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Taça Davis – A França forte

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cab ténis

O slogan é de Nicolas Sarkozy, politico francês, mas pode aplicar-se à selecção francesa, que vai defrontar Roger Federer e companhia na final da Taça Davis, que se joga a partir de hoje em Lille, França.

Jo Wilfried Tsonga, Gael Monfils, Julien Benneteau e Richard Gasquet constituem uma das equipas mais sólidas que uma selecção de ténis pode querer ter em seu poder. E diga-se: Tsonga e Monfils são dois dos melhores jogadores do mundo para jogar uma final de uma Taça Davis em casa. Se a equipa suíça conta com Roger Federer e Stanislas Wawrinka, dois dos tenistas que estão em melhor forma nesta fase final de temporada, e que chegam para vencer a competição, a selecção francesa conta com os seus quatro mosqueteiros, que, inspirados na cruzada de Henri Leconte e companhia, perseguem o 10º titulo e o primeiro desde o ano de 2001.

Em primeiro lugar, os quatro tenistas franceses não disputaram o Masters em Londres, aparecendo assim em Lille muito mais frescos e com mais tempo de treino adaptado ao piso e às condições que vão encontrar em Lille. Em segundo, jogam em casa, no piso que mais os beneficia e no ambiente que mais os ajuda.

A par disso, Tsonga e Monfils são loucos. São verdadeiras estrelas do ténis dentro de court e sabem melhor do que ninguém utilizar o público a seu favor, o que nesta competição é um factor de extrema importância. Estes dois jogam “ténis-espectáculo” – para as bancadas e com as bancadas – e isto basta para nos momentos de maior aperto conseguirem dar a volta por cima ou para fazerem os suíços entrar em campo “encolhidos” e a medo.

Claro que uma equipa que tem Federer parte da pole-position e uma equipa que para além de Roger conta com o espírito de sacrifício de Wawrinka é como uma equipa de Fórmula 1 que coloca os dois carros nos dois primeiros lugares. A vontade de Roger de conquistar este título não significa que a equipa suíça não vá passar por dificuldades, ainda para mais quando o técnico nacional, Severin Luthi, não colocou Federer e Wawrinka no par, não se sabendo se foi uma decisão tomada fruto da mais recente zanga entre ambos.

A equipa francesa joga assim na sua máxima força frente a uma Suíça que, não estando propriamente debilitada, não está no máximo do seu potencial, devido à lesão de Roger Federer e ao suposto mau ambiente entre Wawrinka e “FedExpress”. Tsonga, Monfils, Benneteau e o “baby Federer”, Richard Gasquet, querem certamente mostrar que em França mandam os franceses e alguns têm até algumas contas a ajustar com os adversários suíços, provando a eles e ao mundo que numa competição como a Taça Davis o que conta não é o ranking, mas única e exclusivamente aquilo que acontece dentro do court.

A Taça Davis decorre de Sexta a Domingo.

Rolando: quem te viu, quem te vê e quem não te quer ver mais

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atodososdesportistas

Num período de “seca futebolística”, que contrasta com as deambulantes e intermitentes chuvas que se fazem sentir (pelo menos aqui pelos Algarves), aproveito uma tarde cinzenta e com ameaças de pingas, desde este 11º andar, para falar de um jogador que vive um clima identicamente cinzento e igualmente com ameaças de não voltar a jogar, depois de se ver no cimo de um arranha-céus que culminou com a conquista da Liga Europa, na época de 2010/2011 – falo, claro está, de Rolando.

Chegado pela mão de Jesualdo Ferreira ao plantel azul e branco, no verão de 2008, cedo se percebeu que o então jovem central português com descendência cabo-verdiana vinha para se impor. E fê-lo. Com naturalidade ganhou o seu espaço e afirmou-se no centro da defesa portista, formando uma temível dupla com Bruno Alves. Durante as temporadas seguintes, foram vários os centrais que Rolando “sentou” no banco: Maicon, Nuno André Coelho, Abdoulaye, Stepanov, Sereno, André Pinto e Tiago Ferreira. Pelo caminho saiu Bruno Alves mas Rolando manteve-se no onze, quer com Maicon, quer com Otamendi. Entretanto, assumiu um dos lugares na hierarquia de capitania dos dragões e tudo indicava uma nova época ao lado do argentino Otamendi. Mas assim não foi… Pela mão de Vitor Pereira, Rolando viu-se ultrapassado por Maicon, pelo recém-chegado Mangala e, imagine-se, por centrais que tinham vivido na sombra do mesmo: Sereno e Abdoulaye!

Nunca foi uma história bem explicada, pois, como em todas as boas histórias, existem sempre duas versões, que, por norma, se contradizem… O Futebol Clube do Porto emprestou-o ao Napoles e ao Inter, e nos nerazzurri o internacional português até conseguiu encontrar o seu espaço, num esquema de três centrais. Tudo apontava para que fosse exercida opção de compra por parte dos italianos, mas os mesmos não o fizeram, devolvendo o jogador “à base”. Certo é que, dias depois, chegou aos cofres do Dragão uma proposta por parte de quem o tinha “dispensado” do empréstimo, tendo sido dado como resposta um “não”. Foi uma “birra” da SAD azul-e-branca? Alguns dizem que sim, outros afirmam que tal se deveu às declarações de Rolando, ainda enquanto jogador dos milaneses, quando afirmou que no Futebol Clube do Porto existiam salários em atraso (coisa que, diga-se de passagem, provou-se ser falsa). Lá voltamos à tal boa história: terá mesmo Rolando dito tal coisa? Terá sido uma jogada do empresário para desviar o jogador do Dragão para o Sporting – confirmou-se mais tarde o interesse no jogador, aquando da troca de Izmailov, quando os leões pretendiam Kadu, Miguel Lopes e o próprio Rolando, apenas garantindo Miguel Lopes e o guarda-redes Ventura – com rescisão por justa causa?

