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Está a chegar o Wimbledon’2015

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cab ténis

O torneio de Wimbledon’2015 começará com um fantástico duelo entre o número 1 mundial, Novak Djokovic, e o alemão Philipp Kohlschreiber – o mais cotado de entre os não cabeças-de-série, um jogador que causa sempre dificuldades aos jogadores de top e o último jogador a derrotar Djokovic antes dos quartos-de-final de um torneio do Grand Slam (Roland Garros 2009). Kohlschreiber é, porém, também um jogador conhecido por vacilar nos momentos decisivos dos encontros importantes, esperando-se assim uma vitória de Djokovic em 4 ou 5 sets.

Caso passe este duro teste inicial, Djokovic terá ainda de lidar com adversários potencialmente difíceis, como Tomic e Nishikori/Cilic/Isner, no seu caminho para as meias-finais, sendo no entanto o claro favorito a vencer este quarto do quadro.

O segundo quarto é o de Wawrinka, recente campeão de Roland Garros. Não se prevê que João Sousa lhe cause muitos problemas na primeira ronda (péssimo sorteio para o Português), mas jogadores como Dimitrov/Gasquet e Raonic serão certamente ameaças, especialmente tendo em conta que esta é a pior superfície do suíço.

Wawrinka aparece no torneio depois da vitória em Roland Garros Fonte: Angela n.
Wawrinka aparece no torneio depois da vitória em Roland Garros
Fonte: Angela N.

Havia grande curiosidade para saber onde estaria o 10.º (!) cabeça-de-série Nadal no quadro; o espanhol está em rota de colisão com Andy Murray nos quartos-de-final, isto se sobreviver às quatro primeiras rondas, que podem envolver um duelo com Dustin Brown (que o derrotou em relva o ano passado) e o seu compatriota David Ferrer na quarta ronda.

Por fim, Federer tem um quadro aparentemente acessível até aos quartos-de-final, onde o deverá esperar Berdych, numa reedição dos quartos-de-final de 2010, em que o Checo interrompeu a série de 7 finais de Wimbledon consecutivas de Federer com uma sensacional vitória. Federer, porém, é o favorito e sentirá que tem aqui uma boa oportunidade para lutar por um décimo oitavo título do Grand Slam e oitavo em Wimbledon.

Quadro mais difícil: Tsonga. Muller, Istomin, Karlovic/Dolgopolov e Murray só para chegar aos quartos-de-final. A sorte não tem estado com Tsonga ultimamente; depois de falhar 16 break points contra Wawrinka em Paris, uma lesão abdominal impediu-o de preparar Wimbledon convenientemente e o quadro torna as contas ainda mais difíceis.

Quadro mais acessível: Raonic. O Canadiano tem uma excelente possibilidade de repetir as meias-finais do ano passado caso se apresente em boa forma. Dimitrov, Gasquet e Wawrinka afiguram-se como os únicos obstáculos; a forma de Dimitrov este ano tem deixado muito a desejar e Wawrinka é um jogador inconsistente e também longe de ser tão temível em relva como é nas outras superfícies.

Previsões dos quartos-de-final para a frente:

Quartos-de-Final

Djokovic vs Cilic 3-1

Raonic vs Wawrinka 3-1

Murray vs Nadal 3-1

Federer vs Berdych 3-2

Semi-Final

Djokovic vs Raonic 3-1

Federer vs Murray 3-1

Final

Federer vs Djokovic 3-2

Foto de Capa: HausOf_Diegoo

Copa América’2015 – Argentina 0-0 Colômbia (5-4, g.p.): Ospina de mãos quentes e… a abanar

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A Argentina consumou a passagem às meias-finais da Copa América, depois de ter sido mais forte do que a Colômbia na marca dos onze metros. O empate a zero traduz 90 minutos intensos, disputados em constante alta rotação, com maior domínio alviceleste e com um Ospina praticamente intransponível, que só cedeu na marcação das grandes penalidades.

Quem esperava um jogo bonito e repleto de momentos de bom futebol viu as suas expectativas defraudadas. Ainda que a qualidade dos executantes que entraram em campo fosse sobejamente conhecida, foi uma partida que se pautou maioritariamente pelo músculo e desequilíbrios táticos. Pekerman optou por um onze de cadência extremamente ofensiva: privado dos médios de contenção Sánchez e Valencia, ausentes por castigo e lesão, respetivamente, colocou Mejía no vértice mais recuado do meio campo e deu liberdade ofensiva a James, Ibarbo e Cuadrado, que surgiram no apoio à dupla Jackson Martínez-Teo Gutiérrez. O capitão Radamel Falcao só viria a entrar no decorrer da segunda parte. A Argentina apenas trocou Demichelis por Otamendi, em relação ao jogo com a Jamaica.

Logicamente, os comandados de Tata Martino começaram desde cedo a explorar ostensivamente o fosso criado entre os médios colombianos e a sua linha defensiva, através das incursões de Di María, Messi e Pastore. Nem a entrada madrugadora de Edwin Cardona para o lugar de um inexistente Gutiérrez foi capaz de conter a pressão da turma argentina, que só não chegou ao intervalo em vantagem por culpa de David Ospina, que, aos 26 minutos, protagonizou a intervenção mais espetacular desta edição da Copa América. Aliás, dupla-intervenção, a remate de Agüero e consequente recarga de Lionel Messi. O guarda-redes do Arsenal voltou a mostrar a sua atenção ao encaixar um mau alívio de Zapata, que por pouco não resultou em autogolo.

Ao intervalo, sinal mais para a Argentina, que assentou o seu jogo nas recuperações de Mascherano (excelente jogo) e nos raides de Messi e Di María. Nota para a incapacidade da Colômbia em acertar o momento de transição defensiva e para uma atuação algo nervosa do juiz mexicano García Orozco, que não foi capaz de resfriar os ânimos dentro de campo e deixou passar em branco uma falta cometida sobre Kun Agüero no interior da grande área colombiana.

Na segunda parte, a Colômbia surgiu de “cara lavada”. Apesar de ter sido confrontada por nova entrada incisiva da Argentina, conseguiu resistir e acabou por equilibrar a contenda. Por intermédio de Ibarbo e Cuadrado, ameaçou a baliza de Sergio Romero e, com o jovem Murillo e o felino Ospina (defesa espantosa a remate de Otamendi, aos 80 minutos) a servirem de prontos-socorros no reduto defensivo, conseguiu manter o nulo registado no marcador até ao final do tempo regulamentar. De referir alguma falta de ambição do selecionador argentino: numa altura em que a sombra das grandes penalidades já pairava, Tata Martino não foi capaz de dar maior dimensão atacante à sua equipa, já que, depois das trocas diretas no ataque, preferiu gerir a posse de bola com a entrada de Éver Banega para o lugar de Pastore.

Num jogo intenso e de muita luta, Mascherano foi imperial a destruir as iniciativas colombianas Fonte: Página do Facebook da ‘AFA – Selección Argentina’
Num jogo intenso e de muita luta, Mascherano foi imperial a destruir as iniciativas colombianas
Fonte: Página do Facebook da ‘AFA – Selección Argentina’

No desempate por penáltis, assistiu-se a uma marcação exemplar dos mesmos até ao primeiro falhanço: com o marcador em 3-3, Luis Muriel atirou por cima e, a partir daí, foi um festival de nervosismo e falta de discernimento. Os argentinos Biglia e Rojo não foram capazes de dar a vitória à seleção das “pampas” após os pontapés descabidos de Muriel e Zúñiga. Teve que ser Carlitos Tévez a serenar os argentinos, já que não tremeu na hora H e aproveitou a bola que Murillo havia enviado para fora do estádio momentos antes.

Os vice-campeões do Mundo integram assim o lote de semi-finalistas da Copa América e ficam à espera do resultado do jogo entre Brasil e Paraguai, para conhecer o adversário do próximo certame. Fim de linha para a Colômbia, a terminar uma campanha onde esteve aquém das suas capacidades e daquilo que a tarimba e talento dos seus jogadores prometiam. Agora, nas meias-finais, espera-nos mais uma edição do “Superclássico das Américas”?

A Figura:

David Ospina – O keeper ‘cafetero’ encheu a sua baliza durante os 90 minutos e efetuou três defesas para mostrar aos netos. A par de Murillo, foi o colombiano que menos mereceu a eliminação na lotaria final. Se ficou com as mãos a arder pelas paradas que completou, saiu com as mesmas a abanar de um jogo onde foi uma autêntica muralha.

O Fora-de-Jogo:

Lucas Biglia – Digam o que disserem, continuo a não compreender o porquê da aposta no médio da Lazio a titular na alviceleste. Um ‘6’ de origem, não consegue ser o transportador de que a equipa precisa no momento ofensivo. Demasiado preso às ações defensivas, passou completamente ao lado do jogo. Além disso, falhou o primeiro match-point ao não conseguir bater Ospina na conversão do seu penálti. Anda à deriva na seleção de Tata Martino, onde é constantemente anulado pelo companheiro Mascherano.

Foto de Capa: Página do Facebook da ‘AFA – Selección Argentina’

Top 10: Os melhores “golos de um homem só”

Tal como o nome indica, os “golos de um homem só” acontecem quando um inspirado jogador finaliza com sucesso após galgar vários metros de terreno e de ultrapassar diversos oponentes. Mudanças de velocidade, qualidade técnica, finta corporal, velocidade, calma e, acima de tudo, talento. São golos de um homem só que muitas vezes acabam mesmo por ser golos de uma vida. Eis a minha lista:

10.º Theo Walcott vs. Newcastle

Mais incrível do que o número de golos desta partida é o golo de Theo Walcott. A maior arma do atacante do Arsenal é a velocidade, mas esta de pouco lhe valeu neste lance. Na verdade, mais do que a finta inicial ou o espaço reduzido pelo qual o jogador inglês progride, é a perseverança e a vontade com que Walcott leva o lance até ao fim. Mesmo depois de cair, não há ninguém que consiga negar ao atacante a possibilidade de constar na décima posição deste Top 10.

9.º Cavani vs. Bastia

Jogador de técnica apurada, o craque uruguaio marcou este golo em outubro de 2013. Poucos meses depois de ter assinado pelo Paris Saint Germain, Cavani eternizou o seu nome no Parque dos Príncipes ao marcar um golo para recordar por muitos e longos anos. Tudo neste lance é digno de registo. O espaço era bastante reduzido mas no final até o guarda-redes se rendeu, caindo duas vezes ao pés de Edi. Podia ter passado a bola no final? Podia. Mas não seria a mesma coisa.

8.º Weah vs. Verona

Nos anos 90, George Weah correu as bocas do mundo. O africano eternizou-se no Olimpo do futebol depois de várias épocas ao mais alto nível no futebol europeu, chegando a conquistar uma bola de ouro e a ser considerado o melhor jogador do mundo em 1995. Um ano mais tarde, Weah fez este golo frente ao Verona. Um golo capaz de levar qualquer adepto ao delírio. Não é pleno de técnica ou de qualquer finta mais vistosa, mas não podia ficar de fora deste Top 10. Mas para que servem as minhas palavras quando o comentador consegue transmitir perfeitamente o quão épico foi este golo?

7.º Ryan Giggs vs. Arsenal

Em 1999, frente a um dos grandes rivais, o “mago galês” fez este golo. Ryan Giggs era dono de um pé esquerdo invejável e o sítio onde colocava a bola era sempre o mesmo: onde queria. Agilidade, técnica, capacidade de explosão, inteligência. Jogou até aos 40 anos e, mesmo na última época, deixou a sua marca em 22 jogos. Numa meia-final da FA Cup, o galês fez magia. Para apreciar? As diversas fintas de corpo que fazem uma jogada memorável parecer tão fácil.

6.º Ronaldo vs. Compostela

Ronaldo Luís Nazário de Lima. Ronaldo. R-O-N-A-L-D-O…  A alcunha “fenómeno” assentava-lhe que nem uma luva. O jogador brasileiro tinha tudo. Técnica, velocidade, capacidade de progredir com a bola no pé, finta, facilidade em finalizar… O arquétipo perfeito de um atacante no futebol. Golos, magia, mas, muito mais importante do que isso, uma galeria enorme de conquistas coletivas e individuais. Duas Bolas de Ouro e três títulos de melhor jogador do mundo. Em 1996, Ronaldo mostrou em Compostela que fenómeno é sinónimo de imparável.

5.º Messi vs. Getafe (1)

O astro argentino podia ter uma galeria inteira de “golos de um homem só”. Este que vos trago aqui é “só” mais um, frente a um dos adversários prediletos de Messi. Prediletos? Porquê? E porquê aquele (1) no título? Se não souberem, caros leitores, esperem até ao final deste Top 10 que vai valer bem a pena. Quando Messi recebe a bola na zona do meio-campo há sete jogadores, a contar com o guarda-redes, atrás da linha da bola. Sete jogadores… Um, dois, três toques, uma finta aqui, uma grande aceleração ali, nem o guarda-redes escapa. Parece fácil. Parece… Playstation.

4.º Ronaldinho Gaúcho vs. Haiti

Há quem diga que foi o melhor golo que Ronaldinho marcou. O brasileiro diz que não, que há outro ainda melhor. Não interessa. Não há como não incluir este golo neste Top 10. Ronaldinho era o futebol dançado, era o futebol feliz. Feliz em campo e também fora dele, com vários adeptos e admiradores a renderem-se aos pés de Dinho. Pode argumentar-se que o Haiti não era um conjunto propriamente forte, ameaçador ou até sólido defensivamente. Aliás, o Haiti está longe de ser uma equipa de referência no futebol mundial. Mas há algo neste golo que me cativa. Não sei se é a famosa “roleta marselhesa”, imortalizada por Zidane, se é a forma como Ronaldinho aguenta uma carga para, em menos de um segundo, estar já a deixar o guarda-redes para trás. No fundo, acho que é tudo. É a diferença dos imortais para os normais. Rendo-me aos teus pés, Dinho.

3.º Oktay vs. Bélgica

A qualificação para o França’98 foi marcada por um golo memorável em solo turco. A jogar perante os seus adeptos, Oktay Derelioğlu (nome difícil) marcou aquele que, certamente, poderia ter sido apelidado como “golo turco do século”. Oktay recebeu a bola no meio campo e arrancou rumo à baliza belga, ultrapassando seis opositores, um deles por duas vezes. Pela seleção do seu país, Oktay marcou cinco golos. Não me admirava nada se tivesse marcado só um. Valeu por cinco.

2.º “Ibracadabra” vs. NAC Breda

Talvez um dos grandes sonhos de qualquer futebolista seja o de protagonizar jogadas semelhantes às que os ídolos criavam. Zlatan Ibrahimovic idolatrava Ronaldo, o “fenómeno”. Este golo, frente ao NAC Breda, pertence unicamente a Ibracadabra, mas não há como não ver Ronaldo por breves instantes. O jovem Zlatan despontava no Ajax e alcançou a ribalta com este golo, que correu o mundo inteiro. Naquele momento, tudo parou. O sueco agarrou na bola e pensou: “Esta está lá dentro”. Viessem mundos e fundos, gigantes, monstros, ciclopes ou até mesmo o destino… nada poderia impedir o obstinado Ibrahimovic de escrever o seu nome na história do futebol mundial.

1.º Maradona vs Inglaterra e Messi vs Getafe (2)

O “golo do século” e um golo de Messi. Muitos chamar-me-ão herege por ter juntado estes dois golos. Maradona disputava os quartos-de-final de um Mundial. Messi disputava uma meia-final da Copa do Rei. No futebol do tempo de Maradona havia mais espaço para jogar. Atualmente é Messi que inventa espaço para jogar. Todo e qualquer argumento é válido e servirá, decerto, a quem o utilizar. Pessoalmente, quero apenas apreciar a beleza destes dois golos. Não é magia, é muito mais do que isso. É tão mais do que isso que acabam por tornar este Top 10 num Top 11. Inédito? Talvez. O trono é argentino. A minha esperança é que um dia se possa dividir em três ou mais e que eu o possa presenciar.

Foto de capa: Facebook de Maradona

Copa América’2015 – Bolívia 1-3 Peru: Quando os highlights não são uma curta metragem

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A discussão durante todo o dia centrou-se mais na finalização sui generis de Gonzalo Jara numa “baliza alternativa” do que propriamente no futebol jogado. Também por isso, o jogo entre os underdogs da fase a eliminar – do qual iria sair o adversário dos anfitriões – serviu para voltar à emoção dos golos e afastar o (tão inevitável quanto lamentável) teatro das polémicas.

O embate entre Bolívia e Peru há-de ter proporcionado uma agradável dor de cabeça aos responsáveis pela montagem dos melhores momentos das cadeias televisivas por esse mundo fora, tamanho o número de oportunidades que foram aparecendo em catadupa, com excepção feita aos minutos iniciais de ambas as partes. Ambas as equipas mostraram desde cedo ao que vinham, mas não tardou a perceber-se qual dos guarda-redes teria mais trabalho. Ciente das suas limitações, a Bolívia procurou povoar mais o seu sector defensivo com uma aposta vincada em três centrais, atribuindo aos laterais e sobretudo ao centro-campista Chumacero a árdua tarefa de conectar o jogo ofensivo com os mais avançados Moreno e Peña. Já o Peru assumiu o seu favoritismo sem reservas, exibindo um recorte técnico difícil de estancar e com sucessivos avisos às redes de Quiñonez.

Advíncula e Vargas, um de cada lado a “lavrar” autenticamente as respectivas alas, iam causando o desnorte perante uma defesa com muita gente mas com muito pouco acerto posicional. Foi dos pés do veterano da Fiorentina que saiu o cruzamento perfeito para Guerrero, com um cabeceamento à ponta de lança, abrir as hostilidades e colocar justiça no marcador. Quatro minutos volvidos, aos 24’, tentavam os bolivianos encontrar alguma serenidade após o primeiro golpe quando foram novamente apanhados em contra-pé. Muito mérito para Cueva na condução da jogada, para o espectacular toque em habilidade de Farfán e, claro está, para a calma de Guerrero na cara de um Quiñonez pouco expedito na decisão de cortar pela raiz os seus intentos.

O Peru vai enfrentar o Chile nas meias-finais da Copa América'2015 Fonte: Site Oficial da CA'2015
O Peru vai enfrentar o Chile nas meias-finais da Copa América’2015
Fonte: Site Oficial da CA’2015

Não obstante, os dois golos sem resposta que corporizaram o sinal mais dos peruanos não deitaram por terra as aspirações adversárias. Smedberg, com um toque de Erwin Sanchez nas botas, encarregou-se de finalmente dar algum trabalho a Gallese; em lances sucessivos sobre a esquerda, o jogador de origem sueca semeou o pânico na área peruana com uma sequência de cruzamentos venenosos que podiam ter relançado a discussão antes do descanso. Ainda assim, bastava aos blanquirrojos imprimir um pouco mais de velocidade nas transições para criarem situações flagrantes de golo. Farfán acertou no poste aos 37 minutos em mais uma demonstração académica daquilo que deve ser um contra-ataque, Cueva (grande jogo) serviu Guerrero para um hat-trick que podia ter chegado aos 44 e Farfán – outra vez – mandou toda a gente para o balneário com o eco de mais uma bola na trave, desta feita na cobrança (quase) perfeita de um livre directo.

A segunda metade trouxe mais do mesmo. Torpor inicial e torrente de oportunidades daí em diante. O Peru denotava um ligeiro abrandamento, mas sem que tal significasse uma perda do controlo das operações. Farfán, sempre presente, dispôs de uma clara oportunidade para facturar em mais uma falha de marcação grosseira. Isto momentos antes de entrar Carrillo para agitar as águas, rendendo um Cláudio Pizarro francamente apagado; o atleta vinculado ao Sporting soube explorar as debilidades de uma equipa que procurava desesperadamente reentrar na discussão da partida, quase assistindo Cueva para golo num dos seus primeiros famosos raids.

Não entrava em ataque organizado, entraria por oferta de Danny Bejarano. O ainda médio do Oriente Petrolero, por certo a pensar no seu novo contrato com o Panetolikos ou noutra coisa qualquer bem distante, serviu numa bandeja o hat-trick a Paolo Guerrero, que se limitou a desviar a bola de um desamparado Quiñonez. Até ao final, nota de destaque para o tento de honra dos bolivianos, apontado pelo incansável Marcelo Moreno da marca de grande penalidade, e para mais um par de oportunidades desperdiçadas pelo recém entrado pacense Hurtado.

Em jeito de rescaldo, a amostra deixada neste jogo dos quartos de final abre excelentes perspectivas para o duelo com o Chile. Paolo Guerrero, Farfán e companhia lançaram um contundente aviso: os anfitriões vão ter que suar bastante para seguir para a final, pois há talento suficiente de ambos os lados para se avançar com prognósticos seguros. A Bolívia acaba por sucumbir à falta de rigor posicional e também por um acumulação assombrosa de erros individuais. A vontade e a entrega ao jogo não são suficientes para ganhar jogos quando a organização defensiva se mostra tão desastrosa.

A Figura:

Paolo Guerrero – O nome dispensa apresentações e o selo de qualidade do dianteiro peruano ficou vincado no placard. Foram três golos, poderia ter apontado ainda mais e fez por dar outros a marcar. Já não caminha para novo, mas ainda seria uma opção interessante para muitos clubes europeus.

O Fora-de-Jogo:

Defesa boliviana – O exemplo acabado de como escalar uma equipa com tracção atrás não é sinónimo de segurança. A cada troca de bola peruana os sinos tocavam a rebate no sector recuado da Bolívia, os laterais – sobretudo na primeira parte – foram presas fáceis e as falhas de preenchimento dos espaços aconteciam a cada lance.

Foto de Capa: Site Oficial da Copa América’2015

Silêncio

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Acalmia. Depois do reboliço gerado pela mais afamada “troca” dos últimos anos no futebol português, voltámos à génese da silly season. Rumores diários de transferências, especulação sobre mudanças táticas e de treinador… O normal. No entanto, há algo que, este verão, está ligeiramente diferente.

Se repararmos, o defeso do FC Porto tem adquirido contornos estranhamente calmos. Os rumores fluem, mas ninguém emite uma palavra sobre os mesmos. Sérgio Oliveira e André André foram contratados, mas durante o decorrer da temporada transacta (ainda que a confirmação de André tenha surgido há pouco tempo). Jackson Martínez vai mesmo embora, mas era mais do que expectável. Julen Lopetegui vai continuar como técnico principal, apesar da primeira época decepcionante.

A maior fonte de agitação no reino azul e branco prende-se com a possível chegada de Maxi Pereira ao Dragão. Uns estão a favor, outros estão contra. O certo é que a iminência do negócio não deixa ninguém indiferente. Mas tudo se resume a isto e (muito) pouco mais. Para caraterizar o “estado de espírito” do FC Porto atual, não me ocorreria nada melhor do que o título que dei a este texto.

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Pouco se tem falado sobre Lopetegui, o que, no contexto atual, só pode ser benéfico
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

A prova desta serenidade fica bem patente se eu disser ao leitor que a maior polémica em redor do clube tem sido gerada em redor do design e cores do equipamento alternativo. Veja lá.

No entanto, este silêncio deixa-me satisfeito. Porque, conhecendo o meu clube, sinto que, por trás da cortina, as coisas estão a ser feitas nos moldes do costume. Só que está tudo na penumbra, voluntariamente ou não. Sei que, no meio de todas as notícias sobre Jorge Jesus e Maxi, Lopetegui já prepara a nova época tranquilamente e que os reforços de peso estarão a caminho. Como sempre estiveram.

O sossego tem tudo para ser benéfico. O FC Porto não lucra nada em “agitar as águas” nesta altura. Os meios de comunicação social já o fazem por si só. Deixar a água correr é o que está certo e o que está a ser feito. O que importa não é se o Maxi vem hoje ou amanhã; não é se o Mitrović escolhe a Invicta ou se será o Gustavo Bou a substituir o Jackson; o que importa é chegar a maio e festejar o 28. Porque, no meio do silêncio, os portistas devem estar “todos a pensar no mesmo”: ser campeão. De azul ou castanho? Isso também não importa.

P.S. – Lucho está de regresso ao River Plate. Não posso deixar de saudar esta decisão daquele que ainda é um dos portistas que mais admiro e dos que mais prazer me deu a ver jogar de azul e branco. Retorna à casa mãe e junta-se a Saviola e Aimar. Os ‘millonarios’ podem contar com mais um espectador atento. 

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Mundial’2015 – Portugal 6-0 Chile: Uma demonstração de classe

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A participar neste Mundial com o claro objectivo de conquistar a prova, obrigatório devido ao estatuto no Hóquei em Patins, os portugueses mostraram que estão focados nele, fazendo, provavelmente, a sua melhor exibição desde que o Mundial, em França, começou.

Nem tudo começou fácil para Portugal, visto que o Chile desde cedo se mostrou uma equipa defensiva, procurando anular o ataque de Portugal e aproveitando, nos minutos iniciais, o facto de a equipa das quinas ter a iniciativa para explorar o contra-ataque. Nico Fernandez era o mais activo do lado dos chilenos. Ao longo da primeira parte, era visível que Portugal era sem sombra de dúvidas a equipa mais forte da partida, controlando por completo o jogo. Tanto Portugal apertou na fase final que teve o merecido golo, por Gonçalo Alves. O mais difícil estava feito.

Portugal não deu hipóteses Fonte: Vendée 2015 FIRS World Rink-Hockey Men Championships (Facebook)
Portugal não deu hipóteses
Fonte: Vendée 2015 FIRS

A segunda parte foi apenas a confirmação do domínio português. Uma exibição cheia de classe e uma demonstração de força colocaram Portugal nas meias-finais. Mais três de Gonçalo Alves e outros dois por João Rodrigues e Rafa Costa destruíram o Chile, que se viu sem ideias para travar Portugal.

A equipa portuguesa está com toda a justiça nas meias-finais, numa prova onde tem mostrado porque é uma das favoritas. Apesar de alguns sustos pelo caminho (a Alemanha chegou a causar problemas no primeiro jogo), Portugal tem tudo para ser campeão do Mundo. Este é um cenário que se repete em quase todas as provas. Portugal tem sempre tudo para ser campeão mas falha nos momentos decisivos. Que este ano seja diferente.

Foto de capa: Vendée 2015 FIRS

MotoGP em Holandês

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O Mundial de motociclismo chega este fim-de-semana a terras Holandesas. A pista de Assen recebe a edição 85 deste Grande Prémio, que é o mais antigo da história do mundial – é o único que sempre fez parte do calendário desde que foi criado em 1949. Desde então já se disputaram um total de 256 corridas, de todas as categorias.

No livro da história do Grande Prémio Holandês está a Yamaha por ser a equipa fabricante com mais vitórias (7), desde que se criou a categoria de MotoGP. Por outro lado, o piloto que conseguiu vencer em dois anos seguidos foi Valentino Rossi, em 2004 e 2005. O italiano é também o que mais vitórias tem – oito no total, seis em MotoGP, uma em 250cc (actual Moto2) e uma em 125cc (actual Moto3)

À chegada a Assen, a tabela classificativa continua a ser liderada por Valentino Rossi, com apenas um ponto de vantagem sobre Jorge Lorenzo, que ganhou nas últimas quatro corridas (Jerez, Le Mans, Mugello e Montmeló).

O piloto Espanhol, e companheiro de Valentino Rossi, enfrenta esta corrida bastante mais confiante do que em 2014, onde ainda tinha na memória a queda de 2013 e a sua grave lesão.

2013: Lorenzo fracturou a clavícula durante a primeira sessão de treinos livres, mas conseguiu participar na corrida Fonte da imagem: supermotores.net
2013: Lorenzo fracturou a clavícula durante a primeira sessão de treinos livres, mas conseguiu participar na corrida
Fonte da imagem: supermotores.net

Deste modo, a corrida de 2015 tem tudo para ser diferente da dos dois últimos anos, pois Lorenzo está imparável. Bastante forte quer nos treinos, quer durante a corrida, não tem dado qualquer hipótese ao seu oponente Valentino Rossi. Aliás, todos esperávamos que a corrida de Montmeló fosse uma reedição da corrida de 2009, onde Rossi e Lorenzo disputaram a vitória até à última curva, mas em 2015 o Espanhol não deu qualquer hipótese ao Italiano.

Por outro lado, «Il Docttore» é líder do campeonato, apesar de ter liderado apenas em quatro voltas desde o início do campeonato. A fantástica vitória no Qatar, logo na primeira prova do Mundial, serviu para que se estabelecesse no primeiro lugar da tabela classificativa até agora.

Porém, se nos primeiros meses do campeonato, Valentino Rossi passeava no primeiro lugar e os resultados que obtinha em pista eram suficientes para se manter, o último mês mostrou-lhe que precisa de fazer mais. E isso passa, em grande parte, por melhorar durantes as sessões de treinos e também na hora de lutar pelo melhor lugar da grelha de partida.

Analisando os últimos tempos, Assen tem tudo para ser mais uma página do duelo entre os dois companheiros, já que tanto Marc Marquez como os pilotos da Ducati parecem não conseguir fazer frente aos pilotos na Yamaha Movistar.

O Grande Prémio da Holanda é a única excepção do Mundial, pois é ao sábado. A corrida começa, como sempre, às 13h00 de Lisboa.

Copa América’2015 – Chile 1-0 Uruguai: Isla foi herói improvável

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Chile contra Uruguai. A equipa da casa contra o detentor do troféu. A sensação da prova, detentora de uma média superior a três golos por jogo, e uma das grandes desilusões, terceira classificada do seu grupo. O resultado foi escasso mas acabou por ser justo para um Chile que está cada vez mais perto de fazer história e de compensar todo o apoio que recebe a cada minuto de jogo. Trinta e dois anos depois o Chile volta a vencer o Uruguai na Copa América.

Começou o “mata-mata” e o Uruguai foi a primeira vítima, caindo aos pés de um país inteiro. O apoio dos 47 mil espetadores foi constante e a forma ensurdecedora como o hino chileno foi entoado no início do encontro deixava antever uma guerra entre um pequeno David “celeste” e um Golias bem “rojo”, com a história a ser escrita de maneira diferente num encontro quente, intenso e polémico… ou não fosse isto a Copa América!

Ninguém sabia o que esperar deste encontro. Se por um lado já se podia esperar a vitória da equipa da casa, a verdade é que as surpresas não são estranhas nos jogos a eliminar. Na fase de grupos, a formação orientada por Óscar Tabárez disputou três encontros bastante desapontantes mas conseguiu apurar-se para os quartos-de-final como uma das melhores terceiras. Já a “La Roja” fez as delícias de milhões de apreciadores de futebol por todo o mundo ao marcar golos atrás de golos enquanto demonstrava uma grande superioridade perante todos os adversários que enfrentava. Mas a experiência, o estatuto d”A Celeste” na competição ou até mesmo o histórico de confrontos na Copa América poderiam ter falado bem mais alto. Mas Sampaoli construiu uma equipa irreverente e, apesar de o Uruguai não ter sido um adversário temível, foi mesmo a equipa da casa que seguiu em frente rumo às meias-finais.

Triunfo sobre o Uruguai. O Chile é uma equipa feliz Fonte: Facebook Selección Chilena
Triunfo sobre o Uruguai. O Chile é uma equipa feliz
Fonte: Facebook Selección Chilena

Após o apito inicial, os campeões em título foram deixando bons apontamentos ao começarem a partida em zonas adiantadas do terreno, à procura de surpreender os anfitriões. Sem grande espaço de manobra, o Chile revelou dificuldades em conseguir pôr em prática o seu estilo de jogo, que conjuga uma rápida troca de bola com uma enorme mobilidade tática e vários apoios ao portador da bola. Sem conseguir construir a partir de trás, os anfitriões foram obrigados a jogar mal. Exigia-se mais e melhor à “La Roja” e, depois de cinco minutos reduzidos ao seu meio-campo, o Chile encontrou finalmente o lance que abriu as portas ao domínio da partida. Depois de uma boa troca de bola no meio campo, a bola cai no lado direito do ataque chileno, onde surge Isla a cruzar para a área, e Vargas, de primeira, num remate de difícil execução, acaba por atirar por cima. Estava dado o “clique”.

Após esta primeira jogada de algum perigo, a seleção chilena cresceu no jogo e conseguiu, finalmente, demonstrar em campo todos os argumentos que a levaram até aos quartos-de-final. A rapidez com que a bola ia passando por toda a equipa “roja” era notável, e a forma como todos os jogadores se movimentavam deixava zonza a defensiva uruguaia, que tudo fazia para manter a bola longe da sua grande-área.

Baixando as linhas, tentando acalmar o ímpeto chileno, a seleção “celeste” procurava lançar rápidos contra-ataques e aproveitar as segundas bolas. E foi assim que, aos 20 minutos, Carlos Sanchez criou algum perigo para a baliza de Claudio Bravo com um belo remate de longe, fora de área. Mas bastou o lado direito do ataque chileno, que tantos estragos tem causado nesta Copa América, para pôr em sentido toda a equipa do Uruguai. Com Álvaro Pereira castigado, por acumulação de amarelos, foi Jorge Fucile que assumiu o lado esquerdo da defesa uruguaia. A falta de ritmo de Fucile (nos últimos dois anos tem um total de 10 jogos disputados) foi notória e bastante penalizadora para os “visitantes”. Estava descoberta a melhor forma de chegar à área uruguaia e, a partir dos 25 minutos de jogo, foi o Chile que tomou conta do jogo.

A dureza, a impetuosidade e a vontade de jogar sempre “no limite” eram mais do que evidentes com várias faltas e algumas quezílias durante a partida. À meia hora de jogo, e após a marcação de um pontapé de canto, a seleção “roja” sufocou a defensiva uruguaia com a bola a rondar a área de Muslera por cinco vezes seguidas. Mas o golo tardava em aparecer. E quando é difícil entrar com a bola controlada na área adversária, arrisca-se de longe. Foi o que Vidal fez, aos 36 minutos, com um remate surpreendente que, apesar de ter ido à figura, chegou para assustar as hostes “celestes”. Mas, apesar do domínio chileno, o marcador mantinha-se inalterado ao intervalo.

À espera da reentrada do Uruguai para a segunda parte, a imagem da equipa chilena reunida numa roda acaba por marcar este jogo. As câmaras televisivas iam captando as expressões determinadas e o apoio que diversos protagonistas como Valdivia ou Alexis iam transmitindo aos restantes colegas.

O recomeço trouxe mais do mesmo e houve momentos em que o Uruguai conseguiu colocar dez jogadores dentro da área para tentar travar o massacre chileno. Impaciente, a equipa anfitriã não conseguia traduzir em golos a sua superioridade e, quando ninguém esperava e apesar de a partida já estar interrompida, aos 50 minutos, Cavani remata com muita força a 25 metros da baliza e leva a bola a passar muito perto do travessão.

As bolas paradas eram cruciais para a equipa de Óscar Tabárez. Aos 53 minutos, bola cruzada para a área do Chile, grande confusão e Rolan, em cima da pequena-área, tenta o desvio com a bola a sair à figura de Bravo.

Até que, aos 63 minutos, Cavani deitou tudo a perder ao ser expulso após uma agressão sobre Jara. O avançado uruguaio (que terminou a prova sem somar qualquer golo) deu um toque na face do defesa-central chileno que aproveitou para fazer o seu papel e “arrancar” o amarelo do bolso do árbitro da partida. Dois amarelos desnecessários que fizeram Cavani ir tomar banho mais cedo e acabaram por tornar hercúlea a tarefa uruguaia. Se já era difícil com onze jogadores, com dez o jogo parecia estar entregue. A única solução uruguaia parecia passar por aguentar até ao final do tempo regulamentar e enfrentar a sorte das grandes penalidades.

Mas Sampaoli não estava disposto a correr esse risco e fez entrar os ex-sportinguistas Maurício Pinilla e Matías Fernández. Uma referência para a área e criatividade para o meio campo. O Uruguai acabou por baixar todas as suas linhas à espera de que a inspiração de algum dos seus jogadores pudesse causar alguma surpresa. E foi mesmo através do inconformado Cristian Rodríguez que a “celeste” esteve mais perto do golo. Aos 77 minutos, o ex-portista aproveitou um mau corte da defensiva chilena para recuperar a posse de bola, colocando prontamente em Sanchez, que, ainda fora da área, rematou com grande perigo à baliza de Claudio Bravo. Um minuto depois, foi o próprio Cristian Rodríguez que surgiu sem marcação à entrada da área, mas o remate acabou por sair torto, por cima da baliza chilena.

E finalmente, aos 81 minutos da partida, surgiu o golo do Chile. Um golo de raiva, merecido e que acabou por colocar a seleção de Sampaoli nas meias-finais. Depois de um cruzamento, Muslera soca a bola para a entrada da área, Valdivia recupera, dá para o lado para Isla e o lateral direito mete-a pelo “buraco da agulha”. Depois de várias insistências, o herói improvável acabou por ser o lateral-direito Isla, que surgiu no centro do terreno para finalizar com sucesso.

Momento do golo de Isla Fonte: Facebook Selección Chilena
Momento do golo de Isla
Fonte: Facebook Selección Chilena

Já perto do final do jogo, o sangue quente dos uruguaios voltou a efervescer e quase estragou a festa chilena. Uma entrada bastante ríspida de Fucile, mesmo à frente do banco chileno, acabou por ditar o segundo amarelo para o lateral uruguaio. Com vários empurrões de parte a parte, o foco uruguaio acabou por cair sobre o fiscal de linha, que de repente se viu rodeado por vários jogadores, com Gimenez a destacar-se dos demais. Findos os ânimos, e já com em tempo de compensação, Vidal surge isolado à entrada da área no último lance da partida, com Muslera a protagonizar uma extraordinária defesa.

O Chile segue rumo às meias-finais e espera agora pelo resultado do confronto entre Bolívia e Peru. A jogar assim, tudo aponta para que os anfitriões cheguem à final e possam mesmo sonhar com o primeiro título internacional.

A Figura:

Jorge Valdivia – Apesar de o triunfo ter saído dos pés de Isla, Valdivia foi peça fundamental no ataque chileno. O veterano médio atacante deu asas ao Chile e esteve em grande parte das jogadas de maior perigo criadas pela sua seleção. Passes a rasgar, magia nos pés que até deixou Fucile pregado ao chão, tudo serviu para Valdivia se destacar na partida. No momento do golo, é ele que domina a bola e percebe que Isla está em melhor posição para rematar. Houve rapidez de pensamento, de execução e… o Chile está nas meias-finais.

O Fora-de-jogo:

Edinson Cavani, Jorge Fucile e… o Uruguai – É difícil encontrar um vilão nesta partida. Edinson Cavani deitou por terra todas as aspirações uruguaias de renovar o título ao ser expulso infantilmente a meia hora do final da partida. Já no lado esquerdo da defensiva uruguaia, Jorge Fucile foi quase sempre um jogador a menos. Poder-se-á desculpá-lo pela falta de ritmo, mas a verdade é que o antigo jogador do FC Porto nunca soube admitir que já não tem a fugacidade de outros tempos e acabou por ser ultrapassado várias vezes. Mas o maior vilão talvez seja mesmo a equipa do Uruguai, que, sem a sua estrela Luis Suárez, acabou por desiludir durante todo o torneio. Incapaz de se evidenciar, a seleção “celeste” está mesmo longe do fulgor de outros tempos…

Foto de Capa: Facebook Selección Chilena

Euro Sub-21’2015 – Portugal 1-1 Suécia: Com Paciência, nas meias e no Rio!

cab seleçao nacional portugal

Com o empate cedido hoje perante a Suécia, Portugal venceu o grupo B do Euro Sub-21 e atingiu o seu principal objectivo, as meias-finais da competição, e com isso a presença nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a realizar no próximo ano.

Depois de dois encontros pautados pelo equilíbrio frente a Inglaterra (0-1) e a Itália (0-0), Portugal entrou hoje em campo com a consciência de que os 4 pontos já conquistados faziam de um empate o suficiente para assegurar a passagem à fase seguinte.

Apresentando o mesmo onze da primeira jornada – José Sá; Ricardo Esgaio, Paulo Oliveira, Tiago Ilori, Raphael Guerreiro; William Carvalho, Sérgio Oliveira (c), João Mário, Bernardo Silva; Ricardo Pereira e Ivan Cavaleiro -, a selecção comandada por Rui Jorge entrou forte no jogo – dominadora, trocando a bola com fluidez e velocidade, criando algumas oportunidades de perigo e reagindo de forma célere e eficiente à perda da bola.

A primeira grande chance dos lusitanos foi desperdiçada por William Carvalho, que tabelou com Ivan Cavaleiro dentro da área aos 6’ para, na cara do guarda-redes adversário, hesitar na hora de rematar. Ainda no primeiro quarto de hora, Sérgio Oliveira e Ricardo Pereira atiraram por cima potentes remates de meia distância que espelhavam por um lado o domínio português e por outro a incapacidade que os lusos iam demonstrando de fazer a diferença dentro da área.

Alicerçada no habitual 4-4-2 losango, a equipa portuguesa mostrou-se muito sólida e coesa, ocupando muito bem os espaços no meio-campo e tendo na dupla de “falsos avançados” um importante garante de mobilidade, qualidade técnica, velocidade e capacidade de pressão. No entanto, a falta de uma referência mais posicional na área tornou inconsequentes grande parte das jogadas criadas no último terço, uma vez que os elementos que aparecem dentro da área se preocupavam mais em servir os companheiros à entrada da área, prontos para desferir remates de longe, do que em procurar o golo.

Ofensivamente, Portugal ia criando boas jogadas; defensivamente, mostrava-se irrepreensível. Para além da superioridade numérica no miolo e da já referida capacidade de pressionar alto, Portugal estava também a aniquilar as pretensões suecas com uma muito bem montada armadilha de fora-de-jogo, que ia travando o jogo directo dos nórdicos e, com isso, todas as suas aspirações a chegar à baliza. De resto, os suecos só conseguiam chegar à área portuguesa através de cruzamentos sem perigo e a primeira defesa de José Sá – herói nas outras partidas – surgiu apenas aos 44’, na sequência de um inofensivo remate rasteiro do médio Khalili (um dos melhores da sua equipa durante todo o jogo!). Nem mesmo a lesão de Tiago Ilori – rendido por Tobias Figueiredo aos 28’ – abalou a confiança e a competência da defensiva lusa.

A entrada de Tobias Figueiredo não abalou a boa prestação defensiva dos lusos  Fonte: Getty Images
A entrada de Tobias Figueiredo não abalou a segurança defensiva dos lusos
Fonte: Getty Images

Sempre com mais posse de bola, Portugal ia procurando mais frequentemente o lado esquerdo do ataque (Raphael Guerreiro, Sérgio Oliveira e Ivan Cavaleiro destacaram-se mais do que Ricardo Esgaio, João Mário e Ricardo Pereira durante o primeiro tempo), e foi aumentando, antes do intervalo, o número de ocasiões de perigo – Ivan Cavaleiro e Sérgio Oliveira, sempre de fora da área, eram os que mais procuravam o golo. De negativo, apenas a perda de influência de Bernardo Silva no jogo da equipa – o Príncipe do Mónaco entrou a todo o gás, mostrando todo o seu virtuosismo, e todo o jogo ofensivo começou por passar por si; todavia, nos últimos 20 minutos da segunda parte, andou um pouco mais desaparecido.

Depois do descanso, o cariz da partida mudou ligeiramente. Sabendo da liderança de Itália no outro jogo do grupo (tinha uma vantagem de 2-0 sobre os ingleses) – que dava às duas equipas a passagem às meias-finais -, Portugal entrou com menos fulgor e permitiu à Suécia chegar algumas vezes à sua área. Depois de um remate de longe do capitão Sérgio Oliveira aos 48’ (mais um!), Isaac Thelin teve na cabeça a principal oportunidade de golo da Suécia até então – Guidetti (apontado pela imprensa como possível reforço do Sporting) trabalhou bem no lado direito do ataque e cruzou para o n.º11 dos Blågult (fortíssimo no jogo aéreo), que cabeceou contra o chão e fez a bola passar ligeiramente por cima da baliza de José Sá.

Logo depois deste lance, uma substituição crucial – a saída do lutador mas deslocado Hrgota para a entrada do tecnicista Tibbling. O n.º 16 da Suécia trouxe largura e criatividade à sua equipa. E, por entre remates infrutíferos de Guidetti para um lado e Bernado Silva para o outro, mais uma substituição decisiva – a saída de Ivan Cavaleiro e a entrada do ponta-de-lança Gonçalo Paciência, aos 56’.

Lindelof e Ivan Cavaleiro - um duelo entre jogadores do Benfica  Fonte: Getty Images
Lindelof e Ivan Cavaleiro – um duelo entre jogadores do Benfica
Fonte: Getty Images

Depois da entrada do atacante do FC Porto, Portugal passou a dispor-se em 4-3-3 e recuou claramente as linhas. Despareceu a capacidade de pressionar alto, desapareceu a capacidade de evitar que os suecos tivessem a bola e, nos vinte minutos seguintes, a Suécia conseguiu mesmo estar por cima no jogo – as subidas do lateral esquerdo Augustinsson, a mobilidade de John Guidetti, o poder físico de Isaac Thelin e a rotação de Abdul Khalili iam dando alguns problemas à equipa portuguesa, que manteve sempre a compostura e um posicionamento defensivo quase irrepreensível, mas que deixou de conseguir manter a posse do esférico como na primeira parte.

Só com a entrada do rápido e irreverente Iuri Medeiros para o lugar de um desgastado Ricardo Pereira é que Portugal voltou a conseguir ter a bola e criar algum perigo. Com Iuri dando amplitude à direita e Bernado Silva oferecendo largura à esquerda, Gonçalo Paciência ia trabalhando no meio dos movimentos diagonais dos dois artistas. E se Gonçalo Paciência ia dando um golo a Iuri Medeiros aos 75’, Iuri Medeiros deu mesmo o golo a Gonçalo Paciência aos 81’ – depois do seu característico movimento interior, o sportinguista passou para o n.º 9 de Portugal e Gonçalo Paciência tirou o central adversário do caminho para, dentro da meia-lua da área adversária, rematar para o 1-0. Portugal conseguia, finalmente, materializar a superioridade que demonstrou ao longo de quase toda a partida e ficava com um pé e meio nas meias-finais.

Mas a Suécia não desiste. E Rui Jorge já tinha alertado para isso na antevisão à partida. Aos 86’ ameaçou – Guidetti rematou forte, José Sá fez uma defesa incompleta e só um corte in extremis de Esgaio tirou a Milosevic (o central que já jogava a avançado) a possibilidade de fazer o golo. Aos 88’ consumou, com alguma sorte, as ameaçasTiebbling aproveitou um ressalto no meio da área para, com uma recepção de classe, rematar no meio de cinco adversários para o fundo das redes. Decisivo, uma vez mais, foi Esgaio – mas desta vez por ter desviado involuntariamente a rota inicial do disparo. José Sá sofria, deste modo, o seu primeiro golo na competição… ao cabo de mais de 200 minutos com a baliza inviolada.

José Sá esteve a instantes de entrar nas meias-finais sem sofrer golos  Fonte: Getty Images
José Sá esteve a instantes de entrar nas meias-finais sem sofrer golos
Fonte: Getty Images

Até final, as equipas resignaram-se com o 1-1 que servia os interesses de ambas as partes. Portugal esteve durante cinco minutos a circular a bola no seu meio-campo sem nenhum esboço de reacção por parte dos suecos, que já só pensavam em não sofrer mais golos para carimbar a passagem para as meias-finais.

No fim, Portugal conseguiu um histórico apuramento os Jogos Olímpicos 2016 e vai jogar agora uma “final antecipada” contra a Alemanha nas meias-finais. Esta super-geração está de parabéns – agora é continuar a sonhar!

 

A Figura

Rui Jorge – Considero que não houve nenhum destaque individual verdadeiramente evidente. Nesse sentido, distingo o maior responsável por fazer deste conjunto de pequenos grandes jogadores um colectivo tão forte – o treinador. Ajudou Portugal a qualificar-se para a fase final do Europeu sem derrotas, ajudou Portugal a qualificar-se para as meias-finais dessa mesma fase final sem derrotas e tem mostrado competência, pragmatismo, humildade e capacidade de liderança. Parece ser o homem certo no lugar certo!

O Fora-de-Jogo

A lesão de Tiago Ilori – Ninguém jogou mal, ninguém decepcionou. O golo sofrido e a lesão de Tiago Ilori, que vinha protagonizando um excelente Europeu e pode ter posto em risco a sua presença nas meias-finais, acabam por ser os pontos mais negativos do encontro. Apesar disso, Tobias Figueiredo mostrou-se à altura do desafio, entrou confiante e rubricou uma excelente exibição.

 

Foto de Capa: Getty Images

As divas do futebol chegaram ao FC Porto

cabeçalho fc porto

O mundo desportivo, em especial o do futebol, tem diversos momentos que transcendem a emotividade para começar a cair no ridículo. Durante a época desportiva, tudo serve para desculpar os insucessos de várias equipas desportivas. Os árbitros, a má forma, os maus treinadores… Findo o tempo competitivo, chega a tão afamada “silly season”, onde os três grandes de Portugal chegam a estar interessados em meia Europa. Assim se vai alimentando a especulação, assim se vão vendendo jornais. Nesta altura, se pudéssemos quantificar a credibilidade dos jornais desportivos, um valor abaixo de zero talvez fosse o mais apropriado.

Mas essa não é a razão de cá estarmos hoje. Hoje quero falar-vos das divas do futebol que chegaram ao FC Porto. Já ninguém pensa na qualidade deste ou daquele jogador. Se o jogador é bom, se tem boa técnica, se tem intensidade, se é profissional… Agora é diferente. Agora, quando começar a nova época competitiva, os adeptos vão comprar bilhetes para ver os jogadores a desfilar, qual ModaPorto. Ora, parece que o último grito da moda chegou ao Estádio do Dragão. Um equipamento castanho, cor de cacau, afirma o clube.

Cor de cacau… da terra, do trabalho, do esforço. Fonte: Facebook FC Porto
Cor de cacau… da terra, do trabalho, do esforço.
Fonte: Facebook FC Porto

O novo equipamento tem sido alvo da mais diversa chacota e de várias críticas, tanto nacionais como internacionais. É feio, é um dos piores de sempre, ouve-se. Mas que bela estratégia de marketing para a New Balance, já viram? A época ainda não começou e já falam de nós por esse mundo fora. Faz lembrar uma famosa frase que diz: “não me interessa se falam bem ou mal de mim. Interessa-me que falem”.

Eu gosto mais de olhar para a camisola como algo arrojado. Nem bem nem mal. Pessoalmente, não me agrada. Mas… e então? Vou dizer-vos uma coisa que talvez não saibam. Nenhum dos equipamentos do FC Porto, este ano, é bonito. E escrevo isto a poucos dias da revelação do terceiro equipamento. Nenhum deles é bonito. Nem mesmo os do ano passado foram bonitos. Há duas coisas que fazem com que um equipamento seja apetecível. Em primeiro lugar, tem de ostentar o escudo de campeão. Depois? Tem de valer conquistas. Sem conquistas não há equipamento que valha a pena. No final da próxima época poderemos dizer se o equipamento é bonito ou não. Ou melhor… memorável?

Bonito? Só com isto. Fonte: mundododesporto
Bonito? Só com isto.
Fonte: mundododesporto

PS: Na última quinta-feira não consegui escrever a minha crónica semanal devido a alguns imprevistos de última hora. No entanto, quero deixar aqui aquilo que serviria de mote para mais um dos meus textos de opinião.

No jornal A Bola do passado dia 18 de junho podem ler-se alguns comentários de Helton à tão comentada perda da mística. Passo a citar: “Quem tem de decidir se se mantém a mística não são os jogadores. Aprendi a ser portista, a gostar e a defender o clube. Se conquistei alguma coisa foi com o que aprendi com os outros. Penso que não só eu, mas todos temos de ter humildade. A pessoa tem de ser humilde para perguntar quando não sabe. Independentemente da área, quem chega tem de perguntar, talvez seja por isso que se sinta essa falta de mística. É só por isso…”

Foto de capa: Facebook FC Porto