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Bayern 6-1 FC Porto: O fim do sonho!

tinta azul em fundo brando pedro nuno silva

O FC Porto está eliminado da Liga dos Campeões depois de um contundente 6-1 em terras alemãs. A equipa de Lopetegui foi incapaz de suster o ímpeto dos alemães, que foram aproveitando os erros da defensiva portista. É o fim do sonho azul e branco depois de bater num muro de realidade na Baviera.

Antes do jogo a surpresa era a inclusão de Reyes a lateral direito. Surpreendeu Lopetegui ao apostar no central, que não tem estado particularmente bem nos jogos efectuados esta época. Sem Alex Sandro e Danilo (que falta fizeram!) o Porto teria de mudar, mas Reyes e Indi, já se sabia, não dão a profundidade necessária à equipa portista. Guardiola apenas trocou Dante por Badstuber e, claro, a atitude da equipa. O FC Porto apresentou uma estretégia defensiva parecida com a da primeira mão, ao pressionar já perto da linha de meio-campo e de forma criteriosa – insuficiente, como se provou.

Os adeptos azuis e brancos foram à procura do sonho e encontraram um pesadelo  Fonte: Facebook do FC Porto
Os adeptos azuis e brancos foram à procura do sonho e encontraram um pesadelo
Fonte: Facebook do FC Porto

O jogo começou com um Porto a tentar suster a bola, mas rapidamente foi manietado por um Bayern super pressionante, muito rápido e agressivo sobre a bola e incrivelmente objectivo. Sem passear o tiki taka pelo campo, a equipa bávara fez um jogo de transições rápidas apanhando o Porto desposicionado e descompensado, mostrando todo o talento que reside em cada jogador da formação alemã. Para suster a desorientação, o Porto recorreu à falta nos primeiros minutos mas o jogo nunca arrefeceu e ao minuto 10’ Lewandowski levou a bola ao poste depois de uma defesa para a frente do guarda-redes portista. Adivinhava-se uma noite de muito sofrimento.

O primeiro golo do Bayern surgiu ainda cedo, aos 14’. O Porto seria, assim, incapaz de cumprir com os “vinte e tal” minutos necessários para dar confiança à equipa e para deixar o Bayern nervoso. Neste lance, Quaresma abandonou a marcação a Bernat, que cruzou sem oposição para o cabeçeamento de um Thiago Alcântara (que talento tem!) sem oposição digna desse nome. As tentativas de saída de bola do Porto foram sempre infrutíferas, sendo Brahimi o único a conseguir manter a posse de bola por alguns segundos; o problema é que na mesma ala não estava Alex Sandro mas sim Martins Indi.

Aos 22’, o segundo tento do Bayern de Munique. Canto marcado por Thiago Alcântara, Badstuber cabeceia dentro da área e Boateng volta a cabecear e a direcionar uma bola que calmamente seguiu o seu caminho para a baliza. Toda a defesa portuguesa estava a dormir e Fabiano, que mostrou mais uma vez que não é um guarda-redes do nível de que o Porto precisa, não teve rapidez para chegar à bola. A eliminatória estava agora nas mãos do Bayern e faltava jogar metade da primeira parte – muito cedo para o Porto esboçar uma resposta cabal; os alemães ainda estavam frescos e a ansiedade portista ainda não tinha passado… E não iria passar até ao intervalo. O terceiro golo alemão surgiu de uma jogada de enorme classe, digna de YouTube, em que numa transição rapidíssima a bola foi sorrindo enquanto circulava ao primeiro toque entre os jogadores bávaros. Mais uma vez o Porto foi incapaz de incomodar os jogadores alemães, que sentiam o receio e o nervosismo dos dragões. Nesta altura, a ideia de um resultado esmagador surgiu na cabeça de muitos portistas, apesar de estarmos a um golo de igualar a eliminatória.

A primeira parte correu de feição aos bávaros, que em poucos minutos arrumaram a eliminatória  Fonte: UEFA
A primeira parte correu de feição aos bávaros, que em poucos minutos arrumaram a eliminatória
Fonte: UEFA

Lopetegui pressentiu o que aí vinha e sabia da necessidade de incomodar os bávaros e tentar o golo se quisesse que o FC Porto tivesse ainda uma palavra a dizer – trocou Reyes (pouco fez) por Ricardo. Talvez tenha sido o reconhecer de um erro, já que Ricardo dá profundidade à equipa e até ver defensivamente não tem estado pior do que o mexicano. Os golos do Bayern continuavam a surgir e Müller (um provocador, este alemão), com a sorte de um desvio, fez o quarto para o Bayern; nada corria bem e os portistas eram incapazes de mudar a corrente do jogo. Aos 40 minutos, com o quinto tento dos bávaros, a tragédia assumia números embaraçosos – 5 golos em 25 minutos, onde já vimos este filme com os alemães?! A eliminatória parecia praticamente acabada e os jogadores completamente perdidos dentro de campo. Nunca o Porto conseguiu fazer uma jogada com princípio, meio e fim na primeira parte. Foi com alívio que se ouviu o árbitro apitar para o intervalo.

Uma primeira parte catastrófica dos dragões que esmagava qualquer coração portista e alegrava a maioria dos restantes corações portugueses, que, desprovidos de equipa nos quartos-de-final, se alapavam aos alemães como se pôde comprovar nas redes sociais. O que iria fazer e dizer Lopetegui perante tal cenário? O que disse não sei, mas o que fez até que não foi mau.

Os azuis e brancos mudaram de estratégia de jogo na segunda parte. Lopetegui tirou Quaresma (inconsequente) e fez entrar Ruben Neves, alterando a táctica para um 3-5-2, com Casemiro ao lado de Maicon e Marcano, e com Brahimi no ataque junto a Jackson Martinez.

Ao intervalo, Lopetegui mudou a estratégia e os dragões melhoraram  Fonte: UEFA
Ao intervalo, Lopetegui mudou a estratégia e os dragões melhoraram
Fonte: UEFA

O Porto melhorou, pois conseguiu povoar o meio-campo; o Bayern estava mais relaxado, o que também deu alguma calma aos jogadores portistas. Notou-se a diferença no povoamento do miolo do terreno – já havia alguém a quem passar e os dragões começaram a ter mais bola e a atacar, embora sempre de forma tímida, dada a intensa e agressiva pressão do Bayern. Ruben Neves passou a ser o motor do meio-campo e libertou também Oliver Torres, que ia tentando circular a bola como podia. O objectivo era sempre o mesmo – colocar a bola em Jackson Martinez. O colombiano foi enorme neste jogo e parecia um oásis no meio da mediocridade. Aos 67’, saiu Brahimi e entrou Evandro – o Porto estava agora sem alas e sem laterais de raíz (Ricardo ainda é um hibrido entre extremo e lateral), mas com muitos médios.

Aos 73’, alegria no jogo e retorno de alguma esperança aos portistas – Ricardo em mais uma boa subida (nem sempre com perigo mas com bastante vontade) cruzou e o inevitável Jackson marcou. Na cabeça de qualquer adepto (portistas e restantes, com sentimentos opostos) surgiu esse grande jogador, o “se”. “Se o jogo estivesse 4-1 bastava um golo, se marcarmos outro agora ainda podemos marcar o terceiro num lance qualquer”. Pois, mas o “se” também não apareceu em campo e apesar das várias tentativas os azuis e brancos nunca foram muito consequentes. Na frente continuava um Jackson com queixas e muito fatigado depois de um jogo de luta constante mas que ainda teve forças para rematar a rasar o poste de Neuer.

Jackson, o capitão do FC Porto, deu tudo pela equipa - foi o único portista a rematar durante todo o jogo  Fonte: UEFA
Jackson, o capitão do FC Porto, deu tudo pela equipa – foi o único portista a rematar durante todo o jogo
Fonte: UEFA

Aos 88’ a pedra sobre o resultado (se é que ainda não estava). Marcano culminou com um péssimo jogo com uma expulsão e Xabi Alonso marcou de livre directo. O 1,97m de Fabiano foram insuficientes para chegar à bola.