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Depois de uma época no Inter de Milão, Rolando está novamente longe dos relvados
Fonte: flickr.com 

Certo é que o “caso Rolando” é aquele que mais vai assombrando as hostes azuis e brancas, que pagam um salário que se adivinha nada baixo a um jogador que se vai “arrastando” a treinar com a equipa B, onde nem convocado é. Vamos, então, ao escárnio daquilo que foi o título deste texto, por pontos:

Quem te viu: viram os adeptos azuis e brancos, com orgulho e distinção, os largos anos que passaste de dragão ao peito, com exibições sempre discretas mas de uma eficácia tremenda. Esse Rolando merece um obrigado de toda a comunidade portista, pois quem dá tudo, a mais não é obrigado.

Quem te vê: pelos vistos, Inter de Milão continua a ser o maior seguidor do defesa-central que ainda pertence aos quadros do Porto, esperando-se (finalmente!) uma abordagem na reabertura do mercado que satisfaça ambas as partes: o Inter bem precisa de um central e o FC Porto bem precisa de se desfazer deste “peso orçamental”. Da Premier League também chegam ecos de interessados, mas nunca passaram disso mesmo – ecos. Também o Sporting por certo estará de olho em Rolando: não só por ser sempre um jogador apetecível, mas principalmente porque indo para Alvalade, seria de longe o central com mais qualidade daquele plantel. Esta última opção parece-me muito diminuta, dado o infantil e sucessivo comportamento do líder dos leões, que mais parece um gatinho a quem tiraram a tigela de leite e que aproveita para miar a tudo e todos, sem aleijar nada nem ninguém;

Quem não te quer ver mais: pois bem, termino com um ponto delicado mas… verdadeiro. Os adeptos que se levantaram no primeiro destes três pontos são os mesmos que estão desejosos de o ver partir. Não pelo que foi (isso ninguém lhe tira!), mas pelo que representa nos quadros azuis-e-brancos: um peso salarial a suportar, sem qualquer tipo de vantagem desportiva num futuro a curto/médio prazo.

Dado tudo isto, despeço-me com o desejo de que tudo se resolva já em Janeiro, para bem das três partes: FC Porto, Rolando e clube comprador.

Foto de capa: flickr.com

Jogadores Que Admiro #27 – Peter Schmeichel

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O futebol é algo que me apaixona desde muito cedo na vida. Tinha cinco anos quando comecei a ver futebol e a jogar “Sega Worldwide Soccer 98” na minha, velhinha, Sega Saturn. Já seguia o Sporting e havia uma equipa estrangeira que me enchia as medidas, o Manchester United, onde pontificavam jogadores como David Beckham, Gary Neville ou Ryan Giggs, além do gigante dinamarquês. Era sempre com os “red devils” que eu ficava horas a jogar no primeiro simulador de futebol que me passou pelas mãos.

Recordo-me bem da final épica da Liga dos Campeões de 1998/99, em que o Manchester United venceu o Bayern Munique com uma reviravolta no período de compensações, após golos de Sheringham e Solskjaer. A subida de Schmeichel à área no canto do primeiro golo, onde teve influência na jogada, foi para mim uma novidade: nunca tinha visto um guarda-redes a jogar na área contrária. Até por esta ação fui cativado por aquele a quem costumava chamar de  “Grande Gigante”, por ser um gigante que eu considerava maior do que os outros. Era o guarda-redes da equipa, que venceu o jogo mais épico que alguma vez vi, e o primeiro de que me recordo na minha infância.

A final frente ao Bayern Munique foi o último jogo de Schmeichel pelo Man.United Fonte: FootballSoccerFocus
A final frente ao Bayern Munique foi o último jogo de Schmeichel pelo Man.United
Fonte: FootballSoccerFocus

É, portanto, fácil de imaginar a minha felicidade e até histeria quando vi chegar o “Grand Danois” a Alvalade. O homem que era o guardião do templo de uma das melhores equipas do mundo e que tinha sido eleito melhor guarda-redes do mundo em 1992 e 1993. Eu não conseguia acreditar em tão espetacular contratação do Sporting; foi algo que me fez gostar ainda mais dos “leões”. Tinham agora nas suas fileiras o guarda-redes que metia respeito e até medo a vários jogadores, incluindo os da sua própria equipa.

O palmarés de Schmeichel é extremamente rico. Depois de ter jogado alguns anos em clubes menores da Dinamarca, Peter transferiu-se para uma das melhores equipas do país, o Brondby, onde ganhou qualquer coisa como quatro Ligas em cinco anos. Aos 27 anos, mudou-se de armas e bagagens para o Manchester United, onde, em oito épocas, ganhou cinco campeonatos, três Taças de Inglaterra, uma Liga dos Campeões, quatro Supertaças, uma Supertaça Europeia e uma Taça da Liga. Ainda neste período, foi campeão europeu com a seleção da Dinamarca em 1992, quando nem sequer se tinham apurado para a competição.

