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Estoril 1-1 Sporting: Marco Silva não foi feliz no regresso à Amoreira

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Com um tempo convidativo e já com sabor a final de época, os leões apresentaram um onze com algumas novidades, com Jonathan a recuperar um lugar na lateral esquerda e Montero a subir no relvado e a ocupar o lugar de Tanaka. Nani, Slimani e Jefferson ficaram de fora da convocatória, algo que tem vindo a ser já habitual na rotação do plantel que o treinador leonino tem vindo a realizar nas últimas partidas.

O início do jogo foi morno e com pouca velocidade. Só aos dez minutos surgiu a primeira jogada de perigo e para a equipa da casa, numa jogada em que Patrício foi obrigado a sair da área para evitar males maiores. Na resposta o Sporting poderia ter marcado mas Mané deixou-se antecipar quando só tinha que encostar para a baliza de Kieszek.

O jogo voltou a acalmar, com os leões a terem mais posse de bola mas com os visitados a criarem mais perigo; até que, numa jogada de rápido contra-ataque, Fernandinho surge isolado do lado esquerdo do ataque e cruza a bola apara uma finalização de Sebá. Este resultado veio penalizar a apatia verde e branca, que, apesar da desvantagem no marcador, não conseguiu mudar o rumo do jogo até ao intervalo. O futebol dos comandados de Marco Silva procurava sempre cruzamentos para a área, onde Yoann Tavares e Ruben Ferreira continuavam a neutralizar a ameaça de Montero, que só de livre directo assutou Pawel Kieszek.

Montero esteve sempre muito desapoiado durante a primeira parte da partida Fonte: Facebook oficial do Sporting Clube de Portugal
Montero esteve sempre muito desapoiado durante a primeira parte da partida
Fonte: Facebook oficial do Sporting Clube de Portugal

A segunda parte trouxe um Sporting com um maior pendor ofensivo, e que começou cedo a tentar reduzir a desvantagem. O avançado colombiano foi o primeiro a assustar a defesa canarinha, com um cabeceamento que passou perto do travessão da equipa da casa e foi, sem surpresa, que à passagem dos dez minutos da segunda parte a equipa de Alvalade empatou. Livre cobrado por Carrillo e Ewerton emenda um remate de Jonathan Silva.

Um empate que veio por justiça a um jogo em que o Estoril entrou na segunda parte muito mais amorfo que na primeira. Montero e Tanaka ainda estiveram muito perto da reviravolta no marcador, mas Kieszek opôs-se com duas excelentes defesas. Ultrapassada a hora de jogo, a intensidade do jogo voltou a decrescer, e o futebol jogado ressentiu-se. Fabiano Soares optou por tirar Kleber para apostar numa defesa com três centrais, contrariando os dois avançados do Sporting. Algo que acabou por surtir efeito, entrando a partir daí numa fase com muitos passes falhados, muitas bolas pelo ar e pouca capacidade de chegar com perigo a qualquer uma das balizas.

O jogo acabou assim a um ritmo lento e disputado muito a meio campo, sem momentos de apuro em qualquer uma das balizas. O treinador visitante ainda tentou refrescar o ataque com a entrada de Diego Capel e André Martins, mas nenhum dos dois chegou a participar verdadeiramente no encontro.

A Figura:
André Carrillo
– O extremo peruano foi um dos poucos que conseguiram realizar um jogo sempre positivo, contrariando até o marasmo da primeira parte leonina. Mais um encontro que mostra que a renovação com “La Culebra” deve ser uma das prioridades da direcção leonina.

O Fora-de-Jogo:
Primeira parte do Sporting – Já começa a ser uma constante as primeiras partes aborrecidas e vazias de ideias por parte dos leões. Numa altura em que a Taça de Portugal é a principal aposta, os jogadores já devem ter a cabeça na final do Jamor, esquecendo-se de que nesta equipa todos os jogos são para ganhar.

5 Guarda-redes prontos para dar o salto

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Sou o Gonçalo Xavier, gestor da página de guarda-redes A Última Barreira. Foi-me proposto que fizesse um top de promessas para futuros melhores guarda-redes do mundo, mas alargou-se para guardiões mais desconhecidos e para os melhores guarda-redes jovens a actuar em Portugal. Sem mais demoras, começo pelo top-5 de “Desconhecidos” que merecem outros voos:

Lukas Hradecky (Brondby/Finlândia)

Aos 25 anos (faz 26 ainda este ano), já não caminha para novo e o rótulo de promessa tem desvanecido com o passar do tempo. Com vasta experiência em clubes na Dinamarca, o guardião de 1.90m já passou pelo Esbjerg e actualmente joga no histórico Brondby. Curiosamente seguiu para o actual clube depois de uma exibição monstruosa que culminou numa vitória da sua antiga equipa. Com 15 internacionalizações, divide a baliza da selecção principal com outro guardião, que joga na segunda liga holandesa pelo VVV.

Não é um guarda-redes com muita capacidade de bloqueio, preferindo desviar a bola. Possui uma postura muito ofensiva no jogo, ou seja, a maioria das vezes afasta-se da linha de golo de forma a cortar o máximo possível o ângulo ao adversário. Usa bastante a sua agilidade para grandes defesas, sempre com o desvio em mente. Parece talhado para uma equipa que defenda mais, os tais “guarda-redes de engate”, mas penso ter potencial para algo mais. Uma boa opção para alguns clubes europeus, mas, se não der o salto rapidamente, terá tendência para estagnar a sua evolução.

Hradecky tem qualidade a mais para a liga dinamarquesa Fonte: Facebook do Brondby
Hradecky tem qualidade a mais para a liga dinamarquesa
Fonte: Facebook do Brondby

Roman Bürki (Friburgo/Suiça)

Uma das revelações da Bundesliga. Pertence a um clube que está “aflito” para se manter na primeira divisão. Faz 25 anos ainda em 2015, mas está numa situação diferente. É, efectivamente, uma promessa do futebol Mundial, e teve esta época a primeira experiência numa liga mais competitiva (chegou do Grasshoppers, da Suíça). Excedeu as expectativas até dos mais crentes. Que época soberba que está a fazer e, se o Friburgo não desceu já de divisão, bem que pode agradecer ao suíço.

Com 1.87m, é elegante em tudo o que faz. Se defende bem em cima da linha, também o faz fora dos postes. Forte nos cruzamentos, sai pela certa apenas e define bem. Agressivo nas saídas aos pés dos adversários, é difícil de ultrapassar. A sua personalidade e postura em campo gera desconforto ao adversário, encarando-o de frente e não se escondendo do encontro em nenhuma ocasião! Tendo um historial de equipas “fracas” e de contextos competitivos de baixo nível, aprimorou a arte de ser massacrado. E dá-se muito bem com isso, portanto a mudança para um nível de equipa grande podia ser difícil. A sua equipa actual tem pouca pressão para obter resultados. Estará tudo bem se sofrer um golo, apesar de fazer 6/7 defesas por jogo. Numa equipa grande isso não pode acontecer. Tudo depende do contexto em que se joga.

Diz-se que será o substituto de Weidenfeller no Dortmund, e se na primeira época já está a ser associado a um gigante na Alemanha… só se pode esperar o melhor deste guardião! Será certamente alguém a dar o salto qualitativo na sua carreira em breve.

Bürki foi uma das revelações da Bundesliga Fonte: Facebook de Roman Bürki
Bürki foi uma das revelações da Bundesliga
Fonte: Facebook de Roman Bürki

Simone Scuffet (Udinese/Itália)

Bem sei que não é desconhecido para a maioria dos adeptos, mas é alguém que merecia estar numa situação melhor do que ser suplente de Karnezis uma época inteira. Não que o grego esteja mal, mas o menino é demasiado talentoso para não jogar alguns jogos que sejam.

Apareceu aos 17 anos na época transacta na Udinese, aproveitando a lesão de Brkic. E certo é que o mundo ficou fascinado com aquele miúdo que acabava os encontros com mais de uma mão cheia de intervenções. A personalidade em campo e atitude para o jogo deixava os mesmos adeptos com um sorriso nos lábios. Afinal, de onde vinha aquele jovem sem experiência? Certo é que no final da época ainda conseguiu dizer que não ao Atlético de Madrid por estar a pensar na sua educação, e desde então não mais jogou. Teve uma lesão que o afastou dos relvados, e a prestação de Karnezis no Mundial’14 pela Grécia ditou-lhe a titularidade até hoje.

Como referi, tinha uma atitude positiva no jogo, possuindo uns reflexos fantásticos. Fruto talvez da inexperiência, desviava muitas vezes para a frente, e não foram poucas as vezes em que sofria golos em recargas. Mas quando o clube estava mal colectivamente ele dizia presente como podia e acabava a maioria dos jogos sendo massacrado. Isso impressionou os adeptos, que lhe deram o rótulo de uma das maiores promessas em Itália. Ainda irá a tempo? É muito cedo, mas terá, certamente, espaço suficiente para crescer em breve.

Scuffet foi suplente nesta temporada Fonte: Facebook da Udinese
Scuffet foi suplente nesta temporada
Fonte: Facebook da Udinese

Augusto Batalla (River Plate/Argentina) 

Com 19 anos feitos há dias, é suplente no clube argentino do River Plate. Mas foi na selecção argentina de sub20 que se destacou recentemente, levando inclusivamente a contactos do Real Madrid tendo em vista a sua contratação (diz-se que seguirá por empréstimo para Espanha na próxima época). Ajudou a vencer o Sudamericano 2015 sofrendo apenas 2 golos em 5 jogos, contra selecções de valia como o Brasil, Uruguai, Colômbia, entre outros países da América do Sul.

Além da evidente qualidade técnica, evidencia uma característica que o distingue dos demais: liderança. É o capitão da equipa e tornou-se viral um vídeo de um discurso no balneário para os seus colegas antes do jogo do título. E o discurso resultou, pois acabaria por ser campeão. Aquilo eram palavras para um Ceni de 40 anos, não para um jovem de 18 anos. Incrível! Terá um futuro brilhante certamente. Qualidade tem, é inteligente e bastante maduro para a idade. Tem tudo para se evidenciar e vingar num bom clube do futebol europeu.

Augusto Batalla foi um dos líderes da selecção argentina de sub-20 Fonte: goal.com
Augusto Batalla foi um dos líderes da selecção argentina de sub-20
Fonte: goal.com

Bartlomiej Dragowski (Jagiellonia/Polónia)

O mais desconhecido deste top 5, mas com uma qualidade tremenda. Referenciado pelo Benfica recentemente, rejeitou o clube encarnado por querer ter X jogos a titular e ter essa garantia de que não passaria pela equipa B. Pelo menos é o que se diz…

Ainda com 17 anos (vai fazer 18 no final deste ano), já foi titular em metade dos jogos pelo clube polaco, que se encontra em terceiro lugar. Surpreendeu pela qualidade de intervenções e segurança. “Frio”, como é apanágio dos de leste, tem uma tomada de decisão que o distingue. Percebe quando tem de bloquear e quando tem de desviar, e são raras as vezes que compromete.  Mas a beleza das suas intervenções é algo de salutar. A sua confiança em campo com tenros 17 anos é notável. Se estivermos num momento de apreciar um pássaro a voar, assistir aos voos de Dragowski seria um bom serão.

Dragowski é um prodígio do futebol polaco Fonte: ekstraklasa.net
Dragowski é um prodígio do futebol polaco
Fonte: ekstraklasa.net

Chego assim ao fim deste top-5 de “Desconhecidos” que merecem melhor nas suas carreiras. Notas de destaque ainda para Gudiño (a explorar noutro artigo), Karius, Kapino (ambos do Mainz) , Fabri (Corunha), entre muitos outros. Existe bastante qualidade por aí fora, é uma questão de se dar as oportunidades necessárias.

Académica 1-1 Belenenses: Triste sina ver-me assim

futebol nacional cabeçalho

Diz-se, na cidade dos estudantes, que a “Queima é em Coimbra e o resto são fitas”. Algo que pode ser discutido até à exaustão sem se chegar a qualquer conclusão, porém, é legítimo afirmar-se que não há outra cidade no mundo inteiro com um clube que respire tanto a tradição académica como a própria Académica e que, por isso, a Queima das Fitas tenha uma importância maior em Coimbra do que noutras cidades.

Na tarde quente de Sábado, 9 de Maio de 2015, sentiu-se o pulsar da vida académica e da tradição futebolística no Estádio Cidade de Coimbra, das bancadas, salpicadas a negro pelas capas dos mais de 1400 estudantes (entrada gratuita para os “trajados”) presentes, para o campo, onde jogavam dois históricos emblemas do futebol nacional.

Tal como, provavelmente, muitos dos estudantes de Coimbra após uma “noite do parque” (começaram ontem), o jogo demorou a acordar e parecia, ele próprio, ressacado de uma noite bem regada, não querendo fazer “muito barulho” (situações de perigo iminente), que só foi ouvido a espaços, com dois remates perigosos de parte a parte. O primeiro por Ricardo Dias, aproveitando a passividade academista, e o segundo por Aderlan na sequência de uma jogada de fino recorte por parte dos estudantes, com a bola a ir de um flanco ao outro com passes ao primeiro toque e que terminou com um disparo fantástico de Aderlan, correspondido numa grande defesa de Ventura.