O jogo terminou logo de seguida – a melhor equipa passou. O talento do Bayern de Munique é enorme, a primeira parte foi esmagadora e nota-se que há uma grande barreira a ultrapassar no Allienz Arena – a psicológica. O Porto perdeu o norte porque desde cedo acumulou erros defensivos e o medo apoderou-se dos jogadores. O facto de não ter conseguido ter profundidade também ajudou ao sufoco. Do jogo também fica que a abordagem táctica devia ter sido outra mas, ilibando Julem Lopetegui, são jogos dificeis de prever. Que falta fizeram Alex Sandro, Danilo e Tello! Quanto às ausências do Bayern, talvez até tivesse sido melhor para o Porto ter tido um Robben egoísta do que esta máquina de futebol colectivo. São, provavelmente, a melhor equipa do mundo.

O resultado foi esmagador mas o nosso percurso na Liga dos Campeões não envergonha ninguém – o sonho foi bonito mas o acordar foi duro. Sem transformar o nosso percurso numa vitória moral, os adeptos foram ganhando a cada dia. O sorriso e a felicidade de quem ousa fazer o grande será sempre mais brilhante do que quem nem chega a ousar. Agora o mais importante é recuperar física mas principalmente psicologicamente a equipa para a Luz – ainda há um campeonato para ganhar. Aos meus amigos portistas e aos outros: só sofre grandes derrotas quem está presente em grandes batalhas!

 

A Figura

Jackson Martinez – curvo-me perante o esforço e a dedicação que o colombiano teve neste jogo. Um talento que provavelmente não poderemos apreciar durante muito mais tempo.

O Fora-de-Jogo

Marcano – escolho Marcano, que acabou expulso, mas podia ser a defensiva toda. Erros atrás de erros, tremideira, confusão. Claudicaram desde o inicio e o jogo ficou marcado pelas suas falhas.

Foto de Capa: Facebook do FC Porto

 

UFC Fight Night: Machida vs Rockhold – Rockhold ou Jacaré?

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cabeçalho ufc

Poucos fizeram aquilo que Rockhold fez sábado passado. Lyoto Machida, antigo campeão da categoria de Peso Médio-Pesado, foi dominado por completo. Se isso não parece nada de transcendente, recorde-se: Machida já lutou com os campeões Jon Jones e, mais recentemente, Chris Weidman. Se perdeu? Sim. Se foi dominado? Nunca de forma contundente. Machida sempre foi um mestre em frustrar o adversário e  em atraí-lo para uma armadilha, anulando assim o seu plano de jogo.

Rockhold chegou, imprimiu o seu jogo no combate sem grande dificuldade, fez Machida, que é faixa preta em Jiu Jitsu, parecer um amador no jogo de chão, e venceu. A descrição simplista com que refiro o processo é um retrato fiel do combate, que será analisado ao pormenor mais adiante.

Se o evento da semana passada, encabeçado por Cro Cop e Gonzaga, deixou bastante a desejar, o de esta semana foi uma verdadeira alegria de se ver, com combates empolgantes e que, de facto, têm interesse no panorama geral da UFC.

E, de facto, não havia melhor forma de dar começo ao cartaz principal: a controversa Paige VanZant e Felice Herrig protagonizaram um excelente combate, mais a primeira do que a segunda. VanZant estava sob o escrutínio de jornalistas, fãs e até mesmo lutadores, após ter suplantado muitas outras lutadoras, mais experientes e com melhor recorde de vitórias, por um contrato com a Reebok, patrocinadora oficial da UFC.

VanZant apenas tinha uma luta na promotora, cinco em toda a carreira, ostentando um recorde de quatro vitórias e uma derrota, pelo que muitos ficaram com a impressão de que apenas o conseguira por ter bom aspecto. Pois bem, VanZant desfez todas as críticas com um combate brilhante e uma vitória assertiva. Dominou as três rondas, do início ao fim, sem aparentes dificuldades, castigando Herrig maioritariamente no chão, via ground and pound, terminando todas as rondas desta forma.

Herrig ainda fez algumas tentativas de submissão, mas nunca pôs VanZant em perigo, limitando-se mesmo a aguentar as pancadas da jovem de 21 anos, que visivelmente lhe causou grande fadiga com o seu estilo frenético. No final poucas dúvidas restavam de que Paige VanZant é um caso sério na categoria feminina de Peso Palha.

Resta saber se a UFC vai lança-la já para um combate com a campeã Joanna Jedrzejczyk – o que seria um erro, pois VanZant ainda não está ao nível da campeã, apesar de valer muito enquanto “produto” – ou se vai ter paciência e coloca-la gradualmente em combates mais difíceis, esperando assim que esta se desenvolva. Esta seria, à partida, a decisão mais sensata. Independentemente da escolha, VanZant é jovem e tem um futuro brilhante pela frente. Espera-se mais do mesmo.

O segundo combate não ficou atrás do que lhe antecedeu. Sobre este podemos retirar uma conclusão: Max Holloway é um caso (muito) sério. Desde as duas derrotas seguidas em 2013, com Dennis Bermudez e Connor McGregor, que tem sido sempre a subir para o havaiano. O combate contra Cub Swanson, à data o número 5 do ranking de Peso Pena, traduziu-se em vitória – a maior da sua jovem carreira.

O domínio contra um dos mais temíveis strikers da divisão foi avassalador e afastou-o do estatuto de promessa para o de (quase) confirmação. Se a primeira ronda teve um Swanson mais à imagem de si mesmo – a bater forte -, as restantes duas foram um retrato pouco fiel daquilo que tem sido a sua carreira, muito por mérito do adversário.

A guilhotina que deu a vitória a Max Holloway (calções azuis) e, efectivamente, o catapultou para um lugar de verdadeiro destaque na divisão de Peso Pena Fonte: UFC
A guilhotina que deu a vitória a Max Holloway (calções azuis) e, efectivamente, o catapultou para um lugar de verdadeiro destaque na divisão de Peso Pena
Fonte: UFC

A segunda ronda terminou com uma forte mão por parte de Holloway, que se fez sentir em Swanson. À entrada para a terceira isso notou-se: Holloway entrou com uma boa investida e era agora mais capaz de conectar golpes em Swanson. O início do fim deu-se com um pontapé forte ao corpo de Swanson, que o deixou abalado. Após uma tentativa de submissão por parte de Holloway, os lutadores levantaram-se, só para mais tarde o havaiano acertar em Swanson com uma boa sequência, que lhe criou espaço para fechar uma guilhotina, responsável pela derrota do veterano.

A vitória catapultou-o nos rankings e cria um panorama interessante de possíveis combates: provavelmente enfrentará Ricardo Lamas, que recentemente perdeu contra Chad Mendes. Se vencer estará muito próximo de lutar pelo título, que, se tiver como dono Conor McGregor, que irá tentar tirá-lo de José Aldo, será uma das mais interessantes desforras dos últimos tempos na UFC.

O co-evento principal deste Fight Night deixou um sabor agridoce. Não foi, de todo, um combate mau. Longe disso, até. No entanto, Ronaldo “Jacaré” Souza tinha como original adversário Yoel Romero, que se lesionou na semana anterior ao evento. Chris Camozzi – que foi vencido por “Jacaré” na estreia deste na UFC e acabou dispensado após ter perdido quatro combates de seguida – assinou com a promotora apenas para substituir Romero. O estatuto de ambos os lutadores é bastante diferente, pelo que “Jacaré”, ganhasse ou perdesse, daria sempre um passo atrás.

O combate, esse, não tem muito que se lhe diga: entrada de Jacaré, Camozzi fecha a guarda, Jacaré passa a guarda, fica nos cem quilos e de seguida nas costas. Camozzi tenta inverter, deixa o braço, Jacaré fecha armlock e Camozzi desiste verbalmente. Dois minutos e meio de combate nos quais Jacaré nem suou, apenas cumpriu calendário. Tivesse esta vitória sido contra Yoel Romero e certamente Jacaré Souza estaria na liderança por uma luta pelo título de Peso Médio. Mas Luke Rockhold aproveitou esta ocasião e fez o seu trabalho.

