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Sporting 2-1 Boavista: É preciso fazer mais e melhor

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O Sporting defrontou hoje o Boavista num jogo a contar para 29ª jornada da primeira liga portuguesa; A ultima vez que o Boavista visitou o estádio de Alvalade datava da época de 2007/2008, encontro que os verde-e-brancos venceram por 2-1. Ambas as equipas estão bastante tranquilas na tabela classificativa: o Sporting dificilmente verá o seu terceiro lugar ser alterado e o Boavista tem a manutenção praticamente garantida. Estavam, assim, reunidas todas as condições para um bom jogo de futebol.

Marco Silva viu-se, mais uma vez, obrigado a mexer na equipa em virtude de algumas ausências forçadas: Cédric, que havia ficado de fora nos últimos jogos, rendeu Miguel Lopes, este ultimo a par com alguns problemas físicos ficou de fora da convocatória; Tobias Figueiredo saltou para o 11 titular como consequência da expulsão de Ewerton na deslocação ao Bonfim. Contudo, nem todas as alterações foram forçadas; Rossel e Tanaka, em virtude das boas exibições do passado fim-de-semana, mantiveram-se no onze, “sentando”, desta forma, William Carvalho e Slimani. Por sua vez, Petit, treinador do Boavista, promoveu bastantes alterações relativamente à equipa que habitualmente costuma atuar.

O Sporting dificilmente poderia ter desejado um começo melhor: nem 30 segundos estavam decorridos, e Adrien Silva, após um erro crasso de Filipe Sampaio, não facilitou e colocou o Sporting em vantagem. Todavia, e apesar do golo madrugador, a equipa leonina entrou pouco agressiva e com os níveis de concentração muito em baixo.

Afonso Figueiredo, com um remate bastante perigoso à entrada da grande área, deixou o primeiro aviso; Depois, e no seguimento de uma perca de bola do meio-campo leonino, o Boavista numa excelente transição ofensiva empatou o jogo por intermédio de Zé Manuel. De resto, foi uma primeira parte bastante pouco conseguida por parte do Sporting: muitos passes errados, lenta circulação de bola … Marco Silva, ainda no decorrer da primeira-parte, tentou agitar a partida e retirou Rossel das quatro linhas, lançando Slimani; Contudo, sem quaisquer efeitos práticos.

Mesmo antes dos jogadores irem para o descanso, Tobias Figueiredo recebe ordem de expulsão após ter derrubado Leozinho quando este seguia sem oposição na direção da baliza guardada por Rui Patrício. William Carvalho substituiu Tanaka para refazer o quarteto defensivo leonino.

Na segunda parte, o jogo pouco se alterou; Apesar do Sporting ter entrado ligeiramente melhor, as oportunidades de golo escasseavam. Todavia, e na sequencia de um excelente cruzamento de Carrillo, o matador argelino, Slimani, voltou a colocar o Sporting em vantagem. Daí em diante, o jogo ficou bastante partido e o Sporting ainda passou por alguns calafrios. De realçar a expulsão de Filipe Sampaio, que viu 2 amarelos num minuto.

Em notas finais, o Sporting voltou a não realizar uma boa partida. Mesmo tendo em conta que o grande objetivo passa pela final da Taça de Portugal, a equipa de Alvalade tem a obrigação de fazer mais e melhor. Relativamente ao Boavista, confesso que não sou apreciador deste tipo de futebol; A equipa de Petit, diga-se, alias, à imagem do seu treinador, limitou-se a “estacionar o autocarro” e bola para a frente; Este tipo de futebol afasta as pessoas dos estádios. Uma menção honrosa para Afonso Figueiredo, que foi dos melhores do conjunto boavisteiro.

A Figura

Adrien Silva –  Já aqui critiquei o internacional português. Contudo, e muito provavelmente devido ao descanso que tem tido, o rendimento de Adrien Silva tem vindo a melhorar bastante. Hoje, juntamente com Slimani, realizou mais uma excelente exibição.

Fora-de-jogo

Boavista – O Boavista apresenta um futebol medíocre, mesmo tendo em conta a fraca qualidade do seu plantel. Este tipo de futebol, como já referi, afasta às pessoas dos estádios. A classificação em que se encontra, talvez fruto de semana após semana jogar num relvado sintético, não é inteiramente justa.

Foto de capa: FPF

Boavista: Depois de muita luta, a manutenção está quase garantida…

futebol nacional cabeçalho

Após várias épocas afastado da Primeira Liga devido ao caso “Apito Dourado”, o Boavista regressou este ano vindo diretamente do Campeonato Nacional de Seniores. Esta situação incomum colocou muitas dúvidas, de forma legítima, sobre as reais capacidades do Boavista em apresentar uma equipa competitiva, de forma a conseguir assegurar a manutenção no principal escalão.

Apenas oito jogadores se mantiveram desde o plantel da época passada. Obviamente uma equipa construída para um Campeonato Nacional de Seniores está muito distante das exigências de uma Primeira Liga. Por esse motivo foi necessário rechear o plantel com outras opções, ainda que com as evidentes condicionantes financeiras que o Boavista apresenta. O panorama no início da época era bastante negro. E os primeiros jogos adensaram esse cenário.

Os axadrezados perderam em Braga, na receção ao Benfica e em Vila do Conde, sem conseguirem marcar qualquer golo. Contudo, depois disso, duas vitórias em casa, frente a Académica e Gil Vicente, com um surpreendente empate no Estádio do Dragão pelo meio, levaram a que o público começasse a olhar para o Boavista de forma diferente. Podem ter sido estas jornadas o ponto de viragem para a equipa que vemos neste momento. Atualmente, quando faltam disputar 18 pontos até ao final do campeonato, o Boavista está no 13º lugar, com 29 pontos, mais 10 que o Gil Vicente e 11 que o Penafiel, as duas equipas que estão abaixo da linha de água. Esta posição é extremamente confortável, tendo em conta que gilistas e penafidelenses ainda têm de defrontar Benfica e FC Porto até ao final da Liga. Acredito que o Boavista tem a manutenção garantida, ficando a faltar apenas a confirmação matemática da mesma.

Contudo, para chegar a esta confortável posição, foi importantíssima a fortaleza do Bessa. Os boavisteiros venceram metade dos 14 encontros disputados em casa, tendo derrotado por exemplo V. Guimarães, SC Braga e Belenenses, equipas que lutam pelo acesso às competições europeias. 22 dos 29 pontos foram conquistados dentro de portas, e isso diz tudo sobre a prestação do Boavista na relva sintética do Estádio do Bessa. Em terreno alheio, a conversa é diferente. Apenas 1 vitória e 4 empates em 14 partidas. Contudo, vemos um registo interessante. Nesta altura, o Boavista tem 5 equipas atrás de si na tabela (Académica, Vit.Setúbal, Arouca, Gil Vicente e Penafiel). Em jogos do campeonato, o Boavista não perdeu nenhum jogo frente a estes adversários diretos. Contra os estudantes, os gilistas e os penafidelenses, a equipa de Petit conseguiu vencer em casa e empatar fora. Frente ao Arouca, o Boavista venceu em casa e ainda terá de jogar fora, frente aos sadinos os axadrezados alcançaram o único triunfo fora de casa, tendo ainda de receber o conjunto agora orientado por Bruno Ribeiro. Este registo perante os adversários diretos foi decisivo para a confiança que se respira nos corredores do Bessa.

A união do grupo e o Estádio do Bessa: dois fatores decisivos para a boa época do Boavista Fonte: Facebook do Boavista Futebol Clube
A união do grupo e o Estádio do Bessa: dois fatores decisivos para a boa época do Boavista
Fonte: Facebook do Boavista Futebol Clube

Virando as atenções para o plantel, vimos uma grande indefinição no início da temporada que se foi desvanecendo ao longo da mesma, devido a algumas contratações que se revelaram importantes. A equipa vale acima de tudo pelo coletivo, não tendo nenhum jogador que se sobressaia dos demais. Petit construiu uma equipa baseada num meio campo combativo, com vários jogadores poderosos do ponto de vista físico. Nas alas, laterais atacantes e extremos rápidos, como são Zé Manuel e Brito, a tentar municiar o ponta de lança, que tem sido maioritariamente o internacional nigeriano Michael Uchebo, que até esteve no Mundial 2014. O antigo jogador do Cercle Brugge marcou 4 golos na Primeira Liga e tem sido um dos principais destaques da equipa. Apesar da sua estampa física (1,94m), Uchebo é um jogador irrequieto, que se movimenta ao longo de todo o espaço atacante, desgastando muito os defesas contrários. Além disso, é muito importante no jogo aéreo, tanto defensiva como ofensivamente. Mas existem outros destaques na turma axadrezada.

Na baliza, Mika, vice-campeão do Mundo sub-20 em 2011, parece estar a renascer, depois de uma passagem infeliz no Benfica. Tem estado bem na baliza da equipa de Petit e é um dos pilares que ajuda a explicar a boa temporada do clube. Na defesa, destaco três nomes: Brayan Beckeles, Carlos Santos e Afonso Figueiredo. O hondurenho também esteve no Mundial do Brasil. Apesar de esta ser a sua primeira experiência no futebol europeu, tem demonstrado qualidade, quer a jogar como lateral , quer como extremo no flanco direito. Carlos Santos é um central português que já está na sua terceira época no Boavista e tem sido o central mais utilizado da equipa, num setor que já foi composto por muitas duplas. De entre todos esses jogadores, o português é o mais estável e é um jogador à imagem do treinador, raçudo e que luta bastante em todos os lances. Afonso Figueiredo, o lateral esquerdo, também já estava no Boavista na época passada e é um jogador com um futuro promissor pela frente. Tem 22 anos, mas já passou na formação por Sporting, SC Braga e Belenenses. Pode ser chamado ao próximo Europeu de sub-21 e seria, com certeza, uma excelente opção para Rui Jorge.

Como referi acima, Petit assentou a equipa num meio combativo e, para este setor, tem jogadores como Idris ou Tengarrinha, jogadores que estavam na Liga de Honra e vieram transmitir capacidade física e de luta pela bola a esta equipa. São aqueles jogadores “operários” que qualquer treinador gosta de ter na sua equipa. Além destes dois elementos, existe outro par que tem tido uma utilização regular ao longo da época: Reuben Gabriel, outro nigeriano que tinha estado no Mundial, e o brasileiro Anderson Carvalho. A chegada do eslovaco Marek Cech no mercado de inverno também foi importante. O antigo jogador do FC Porto veio trazer outro grau de experiência aos axadrezados.

O treinador, Petit, está no banco como se estivesse ainda a jogar nos relvados: sempre atento, muito interventivo para com os seus jogadores, sempre com um discurso positivo, mas ciente das dificuldades. Penso que este fator foi decisivo. Petit sabia quais podiam ser os pontos fortes da equipa e potenciou-os ao máximo, tentando esconder as fraquezas naturais num clube que tinha vindo de um escalão não profissional do futebol português. A permanência está muito perto e Petit começa assim de forma auspiciosa a sua carreira como treinador de futebol.

Foto de capa: Facebook do Boavista Futebol Clube

FC Porto 1-0 Académica: Poupança para a Bonança

a minha eternidade

O Futebol Clube do Porto venceu a Académica de Coimbra, num jogo a contar para a 29ª jornada da Liga Portuguesa. A soma destes três pontos permite aos dragões manter a distância para o Benfica na luta pelo título de campeão nacional, antes de uma visita de importância suprema ao Estádio da Luz (uma partida com cariz decisivo na atribuição do ceptro futebolístico português).
Os portistas jogaram no seu esquema habitual, o 4x3x3, actuando de início Fabiano como guarda-redes; Jose Angel, Alex Sandro, Reyes e Ricardo no quarteto defensivo; meio-campo a três com Rúben Neves como pivot defensivo e Campana e Evandro como interiores; o trio de ataque foi composto por Hernâni, Quintero e Aboubakar.

Esta partida não foi bem conseguida. As inúmeras alterações explicam uma qualidade de jogo inferior ao que vem sendo apanágio esta época, tendo os jogadores habitualmente suplentes demonstrado que não têm rotinas de movimentação bem calibradas. Este desafio decepcionante no que há qualidade futebolística diz respeito, tem essa atenuante justificadora. Mais do que empreender uma rotatividade na preparação de um jogo específico, que normalmente consiste em mudar no máximo três jogadores de campo por posição, Lopetegui pretendeu fazer descansar os atletas mais utilizados e cansados (fazendo entrar nove habituais suplentes), dando assim primazia ao confronto europeu com o Bayern de Munique e preservando também o físico dos atletas para a deslocação à Catedral benfiquista.

Devo ressalvar que concordo inteiramente com esta estratégia utilizada pelo basco de dar uma importância maior à competição internacional, prova onde verdadeiramente se imortalizam jogadores e instituições. Na minha óptica, ainda podia ter ido um pouco mais longe, com a utilização de Gonçalo Paciência como avançado centro em detrimento de Alex Sandro (que neste jogo actuou como central), recuando Quintero para médio e fazendo baixar Rúben Neves ou Campana para uma adaptação pouco comum.

Hernâni foi o melhor jogador em campo Fonte: FC Porto
Hernâni foi o melhor jogador em campo
Fonte: FC Porto

As três mexidas no jogo efectuadas pelo treinador espanhol fizeram introduzir outros tantos elementos importantíssimos na estabilização e melhoria da performance colectiva da equipa. Aos 59 minutos entrou em campo Marcano (que recuou para central) para o lugar de Quintero (atleta que não demonstra todo o seu potencial a jogar a partir de uma faixa.). Óliver foi lançado no lugar de Campana (o que permitiu à equipa um critério de passe/posse tranquilizante). Por fim saiu Aboubakar (que até assistiu para golo mas não esteve exuberante) para a entrada de Jackson (com o intuito de matar o jogo para os da casa, o que não conseguiu em duas ocasiões flagrantes).

A Figura:

Hernâni – Jogo de excelência do extremo. A técnica de cruzamento e capacidade de finta quando se situa perto da linha já estavam identificadas desde o tempo em que representava o Vitória de Guimarães. A capacidade para invadir zonas interiores individualmente em progressão com a bola controlada para posterior finalização não tinha sido, até este jogo, tão esplendorosa. Mas até nessas zonas e movimentações o avançado se evidenciou. Para o ano pode discutir a titularidade.

O Fora-de-Jogo:

Diego Reyes – Apesar de outros elementos também não se terem apresentado com grande qualidade, como Quintero e Alex Sandro, o mexicano não tem a atenuante de ter actuado fora da sua melhor posição. O colombiano (tradicional número dez) laborou como extremo direito e pouco perigo originou. O brasileiro (lateral de raiz) jogou como defesa central, cometendo um erro na primeira fase de construção que originou uma excelente oportunidade de golo para os estudantes. Apesar de Reyes ter feito alguns cortes importantes, perdeu duelos em zonas sensíveis que o obrigaram a efectuar faltas perigosas. Esteve também inseguro naquilo que habitualmente faz melhor, a saída de bola em progressão ou passe. Num jogo em que até foi capitão, não transmitiu muita confiança ao sector mais recuado.

Foto de Capa: FC Porto

Belenenses 0-2 Benfica: Jonas guia um Benfica desorientado para o Clássico

cabeçalho benfica

Estádio do Restelo, seis da tarde, tempo ameno com direito a sol. Os nossos dois repórteres assistem de pé àquele que é o último dérbi lisboeta deste campeonato. Pena que a qualidade de jogo suplique por duas cadeiras. O Bola na Rede presente em mais uma partida e em mais um palco do nosso futebol. 

Primeira parte – Tiago Martins 

«Agora que já passaram uns bons minutos desde o final, aquilo que me vem imediatamente à cabeça sobre o jogo…é a eficácia». As palavras são de Jorge Simão, actual treinador do Belenenses, referindo-se à justiça do encontro. E o que teve o jogo de justo? Pouco ou nada. Principalmente na medida em que nenhuma das equipas foi capaz de fazer justiça ao seu futebol, à sua camisola e ao imenso público que quis ir passar o final de tarde ao Restelo – estavam já decorridos uns dez minutos de jogo e ainda havia fila de gente para entrar!

O Benfica entrou a espaços e a espaços se foi encontrando. O Belenenses tentava segurar bola, mas ia-se perdendo em manobras ofensivas demasiado ingénuas ou mal ensaiadas. Numa amálgama de mau espectáculo, era o meio campo que sofria, com tanta pancada a ser por ali distribuída. O meio campo e as bancadas, que se começavam já a preparar para mais uma difícil jornada benfiquista fora de portas. Até que aparece Jonas. Mais uma vez.

Já são 16 golos do brasileiro. Jackson está a um de distância Fonte: Facebook oficial do Sport Lisboa e Benfica
Já são 16 golos do brasileiro. Jackson está a um de distância
Fonte: Facebook oficial do Sport Lisboa e Benfica

Depois de um presente de Ventura, guarda-redes da casa, o avançado brasileiro deu nem dois passos e um pontapé para introduzir a bola na baliza azul e fazer aquele que havia de ser o primeiro da tarde. Nem seis minutos o placard contava. Eficácia. E não só. Só, esteve Jonas a dar e vender magia. Só ele conseguiu fazer alguma coisa por este jogo. Só, levou o Benfica ao colo. E que colo. Colinho. Com amor e carinho. Porque Jonas trata tão bem a bola que nela se retrata. Se às vezes a vontade é de esquecer o jogo para lembrar e relembrar Jonas, hoje, então, o preço do bilhete só valeu pela presença do avançado em campo.

Do outro lado, era Carlos Martins que parecia ser o único homem capaz de enfrentar os pupilos do mister Jesus. Corria, caía, fazia cair, rematava, passava, alongava jogo, suprimia espaços. Tudo. E quem dá tudo a mais não é obrigado. E “obrigado!” esteve para lhe dizer João Afonso que aos 16 minutos ia conseguindo marcar o seu primeiro golo este ano ao serviço do Belenenses, depois de um livre perigoso convertido por esse mesmo Carlos Martins junto ao vértice esquerdo da área do Benfica. Nem um minuto depois, novo susto: Sturgeon a rematar por cima. Nem cinco minutos depois, Carlos Martins – que surpresa – a protagonizar o momento de maior perigo, na primeira parte, por parte da equipa da casa junto à baliza de Júlio César: livre traiçoeiro, com a bola a bater malandrinha à frente do internacional brasileiro, que ainda lhe toca. Por pouco não entrou.

Por pouco a paciência não se esgotou. Não fosse Jonas e o Benfica teria pago bem caro pelos problemas que teve e insistiu em ter no centro do terreno. Samaris entrou, jogo e saiu apático e bem aquém daquilo que tem vindo a mostrar nos últimos jogos e Pizzi surgiu abaixo da sua forma…e do seu lugar em campo. Jorge Jesus recuou substancialmente o português e isso alterou – propositadamente – o alinhamento da equipa, que passou a apostar mais em Gaitán – mau jogo, o que é raro – e nas suas diagonais (para os) interiores. O Benfica parecia ter ficado por casa.

Antes fosse. Porque é em casa que o Glorioso faz os seus melhores jogos. E isso é tão claro que, quando questionado (pelo Bola na Rede) sobre quais os verdadeiros problemas do Benfica aquando das deslocações a outros redutos, Jorge Jesus preferiu salientar que o “seu” clube é, independentemente de tudo, o clube com mais vitórias, golos e pontos fora. Pena que o 34º já tenha sido adiado, por duas vezes, em Paços de Ferreira e Vila do Conde.

Carlos Martins não esquece o Benfica, mas continua osso duro de roer Fonte: Facebook oficial do Sport Lisboa e Benfica
Carlos Martins não esquece o Benfica, mas continua osso duro de roer
Fonte: Facebook oficial do Sport Lisboa e Benfica

Segunda parte – Tiago Caeiro

Veio a segunda parte mas o futebol demasiado previsível e pouco fluído, praticado pelo Benfica, manteve-se. Faltou criatividade no ataque e quando Gaitán não está a 100% nota-se bem a diferença. Jorge Jesus admitiu-o na conferência de imprensa: “Não conseguimos impor o nosso futebol do ponto de vista ofensivo”. Dita numa fase precoce da temporada, esta frase até poderia assustar mas quando faltam apenas cinco jogos para o fim, acaba por perder importância. Agora, só interessa ganhar, ser pragmático: “Fomos pragmáticos e objetivos. No fundo, o objetivo era vencer”. O Belenenses continuou a apostar na velocidade de Dálcio e Camará para lançar alguns contra-ataques, que raramente se transformavam em lances de perigo. Além disso, apenas causaram arrepios aos adeptos encarnados que estiveram no Restelo (cerca de 10 mil) as bolas paradas de Carlos Martins. Se o Benfica não fez muito para garantir os três pontos, também a equipa da casa não os merecia.

Merece destaque, mas pela negativa, a exibição de André Almeida. Já se sabia que era um jogador de recurso, para utilizar quando Maxi não pudesse jogar, e que raramente se envolvia no processo ofensivo. Para além de esta tarde não o ter feito, também devido ao facto de ter Ola John à sua frente em vez de Salvio, exibiu-se a nível angustiantemente baixo nas tarefas defensivas. O lance mais evidente para ilustrar isto terá sido já na parte final da partida, quando não foi capaz de acompanhar a desmarcação nas suas costas de Filipe Ferreira, jogador que iria criar aquela que foi a oportunidade mais flagrante do Belenenses em todo o jogo.

Talisca entrou mas nada trouxe ao jogo, tal qual Lima, com a agravante de que este jogou os 90 minutos. Mas tudo isto é passado para segundo plano quando temos o prazer de assistir ao festival Jonas. Ele segura bolas de costas para a baliza, distribui jogo a partir de trás, finta, faz passes de rutura, marca golos. A melhor contratação do Benfica para esta época, se alguém ainda tinha dúvidas. O seu segundo golo poderia ser retirado de um qualquer manual futebolístico: a desmarcação perfeita, a receção com o peito e o remate cruzado para o poste mais distante, onde o guarda-redes dificilmente chegará. O resultado foi melhor (muito melhor) do que a exibição. Não importa. “O campeonato é para ganhar”, diziam os adeptos. Para a semana há clássico. A pressão aumenta, vem de todos os lados e só os campeões a conseguem dominar.

A Figura:

Jonas – Sublime. Mágico. Mortífero. Já leva 26 golos em 29 jogos realizados pelo Benfica. Chegou a meio da época mas já é o melhor marcador da equipa e promete destronar Jackson do topo dos melhores artilheiros da Liga.

O Fora-de-Jogo:

André Almeida – Agora, para além de não subir para apoiar o extremo, parece que regrediu a defender. Fez um mau jogo e neste momento só é a escolha do treinador para o lugar de Maxi Pereira porque não há mais nenhum candidato a ocupar aquela posição.

Uma história de (J)amor

porta

Desde muito cedo que consigo associar a minha infância ao grande amor que tenho pelo Sporting, assunto que já tive a oportunidade de partilhar e que me enche de orgulho. As tardes de fim de semana passadas em Alvalade e todos os sentimentos que aquele local me despertava. Da mesma forma que guardo o velhinho Alvalade no meu coração, existe outro estádio que me traz imensas recordações, nem todas boas confesso,  mas que ainda assim é especial.

O Jamor é um estádio único; velho, arcaico, mas cheio de histórias para contar e com um valor único. Tem uma magia singular, um toque de misticismo por de trás de todo a construção pesada e monocromática, e não consigo pensar em Final da Taça de Portugal sem a imaginar ali.

Mesmo antes de assistir pela primeira vez a uma Final da Taça já ia para o Jamor. Lembro-me das manhãs passadas em Carcavelos na praia, seguidas de piqueniques na Mata do Jamor, de ir passear para as bancadas, sem nunca ter tido a coragem de descer e pisar aquele relvado.

Os anos foram passando, e depois de ter visto o meu pai ir à final frente ao Marítimo e  Benfica, a primeira vez que consegui convecê-lo a ir com ele foi em 2000. O Sporting, coroado finalmente campeão nacional, perdeu com o Porto por 2-0, na última vez que foi disputada uma finalíssima. Nesse jogo, foi tudo o oposto do que deve ser uma final da taça, um jogo fraco, numa noite fria de quinta-feira, sem festa, sem horas de confraternização e pior ainda, sem a vitória leonina.

Dois anos depois, não fui à final em que o Sporting de Boloni venceu o Leixões. Mas passado uma semana tive uma pequena recompensa. Após um piquenique, “invadi” o relvado e recriei o golo de Jardel,rematando (em fora de jogo) sem hipóteses para um imaginário Ferreira.

Com a velhice vem a magia dum estádio único em Portugal Fonte: FPF
Com a velhice vem a magia dum estádio único em Portugal
Fonte: FPF

Em 2007 e 2008 foram duas vitórias sofridas mas justíssimas, lembro-me bem das emoções aquando do golo de Liedson frente ao Belenenses, num golo marcado perto do final da partida. A festa que se seguiu tanto no Estádio como à noite em Alvalade foram momentos perfeitos, inesquecíveis e de uma carga emocional enorma. No ano ano seguinte, Tiuí foi o heroí improvável duma tarde cinzenta. Confesso que tinha um sentimento mau para esse jogo, com esperanças diminutas face à ausência do “levezinho”, e todas essas dúvidas só me fizeram viver mais cada golo e a vitória final.

E por fim, o infâme dia Maio de 2012… Das derrotas mais dificeis de digerir, não pelo valor do adversário mas pura e simplesmente porque nesse dia o Sporting não jogou. Estavam 11 jogadores no relvado, mas que em momento algum foram dignos daquele jogo ou daquela camisola vestida. Foi um dia transvestido, que deve ser mostrado nos dias antes do Sporting entrar de novo naquele estádio, para que jamais se torne a repetir.

Mas o dia da final da Taça de Portugal não se resume aqueles noventa minutos, começa várias horas antes; às vezes até de madrugada. Com geladeiras e grelhadores, com porco no espeto e música a acompanhar. Com minis gélidas e bifanas a rodos, com um grupo de amigos que transformam aquele dia em lembranças, aquelas horas em momentos inesquéciveis, um sentimento de união, pertença, amor comum e de Sportinguismo. E por isso, já tenho saudades tuas (J)Amor.

Antes de terminar, gostaria de deixar aqui uma ressalva para que o que a Final da Taça deveria ser sempre. Porque mesmo nos dias bons pode acontecer algo mau, não me esquecerei nunca de Rui Mendes. De alguém que saiu de casa para ver um jogo do seu clube e que nunca mais voltou, pior ainda é o facto que passaram 19 anos desde a sua morte e ainda este ano vimos situações semelhantes acontecer em estádios portugueses, por isso digo: chega de imbecilidade.

Foto de Capa: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

A Champions no estádio: o jogo e o que fica dele

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tinta azul em fundo brando pedro nuno silva

O Estádio do Dragão voltou a receber mais uma grande noite europeia: as bancadas encheram para ver o Futebol Clube do Porto defrontar o Bayern de Munique, na 1ª mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões. A análise ao jogo já foi feita, por isso falarei das sensações e do que se disse posteriormente; como foi sentir de perto a atmosfera vibrante de um jogo destes e o orgulho e extrema felicidade com que se sai de um estádio depois de uma grande vitória.

Durante o dia já não conseguia pensar noutro assunto: o jogo canalizava todo o pensamento e a adrenalina já se fazia sentir por todo o corpo. Na chegada ao estádio, o alívio! Já estava na minha cadeira – daqui ninguém me tira. Coreografias bonitas, mensagens para a Europa do futebol por parte das claques – nada faltou neste espectáculo.

A notícia de que o Bayern não contava com vários titulares era animadora mas havia outra boa nova – Jackson Martinez ia ser titular. De resto foi hiperbolizada a escassez de recursos do Bayern de Munique. Do onze titular apresentado por Guardiola, 10 jogadores estão entre os 12 mais utilizados e só Thiago Alcântara (curiosamente o melhor jogador dos alemães na partida) foi pouco utilizado. Robben e Benatia eram os jogadores mais em forma do lote de indisponíveis aquando do momento das lesões. Assim, qualquer tentativa de tirar mérito ao Porto parece esbarrar nas evidências dos números. E, afinal, o Porto não contou com um central titular nem com um extremo rapidíssimo que podia fazer a diferença num jogo destes.

Primeiros minutos de jogo, primeiras explosões de adrenalina. O Bayern, com alguma soberba, facilitou na defesa por duas vezes e, como tal, o Porto já ganhava por 2-0. Entusiasmo, felicidade e adrenalina induzidas por um começo fantástico. O público não se calava, os alemães estavam estonteados personalizando Guardiola esse sentimento. Do que se percebe dos bávaros, o talento é enorme; sem o distanciamento de uma TV percebe-se que o toque de bola é primoroso, as recepções e passes são certeiros… não há muitos defeitos a apontar-lhes, de facto. Mas o coração do nosso clube é enorme e, com maior ou menor dificuldade, foi mantendo o Bayern envolvido numa teia de jogadores não deixando haver grande espaço para jogar; é, portanto, preciso dizer – o Porto fez uma grande exibição.

O resultado é bom mas não é óptimo. Basta perder por 2-0 na Alemanha para o sonho portista acabar, daí que todo o cuidado seja pouco e todo o coração seja necessário. Os adeptos saíram do estádio afónicos e os azuis e brancos acabaram o jogo “estourados”, e com duas baixas de peso – Alex Sandro e Danilo. Duas gotas de óleo no oceano de felicidade e ilusão portista.

O mais dificil ainda não foi feito: temos três jogos no espaço de uma semana e pouquíssimo tempo para recuperar física e psicologicamente. Com a Académica, Lopetegui terá que mexer muito na equipa; não há outra forma de abordar o jogo mas o maior desafio será recuperar a concentração contra o Benfica. Depois de jogos da Liga dos Campeões, a recuperação psicológica parece mais importante do que a física, pelo que será crucial Lopetegui trabalhar neste campo.

Aconteça o que acontecer na próxima Terça-Feira, a grande alegria que tivemos na última Quarta já ninguém nos tira. O Porto está presente entre os grandes do futebol, recolhe elogios dos quatro cantos do mundo, e mostra de que massa é feito. Resta manter o sonho vivo e isso passa já por ganhar à Académica este sábado.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Vitória SC vs Sp. Braga: Uma visão pouco imparcial

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Escrever sobre o que se passa fora das quatro linhas do relvado – ou pelo menos fazê-lo sem o fácil resvalo para o cliché – está longe de ser o mais fácil dos labores. A narrativa das incidências do jogo é subtancialemente mais fácil de reproduzir. Com maior ou menor conhecimento técnico-táctico do redactor, é sempre possível garantir o essencial: a descrição dos lances, das sortes e dos azares de parte a parte, do critério do árbitro, do estado do terreno e, por fim, do impacto que o resultado teve para as aspirações das equipas.

Escrever sobre o que se passa fora das quatro linhas do relvado começa por ter o problema da delimitação do objecto. E, a título pessoal, da quase impossível garantia de imparcialidade.

O primeiro Vitória vs Braga a que assisti – ou, pelo menos, aquele de que me recordo ter assistido – ainda tinha vitórias a valer dois pontos. Da zona envolvente do estádio, irreconhecível por comparação com a actualidade, lembro-me nitidamente de uma estreita porta negra ao fundo no acesso ao actual topo sul. “Ao fundo”, porque furar por aquele acantonamento de adeptos em ebulição parecia praticamente impossível; numa atmosfera típica do futebol do início dos anos 90, todos queriam entrar por aquela brecha com a maior celeridade e a todo o custo, sem revistas nem objectos proibidos ou torniquetes electrónicos. Acabei por entrar ao colo do meu pai, no meio de exclamações do género “olha aí que está aqui uma criança”, apenas assim beneficiando de um pouco de ar respirável. O medo sentido naquele momento, contudo, foi de imediato contrabalançado por um artefacto que hoje não me seria permitido levar para o interior de qualquer recinto desportivo: a minha primeira bandeira com o escudo do Rei, com cabo de madeira e com um tecido que hoje já não se encontra. O Vitória vencera por quatro bolas a duas, golos de Tanta, Gilmar, (o grande) Zahovic e Emerson Almeida, e terminara essa época na quarta posição. Estávamos no auge da era do carismático e polémico Pimenta Machado. Os vitorianos podiam arrogar-se de, sucessivamente, época após época, serem melhores desportivamente do que o rival do outro lado da Morreira.

Prevê-se um encontro de grande nível Guimarães Fonte: Vitória Sport Clube
Prevê-se um encontro de grande nível Guimarães
Fonte: Vitória Sport Clube

A viragem do século traria consigo uma realidade substancialmente diferente. O Vitória “mandão”, de presença assídua nas competições da UEFA, começava dentro do campo a dar sinais de fraqueza; em 2000/01 garantiu a manutenção apenas na última jornada, cenário que se voltaria a repetir em 2003/04. Não obstante, a quebra de rendimento não afectou a paixão vitoriana, potenciando-a até nos momentos de maior aperto. Nesse ano de 2004, estou seguro de que qualquer vitoriano há-de ter gritado e festejado mais o golo do Rogério Matias no dérbi – que deu o mote para a manutenção no principal escalão – do que o penalty decisivo do Ricardo contra a Inglaterra. Fui literalmente projectado no meio dos festejos, mas, honestamente, pouco me ralei com as pisaduras.

Na época de 2010/11, fui sucessivamente do Lech Poznan, do Liverpool, do Dinamo de Kiev e até do Benfica e do Porto. Não tenho qualquer pudor em assumi-lo, do mesmo modo que ninguém do Braga terá celebrado a nossa conquista da Taça de Portugal; seguramente ninguém veria com agrado o inimigo visceral ter sucesso numa competição europeia. Ou nacional. Ou mesmo amigável. Nesse aspecto, a transparência é absoluta: sem prejuízo do respeito pela instituição, nenhum vitoriano gosta de ver o Braga a ganhar. E o sentimento é recíproco.

Em Guimarães há uma sobejamente conhecida identidade do clube com a cidade, numa relação quase umbilical sem par a nível nacional. E nos dias de confronto, como o de hoje à noite, o ambiente é invadido por uma tensão positiva, que tolhe a concentração em todo o resto nas horas que o antecedem. Todos os jogos são para ganhar, mas nestes em particular exige-se que a equipa deixe a pele em campo. E em Guimarães a exigência é a nota dominante. Os vitorianos terão em Soudani e Ricardo as referências de maior no que à conquista da Taça de Portugal diz respeito, mas jamais se esquecerão do bis de Barrientos naquela épica noite de Janeiro de 2013.

Infelizmente, e não raras vezes, estes encontros são sinónimo de conflitualidade acima do aceitável. O jogo entre equipas B de há dois anos foi o exemplo acabado de como o ambiente é facilmente inflamável, corporizando o que de mais negativo há no futebol, o que acarreta consequências para os próprios clubes. São longos os relatos de confrontos físicos, tanto num estádio como no outro, que fazem do dérbi minhoto um jogo de alto risco. Ai do infeliz que tenha a ideia de se aventurar por zonas não policiadas com a camisola do adversário…

É por isso que se torna difícil escrever sobre o que se passa fora das quatro linhas do relvado. Porque o futebol passa frequentemente para segundo plano, sucumbido à ideia de superiorização ao rival seja de que maneira for. Na liga, à boleia de uma excelente segunda volta, os arsenalistas cavaram um fosso de dez pontos para os conquistadores. Mas isso não significa que hoje à noite não nos desloquemos ao estádio em massa, com o mesmo fervor irracional que teríamos se estivéssemos em primeiro lugar ou até na segunda divisão.

Esteja em campo o Zahovic, o Pedro Barbosa, o Capucho, o Meira, o Mendes, o Romeu, o Assis, o Desmarets, o Soudani ou o André André, a verdade é apenas uma: mudam os intervenientes, muda o estádio, mudam as gerações, mas a paixão não muda. Pessoalmente, resta-me deixar votos de que “espanhóis” e “marroquinos” dêem um bom espectáculo. Que ninguém se magoe. Mas que os três pontos fiquem no castelo.

Foto de Capa: Vitória Sport Clube

Melhor equipa em Portugal. Existem dúvidas?

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Se (ridículas) dúvidas existissem sobre a equipa que melhor joga futebol em Portugal, ontem foram dissipadas: é o Futebol Clube do Porto. A derrota imposta a uma das melhores equipas do Mundo (se não melhor) só escasseia pelos números: mereciam ser 4, 5, talvez 6… Neuer fez jus ao seu nome e defendeu o que podia – embora já não devesse “por lá andar” nessa altura: fruto do penalty que cometeu, deveria ter sido expulso – e Lahm tentou pegar numa equipa partida, não devido à falta de competência, mas sim devido a um Porto subido no terreno, pressionante, que não deixou respirar uma equipa que habitualmente vê onze homens atrás da linha da bola a tentar não sofrer golo. Não, o Porto quis marcar, quis ser Porto! Jogámos como se fosse contra um Gil Vicente (com todo o respeito), olhámos nos olhos do adversário e vulgarizámos uma equipa colossal, um monstro mundial. Isto é ser Porto; é calar as vozes que se levantam contra tudo o que seja azul-e-branco.

“Vocês só jogaram contra equipas fracas na Champions” – este falso argumento, que já esmiucei noutro texto, foi por água abaixo. Afinal até jogamos com equipas boas e ganhamos. Querem tanto tirar mérito a este fantástico Porto europeu que se esquecem de que já lá nem estão, por demérito e incompetência próprias.

O Porto de ontem foi algo totalmente brutal. Jogou ao nível de uma melhor equipa do mundo, e a noite só não foi perfeita pelo golo (imerecido) que sofreu. Por falar nisso, esse mesmo golo imerecido deixa a eliminatória totalmente em aberto, pois não podemos esquecer que na Alemanha “mandam eles”, e dois golos não são nada de mais… Precisamos de marcar pelo menos um, pois o plantel da invicta raramente sofre mais de dois golos! Veremos…

Mas agora é altura de festejar; festejar a vitória, sem esquecer que o campeonato está “à porta”. Não podemos facilitar, pois a prioridade é o campeonato, que não estamos já a liderar fruto das razões que se sabem.

Adorei a (re)volta de Jackson, que demonstrou ser, de momento, o melhor avançado da europa. Não digo que seja melhor do que Ibrahimovic ou Suarez, mas digo, sem dúvida, que a sua forma o torna no melhor avançado a actuar na Europa, de momento. DE MOMENTO! Não confundir, como “alguns” gostam de fazer, com “da Europa”! É um jogador completo, incansável, e que merece a braçadeira que enverga. Sabemos que irá sair no verão mas, ainda assim, desejo (ou desejava) que fique muitos anos!

Outro ponto a assinalar tem a ver com o enorme Quaresma, que vimos bailar no estádio do Dragão. Foi o artista maior de uma noite de gala, a par do avançado colombiano. O “ciganito” está a provar que merece a titularidade na selecção, remetendo o inconstante Nani para o banco, e isso foi trabalho de Lopetegui, claramente. Lembrem-se do início de época.

Por fim, sem Alex Sandro e Danilo, que quarteto defensivo irá o timoneiro espanhol apresentar em Munique? Eu aposto, da direita para a esquerda, em: Ricardo, Maicon, Marcano e Indi. Só tenho dúvidas em relação a Ricardo, pois com Robben e Ribery duvido de que o jovem tenha “pedalada” para tanto. Mas nós somos Porto, e vamos acreditar que, se o sonho é que comanda a vida, então sonharemos para viver!

Seria lindo passar a eliminatória, pois, se isso acontecesse, seria um “input” para o campeonato (que penso que sem mais manobras de bastidores ficará no Dragão) e um claro fortalecimento para o jogo com o Benfica, numa casa que, sabe-se, é difícil em todos os sentidos…

Passo a passo, parafraseando Herrera, “rumo à final!”.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Jorge Jesus, o Ferguson do Benfica?

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János Biri é um nome que provavelmente não vos diz nada. Foi treinador do Benfica durante oito épocas, entre 1939 e 1947. Venceu três campeonatos e três Taças de Portugal. Desde esse último ano que o Benfica não tinha um treinador que estivesse tanto tempo no clube como Jorge Jesus. Para encontrar alguém com um maior número de anos seguidos a treinar o clube da Luz tivemos de recuar 68 anos. O actual técnico encarnado tem lutado contra o que tem sido norma nos últimos anos, não só no Benfica como também no futebol português e mundial: o despedimento após o falhanço de resultados rápidos e consistentes.

Chegar e vencer não é fácil. Mais difícil ainda é chegar, vencer e continuar a vencer. Jorge Jesus chegou e venceu. Após dois anos difíceis, de títulos perdidos nas últimas jornadas e nos últimos minutos, voltou a vencer. Está actualmente no sexto ano consecutivo no comando do Benfica, e o contrato termina no final da época. A comunidade benfiquista discute: deve Jorge Jesus permanecer no comando técnico?

Provas dadas

Em seis anos Jorge Jesus conquistou dois campeonatos, uma Taça de Portugal, quatro Taças da Liga, uma Supertaça e devolveu o Benfica ao topo da Europa com consecutivas qualificações para a Liga dos Campeões e duas finais da Liga Europa. Há quem diga que dois campeonatos em dois anos é pouco, há quem diga que as Taças da Liga são “canecos de cerveja” e pouco ou nada contam. Eu não acho.

Quando o técnico português chegou tinha um clube com uma enorme história do século passado para dignificar e toda uma história de glória para construir neste século. E este século estava a ser realmente um problema. Quando Jorge Jesus chegou o Benfica apenas tinha ganhado quatro títulos: um campeonato, uma Taça de Portugal, uma Taça da Liga e uma Supertaça. Um palmarés de dez anos muito aquém de um clube da grandiosidade do Benfica. Jorge Jesus mudou isso e em seis anos conquistou oito títulos.

Não são só os títulos que contam…

O Benfica vivia uma situação financeira frágil aquando da chegada do treinador português. Os danos do mandato de Vale e Azevedo ainda se sentiam nas economias encarnadas, e as últimas conquistas e prestações na Liga dos Campeões não permitiram consolidar as finanças.

Um treinador não tem intervenção directa nas contas do clube, muito menos de um clube com tantas modalidades e de tão grande dimensão. Mas pode ajudar com potenciamento de jogadores e com a conquista de títulos. Da conquista de títulos já falámos. E dos jogadores? Durante a era de Jesus no Benfica, o clube encarnado arrecadou 218 milhões de euros em venda de jogadores. Para tal contribuíram, em muito, jogadores que o próprio técnico criou e outras das suas famosas adaptações. Falamos de grandes jogadores que permitiram igualmente grandes encaixes, como Fábio Coentrão, Matic, Witsel, Enzo Pérez, Javi García…

Jesus já sabe o caminho para os títulos. Que o deixem continuar esse caminho por muitos anos. Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Jesus já sabe o caminho para os títulos. Que o deixem continuar esse caminho por muitos anos.
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

Deve Jorge Jesus renovar?

Prós: Tudo o que conquistou, tudo o que potenciou e tudo o que ainda tem para dar são argumentos simples mas suficientes para garantir a continuidade do técnico português.

Contras: A fraca aposta em jovens tem sido uma das principais críticas apontadas ao treinador das águias.

Jorge Jesus já tem um lugar assegurado na história do Benfica, não só pela personagem autêntica que é mas também pelo trabalho desenvolvido. E se ganhar este ano o campeonato não espero nada mais, nada menos do que ficar por muitos e bons anos. E mesmo que não ganhe. Com um plantel muito mais frágil e noviço do que o da última temporada, o técnico português está a conseguir fazer um trabalho gigante, estando ainda na frente de duas competições.

Pode vir a ser o Ferguson do Benfica? Pode, e espero que seja. Tem um conhecimento aprofundado sobre o futebol português e sobre o futebol mundial. Já mostrou qualidade e resultados. Acho que é uma excelente aposta da Direcção do clube para os próximos anos, que certamente serão de glória. O treinador das águias já mostrou saber fintar barreiras e singrar. Espero que continue e espero que se construa um futuro glorioso e próspero com a sua assinatura. Espero que esse futuro implique também uma maior aposta na formação, que tem aumentado mais e mais de qualidade nos últimos anos. Este é o único defeito que tenho a apontar àquele que espero que seja o homem que volte a pôr o Benfica entre os grandes tubarões europeus. Porque a mim não me interessa só ter um clube com história. Não quero dizer que o Benfica na década de 60 era gigante; quero dizer que o Benfica é grande, que o Benfica faz história e amedronta equipas, qualquer que seja a época, a década ou o século.

O fim de uma era em Dortmund

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Chegou o momento que todos, há uns meses atrás, pensariam não acontecer num futuro tão próximo e que deixará o futebol alemão mais pobre. É o fim de uma era na Vestfália. Jürgen Klopp anunciou emotivamente, em conferência de imprensa, que abandonará o comando técnico do Borussia Dortmund no final desta época. Dá-se, assim, o divórcio de um “casamento” que durou sete anos.

“Kloppo” chegou a Dortmund na temporada 2007/08, proveniente do Mainz 05, e desde então conseguiu reconduzir, após um período conturbado, este gigante europeu de novo à glória e ribalta, não só alemã, mas também europeia, e aos títulos. Pôs em causa o poderio do gigante Bayern de Munique, ao conquistar duas Bundesligas consecutivas (2010/11, 2011/12), três Supertaças e uma Taça da Alemanha. Em contornos europeus, a surpreendente e triunfante caminhada da equipa na edição de 2012/13 da Liga dos Campeões apenas terminou na final da competição, na qual foram derrotados pelos rivais de Munique – que venceram a Bundesliga, a taça e a Champions nesse ano.

O carismático treinador alemão ficou conhecido por conseguir fazer o “impossível” com o pouco que tinha. Não que tivesse pouca qualidade no plantel, mas devido à situação financeira e estrutural do clube, que não proporcionava contratações sonantes, teve que primar pelo desenvolvimento de jovens atletas, tanto da formação como vindos de outros emblemas ainda em tenra idade. E a verdade é que, ainda assim, teve sucesso e fez desses jovens alguns dos melhores jogadores de hoje em dia em todo o planeta. A sua filosofia em muito contribuiu para isso.

Primando sempre por um futebol atrativo, Klopp construiu a imagem de um treinador apaixonado e efusivo pelo desporto-rei, que vive intensamente todos os momentos das partidas, festeja os golos com os jogadores, ri, esbraceja e expressa toda a sua emoção para dentro das “quatro linhas”. Não centra apenas a sua atenção no rigor tático e técnico, mas foca-se primordialmente em termos motivacionais, algo que revela ser determinante para o sucesso individual e coletivo dentro de campo. Potenciou o futebol de alto nível de alguns dos melhores jogadores de hoje em dia, como Mats Hummels, Mario Götze, Robert Lewandowski, Nuri Sahin, Ilkay Gündogan, Shinji Kagawa e, claro, Marco Reus.

O carismático treinador reconduziu o Dortmund aos títulos Fonte: Facebook do Dortmund
O carismático treinador reconduziu o Dortmund aos títulos
Fonte: Facebook do Dortmund

Os elogios fizeram-se sentir, até que Klopp ressuscitou a “febre amarela”. Os adeptos responderam à evolução da equipa e, nos dias que correm, nenhuma partida no Westfalenstadion conta com cadeiras vazias. O Dortmund pode afirmar que é um dos clubes com os melhores aficionados do mundo, pois é algo que se pode comprovar todos os fins de semana.

Porém, nem tudo é um conto de fadas. E nesta época isso é visível. O futebol do Borussia perdeu encanto, os golos deixaram de surgir tão naturalmente e a bola começou a entrar com elevada frequência na baliza “amarela”. O clube, que já chegou a estar na zona de despromoção do campeonato alemão, segue, de momento, em décimo lugar, algo que não se revê nos objetivos traçados para a equipa. Afastados da Liga dos Campeões nos oitavos de final, a única réstia de esperança passa por uma vitória na Taça da Alemanha, na qual não terá, decerto, tarefa fácil, pois disputará a meia-final da competição com o Bayern de Munique.

Devido à fraca prestação na presente época, Klopp avançou e, em conjunto com a direção do histórico emblema, decidiu que já não era o treinador de que o Dortmund necessitava para voltar aos triunfos e que estava na altura de rumar a outras paragens. “Sempre disse que no momento em que achasse que já não seria o treinador perfeito para este extraordinário clube, o diria. Acredito plenamente que esta é a decisão certa. Ninguém tem de agradecer-me. Ambos os lados investiram muito e tiraram muitos proveitos”, foram as palavras do alemão, que nunca será esquecido pelos dirigentes e pelos jogadores que vestiram o amarelo e preto.

O que se seguirá para Klopp? Ainda não há certezas. O carismático treinador já fez saber que não pretende parar nem tirar um ano “sabático” fora do futebol e Inglaterra alinha-se como destino mais provável para o seu futuro – Arsenal e Manchester City, a viverem tempos menos felizes, são os emblemas mais falados pela imprensa internacional. Certo é que a liga alemã vai perder algo do seu encanto com a saída do técnico de 47 anos. Auf wiedersehen, Jürgen, a Bundesliga sentirá a tua falta!

Foto de capa: Facebook do Dortmund