A equipa da Académica tem a manutenção quase garantida Fonte: Facebook da Académica
A equipa da Académica tem a manutenção quase garantida
Fonte: Facebook da Académica

No segundo tempo, o jogo pareceu acordar e o espírito festivo parecia estar de volta, impulsionado por um futebol de circulação mais rápida (conforme afirmou Jorge Simão na conferência de imprensa). Não houve mexidas de jogadores até ao minuto 66 mas houve na mentalidade dos jogadores, com a bola a circular mais perto de ambas as áreas e com mais motivos de entretenimento. Fernando Alexandre, após jogada de insistência perto da baliza do Belenenses, rematou por cima e Carlos Martins aproveitou, tal como Ricardo Dias no primeiro tempo, o espaço concedido pela Académica à entrada da sua grande área para rematar com perigo, perto do poste da baliza defendida por Cristiano.

Depois do tal minuto 66, começaram a verificar-se as mexidas nas equipas, e a primeira foi mesmo a mais decisiva para agitar o encontro – entrou Hugo Seco e saiu Marcos Paulo. O extremo formado na Académica acusou a motivação de estar em plena Queima das Fitas e a importância deste jogo para os adeptos, dando rasgos de irreverência a um jogo que deles carecia, inventando oportunidades de perigo prometedoras, uma delas com um final feliz – Rafael Lopes respondeu da melhor maneira ao cruzamento do 77 e inaugurou o marcador. Até ao final, a Académica soube suster o ímpeto ofensivo do Belenenses mas não evitou a triste sina (do “Fado do Estudante”, imortalizada por Vasco Santana no “Pátio das Cantigas”) de manter uma série de jogos sem vencer – aos 92 minutos, uma bola que era suposto ser cruzada por Fábio Nunes terminou, graças a um desvio involuntário de Aderlan, no fundo das redes de Cristiano e sentenciou o resultado.

Figura do jogo:

Ricardo Dias – A par de Pelé, foi um tampão importante no meio-campo do Belenenses e esteve em evidência a nível posicional na primeira parte, impedindo o ascendente da Académica e conseguindo criar oportunidades com a envolvência ofensiva. No fundo, o líder da intensa batalha táctica vivida durante esse período. Na segunda, foi um dos motores da equipa. Incansável.

Fora de jogo:

Marcos Paulo – O brasileiro, de regresso ao onze, acusou a pressão. Esteve deslocado da sua posição habitual e, talvez por isso, foi a imagem da desinspiração ofensiva que tomou conta da Briosa durante o primeiro tempo. Depois de ter saído, a equipa melhorou.

Momento do jogo:

66 minutos – Hugo Seco entrou e mudou muita coisa no jogo. É certo que a segunda parte já tinha demonstrado que se estava a fugir do marasmo que tinha sido o primeiro tempo, mas com o extremo português houve irreverência e a confirmação de um jogo que justificou minimamente o preço do tempo empregue pelos espectadores.

Benfica 4-0 Penafiel: A4 para o bicampeonato

Terceiro Anel
Não, não estou a falar da importante auto-estrada do Norte do país, mas sim da via aberta para o título que se desenhou depois do esclarecedor triunfo do Benfica por 4-0, diante do Penafiel. Só por manifesta incompetência o campeão nacional poderá deixar fugir a hipótese de se sagrar bicampeão nacional, 31 anos depois, numa altura em que os comandados de Jorge Jesus até se podem dar ao luxo de perder em Guimarães, na próxima jornada. Já o Penafiel acabou por ver consumada a descida de divisão, cenário que se afigurava como mais do que provável de há algum tempo a esta parte.

Perante cerca de 58 mil espectadores no Estádio da Luz, o Benfica entrava em campo com a convicção de que só um cataclismo evitaria uma vitória na partida desta tarde. E de facto, as águias geriram o desafio quase a seu belo prazer, não obstante a atitude personalizada do conjunto duriense. Sem nada a perder, o Penafiel nunca estacionou o autocarro e tentou sempre fazer a vida negra ao Benfica, mas a diferença de potencial dos dois plantéis é avassaladora e a partir do primeiro golo dos encarnados a sentença final foi quase ditada. Mas desengane-se quem pensa que o Benfica realizou uma grande exibição. A equipa da Luz jogou o suficiente para ultrapassar mais um obstáculo rumo ao título, apesar de aqui e ali ter havido nota artística, sendo o primeiro golo do desafio a prova viva disso.

Numa excelente jogada de combinação entre Jonas, Maxi Pereira e Lima, o avançado brasileiro não perdoou e bateu o guarda-redes iraniano, Haguigui, através de um portentoso cabeceamento. A partir dali, e com maior ou menor dificuldade, o Benfica foi sustendo o ímpeto penafidelense, numa partida marcada por um ritmo algo lento para o qual também contribuiu o calor que se fez sentir na cidade de Lisboa. Até que aos 30 minutos surgiu o segundo momento que fez estremecer a Luz: o 2-0 para o campeão nacional obtido por intermédio de Jonas em mais um excelente lance individual (e vão 28 golos em todas as competições para o dianteiro brasileiro, que assim voltou a igualar Jackson Martínez na lista dos melhores marcadores do campeonato). Estava praticamente garantida a 26ª vitória da prova para o Benfica, estava o Penafiel praticamente condenado à descida de divisão.

~Lima continua a ser importante Fonte: Facebook do Sport Lisboa eBenfica
Lima continua a ser importante
Fonte: Facebook do Sport Lisboa eBenfica

Na etapa complementar o cenário não se alterou. Futebol algo previsível, toada morna, Estádio da Luz em festa a celebrar um possível bicampeonato que caminha a passos largos para se tornar bem real. Jorge Jesus pôde ir rodando a equipa, retirando do terreno um apagado Sulejmani para a entrada de Ola John e substituindo um Salvio em risco de exclusão e vindo de lesão por Talisca. Pelo meio, e num ápice, mais dois golos para o Benfica que fizeram o resultado final, por intermédio de Pizzi, num remate colocado, e através de Lima, que aproveitou uma tremenda fífia de Romeu Ribeiro, chegando assim aos 17 golos na liga, entrando assim de uma forma clara na luta pelo título de melhor marcador deste campeonato.