Parece comum, ultimamente, dizer que lutador X ou Y fez a luta da sua carreira. Apesar de Rockhold já ter sido campeão da Strikeforce (título que venceu contra Jacaré Souza) esta foi, verdadeiramente, até ao momento, a luta da sua carreira.

O domínio sobre Lyoto Machida e a sensação de impotência que este nos transmitia devem-se inteiramente ao mérito de Rockhold e não ao demérito do brasileiro. O início do fim do brasileiro deu-se com uma forte direita de Rockhold, que o abalou. A partir daí foi one-man show: Rockhold anulava todas as tentativas de ganhar posição vantajosa de Machida, passando com relativa facilidade dos cem quilos para as costas, para a pressão na rede, para as costas, e assim sucessivamente. Rockhold fazia o que queria, castigava Machida através de ground and pound e tentava submissões com relativa facilidade, com destaque para um Mata-Leão no final da primeira ronda.

Rockhold (calções pretos) banalizou Machida em todas as fases da luta, levando a luta para onde queria, quando queria, como queria. A vitória lança-o para ao título Fonte: UFC
Rockhold (calções pretos) banalizou Machida em todas as fases da luta, levando a luta para onde queria, quando queria, como queria. A vitória lança-o para ao título
Fonte: UFC

A campainha salvou o antigo campeão de Peso Meio-Pesado no primeiro assalto, mas o mesmo não aconteceria no segundo assalto. Rockhold entrou com noção do estado de Machida, que no final da primeira ronda, à ida para o canto, não tinha noção do espaço e do que se tinha passado. Posto isto, Rockhold castigou-o desde o início, com bons pontapés ao corpo. Machida ainda não estava recuperado do castigo da primeira ronda, pelo que com uma direita e, literalmente, um empurrão foi ao chão, dando as costas a Rockhold, como forma de se defender, o que permitiu ao californiano fechar novamente um Mata-Leão, desta vez com sucesso.

Rockhold banalizou Machida e catapultou-se para um combate pelo título. “Eu fiz a minha parte. Weidman, vai fazer a tua”, disse Rockhold. Se para Jacaré este Fight Night foi uma lose-lose situation, para Rockhold foi precisamente o contrário: se no confronto entre o campeão Weidman e Belfort ganhar Weidman, antevê-se um combate em Madison Square Garden, o primeiro da história da UFC em Nova Iorque (este estado não considera legal o desporto de MMA); se Vitor Belfort vencer, antevê-se uma desforra para Rockhold contra a única mancha no seu currículo na UFC. Independentemente do resultado e da escolha do candidato, seja Jacaré ou Rockhold, a divisão de Middleweight está bem entregue.

Foto de Capa: UFC

Em defesa de Pep Guardiola

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Antes de mais, e para que não restem dúvidas, quero esclarecer que sou um admirador do trabalho que Pep Guardiola tem vindo a desenvolver ao longo da sua carreira, quer no Barcelona, quer agora no Bayern.

Após o jogo no Dragão, em que o Porto venceu, e bem, por 3-1, muito se tem escrito sobre o trabalho, bom ou mau, dependente das perspetivas, que o treinador espanhol está a realizar à frente do colosso alemão.

Pois bem, vamos então aos factos: desde que assumiu o cargo, Guardiola tem 74,3% de vitórias, 16,5% de empates e 9,2% de derrotas; é certo que, e tendo em conta a dimensão e o domínio interno do Bayern, estes números são uma obrigação. Relativamente a títulos, o Bayern foi campeão na temporada passada – e diga-se que, apesar da já referida obrigação, fê-lo com bastante autoridade – e na actual temporada para lá se encaminha. Guardiola juntou também ao título de campeão alemão a conquista da taça da Alemanha.

A derrota na meia-final da Liga dos Campeões com o Real Madrid, que posteriormente viria a triunfar na Liga dos Campeões, é, até agora, a grande derrota do espanhol. Contudo, e a este respeito, gostava de referir que se existe equipa capaz de bater o Bayern de Guardiola essa equipa é o Real Madrid; o jogo em posse dos Alemães, com uma linha defensiva bastante subida no terreno, encaixa na perfeição nas transições ofensivas dos espanhóis; prova disso mesmo são os 4-0 da segunda mão na Alemanha.

Feita esta pequena análise da temporada transata, gostaria agora de destacar aquelas que, na minha opinião, são as grandes lacunas deste Bayern. Não existem – desenganem-se os que pensam o contrário – modelos/ideias de jogo perfeitos.

O jogo em posse que Guardiola pretende, aliado, quase de forma obrigatória, a uma pressão estendida a todo o terreno, não permite que se cometam erros, por exemplo, como os que Dante, Boateng e Xabi Alonso cometeram no dragão – o próprio Guardiola já o reconheceu.

Trocado por miúdos: uma perda de bola na fase inicial de construção é a morte do artista. Ora, esta lacuna fica ainda mais exposta quando os centrais, que, na equipa de Guardiola, são quem inicia o processo ofensivo, são bastante fracos; Dante, Boateng e/ou Benatia, e aqui a culpa é inteiramente do treinador espanhol, visto que foi ele que os escolheu, não tem as características necessárias para jogarem neste Bayern.

Guardiola tem um desafio dificil frente ao Porto Fonte: Facebook do Bayern de Munique
Guardiola tem um desafio difícil frente ao Porto
Fonte: Facebook do Bayern de Munique

Outro dos grandes problemas com que Pep se tem deparado, e talvez aqui fique explicada a irritação para com a equipa médica, e a consequente demissão da mesma, é a falta de largura do jogo dos alemães. Posto isto, e penso que será unânime, Ribery e Robben são os únicos jogadores capazes de emprestarem essa mesma largura. Como anteriormente já foi referido, se há críticas que possam ser feitas a Guardiola – e é certo que há – a responsabilidade é inteiramente de Guardiola. O anterior treinador do Barcelona é responsável pela construção do plantel, logo – e é certo e sabido que o Francês e o Holandês têm bastantes problemas físicos – deveria ter acautelado esta situação.

Outro dos pontos essenciais que temos de ter em mente quando fazemos uma análise do trabalho de Guardiola, e é este ponto que a grande maioria das pessoas não consegue entender, é o porquê da contratação do espanhol. É importante recordar que os alemães na temporada anterior à chegada de Guardiola tinham ganhado tudo o que havia para ganhar.

Contudo, os responsáveis do Bayern, e mesmo tendo em linha de conta que Jupp Heynckes já tinha anunciado que iria abandonar o comando técnico dos Alemães, independentemente do desfecho da temporada, queriam marcar a história do futebol mundial, não só pela conquista de títulos, mas também pelo estilo de futebol que a equipa pratica. Compreendo que – e inclusive eu próprio – a maioria dos amantes do desporto-rei tenha alguma dificuldade em acompanhar tal linha de pensamento. Todavia – e a verdade é que o Barcelona de Guardiola já ficou na história – gostando-se ou não, faz sentido que o Bayern tenha semelhantes objetivos.

O jogo da passada quarta-feira frente ao Futebol Clube do Porto, de resto, como já tinha acontecido contra o Wolfsburgo, e sem querer tirar qualquer mérito aos comandados por Lopetegui – porque o tem -, é o espelho das fragilidades do Bayern. As ausências de Robben, Ribery e Alaba – pelo menos para mim – são as que causam mais dores de cabeça a Guardiola e contribuíram, sem qualquer margem para dúvidas, para o desfecho da partida. Em abono da verdade, será indispensável referir que o Porto (versão Liga dos Campeões) não é uma equipa qualquer, longe disso.

Posto isto, e tentando perceber aquilo que se vai passar na próxima terça-feira, penso que será bastante difícil ao Porto conseguir manter a vantagem conquistada em solo português. Não digo isto por ser um amante do trabalho de Guardiola, até porque, antes de algo mais, sou Português e, consequentemente, desejo a vitória do Futebol Clube do Porto. No entanto, existem alguns factores que, a meu ver, farão desequilibrar a eliminatória: as ausências de Danilo e Alex Sandro, os prováveis regressos de Robben e Ribery, ou pelo menos de um deles, e ainda o facto de os alemães já estarem alertados para a qualidade da equipa do Porto.

