A “Quinta do Buitre” foi muito mais do que quatro jogadores. Foi o Madrid do presidente Mendonça, onde se conta que os jogadores, ou certos jogadores, tinham um mimo especial que se traduziu em chorudos contratos. No entanto, como grupo procedente das camadas inferiores do clube, a Quinta foi também mais do que quatro. Ochotorena era o guarda-redes da equipa da formação e chegou a internacional; Chendo foi o defesa-direito do Real Madrid e da Seleção durante muitos anos além de ser o capitão, até que se cansou do Real. Francis, capitão do Castilla, a equipa da formação, foi um excelente central, que brilhou a grande altura no Espanhol de Barcelona até que as lesões perturbaram a sua carreira. E mais alguns craques que a minha memória não tem presente.
Como grupo mediático estava formado, exclusivamente, por Manolo Sanchis, Rafael Martin Vasquez, Michel e Emílio Butraguenho. O carisma de Butraguenho e César Iglésias do jornal El País batizaram o grupo. Posteriormente lembraram-se de que Miguel Pardeza também era membro de pleno direito. Também como grupo ficou além das suas possibilidades e utopias; tropeçou na Europa com o Milão de Van Basten. No entanto, ganhou o que lhe apeteceu em Espanha e somou duas Taças da UEFA. Evidentemente, estes jovens jogadores foram agasalhados com a aquisição de jogadores como o guarda-redes galego Paco Buyo, o defesa-medio Gordillo ou o goleador mexicano Hugo Sanchez. Em contraposição, este grupo de jogadores foi apelidado a “Quinta dos Machos”.
A Quinta do Buitre
Os entendidos e outros fabricantes de opinião alimentaram debates sobre qual dos membros da Quinta do Buitre sobressaía em relação aos restantes; um número considerável de opiniões situou o centrocampista Rafael Martin Vasquez como o vértice de qualidade do grupo. Possivelmente, Martin Vasquez reuniu um somando de qualidades superiores aos restantes, mas este grupo teve um jogador que enchia todas as medidas e todas as importâncias dentro de um relvado: chamava-se Manolo Sanchis. Foi um médio reconvertido a defesa-central. Foi o capitão, depois de Chendo entregar a braçadeira, e foi o único que levantou a Taça da Europa. Para ser defesa-central não era muito alto mas tinha uma excelente técnica e saía com a bola jogada como um craque. Também não posso esquecer um dos jogadores paralelos desta mediática Quinta. Não me posso esquecer do extraordinário marcador que foi o defesa-direito Chendo. O futebol pode ser belo a atacar e a defender.
Além de ter a má ventura de tropeçar com o Milão de Van Basten, esta geração recebeu várias críticas pela carência da Taça da Europa. Mendonça, o Presidente da Quinta, foi acusado de os tratar à base de docinhos e miminhos bem traduzidos em cifrões. Não sei, nunca se poderá saber, mas parece-me que eram excelentes; no entanto, nunca possuíram a excelência do Milão de Van Basten. Ser segundos no mundo da alta competição muitas vezes é considerado uma derrota; eu discordo deste tipo de avaliações. O Brasil do Sócrates que disputou o Mundial de Espanha foi eliminado; no entanto, ainda hoje é recordado pela sua beleza e qualidade.
Resta recordar que o treinador que os começou a introduzir na primeira equipa do Real Madrid foi e chamou-se Alfredo Di Stéfano.
Chegou ao Porto azul e branco um argelino, tecnicista veloz, que “rebentou” no Granada antes de incendiar o Dragão com a sua chama inebriante. Yacine Brahimi de seu nome. Seus pés o apresentam, sua cabeça o guia, recebe, pensa, faz magia. A contenção da sua explosão é sofrível; por favor explode, jogador temível.
O seu engenho leva ao rubro os portistas, que admiram a sua habilidade e destreza pungente para com as defensivas contrárias. Este jogador é merecedor de um artigo em forma de ode estilo camoniana ao seu inefável talento. Não julguem que estou a enveredar por um panegírico desmedido e descabido – neste caso, a hipérbole não é exagero, é a medida certa. Nele, o instinto selvagem torna-se matemática, ciência exacta, inteligência prática. Brahimi é a personificação das sinuosidades: com o seu drible quebra o aborrecimento linear do jogo, transforma em golo o previsível, subverte o plausível, estilhaça, com um chuto, o código indestrutível.
Este meu tom laudatório para com este excelso futebolista transparece toda a admiração e prazer que sinto quando presencio o seu jogo, as suas acções autodidactas e os seus “diálogos” com a equipa que são um deleite. Em apenas dois meses de riscas azuis e brancas ao peito, a massa adepta já o deseja imperecível. Por favor, que a “lei da morte não se aplique a Brahimi”, gritam, em súplica fervorosa, os dragões que o amam.
Brahimi está a ser o grande jogador do FC Porto neste início de temporada Fonte: footmercato.net
Nesta última semana resolveu dois jogos a favor do Futebol Clube do Porto. Na partida contra o Nacional, tabelou com um colega e niilistamente rematou, perante a “inexistência” de dois adversários por perto. No País Basco, marcou um golo e assistiu, numa arrancada estonteante, colocando o Porto nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. É justo relevar a sua importância para o bom momento do Porto: tem sido o jogador mais procurado e eficaz na criação de desequilíbrios, o melhor da equipa, sem dúvida, neste arranque de época.
