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A Liga do Sr. Proença

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Pedro Proença, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, regozijou-se, recentemente, com “os números e a competitividade” do campeonato português, naquilo que foi um balanço da primeira volta de – e passo a citar – “uma das melhores ligas do mundo”.

Compreendo a satisfação do novel dirigente; a prova, no fundo, desenrola-se muito à sua imagem: a arbitragem de Jorge Sousa no Nacional-FC Porto, por exemplo, terá recordado Pedro Proença dos (seus) bons velhos tempos, quando, no final de cada época, o Dragão se vestia de gala para festejar mais um título, na presença de todos os que haviam contribuído para a caminhada triunfal. Logo de seguida, no Boavista-FC Porto, Fábio Veríssimo revelou-se discípulo promissor e dedicado, embora algo desastrado; provavelmente, fruto da inexperiência: ao poupar o cartão vermelho a Iker Casillas (tal como se justificava e quando o marcador indicava vantagem mínima para os azuis-e-brancos), nem Rui Barros pôde evitar utilizar o guarda-redes espanhol no jogo de Guimarães, com as consequências que todos conhecemos, naquilo que foi um mau início de segunda volta.

O nevoeiro limita a visão e, por conseguinte, a percepção da realidade
O nevoeiro limita a visão e, por conseguinte, a percepção da realidade
Fonte: Clube Desportivo Nacional

Enquanto se regozijava com “os números e a competitividade” de “uma das melhores ligas do mundo”, Pedro Proença apelou a que – e passo a citar – “na hora das decisões, os intervenientes mantenham o bom senso”. Compreendo a recomendação: o seu amigo de longa data (de duas décadas), Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, tem vindo a protagonizar interessantes episódios onde a ausência de bom senso apenas é suplantada pela carência de respeito, educação e realismo em relação a adversários (os de dentro e os de fora) e acontecimentos.

Pedro Proença saberá das dificuldades por que passa um árbitro pressionado e ameaçado constantemente antes, durante e depois de um jogo de futebol; e nem o abraço “apaziguador” de Jorge Jesus ao árbitro assistente, na recepção ao Tondela, parece capaz de atenuar a questão. O árbitro Luís Ferreira “tremeu” e, naturalmente, como tem sido habitual, cometeu um erro grosseiro, assinalando penálti caseiro e inexistente (decisão, felizmente, revogada, mas que lhe valeu nota negativa), naquilo que foi um mau início de segunda volta.

A (muito) elogiada raça de Slimani na senda do (muito) querer de Bruno Alves
A (muito) elogiada raça de Slimani na senda do (muito) querer de Bruno Alves
Fonte: Sporting CP

Ao ouvir Pedro Proença, confesso que fiquei algo magoado. No discurso do ex-árbitro não identifico nenhuma referência directa (ou indirecta) ao clube do seu coração, do qual é sócio e ao qual prestou tantos e tão bons serviços ao longo da sua carreira. O esquecimento impediu apontamentos sobre alguns feitos e factos como, por exemplo, o número e a média de espectadores nos jogos em que participa o Benfica (seja na Luz ou noutro estádio qualquer) ou a prestação na Liga dos Campeões, onde já assegurou a presença entre as dezasseis melhores equipas da Europa, prestigiando, como é da sua essência histórica, o nosso pequeno país. Pedro Proença também não mencionou que, apesar da sua satisfação, persistem situações por corrigir – tal como referi acima – e que têm vindo a condicionar o desenrolar da própria prova. Portanto, para que o campeonato cumpra os critérios mínimos de verdade, torna-se necessário que, a partir deste momento, não se repitam alguns dos casos reais que têm marcado esta época.

Aceito com naturalidade o facto de o Benfica ter de jogar o dobro para ultrapassar os opositores – como se sabe, naquele que é sempre o jogo do ano de cada clube –; no entanto, já será menos normal o que parece ser uma nova regra oficiosa e que obriga os seus jogadores a terem de sofrer falta não uma mas duas ou três vezes dentro da grande área adversária, para que seja legítimo a marcação do respectivo castigo máximo.

Algo que, para ponto de partida, me parece uma subversão do próprio mercado de trabalho, com prejuízo para o empregado: que fará Adrien se, um dia, vier a jogar pelo Benfica? Por sua vez, o ano civil trouxe outra nova medida – daquelas que os dirigentes sérios e coerentes exigem diariamente –, já colocada em prática no recente Estoril-Benfica e que se define facilmente: para ser golo do Benfica, a bola tem de ultrapassar pelo menos duas vezes a linha de baliza. Faz sentido. O campeonato precisa de ser mais competitivo e, afinal de contas, esta ideia até podia ser exportada para uma França ou Escócia, tornando as coisas por lá mais interessantes.

É igualmente fundamental que, nesta segunda volta, termine de vez a impunidade de que gozam certos dirigentes, treinadores e jogadores. No primeiro caso, trata-se de condicionar diariamente a opinião pública, através de um rol de mentiras publicáveis, a que o ingénuo adepto comum dá eco, pressionando as equipas de arbitragem a cada jornada que passa. No segundo, trata-se da confirmação, a cada conferência de imprensa de antevisão ou rescaldo, da falta de ética profissional e respeito pelos colegas de profissão, com recurso a um leque variado de palavras tontas e tortas. No terceiro, o ignorar permanente de agressões a jogadores contrários (e até, como já sucedeu, a treinadores adversários), a bem de uma verdade desportiva, que confunde raça e querer com aquilo que – e digo-o apenas a título de exemplo – o argelino Islam Slimani faz semana após semana. Muitos insinuam hoje a importância que a suspensão de Hulk, jogador do FC Porto, acabou por ter no desfecho de um campeonato. Esquecem-se, todavia, de que a suspensão foi justa e que, perante os factos, apenas pecou por escassa.

Chegados a este momento, os três candidatos ao título estão no topo da tabela classificativa, separados por apenas cinco pontos, fazendo adivinhar uma luta renhida e até ao fim pelo título de campeão nacional. Pedro Proença gostou da primeira volta; feitas as contas, eu também: mesmo com incontáveis erros próprios, no fundo, continuam a ser os alheios que mantêm as coisas equilibradas. Que as regras se cumpram! A todos um bom resto de segunda volta.

Foto de Capa: Facebook Oficial de Pedro Proença

A Era de Neymar

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O título que dá nome a este artigo tem poucas explicações por fazer. Penso que todos compreendem o que quer dizer. Sim, estamos em posição de poder afirmar: depois da Era de Cristiano e Messi, vem aí o tempo de Neymar. A não ser que algo de grave aconteça, como uma lesão (esperemos que não) ou uma quebra de forma absurda, Neymar vai reinar. Pode não ser dentro de um ou dois anos. Mas reinará. E será um reinado longo.

Não podemos propriamente dizer que o brasileiro “mordeu os calcanhares” na eleição para a Bola de Ouro 2015. Ficou em terceiro lugar, atrás dos inevitáveis. Porém, Neymar é o mais novo dos três e tem uma margem de progressão imensa. É humilde (pelo menos Q.B. e também quanto se saiba) e ainda tem o trunfo de poder a vir conquistar um Campeonato do Mundo; Ronaldo já só joga um Mundial, em princípio – e, vamos ser sinceros, Portugal não vai ganhar um Mundial –, e Messi também se não vencer a próxima Copa ficará muito perto de acabar a carreira sem sequer um título pela Argentina. Aliás, é algo que persegue os dois craques do século XXI, que, juntos, têm incríveis oito (!) Bolas de Ouro. Contudo, nenhum soma, sequer, um triunfo numa grande competição pela sua respetiva nação.

Neymar é sinónimo de magia Fonte: Pagina Oficial de Neymar
Neymar é sinónimo de magia
Fonte: Pagina Oficial de Neymar

Neymar venceu uma Copa das Confederações. Talvez um título menor, sim, mas é um título. Messi nem sequer conseguiu ganhar uma Copa América e Ronaldo vai agora jogar mais um Europeu. É verdade que a qualidade de um jogador não se mede pelos títulos coletivos. Mas sendo o futebol um desporto coletivo é muito mais importante ganhar pela equipa do que ganhar por si próprio. Isto é, na minha opinião, atualmente, dá-se mais importância a prémios individuais – Bola de Ouro, Bota de Ouro, etc. – do que a títulos de equipa ou seleção; quando deveria ser precisamente o contrário. Por isso é que jogadores como Eusébio, Zico, Di Stéfano, Platini, Cruijff, os húngaros dos anos 1950 e outros tantos jogadores de qualidade nunca terão (infelizmente) mais reconhecimento: porque nunca foram campeões do mundo de seleções!

Por isso, volto a afirmar. Neymar Júnior terá mais chances de vir a ser campeão mundial pelo Brasil e assim ter essa estrelinha; porquanto terá também mais oportunidades que o português e o argentino, que estão mais perto do fim de carreira. E o que tem isto que ver com futebol brasileiro? Não só pelo facto de o jogador ser do Brasil, mas também porque me lembro de muita gente com responsabilidade no futebol – não só os adeptos comuns, mas a esses pode-se permitir isso – troçar das capacidades do “menino da vila”, afirmando, estapafurdiamente, que o astro só conseguiria fazer habilidades, golos, assistências e tudo mais no Santos, porque o Campeonato Brasileiro “é fraco, sem expressão, sem cultura tática”. Enfim, um sem-número de bacoradas que se ouve todos os dias em qualquer esquina.

Pois bem. Neymar provou que veio para ficar. Provou que no Brasil também se aprende a jogar bom futebol. Provou, igualmente, que os brasileiros não aprendem “tudo” na Europa; os conhecimentos e o talento já existem. E, por último, provou também que os campeonatos europeus, sem a magia dos brasileiros e demais sul-americanos, seriam um tremendo zero.

Foto de Capa: Facebook Oficial de Neymar Jr.

Seleção dependente da magia de um jogador

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O jogo inicial de preparação para o Euro 2016 não podia ter corrido melhor em termos de resultado à seleção nacional, que goleou a formação do Qatar por 7-0: jogo este que se realizou no passado dia 22 em Rio Maior e que se pautou por uma demonstração inequívoca de superioridade portuguesa perante um adversário em crescimento, mas que está ainda bastante longe do nível lusitano. A grande figura do encontro foi claramente Cardinal, que apontou quatro golos e demonstrou assim a sua grande importância como referência na grande área contrária. Neste ciclo de preparação para a prova continental ainda faltam mais dois encontros particulares, precisamente perante o mesmo adversário, nos dias 27 e 28 deste mês. Geralmente não se consegue apurar para as grandes competições, mas é um rival bastante exigente do ponto de vista técnico e tático e certamente um bom teste para o que se avizinha no futuro próximo: a Eslováquia.

É de referir também que o jogo de amanhã, dia 27, se realiza no pavilhão municipal do Entroncamento, enquanto que o jogo de dia 28 se disputa no pavilhão Polidesportivo de Rio Maior, servindo ambos os testes como uma preparação bastante mais séria do que o jogo perante a seleção asiática e já a um nível bastante mais parecido com aquele que os portugueses irão encontrar em terras sérvias, para onde partem na manhã do dia 31, para defrontar na fase prévia a equipa da casa e a Eslovénia. Mas, lá está, isto são apenas testes e encontros de preparação.

Como o selecionador nacional, Jorge Braz, afirmou logo após o compromisso com a seleção do Qatar, a equipa lusa entrou muito bem no jogo e conseguiu assim cavar um fosso no marcador. “Acumulámos alguns erros mas mais uma grande entrada na segunda metade tornou o jogo mais fácil de controlar”. Sobre os encontros que se avizinham, o treinador afirma que serão mais complicados, “pois a Eslováquia tem uma excelente seleção”. Antes do primeiro jogo, o selecionador falou também da importância fulcral de Ricardinho na nossa equipa, pois tem características únicas, algo que o torna insubstituível em caso de indisponibilidade. Apesar de acreditar piamente nas capacidades da talentosa geração, o facto é que atualmente é impossível substituir o atual melhor jogador do mundo caso ele, por qualquer razão imaginária, não possa dar o seu contributo decisivo, um pouco à semelhança do que se verifica no futebol de 11 quando Cristiano Ronaldo não pode jogar.

É um enorme privilégio contar com jogadores destes na nossa equipa Fonte: Ricardinho10
É um enorme privilégio contar com jogadores destes na nossa equipa
Fonte: Ricardinho10

Até pode não fazer diretamente a diferença, mas o simples facto de poder ser marcado por dois jogadores pode efetivamente libertar um colega para que ele possa decidir. Ou seja, o simples facto de termos o mágico em campo pode marcar a diferença, quer seja diretamente, como ele tão bem sabe fazer, ou indiretamente, ao arrastar consigo a marcação e a permitir que outros colegas seus possam decidir o jogo. Mas isto é apenas uma pequena observação; vamos esperar que no próximo dia 4 de Fevereiro (estreia no Euro 2016, contra a Eslovénia) e durante a primeira metade do próximo mês Portugal, e nomeadamente o Ricardinho, possam estar ao seu máximo nível para todos juntos levarem o nosso país até onde merece. Vamos, Portugal!

Foto de capa: Ricardinho10

Moreirense FC 1-6 SL Benfica: Rumo às meias-finais com classe

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Com algumas alterações, o Benfica espalhou classe em Moreira de Cónegos e está nas meias-finais. Ederson, Lindelof e Nelson Semedo voltaram a ser titulares, o guarda-redes e o central aproveitam esta prova para mostrarem que são opção e o lateral vai voltando à forma física a que nos habituou.

Tal como Rui Vitória tinha afirmado, este era quase um jogo a eliminar e era importante não haver descuido. E o Benfica mostrou ter a lição estudada. Em 20 minutos tudo ficou resolvido. Talisca, de penalti, num lance onde surgem duvidas pois minutos antes acontece um caso parecido mas a favor do Moreirense (não na grande área). O brasileiro voltou a mostrar que está de pé quente ao marcar o segundo, depois de um fantástico trabalho de Gaitan, a não desistir do lance. E seria o mago argentino a ter o momento da noite. Pegou na bola, fez o que quis de 3 jogadores do Moreirense e marcou o terceiro. Lance de génio e apenas mais um dia na vida desta craque.

Ao Moreirense cabia apenas lutar pela honra. Iuri Medeiros não baixou os braços e num bom lance marcou o golo de honra. Se os homens de Miguel Leal esperavam reagir com este golo, essa reacção morreu no momento em que João Sousa aliviou mal a bola, Jiminez ganhou o lance e fez um fantástico chapéu a Nilson. Em meia-hora, 5 golos e o Benfica com a questão resolvida.

Gaitan e Talisca, os heróis da noite Fonte: SL Benfica
Gaitan e Talisca, os heróis da noite
Fonte: SL Benfica

A segunda parte foi apenas uma obrigatoriedade. O jogo continuou animado, o Benfica ia espalhando classe e mostrando nota artística, o Moreirense tentava limpar a má imagem deixada na primeira parte. Grimaldo foi finalmente lançado e não desiludiu. O defesa tem capacidade para fazer bons cruzamentos e basta ganhar mais rotinas com a equipa. Esperemos que seja uma questão de tempo até sentar o Eliseu. Ainda deu tempo para ver Talisca a marcar um golão e Gaitan fazer o segundo da sua conta.

Tudo somado, 6 golos e um passeio por Moreira de Cónegos. É indiscutível que o Benfica atravessa a melhor fase da temporada, que é outra equipa completamente diferente do que era há uns meses e chega apresentar nota artística em alguns jogos. Para além de ter garantido a qualificação, este jogo deu para tirar alguns apontamentos sobre vários jogadores, tal como Grimaldo que já foi referido, Nelson Semedo, que será uma questão de tempo até voltar à titularidade e Talisca. O brasileiro tem de jogar atrás do avançado. No meio-campo é um corpo estranho, mas atrás do avançado é que o brasileiro rende. A tácita e a equipa do Benfica não permite que jogue sempre nessa posição, mas quando for para jogar, terá de ser aqui.

A Figura:

Nico Gaitan- Classe, magia, qualidade…Podia fazer um paragrafo só com as qualidade de Gaitan. O mago argentino está de volta e voltou a mostrar como se faz. Os benfiquistas já tinham saudades tuas.

O Fora-de-Jogo:

Defesa do Moreirense- O segundo e o quarto golo nascem de dois erros fatais e que aparecem na altura errada. No segundo golo, e quando o Moreirense poderia reagir, o defesa confiou na sorte e esperou que a bola saísse pela linha, o que não aconteceu. No 3º, e logo a seguir ao golo do Moreirense, a bola foi mal aliviada. Dois erros que explicam muito desta goleada.

Foto de Capa: SL Benfica

FC Arouca 0-1 Sporting CP: Leões vencem mas não convencem

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Numa noite fria de Taça da Liga e com pouca adesão ao estádio, o Sporting CP via-se obrigado a ganhar – e com goleada – para manter as aspirações de passagem à próxima fase da Taça da Liga.

Havendo poucos ataques de parte a parte, a primeira parte foi jogada com calma, onde os remates à baliza foram escassos. Com algumas mudanças no onze inicial, o ataque da equipa de Jorge Jesus não ameaçou muito a equipa adversária, sendo mesmo esta a fazer o primeiro ataque e perigo, em que num contra-ataque, após uma escorregadela por parte de Paulo Oliveira, Walter adianta-se com a bola, mas o remate acaba por sair ao lado da baliza. O Arouca mostra-se mais atacante, ora falhando o alvo, ora sendo travado pelos leões, que nem com a informação de que o seu rival direto, o Portimonense, estava a perder 2-0 frente ao Paços de Ferreira encontrava motivação para fazer golos neste jogo. Chegou-se ao intervalo com um jogo condizente com a temperatura que se fazia sentir: frio e sem emoção.

Com intenção de mudar o rumo do jogo, o treinador sportinguista faz alterações no início da segunda parte: entraram Gelson Martins e Carlos Mané, substituindo, respetivamente, Matheus Pereira e André Martins, para assim dar mais dinamismo e rapidez ao ataque leonino pelas alas, numa altura em que o começa atrasado por motivos de sincronismo com o jogo que se passava em Paços de Ferreira.

As mudanças começaram a surtir efeito, o Sporting CP entrou mais atacante, mais rematador e mais rápido, com Montero e Mané a rematarem à baliza, de fora de área, com um intervalo de escassos minutos. Apesar da maior intensidade por parte da equipa leonina, acabavam por não surtir qualquer efeito na mudança do resultado, isto numa altura em que Jesus esgotou as opções, já que aos 60 minutos de jogo já tinha esgotado todas as substituições.

A entrada de Mané veio dar outra cor à exibição leonina Fonte: Sporting CP
A entrada de Mané veio dar outra cor à exibição leonina
Fonte: Sporting CP

Já a meio da segunda parte, numa jogada de perigo por parte do Sporting CP, onde existe uma boa combinação no ataque leonino, Rui Sacramento, guarda-redes do Arouca, destaca-se com duas defesas difíceis, tornando ainda mais complicada a inauguração do marcador.

Os leões acabam por chegar ao golo por Marvin, que, após livre à entrada da área batido por Montero (em que Rui Sacramento faz uma grane defesa), desvia para dentro da baliza de cabeça.

O Sporting CP acaba por ganhar o jogo com uma exibição pobre e desmotivadora, dando a entender que já não acreditava na passagem à próxima fase da competição. Desta forma, fica apurado o Portimonense, que fez um caminho irrepreensível durante a fase de Grupos da Taça CTT.

 

A Figura:

Rui Sacramento – o guarda-redes da equipa do Arouca, apesar do golo sofrido, acabou por fazer boas defesas, destacando-se nos 90 minutos.

 

O Fora-de-jogo:

Equipa do Sporting – Entrou desmotivada, sem vontade de vencer nem entusiasmo e, excetuando talvez Gelson Martins (o mais inconformado),  jogou de forma insonsa para a tarefa que lhe era pedida.

Foto de Capa: Sporting CP

 

Olheiro BnR – Adalberto Peñaranda

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Adalberto Peñaranda pode não ser o nome mais bonito, mas talvez valha a pena decorá-lo, dado que este jovem venezuelano, que a Udinese emprestou ao Granada, está a ser uma das revelações da liga espanhola esta temporada.

Começou a época na equipa B e teve de esperar até novembro para se estrear pela equipa principal, tornando-se no jogador mais jovem de sempre a jogar pelo Granada na 1.ª liga, com 18 anos e 175 dias. Desde aí, não mais saiu do onze inicial (só mesmo nesta última semana, por lesão) e já fez quatro golos em nove jogos. Esse registo goleador, com apenas 18 anos, é um feito que partilha com um restrito grupo de jogadores, entre os quais se incluem Raúl, Fernando Torres, Agüero e Messi.

Tem 1,85m, mas não é pelo jogo aéreo que se distingue. É muito móvel e rapidíssimo a correr, mesmo com bola, tendo depois boa capacidade de remate com o pé direito. De resto, foi assim que fez os seus quatro golos. Destaco o primeiro, que marcou ao Levante num contra-ataque: Peñaranda arrancou da sua própria área, para onde tinha ido para ajudar a defender num canto, e dez segundos depois estava a fazer o golo na área adversária. Pelo meio, ainda teve de receber um passe longo, algo que fez na perfeição, sem abrandar um segundo.

Peñaranda celebra mais um golo pelo Granada Fonte: Granada FC
Peñaranda celebra mais um golo pelo Granada
Fonte: Granada FC

Apesar de ter apenas 18 anos, Peñaranda não se inibe nem se esconde do jogo. Com bola vai para cima dos defesas; sem ela, é agressivo na pressão, tanto que, no jogo de estreia, viu o amarelo logo aos seis minutos. Nesse dia não conseguiu marcar, mas ajudou o Granada a alcançar a segunda vitória na Liga (à 12.ª jornada!). No final da partida, o treinador José Ramón Sandoval dizia na conferência de imprensa: “Os jogadores da equipa B têm de bater à porta e derrubá-la para poderem jogar com a primeira equipa e creio que este miúdo hoje a derrubou”.

Tem jogado como o homem mais adiantado do ataque, mas não é propriamente um avançado de área. No Granada, beneficia do espaço que tem para correr, dado que a equipa costuma jogar recuada e, por isso, fica a curiosidade de saber se, no futuro, também se conseguirá assumir numa equipa que seja mais dominadora. Aí, é bastante possível que acabe por jogar como extremo, posição em que também já jogou esta época.

Por agora, é seguir com atenção os jogos do Granada e as arrancadas daquele rapaz com o número 27 nas costas. Consiga ele manter o nível exibicional que vem demonstrando e ficar afastado das lesões (neste momento está parado por isso mesmo) e não tardará muito a saltar para uma equipa com maiores ambições. Até lá, vá decorando: Adalberto Peñaranda.

Foto de Capa: Granada FC

Uma nova etapa na carreira de Aras Özbiliz

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“O Özbiliz já não tem motivação para jogar pelo Spartak.” – Foi desta forma que o antigo internacional russo e médio do FC Porto, Dmitry Alenichev, descreveu a situação de Aras Özbiliz no FC Spartak Moscovo poucos dias antes de se confirmar a sua transferência para o Besiktas. O extremo arménio de 25 anos não irá, no entanto, ficar no emblema turco esta época, uma vez que, como confirmou o próprio numa entrevista a um jornal holandês, irá seguir de armas e bagagens para o bairro de Vallecas, em Madrid, para representar o Rayo Vallecano até ao final da temporada na condição de emprestado: “Vou de imediato para o Rayo Vallecano de forma a poder jogar e assim voltarei mais forte. O Besiktas foi a primeira equipa que se interessou por mim, ainda mesmo quando me encontrava a recuperar da lesão no ligamento cruzado”.

Não foi há muito tempo que a Europa do futebol olhou para Aras Özbiliz como um dos futebolistas mais promissores a actuar no Velho Continente. Nascido na Turquia, filho de pais arménios, Özbiliz emigrou em tenra idade para a Holanda e foi lá, na famosa academia do AFC Ajax, que cresceu para o futebol. Pela mão do prestigiado técnico Martin Jol, o internacional arménio foi ganhando espaço no gigante holandês, mas a saída de Jol para o futebol inglês e a chegada de Frank de Boer não ajudaram, de certa forma, no desenvolvimento da carreira de Özbiliz no emblema de Amesterdão.

Aras Özbiliz no dia em que assinou contrato com o  Besiktas JK Fonte: hurriyet.com.tr
Aras Özbiliz no dia em que assinou contrato com o Besiktas JK
Fonte: hurriyet.com.tr

Em 2012, o talentoso extremo arménio rumou, com alguma surpresa, à liga russa para representar o FC Kuban Krasnodar pela modesta quantia de 1 milhão de euros. A mudança de Özbiliz para a cidade dos cossacos foi benéfica para a sua carreira, uma vez que conseguiu dar muito boa conta de si no período de pouco mais de um ano em que esteve ao serviço do FC Kuban Krasnodar. As boas exibições com os Kazaki valeram-lhe um contrato financeiramente vantajoso com o FC Spartak Moscovo, mas aquilo que prometia ser mais uma etapa de sucesso na sua carreira acabou por se tornar num verdadeiro pesadelo, especialmente na temporada passada, onde apenas participou num jogo oficial à conta de uma grave lesão no joelho.

Depois de não ter podido dar o seu contributo ao Spartak de Murat Yakin, com quem alegadamente teve alguns desentendimentos na época passada, Aras Özbiliz começou a nova temporada na fase final da recuperação da sua grave lesão e isso poderá tê-lo condicionado na luta por um lugar na equipa orientada por Dmitry Alenichev. O antigo internacional russo e campeão europeu ao serviço do FC Porto deu, na verdade, pouco tempo de jogo ao futebolista arménio, sendo que este apenas participou em nove jogos oficiais, repartidos entre a liga russa e a taça da Rússia, onde, mesmo assim, conseguiu apontar um golo (na 5.ª eliminatória da Taça da Rússia contra o FC Volga Nizhny Novgorod) e contribuir com três assistências.

A falta de consistência nas suas exibições e, ao que parece, a própria vontade do jogador pesaram em favor da sua saída algo intempestiva do emblema moscovita, uma vez que tinha um contrato válido até Junho de 2018. O regresso do seu companheiro de selecção, Yuri Movsisyan, à MLS, onde vai representar o Real Salt Lake, por empréstimo do FC Spartak Moscovo, terá também contribuído para a sua decisão de sair.

Aras Özbiliz com a camisola 23 ao lado de Yuri Movsisyan e de Henrikh Mkhitaryan ao serviço da selecção arménia Fonte: armenianow.com
Aras Özbiliz com a camisola 23 ao lado de Yuri Movsisyan e de Henrikh Mkhitaryan ao serviço da selecção arménia
Fonte: armenianow.com

Aras Özbiliz parte agora em busca de um novo desafio numa das melhores ligas do mundo e contará certamente com a astúcia tática e competências motivacionais do irreverente Paco Jémez para o ajudarem a integrar-se rapidamente num clube que precisa urgentemente de entrar na senda de vitórias, como é o caso do Rayo Vallecano. Os Franjirrojos são um dos emblemas mais carismáticos do futebol espanhol e, apesar de actualmente ocuparem um lugar de despromoção na tabela classificativa, são uma das equipas que melhor futebol pratica na Liga BBVA. Apesar de ser um jogador extremamente versátil e de poder ocupar várias posições no meio-campo, Aras vai encontrar uma competição feroz na equipa de Vallecas, que conta nas suas fileiras com jogadores de elevada qualidade como Bébe, Pablo Hernández, Jozabed e Adri Embarba, mas, caso consiga recuperar física e psicologicamente da lesão que quase lhe destruiu a carreira na temporada passada, o talentoso extremo arménio poderá vir a ser um jogador de enorme utilidade quer para Paco Jémez, quer para a demanda do Rayo contra a descida de divisão.

As lesões, primeiro ao serviço do AFC Ajax e na época passada no FC Spartak Moscovo, têm sido o calcanhar de Aquiles da carreira de Aras Özbiliz e, não fossem elas, talvez hoje não fosse apenas Henrikh Mkhitaryan o grande destaque da selecção da Arménia e a maior referência do futebol arménio no plano internacional.

Foto de Capa: 168.am

João (Super) Mário

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Se há coisa de que todos os sportinguistas podem sentir orgulho é, sem dúvida, da nossa formação. Muitas são as provas de que, em Alvalade, se sabem “fazer” jogadores.

João Mário saiu numa dessas “fornadas” e tem vindo a assumir-se como um jogador fulcral em todo o processo tático leonino. É ele a caixa de velocidades do Sporting CP, é ele que marca os ritmos do jogo e é incrível a quase leviandade com que trata a bola.

Em 2004 veio para o Sporting CP, após uma passagem de dois anos pelo FC Porto e por cá terminou a sua formação com uma passagem, por empréstimo, pelo Vitória Setúbal.

Foi nessa época em que rodou ao mais alto nível que despertou a atenção não só dos “leões” como de todos os que gostam de futebol. É um verdadeiro cérebro dentro de campo, um atleta formidável e com um toque de bola e elegância que faz lembrar os bons velhos tempos de Pedro Barbosa ou até mesmo de Rui Costa.

Este João que é (Super) Mário reúne todas as condições para jogar em qualquer grande clube europeu, ombreando com os melhores médios da atualidade.

Para já, contamos com toda a sua arte e engenho para ajudar o Sporting CP a alcançar o tão almejado titulo de campeão nacional.

Alvalade tem em João Mário mais uma pérola da formação Fonte: Sporting CP
Alvalade tem em João Mário mais uma pérola da formação
Fonte: Sporting CP

Importa destacar os restantes companheiros de equipa que sustentam o seu crescimento e que são parte integrante do fantástico desempenho com que nas ultimas épocas tem brindado os adeptos leoninos.

Com a chegada de Jorge Jesus, tornou-se num jogador mais completo, não se limita a jogar na faixa lateral (até porque seria um desperdício ter um jogador da sua craveira colado aos flancos), ajuda a construir e a destruir jogo, luta, corre, corta, remata e passa.

Na última vitória fora, frente ao FC Paços de Ferreira, protagonizou duas assistências para golo, evidenciando uma capacidade acima da média de conduzir a bola em velocidade, técnica irrepreensível e visão de jogo que, juntando a um remate potente, o torna um dos melhores médios portugueses.

Às páginas tantas, a Academia de Alcochete, conhecida e reconhecida mundialmente, ligou novamente o “forno” que produz médios, que há demasiado tempo estava inativo.

Hoje, podemos afirmar que, para além de extremos criativos, o Sporting CP tem um meio campo que causa inveja a grandes equipas, que nos faz acreditar para além do sonho e que, acima de tudo, nos enche o peito de orgulho!

Quanto ao “Super Mário”, vai ser impreterível na longa caminhada que será esta época, e, se com 23 anos já joga tanto à bola, parece-me que o céu é o limite.

 

Artigo de Rúben Nunes, redator do Sporting CP

Foto de Capa: Sporting CP

Tour Down Under: O Domínio dos Australianos

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Cabec¦ºalho ciclismo

Está de volta a época desportiva no mundo do ciclismo e estão de volta os artigos sobre tal! Algumas equipas ainda estão em estágio de preparação para o começo de época, outras já estão a estagiar perto de algum local onde irão fazer uma prova brevemente, enquanto outras já se encontram mesmo em competição e prontas para terem um ano melhor ou tão bom quanto o que foi o ano passado. É o caso das equipas que estão na Austrália e que competiram no Tour Down Under, uma das primeiras provas do ano no calendário internacional e que costuma apresentar já um bom elenco de ciclistas. Em relação à prova, há que destacar, antes de mais, que a classificação geral e todas as etapas foram ganhas por um ciclista australiano; incrível o domínio “aussie” nesta prova!

A primeira etapa costuma ser “dedicada” aos sprinters e esta vez não foi exceção. Vários nomes eram apontados como possíveis candidatos a vencerem e a serem os primeiros a ficar com a camisola relativa ao líder da classificação geral. Entre esses nomes, estava o “menino-prodígio” Caleb Ewan (com apenas 21 anos). Já tinha sido referido por mim num dos meus primeiros textos para o Bola na Redever aqui – , onde dizia que “referente a jovens sensações do momento, há que ter em atenção, tal como já tenho dito a várias pessoas há uns tempos atrás, o crescimento de Caleb Ewan”.

Felizmente, até agora, estas “previsões” têm sido bem no alvo e é de se esperar que este jovem australiano, uma das maiores promessas do ciclismo mundial, continue a sua evolução como ciclista e acredito que no futuro suba mais patamares, com vitórias, por exemplo, em Grand Tours. Nesta primeira etapa, fez um grande sprint e não deu hipótese a homens como Mark Renshaw (quase 12 anos mais velho do que ele), Wouter Wippert, Giacomo Nizzolo ou Ben Swift.

O “menino-prodígio” Caleb Ewan venceu mais 2 etapas num início de ano que está a ser extraordinário para o jovem australiano  FONTE: cyclingtips.com
O “menino-prodígio” Caleb Ewan venceu mais duas etapas num início de ano que está a ser extraordinário para o jovem australiano
Fonte: cyclingtips.com

Na segunda etapa, já quase no final, houve uma queda que deixou alguns favoritos a vencer de fora da discussão desse mesmo dia e  que acabou por beneficiar um outro jovem (de 23 anos), de seu nome Jay McCarthy. Este australiano, ciclista da Tinkoff, foi um dos corredores mais surpreendentes da prova e mereceu realmente ter levado “para casa” uma vitória. Frente a nomes mais conhecidos como Diego Ulissi ou Rohan Dennis (último vencedor desta prova), não se intimidou e teve aqui a sua primeira vitória em 2016. A terceira e quarta etapas tiveram o mesmo “destino”: vitória ao sprint por parte de Simon Gerrans, que acabou mesmo por vencer este TDU 2016!

A quinta etapa poder-se-á designar como a “rainha” da prova e o verdadeiro teste às capacidades de quem estava na Austrália para vencer a classificação geral. Richie Porte, na primeira prova como corredor da BMC, conseguiu igualmente a primeira vitória pela sua nova equipa, depois de ter saído da Sky, deixando toda a concorrência para trás na última subida do dia. Uma vitória que mostrou realmente a qualidade do também australiano para terrenos mais inclinados e uma pequena demonstração do que poderá fazer no Tour, provavelmente. O colombiano Henao, da Sky, ficou em segundo lugar na etapa e o trepador da Cannondale Michael Woods ainda conseguiu o último lugar do pódio nesse dia. É de destacar que quase todos os grandes candidatos a vencer esta prova apareceram bem neste dia, ficando o top’10 da etapa com oito ciclistas que terminaram no top’10 da classificação geral final da prova.

O último dia da prova, como de costume, estava novamente reservado para os ciclistas mais rápidos, os denominados “sprinters”. Mais uma vez, demonstração de qualidade por parte do jovem Caleb Ewan (no futuro, poderemos vir a ter enormes duelos entre o australiano e o também jovem Fernando Gaviria, colombiano de 21 anos, igualmente com grande potencial e que venceu uma etapa, nesta semana, no Tour de San Luís – prova que Dayer Quintana, de 23 anos, venceu… à frente do seu irmão, que ficou em terceiro lugar, Nairo Quintana!). O experiente Renshaw, tal como no primeiro dia, voltou a não conseguir superar o bem mais novo Caleb Ewan. Brilhante início de temporada por parte do jovem australiano, que antes desta prova vinha com seis vitórias em sete dias de corrida: brilhante, sem dúvida!

Richie Porte começa bem o ano com a sua nova equipa com uma vitória em etapa neste Tour Down Under  FONTE: cyclingnews
Richie Porte começa bem o ano com a sua nova equipa com uma vitória em etapa neste Tour Down Under
Fonte: cyclingnews

Simon Gerrans (da equipa igualmente australiana Orica GreenEdge) conquistou assim a sua quarta vitória no Tour Down Under, numa prova realmente dominada pelos australianos, onde Richie Porte ficou com o segundo lugar na classificação geral final (nove segundos de diferença para o vencedor) e o colombiano Sérgio Henao não permitiu o “triplete” para os australianos, visto que conseguiu terminar nove segundos à frente do australiano Jay McCarthy. Michael Woods fecha o top’5 desta prova. De destacar neste top’10 a presença de outros dois jovens com bom potencial (ambos com 24 anos), Rúben Fernandez, da Movistar, e Patrick Bevin, da Cannondale (equipa que venceu a classificação geral por equipas).

Queria, por fim, deixar uma breve nota de rápida recuperação aos homens da Giant Alpecin, que tiveram um grave acidente devido a um carro que estava a circular na via contrária. Alguns ciclistas apenas sofreram feridas ligeiras, mas outros estão num estado pior, como, por exemplo, os bem conhecidos John Degenkolb e Warren Barguil. Isto serve de alerta também para o facto de terem de ser implementadas mais e melhores campanhas de sensibilização/educação para os condutores em relação aos ciclistas (e, nalguns casos, também de ciclistas para com os condutores). Desde já, espero que recuperem todos da melhor forma.

Foto de capa: Cyclingnews

MEO e NOS: A luta continua!

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O mercado das telecomunicações em Portugal é praticamente liderado por parte de dois players: a MEO e a NOS. É certo que podem ser identificados outros concorrentes, mas estes dois acabam por ter a maior importância em termos de quotas de mercado.

Trata-se portanto de um mercado com uma estrutura oligopolista (“duopólio” se quisermos ser mais ainda rigorosos), caracterizado pela existência de um pequeno número de vendedores, um grande número compradores e uma certa homogeneidade no produto ou serviço transacionado. Na verdade, não existem grandes diferenças entre os serviços fornecidos por parte de cada um destes dois operadores, sendo que o preço acaba por ser igualmente muito próximo para serviços similares (ou igual na maior parte dos casos).

Deste modo, a conquista de quota de mercado por parte da MEO ou da NOS revela-se uma missão cada vez mais difícil, na medida em que ambas as empresas apresentam as mesmas inovações em momentos muito próximos e praticam igualmente preços similares. Isto é ainda mais notório se tivermos em conta a existência de contratos de fidelidade por parte de cada uma delas (na maior parte dos casos por períodos de dois anos), os quais acabam por impedir que os consumidores mudem constantemente de operadora em busca da solução mais vantajosa para si em cada momento.

Esta luta constante pela liderança de mercado requer a adopção de um conjunto de outras estratégias menos convencionais para captar cada vez mais clientes. É neste contexto que podem ser enquadrados os mais recentes negócios entre cada uma destas duas operadoras e vários clubes de futebol em relação aos respectivos direitos televisivos. Note-se que até então estes direitos televisivos eram negociados directamente entre os clubes e a Publicidade de Portugal e Televisão, S.A. (empresa de Joaquim Oliveira – presidente do Conselho de Admnistração da Sport TV Portugal, S.A.).

Desta feita, a NOS foi pioneira ao formalizar no passado dia 2 de Dezembro um contrato no valor de 400 milhões de euros com a Benfica SAD. Este contrato pressupõe que a NOS tenha, a partir da época 2016/2017, os direitos de transmissão televisiva dos jogos em casa da equipa A de futebol sénior do SL Benfica e os direitos de transmissão e distribuição da “Benfica TV”. Este contrato terá início na época 2016/2017 durante três épocas, podendo ser renovado até um total de dez épocas.

A MEO rapidamente quis entrar nesta luta, tendo estabelecido no dia 27 de Dezembro do último ano um contrato no valor de 457,5 milhões de euros com a SAD do Futebol Clube do Porto. De acordo com as condições do contrato, a MEO passará a ter os direitos de transmissão televisiva dos jogos da equipa principal de futebol (visitas) na primeira liga, os direitos de exploração dos espaços publicitários no estádio do Dragão a partir da época 2018/2019 durante pelo menos dez épocas, os direitos de transmissão do “Porto Canal a partir do início deste ano durante dez épocas e o estatuto de principal patrocinador do Futebol Clube do Porto a partir do início deste ano durante sete épocas e meia.

O acordo entre Sporting e NOS Fonte: Sporting
O acordo entre Sporting e NOS
Fonte: Sporting CP

A NOS voltou a contra-atacar e celebrou com a SAD do Sporting CP um contrato no valor de 515 milhões de euros no passado dia 29 de Dezembro. Este contrato prevê o direito de transmissão televisiva e multimédia dos jogos em casa da equipa A de futebol sénior, o direito de exploração dos espaços publicitários no estádio José Alvalade, o direito de transmissão e distribuição da “Sporting TV” a partir da época 2017/2018 durante doze épocas e o direito a ser o principal patrocinador a partir do início deste ano durante doze épocas e meia.

Para além destes contratos milionários com os “três grandes”, a NOS comunicou ainda no dia 30 de Dezembro do último ano ter estabelecido contratos em relação aos direitos televisivos dos jogos em casa de mais oito clubes da Liga Principal, nomeadamente da Académica de Coimbra, do CF “Os Belenenses”, do CD Nacional da Madeira, do CS Marítimo, do FC Arouca, do FC Paços de Ferreira, do SC Braga e do Vitória FC.

No mesmo sentido, a MEO já anunciou igualmente ter acordado os direitos televisivos dos clubes da Segunda Liga, os quais passarão a receber 500 mil euros por época durante as próximas três épocas.

Todos estes contratos são diferentes entre si, dificultando qualquer espécie de comparação entre eles e qualquer avaliação de qual foi o melhor contrato e quem fez o melhor negócio. Ainda assim, vale a pena relevar quatro comentários:

Primeiro. Estes contratos favorecem os clubes de futebol, no sentido me que estes ganham uma nova forma de financiamento que de outra forma não teriam (ou teriam mas em menores montantes).

Segundo. Estes contratos favorecem a MEO e a NOS, as quais passam a ter direitos de jogos que os podem vender entre si (ou a outros concorrentes) e/ou que podem usar como uma forma de captarem mais clientes se optarem por disponibilizar os jogos apenas nas suas plataformas.

Terceiro. Estes contratos acentuam as desigualdades entre clubes. Na verdade, os “três grandes” conseguiram vender os seus direitos por valores astronómicos, o que lhes conferirá obter receitas astronómicas em comparação com os clubes de menor dimensão ou com menor expressividade em termos de adeptos.

A NOS passou a estar representada nos equipamentos do Sporting CP Fonte: Sporting CP
A NOS passou a estar representada nos equipamentos do Sporting CP
Fonte: Sporting CP

Quarto. Estes contratos prejudicam os consumidores, os quais poderão ter que passar a pagar um valor superior na factura mensal para poderem ter acesso aos diferentes jogos da Liga Principal, sobretudo a partir de 2018. Hoje, esse valor ronda os 37 euros (26,79 euros pela “Sport TV” e 9,99 euros pela “Benfica TV”). Sabe-se que até 2018, os jogos do Sporting e do Porto continuarão a ser transmitidos na “Sport TV” (empresa que detém os direitos televisivos até essa data) e tudo aponta que os jogos do Benfica deixarão de ser transmitidos na “Benfica TV” para passarem a ser igualmente transmitidos na “Sport TV” (a NOS é accionista da “Sport TV”).

A materializar-se, a “Benfica TV” poderá deixar de ser um canal codificado, mas em contrapartida a “Sport TV” poderá anunciar um aumento do respectivo valor. Na verdade, a “Sport TV” já procedeu a um aumento de 10 euros para todos os proprietários de cafés e de restaurantes no início deste ano, desconhecendo-se ainda o valor do aumento para os clientes residenciais (que poderá não existir). A partir de 2018, não se sabe ainda como serão transmitidos os diferentes jogos, podendo especular-se que a MEO lance um novo canal para agrupar todos os jogos dos clubes com quem já negociou os direitos televisivos, encarecendo os custos para os consumidores.

Como em qualquer luta, os mais desfavorecidos são sempre os mais prejudicados. Nesta luta de grandes operadoras e de grandes clubes, os mais prejudicados acabam por ser os consumidores e os clubes de menor expressividade.

Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica

Artigo com a opinião de Ricardo Barradas