Relativamente a Danilo e Alex Sandro, penso que a privação de ambos se fará sentir sobretudo no processo ofensivo. Os laterais Brasileiros seriam importantíssimos para esticar o jogo portista – processo que vai ter de fazer, de outra forma acabará por sair goleado da Alemanha. No que diz respeito aos possíveis regressos de Ribéry e Robben, vêm colmatar – como já aqui foi referido – uma das grandes lacunas do Bayern: a falta de largura da equipa de Guardiola, principalmente quando algum destes dois não está presente.

Em jeito de conclusão, e desejando os mais sinceros votos de sucesso ao Futebol Clube do Porto, prevejo que o Bayern acabe por conseguir a qualificação para a próxima fase. A equipa de Guardiola, apesar das lacunas que tem, é, em condições normais, a equipa mais forte. O futuro de Guardiola? Pois bem, apesar do próprio já ter vindo a público afirmar que na próxima época continuará no comando técnico dos alemães, penso que estará muito em jogo na próxima terça-feira. Caso seja eliminado, penso que a conquista de campeonatos alemães, com toda a autoridade que possa ter, não será suficiente para a continuidade do treinador espanhol no Bayern.

 Foto de capa: Facebook do Bayern de Munique

A arte de jogar com uma só mão

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Não passem a bola com uma só mão”, afirmam os treinadores designados de puristas do basquetebol, para quem a modalidade estava bem melhor no passado, quando se ensinavam os fundamentos do jogo.

Embora eu não esteja em completo desacordo com o conceito anterior – já que não sou, de todo, adepto dos passes com uma mão e, inclusive, nos cursos de treinador dizia frequentemente: “não é possível jogar só com uma mão” reconheço, contudo, que estava enganado e tenho de ter algum cuidado para não limitar o pensamento, de forma a entender o jogo atual.

O mítico Coach John Wooden, nos seus múltiplos escritos, dá um contributo que pode ajudar a entender a introdução deste passe na atualidade: “O que conta é o que tu aprendes depois de saberes tudo”, afirma. Relativamente à denominada arte de passar a bola, temos de fazer o mesmo, procurando encontrar razões que justifiquem uma ação mais arriscada com uma só mão.

Para melhorar as competências e ganhar mais confiança devemos seguir a velha regra dos treinadores: quanto mais difícil e exigente é o treino mais fácil será o jogo. Assim, todos devem treinar tal fundamento.

Se no treino os jogadores conseguem passar na sequência do drible (pass off the drible) com uma só mão e com precisão, no jogo vão conseguir passar com as duas, ou só com uma, porque estão confiantes.

O passe fundamental continua, na minha opinião, a ser efetuado com as duas mãos; mas da mesma forma que, por vezes, é necessário fazer um passe por trás das costas, ou um lançamento mais imaginativo e desequilibrado com o cesto, também algumas vezes é necessário fazer uma passe com uma mão, para fazer chegar a bola em boas condições ao lançador.

Os jogadores têm pouco espaço e um tempo curto para tomarem boas decisões. Com a linha de passe fechada, muitas vezes não é possível passar com as duas mãos. Para ganhar uma fração de segundo e ser mais rápido do que o defensor, usamos apenas uma das mãos. Os jogadores que no basquetebol atual não dominam este fundamento ficam limitados nas suas ações.

Claro está que se o passe com uma mão é apenas uma moda e apenas usado sem critério, em detrimento dos passes clássicos, o resultado são constantes perdas de bola, como é frequente acontecer.

Okafor com mãos muito grandes…

O jovem poste Jahlil Okafor (Duke), que recentemente se sagrou campeão da NCAA – e provável nº1 do Draft para a NBA – mostrou ao longo desta época uma habilidade única: quando sujeito a marcações duplas (trap) conseguiu quase sempre descobrir companheiros livres graças a sua capacidade de passar a bola com uma só mão.

“Ele pode e quer passar a bola com uma só mão”, disse o treinador Mike Krzyzewski. “Toma sempre boas decisões. Os companheiros, no exterior, só têm de ocupar os lugares certos para receberem e lançarem sem oposição”

As mãos de OKafor são mesmo muito grandes: 28,58 cm; o tamanho médio para o homem normal é de 19 cm Fonte: DraftExpress
As mãos de OKafor são mesmo muito grandes: 28,58 cm; o tamanho médio para o homem normal é de 19 cm
Fonte: DraftExpress

Com mãos muito grandes, o poste de Duke, movido pelos fundamentos do basquetebol, tem múltiplas vantagens, nomeadamente no passe.

Imparável perto do cesto no jogo de 1×1, foi ao longo de toda a época sujeito a marcações cerradas por parte de todos os adversários. Quase sempre tinha uma marcação dupla (trap) quando recebia a bola e pretendia atacar o cesto.

A solução que os treinadores de Duke descobriram para contrariar a estratégia defensiva levou em linha de conta as características morfológicas do poste. Passaram mesmo a incentivar o atleta a passar a bola aos companheiros com uma só mão. O facto de não ser egoísta e ter habilidade na arte de passar facilitou em muito a tarefa e permitiu à equipa marcar muitos cestos fáceis.

Alguns treinadores, mais conservadores, criticaram este tipo de passe. O treinador adjunto de Duke, Jeff Capel, defendeu esta opção: “Com umas mãos assim tão grandes por que razão não pode passar com uma só? Ele consegue isso com muita facilidade.”

Tudo isto em mim é natural. Agarrar a bola só com uma mão é fácil e nem tenho de treinar”, confirmou o jovem.

Com este novo argumento técnico, o double-team perdeu muito da sua eficácia. Okafor conseguiu, assim, aumentar o campo de ação e quase sempre descobrir, no lado contrário, jogadores sem oposição.

Com uma só mão Okafor consegue ver melhor o campo ao mesmo tempo que consegue manter a bola afastada do defesa direto enquanto toma a decisão de passar. Como é destro, esta ação fica ainda mais eficaz se for realizada do lado esquerdo do ataque, com o poste de costas para a linha final.

No início estranhávamos e ficávamos todos a olhar para ele”, disse Amile Jefferson. “Ele sabia que quando o defendiam dessa forma o único passe disponível era o passe longo a atravessar a zona. Mas muitas vezes não funcionava porque não nos mexíamos e estávamos muito afastados da bola”.

A equipa teve, então, de aprender a cortar para o cesto com movimento constante dos jogadores, em vez de ficarem todos parados a ver o que fazia Okafor com uma só mão. A solução estava encontrada e os adversários já não sabiam quem defender.

Os bases de Duke ao longo da competição procuraram muitas vezes encontrar as linhas de passe para o ponto de apoio mais forte da equipa, jogando com o conceito elementar de bola dentro/bola fora.

Os números finais não mentem e mostram a eficácia do passador (com uma só mão) e dos lançadores: Duke ganhou o campeonato, Okafor conseguiu realizar um total de 49 assistências e os bases Quinn Cook (15,3 pontos por jogo), Tyus Jones (11,8) e Justise Winslow (12,6) revelaram pontaria afinada.

Gonçalo, o melhor passador…

A jogar, e bem, só com uma mão temos no nosso basquetebol nacional o Jovem Gonçalo Tomaz. Nasceu sem o braço esquerdo mas não tem problemas de integração na modalidade.

Gonçalo Tomaz, agora com 14 anos, nasceu sem o membro superior esquerdo mas tal não o impediu de ter uma vida igual a todos os outros jovens, com o desporto a ter papel de relevo.

O primo jogava basquetebol, tal como pai. Depois de ter participado numa actividade escolar nunca mais largou a modalidade, jogando atualmente na equipa de Cadetes do Desportivo da Povoa, treinada pelo meu amigo António Santos. “Ele é capaz de tudo, passa a bola por trás das costas, por entre as pernas, marca triplos, ganha ressaltos e até desarma lançamentos. No contra ataque é o melhor passador”, afirma o treinador.

Na equipa joga como qualquer um dos outros  Foto: MaisDesporto
Na equipa joga como qualquer um dos outros
Foto: MaisDesporto

Desde que entrei para o basquetebol que a paixão foi crescendo”, revelou o jovem no momento em que contou aos pais que queria praticar esta modalidade. “Quando disse em casa que queria jogar basquetebol incentivaram-me e foram ver um jogo. Perceberam que tinha jeito e sempre me apoiaram”, confessa.

Top 10 – Grandes eliminatórias europeias do Milénio

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Prestes a iniciar-se a segunda mão do confronto entre FC Porto e Bayern de Munique, onde os portugueses estão em vantagem, convém lembrar que as equipas portuguesas, ao longo do actual milénio, foram inúmeras vezes capazes de se transcender e de tornar épica e triunfante uma eliminatória que muitos viram à partida como perdida.

Com isso em mente, convido-vos a fazer uma viagem por aquelas que considero terem sido as dez mais épicas eliminatórias de clubes portugueses nas provas da UEFA desde 2000/01, não me responsabilizando, desde já, por previsíveis ataques de nostalgia…

10.º – Newcastle United vs Sporting (1-0 e 1-4) – Quartos de Final da Taça UEFA – 2004/05

Na épica campanha leonina na Taça UEFA 2004/05, que apenas terminou na final, em pleno Alvalade XXI, com uma derrota de má memória com o CSKA Moscovo (1-3), existiram vários momentos capazes de deixar os adeptos verde-e-brancos com um sorriso no rosto; mas, se o golo salvador de Miguel Garcia, nos descontos do prolongamento com o AZ, será sempre o mais lembrado, a verdade é que a eliminatória com o Newcastle United acabou por representar talvez o momento de maior superação leonina. Afinal, depois de perder 1-0 em Inglaterra e de estar a perder por 1-0 em casa, o Sporting foi capaz de dar a volta ao texto (leia-se eliminatória), vencendo por 4-1, com golos de Niculae, Sá Pinto, Beto e Rochemback..

 9.º FC Porto vs Lazio (4-1 e 0-0) – Meias-Finais da Taça UEFA – 2002/03

No percurso azul-e-branco na Taça UEFA 2002/03, que terminou com a conquista da competição numa emocionante final diante dos escoceses do Celtic (3-2), tornou-se inesquecível a meia-final diante da Lazio, quando o demolidor FC Porto de José Mourinho resolveu a eliminatória com a poderosa equipa italiana logo no duelo da 1.ª mão, em casa, respondendo a um golo madrugador de Cláudio López com um vendaval de futebol ofensivo e um 4-1 materializado pelos golos de Maniche, Derlei (2) e Hélder Postiga.

 8.º Nacional vs Zenit (4-3 e 1-1) – Playoff da Liga Europa – 2009/10

Na temporada 2009/10, o Nacional tornou-se na primeira equipa madeirense a disputar a fase de grupos da Liga Europa, isto depois de uma inesquecível eliminatória diante do Zenit. Afinal, depois de um disputadíssimo jogo na Choupana, culminado com uma magra mas saborosa vitória insular por 4-3, o Nacional viajou para São Petersburgo com a consciência das dificuldades que iria encontrar e com a maioria da crítica a prever o apuramento russo. Para a história, contudo, ficou um jogo épico do Nacional, em que o mesmo resistiu inclusivamente a um golo fantasma de Tekke, acabando por conseguir o apuramento com o empate (1-1) obtido a um minuto do fim com uma cabeçada vitoriosa de Rúben Micael.

 7.º SC Braga vs Sevilha (1-0 e 4-3) – Playoff da Liga dos Campeões – 2010/11

A primeira participação do Sporting de Braga numa fase de grupos da Liga dos Campeões ficou marcada por uma manifestação de surpreendente superioridade arsenalista no playoff de apuramento, diante do favorito Sevilha. Afinal, depois de terem ganho por 1-0 na Pedreira, os bracarenses foram ao Sánchez Pizjuan fazer uma partida de sonho, acabando por ganhar aos andaluzes por 4-3, fruto de tento de Matheus e hat-trick de Lima.

 6.º Paris SG vs Boavista (2-1 e 0-1) – 3.ª eliminatória da Taça UEFA – 2002/03

Depois de eliminar os israelitas do Maccabi Telavive e os cipriotas do Anorthosis Famagusta, o Boavista parecia ver a sua campanha na Taça UEFA 2002/03 condenada a terminar na eliminatória seguinte, diante do poderoso Paris Saint-Germain, clube onde pontificavam, entre outras, figuras como Ronaldinho Gaúcho ou Gabriel Heinze. O certo, contudo, é que a guerreira equipa de Jaime Pacheco conseguiu sair do Parque dos Príncipes com uma magra derrota por 2-1 e, depois, no Bessa, superou a mesma equipa gaulesa com uma grande penalidade do “pistoleiro” Elpídeo Silva. Em suma, apuramento axadrezado e um trampolim para um fantástico percurso que apenas terminaria nas meias-finais, diante do Celtic.

 5.º Benfica vs Juventus (2-1 e 0-0) – Meias-finais da Liga Europa – 2013/14

O último obstáculo do Benfica para estar presente na sua segunda final consecutiva da Liga Europa era a poderosa Juventus: clara dominadora do futebol italiano nos últimos anos, tinha a motivação suprema de disputar a final da competição no seu próprio estádio. A verdade, contudo, é que toda a crença da “Vecchia Signora” acabou por esbarrar num personalizado Benfica, que venceu por 2-1 na Luz, e, depois, em Turim, rubricou uma exibição que mesclou capacidade de entreajuda e sacrifício (principalmente após a expulsão de Enzo Pérez) e uma excelente actuação de Jan Oblak, guarda-redes esloveno que foi fulcral no assegurar do nulo e consequente apuramento.

 4.º SC Braga vs Liverpool (1-0 e 0-0) – Oitavos de Final da Liga Europa – 2010/11

A excelente campanha do Sporting de Braga na Liga Europa 2010/11, que apenas terminou com uma derrota na final, diante do FC Porto (0-1), teve como um dos momentos mais épicos a eliminatória diante do Liverpool, nos oitavos de final, quando os arsenalistas superaram o histórico emblema inglês com um triunfo caseiro por 1-0 (golo de penálti de Alan) e um empate (0-0) em Anfield Road, num jogo em que Artur Moraes esteve imperial na baliza minhota.

 3.º Benfica vs Liverpool (1-0 e 2-0) – Oitavos de Final da Liga dos Campeões – 2005/06

O irregular Benfica de Ronald Koeman teve momentos capazes de dar um ataque de nervos ao mais pacato adepto encarnado, mas também teve outros que encheram a família benfiquista de orgulho, sendo talvez o exemplo mais emblemático a eliminatória europeia diante do Liverpool. Afinal, em plenos oitavos de final da “Champions”, e diante do detentor da prova, o Benfica fez duas partidas absolutamente fantásticas, vencendo na Luz por 1-0 (golo de Luisão) e repetindo o feito em Anfield Road, desta feita, por 2-0, com golaços de Simão e Miccoli.

 2.º FC Porto vs Manchester United (2-1 e 1-1) – ‘Oitavos’ da Liga dos Campeões – 2003/04

Depois de ter conquistado a Taça UEFA em 2002/03, o FC Porto de José Mourinho haveria de vencer a Liga dos Campeões na temporada seguinte, num percurso que teve como obstáculo mais espinhoso o Manchester United de Alex Ferguson, nos oitavos de final. Foi uma eliminatória disputada ao centímetro, com os azuis-e-brancos a vencerem por 2-1 no Dragão com bis de McCarthy e, depois, em Old Trafford, a empatarem a uma bola, num jogo em que, lembre-se, o golo salvador de Costinha surgiu nos últimos instantes, e a merecer corrida desenfreada e vitoriosa do “Special One“.