Quando veio para Portugal, aos 35 anos, Peter tinha uma carreira bastante sólida e recheada de títulos. Veio para um grande clube que não ganhava o campeonato há 18 anos e que tinha milhões de adeptos sedentos de vencer. Impôs-se rapidamente pelo estatuto que trazia e pela autoridade que impunha aos colegas. Enchia-se de raiva mal rematavam à sua baliza, reclamava e berrava com os seus defesas para acertarem posicionamento e marcações, corrigia todos os movimentos errados dos seus companheiros. É nostálgico lembrar os momentos em que, mal a bola ultrapassava a linha final, se via Schmeichel a esbracejar que nem um louco para Beto ou André Cruz, citando apenas outros dois obreiros do campeonato celebrado a partir de Vidal Pinehiro, no dia 14 de maio de 2000. Schmeichel era um obstáculo dificílimo de ultrapassar para os adversários e a exibição no Estádio do Bessa, numa vitória por 1-0 frente ao Boavista, ficou na memória pela importante prestação do gigante escandinavo na baliza leonina, a defender a vantagem conseguida no primeiro minuto de jogo com um pontapé fantástico do não menos genial Pedro Barbosa, também já protagonista em edições passadas desta rubrica.

O gigante dinamarquês foi uma pedra basilar no Sporting campeão de 1999/2000 Fonte: Tesouro Verde
O gigante dinamarquês foi uma pedra basilar no Sporting campeão de 1999/2000
Fonte: Tesouro Verde

A contratação de Peter Schmeichel foi uma ação que teve tanto impacto que o presidente do Sporting na altura, José Roquete, disse aos jornalistas, aquando da confirmação do negócio: “assinámos com o Schmeichel, portanto vamos ser campeões.” O guardião tinha saído da Premier League devido ao alucinante calendário das equipas inglesas, soube lidar muito bem com a pressão e foi um pilar importantíssimo para o final do jejum dos “verde e brancos”, no que a campeonatos diz respeito.

Esteve duas épocas em Alvalade e depois terminou a carreira em Inglaterra, com uma passagem no Aston Villa e outra, na temporada 2002/03, com a camisola do Manchester City. Hoje em dia, é o seu filho Kasper que defende as redes da seleção dinamarquesa e também do Leicester City, equipa da Premier League. O filho seguiu as pisadas do pai, escolhendo a baliza como o seu lugar predileto nos campos de futebol.

Foi este senhor o primeiro jogador que eu me lembro de idolatrar enquanto adepto. Felizmente tive a possibilidade de o ver jogar em Portugal, ao serviço do Sporting. O “Grande Gigante” será sempre um marco nas minhas memórias futebolísticas.

A vida é feita de escolhas…

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sexto violino

… e o Sporting tem uma escolha bastante importante para fazer. Não vou entrar em pormenores sobre se a equipa se está a exibir abaixo do esperado (a atacar acho que não, a defender é óbvio que sim), mas o facto é que, à 10ª jornada, ocupa o 8º lugar do campeonato. Em parte essa classificação explica-se por diferenças de critérios de arbitragem no caso de ser o Sporting ou outros clubes – de que tanto eu como outros redactores já falámos – mas também salta à vista uma nítida irregularidade exibicional. A escolha que terá de ser feita e a que comecei por aludir será, a meu ver, entre o campeonato e as competições europeias.

É notório que o Sporting tem um bom grupo de jogadores, a grande maioria jovens que têm mostrado evolução. Apesar de a equipa defender muito mal, já fez alguns dos melhores jogos que me lembro de ver do Sporting – caso das duas partidas com o Schalke e do jogo com o Porto para a Taça, por exemplo. Mas esta tem sido uma época estranha, na medida em que esses grandes jogos são intervalados por exibições inexplicavelmente pobres. Sou da opinião de que uma parte dessa irregularidade se deve à inexperiência do núcleo duro da equipa, pelo que temos de ponderar se não será melhor haver alguma rotatividade conforme as competições. E, como os Sportinguistas estão sedentos de vitórias, não há volta a dar: o campeonato terá de ser sempre a grande prioridade.

Marco Silva referiu, há uns tempos, que um dos momentos em que o Sporting se sente mais confiante é quando está a gerir uma vantagem. O problema é que, este ano, foram mais as vezes que a equipa sofreu golo e teve de correr atrás do resultado do que aquelas em que marcou cedo e geriu com calma… Olhando para os jogos disputados até agora, já houve três fases em que o Sporting podia ter dado passos importantíssimos rumo ao consolidar da sua posição na Liga, mas em que isso acabou por não acontecer.

Vejamos: nas duas primeiras jornadas do campeonato, o Sporting empatou com a Académica e venceu o Arouca de forma suada. Resultados e exibições nada brilhantes. Na ronda seguinte, o empate na Luz, mesmo não significando os 3 pontos, foi razoavelmente moralizador. Em relação às últimas épocas, esse empate representou um ponto a mais na Luz e tudo parecia bem encaminhado… mas eis que o Belenenses empata em Alvalade e obriga os leões a marcar passo. Depois disso, mais dois pontos cedidos de forma ridícula na Eslovénia, e dois jogos que deviam ter sido ganhos de forma a dar confiança à equipa transformavam-se em tempo e pontos perdidos. Pelo meio houve uma vitória gorda contra o Gil Vicente que, com todo o respeito, era uma obrigação. Depois disso, o jogo em Alvalade com o Porto: uma partida que podia ter ficado resolvida na primeira parte acabou por significar novo empate. Desta vez, ao contrário do que aconteceu na Luz, o resultado soube a derrota. Não contabilizo o confronto com o Chelsea porque esse resultado era esperado. Ainda assim, os empates com Belenenses, Maribor e Porto podiam ter facilmente significado três vitórias e foram o pior período do Sporting até agora.

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O calendário do Sporting até ao momento e os próximos jogos. A vermelho, os 3 períodos-chave
Fonte: forumscp.com

Passado esse turbulento mês de Setembro, houve um intervalo de tempo em que os leões pareceram estabilizar. Pela primeira vez ganharam dois jogos seguidos para o campeonato (Penafiel e Marítimo), e as quatro partidas disputadas nesse período só não originaram outras tantas vitórias devido à vergonha de Gelsenkirchen. Após os 4-2 com o Marítimo vinha uma prova de fogo: V. Guimarães fora. Nesta altura a evolução da equipa era nítida e, olhando para trás, quem despacha o Porto no Dragão e obriga a UEFA a inventar uma vitória do Schalke também podia perfeitamente ganhar em Guimarães. Porém, não foi o que aconteceu. Num jogo sem dúvida difícil, mas que podia significar o consumar da aproximação ao Benfica – que tinha perdido em Braga na semana anterior – a equipa simplesmente não respondeu, e voltou de novo a uma desvantagem de 6 pontos. Segunda hipótese de retoma, segunda vez que o Sporting falhou. Terá sido por os jogadores já estarem a pensar no jogo em casa com o Schalke? Gostava de dizer que não mas acredito que em parte sim, daí defender que a equipa deve ser mais rodada.

A terceira e, até ver, última vez que o Sporting desperdiçou uma oportunidade de subir a confiança da equipa – quer se queira quer não, e mesmo sabendo que o campeonato não vai ficar assim, olhar para a classificação e ver “8º lugar” afecta bastante, até porque o plantel tem qualidade – foi no jogo contra o Paços de Ferreira. Uma equipa que, pese embora os seus méritos recentes, tinha de ter sido derrotada. Contudo, o Sporting não conseguiu mais do que um empate e o número 8 tornou-se demasiado familiar, representando actualmente tanto o lugar na classificação como a distância pontual para o enfadonho mas eficaz (e já várias vezes amparado na hora H…) Benfica de Jorge Jesus.

Tem havido falta de sorte? Tem. A pouca experiência europeia da espinha dorsal da equipa tem complicado? Sim. A forma como o Sporting defende e a necessidade urgente de um central têm feito a equipa perder pontos? Sim, e de que maneira. Mas, como se costuma dizer, não vale a pena chorar sobre leite derramado. Agora, o que há a fazer é tentar potenciar a equipa ao máximo nos jogos do campeonato, porque são esses que mais interessam. A Europa é um bónus. Claro que contra o Maribor o Sporting deve apresentar a equipa mais competitiva, porque o jogo é decisivo e os jogadores vão estar frescos. Mas as próximas 3 jornadas da Liga (V. Setúbal, Boavista e Moreirense) terão obrigatoriamente de significar 9 pontos. Há que ganhar três jogos seguidos pela primeira vez e, se isso for sinónimo de ir jogar a Stamford Bridge com alguns suplentes, aceito de bom grado.

lateral
Os erros defensivos têm-se sucedido e minado os resultados do Sporting
Imagem retirada do blog Lateral Esquerdo, que aproveito para elogiar

No que toca à Europa não vejo, como já disse, outro cenário que não seja a rotatividade por forma a preservar as hipóteses da equipa no campeonato. Há duas possibilidades: ou o Sporting consegue o apuramento – e aí, sejamos sinceros, o mais natural é fazer apenas mais dois jogos europeus – ou é relegado para a Liga Europa (não concebo a hipótese de ficar em 4º no grupo). Nesse caso, dada a irregularidade que tem marcado os resultados e exibições do Sporting, apostar em atletas com menos minutos será a melhor solução. E, de resto, não é novidade nenhuma: Jorge Jesus tem-no feito com sucesso na segunda competição continental mais importante.

Quanto à opinião de Marco Silva a que já aqui recorri, não há fórmulas mágicas e muito menos sou eu que as tenho. Mas parece-me que, para que aconteça a já falada gestão das vantagens, é necessário que o Sporting entre de forma pressionante desde o primeiro minuto, não deixando o adversário respirar até ao 1-0. É mais fácil na teoria do que na prática, bem sei. Mas o que não pode acontecer é o Sporting oferecer a primeira parte de bandeja, como este ano já fez com Belenenses, V. Guimarães (neste caso foi o jogo todo…) e P. Ferreira.

A solução passará em boa parte pela dinâmica do meio-campo, sector em que é sobretudo William Carvalho quem tem de encontrar maior regularidade nas suas exibições. Dominado o meio-campo já é meio caminho andado para uma vitória, mesmo tendo em conta que 90% das equipas em Portugal se fecham muito e que devemos ser pacientes. Esse domínio terá mais hipóteses de sucesso caso os jogadores estejam frescos. E, para isso, há evitar sobrecarregar física e psicologicamente um grupo jovem. Posto isto, há que recorrer à tal solução que me parece mais imediata: rodar a equipa. E fazê-lo, claro está, na Europa, porque aquilo que os Sportinguistas mais desejam é o campeonato. À excepção da partida com o Chelsea, os próximos cinco jogos (três do campeonato, um da taça e outro da Liga dos Campeões) são para ganhar dê por onde der.

Podcast “Bola na Rede” – A análise à seleção nacional

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No 80.º programa do Bola na Rede, discutem-se os momentos mais marcantes da última semana na atualidade desportiva. O bom momento da seleção nacional e os nomeados à Bola de Ouro para melhor treinador são dois dos focos do programa.

Mário Cagica Oliveira está na moderação e os comentários estão a cargo de Francisco Manuel Reis (FCP), Francisco Vaz Miranda (SLB) e João Almeida Rosa (SCP).

Para ouvirem os restantes podcasts, podem seguir para este link.

Portugal 1–0 Argentina: Um resultado enganador e um “herói improvável”

cab seleçao nacional portugal

Os mais ingénuos poderiam achar que teríamos um jogo animado e com um ritmo elevado; pois bem, como esperado, não foi nada disto que se passou. Aliás, na minha opinião, o único fator de interesse desta partida era mesmo a presença de Ronaldo e Messi, e até esse se perdeu ao intervalo. Mesmo ao cair do pano surgiu um “herói improvável” – Raphael Guerreiro.

Portugal entrou desconcentrado, tal como foi assumido pelo próprio selecionador nacional, e rapidamente a Argentina tomou conta do encontro. O suspeito do costume, Lionel Messi, não tardou a dar sinal de vida aparecendo na cara do guardião português, mas não foi capaz de acertar com o alvo. Os comandados de Fernando Santos tardavam em reagir e só à meia hora de jogo é que Portugal criou a primeira oportunidade de golo, se assim se pode chamar, por intermédio de Cristiano Ronaldo e após cruzamento de Bosingwa. Nesta primeira parte gostaria de destacar Roncaglia e Tiago Gomes. O argentino foi um dos mais ativos, tirou sucessivos cruzamentos com bastante perigo e foi mesmo um dos melhores elementos do conjunto de Tata Martino. Por outro lado, Tiago Gomes esteve catastrófico. O português pareceu nunca acertar com a marcação a Lionel Messi e só não teve consequências de maior devido ao desacerto do craque do Barcelona. Apesar do maior domínio argentino, o jogo chegava ao intervalo empatado.

Como é habitual neste tipo de partidas, os treinadores fizeram algumas mexidas. Cristiano Ronaldo e Lionel Messi acabaram por não sair dos balneários, como aliás seria de esperar. Destaque ainda para a estreia de José Fonte, mais do que justificada. Logo após o reatar da partida, Tiago Gomes lesionou-se e deu lugar à entrada daquele que viria a ser o herói de Old Trafford – Raphael Guerreiro.

Raphael Guerreiro, o herói da noite Fonte: Federação Portuguesa de Futebol
Raphael Guerreiro, o herói da noite
Fonte: Federação Portuguesa de Futebol

Numa segunda parte em que o jogo foi perdendo cada vez mais o seu interesse, o público chegou mesmo a demonstrar a sua insatisfação e Nico Gaitán foi dos poucos que tentaram mexer com o encontro. De realçar apenas que Adrien Silva fez (finalmente!) a sua estreia pela seleção nacional.

Apesar da elevada coesão defensiva, algo que é característico nas equipas de Fernando Santos (recorde-se que Portugal, na era Fernando Santos, só sofreu golos no particular com a França), Portugal apresentou um futebol medíocre. A falta de capacidade de sair em ataque e os problemas de finalização demonstram, sem dúvida, que ainda há um longo caminho a percorrer, mas os resultados não deixam de ser positivos.

A Figura

Raphael Guerreiro – entrou já no decorrer da segunda parte, mas o tempo que esteve em campo bastou para fazer a diferença. Um jovem com muita qualidade e de apenas 20 anos.

O Fora-de-Jogo

Tiago Gomes – acusou sem dúvida a pressão de se estrear pela seleção nacional. Uma noite menos bem conseguida do jogador do Braga.

Benfica agarra liderança

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cab futsal

Terminou a jornada 10 do Campeonato Nacional de Futsal, jornada essa em que não houve quaisquer alterações nos primeiros lugares da prova.

O Benfica venceu de forma confortável a equipa sensação, Burinhosa, por 7-1, o Sporting venceu por 1-4 a difícil equipa do Modicus, e o Braga venceu o Unidos Pinheirense fora por 3-8.

Desde a vitória por 2-3 diante do Sporting em Odivelas que a equipa encarnada subiu substancialmente de nível, obtendo excelentes resultados e realizando grandes exibições. Venceu o Olivais por 9-2, no Restelo venceu por 2-5 e ontem venceu o Burinhosa por 7-1, em mais uma demonstração de como praticar de forma exímia a modalidade.

benfica futsal
Festejo de Alan Brandi e Jefferson, que apontou o ultimo golo da partida
Fonte: slbenfica.pt

A surpreendente equipa do Burinhosa, que ocupa o quarto lugar da competição, entrou muitíssimo bem no encontro, inaugurando o marcador por intermédio de Russo.

O Benfica teve de correr atrás do marcador e fê-lo da melhor maneira possível, marcando sete golos. Obviamente que a turma de Joel Queiroz tem um plantel superior, contudo ficou na retina a boa entrega da equipa visitante, apesar da pesada derrota.

Pela equipa da casa marcaram Bruno Coelho, Alessandro Patias, que completou um sensacional hat-trick, Ré, que bisou, e Jefferson.

Com esta vitória, os encarnados alcançam a quarta vitória consecutiva, isolando-se na liderança do Campeonato.

O bicampeão nacional deslocou-se ao complicado terreno do Modicus, onde venceu por 1-4 num jogo muito bem disputado. O Sporting entrou bem na partida, e Diogo inaugurou o marcador, resultado que não se alterou até ao intervalo. Foi uma primeira parte com oportunidades para ambos os lados, contudo os guarda-redes estavam inspirados.

A segunda teve muito mais intensidade do que a primeira e consequentemente mais golos, tornando o jogo num verdadeiro espetáculo.

Tiago Soares empatou o encontro, fazendo a equipa de Sandim sonhar. A elevada capacidade técnica de Djô e a pequena ajuda do guarda-redes fizeram com que os visitantes se colocassem novamente em vantagem.

Paulinho, jogador rapidíssimo e muito dotado tecnicamente, ao bisar “matou” o jogo, tornando-o muito mais acessível para a sua equipa, que até ao apito final precisou apenas de o gerir.

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Festejos da equipa leonina após golo verde e branco
Fonte: sporting.pt

Através desta vitória, a equipa do Sporting mantém a perseguição ao rival da 2ª Circular, que se encontra um ponto à frente, liderando a prova.

O terceiro lugar, Braga, continua a sua senda de vitórias. Desta feita venceu fora o Unidos Pinheirense por 3-8, encontrando-se com 19 pontos, a oito do Sporting e a nove do Benfica, mas de realçar que os bracarenses têm dois jogos em atraso.

O recém-promovido Unidos Pinheirense continua a sua péssima temporada, amealhando até agora três pontos em 10 jornadas.

De realçar nesta jornada as importantes vitórias de Belenenses e Boavista.

O Belenenses venceu por 7-6 em Cascais num jogo muito intenso, que diria até ter sido impróprio para cardíacos devido à quantidade de golos que houve. Com esta vitória, os azuis abandonam a zona de despromoção, respirando agora muito melhor.

Os axadrezados venceram o Rio Ave em Vila do Conde por 4-3, enviando-os para a zona de descida, somando uns três pontos muitíssimo importantes para os seus objetivos.

Qualquer semelhança com o ano passado…será pura coincidência?

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Terceiro Anel
Não tenho emenda. Serei sempre aquela pessoa que antes de adormecer pensa no Benfica, que enquanto está na sala de espera da clínica dentária pensa no Benfica, que enquanto vagueia sem rumo por uma qualquer rua pensa no Benfica, que em qualquer momento…pensa no Benfica. E como tal, há dias, pus-me a viajar no tempo, e logo eu que nem sou nada obcecado por datas e efemérides, recordando como estava o meu inigualável clube por esta altura de Novembro, em 2013. Portanto, e como estou a redigir este artigo na noite de 17 de Novembro, eis a minha exposição perante aquilo que a minha mente alcançou. Há um ano atrás eu era um homem inquieto, algo preocupado, expectante, muito pouco convencido. O Benfica vinha de uma recente vitória frente ao Sporting no celebérrimo jogo a contar para a Taça de Portugal, aquele incrível 4-3 que tanto brado causou aos olhos do país desportivo. Mas mesmo nessa louca partida o Benfica apenas encheu as medidas na primeira parte, evidenciando graves lacunas defensivas durante quase todo o tempo. Aliás, lá vem a história da coincidência, que está presente no título desta crónica.

Há 365 dias atrás o Benfica ainda era uma completa caricatura daquela equipa que viria a encantar todos os seus adeptos. Havia a clara noção de que o plantel era riquíssimo, e por isso mesmo existia como que uma indignação pelo facto de os comandados de Jorge Jesus jogarem tão mal, de uma forma tão descolorida, tão desgarrada, sem alma, como que rastejando em campo. Exceptuando aquele inolvidável desafio na Grécia, defronte do Olympiakos, no qual mesmo perdendo o Benfica realizou uma grande exibição, tudo aquilo que sobrava era para esquecer. É verdade que a pressão sobre a equipa também era terrível, visto a forma negra como havia terminado a temporada 2012/2013, mas o que é certo é que há um ano atrás eu era um indivíduo sem esperança, quase com a ideia formada de que voltaríamos a ter uma época sem o título no bolso. E a partir de Janeiro deste ano, pronto…já se sabe como foi (por mim estava aqui o resto da noite sobre essa continuação de episódio).

O Benfica de Novembro de 2013 estava a léguas de convencer Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
O Benfica de Novembro de 2013 estava a léguas de convencer
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

E agora, fazendo um paralelismo com os tempos actuais, vemos que muita coisa mudou. As saídas de jogadores foram muitas, as entradas de outros tantos também se sucederam, o treinador manteve-se o mesmo (e ainda bem, porque este Jesus consegue ser ouro na maioria das vezes) e o Benfica continua no primeiro lugar do campeonato, quando no ano passado se encontrava a três pontos do FC Porto, estando igualado em termos pontuais com o Sporting.

Porém, as semelhanças são tantas! A qualidade exibicional deixa imenso a desejar, a minha inquietação é praticamente a mesma, não dá para estar tranquilo numa única partida, contam-se pelos dedos das mãos os grandes momentos até agora, não consigo estar totalmente confiante. Tal como no ano passado, o Benfica ainda está na Taça de Portugal (esperemos que este artigo não dê azar, tendo em vista o jogo frente ao Moreirense do próximo fim-de-semana), o Benfica está com quatro pontos na fase de grupos da Liga dos Campeões, com exibições que têm deixado muito a desejar. Sim, é verdade que o plantel desta temporada não é tão rico, mas lá está mais uma coincidência. Há um ano as lesões também eram várias (Cardozo iniciava o seu calvário…) e as esperanças agarravam-se, e muito, na explosão da qualidade de jogo que mais tarde ou mais cedo iria aparecer.

Por sistema, quase sempre as equipas de Jorge Jesus atingem os seus picos de forma em Janeiro e Fevereiro. No Benfica tem sido quase sempre assim, e isso deixa-me um pouco mais descansado. Mas também me prezo a mim mesmo, e como tal gostaria de ter aquela sensação de maior conforto em relação a um dos amores da minha vida. Sim, pareço um autêntico velho do Restelo. A minha equipa lidera o campeonato e ainda parece que me estou a queixar. Todavia, como gosto sempre de realçar, sou um adepto muito exigente. Quero muito mais qualidade, muito maior afirmação.

Se os aspectos semelhantes com a época passada, por esta altura, são pura coincidência? Pois, espero bem que não, Porque se não o forem, tal como eu desejo ardentemente, o bicampeonato (meu Deus, como isso é ansiado pela nação benfiquista), pode estar mais perto, a cerca de meio ano de distância.

                                                                                                                                                                                                  Foto de capa: Flickr (Steve Gardner)

Fonseca e a cidade das Maravilhas

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As primeiras dez jornadas da Liga Portuguesa 2014/15 trouxeram, à boa maneira lusitana, sucessos inesperados e desilusões surpreendentes. Até ao momento, e “apenas” com dez jornadas disputadas, os maiores destaques vão para o super Vitória de Guimarães, que, com uma equipa de “tostões”, consegue um fantástico segundo lugar, e ainda para o Belenenses, que, por entre as críticas ao plantel feitas por Lito Vidigal no início da temporada, já vai com 20 pontos conquistados e sobretudo com a zona de despromoção bem longe na tabela. Quanto a desilusões, destaco o Sporting, que apesar do bom futebol, está a oito pontos da liderança; o Nacional, uma equipa sempre a lutar pela Europa e cujo plantel parece estar a léguas daquilo que já se viu pela Choupana, e por fim a Académica, que época após época anseia por mundos e fundos e depois acaba sempre com a corda no pescoço.

Ainda assim, apesar dos destaques a Vitória e Belenenses, opto por escrever, numa semana marcada pelas seleções, do fenómeno Paulo Fonseca e do “seu” Paços de Ferreira. A época 2012/13 trouxe possivelmente uma das maiores surpresas desde que existe a Primeira Liga de Futebol. Com um dos orçamentos mais baixos do campeonato, a equipa da Mata Real conseguiu um “histórico” terceiro lugar, vencendo em casa e fora os jogos contra Sp. Braga e Sporting e sobretudo conseguindo a notável marca do apuramento para o Play-Off da Liga dos Campeões. Assentando na qualidade do “trio dourado” composto por André Leão, Vítor e Josué, a equipa pacense alcançou 54 pontos em 30 jornadas, terminando a temporada com apenas quatro derrotas, frente ao campeão FC Porto e vice-campeão nacional SL Benfica.

Com uma época tão surpreendente e notável, não foi de estranhar a autêntica debandada do plantel do Paços, a que se juntou a não menos importante saída do seu treinador, Paulo Fonseca. Depois de um apuramento histórico para a Liga dos Campeões, o treinador lisboeta teve, na saída do bicampeão nacional Vítor Pereira, a oportunidade de uma vida: treinar um clube grande em Portugal, o FC Porto. Depois do anúncio de Pinto da Costa, muitas foram as questões que se levantaram, sobretudo sobre a dúvida quanto à real valia de um treinador como Paulo Fonseca quando confrontado com um nível competitivo bem superior ao que encontrara na capital do Móvel. Contudo, o “fantasma” de André Villas Boas ainda estava bem na memória dos adeptos portistas, o que fazia da aposta do presidente portista uma escolha que tinha tanto de arriscada como de esperada junto dos adeptos.

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Neste regresso à Mata Real, Paulo Fonseca tem sido feliz.
Fonte: Facebook do FC Paços de Ferreira

Com as saídas de James Rodriguez e João Moutinho, não se pode dizer que Fonseca tenha tido a melhor das surpresas quando recebeu o plantel portista. Sem duas das peças mais importantes dos últimos anos no clube, o jovem treinador ficou com um plantel órfão de “referências” e sobretudo órfão de qualidade individual. Basta olhar para o plantel do ano passado e perceber (e talvez questionar) a presença de jogadores como Abdoulaye, Defour, Josué, Licá e até Ghilas, para concluir que a tarefa de alcançar o tetra-campeonato não era mais do que uma miragem. Aliás, a única surpresa na última temporada foi o início da época portista, em que a conquista da Supertaça e a liderança no campeonato pareciam milagres perante um plantel insuficiente e que não tinha sequer comparação com o do rival Benfica, sustentado na qualidade de Markovic, Gaitán, Salvio, Rodrigo, Lima ou Cardozo.

Com apenas 61 pontos conquistados em 90 possíveis, com seis derrotas em 15 jogos fora ou a perda da invencibilidade caseira em jogos do campeonato, mais de cinco épocas depois, a época portista foi um autêntico marasmo, o que levou à saída de Fonseca no início de Março. Depois da dececionante campanha na Liga dos Campeões, com apenas cinco pontos conquistados, e de um campeonato a roçar o medíocre, Paulo Fonseca não conseguiu terminar a época e, após tanta contestação da massa associativa, acabou mesmo por abandonar o barco.

Obviamente que depois de uma passagem tão má num clube de maior dimensão, rapidamente o panorama futebolístico nacional questionou a capacidade de Paulo Fonseca regressar a uma equipa grande e sobretudo a capacidade de voltar a ser o treinador que havia sido em Paços de Ferreira. Depois de uma época tão traumatizante, a grande questão passava por perceber qual seria o próximo destino de Fonseca, e naturalmente que o estrangeiro seria a escolha mais óbvia e compreensível, pela má recordação que este trazia do FC Porto. Por isso, foi uma autêntica surpresa a decisão do Paços de Ferreira, em junho deste ano, em dar uma segunda oportunidade a Paulo Fonseca e, em traços gerais, em lhe dar uma segunda oportunidade de se reconciliar com o destino e com a sua própria carreira. As dez primeiras jornadas deste campeonato mostraram um Paços tão ou mais atrevido e irreverente do que há duas temporadas: com um futebol atraente e sólido taticamente, sustentado num duplo pivô com Seri e Sérgio Oliveira e na qualidade de Hurtado ou Urreta, o treinador lisboeta voltou ao bom futebol e aos bons resultados que o haviam colocado na ribalta do futebol português.

Com 18 pontos e um sexto lugar no campeonato, o Paços de Fonseca já entrou na história do clube e promete voltar a entrar na história da Liga Portuguesa. Ciente das suas limitações e das suas fragilidades, olhar para este Paços de Ferreira funciona quase como um apelo à memória, que nos remete para aquela época de 2012-2013 que tantas alegrias trouxe àquela cidade. Mudaram-se os tempos, as vontades e os jogadores, mas neste Paços de Ferreira parece que apenas um traço se revela imprescindível: o de Paulo Fonseca. Nesta história encantada, já poucos se lembram dos assobios no Dragão, dos lenços brancos a cada derrota e daquela célebre chegada portista ao estádio depois da derrota em Coimbra. É que no fim de contas, com Fonseca na Mata Real, regressa aquele treinador que parecia ter uma carreira brilhante à sua frente. Há clubes e treinadores destinados a ficarem eternizados. Paulo Fonseca e o Paços de Ferreira são uma dessas histórias.

Foto de capa: Facebook do FC Paços de Ferreira

Dragões, leões e outros

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cab andebol

Nove jogos, nove vitórias! O Porto deste ano em Andebol continua a dominar o campeonato e já foi a Braga derrotar o ABC, pavilhão sempre difícil. O Sporting, que aposta tudo no título, este ano está de certa forma a desiludir, pois já empatou nos Açores com o Sporting da Horta e, mais humilhante – sim, esta é a palavra certa -, perdeu, em casa, com o ISMAI. Com estes dois maus resultados são três pontos (em caso de dúvida ver o P.S do final do texto) os que separam os leões dos dragões, os dois principais candidatos ao título.

É já na Quarta-feira que os dois rivais se encontram, com o Sporting a jogar em “casa”, visto ir jogar em Almada. Este vai ser um jogo que vai mostrar em que ponto está este Sporting, pois a consistência não está a ser a melhor nestes últimos jogos e o Porto continua com um nível alto, como é seu costume. Num ano em que a mudança de duas fases para playoff se faz notar o factor casa pode ser fundamental, mas para tal acontecer ao Sporting, arrisco-me a dizer que será fundamental ganhar o jogo desta Quarta-feira, pois recuperar três ou cinco pontos para uma equipa como o Porto é muito difícil.

Quanto aos restantes, Benfica e ABC vão lutar pelo terceiro lugar na fase regular – atenção, esta é uma opinião pessoal, pelo que tenho visto e lido até agora. Se na classificação quem vai à frente nesta luta são as águias, em campo a equipa de Braga veio à Luz vencer na jornada da semana passada. A luta pelas restantes posições também está animada. Num sempre interessante derby de regiões, o Sporting da Horta vai em quinto e o Madeira SAD em sexto, mas Belenenses, ISMAI, Águas Santas e Passos Manuel estão todos próximos, numa luta pelos playoff que promete ser muito interessante de acompanhar. Aqui penso que serão as duas equipas insulares, Os Belenenses e Águas Santas, a fechar os oito primeiros lugares, sendo impossível definir uma ordem para já. Para a descida de divisão é que existem duas equipas a destacar-se, Santo Tirso e Xico Andebol, este último um velho conhecido do Andebol nacional, enquanto Francisco da Holanda atravessa tempos muitos difíceis.

P.S.: Para quem não está tão acostumado ao mundo do Andebol: as vitórias valem os mesmos três pontos que no futebol, mas os empates valem dois em vez de um, sendo este ponto atribuído em caso de derrota.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal