, o mecânico, o estudante, o engenheiro e a senhora da peixaria. Mas isso é que nos faz especiais, é isso que nos faz maiores. E desculpem, mas por consequência, melhores. Pelo menos para mim.

Percebo que não entendam este benfiquismo exaltado na minhas palavras a não ser que sejam…loucos da cabeça.

Eu sou Benfica, adoro ser e espero ter por muitos anos a oportunidade de acompanhar o meu, o nosso, Glorioso. E vibrar muito, sempre.

Por isso, sim. Sou louco da cabeça…e ainda bem.

Reforços à altura e as experiências de Guardiola

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A Bundesliga está completamente resolvida no que às contas do título diz respeito, mas não é por isso que deixou de haver motivos de interesse. O Borussia Dortmund, que vai realizando uma época bastante irregular, parece ter acertado em cheio nos reforços. Pierre-Emerick Aubameyang voltou a brilhar, bisando na vitória confortável sobre o Ein.Frankfurt (4-0). O “Neymar do Gabão” tem feito uma temporada de estreia extremamente positiva, tal como Henrikh Mkhitaryan, que se adaptou sem dificuldades à equipa e tem vindo a somar boas exibições. No Bayern, que vai passeando no campeonato alemão, o destaque vai para Guardiola. O técnico espanhol está a surpreender tudo e todos pela sua abordagem aos últimos encontros: tem apostado em dois médios de perfil à frente da defesa, algo que, na sua carreira, nunca tinha acontecido. Veremos se é apenas uma experiência táctica pontual ou se, pelo contrário, temos, pela primeira vez, um Guardiola infiel ao “seu” 4-3-3.

Na tentativa de fazer frente ao Bayern, a estratégia de mercado do Dortmund passou por contratar pela certa. Nesse sentido, chegaram ao clube dois jogadores já com provas dadas: Aubameyang, que era a principal referência do Saint-Étienne, e Mkhitaryan, que foi o melhor marcador da última liga ucraniana e que esteve a um passo do Liverpool. Para já, confirma-se que os dois reforços acrescentaram qualidade à equipa. O “Neymar do Gabão”, como é conhecido (mais pelo penteado do que pelas semelhanças no estilo de jogo), foi contratado por 13 milhões de euros e leva já 13 golos apontados no campeonato. Depois de ter sido o segundo melhor marcador da Ligue 1, o avançado está novamente a mostrar a sua veia goleadora. Rápido, dotado tecnicamente e com bom poder de desmarcação, tem jogado do lado direito – embora possa actuar em qualquer posição do ataque –, mas aparece com naturalidade em zonas de finalização. É importante para o Borussia que o gabonês consiga manter a boa forma, até porque é uma incógnita perceber o que Lewandowski poderá render até ao final da temporada. Em relação a Mkhitaryan, que veio do Shakhtar Donestk a troco de 25 milhões de euros, não se pode dizer que esteja a fazer uma época deslumbrante, especialmente se tivermos em conta que foi o médio mais goleador do futebol europeu em 2012/13, com 29 golos apontados. No entanto, leva até ao momento cinco golos e cinco assistências no campeonato e, estando em clara subida de forma, tem tudo para atingir números bastante razoáveis. Apesar de ainda não ter sido “espremido” ao máximo por Klopp, as suas características – criativo, com uma excelente visão de jogo e muito eficaz nas transições – vão ao encontro do futebol que tem sido praticado pelo Dortmund, nos últimos anos.

Lahm e Kroos são fundamentais para Guardiola Fonte: bundesliga.de
Lahm e Kroos são fundamentais para Guardiola
Fonte: bundesliga.de

Ao chegar a Munique, Guardiola rapidamente desfez o 4-2-3-1 de Heynckes, invertendo o vértice do triângulo e passando a jogar com apenas um médio defensivo à frente da defesa. Na prática, o técnico espanhol rompeu com um modelo vencedor, que arrecadou todos os títulos na última temporada, para implementar o seu modelo vencedor, que tanto sucesso teve na Catalunha. Até aqui, nada de surpreendente. A novidade surgiu nos últimos jogos do Bayern, em que Guardiola apostou, pela primeira vez na sua carreira, num duplo pivot com Lahm e Kroos à frente da defesa. Numa altura em que a equipa tem todas as competições bem encaminhadas, esta alteração táctica não tem uma explicação óbvia. Na minha opinião, deve-se a pressões externas. Beckenbauer criticou a utilização de Götze como “falso 9”, e esta foi a solução encontrada por Guardiola para jogar simultaneamente com o alemão e com Mandzukic, que não é, de todo, o avançado adequado para o futebol de posse que as equipas de Pep costumam praticar. A mudança não tem tido consequências nos resultados, mas não se pode dizer o mesmo em relação à qualidade de jogo. Com dois médios de perfil, a equipa não tem tanta capacidade de ter posse de bola dentro do bloco adversário – Götze é o único jogador que se movimenta entre linhas, o que faz com que haja menos linhas de passe para o portador da bola –, e é obrigada a praticar um futebol mais directo (com jogadas menos trabalhadas). Para além disso, perde capacidade para pressionar alto e permite que o adversário jogue com o bloco mais adiantado.

Será que temos Guardiola a alterar o modelo de jogo em função dos jogadores que tem à disposição, ao invés de os adaptar às suas ideias? Ou é apenas uma forma de preparar a equipa para um sistema alternativo? Uma questão a que o treinador espanhol responderá nos próximos encontros, sendo certo que não me parece provável que, de um momento para o outro, Guardiola tenha alterado radicalmente a sua visão do futebol.