 1.º Sporting vs Manchester City (1-0 e 2-3) – Oitavos de Final da Liga Europa – 2011/12

Talvez picados pelas declarações de Edin Dzeko, que assumiu que não conhecia nenhum jogador do Sporting, os verde-e-brancos tiveram talvez a maior manifestação de superação da sua história ao ultrapassarem o poderoso Manchester City nos oitavos de final da Liga Europa 2011/12. Afinal, diante de uma equipa que haveria de ser campeã inglesa, o Sporting fez 150 minutos de sonho, vencendo por 1-0 em Alvalade (o mítico calcanhar de Xandão) e chegando mesmo ao 2-0 em Inglaterra, com tentos de Matías Fernández e Ricky van Wolfswinkel. Depois, na última meia-hora, os “citizens” ainda acordaram e chegaram mesmo ao 3-2, resultado ainda assim insuficiente para frustrar o histórico apuramento leonino.

Foto de Capa: UEFA Champions League

O futebol no seu esplendor, dividido em duas eliminatórias

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eternamocidade

Descrito como o jogo mais popular do mundo, o futebol é muito mais do que simples 90 minutos. Ser adepto de um clube é muito mais do que apoiar um clube uma vez por semana. Como no desporto em geral, o futebol é sobretudo emoções. De um momento para o outro, num lance de génio ou num erro defensivo, aquilo que poderia ser um fracasso transforma-se em ouro. Por outras palavras, o futebol é possivelmente o jogo em que mais rapidamente um vilão se transforma num herói e vice-versa. Por tudo isto, não raras vezes ouvimos aquela expressão que diz que “o futebol é o momento”. Dividida em duas batalhas diferentes, em Munique e em Lisboa, nada melhor do que uma semana como esta para o FC Porto perceber tudo isto.

A última semana trouxe aos adeptos portistas uma das maiores alegrias dos últimos tempos. A vitória frente ao Bayern revelou um FC Porto pujante, com dimensão europeia e sobretudo com traços de equipa de topo na Europa. Com uma exibição dominadora, agressiva, sufocante e eficaz, os 3-1 ao Bayern de Munique fizeram os portistas acreditar que o sonho europeu voltou aos corredores do Dragão. Numa época como esta, com um treinador completamente inexperiente a nível de clubes e com um plantel com 16 jogadores novos, poucos seriam os que apostavam numa tão brilhante prestação na Liga dos Campeões. Mesmo não tendo apanhado, até ao confronto com os bávaros, equipas de topo do futebol europeu, ao longo da competição fomos percebendo que a Champions se transformou no melhor sítio para jogadores e treinador do FC Porto competirem. Olhar para as exibições de Basileia, Lviv e Bilbau (até ao jogo com o Bayern), e fazer o exercício comparativo com alguns dos jogos dentro de portas esta época, era um exercício quase surreal, dada a diferença qualitativa apresentada pela equipa a nível nacional e europeu. Mesmo que as goleadas no campeonato tenham sido frequentes, não raras vezes vimos uma equipa amorfa, a transbordar, dentro e fora do relvado, uma inexperiência gritante ao nível do campeonato português.

Com alguns pontos perdidos de forma inexplicável e que comprometem seriamente a hipótese de chegar ao título, facilmente se compreendeu a obsessão de Lopetegui e dos jogadores com a Liga dos Campeões. Num plantel com tanta qualidade e com tantos jogadores com mercado, a constituição deste FC Porto era um apelo à superação na maior prova de clubes da Europa. Ao longo dos meses de Champions, não raras vezes me insurgi contra este fanatismo pela liga milionária. Bem sei, e ainda bem que me lembro, que a história portista se construiu em grande parte pelas glórias europeias que o clube foi construindo ao longo dos tempos. Desde o calcanhar de Madjer, em Viena, até à conquista de Gelsenkirchen, passando pelas vitórias em Tóquio, Sevilha ou Dublin, as últimas três décadas azuis e brancas foram pintadas por conquistas europeias e mundiais que transformaram o clube e o tornaram num dos maiores a nível europeu. Na última quarta-feira, perante o colosso Bayern, a exibição portista foi uma lembrança daqueles tempos dourados, não tão longínquos no tempo mas que pareciam tão difíceis de algum dia serem repetidos. Perante uma das melhores equipas do mundo, o FC Porto não se atemorizou: jogou com as suas armas, com a sua estratégia, e aproveitou os seus momentos de jogo. Com ambição, crer, garra e determinação, dentro e fora das quatro linhas, a equipa mostrou ao mundo que é possível voltar a sonhar, mesmo contra os maiores.

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O Allianz-Arena, em Munique, será o palco do Bayern-FC Porto
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Por tudo isto, ao olhar para o calendário portista, rapidamente se chega à conclusão de que esta é uma das semanas mais importantes dos últimos anos. Primeiro na Baviera e depois no Estádio da Luz, o FC Porto joga muito daquilo que é a sua temporada. E é neste preciso ponto que regresso ao ponto onde comecei: à premissa de que o futebol é o momento. À partida para Munique, os jogadores e o restante staff foram brindados com um banho de multidão: naquela tarde de domingo, foram mil os adeptos que decidiram despedir-se dos jogadores, apoiando-os rumo a uma das maiores batalhas do clube nos últimos anos. Com Lopetegui, Quaresma ou Jackson como os mais adorados, aquela despedida da multidão é porventura o exemplo maior daquilo que é o futebol. Sem receios de uma eliminação natural ou de uma goleada que pode perfeitamente acontecer, os adeptos portistas decidiram retribuir aos jogadores a alegria da última quarta-feira, tendo consciência da semana que vão ter.

Ao longo dos últimos meses, não raras vezes fui aqui criticando e elogiando a equipa. Enquanto adepto mas sobretudo enquanto analista, sempre me insurgi contra a intermitência exibicional e comportamental dos comandados de Lopetegui. Também por isso, esta semana, no Bola na Rede, não quis trazer para esta coluna de opinião um texto motivacional para o clube ou um qualquer outro artigo que me fizesse estar nos píncaros da emoção. Isso é, na minha opinião, o pior que pode acontecer esta semana, à equipa e aos adeptos.

Mais do que olhar para um possível apuramento para as meias-finais ou para uma liderança do campeonato português, aquilo que acredito ser mais importante nesta altura é haver ponderação. De adeptos a treinador, passando pelos jogadores e dirigentes, é importante não cair na tentação de pensar, apenas porque se venceu ao Bayern de Guardiola, que, a partir da última quarta-feira, o limite é o céu. Procurando ser objetivo na análise, é certo que não me posso esquecer da alegria que tive ao ver o FC Porto “banalizar” um colosso como os alemães. É certo também que não me posso esquecer de que, falando do campeonato, no jogo da primeira volta, o FC Porto não teve a felicidade e o engenho de que precisava para vencer o Benfica. Ainda assim, e mesmo achando que um super Porto pode ser feliz nestas duas batalhas, penso que o mais importante é não cair no exagero de descer do céu ao inferno em apenas alguns dias.

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À partida para Munique, os jogadores foram brindados com uma despedida calorosa
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Mesmo com um apuramento para as meias-finais à mão de semear, ninguém na equipa portista se pode esquecer de que, do outro lado, está uma das melhores equipas da história do futebol europeu. Esse é um pensamento que acredito que esteja na cabeça dos jogadores, mas penso que dificilmente está na mente dos adeptos. No que à Liga diz respeito, o jogo com o Benfica é sempre o apogeu máximo de emoção e rivalidade. Por alguns confrontos passados e que para nada servem na atualidade, a maioria dos adeptos considera que, a jogar como se jogou com o Bayern, ganhar por 2 ou 3 na Luz será tarefa fácil. Infelizmente para o FC Porto, esta banalização do que é um jogo e do que é o futebol pode ser prejudicial no caso de um possível falhanço nestes dois jogos.

Caro leitor, não quero que, após este texto, ache que estou a fazer um funeral à equipa ou que estou já a tentar precaver-me em relação a dois possíveis fracassos. A explicação para este texto é mais profunda do que isso: mais do que olhar para Berlim, ou para o título nacional, o FC Porto terá de pensar que, esta semana, vai defrontar duas excelentes equipas, em jogos onde qualquer resultado pode acontecer.

É certo que, ao ver o fato europeu com que a equipa se tem vestido, é legítimo acreditar no apuramento para as meias e numa vitória na Luz como impulso decisivo para a reconquista do título. Tudo isso é verdade, mas, num jogo tão imprevisível como é o futebol, o mais importante é perceber que, do outro lado do campo, existe um adversário com igual ou maior qualidade. Sem medos ou receios, penso que a receita para estas duas batalhas é simples: acreditar que é possível. Em 1987, 2003, 2004 e 2011, outros acreditaram e a glória chegou. A história não se repete mas a glória pode ser novamente alcançada. Só não pode é ser vista como obrigatória, como se a equipa fosse jogar sozinha estes desafios. Não vai, e os adversários são de qualidade inegável. O que não quer dizer que o FC Porto não possa sonhar. Eu acredito que pode e que tem tudo para o fazer. Basta honrar o símbolo e a sua história.

Fonte: Página de Facebook do FC Porto

O futebol não é só táctica, Zé

cab premier league liga inglesa

Para o utilizador de simuladores de futebol (PES’s, FIFA’s, FM’s…) que não presta muita atenção àquilo que se passa na realidade futebolística e que só se “liga” a ela quando há jogos do seu clube do coração ou clássicos das principais ligas europeias, o Chelsea – Manchester United do passado Sábado era um encontro aguardado com muita expectativa, pelo espectáculo que a Premier League costuma trazer, pelo facto de se assistir à colisão de jogadores com “stats incríveis” (Hazard, Fàbregas ou Matic vs Falcao, Rooney e Mata) e pelo confronto de dois treinadores cujo nome, decerto, terá causado alguma azia e dores de cabeças aos “manager’s virtuais” – José Mourinho e Louis Van Gaal.

Este tipo de “consumidor” (a crescer, de dia para dia) encontra-se em maior proporção nos mercados emergentes para o futebol – situados, sobretudo, na Ásia e EUA -, mas também existem em grande número por essa Europa fora. Ou seja, é uma grande parte da assistência para a qual a Premier League tem vindo a trabalhar desde há muitos anos a esta parte, e onde, graças a isso, tem uma “quota de mercado” enorme, com grande vantagem sobre as ligas rivais.

Esta vantagem foi construída em dois pilares: a perspicácia dos responsáveis pelo marketing da Premier League, que se anteciparam aos seus congéneres das restantes ligas, e o espectáculo que cada jogo do campeonato inglês costuma proporcionar, principalmente entre os grandes clubes.

Assim, o espectáculo gerado num encontro como o Chelsea – Manchester United tem cada vez mais importância para a Premier League, que procura defender a imagem do futebol-espectáculo em que foi fundado um dos principais pilares acima referidos e que permite a prosperidade do organismo e dos clubes que o integram (as receitas ultrapassaram a marca das 3 mil milhões de libras na época passada).

Zouma foi uma aposta ganha de Mourinho Fonte: Facebook do Man United
Zouma foi uma aposta ganha de Mourinho
Fonte: Facebook do Man United

Assim, o pobre espectáculo (face ao potencial das duas equipas) a que se assistiu no jogo grande da jornada 33 da Premier League em nada beneficiou a imagem do campeonato. É certo que a vantagem que esta liga tem para as restantes lhe dá margem para que esta se mantenha mesmo com muito mais jogos deste nível durante uma temporada, mas, tendo em vista o longo prazo, a repetição de “espectáculos” como o do último Sábado, em que houve poucas situações de perigo, em que a equipa da casa (e líder do campeonato) se limitou a explorar o erro do adversário e conseguiu controlar o jogo apesar de ter apenas 28 % de posse de bola durante o jogo inteiro, podem fazer com que essa vantagem se esgote.

A lição táctica dada por Mourinho a Van Gaal serve imenso os propósitos do Chelsea, dos puristas do futebol, dos apaixonados pela táctica ou dos aspirantes a treinadores, mas não o do mercado, o do negócio.

O português reconheceu, há pouco tempo, um “defeito enorme” – está sempre a melhorar. E fez jus às suas palavras pela forma como conseguiu manobrar a equipa do Manchester United e soube levar a àgua ao seu moínho, sobretudo, com a colocação de Zouma como médio defensivo, auxiliado por um Matic exímio a nível posicional, com e sem bola. À volta deles, todo um batalhão de jogadores que interpretou na perfeição o papel que o “happy one” lhes designara.

Na hora de sair para o ataque, a equipa entende-se de olhos fechados e o golo do Chelsea é disso exemplo, com o grande entendimento (e a qualidade técnica e, cada vez mais, táctica) de Óscar e Hazard a ser suficiente para levar de vencida uma das equipas que mais perto está de se chegar ao líder do campeonato e que, segundo o seu próprio treinador, fez um dos melhores jogos da época.

Mourinho teve tudo controlado. Deu mais uma prova da sua genialidade. Mas o espectáculo perdeu. E, apesar de a táctica ser o pilar essencial de uma vitória, o futebol contemporâneo não se limita a ela.

Foto de Capa: Facebook do Chelsea

ABC na final da Taça Challenge, Benfica perde e protesta jogo

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cab andebol

O ABC de Braga está na final da Taça Challenge de Andebol! A equipa de Carlos Resende perdeu ontem na Noruega com o Stord (27-25), mas seguiu em frente graças à vitória tranquila (25-18) alcançada na semana anterior no Pavilhão Flávio Sá Leite. Numa partida em que os destaques do lado português foram o lateral-esquerdo Nuno Grilo e o pivot Ricardo Pesqueira (ambos com 7 golos), os bracarenses foram para o intervalo a perder apenas por um golo no jogo (12-11) e, portanto, com uma almofada de seis tentos no total da eliminatória.

Na segunda parte, nem mesmo a expulsão de João Pinto com pouco mais de 7 minutos jogados abalou a equipa, que até chegou a estar a ganhar a 10 minutos do fim (19-20). Contudo, apesar da derrota, o ABC pôde celebrar a sua presença na final – isto depois de um percurso em que teve de eliminar, para além dos noruegueses, também o Dukla de Praga, da República Checa, e o Riimäcki Cocks, da Finlândia. Recorde-se que os minhotos já tinham chegado a uma final desta competição, precisamente há dez anos, tendo então perdido com os suíços do Wacker Thun. O ABC é a equipa responsável pela melhor campanha portuguesa de sempre em provas europeias de andebol, quando o emblemático Aleksander Donner levou o clube a a atingir, em 1994, a final da mítica Liga dos Campeões.

Os bracarenses procuram agora a glória europeia numa competição em que também o Sporting da Horta e o Benfica foram vice-campeões, mas que só o Sporting CP conseguiu conquistar, em 2010. A Taça Challenge é a competição europeia mais modesta, atrás da Liga dos Campeões e da Taça EHF, e nela não participam equipas alemãs nem espanholas. No entanto, é a única em que as equipas portuguesas podem ter reais pretensões de triunfar, pese embora a boa campanha do FC Porto na Liga dos Campeões e do Sporting na Taça EHF, na época passada.

abc na noruega
Apesar da derrota na Noruega, o ABC apurou-se para a final e pôde celebrar

Actualmente, o ABC está apenas um passo atrás de FC Porto e Sporting. A equipa tem feito uma época memorável e derrotou mesmo estes dois conjuntos na final-four da Taça de Portugal, vencendo um troféu que lhe escapava desde 2009. Com Humberto Gomes em forma na baliza, o lateral-esquerdo Nuno Grilo a rodar com um Hugo Rocha sólido a defender e competente a atacar (ao contrário do que fazia no Sporting, onde quase só defendia) e ainda as incursões do experiente David Tavares, ex-Benfica e Porto, pela ponta direita, o ABC terá decerto hipóteses de levantar o troféu. Também o pivot Ricardo Pesqueira, o central Pedro Seabra Marques (ambos vice-campeões da Europa de sub-20 em 2010) e o lateral João Pinto têm ajudado bastante uma equipa formada por vários ex-jogadores dos chamados três grandes do desporto nacional, que tem na entrega e no espírito de grupo duas das suas principais armas.

Os homens de Carlos Resende vão, ao que tudo indica [ver texto abaixo], defrontar na final os romenos do Odorhei, que afastaram o Benfica.

Cada sucesso nas modalidades deve ser celebrado e encarado também como uma resposta aos que dizem que só o futebol interessa. Parabéns ao ABC por esta caminhada fantástica, que pode não ficar por aqui!

O que se passou na Luz?

A curiosidade destas meias-finais era saber se a Taça Challenge iria ter uma final 100% portuguesa. Com o ABC a ser bem-sucedido na Noruega as atenções viravam-se para o Pavilhão da Luz, onde o Benfica teria de anular uma desvantagem de dois golos (31-29) trazida da Roménia em jogo frente ao Odorhei. Em casa, os encarnados voltaram a perder, desta vez por 25-27, mas irão protestar o jogo. Em causa está o facto de, defendem os responsáveis das águias, o delegado da mesa ter confundido Elledy Semedo com Paulo Moreno, excluindo este último e deixando o Benfica com cinco elementos quando deveriam estar a jogar seis. As 24 horas para formalizar o protesto acabam esta noite.

 

Fotos: Facebook oficial do ABC de Braga

Go Thiago, Go!

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cab bundesliga liga alema

Estamos a um mês do fim da época (mais dia menos dia) e o plantel do Bayern encontra-se completamente desolado por lesões, não contando com jogadores como Robben, Ribéry, Alaba, Benatia, Martínez e Schweinsteiger, todos eles possíveis titulares em condições normais.

A Bundesliga está praticamente assegurada; a seis jogos do fim o Bayern leva um avanço de doze pontos sobre o Wolfsburgo e de dezanove sobre o Mönchengladbach e o Leverkusen, sendo muito pouco provável que nestes quinze pontos por disputar a equipa da Baviera não consiga acumular duas vitórias, sendo que o único jogo “complicado” será com o Leverkusen fora.

A liga voltou então a ser um passeio para a equipa, não um passeio tão grande como a época anterior, mas deu para gerir sem problema e sem nunca sentir qualquer tipo de pressão séria ao primeiro lugar.

Estão ainda nas meias-finais da DFB Pokal (em casa com o Dortmund no próximo dia 28) e nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. É aqui que o regresso de Thiago Alcântara pode vir a ser instrumental para as ambições do Bayern.

Nenhum médio no Bayern faz o que Thiago faz, pelo menos com a mesma eficácia. Alonso, apesar de ter uma qualidade técnica e de passe comparável, é um médio muito mais defensivo e posicional, os lesionados Schweinsteiger e Martínez são jogadores mais físicos, mais específicos e menos criativos e Rode e Gaudino deixam muito a desejar em comparação com o versátil hispano-brasileiro.

Com a ausência de Robben e Ribery e o empréstimo de Shaqiri ao Inter, Guardiola é “obrigado” a jogar com Götze encostado à ala, assumindo-se Thiago como o catalisador de jogo do Bayern, sendo o maior responsável pela transição defesa-ataque num trio de meio campo composto por ele, Lahm e Alonso.

Thiago pode ser importante nesta fase final de temporada Fonte: Facebook do Bayern
Thiago pode ser importante nesta fase final de temporada
Fonte: Facebook do Bayern

Thiago é um jogador extremamente consciente do que se passa em campo, e no estilo de jogo dos alemães, a sua presença pode ser fundamental pela sua capacidade de dividir e executar. É um jogador que pega na batuta do jogo e não tem medo de o assumir, fisicamente é franzino e não muito rápido, compensando com uma grande velocidade de execução derivada da sua inteligência e capacidade técnica superior.

Depois da “lição” (de bola e principalmente de humildade) que os alemães receberam na primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, no Dragão, a equipa na segunda volta terá e deverá apoiar-se no criativo que apontou o golo que dá esperanças aos alemães de avançar para as meias-finais da mais importante competição do futebol europeu. Usando Alonso e Lahm como médios mais recuados e posicionais deverá libertar Thiago para usar toda a sua criatividade e mestria para tentar espalhar o pânico numa defesa do Porto que não poderá contar com Danilo e Alex Sandro, criando assim mais oportunidades para diagonais de jogadores como Götze e Müller.

O maior problema de Thiago é e sempre foram as lesões, em quase duas épocas ao serviço do Bayern já se lesionou duas vezes gravemente no joelho, tendo ficado parado ao todo mais de um ano e participando em apenas vinte e nove jogos em mais de cem possíveis pelo Bayern. Se bem que agora que o departamento médico do clube se demitiu, depois de ser considerado responsável pela recente onda de lesões do clube que levou à derrota com o Porto (cof cof), o hispano-brasileiro estará provavelmente mais saudável que nunca.

Tanto no fim desta época como para o futuro, se Thiago conseguir manter-se em campo terá muito a dizer sobre as futuras aspirações do Bayern, o potencial está lá para se tornar um jogador de classe mundial: técnica fabulosa, qualidade de passe, drible, controlo de bola, capacidade de decisão e execução, inteligência, a habilidade de criar buracos em qualquer defesa, fazendo o inesperado e virando um jogo do avesso do nada.

O Bayern precisa que Thiago se desenvolva no jogador que sempre prometeu e o futebol só tem a ganhar com isso. O primeiro grande desafio para o jogador vem já no próximo dia 21, em Munique, quando o Bayern tentar recuperar de uma desvantagem de dois golos contra o impressionante Porto de Lopetegui.

Foto de Capa: Facebook do Bayern

Vira o disco e toca o mesmo

cab desportos motorizados

Quarta corrida do campeonato e terceira vitória de Hamilton no Mundial de 2015 de F1. O inglês parece que vai lançado para a revalidação do título, o que, a acontecer, será o seu terceiro.

Numa corrida em que esteve sempre à frente, a animação foi mais pelo segundo lugar, apesar de este parecer estar sempre controlado por Rosberg; no entanto, o alemão, à entrada da última volta, não conseguiu aguentar a pressão de Raikkonen e perdeu a oportunidade de dar a dobradinha à Mercedes.

A Ferrari é que está cada vez mais forte e já se pode dizer, sem qualquer dúvida, que é a segunda força da F1 atual. A vitória de Vettel na Malásia e os vários pódios conquistados até agora mostram que o cavalo rompante está de volta e em força. A tendência é a de os italianos melhorarem, o que só pode ser positivo para a modalidade, quer pela competitividade quer pelo facto de a Ferrari ser a equipa mais acarinhada da modalidade, ou não fosse a única que fez todas as provas dela.

Lewis Hamilton caminha a passos largos para o título Fonte: Facebook de Lewis Hamilton
Lewis Hamilton caminha a passos largos para o título
Fonte: Facebook de Lewis Hamilton

Quem também parece estar a melhorar é a McLaren. Apesar de a equipa britânica ter ido para a prova apenas com um carro, visto Button não ter sequer começado a corrida, conseguiu um 11º lugar por Alonso. No entanto, ainda é muito prematuro falar no regresso em força da equipa, que este ano voltou a contar com os motores Honda, como se pode ver pelo caso do britânico, que teve um fim de semana para esquecer devido ao motor. De resto, McLarem e Manor são as duas únicas equipas ainda sem pontos no Mundial, algo expectável por todos, mas que não deixa de ser marcante no caso da McLarem; afinal é uma das históricas da categoria.

A prova do Bahrein foi fraca, pelo menos na minha opinião, o que vem ao encontro do que têm sido os últimos anos da modalidade, com corridas mornas que mais parecem procissões e que, juntando a muitos outros fatores, alguns que já deixei aqui num outro artigo, fazem a categoria máxima dos desportos motorizados estar a perder muito do seu interesse.

Finalizo com uma coisa que talvez até seja estúpida, mas adorei ver as faíscas saírem dos carros sempre que estes arrastavam no chão. Uma coisa mais característica do passado, mas que me faz sempre lembrar espetáculo, mesmo que este não exista.

Foto de capa: Facebook de Lewis Hamilton