Vai ser doloroso para os adeptos, também para os apreciadores de futebol e quem sabe para a equipa, não poder contar com o seu virtuosismo indescritível entre Janeiro e Fevereiro, período da Taça das Nações Africanas de 2015 (se tal competição não for, entretanto, suspensa, devido à propagação do Ébola). O Porto, com o excelente conjunto de extremos que tem, poderá não sentir muito a sua partida para terras africanas. Mesmo que o mês de ausência de Brahimi em África não seja tortuoso para as hostes portistas, mesmo que a sua ausência não seja “sebastianicamente” excruciante, o universo portista ansiará pela “embrumada manhã” do seu regresso à invicta.
Afirmo que, quando lemos ou escrevemos algo sobre Yacine Brahimi, não estamos defronte artigos de análise futebolística, mas sim, perante uma exegese bíblica.
Os últimos resultados da equipa B do Sporting na Liga 2 expuseram, da forma mais clara possível, um problema que mora no seio deste conjunto desde o início da temporada.
O problema diagnosticado dá-se pelo nome de “défice organizacional”, e, atingiu o seu expoente máximo numa derrota expressiva (5-0) diante do Atlético Clube de Portugal, na última jornada da Segunda Liga nacional.
Em treze jornadas que o Sporting B disputou na Liga 2, já estiveram entre os convocados cerca de quarenta jogadores. Por entre este batalhão de futebolistas verificamos a existência de três tipos de atletas: os da equipa A, que não contam para Marco Silva, os excendentários para os quais não foi possível arranjar colocação, os jogadores realmente da equipa B e os jogadores que mais dão nas vistas nos juniores. Ora esta situação, obviamente, não deveria acontecer, e, terá de ser resolvida o mais rapidamente possível.
A equipa B terá de funcionar como um fase de transição entre a equipa de juniores e o plantel principal, e não como um depósito de jogadores em relação aos quais não há esperança. A irregularidade que se nota em cada onze inicial desta equipa, semana após semana, provoca uma total desmotivação nestes atletas, fruto de uma ausência de objectividade crescente. Perante esta situação começa-se a reparar na existência de muito talento estagnado nesta equipa B do Sporting, o que, a meu ver, é algo extremamente preocupante num clube que nos orgulha pelo grande sucesso da sua aposta na formação.
Apesar deste grande problema que aqui exponho, acredito piamente que haverá soluções que poderão ser executadas, com maior ou menor facilidade, já a partir de Janeiro, de forma a poder respirar-se saúde no Stadium Aurélio Pereira, a saber:
Solução nº 1- A mudança de treinador. A época começou com Francisco Barão como treinador, mas cedo se percebeu que, apesar do seu sportinguismo, não seria, nem por sombras, o nome indicado para liderar esta equipa. A solução foi João de Deus. Sinceramente também não me parece a solução mais viável, pois João de Deus não possui cultura de Sporting nem nunca deu provas sequer de poder representar com sucesso a maior instituição desportiva do nosso país. O homem indicado para este lugar terá de ser alguém que transmita com facilidade a estes jovens o que é o Sporting, o que significa representar este clube e que lhes mostre o orgulho e o espírito leonino. O homem ideal? Sem dúvida, Ricardo Sá Pinto. Porém, como sabemos, Ricardo “Coração de Leão” está a fazer um bom trabalho no Atromitos na Liga Grega, pelo que o seu regresso para comandar a equipa B seria praticamente impossível. Perante esta impossibilidade o nome de Pedro Barbosa parece-me encaixar-se que nem uma luva neste papel. O antigo capitão leonino tem o curso de treinador concluído, e, melhor do que ninguém, sabe o que é a magia de representar e viver o Sporting Clube de Portugal.
Pedro Barbosa, a escolha acertada para liderar a Equipa B Fonte: SuperSporting.Net
Solução nº 2- Os jogadores da equipa A são para ficar na equipa A e não para entupir o plantel da B. Jogadores como Ramy Rabia, Simeon Slavchev, Ryan Gauld, André Geraldes e Hadi Sacko, a meu ver, não deveriam integrar o plantel secundário do Sporting. Estes nomes foram contratados com o intuito de fazer parte da equipa principal dos “Leões”, logo, se quiserem fazer parte das contas de Marco Silva, terão de se esforçar mais para fazer valer o dinheiro investido nas suas contratações e merecerem uma oportunidade na equipa principal. Num plantel com cerca de 25 jogadores, como é óbvio, nem todos podem ser convocados. Os não-convocados terão de se contentar em ver o jogo na bancada e não competir nesse fim-de-semana. A equipa B não é um abrigo para os excendentários. Caso não se veja capacidade nestes jogadores para assumir um papel activo na equipa principal, o empréstimo ou a saída definitiva terá de ser a solução. Gauld e Slavchev terão de rodar na Primeira Liga a partir de Janeiro, enquanto Geraldes foi uma contratação desnecessária e a porta da saída definitiva parece-me ser a solução mais viável. Já Rabia tem feito exibições desastrosas pela equipa B, porém, regressa de lesão grave, pelo que lhe deveremos dar o benefício da dúvida. O egípcio deverá ser integrado no plantel A, trabalhar afincadamente e esperar a sua oportunidade num plantel principal em que a qualidade da zona central da defesa não abunda.
Slavchev é um dos jogadores a emprestar Fonte: A Bola
Solução nº 3- Os atletas que militam na equipa B há mais de 2 anos ou que depois de cedência temporária (a equipas primo-divisionárias) voltaram a integrar a equipa B terão de sair por empréstimo (se mostrarem qualidade para servir o Sporting) ou mesmo definitivamente (se não tiverem qualidade para representar o clube). A meu ver, na equipa B de um clube, nenhum atleta poderá jogar por mais de 2 anos, para evitar a estagnação da evolução do futebolista. Se por outro lado, o atleta já tiver sido emprestado a um clube de divisões superiores, não me parece que faça sentido a sua inclusão no plantel B do Sporting. No Sporting B existem alguns casos nestes moldes:
– Ricardo Esgaio está há 3 anos no plantel secundário do Sporting. Teve ao longo dessas 3 épocas algumas oportunidades na equipa A, porém, neste momento, encontra-se tapado devido ao regresso de Miguel Lopes. Trata-se de um grande talento do futebol nacional, e, sem dúvida alguma, que qualquer clube da Primeira Liga gostaria de contar com os seus serviços por empréstimo. É urgente colocar este rapaz a rodar ao mais alto nível. Ou isso ou estagnará.
– Nuno Reis, quase a completar 24 (!!!) anos de vida, passeia alternadamente desde 2010 pelo Sporting B, Cercle de Brugge e Olhanense. Várias vezes me questiono sobre se isto tem algum cabimento. Reconheço qualidade a este jogador, mas claramente estancou devido a tanto percalço no seu percurso. Este atleta acaba o contrato no final da presente época e não me parece que vá renovar contrato. Com quase ¼ de século de vida, não faz sentido este rapaz continuar na equipa B do Sporting. Se não é aposta, nem existe a intenção de renovar o seu contrato, dispensem-no.
– Seejou King cumpre a sua terceira época no plantel secundário do Sporting. O dinamarquês, de ascendência gambiana, deu muito boas indicações na sua primeira época no Sporting B (por empréstimo do Nordsjaelland) levando mesmo o clube a adquirir o seu passe. A partir daí foi sempre a cair. King desceu de qualidade na época transacta e este ano não tem sido aposta. Tem contrato até 2016, mas não me parece ter qualidade para servir o Sporting. Terá de ser dispensado o mais rápido possível.
– Mica Pinto é um jogador de inegável qualidade, presença assídua nas selecções jovens de Portugal, mas também já está parado na equipa B há 3 anos. Já não faz sentido. Mica tem qualidade para vir a integrar o plantel principal do Sporting, mas para isso tem de dar o salto e rodar a título de empréstimo numa equipa da primeira divisão. Interessados não vão faltar.
– Fabrice Fokobo é um estranho caso. De aposta de Jesualdo Ferreira na fatídica época de 2012/2013 (com alguma qualidade sempre que foi chamado), passou a um jogador apagado na equipa B do Sporting. Apesar da sua queda, parece-me que ainda pode sair algo deste jogador. A sua força bruta na posição de trinco pode ser uma boa arma para equipas que lutam para não descer na Primeira Liga.
– Iuri Medeiros, como todos já percebemos, tem um talento inato. Um talento grande demais para a Liga 2. Se tal ainda não fosse um dado adquirido, as suas exibições nos Sub-21 de Rui Jorge dissiparam todas as dúvidas. Tapado por Nani, Carrillo, Capel, Mané e Héldon, o jovem açoriano terá de rodar na principal liga nacional. Com a sua técnica, velocidade e repentismo, pode ser uma forte arma para qualquer equipa da Liga Portuguesa. A meu ver, um dos atletas que têm mais facilidade em arranjar colocação. Precisa de dar o salto urgentemente.
– Salim Cissé, no meu entender, foi uma contratação falhada. Está a entupir o plantel B do Sporting. Já se percebeu que não há colocação para este jogador pois a tentativa foi feita ao longo de todo o defeso, sem sucesso. Depois de um empréstimo inconsequente ao Arouca, penso que a solução passa por uma rescisão de contrato ou colocação definitiva a troco de percentagens de uma próxima venda.
Iuri Medeiros é um dos jovens leoninos a precisar de dar “o salto” Fonte: O Jogo
Soluções nº 4- Os jogadores com idade de júnior devem integrar a equipa júnior do Sporting Clube de Portugal. A evolução de um jovem jogador deve ser sustentada. Se existe talento na equipa B para quê estar a desfalcar a equipa júnior? Os melhores juniores terão a sua oportunidade na equipa B (ou mesmo A) na próxima época. Não existe necessidade de acelerar demasiado os processos. Trazer Gelson Martins ou Matheus Pereira para a equipa B deixa os juniores sem dois dos seus maiores trunfos, e mais vulnerável aos maus resultados que têm vindo a acontecer durante esta época. Ao contrário do que se diz, o Sporting não tem uma má equipa de juniores, mas precisa de consistência e estabilidade. Se estivermos constantemente a “roubar” os melhores juniores para a equipa B, continuaremos a perder com equipas fracas no Campeonato Nacional de Juniores e a ser goleados na Youth League. Tanto a equipa B, como a equipa de juniores, para atingirem bons resultados, precisam de um plantel fixo, sem constantes revoluções.
Gelson Martins vem jogando pela Equipa B e pelos Juniores Fonte: A Bola
Isto não pode acontecer no Sporting. É urgente dispensar, emprestar, criar um núcleo de cerca de 20 jogadores de equipa B (podendo em casos pontuais ser incluído um junior numa ou outra convocatória), e dar estabilidade à equipa sub-19 para que os resultados possam aparecer quer na B, quer nos juniores.
Temos a melhor formação do mundo. Temos de ter resultados e há condições para isso. As soluções para tal são óbvias, estão à vista, e não tenho dúvidas de que a competência da nossa direcção nos irá levar ao caminho correcto para que se elimine de vez este défice organizacional no seio da equipa B.
Anderson Souza Conceição. Um metro e 88 centímetros, 74 quilos. Leve como uma pena e rápido como uma águia que voa bem alto e só para com a bola dentro da baliza. Não, não é o Rivaldo (ainda) mas parece. É craque, marca que se farta e até já deu que falar lá para os lados de Londres.
Veio do Bahia e tem uma música só dele:
«Desde pequeno, com sete anos já jogava com alegria
mas agora o moleque cresceu e anda jogando é no Bahia
Ele é o rei de campo que a galera toda vibra
Sabe de quem eu tô falando? É do meu mano Talisca
bate para cima dos adversários a torcida começa a cantar
joga com muita febre e raça para fazer o seu time ganhar
deixa o Talisca jogar.»
O Talisca nasceu no dia 1 de fevereiro de 1994. Até me custa dizer isto, mas aquele brasileiro ligeiro que vai fintando desde o meio-campo até à baliza é mais novo do que eu. Yaya Talisca, Rivaldo ou D´Artagnan tem apenas 20 anos e facilmente conquistou os nossos corações encarnados.Apesar da inicial indecisão quanto à posição onde iria jogar (na posição de número oito, entrando para o lugar de Enzo ou mais avançado no terreno, perto de Lima), Talisca depressa assimilou os processos que Jesus lhe pedia. Aos poucos foi ganhando confiança, tornando-se no maior goleador do Benfica, com nove golos marcados.
Gostava também de realçar que, apesar das muitas dúvidas que por essa imprensa andaram, não me parece sequer racional pôr em causa o valor deste jovem brasileiro. É craque, craque, craque! Fala-se já numa possível ida à selecção principal brasileira. Apesar de me parecer cedo, não posso esconder que o meu sorriso ganha vida quando leio essas notícias vindas do outro lado do Atlântico. Sim, porque não somos só nós que olhamos para o mágico. Durante esta semana tive algumas conversas com amigos brasileiros, onde o tema principal foi o novo Rivaldo. Como seria de esperar, já conheciam bem as características do “meio-campista”. Ambos me revelaram o prazer que tinham ao ver aquelas pernas a beijar o esférico, seja num livre ou num remate de fora-de-área colocado onde a “coruja dorme”. Bem, mas por que é que estou a falar do Talisca no “Coração Encarnado” desta semana? Primeiro, porque estou apaixonado. Segundo, porque este homem tem-me dado pontos e mais pontos. E, terceiro, porque é o melhor marcador do campeonato. Chega?
Talisca agradecendo o seu mágico pé esquerdo Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Vou passar a primeira justificação, visto não vos querer fazer perder tempo com as minhas paixonetas por jogadores do Sport Lisboa e Benfica. Mas vou-me focar na segunda razão: pontos. Pois é, Yaya Talisca Rivaldo D´Artagnan tem-nos dado sorrisos e mais sorrisos, que quando todos somados dão origem ao tal místico sorriso de líder. E o jogo de terça-feira foi mais um exemplo disso mesmo. Não foram só três pontos, foi muito mais do que isso. Foi uma equipa toda abraçada na bandeirola de canto. Foram os meus gritos a percorrer Espanha até chegarem à Luz. Foi a demonstração de força de todos os nossos guerreiros. Foi a certeza de que o monstro europeu ainda lá está, bem vivo. Foi o retomar da certeza de que juntos somos mais fortes. Foi uma vitória ao Mónaco, que tanto gozo me deu. E, por fim, foi a esperança a sair da alma de cada um de nós e a juntar-se num todo cheio de tudo. Há vitórias que são muito mais do que isso, e a de terça é só isso: um triunfo que sabe a tudo o que de bom o futebol tem.
Não posso fechar este comentário sem falar dos receios para o jogo de amanhã. Mais uma final e mais um jogo de dificuldade de Champions. Ah! E que venham os jogos de Liga dos Campeões todos juntos, que já não os tememos. O Talisca vai lá estar. Que os três pontos venham com vocês para Lisboa, rapazes! Um abraço e não se esqueçam: quem não Talisca não petisca!
Na Europa, o FC Porto é neste momento, a par do Bayern de Munique, a equipa que menos golos sofreu. Tal proeza só foi possível, não somente devido à eficácia dos defesas da equipa, mas também às várias grandes intervenções dos Guarda-Redes azuis e brancos.
No que diz respeito à defesa, os postos parecem ter sido definitivamente entregues, com as laterais, pela terceira temporada consecutiva, a pertencerem aos dois internacionais Brasileiros, Danilo e Alex Sandro. Estes dois jogadores para além de terem sido transferidos em simultâneo para o Porto, jogam juntos desde os 17 anos na Vila Belmiro (Santos) e nos escalões mais jovens da seleção canarinha. Ao longo do seu percurso foram vários os troféus que conquistaram – Mundial sub20, Copa América sub20, Medalha de Prata Olímpica, 2º lugar no Mundial de clubes e Taça dos Libertadores. Por outro lado, a zona central da defesa também já encontrou os seus donos: Martins Indi, o barreirense holandês que se formou no Feyenoord, e Maicon, que está no Porto desde 2009 tendo alternado entre a titularidade e o banco de suplentes ao longo das épocas.
Na baliza, Fabiano é até agora o guarda-redes mais utilizado, tendo sofrido 3 golos no campeonato (Braga, Guimarães e Sporting), 3 golos na Liga dos Campeões (Shakhtar Donetsk e Atlético de Bilbao). Já Andrés Fernandes sofreu até a data 3 golos, todos eles consentidos aquando do jogo da Taça de Portugal frente ao Sporting. Ricardo tem sido opção apenas na equipa B do Porto, não tendo ainda oportunidade de pisar o campo nos jogos da equipa principal.
Helton e Fabiano: será a passagem de testemunho? Fonte: publico.pt
Para além destes três guarda-redes, sente-se a ausência de Helton! Todavia, o Capitão voltou ao fim de 8 meses lesionado, depois de um lance em Alvalade. O guardião brasileiro está no clube desde 2005 tendo já realizado mais de 300 jogos e, desde a saída de Vitor Baia, é o titular dos Dragões (é sempre bom fazer um apelo à memória dos azuis e brancos e recordar o momento da emotiva saída de Vitor Baia para dar lugar a Helton no último jogo do número 99). Helton já conquistou 22 títulos, de onde se destaca a Liga Europa, em Dublin, onde ergueu o trofeu na condição de capitão de equipa no dia do seu aniversário, sendo hoje uma figura do Dragão, uma vez que mais do que as suas excelentes capacidades técnicas, possui uma simpatia acima da média, ou seja, é capaz de transmitir paz e harmonia aos adeptos. Para além disso, paralela à sua função de guarda redes, Helton veste o papel de “bobo da corte”, animando as viagens e os serões antes dos jogos (cenários, por si só, carregados de tensão) com a sua guitarra. Por isso, Helton é um guarda-redes com samba nos pés, nas mãos e nos dedos!
Em suma, Helton é inegavelmente um guarda-redes de qualidade reconhecida e promete lutar pela titularidade da baliza azul e branca. Fabiano tem feito grandes exibições e tem-se mostrado estar à altura das expectativas, confirmando qualidades já evidenciadas quando estava ainda no Olhanense (clube que representou antes de rumar ao Porto). Será o nº12 portista capaz de aguentar a pressão de ter Helton a lutar por um lugar? Será que Helton regressará com a mesma força e vontade após uma grave lesão e já não sendo um jovem? Quererá Helton dar o seu lugar a um colega mais novo? Será que Lopetegui irá dar uma oportunidade a uma figura mítica do clube? Tudo questões que o tempo irá responder. O certo é que com dois guarda-redes de tamanha qualidade é possível manter reduzido o número de golos sofridos!
Tendo como vista o Aeroporto de Lisboa e ouvindo-se o som dos aviões (isto para quem é amante de observar esses gigantes do ar a aterrar em pista), GD Carris e Estrelas de Lisboa encontraram-se no campo dos OLIVAIS Sul para mais uma partida da Liga de Futebol 11 da SideLine.
Equipas com arranques diferentes no campeonato, pois a Carris procurava a sua primeira vitória; já os Estrelas de Lisboa queriam dar seguimento ao bom início de campeonato.
Jogador do GD Carris em acção Foto: Ricardo Pais
Foi um jogo sempre de muita raça e muita luta. Assistiu-se a um Estrelas de Lisboa mais eficaz na primeira parte. A equipa da Carris bem tentou mas nunca soube o que fazer com a bola; já do outro lado estava uma equipa que sabia o que fazer de cada vez que atacava e era mais perigosa. Sem espanto, os Estrelas de Lisboa chegaram ao 2-0. Primeiro num canto e depois num ataque que acabou num fantástico remate. Ao intervalo, era visível no rosto dos jogadores do GD Carris a frustração. A equipa não estava a funcionar bem.
Mas o intervalo foi aquilo de que a equipa precisava. Mais descansados, de cabeça fresca, a equipa da Carris parecia outra. Mais perigosa, a saber o que fazer com a bola, teve um início de segunda parte bastante bom, conseguindo pôr em sentido os Estrelas de Lisboa. Ainda assim não teve resultados práticos, apesar dos bons pormenores mostrados e do perigo criado. A equipa do Estrelas de Lisboa conseguiu equilibrar a partida, voltando esta a uma fase de disputa de bola e luta. Foi já quando este equilíbrio estava instalado que os Estrelas de Lisboa matariam o jogo. Um 3-0 onde só foi possível encostar e que matava por completo o jogo e as aspirações da Carris. No final, ganhou a equipa mais inteligente. O Estrelas de Lisboa soube o que fazer na primeira parte quando atacava, foi eficaz e capaz de aguentar os ataques do adversário. Já no GD Carris, fica a ideia de que, se a equipa tivesse tido mais clarividência na primeira parte e continuado a pressão no início da segunda, poderia ter causado danos ao adversário. Apesar do mau arranque, esta equipa tem qualidade para fazer mais. Já tinha visto outro jogo deles, onde chegaram à final e provaram a qualidade que existe.
O terceiro golo Foto: Ricardo Pais
No final, o treinador estava conformado. “Fizemos o possível, fomos guerreiros. Eles ganharam bem, aproveitaram dois erros nossos, mas os meus jogadores estão de parabéns pelo esforço feito”. Mas lamenta as dificuldades de preparação do encontro. “Hoje era para termos adiado o jogo, mas seria feio para a organização e para o adversário. Inicialmente tinha 17 convocados, depois cinco tiveram de ir trabalhar e eu tive de me equipar para ajudar a equipa.”
Do outro lado, o treinador do Estrelas de Lisboa estava feliz. “Foi um bom jogo, onde estivemos por cima. Estamos a vir em crescendo e aproveitámos bem para conseguirmos a primeira vitória.” O início de campeonato está a ser bom e os objectivos são claros: “Ganhar jogo a jogo, mas queremos andar sempre lá em cima e tentar ser campeões.”
Reduzir o excelente momento que vive o Sporting à presença de Nani na equipa seria completamente falaccioso. Muito deste sucesso deve-se a Marco Silva, aos jogadores e também à estrutura do clube. No entanto, o jogador do Sporting é um jogador único e a sua importância em campo é tremenda, seja a motivar a equipa ou a amedrontar os adversários.
Chegado em Agosto, já com o campeonato em andamento, a entrada não poderia ter sido pior, falhando um penálti na recepção ao Arouca. Ainda assim, Nani não se deixou abater face ao início menos conseguido e, nas jornadas seguintes, mostrou a diferença de ritmo e de experiência para com os restantes colegas e adversários, rubricando excelentes exibições.
Até agora, o jogador, formado em Alcochete, já apontou seis golos neste seu regresso a casa, mas o verdadeiro contributo do camisola 77 não passa apenas por golos e assistências. Revendo o último jogo dos leões para a Champions, é fácil perceber as dificuldades – e por vezes o pânico – que Nani cria aos jogadores adversários, juntando à sua volta dois ou mais adversários.
Nani marcou o golo que lançou o Sporting para uma vitória especial no Dragão
O golo de Jefferson é um exemplo nítido do respeito que os oponentes do Sporting têm pelo jogador nascido na Amadora. Tanto o lateral Uchida como o médio Obasi caíram em cima de Nani, negligenciando a proximidade do lateral leonino, que sem oposição rematou para o golo que proporcionou a reviravolta no marcador. Ainda na primeira parte, Nani já tinha tido uma acção semelhante, chamando a si três jogadores germânicos e descobrindo depois Carlos Mané solto de marcação, mas o jovem acabaria por cabecear ao lado.
Já no Dragão, deslocação mais difícil que o Sporting teve até ao momento, tendo em conta que era um jogo a eliminar, notou-se a preocupção de José Angél, Danilo ou Casemiro em tapar os caminhos da baliza ao jogador leonino, algo infrutífero, como se veio a comprovar, e onde Nani teve uma das suas melhores exibições.
Com um jogador como Nani em campo, o Sporting parece que joga sempre em vantagem numérica, porque a atenção dada ao extremo é tanta que acaba por destapar áreas de perigo e soltar jogadores nas redondezas das balizas adversárias. Nani é um jogador singular e maduro, mas também bastante inteligente, conseguindo na maioria das vezes entender o que há-de fazer com a bola. E talvez seja isso que o separa da maioria dos jogadores do nosso campeonato, essa mesma capacidade de saber o que fazer em cada momento do jogo: procurar o remate ou cruzar, partir para cima do defesa ou chamar assim mais oponentes para depois soltar a bola. Tudo isto torna Nani o melhor jogador do campeonato português.
Não querendo ferir suscetibilidades, Portugal é um país de tascas e tasqueiros. Há alguém, de norte a sul, que não tenha orgulho nos petiscos tradicionalmente servidos nas nossas tasquinhas!? Lisboa, como capital, está, infelizmente, num processo de remodelação, onde as tascas puras dão lugar aos gourmets e outras coisas com nomes ainda mais invulgares. Felizmente, para nós, benfiquistas, surgiu, em pleno relvado da Luz, uma nova e brilhante forma de “taliscar”, que, porém, requer aperfeiçoamento.
Ora, como todos já perceberam, refiro-me ao jogador brasileiro Talisca, que tem tido um sucesso absolutamente incrível nestes primeiros meses de águia ao peito. Talisca (ou D’Artagnan, para os mais atentos) chegou do Bahia, rotulado de craque, no último período de transferências. Em pouco tempo conquistou os adeptos benfiquistas com golos, e muitos, diga-se. Até ao momento foram nove golos. Oito deles na Primeira Liga Portuguesa, que fazem de Talisca o melhor marcador do campeonato, à frente de nomes como Jackson Martínez ou Slimani. Porém, há uma dúvida que permanece sem resposta: onde deve, verdadeiramente, jogar Talisca?
Talisca já conquistou o coração dos adeptos encarnados Fonte: esporteinterativobr.com
Sem contar com os jogos da pré-época, nas catorze partidas que o jogador do Benfica disputou, Jorge Jesus já colocou Talisca nas mais variadas posições táticas. No eterno 4-4-2 do treinador português, Talisca já foi médio-centro, trinco, médio-esquerdo, segundo-avançado e box-to-box. Se olharmos para o sucesso de Talisca em frente à baliza, eu afirmo perentoriamente: deve jogar a segundo-avançado, no apoio a um avançado móbil que permita ao ex-Bahia encontar espaço para finalizar. É aí que o Benfica pode “taliscar” o melhor dos petiscos. Brincando um pouco mais com a analogia, se o relvado da Luz fosse uma mesa de taberna, Talisca poderia ser uma patanisca razoável ou um bolinho de bacalhau decente. Mas, é a segundo-avançado, ali, pertinho da baliza, que o brasileiro pode tornar-se uma bela e tentadora bifana.
Nos outras posições, creio que o (ainda) médio brasileiro perca protagonismo e influência na dinâmica da equipa, que, é justo sublinhar, sofre diretamente com as mudanças de posição do brasileiro. Aliás, é perfeitamente visível que Talisca oscila entre o muito bom e o péssimo durante os 90 minutos de jogo. Não deixa de ser notável, no entanto, que um jogador com apenas 20 anos, acabado de chegar do campeonato brasileiro – que é incomparavelmente menos intenso que o português – tenha um impacto tao forte numa equipa como a do Benfica. O talento está lá, à vista de todos, e Jorge Jesus já provou, por inúmeras vezes, que sabe tirar todo o potencial dos jogadores que tem à disposição. Resta saber, então, se o treinador português tem, em si, a arte de bem “taliscar”.
O Rio Ave chegava a esta partida apenas com derrotas neste Grupo J da Liga Europa, e tinha de vencer para acalentar esperanças de chegar à próxima fase. Os verde e brancos jogaram bem e perderam injustamente no terreno do Aalborg, igual sina em Bucareste, frente a este mesmo Steaua.
Esta noite Pedro Martins apenas fez uma alteração em relação à equipa que perdeu na sexta feira, no Estádio da Luz, frente ao Benfica: entrou Ederson para a baliza, no lugar do habitual titular Cássio. Já no Steaua, notava-se a ausência do nosso bem conhecido Rusescu, autor dos dois golos que derrotaram o Rio Ave na Roménia.
Os portugueses entraram bem no encontro; durante os primeiros quinze minutos a bola circulou muito nas imediações da área do bicampeão romeno, mas os cruzamentos efetuados ora pela esquerda, ora pela direita, nunca tiveram sequência na zona de finalização. Em algumas destas jogadas talvez fosse adequado rematar à baliza, mas os jogadores do Rio Ave assim não o entenderam. O Steaua equilibrou a partida, mas ainda assim o domínio territorial continuou a ser do Rio Ave, sem criar no entanto ocasiões claras de golo. A dez minutos do intervalo, os portugueses chegaram à vantagem. Livre de Ukra na direita e Diego Lopes cabeceou à entrada da pequena área, sem hipóteses de defesa para Arlauskis. Importante a ação de Prince, a estorvar o defesa Filip para que este não intercetasse o cruzamento. De destacar também a importância do fortíssimo vento que se fez sentir no Estádio dos Arcos, e que na primeira parte soprou contra o ataque vilacondense.
Vantagem justa dos verde e brancos ao intervalo, com Ukra e Diego Lopes em destaque pela capacidade técnica que evidenciaram e que permitiu que o Rio Ave pudesse dominar o encontro no meio-campo romeno, onde se notou muito espaço entre o duplo pivot defensivo, composto por Prepelita e Sanmartean, e o trio Popa-Chipciu-Tanase, que jogou no apoio ao avançado Keseru. Todo este espaço foi aproveitado pelos vilacondenses para circularem a bola. O pior esteve na hora de finalizar as jogadas, onde o último passe raramente foi bem sucedido.
Vilacondenses estiveram duas vezes em vantagem, mar permitiram empate nos descontos Fonte: Uefa.com
Os romenos entraram melhor na segunda parte, mas sem criarem perigo. Na primeira chance de golo após o intervalo, à passagem do minuto 61, os romenos empataram o jogo. Marcelo e Nuno Lopes não conseguiram resolver um lance no flanco direito e o lateral esquerdo Filip cruzou para o centro da área. Prince ficou estático, Tiago Pinto também não chegou a tempo e Keseru, no meio de ambos, aproveitou para empatar num remate acrobático. A equipa portuguesa reagiu bem ao golo sofrido e, já com Bressan e Hassan em campo, Ukra teve três remates sem sucesso. No entanto, ficava demonstrado que o Rio Ave era a melhor equipa dentro das quatro linhas. Já no último quarto de hora da partida, mais um centro de Ukra resultou numa grande penalidade por falta de Papp nas costas de Tarantini. Diego Lopes cobrou o penálti e colocou novamente o Rio Ave em vantagem. De seguida, Pedro Martins introduziu André Vilas Boas no lugar de Diego Lopes, tentando transmitir maior solidez e segurança defensiva à equipa. Os romenos continuaram sem criar oportunidades, até que, já no período de compensações, Keseru esteve prestes a ultrapassar Prince, quando este o derrubou na entrada da área. O central viu o segundo amarelo e foi expulso, mas o pior era o livre muito perigoso, que poderia dar o empate ao Steaua. Keseru rematou contra a barreira, mas na sequência do lance Szukala colocou novamente o esférico no meio da grande área. Houve um primeiro remate de um jogador romeno intercetado por um defesa e na recarga Filip, completamente sozinho ao segundo poste, empatou o jogo; um enorme balde de água fria para os vilacondenses.
Já sem esperanças de apuramento, resta ao Rio Ave jogar na Ucrânia frente ao Dínamo de Kiev e receber o Aalborg na última jornada para tentar a primeira vitória nesta fase de grupos, onde a equipa tem sido tremendamente infeliz, apesar de efetuar boas exibições.
A Figura
Diego Lopes – o médio brasileiro e Ukra foram os dois melhores elementos em campo. Foi mais um jogo a confirmar a excelente temporada que estes dois jogadores estão a realizar. Ukra fez a assistência no primeiro golo e esteve na origem do lance da grande penalidade. O brasileiro marcou os dois golos vilacondenses, com um excelente cabeceamento e muita frieza na marcação do castigo máximo, sendo o melhor marcador do Rio Ave esta época.
O Fora de Jogo
Prince – mais uma vez, o central emprestado pela Atalanta não esteve bem na partida. Apesar do contributo no primeiro golo de Diego Lopes, o francês teve participação direta nos dois golos do Steaua: no primeiro, deu demasiado espaço a Keseru, permitindo que o internacional romeno ficasse à vontade para efetuar o remate acrobático que deu o empate no jogo. Depois cometeu a falta que resultou no 2-2, sendo expulso por acumulação de amarelos na sequência do lance. Tem cometido demasiados erros que têm custado caro à equipa comandada por Pedro Martins.
Sei que este meu espaço semanal se insere na secção de Sporting do Bola na Rede e que, precisamente por isso, muitos de vocês não devem ler os meus textos sobre o meu clube de coração regularmente. No entanto, nunca escrevi exclusivamente para sportinguistas, mas sim para toda uma nação de apreciadores de futebol. Os assuntos foram diversos mas todos eles respeitavam o tema base: o Sporting Clube de Portugal. Neste sentido e à partida este artigo que presentemente escrevo em nada é diferente dos outros, mas fiz questão de fazer esta pequena introdução para tentar sensibilizar alguns leitores mais desconfiados. O texto será sobre o meu clube – não vos engano! – mas tenho esperança de que, de alguma forma, se possam sentir identificados com o que aqui vou redigir.
Muitos pequenos prazeres me deu a vitória de ontem contra o Schalke 04: alguns deles mais pessoais, outros mais genéricos. Comecemos pelos mais gerais. Não só graças ao Sporting mas também aos outros dois grandes, Portugal passou a Itália no Ranking da UEFA. Não sendo um adepto que torça pela vitória dos meus rivais quando estes jogam em competições europeias – espero que os leitores mais desconfiados não me abandonem já! –, fico contente por ver o futebol português, aquele futebol pobrezinho em que ninguém quer investir e em que os grandes clubes apresentam orçamentos anuais muito longe das centenas de milhar, no topo deste ranking ao pé de ligas tão competitivas como a alemã ou a inglesa. E não só fico contente como sinto que o meu clube de coração de alguma forma contribuiu para essa distinção, o que me deixa algo orgulhoso.
Mas vejamos outros prazeres: o Sporting tinha sido escandalosamente prejudicado no já tão falado jogo contra o Schalke 04 na Alemanha – e não me quero alongar neste assunto por estar à vista de todos e já ser um tópico demasiado abordado nas últimas semanas – após ter realizado uma remontada a roçar o épico e que o teria sido se o árbitro russo assim o tivesse deixado: havia, portanto, uma clara necessidade de fazer justiça dentro daquilo que ainda se poderia alcançar; o clube de Alvalade não ganhava para a mais importante competição europeia desde 2008, o que aumentava a necessidade de chegar à vitória; os três pontos supunham a continuidade da luta pelo apuramento para os oitavos-de-final da Champions League; e, a juntar a isto, a necessidade de dar uma resposta positiva à derrota sofrida no jogo da passada jornada em Guimarães, que tanta tinta fez correr, questionando se este Sporting conseguiria continuar a practicar o bom futebol que tinha practicado até então e se seria um verdadeiro candidato ao título.
A raça tem sido um factor determinante para conquistar adeptos de todos os quadrantes
Concordarão comigo, caros leitores, se vos disser que a vitória no jogo de ontem era mais do que necessária para qualquer adepto sportinguista: era obrigatória.
Mas perguntar-se-ão os meus fiéis leitores que não são sportinguistas – e digo fiéis porque ao fim de 500 palavras e 3000 caracteres ainda não me abandonaram – por que razão continuam a ler este texto com o qual ainda não se conseguiram identificar. Pois bem, é certo que o presente artigo descreveu até agora o porquê de qualquer adepto do clube de Alvalade se poder sentir orgulhoso e satisfeito com uma simples vitória no jogo de ontem, mas ele foi a prova de que o Sporting está de volta, e isso deve deixar orgulhoso qualquer apreciador de bom futebol.
Os três grandes com a máxima força no campeonato português enriquecem o nosso futebol. Ninguém pode negar. E este Sporting não apresenta só qualidade a nível de jogo, apresenta uma raça, um querer e uma entrega como há muito não se via. Não sei se deve ao facto de conseguir introduzir facilmente oito jogadores portugueses no 11 inicial, mas que isso é um factor que ajuda disso não duvido. Jogos como os de ontem, como o jogo em casa do Schalke, como os jogos na Luz e no Dragão provam que o desaire de Guimarães não foi nada mais que isso mesmo, um pequeno percalço que veio serenar os ânimos mas que a vitória de ontem ajudou a esquecer. O Sporting está forte em todas as competições, joga muito bom futebol – continua a ser para mim o melhor futebol a ser practcado em Portugal –, impõe respeito e não subestima adversários, mantendo uma humildade que a qualquer um dignifica. Este é o nosso Sporting. Não só de todos os sportinguistas mas de todos os apreciadores de bom futebol.
PS: Ah! É verdade! Há ainda um último pequeno prazer que a vitória de ontem me deu: o facto de termos derrotado categoricamente uma equipa alemã. Pessoalmente, tem um sabor especial pois sinto que conseguimos servir uma pequena vingança ao país de origem deste clube, que é governado por uma senhora que responde pelo nome de Merkel e que tanto nos tem feito sofrer e que tantos direitos honestamente conquistados nos tem retirado. Pode ser algo mesquinho e com pouco valor? Sem dúvida. Mas as entidades que se encontram no campo certo para responder honrosamente a este problema têm sido sucessivamente incompetentes. Como tal, e ainda que futebolisticamente, permitam-me (mais) saborear este pequeno prazer.