O técnico do Benfica certamente que só não contou com a amostragem de um cartão amarelo a Samaris, que o impossibilita de dar o seu contributo à equipa no importantíssimo jogo de Guimarães. Todavia, nem isso fez esmorecer os ânimos dos adeptos benfiquistas que proporcionaram, do princípio ao fim, um ambiente muito festivo nas bancadas da Luz. Ainda houve tempo para Rúben Amorim alinhar no meio-campo do Benfica, por troca com Samaris, e para assistir a um ou outro assomo de ambas as equipas, destacando-se o irrequieto Aldair, jogador da equipa duriense que também entrou no segundo tempo.

No final da partida, sentimentos completamente antagónicos. Um Benfica em estado de alegria, ainda que controlada, com a plena consciência de que para a semana a nação benfiquista poderá entrar em polvorosa (poucos acreditarão que o FC Porto perca o desafio de amanhã). Em contraste fica a tristeza da equipa do Penafiel, que acaba por ter uma passagem por este campeonato sem honra nem glória, apesar de ficar a ideia no ar de que com Carlos Brito mais cedo ao leme deste conjunto… as coisas talvez pudessem ter sido diferentes.

Por último, e como nota final, um elogio para a dupla Lima/Jonas: é um regalo ver estes dois avançados em acção. Total entrosamento, conjugação de operariado e de classe, conjugação de eficácia e de classe. Com estes dois futebolistas na frente, e num momento de forma tão apurado como aquele por que estão a passar neste momento, é normal que o Benfica esteja tão perto de almejar o êxito.

Figura do jogo: Lima – Grande exibição do avançado brasileiro que está a atravessar um notável momento de forma. Numa altura em que se fala sobre a sua permanência na Luz, ficou mais uma vez provado que Lima continua a ser muito útil ao campeão nacional.

Fora-de-jogo: Penafiel – Não tanto por esta partida, em que o Penafiel se apresentou de uma forma bastante digna, mas sim pelo campeonato realizado. Com claras debilidades no plantel, cedo se percebeu que muito dificilmente a equipa duriense continuaria no escalão maior do futebol português. Talvez Carlos Brito seja mesmo o homem certo para recolocar o Penafiel no trilho dos bons resultados.

FC Porto ou Sporting, quem é melhor?

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cab andebol

FC Porto em 1º com 62 pontos, Sporting em 2º com 58. Assim terminou a fase regular do Campeonato Fidelidade Andebol 1. Os dragões somaram 20 vitórias e apenas duas derrotas (ABC em casa e Benfica fora, este último já com as contas decididas), enquanto os leões registaram 17 triunfos, dois empates (Benfica e Sp. da Horta, ambos fora) e três derrotas (os dois jogos com o FC Porto e um desaire surpreendente com o ISMAI, em casa). Tendo em conta não só os números mas também o próprio jogo jogado, a conclusão é simples: os dragões são os grandes favoritos nesta final do regressado playoff. Para aqui chegar, o clube da Invicta eliminou o Passos Manuel nos quartos-de-final (2-0) e o Benfica nas meias-finais (3-0). Já o Sporting superiorizou-se ao Sp. da Horta na primeira ronda (2-0) e ao ABC na segunda (3-1).

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A final do playoff disputa-se à melhor de três

 

FC PORTO

Vantagens: os azuis-e-brancos são hexacampeões, terminaram a fase regular no primeiro posto (garantindo assim a importante vantagem no factor-casa) e têm um plantel experiente, profundo e consolidado – Wilson Davyes saiu, mas o lateral-esquerdo Gilberto Duarte continua no clube e tem sido determinante. Os comandados de Ljubomir Obradovic dispõem, de resto, de óptimas soluções para todos os sectores: Alfredo Quintana e Hugo Laurentino na baliza, Daymaro Salina e Alexis Hernández como pivots, o já mencionado Gilberto Duarte e Michal Kasal na lateral-esquerda (o checo é, aos 21 anos, um dos elementos com maior experiência internacional da equipa, tendo participado no Europeu 2014 e no Mundial 2015), João Ferraz a lateral-direito e ainda os pontas Mick Schubert, à esquerda, e Ricardo Moreira, o carismático capitão, à direita. Miguel Martins, central, é, a par de Kasal, um dos jovens mais promissores.

Destaque individual: precisamente Gilberto Duarte, um dos melhores andebolistas portugueses. Com um porte físico notável e dono de um remate poderoso, o lateral é a maior referência numa equipa onde não falta qualidade. No primeiro jogo da meia-final do playoff apontou 10 golos ao Benfica e, na fase regular, tinha sido o carrasco do Sporting ao marcar, no último segundo, o golo do triunfo portista no reduto dos leões.

Jogo colectivo: o FC Porto é, no seu conjunto, uma equipa agressiva, muito forte fisicamente e com uma vasta variedade de recursos, mostrando grandes argumentos tanto na procura do jogo interior como através das pontas. Os dragões jogam a um ritmo alto, desgastam o adversário no ataque e manietam muitas das iniciativas deste no momento de defender. Frente a uma equipa do Sporting mais repentista mas menos imponente nos duelos de corpo a corpo, poderá passar por aqui um eventual sucesso azul-e-branco.

Pontos fracos: poucos duvidam da superioridade dos dragões, uma vez que os primeiros são uma equipa mais madura e, sobretudo, mais regular do que os leões. Porém, o sistema de “mata-mata” pode pesar, já que, desde 2012, o FC Porto perdeu três vezes contra o Sporting na Taça e uma vez na Supertaça. Só este ano a história foi diferente, com a equipa de Obradovic a levar os verde-e-brancos de vencida na Supertaça por 29-28. A excessiva dependência de Gilberto Duarte também cabe nesta categoria, especialmente se o Sporting conseguir contrariar as acções do jogador.

Probabilidade de conquistar o campeonato: 75%

 

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Gilberto Duarte é a maior figura dos dragões e quer voltar a festejar
Fonte: fcporto.pt

 

SPORTING CP

Vantagens: as transições e jogadas rápidas são uma das imagens de marca do conjunto leonino e também um dos melhores argumentos para desmontar a defesa portista. A fome de títulos e o facto de alguns jogadores, como o central Rui Silva, o ponta-direita Pedro Portela e o lateral-esquerdo Fábio Magalhães, terem amadurecido, também poderão jogar a favor da equipa verde-e-branca.

Também o regresso de João Antunes à modalidade é uma boa notícia para o Sporting, que ganha assim uma arma defensiva e um complemento a Bruno Moreira para a posição de pivot. A experiência de Pedro Solha na ponta-esquerda e a grande meia-distância do lateral/central Frankis Carol também poderão fazer a diferença, assim como o facto de os leões terem no regressado Bosko Bjelanovic e no lateral-direito Pedro Spínola, ex-FC Porto, duas opções que acrescentam valor. Na baliza, Ricardo Candeias está de pedra e cal.

Destaque individual: embora o central Rui Silva (que irá, ao que tudo indica, reforçar os dragões no próximo ano) seja o estratega da equipa, o ponta-direita Pedro Portela é talvez o atleta “mais” deste Sporting. Jogador fisicamente potente, exímio nos remates cruzados e competente a defender, executa com critério e tem claramente nível para actuar numa liga mais competitiva. Exibiu-se a bom nível na eliminatória com o ABC, conseguindo 6 golos no primeiro jogo e 7 nos outros dois. É o terceiro melhor marcador do campeonato, com 177 golos.

Jogo colectivo: os homens de Frederico Santos apostam em transições rápidas e em reacções quase imediatas nas reposições de bola após os golos sofridos. Aproveitando o facto de o adversário ainda não estar bem posicionado, os leões dão frequentemente preferência ao efeito-surpresa em detrimento do ataque organizado. Se, por um lado, esta escolha permitirá mascarar um pouco a menor imponência física face ao FC Porto, por outro poderá levar, pontualmente, a decisões precipitadas (sobretudo se os leões não souberem prolongar os ataques quando estão a ganhar e concretizar de seguida) e a um cansaço superior ao desejável. No entanto, se a estratégia tem dado resultados, não se espera que a equipa abdique dela.

Pontos fracos: É mais fácil encontrá-los no Sporting CP do que no FC Porto. O peso do factor histórico (os leões não ganham no Porto há largos anos e terão forçosamente de o fazer para serem campeões) pode levar a quebras psicológicas nos momentos decisivos – este ano, nos três jogos realizados contra o FC Porto, o emblema de Alvalade perdeu pela margem mínima e sempre no último minuto. A equipa de Frederico Santos é algo inconstante, podendo aliar bons momentos na partida a largos minutos sem conseguir concretizar e com uma proliferação intrigante de falhas técnicas. Na baliza, apesar de Ricardo Candeias ter muito valor, o FC Porto leva alguma vantagem – o suplente leonino Ricardo Correia é nitidamente menos opção do que Hugo Laurentino, o seu homólogo azul-e-branco. O Sporting também é menos incisivo nos duelos físicos do que o rival.

Probabilidade de conquistar o campeonato: 25%

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Pedro Portela terá de estar a bom nível se o Sporting quiser contrariar o favoritismo portista
Fonte: sporting.pt

 

Foto de capa: site oficial do FC Porto

Gosto de Marco Silva, e então?

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O Sportinguista é um ser estranho. Eternamente insatisfeito, agindo como uma aleta, movimenta-se ao sabor do vento procurando sempre o norte, mas muitas vezes sem o conseguir alcançar.

De quando em vez coloco-me a pensar na facilidade com que as pessoas mudam de opinião,  no que hoje é branco mas que amanhã, só porque ouviram o Zé dos Plásticos a refilar com o Bruno, com o Marco ou com o Nani, já tudo está mal e é preciso mudar tudo de novo. Esquecem-se de que as coisas boas crescem devagar, não se pode colher os frutos no dia seguinte a semear a terra.

E não digo que isto acontece apenas com os outros Sportinguistas e num mundo distante do meu. Às vezes basta ter um almoço com o meu pai – sim, aquele que me ensinou o que é verdadeiramente o Sporting – para perceber que os anos de desgaste de Roquettismo e a falta de títulos na equipa sénior de futebol começam a levar a melhor sobre o amor incondicional que vi nele durante mais de dois anos.

Pior do que estes casos de desgaste, de cansaço e de algumas mágoas, é o caso dos sportinguenses. O sportinguense é um adepto, por vezes até sócio, que é um “António Variações”, nunca se decidindo e achando sempre que está tudo mal só porque sim. Passo a explicar: o sportinguense vai ao estádio duas vezes por ano, mas sentado na sua poltrona passa os dias a postar coisas contra a actual direcção, porque os anos de má gestão do passado é que eram. Para este espécime, Leonardo Jardim é o melhor treinador de sempre, e Marco Silva é horrível, a pior coisa que já aconteceu no futebol leonino e que é para ir para a rua, mais que não seja porque – supostamente – é adepto dum clube rival. Mas o próximo treinador do Sporting ainda irá ser pior, e então aí ficará um eterno saudosista do actual treinador do Sporting. Esta classe de adeptos são os verdadeiros arautos da desgraça, preferindo enfatizar o mau e remetendo para um plano secundário tudo o que se passa de bom no clube.

Quando corre tudo bem, as frases dum sportinguense possuem sempre um “mas”: “mas há quinze dias empataste com X”, “estamos na final da Taça mas o campeonato está uma desgraça”. Tudo serve para alimentar este complexo de”Velho do Restelo”.

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A vitória frente ao Schalke 04 em Novembro é um dos bons exemplos na melhoria do futebol leonino
Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Marco Silva não é o melhor treinador do mundo, honestamente nem o considero superior a Jorge Jesus, por exemplo. No entanto, o trabalho dele no Sporting tem vindo a ser manifestamente bom, ainda que nesta fase da época o futebol não seja tão atractivo como o de um passado recente. O treinador leonino comete erros, já questionei na bancada muitas das suas decisões técnicas; mas qual é o treinador que não erra? Quem não toma más decisões no seu trabalho e não aprende com essas atitudes?  Quantas vezes a teimosia de JJ ou de Lopetegui já lhes custou pontos e vitórias?

O futebol de Leonardo Jardim era, na minha opinião, muito resultadista, procurando sempre a vitória mas raramente encantando os Sportinguistas e, quiçá, os sportinguenses também. O actual técnico leonino procura um futebol mais vistoso, pecando no excesso de dependência dos extremos e de cruzamentos para a área, algo que também criticava em Jardim. Ainda assim, os jogos que vi o Sporting fazer no Dragão para a Taça, contra o Chelsea em casa e nos dois jogos frente ao Schalke 04 encheram-me as medidas e digo que já desde o tempo de Boloni ou Peseiro que não via o Sporting jogar de uma forma tão bonita e cativante.

A saída de Marco Silva seria um regresso ao ponto zero, seria prejudicial a um clube que pretende a breve trecho ser campeão nacional de futebol e seria um erro de gestão por parte de Bruno de Carvalho. Para além dos erros de arbitragem que prejudicaram o Sporting em algumas partidas, não podemos esquecer que os leões têm um orçamento de tostões quando comparado com os milhões dos seus dois rivais. Este ano, até o Braga gastou mais dinheiro em transferências do que o clube de Alvalade.

A vitória na Taça de Portugal irá determinar o sucesso ou o fracasso da temporada leonina, no entanto não deverá nunca pôr em causa a continuidade de Marco Silva à frente do futebol do Sporting.

Para terminar, gostava de fazer uma pergunta a todos os sportinguenses de teclado, que atrás do seu monitor são o pináculo da gestão desportiva ou os melhores treinadores de Football Manager que o mundo já viu. A todos eles pergunto: já carregaram neste link? https://missaopavilhao.pt

 Foto de Capa: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Adeus, 12.º jogador

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O verdadeiro adepto nunca abandona a equipa. O verdadeiro adepto está sempre no estádio a apoiar independentemente do momento que a equipa esteja a viver. Mas, sejamos sinceros, o FC Porto já viveu melhores dias. Depois do empate na Luz, muitos foram os dissidentes que baixaram a cabeça, baixaram os braços, que deixaram de acreditar. Não os culpo.

Não culpo nenhum adepto portista por já não acreditar que é possível. Diz-se que o tamanho da desilusão é diretamente proporcional ao tamanho das expetativas criadas. E as expetativas não foram criadas tendo em conta apenas a hegemonia dos últimos 30 anos. Foram alicerçadas também no orgulho ferido da má época de 2013/14. Foram fortalecidas com o vislumbre do plantel para o novo ano, com as boas exibições da pré-época e do play-off da Liga dos Campeões. As expectativas foram, acima de tudo, fundamentadas pela qualidade individual do FC Porto, que se destacava das demais equipas da Primeira Liga.

Foram demasiadas desilusões: na Taça de Portugal, em casa, frente ao Sporting; na Taça da Liga, onde desde há muito tempo se assumem posturas distintas dentro e fora do campo; no Allianz Arena, depois de um resultado favorável que deixou o universo portista a sonhar. Mas se o resultado desfavorável frente a uma das melhores equipas da atualidade foi, por muitos, compreendido, nada poderá desculpar a incapacidade portista no jogo da Luz quando se exigia sangue, suor e lágrimas para inverter um resultado desfavorável de dois golos no confronto direto. Para piorar a situação, os dois que eram vistos como as “vozes” do balneário terminaram o jogo a sorrir e a abraçar o adversário.

Não culpo nenhum adepto portista por já não acreditar que é possível. E aqui entro no cerne da minha crónica de hoje. Uma equipa de futebol é muito mais do que onze jogadores dentro de um campo retangular. É muito mais do que uma formação a fazer uma bola rolar de um lado para o outro à procura das redes da baliza adversária. São também as horas de sono de cada jogador no dia anterior. É a refeição comida antes de cada partida. É o grão de areia dentro da chuteira que incomoda e não deixa jogar. “É muito mais do que aquilo que imaginamos. E uma das coisas que o FC Porto parece esquecer, várias vezes, é que uma equipa de futebol é também os seus adeptos. E, neste momento, a relação do FC Porto com os seus adeptos não é a melhor. Mas um adepto está lá sempre a apoiar nos bons e nos maus momentos. Quer dizer… está lá se o deixarem! O futebol praticado não é, vastas vezes, o melhor. A vontade de apoiar a equipa quando já pouco há a fazer é escassa… e, ainda por cima, o adversário é o Gil Vicente, penúltimo classificado.

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Tabela de preços dos bilhetes para o FC Porto-Gil Vicente

Parece-me completamente descabido que o FC Porto coloque, por exemplo, preços de 30€ para as bancadas centrais ou de 20€ para as laterais. Mais do que isso: acho inadmissível. Parece que o clube está completamente alienado da conjuntura económica atual do país e do contexto desportivo em que se encontra neste momento.

Quando deveria ser o primeiro a dizer e a mostrar que o título da Primeira Liga ainda é possível, o FC Porto diz aos seus adeptos que quantos menos melhor e que não precisa de apoio.

Adeus, 12º jogador.

Foto de capa: fcporto.pt

Eduardo Berizzo e o Celta de Vigo: O bom filho a casa torna

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cab la liga espanha

Numa semana em que foi apontado como o possível sucessor de Marcelo Bielsa ao leme do Olympique Marselha para a próxima época, olhamos para o trabalho que Eduardo “Toto” Berizzo tem vindo a levar a cabo no Celta de Vigo, ao mesmo tempo que analisamos o regresso do filho pródigo a uma casa que bem conhece.

A saída de Luis Enrique para o Barcelona no passado Verão havia aparentemente deixado um vazio difícil de colmatar no Celta, mas o clube viguês encontrou em Eduardo Berizzo, um antigo jogador do clube, o homem certo para dar continuidade ao projecto a que o treinador asturiano tinha dado início na temporada passada.

Em 2012, Berizzo assumiu o comando do O’Higgins FC e orquestrou uma autêntica revolução naquele histórico clube chileno, da qual resultou a conquista do Torneo de Apertura 2013-14 (o primeiro na história do clube) e da Supercopa do Chile.

El Toto herdou um Celta altamente organizado e completamente reestruturado após a breve passagem de Luis Enrique pelos Balaídos na temporada passada. O antigo internacional espanhol pôs fim a um período de mediocridade dos celestes, colocando a equipa no top 10 da liga espanhola, e deixou ao seu sucessor a pesada responsabilidade de dar continuidade a esse trabalho, algo que muitos julgavam impossível quando o técnico asturiano chegou à equipa, em Junho de 2013.

Berizzo não só deu continuidade ao trabalho do actual timoneiro do Barcelona como também fez o Celta melhorar em diversos aspectos. A equipa galega entrou na Liga BBVA a todo o vapor, conseguindo resultados memoráveis, como uma vitória sem espinhas em Camp Nou diante do poderoso Barça, um empate a dois golos no Vicente Calderón e os três pontos no dérbi galego contra os seus eternos rivais, o Deportivo da Corunha.

Este novo super Celta, que se manteve invicto até Outubro, começou a perder força, curiosamente, após derrotar o Barcelona de Luis Enrique. Os homens de Berizzo entraram então numa série absolutamente catastrófica de resultados com oito derrotas em dez jogos, algo que colocou um ponto final na lua-de-mel do treinador argentino ao leme dos celestes.

Eduardo Berizzo, o timoneiro de um Celta rejuvenescido
Eduardo Berizzo, o timoneiro de um Celta rejuvenescido
Fonte: moiceleste.com

El Toto é, contudo, um verdadeiro guerreiro (provou-o enquanto jogador, estivesse em campo ou no banco de suplentes, de onde já orientava a equipa como se fosse um treinador experiente) e a série de maus resultados do Celta não o fez perder o entusiasmo nem a confiança nos seus jogadores. Quando os meios de comunicação começaram a gizar a sua saída de Vigo, Berizzo reuniu as tropas, sacudiu a poeira e colocou novamente o Celta na rota certa.

“Mis equipos muestran su fútbol, pelean los partidos, no se lo hacemos fácil al rival. No sólo tenemos que tratar de jugar bien, también debemos saber comportarnos dentro de un fútbol directo, con oficio, donde haya que ponerse el overol.”

Um apaixonado pelas ideias de Marcelo Bielsa (com quem trabalhou na selecção do Chile, entre 2007 e 2010), Berizzo implementou no Celta um futebol de ataque, de posse de bola efectiva e de movimentos rápidos no último terço do terreno. Baseando as suas ideias num 4-3-3 híbrido, onde os jogadores dispõem de liberdade criativa, o técnico argentino construiu uma equipa que apresenta um futebol ofensivo de elevada qualidade e que é capaz de olhar nos olhos qualquer adversário (que o digam Barcelona e Atlético Madrid, que já tombaram às mãos do clube viguês esta temporada, ou até mesmo o super Real Madrid, que passou momentos bastante difíceis nos Balaídos há duas semanas atrás).

Contando com um grupo de jogadores altamente dedicados e que rapidamente absorveram a mística do clube galego, como por exemplo Nolito, Augusto Fernández e Krohn Dehli, e recorrendo à chamada prata da casa, como são os casos de Sergio Alvárez, Hugo Mallo, Santi Mina e Álex López, Berizzo conseguiu contornar os problemas financeiros do clube viguês, criando uma equipa de guerreiros que lutam em cada jogo pelos três pontos até ao apito final.

Enquanto jogador, Berizzo viveu com o Celta momentos verdadeiramente memoráveis, pelas melhores e piores razões, fazendo parte daquela equipa liderada pelo “El Zar” Mostovoi que caiu nos quartos-de-final da Taça UEFA, às mãos do Barcelona, na temporada de 2000-01, e também daquela equipa que desceu às catacumbas da segunda divisão espanhola quatro anos mais tarde.

Aos 45 anos, Eduardo Berizzo é seguramente um dos treinadores mais talentosos a trabalhar no velho continente e, caso continue ao comando do Celta, irá certamente dirigir a equipa viguesa aos grandes palcos europeus a muito curto prazo.

Foto de Capa: Facebook da página moiceleste

Incontestável

cab premier league liga inglesa

Minuto 69. Os corações dos adeptos apertam com o perigo que o adversário acaba de criar. A vantagem está garantida, mas é mínima e, por isso, vulnerável. Se fosse outro jogo qualquer não havia problema, mas tratava-se da primeira oportunidade de a equipa conseguir recuperar um título que lhe fugia há cinco anos e que iria interromper o domínio dos mesmos de sempre. Aqueles rivais da mítica cidade que iam “trocando” o título entre si desde há quatro anos a esta parte. 1460 dias.

Ou seja, aquele remate perigoso que o adversário fez podia prolongar o calvário de 1460 noites dormidas como não-campeões, exactamente o oposto daquilo que supostamente estariam destinados a ser.

O sofrimento prolongou-se com o tempo e as oportunidades falhadas. O tempo que demorava o dobro daquilo que demoraria até então e as oportunidades que eram falhadas tanto de um lado como do outro e não definiam nada, deixavam tudo em aberto. Os batimentos cardíacos aumentavam, o fôlego desaparecia, o suor escorria e a preocupação agigantava-se. O cenário de se somarem 7 noites às 1460 passadas sem o rótulo de campeão era para lá de indesejável, perto de ser agoniante.

82 minutos, perigo ainda maior, mas o guarda-redes salva. Canto para o adversário. Minuto 89, mais um canto para o adversário. Minuto 90, outro, e o capitão cai no chão para tentar terminar com o sofrimento… mas só o prolongou. O árbitro dera 2 minutos de compensação, mas foram 5 os que se jogaram. O adversário habitava agora no meio-campo contrário e ia moendo o juízo dos sofredores, acentuando a ansiedade… até que três apitos soaram, e terminou.

Os corações bateram mais depressa, a respiração parou, o suor passava de corpo para corpo nos abraços dados nas bancadas e a preocupação dava lugar ao alívio. Esta era a primeira noite em 1461 que os adeptos do Chelsea iriam dormir como campeões.

Os pilares do sucesso por papéis – os quatro da defesa e “o” desequilibrador Fonte: Facebook do Chelsea
Os pilares do sucesso por papéis – os quatro da defesa e “o” desequilibrador
Fonte: Facebook do Chelsea

Para que isso acontecesse foi preciso sofrer e lutar muito, como só verdadeiros gladiadores seriam capazes de fazer. Podem-se apontar falhas técnicas num ou noutro jogo, algumas tácticas em outros tantos, mas será muito complicado encontrar uma vez em que a equipa se tenha “desposicionado” emocionalmente do objectivo que tinha em mente. Os blues foram sempre muito racionais e excelentes gestores de “caos”, quando esse fazia o favor de entrar num jogo. Mesmo no 5-3 contra o Tottenham a equipa soube reagir ao assomo de inspiração do adversário e deu aí uma grande prova da fibra do seu carácter.

Já tinha feito referência ao defeito que Mourinho apontou a si mesmo – estar sempre a melhorar. E está mesmo. No plano táctico, continua exímio, apesar das consequências nefastas que isso traz para a espectacularidade de um jogo, mas é sobretudo ao nível da inteligência emocional que vai dando mostras de que é o melhor do mundo, com tudo o que isso engloba. O nível de gestão das emoções, quase sempre à flor da pele em jogos tão intensos e competitivos como os do futebol inglês, é quase perfeito, percebendo-se o dedo do Special One.

O Chelsea foi a equipa mais adulta da Premier League e o facto de ter passado a época toda na liderança é sintomático disso mesmo. Dominou o campeonato do princípio ao fim e não cabe na cabeça de ninguém outro justo vencedor desta edição do campeonato inglês.

Mourinho iguala Manuel José no número de títulos e passa a fazer-lhe companhia no topo da classificação de treinadores com mais conquistas somadas. Reafirmou-se como o melhor de sempre, entre os técnicos lusos. Tornou-se o campeão incontestável, tal como o Chelsea deste ano.

Entre as promessas da direcção e as promessas do treinador

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a norte de alvalade

De vez em quando é importante fazer uma pequena revisitação ao passado, especialmente quando as  épocas caminham para o seu final. Essa é talvez a melhor forma de percebermos o que aconteceu às promessas feitas e também o que aconteceu com as nossas próprias expectativas. É dessa retrospectiva que nasce o artigo de hoje.

As promessas da direcção

A nove de Abril do ano passado, Bruno de Carvalho prometia, à saída de um jantar com o “grupo parlamentar Sportinguista”, “mexidas cirúrgicas para a próxima época“. Um tema amplamente debatido já por ocasião da primeira época ao comando dos destinos do clube e que se tem mantido entre os assuntos mais polémicos.

Ora, a promessa de “mexidas cirúrgicas” saldou-se pela aquisição de André Geraldes, Nabby Sarr, Paulo Oliveira, Rabia, Jonathan Silva, Orioll Rosel, Ryan Gauld, Slavchev, Sacko e Tanaka, num total de dez jogadores. A estes somou-se uma única incorporação de um jogador oriundo da formação, João Mário. Tobias Figueiredo é chamado já numa segunda fase, para cobrir a saída de Maurício para Itália. Nani é de outro campeonato e por isso tem parágrafo à parte.

A ideia mais comum de “mexidas cirúrgicas” acabou suplantada por uma abundante intervenção. Porém, os resultados desta enxertia de novos órgãos estiveram longe de ser felizes, sendo notória a existência de um número muito razoável de rejeições ou nulo aproveitamento.

Vejamos: se a Gauld ninguém negará o talento, pode colocar-se a utilidade da sua contratação para um plantel onde já havia Medeiros e num clube que tem que administrar o dinheiro ao cêntimo. Mas, enfim, jogadores de talento têm sempre lugar e não podem ser considerados inutilidades ou muito menos maus investimentos. Ao central francês podemos juntar Rábia, Slavchev Sacko, que desperdiçaram todas as oportunidades concedidas para justificar a preferência. Geraldes não se percebe, e o exotismo de Tanaka não se traduz na qualidade que é exigível.

Mas mais importante parece-me a constatação de que, para um grande número de jogadores chegados o ano passado, já cá havia jogadores melhor habilitados para o desempenho das mesmas funções. As comparações foram feitas já várias vezes ao longo da época, pelo que é fastidioso repeti-las (André Geraldes/Esgaio/Cédric/Miguel Lopes – Sarr, Rabia/Tobias, Semedo, Reis – Slavchev/Wallyson, Sacko/Chaby, Podence, Martins, só para falar nos mais óbvios).

Paradoxalmente a direcção haveria de realizar de forma surpreendente aquilo que se pode considerar uma cirurgia de elevado acerto: Nani. O que é difícil de perceber aqui é o critério. Obviamente que não temos possibilidade de contratar jogadores de valia semelhante para a defesa, meio-campo e ataque. Mas parece acima de discussão que o critério que prevaleceu foi a da quantidade e não o da qualidade. Acontece que a segunda é indispensável para cumprir as promessas de “lutar pelo título” de podermos partir na tão famigerada “pole position“. Quer uma quer outra estiveram sempre muito longe de poder suceder.

Marco Silva fez algumas promessas do início do campeonato Fonte: Sporting CP
Marco Silva fez algumas promessas do início do campeonato
Fonte: Sporting CP

As promessas de Marco Silva

No dia da sua apresentação, Marco Silva proferiu uma afirmação que subentendia uma ideia base para o futebol que queria que a equipa praticasse:

«O Sporting tem de dominar os jogos, comandar em posse, procurar o golo sistematicamente. Ser uma equipa equilibrada mas ambiciosa, a querer vencer todos os jogos».

Não deixando de ser uma ideia genérica, também não deixava de ser apelativa, antes pelo contrário. Porém a sua colocação em prática teve vários engulhos, o que redundou em perda de pontos numa fase muito precoce da prova. Cedo se conseguiu vislumbrar que as dificuldades pela frente iam ser muitas, o que foi possível constatar ao fim de quatro jornadas.

No que diz respeito ao trabalho específico do treinador pode considerar-se como atenuante o facto de, pelo menos em hipótese, não estarem ainda devidamente interiorizadas as ideias preconizadas. No entanto, sem desculpas, a falha principal residiu sobretudo no equilíbrio. 

Geralmente a equipa, nos jogos domésticos, foi quase sempre ambiciosa, procurou dominar em posse e foi uma equipa com tendência atacante. No entanto aponto três falhas cruciais que contribuíram para resultados comprometedores:

1 – Sobretudo nas primeiras jornadas vimos uma equipa a subir no terreno, procurando pressionar alto e reduzir os espaços, sem contudo conseguir controlar o espaço sobrante nas suas costas. Tal falha deveu-se em grande parte à (i) qualidade dos intervenientes (Maurício e Sarr, sobretudo) e deficiente leitura de jogo que lhes permitisse antecipar os movimentos dos adversários, mas também (ii) às suas características, que os deixava em desvantagem em relação aos adversários mais velozes. Um treinador tem de perceber as limitações dos seus jogadores, de forma a, ao invés de as expor, lhes potenciar as qualidades.

Essa proposta parece ter sido progressivamente abandonada por Marco Silva, sendo notório nos últimos jogos uma linha mais descida. Esta mudança, conjugada com o facto de qualquer um dos defesas centrais actuais ser melhor do ponto de vista técnico, contribuiu para estabilizar o sector. Valha a verdade que ter que jogar com oito duplas de centrais diferentes deve ter constituído um sério obstáculo à consolidação de processos.

2 – Várias foram as vezes em que a equipa ficava desequilibrada e não sabia responder de forma adequada ao momento da perda da posse de bola. É verdade que o recomeço de William chegou a ser penoso, registando erros comprometedores e pouco habituais nele. A isto somaria muitos erros de Adrien em posse e de posicionamento. Aqui convém salientar que, com Marco Silva, a sua área de intervenção se alargou, o que não estou certo de que esteja de acordo com o que ele pode dar. 

3 – Várias vezes se falou na falta de jogo interior. Neste aspecto há que conceder que nenhuma equipa em Portugal tem o seu jogo atacante tão bem estruturado e é tão eficaz como o SLB. Por exemplo, quem tiver presente o primeiro golo deles no último jogo (Gil Vicente) percebe o que tento dizer. É nesse sentido que deveria crescer o nosso processo ofensivo, e isso depende muito do trabalho do treinador, da operacionalização do treino mas também muito da qualidade e talento individual dos jogadores. Ambas as condicionantes deveriam crescer para o Sporting poder estar à altura das suas ambições.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal