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Olheiro BnR – Callum McManaman

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Numa liga recheada de extremos brilhantes como é a Barclays Premier League, existem algumas pérolas que passam despercebidas. À sombra de Walcott, Alexis, Memphis, Hazard, Willian, Sterling e muitos outros, surge Callum McManaman, um jovem inglês de 24 anos que tem demonstrado excelentes apontamentos ao serviço dos Baggies.

Callum Henry McManaman nasceu a 25 de Abril de 1991, em Whiston, Inglaterra. Passou pelos escalões de formação do Everton FC e do Wigan Athletic FC. Ao serviço do segundo fez a sua estreia como profissional na Premier League e tornou-se no jogador do Wigan mais novo de sempre a atuar no principal escalão do futebol inglês.

No entanto, a falta de oportunidades nos Latics levou a que fosse emprestado ao Blackpool FC, durante 3 meses. Quando regressou ao Wigan, apesar de não ser um titular indiscutível, passou a ter mais oportunidades, e demonstrou mais qualidade. Em janeiro de 2015, O West Bromwich Albion desembolsou 4,5 milhões de libras (cerca de 6 milhões de euros) para o contratar, depois de 79 jogos ao serviço do Wigan e 10 golos.

Apesar do valor relativamente significativo, McManaman ainda não conseguiu assegurar um lugar no WBA e só no início desta época é que começou a ter mais oportunidades, mas tem demonstrado que pode acrescentar algo mais à equipa.

O extremo inglês é um jogador à imagem da maior parte dos extremos da atualidade. Ao invés do clássico, que gosta de ir à linha cruzar, McManaman é um jogador que prefere fletir para dentro, desequilibrando as marcações e, assim, procurar espaço para o remate ou para servir os seus companheiros.

Callum McManaman fez 10 golos ao serviço dos Latics Fonte: West Bromwich Albion FC
Callum McManaman fez 10 golos ao serviço dos Latics
Fonte: West Bromwich Albion FC

É um jovem com muito boa qualidade técnica, drible e capacidade de aceleração. Gosta de duelos de um para um e é uma dor de cabeça constante para os jogadores da equipa contrária. No entanto, apesar de não ser nenhum adolescente em início de carreira, demonstra ainda alguma displicência, arrisca demasiado e prefere, na maior parte das vezes, tentar o mais difícil, ao invés de jogar simples. Esta imaturidade que ainda revela leva-o muitas vezes a perder bolas desnecessárias e a colocar a equipa em posições desconfortáveis.

Apesar de a vertente mental ainda não estar bem apurada, é um jogador que pode crescer bastante, especialmente com Tony Pullis, que é um treinador experiente que sabe tirar o melhor proveito deste tipo de jogadores. A facilidade que McManaman demonstra para ultrapassar adversários é fabulosa.

Com apenas dez jogos disputados pelos Baggies, ainda não marcou nenhum golo mas já tem duas assistências. Demonstra ter um bom remate e uma qualidade de passe acima da média, que adivinham que se estreie a marcar num futuro muito próximo.

Assim, apesar das críticas que fiz aos seus atributos mentais, acredito que Callum McManaman tem potencial para se tornar num excelente jogador. Acho que é um trunfo para Tony Pullis para a luta por um lugar no Top10 e, no futuro, pode vir a ponderar voos mas altos. Para isso, precisa de aprender a trabalhar mais em prol da equipa e a decidir melhor; se o fizer, e aliando isto à qualidade que lhe é natural, pode vir a ser um jogador chave no WBA.

Foto de Capa: West Bromwich Albion FC

Julen Lopetegui, o viciado

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Um vício é um dos melhores companheiros da cegueira. Quem o tem não o quer ver, e não assume até entender que o vício passou a ser, também, um problema. Experimentar cocaína por ter a irreverência e a rebeldia próprias de um jovem inconsequente é uma coisa; usá-la sempre que se faz anos ou se celebra o ano novo é outra; fazê-lo sempre que um problema surge é outra completamente diferente.

Todas elas são perigosas armadilhas para se cair num vício terrível que pode minar completamente uma vida, mas a terceira é pior. Quem o faz, julga que é algo recreacional, que os problemas desaparecem naquele instante, são resolvidos mais tarde, com a cabeça fria, e que não surgirão mais. Mas a tolerância a esses “problemas” passa a ser cada vez menor, e o uso sobe de frequência, o auto-controlo desaparece e o vício assume-se.

Por mais que se aponte o dedo, por mais que se diga que se chegou a um ponto de não retorno, por ameaças de solidão que os que rodeiam essa pessoa façam, ela não deixará de (ar)riscar. Porque o vício é a prioridade, e a cegueira o acompanha. Julen Lopetegui pode ser retratado como um autêntico “junkee”. Mas o seu vício não é cocaína. Consta, até, que é meticuloso com aquilo que mete no corpo e se trata de uma pessoa bastante saudável do ponto de vista físico. O vício dele é outro, do foro mental, e passa pela intolerância às críticas.

No início, tudo corria bem. Somou cinco jogos a vencer sem sofrer golos no seu arranque ao serviço dos portistas, mas mal escorregou, em Guimarães, negou culpa própria e atirou-se às arbitragens. A goleada ao BATE Borisov amenizou as críticas, mas a escorregadela, em casa, diante do Boavista, num jogo em que rodou quase toda a equipa fizeram as críticas subir de tom, principalmente no que toca à rotatividade. A partir daí, e com o suceder de vários resultados negativos, Lopetegui ainda era capaz de resistir à tentação de se defender dos malefícios da rotatividade que impunha no Porto, embora nunca fosse capaz de assumir a culpa pelos desaires do seu conjunto que, com tantas alterações no seu interior, nunca foi capaz de criar uma identidade própria, e isso ficou comprovado nos jogos decisivos, nos jogos em que era preciso que onze jogadores formassem uma equipa. Aconteceu em Lisboa, na Luz e em Munique, no Allianz Arena. A equipa jogou para não perder em ambos os encontros e perdeu, ali, dois jogos que significaram o adeus às duas competições prioritárias dos dragões.

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Os adeptos do FC Porto continuam a contestar Lopetegui
Fonte: bolanarede.pt

As críticas eram cada vez mais, e Lopetegui, o viciado, ainda lhes respondia. Mas deixou de o fazer. O vício tornou-o um treinador muito repetitivo nas antevisões dos encontros e nas conferências de imprensa após os mesmos. Qualquer adversário é temível que tem enormes valores individuais e são sempre precisas muitas cautelas na abordagem ao jogo. Como se o seu FC Porto, construído, com muitos milhões, à sua imagem, não fosse a equipa favorita, pela valia individual, em 95 % desses casos. Enfim, é um mecanismo de quem se quer fechar dentro da sua “concha”, meter tampões nos ouvidos e não ouvir o que os outros têm a apontar-lhe. Mas às vezes faz-se mais ruído, e chega a um ponto em que, mesmo não se assumindo o vício, se tem de voltar a rebater quem o critica. No último sábado, esse “ruído” chegou dos maus da fita habituais, os jornalistas, que lhe perguntaram, e bem, como lidava com a contestação dos adeptos. Irritou-se e disse que eram interpretações da imprensa, que o clube e ele próprio eram constantemente subvalorizados e que não via qualquer contestação. Enfim, a cegueira.

As críticas são a realidade. A “concha” em que Lopetegui se enfia, cada vez mas, a sua cocaína. Não me parece que ele venha cá fora admitir os erros que comete (a perder com o Sporting, tirou Aboubakar e colocou o miúdo André Silva, troca por troca, ponta-de-lança por ponta-de-lança, perdendo, até capacidade no jogo àereo que tão importante podia ser para a sua equipa na fase em que o jogo se encontrava – sim, o futebol às vezes parece tão simples quanto “tirar o Joaquim e meter o Manel” e Jorge Jesus tem tanta noção disso quanto da importância da continuidade de Lopetegui no comando técnico dos dragões na prossecução do título nacional), jogo após jogo, e os objectivos que, paulatinamente, vai deixando cair.

O primeiro lugar está a dois pontos de distância, e até pode ser recuperado na próxima quarta-feira, mas dado o desnível de investimento e de qualidade do plantel do FC Porto face aos rivais, exigia-se muito, mas muito mais. Só não vê Lopetegui, cegado pelo vício.

Carta Aberta a: Bruma

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Caro Bruma,

Vou direto ao assunto: quando me perguntam, digo sempre que desejo o pior para a tua carreira. Que sejas sempre suplente, daqueles que passam mais tempo a aquecer do que a jogar. Que continues esse teu percurso descendente (que já começaste apesar de só teres 21 anos) e que termine com uma participação num reality show a dar saltos para a água. Que sejas uma eterna promessa adiada e mais um exemplo vivo de como a ganância e a falta de escrúpulos podem destruir uma carreira.

É isso que digo sempre. O problema é que, depois, durante o jogo, dou por mim a torcer um bocadinho por ti. Só nesta última semana já me causaste dois momentos de embaraço. Primeiro no Santiago Bernabéu, quando puxaste a bola para o pé direito e a meteste lá bem no ângulo da baliza, e, depois, quando fizeste o golo de primeira ao Rayo Vallecano. É que, em ambos os casos, até saltei da cadeira a festejar o golo! Claro que olhei logo em redor para ver se alguém tinha reparado, enquanto sentia um misto de vergonha e revolta por não te conseguir odiar a 100% (como faço tão competentemente com outras maçãs podres que saíram de Alcochete).

O teu caso parece ser diferente dos outros, caro Bruma. Talvez porque deixou a sensação de que nem te apercebeste bem do que se passou. Lembro-me de que, quando já estavas de saída para a Turquia, continuavas a dizer que gostavas muito do Sporting e que esperavas voltar um dia, como uma criança que não sabe a gravidade do que acabou de fazer. Ainda ontem o meu filho de um ano e meio partiu uma jarra cá em casa. A jarra havia sido da minha avó, esteve muitos anos em casa da minha mãe e estava agora em minha casa, até que, ontem, sucumbiu tragicamente às mãos do pequeno diabrete que estou a criar. Ralhei veementemente perante o seu olhar atónito e, assim que me calei, ele respondeu com uma das poucas palavras que sabe dizer: “Owá!”; e começou a bater palminhas. Ora, experimentem lá tentar ficar zangados durante muito tempo perante tal reação. É impossível.

Os adeptos do Sporting CP sempre te trataram bem, Bruma Fonte: Sporting CP
Os adeptos do Sporting CP sempre te trataram bem, Bruma
Fonte: Sporting CP

Por favor, Bruma, não contes à minha mulher que estou, ainda que levemente, a comparar-te ao meu filho, mas as palavras que utilizas sempre que falas do Sporting revelam também uma incrível ingenuidade e falta de consciência sobre o que se passou. Em junho de 2014 dizias ao Correio da Manhã que fizeste “sempre questão de que o Sporting não saísse prejudicado”, em junho de 2015 dizias à Antena 1 que o Sporting é o clube do teu coração e, em novembro, dizias ao A Bola que estavas muito orgulhoso por ver o Sporting em primeiro lugar. Ages como uma criança que não percebe a gravidade do que fez. E, provavelmente, não percebeste mesmo.

Isso leva-me à segunda razão que faz com que não consiga odiar-te plenamente: Catió Baldé e Bebiano. A ideia que tenho é de que foste (e continuas a ser) mais vítima do que culpado. Um professor, de quem não recordo o nome, disse que a única razão por que gostava de conhecer os pais dos seus alunos era porque isso o ajudava a perdoar os filhos. Ora, ter conhecido Catió Baldé e Bebiano, definitivamente, ajuda-me a perdoar-te, caro Bruma. “Livrando-te” deles, estou certo de que serias recebido de braços abertos pela maior parte dos sportinguistas. E, em Alvalade, não serias apenas mais um como és por aí. Vê lá que, quando jogaste contra o Barcelona, o twitter do clube catalão trocou o teu nome por “Niebla”!

Vá, Bruma, pensa lá na tua vida. Quando saíste do Sporting, em 2013, dizias que ainda acreditavas que podias ir ao Mundial do Brasil em 2014. No entanto, em 2015, nem sequer conseguiste ir ao Europeu de sub-21. Já fizeste muito pelo encarregado Baldé e pelo advogado Bebiano, é bom que comeces a pensar em fazer algo pela tua carreira. Caso contrário, lá terei eu de te desejar um 2016 com muito tempo sentado no banco e uma carreira de fazer inveja ao Fábio Paim.

Foto de Capa: Galatasaray SK

Merci, Monsieur Sli!!!

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O Sporting entrou em 2016 com o pé direito, conseguindo uma vitória clara como água frente ao FC Porto. Os “leões” receberam os “dragões” e dominaram por completo uma partida que foi decidida pela “besta” habitual: Islam Slimani.

A equipa orientada por Jorge Jesus mostrou uma saúde rija, entrando com tudo nos duelos, num encontro onde Jorge Jesus mostrou mais uma vez que é infinitamente superior tática e mentalmente a Julen Lopetegui. A entrada de Naldo correu muito bem, com o central brasileiro a fazer uma partida incrivelmente certa, colocando no bolso a referência atacante do adversário, Aboubakar. A outra grande mexida pensada pelo técnico português foi a titularidade concedida a Matheus Pereira.

O brasileiro apareceu no 11 inicial de forma um tanto surpreendente, deixando no banco Fredy Montero ou Gelson Martins, atletas que têm sido bem mais utilizados por Jesus. O jovem esteve bem na partida, com algumas participações bem sucedidas nas ofensivas sportinguistas e ajudando também o compatriota Jefferson quando foi preciso. Contudo, o banho de bola teve o seu píncaro na exibição de João Mário. O 17 “verde e branco” encheu mais uma vez o campo, na direita, no meio e mesmo no flanco esquerdo. Tendo sido apenas com um toque, um passe em profundidade ou uma progressão com ultrapassagem de dois ou três adversários, J. Mário esteve absolutamente intratável, e foi um dos melhores em campo, a par do animal do Magrebe que temos no ataque.

Super Sli é uma das melhores armas leoninas Fonte: Sporting
Super Sli é uma das melhores armas leoninas
Fonte: Sporting CP

Foi no meio campo que o Sporting venceu o jogo, e a diferença só não foi mais avassaladora devido à excelente exibição de Danilo Pereira, que foi segurando o que podia. Adrien está a fazer uma época memorável e William, apesar de algumas perdas de bola inexplicáveis, consegue transmitir muita segurança ao conjunto. Deste jogo, guardo essencialmente um pensamento. Um colega meu disse na segunda parte: “O jogo está a ser muito tático.”. Apenas respondi: “Ainda bem que assim é. Num jogo tático entre Lopetegui e Jesus a vitória é fácil.”. Sinceramente, fico de boca aberta quando ouço alguém dizer que Lopetegui é um treinador capaz (Jorge Jesus não conta; no lugar dele também desejava que Lopetegui continuasse a ser meu adversário por muitos e bons anos). O treinador espanhol vive muito das suas individualidades, essencialmente Brahimi, um dos jogadores mais difíceis de parar na nossa Liga. O basco vive dias mesmo muito difíceis, apesar de Pinto da Costa continuar em sua defesa; e, como defenderam os adeptos leoninos, rezemos para que Lopetegui continue por muitos e bons anos a cargo da equipa azul e branca.

Agora, umas palavras muito especiais para Slimani. É repetitivo, eu sei. Devo falar dele em quase todos os textos. Mas é inevitável. O argelino é o melhor avançado do campeonato e, atrevo-me a dizer, já alcançou um patamar exibicional semelhante ao dos melhores tempos de Liedson ou Jardel, os melhores avançados que eu tinha visto com esta camisola. Ele sempre teve garra, raça, dedicação; no fundo ele é a personificação perfeita daquilo que é o Sporting Clube de Portugal. Ainda por cima, Slimani marca cada vez mais golos agora, golos decisivos e em jogos de elevado grau de importância, de cabeça e com os pés. Está feito um ponta de lança de classe mundial aquele tipo meio “tosco” que chegou cá pela módica quantia de 300 mil euros. Iker Casillas vai ter pesadelos, quando lhe vier à cabeça a imagem do terrorista argelino a violar as suas redes na noite de casa cheia em Alvalade.

Avizinha-se uma semana com mais dois grandes testes para o leão: quarta-feira em Setúbal e domingo com a receção ao Braga. Todas as baterias têm de estar apontadas para termos um bom fim no Sado e depois tentar chegar a nova enchente no fim de semana. Um jogo do líder às quatro da tarde de um domingo assim o exige, e espero voltar a ver uma moldura humana tão bonita em Alvalade. Pode ser que também já possamos ver os novos reforços Bruno César e Marvin “The Rock” Zeegelaar em ação, eles que serão bem importantes nesta segunda metade da temporada.

Este sábado demos mais um passo de gigante rumo ao cumprir do sonho em maio. Continuemos a jogar desta maneira e lá chegaremos. Obrigado, Jesus; obrigado, presidente. O rugido do leão começou ensurdecedor em 2016!

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

Sporting CP 2-0 FC Porto: Casillas, já conheces o Slimani?

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Casillas está habituado a defrontar Messi, Ibrahimovic ou Lewandowski. O nome de Slimani devia ser completamente desconhecido até chegar ao campeonato português, mas o clássico de Alvalade tratou de fazer as apresentações. O argelino bisou (o hat-trick ficou perto) e colocou o Sporting de novo na liderança da liga. Os leões foram mais eficazes na primeira parte e geriram muito bem a vantagem na segunda metade, sendo notória a forma mais madura como a equipa disputa os encontros decisivos. João Mário, que se vai afirmando cada vez mais como um “jogador de grandes jogos”, viu a sua tremenda exibição ser ofuscada pelos golos de Slimani, mas o que fica do clássico é, acima de tudo, a superioridade colectiva da equipa de Jorge Jesus em relação aos dois rivais na corrida pelo título.

O Clássico de Alvalade não trouxe novidades em relação ao passado recente. O FC Porto continua sem vencer o Sporting em Lisboa (a última vez foi em 2008) e Jesus mantém a superioridade sobre Lopetegui. As duas equipas apresentaram-se em Alvalade com a intenção clara de somar os três pontos, tendo proporcionado no primeiro tempo um clássico mais aberto do que aquilo que é habitual. Jorge Jesus surpreendeu e deu a titularidade ao miúdo Matheus Pereira, colocando Bryan Ruiz no apoio a Slimani, e a Naldo, quando se previa que fosse Ewerton a actuar ao lado de Paulo Oliveira. Lopetegui também não alterou o modelo de jogo habitual, não abdicando de ter duas setas – Brahimi e Corona – apontadas à baliza de Rui Patrício. Herrera actuou bem próximo de Aboubakar, mas a ligação entre o mexicano e o camaronês não deu frutos.

A primeira parte foi bastante repartida, com momentos de ascendente para leões e dragões, sendo que a maior eficácia leonina fez a diferença até ao intervalo. O FC Porto também teve duas ocasiões claras, mas Rui Patrício, que tem sido decisivo, ganhou o duelo directo com Aboubakar – sempre rápido a desmarcar-se entre os centrais leoninos – e evitou o golo dos azuis e brancos. Do outro lado, Slimani não perdoou e permitiu ao Sporting “comandar o jogo tacticamente”, como disse Jorge Jesus na análise à partida.

Durante os 45’ iniciais, as melhores iniciativas dos leões pertenceram a João Mário, que espalhou qualidade técnica, sempre bem acompanhado por Adrien, que se mantém como um elemento fundamental na manobra leonina. Bryan Ruiz não teve uma boa entrada em jogo, tendo subido ligeiramente de rendimento quando o Sporting passou para a liderança do marcador. Do lado portista, para além da mobilidade de Aboubakar e dos rasgos de Brahimi e Corona, foi Maxi quem esteve em plano de evidência, fechando bem o flanco (excepto quando lhe apareceu João Mário pela frente) e oferecendo bastante profundidade, ao contrário de Layun.

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Jorge Jesus venceu os dois rivais no campeonato

Foi um FC Porto inofensivo, previsível e sem personalidade aquele que apareceu para a etapa complementar em Alvalade. O conjunto azul e branco acabou a segunda parte sem qualquer ocasião clara para marcar (a qualidade defensiva da equipa de Jorge Jesus veio ao de cima), com o Sporting a justificar totalmente o triunfo e o regresso à liderança. Os leões, mais maduros do que noutras ocasiões, souberam impedir a reacção portista e criaram várias excelentes oportunidades através de saídas rápidas para o ataque – nas mais claras, Slimani e Adrien acertaram nos ferros. A irreverência de Gelson veio dar outra capacidade às transições leoninas, com o jovem extremo a aproveitar o desgaste de Maxi.

As substituições de Lopetegui não trouxeram nada de novo à equipa, que foi perdendo a pouca capacidade de reacção que apresentou inicialmente. André André, a quem se pedia mais chegada a zonas de decisão, não acrescentou mais do que Rúben Neves e André Silva foi anulado pelos centrais leoninos (Naldo foi um dos melhores em campo), tal como Aboubakar. No final, o técnico espanhol não cumprimentou Jorge Jesus, provavelmente resignado com a superioridade do adversário.

A Figura

Slimani – É o jogador mais decisivo do campeonato até ao momento, e não é só pelos golos. A forma como desgasta a defesa adversária (Maicon e Martins Indi tiveram as mesmas dificuldades que os outros centrais que defrontam o argelino), a profundidade que consegue oferecer ao jogo e a capacidade que tem de se envolver com o colectivo – aspecto que tem aperfeiçoado desde a chegada de Jorge Jesus – têm sido determinantes neste Sporting.

O Fora-de-jogo

William Carvalho – O médio português continua longe da qualidade que já apresentou. Frente a um rival com quem se costuma dar bem, William demonstrou muita lentidão de processos e não conseguiu contornar a pressão que lhe foi efectuada, falhando naquilo em que é mais forte e perdendo o duelo particular com Danilo, claramente o melhor jogador da equipa de Lopetegui.

Sporting CP 2-0 FC Porto: Ano novo, nova derrota

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Pouco mais há a dizer relativamente a este FC Porto. Aliás, arrisco dizer que já foi tudo dito. Já se estenderam todas as tarjas, já se agitaram todos os lenços brancos, já se assobiou tudo o que havia a assobiar. A escassa esperança que se mantinha começa a diluir-se, e uma nova época dominada pela desilusão e pela falta de triunfos parece, cada vez mais, o fim expectável.

Depois de uma derrota histórica frente ao Marítimo em casa, a meio da semana, para a Taça da Liga, o FC Porto deslocou-se a Alvalade para defender a liderança do campeonato e, por incrível que pareça, regressa à Invicta no segundo posto. Ainda que o otimismo nos dissesse que o péssimo resultado frente aos insulares motivaria uma forte resposta dos azuis e brancos em casa do Sporting CP, a experiência levava-nos a acreditar no contrário.

Ora porque Lopetegui já provou não estar à altura dos clássicos, ora porque o mesmo homem já provou não estar à altura do FC Porto. Na temporada passada foi concedido ao espanhol um privilégio raro no futebol português: o benefício da dúvida. Mas cada vez se torna mais óbvio que essa foi uma decisão errada por parte da direção portista. Os resultados comprovam-no e as exibições clarificam-no. Os erros acumulam-se e permanecem os mesmos.

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Lopetegui voltou a falhar num momento decisivo
Fonte: bolanarede.pt

Aliás, o FC Porto apresentou-se em Alvalade igual a si próprio: apático, inconsequente e desnorteado. A espaços foi capaz de fazer circular a bola, mas mais uma vez essa posse revelou-se pouco pragmática e profícua. Apenas numa ocasião Rui Patrício foi chamado a intervir, num lance em que o português tapou os caminhos da baliza a Aboubakar, à passagem do minuto 32. No restante jogo, o guardião do Sporting foi um mero espectador.

É inconcebível que uma equipa que se diz candidata ao título crie uma única oportunidade em 90 minutos. O processo ofensivo do FC Porto voltou a manifestar-se previsível, e o Sporting, taticamente muito bem preparado, controlou do início ao fim. Os azuis e brancos foram presa fácil para os comandados de Jorge Jesus. E a prova disso é que a história do jogo é fácil de contar. Aos 27 minutos, Slimani inaugurou o marcador, com um cabeceamento fulminante para a baliza de Casillas, e aos 85 bisou, num lance em que respondeu da melhor forma a um grande passe de Bryan Ruiz. Pelo meio, teve tempo para enviar uma bola à barra, após cruzamento de João Mário.

O mesmo destino teve um pontapé de Adrien de fora da área. Perante isto, torna-se evidente que o Sporting dispôs de várias oportunidades para vencer por números mais largos. Para os comandados de Jorge Jesus, o resultado peca por escasso. Para Lopetegui, o resultado peca por muito escasso. Isto porque a falta de ideias do técnico espanhol merecia uma lição melhor do que esta. A resolução do FC Porto para 2016 é um novo treinador. Já não há paciência.

 

A Figura:                                                                                                                                                          

Danilo Pereira – No meio do marasmo e da inconsequência, foi a figura mais irreverente do lado portista. Decidiu quase tudo bem e revelou-se preponderante. Não foi por ele que o FC Porto perdeu o clássico.

O Fora-de-Jogo:

Brahimi – Compreendo que a nomeação é controversa, uma vez que foi dos jogadores que melhor seguraram a bola. Ainda assim, a inconsequência do argelino foi, ao mesmo tempo, o espelho da inconsequência ofensiva do FC Porto. Perdeu-se, mais uma vez, em lances individuais e está longe da forma em que suscitou o interesse dos tubarões.

Vitória SC 0-1 SL Benfica: ganhar com a arte de mal jogar

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Com a possibilidade de reduzir a diferença pontual perante os seus mais diretos rivais, o Sport Lisboa e Benfica deslocou-se ao reduto do Vitória de Guimarães para realizar o encontro da jornada quinze do campeonato português. A equipa vermelha e branca até foi a equipa que entrou melhor no relvado do D. Afonso Henriques, mas esse ímpeto rapidamente se perdeu. Nos primeiros 45 minutos as oportunidades de golo foram raras, falhando o Benfica bastantes passes que originaram alguns calafrios na defensiva encarnada.

Com um meio-campo a trabalhar mal, o Benfica raramente criou perigo. Não se viu um elo de ligação entre o meio campo e a frente de ataque na primeira parte, coisa que facilitou a vida à equipa vitoriana, que esperava tranquilamente o erro dos encarnados para sair a jogar no contra-ataque. Mesmo assim, a melhor oportunidade de golo durante os primeiros 45 minutos surgiu dos pés de Jonas, que obrigou o guarda-redes vitoriano a uma defesa apertada.

O início da segunda parte ficou marcado por uma entrada fraquíssima do Benfica. Durante os primeiros 30 minutos da segunda parte o Vitória de Guimarães foi superior. Neste período pôde ver-se um Benfica a falhar muitos passes e a jogar muito no sector mais recuado. O minuto mágico deste jogo paupérrimo surgiu ao minuto 75. A magia saiu do pé do menino de ouro: Renato Sanches marcou um grande golo, numa jogada de insistência. Depois do golo da turma encarnada, o jogo melhorou para os pupilos de Rui Vitória, que puderam beneficiar dos espaços dados pela equipa vitoriana, que corria atrás do prejuízo. Mesmo com uma fraca exibição da equipa encarnada, ficam os três pontos conquistados num estádio muito difícil.

Renato Sanches salvou o Benfica em Guimarães
Fonte: Facebook Farmácia Franco 

Apesar de o Benfica ter melhorado o seu estilo de jogo nos últimos tempos, hoje pudemos observar um bicampeão sem carisma, sem vontade de ganhar e acima de tudo sem atitude. Continuou sem perceber o porquê da aposta de Pizzi para extremo quando temos um Carcela no banco de suplentes, jogador que já mostrou que tem qualidade e que deve ser aposta. Apesar de hoje Samaris não poder jogar devido a castigo, ficou mais uma vez provado que Fejsa não tem “pedalada” para jogar jogos a “doer”, sendo apenas um jogador para fazer 30 minutos.

Com este resultado resta-nos a nós, benfiquistas, ficar sentados no nosso sofá e observar a aproximação a uma ou às duas equipas que neste momento se encontram à nossa frente.

A Figura:

Renato Sanches: Foi de longe o melhor jogador em campo. A forma como luta do início ao fim do jogo é de grande jogador. Hoje, carregou a equipa às costas e a atitude que demonstrou ao longo dos 90 minutos foi premiada com um grande golo.

O Fora-de-Jogo:

Raul Jiménez: realizou um jogo fraquíssimo no D. Afonso Henriques. O jogador mexicano passou completamente ao lado do jogo. Isso pode ver-se na quantidade de passes que falhou e na quantidade de “divididas” que perdeu. Até ao momento não dá mostras de que os nove milhões investidos tenham sido um bom negócio; muito pelo contrário.

CS Marítimo 1-1 Estoril-Praia: jogo Ma(n)chado

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Tarde fantástica para a prática do futebol. Bancadas meio despidas. “Bom ano” era o que mais se ouvia entre os adeptos do Marítimo da Madeira. E teria sido um bom ano, ou início dele, não fosse um dos intervenientes no jogo ter decidido, ainda que involuntariamente, certamente, a partida que se disputou na tarde de hoje no Estádio do Marítimo.

Início de jogo a combinar com a temperatura e com a humidade que se fizeram sentir no Funchal: morno, com mais Estoril-Praia nos primeiros quinze minutos. No primeiro terço da partida, a equipa comandada por Ivo Vieira foi mesmo um espectador no relvado, estudando as opções ofensivas dos “canarinhos”. 15 minutos passados e o despertar do leão no topo Sul, sector J, acordava os 11 em campo. Ao entoar dos cânticos dos Irredutíveis, claque que apoia a equipa do Almirante Reis, os primeiros lances de perigo, muito por culpa dos mais inconformados verde-rubros na tarde de hoje – de quase dispensado a titular indiscutível: Marega. E, claro, o sempre irreverente e irrequieto Dyego Sousa.

Excelente dia na Madeira para receber o Marítimo-Estoril;

Dez minutos volvidos e, depois de muito ameaçar, Marega, o suspeito do costume, faz o golo e leva ao delírio os adeptos do Marítimo, numa altura em que das bancadas vinha um verdadeiro hino ao orgulho madeirense. Continuando com a toada ofensiva, os verde-rubros tentaram ampliar a vantagem, embora com um jogo não tanto ofensivo, defendendo a vantagem. Foi o resultado com que se chegou ao intervalo. Na segunda parte, houve uma entrada melhor por parte da equipa da Linha; mais ofensiva, mais ambiciosa na procura do golo do empate, com dois lances perigosos nos primeiros cinco minutos.

Ameaçava o Estoril e começava a ameaçar Cosme Machado, que começava a tornar-se protagonista num desporto onde quanto mais despercebido passar, melhor. Aos 60 minutos, o primeiro amarelo da partida era mostrado, muito, claro está, por culpa de um Estoril bastante ofensivo e que se superiorizava. 68 minutos de jogo e Cosme Machado decide manchar a partida, com claro prejuízo para a equipa da casa. Mano, pela esquerda do ataque canarinho, joga em Dieguinho, que aproveita a proximidade com Fransérgio e deixa-se cair. De imediato, e sem hesitar, Cosme Machado aponta para a marca do castigo máximo, mostrando a cartolina amarela ao defesa insular. A temperatura começava a subir, especialmente com os impropérios e adjectivos que eram endereçados ao trio de arbitragem, mas Léo Bonatini não se deitou à sombra da bananeira e aproveitou para marcar o golo do empate.

Depois do empate só dava Estoril, ainda que, por duas vezes, Dyego Sousa tivesse tido a oportunidade de desfazer o 1-1. Num último esforço em busca dos três preciosos pontos, Marega, sempre inconformado, arranca pela direita num belo rasgo, deixando três jogadores do Estoril para trás, e cai na área. Reclama-se penálti, seguindo o critério utilizado anteriormente, mas Cosme Machado faz orelhas moucas e deixa jogar. Até ao final, parecia mais estar-se num concerto do Coro do Almirante Reis, com os adeptos maritimistas a entoarem, a alto e bom som, adjectivos e assobios ao árbitro. Mesmo a queimar os noventa minutos, Matheus, de livre, obriga Salin a voar e a fazer a defesa da tarde.

Merecíamos vencer
Fabiano Soares chegou à sala de imprensa claramente insatisfeito com o resultado. Para o treinador do Estoril “merecíamos ter vencido, pois fomos muito melhor equipa na segunda parte.”. Questionado sobre o penálti assinalado por Cosme Machado, Fabiano limitou-se a dizer que “a semana passada fomos prejudicados em três lances e não me compete decidir.”

O resultado não é o que ambicionávamos
Ivo Vieira não se mostrou, também ele, contente com a divisão de pontos. “Perdemos claramente dois pontos, pois fomos superiores. Não me cabe a mim decidir se é penálti ou não, mas, do meu ponto de vista, o lance sobre o Marega é mais penálti do que o que deu o empate.”, disse.

A Figura

Marega – como já aqui foi escrito, foi o mais inconformado do lado insular dentro de campo. O jogador que há uns meses era dado como dispensável depois de problemas disciplinares é, no actual contexto do Marítimo, uma pedra fundamental nos pupilos de Ivo Vieira. Marega, dentro de campo, continua a dar “chapadas de luva branca” a alguns administradores da SAD do Marítimo, que, aquando das divergências entre clube e atleta, bradavam aos sete ventos que Marega nunca mais vestiria as cores da equipa do Almirante Reis. Palavra de apreço também para as claques do Marítimo, que se mostraram à altura de um verdadeiro espectáculo que apaixona multidões.

O Fora-de-Jogo

Cosme Machado – Viajou de Braga, não sei se assistiu ou não ao fogo de artifício que brindou a entrada em 2016. Começou por passar despercebido, mas decidiu manchar a partida que esta tarde se jogou. Melhores dias, espera-se, virão, Cosme Machado. A senhora sua mãe não merecia tanto adjectivo. Uma palavra também para os últimos contratos milionários que beneficiaram três clubes em Portugal – onde, uma vez mais, se pensa, tal como em 2004, com grandiosidade – quando há outros com salários em atraso. O Marítimo tem um belo estádio, uma bancada ainda em construção. Resta saber se saberá e conseguirá aproveitar as condições, ou se o novo estádio será mais um elefante branco neste cantinho à beira-mar plantado.

Académica 3-1 CF União. A luta pela manutenção está viva!

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Ambas as equipas entraram com vontade de começar o ano da melhor maneira, mas só uma o conseguiu. Tanto no final… Como no início do jogo: aos seis minutos, Pedro Nuno bateu um canto, da direita do ataque da Académica, a bola sobrou para Leandro Silva, que desferiu um remate potente, defendido com aparato por André Moreira, sobrando para Ricardo Nascimento, que inaugurou o marcador. 2016 começava bem para os Estudantes.

O União, porém, não se rendeu. Subiu as linhas e ia fazendo uso da velocidade das suas alas para causar tremor na defesa academista, com destaque para Amilton, qual piloto de fórmula 1 a levar o seu marcador directo, e Oualembo, à loucura com várias diabruras e uma irrequietude própria de quem queria agitar o jogo.

Esta audácia acabou por ser recompensada. Num lance em que o União colocou muita gente na frente, Joãozinho surpreendeu a defensiva academista, antecipou-se a Trigueira e este cometeu um penálti parecido com a falta para castigo máximo feita na Luz sobre Gaitán. Na conversão, Paulo Monteiro não desperdiçou e igualou a partida.

A Académica tentou reconquistar a vantagem, mesmo tendo perdido Ricardo Nascimento por lesão (João Real substituiu-o), e esteve perto por duas ocasiões até ao fecho do primeiro tempo, com um protagonista e um contexto em comum: Leandro Silva e bolas paradas. Primeiro, num livre batido pelo médio cedido pelo FC Porto, que sofreu um desvio e passou a rasar o poste direito da baliza de André Moreira; mais tarde, sob o apito do final da primeira parte, numa ressaca de um canto, Leandro tirou um adversário do caminho e bateu André Moreira, mas Diego Galo estava à frente da linha de golo para evitar que houvesse males maiores. Houve protestos por uma pretensa mão, mas Fabio Verissimo não quis saber e mandou tudo para o descanso.

Empolgados pelo final da primeira parte, os Estudantes entraram galvanizados na segunda, assumindo o jogo e passando grande parte do tempo no meio-campo unionista, patrocinados por sucessões de cantos e uma pressão bastante acutilante dos seus centro-campistas que ia sufocando o União. Dois avisos: Fernando Alexandre, primeiro, de longe, desferiu belo pontapé, a rasar a barra, e depois foi a vez de Pedro Nuno, assistido por Gonçalo Paciência, rematar ao lado da baliza de André Moreira.

Gouveia decidiu forçar a barra (disse que confiava) e encostar ainda mais o União às cordas, substituindo Pedro Nuno por Rabiola, colocando a Académica a jogar num 4x4x2 declarado. Uma aposta que teve retorno, pois a acção do médio acabaria por ser decisiva no lance do 2-1. Puxou marcação com ele, descongestionando a entrada da área, onde apareceu Fernando Alexandre a responder a um cruzamento rasteiro de Ivanildo com um remate que só parou no fundo das redes de André Moreira (em conferência de imprensa, quando questionado sobre a sensação espectacular que o seu golo trouxe, brincou: “Espectacular é para vocês, para mim foi normal.”).

Leandro SIlva foi o homem do jogo
Leandro SIlva foi o homem do jogo

Depois do golo, tempo de reajustes. Norton de Matos arriscou (mas não muito), colocando Breinter no lugar de Gian e Edder Farias no lugar de Danilo, enquanto que Gouveia fechou a porta do meio-campo conimbricense, fazendo entrar Nuno Piloto para o lugar de Gonçalo Paciência, voltando ao 4x2x3x1 inicial. O União deparou-se com um conjunto organizado, que não se deixou penetrar, e foi mesmo a Académica a ampliar a vantagem, outra vez com Rabiola na jogada – ao tentar ganhar tempo junto à bandeirola de canto, ganhou uma falta, convertida por Leandro Silva para o interior da área, onde apareceu João Real, oportuno, a fazer o resultado final.

Gouveia ganhou, claramente, no jogo dos bancos e a Académica voltou a vencer em Coimbra por duas vezes consecutivas passados quase 2 anos, somando importantíssimos três pontos na luta pela manutenção, saindo, pela primeira vez em 13 jornadas, da tão incomodativa linha de água.

A Figura

Leandro Silva (Académica) – Omnipresente no meio-campo dos Estudantes, foi o cérebro da equipa, trazendo-a consigo na hora de atacar e posicionando-se estrategicamente na hora de defender. Conjugou a (boa) agressividade com uma capacidade técnica de encantar para quem gosta de bola e de provocar desgostos aos seus adversários (que o diga Amilton, vítima de uma “cueca”), estando em dois dos três golos da Académica. Em conferência de imprensa, admitiu estar no melhor momento da época.

O Fora-de-Jogo

Soares (União) – Foi o espelho da permissividade do União perante a acutilância ofensiva da Académica, deixando que o meio-campo unionista fosse invadido com frequência, sobretudo na altura de maior aperto. Outros colegas seus (tal como ele, visados por Norton de Matos, que lamentou a “falta de concentração” da sua equipa) mereceriam este prémio.

A (ir)reverência do Neymar

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Neymar Júnior, 23 anos, estilo gingão e ar bem-disposto, é, talvez pelo apelido que o pai lhe deu, um daqueles tipos que teimam em continuar a ser crianças. Há de se retirar e continuar a jogar como fazia lá na rua, onde a única preocupação era divertir-se e ser feliz. Todo ele é irreverência, desde o alto do seu penteado à moicano, que vai mudando de cor, até à ponta das botas, com que faz maldades aos adversários. Todo ele é irreverência, exceto quando lhe chegam um microfone à frente. Aí, a crista do cabelo baixa e ouvimo-lo, reverente, dizer algo como “O Messi é que é o melhor do mundo”.

Dentro de campo, enfrenta qualquer um, sem olhar a nomes ou estatutos. Pega na bola, parte para cima do adversário direto, e depois do outro, e depois do outro, faz um túnel ao primeiro, um cabrito ao segundo e um elástico ao terceiro, finta o guarda-redes e depois volta para trás para terminar a jogada com um remate de letra, que é mais bonito. E faz isto, quer esteja a perder ou a ganhar por goleada, altura em que os adversários o acusam de lhes faltar ao respeito e aproveitam para correr com ele a patadas, por cometer esse crime de se divertir e dar espetáculo. Neymar é um descarado que “sai do guião e comete o disparate de fintar toda a equipa adversária, o árbitro e o público nas bancadas, pelo puro gozo do corpo que se lança à proibida aventura da liberdade”, como diria Eduardo Galeano. Neymar é um descarado dentro de campo, mas, cá fora, se lhe põem um microfone à frente, joga à defesa e diz algo como “sinto-me muito honrado por jogar ao lado de Messi, o melhor jogador do mundo”.

Neymar está em grande destaque no FC Barcelona Fonte: FC Barcelona
Neymar está em grande destaque no FC Barcelona
Fonte: FC Barcelona

Depois de marcar um golo, frequentemente dá largas à alegria através da dança. Sozinho ou acompanhado (normalmente por Dani Alves), com coreografia ensaiada ou de improviso, Neymar vira-se para a bancada, abana a anca, agita os braços e saltita de um lado para o outro ao som de uma música que só ele ouve, mas que é capaz de converter qualquer estádio num enorme sambódromo. Ainda assim, quando um qualquer jornalista o interpela, Neymar não arrisca um passo em falso: “Todos sabemos que Messi é o melhor”, dirá.

O corpo conta já 34 tatuagens. A última, na perna, mostra um menino com um chapéu do Brasil na cabeça e uma bola debaixo do braço, olhando a favela. O menino da tatuagem está de costas, mas aposto que a cara dele é a de quem planeia fintar todas as dificuldades que lhe apareçam pela frente na vida. E mais: fazê-lo com um sorriso nos lábios. É que, afinal de contas, “Life is a joke” lê-se no braço de Neymar e “Tudo passa”, diz-nos outra das suas tatuagens, não menos importante que aquela que diz, simplesmente, “Alegria”. No entanto, Neymar chega à flash-interview e diz algo como “Eu contento-me em concorrer para ser o segundo melhor”, enquanto, na sua perna esquerda, o menino da tatuagem baixa a cabeça e chora.

Não sei se Neymar já está em condições de destronar Messi ou não. O que sei é que não tem de prestar reverência ao argentino nem a ninguém. Entende-se que o tenha feito quando chegou, mas já vai sendo hora de se assumir como verdadeiro candidato a vencer a Bola de Ouro. Não faz sentido que seja o próprio Neymar a afastar-se da corrida e aceitar um papel secundário, como fez várias vezes esta época (no seu discurso, não dentro de campo). Neymar tem é de agarrar no microfone, dizer que é o melhor deste mundo e do outro e, a seguir, convidar a jornalista para ir tomar um copo. Neymar é um descarado dentro de campo e deveria sê-lo também fora. Veremos se o será em 2016.

Foto de Capa: Facebook Oficial de Neymar Jr.