Já são poucas as palavras que posso usar para, a cada domingo, escrever aquilo que é o FC Porto. Semana após semana, os 120 anos de história são manchados. Semana após semana, apenas as camisolas vão subindo aos relvados para mais uma jornada.
Caro leitor, não me esqueci do que aconteceu em Frankfurt. Sim, lembro-me perfeitamente da atitude que a equipa teve na segunda parte, mas também me lembro de mais três golos sofridos e de muitos mais erros defensivos, que se acumulam jogo após jogo. O apuramento para os oitavos-de-final da Liga Europa fazia finalmente parecer que a equipa ia dar o salto, mas, como em tantas outras ocasiões esta época, isso não aconteceu.
Sem Varela, Jackson e Mangala no onze, os portistas entraram bem no terreno, e aos 17 minutos, após grande penalidade assinalada pelo árbitro Marco Ferreira por falta sobre Carlos Eduardo, Ricardo Quaresma fez o primeiro dos portistas. O FC Porto começou a jogar com outra segurança e tranquilidade, e podia ter ampliado a vantagem pouco depois, com Ghilas a enviar uma bola à trave da baliza do Vitória.
Os minutos iam passando e, após mais uma oportunidade de Ghilas para fazer o golo, o Vitória de Guimarães começou a responder por intermédio de Maazou, que em duas ocasiões de cabeça podia ter dado outro destino à bola. Contudo, e apesar da reação vitoriana, foi o FC Porto a chegar ao 0-2 aos 41 minutos, num lance protagonizado por Ghilas, que, com um remate forte, fez Douglas aliviar a bola para o local onde Licá, com a baliza aberta, não teve dificuldade em faturar.
Quaresma e Licá foram os autores dos golos azuis e brancos Fonte: Zero Zero
A vantagem parecia segura, e o jogo parecia controlado. Sim… apenas parecia, porque no último lance da primeira parte, Maazou, que foi o jogador mais perigoso dos minhotos ao longo dos primeiros 45 minutos, finalizou com sucesso uma jogada de insistência dentro da área dos dragões, aproveitando um atraso posicional de Abdoulaye para ficar em situação regular na hora do desvio para a baliza de Helton.
O golo motivou o Vitória, que ganhou uma nova esperança de chegar ao empate, o que acabou por conseguir logo no reinício da partida. Em mais um erro defensivo, Maazou não teve dificuldades em isolar Marco Matias, que, perante Helton, fez o 2-2 para a equipa da casa. O FC Porto via-se mais uma vez envolvido num emaranhado de erros e mais erros, deixando fugir mais uma vez uma vantagem no marcador. Apesar de estarem obrigados a ganhar para impedir os dois primeiros classificados do campeonato de aumentarem a distância, os dragões não conseguiam criar oportunidades, nem sequer incomodavam a defesa do Vitória de Guimarães. A exceção foi um remate de trivela com pouca força de Ricardo Quaresma.
No banco, Paulo Fonseca, que parece não ter aproveitado o Carnaval para se disfarçar de treinador, colocou Varela, Jackson e Quintero para procurar a vitória mas, como em tantas outras ocasiões, não conseguiu. Com mais coração do que imaginação e cabeça, a equipa parecia novamente assombrada pelos medos que a tem perseguido ao longo de toda a época. No banco de suplentes, Paulo Fonseca, de mãos cruzadas e olhar impotente, ia vendo uma equipa sem imaginação e ideias para contrariar aquilo que estava a acontecer. E pior não foi o resultado porque, aos 86′, Nii Plange enviou uma bola ao poste e Danilo acabou por tirar o terceiro ao Vitória na linha de golo.
Licá e Ghilas, hoje titulares, foram dos que mais lutaram Fonte: Mais Futebol
O resultado aceita-se e mais uma vez a desilusão esteve no rosto portista. No final do jogo, só Helton foi dar a cara perante os adeptos. Fonseca, que na antevisão ao jogo havia dito que não conseguia explicar os erros defensivos, afirmou na flash interview que foi inadmissível o que aconteceu e que não consegue explicar mais um mau resultado. Olhando para tudo o que tem sido este FC Porto, acho que não é preciso dizer mais nada. Não há explicações nem razões que expliquem uma equipa como estas manchar aquilo que é ser FC Porto. Não há explicações nem significados que expliquem como Paulo Fonseca foi contratado para ser treinador de uma equipa tri-campeã nacional. Não há razão que me faça compreender como é que a dois meses de acabar a época ainda tudo parece na mesma. São 9 pontos para o primeiro lugar, 4 para o segundo e 4 para o quarto classificado. Confesso-lhe que já pouco me importa, porque nem para isso tenho, como diz o treinador do meu clube, explicação. A mim, só me resta perguntar: quando é que isto finalmente acaba?
Figura: Crivellaro O médio vitoriano conseguiu pautar os ritmos do jogo e levar a equipa do Vitória para um empate que parecia impossível depois da desvantagem por 2 golos.
Fora-de-jogo: Abdoulaye O central senegalês cumpriu o desejo de Rui Vitória… e deu mesmo barraca. Erro atrás de erro, foi apenas mais um entre a desorganização geral do setor defensivo e da equipa depois do 0-2.
Zlatan Ibrahimovic nasceu a 3 de Outubro de 1981, em Malmö, na Suécia, filho de pai bósnio e mãe croata. Assinou o seu primeiro contrato profissional com o Malmö em 1996, chegando à equipa principal em 1999. Em 2001, depois de já ter descido de divisão com a referida equipa em 1999 e de ter voltado a subir em 2000, transferiu-se para o Ajax por 8,7 milhões de euros. Foi na Eredivisie que Zlatan começou verdadeiramente a mostrar-se ao mundo do futebol; foi no Ajax e sob a orientação do nosso bem conhecido Ronald Koeman que ele conquistou os seus primeiros títulos: foi bicampeão holandês, ganhando também uma taça e uma supertaça nos quatro anos que passou na Holanda.
Zlatan jogou pela primeira vez na Liga dos Campeões na época de 2002/2003, pelo Ajax, tendo-se estreado memoravelmente com um bis que ajudou a sua equipa a bater o Lyon por 2-1. De todos os grandes momentos de Zlatan no Ajax, houve um que se elevou mais alto: falo, claro, do golo fenomenal marcado ao NAC Breda, em que ele fez “gato-sapato” de metade da equipa adversária, simulando e fintando aproximadamente seis jogadores antes de introduzir a bola na baliza, uma verdadeira obra de arte que foi posteriormente eleita “Goal of the Year” pelos espectadores da Eurosport.
Foi no Ajax que Zlatan arrancou para uma carreira brilhante Fonte: iworldcup.org
Infelizmente o tempo de Zlatan no Ajax chegou ao fim quando, em 2004, e durante um jogo entre as selecções da Holanda e da Suécia, ele acabou por lesionar o seu colega de equipa Van der Vaart, que até hoje insiste que o que aconteceu foi intencional. Para evitar problemas e divisões no balneário, o Ajax vendeu Zlatan à Juventus, por 16 milhões de euros. Foi um mal que veio por bem, pois a qualidade de Zlatan já o tinha elevado muito acima do futebol praticado na Eredivisie e, mais tarde ou mais cedo, seria tempo para uma mudança. A Serie A e a Juventus vieram proporcionar isso mesmo.
Na Juventus, sob o comando do grande Fabio Capello, Zlatan não demorou a impor-se na equipa da vecchia signora, conquistando dois campeonatos nos dois anos passados em Turim e continuando a desenvolver o seu futebol, tendo a Juventus chegado a rejeitar uma proposta astronómica de 70 milhões de euros do Real Madrid pelo passe do jogador. Infelizmente mas merecidamente, a Juventus foi implicada no escândalo que abalou o futebol italiano em 2006, o Calciopoli scandal, também conhecido por Calcio Caos, sendo um dos clubes condenados por combinar resultados e escolher árbitros. Isto resultou numa relegação forçada para a Serie B e na perda dos dois campeonatos conquistados nos dois anos que Zlatan passou no clube. Sem qualquer culpa, Zlatan recusou-se a seguir o clube para uma divisão inferior, tendo mesmo chegado a forçar a sua saída, que acabou eventualmente por acontecer, em Agosto de 2006, por 24,8 milhões de euros, para um dos rivais da Juventus, o Inter de Milão. Manteve-se, assim, na Serie A.
No Inter, Zlatan reforçou o seu estatuto, não só como um dos melhores avançados do mundo, mas também como um dos melhores jogadores da actualidade. Com a Juventus e o Milan a saírem bastante prejudicados com o Calcio Caos, o Inter, orientado por Roberto Mancini e liderado por Zlatan na frente de ataque, conquistou dois campeonatos e uma supertaça. A direcção do Inter, desapontada com a falta de sucesso do clube na prova máxima de clubes a nível europeu, decidiu terminar o contrato com Mancini e contratar José Mourinho, em 2008.
Com José Mourinho ao leme da equipa, Zlatan tornou-se, pela primeira vez na sua carreira, o melhor marcador da Serie A, com 25 tentos apontados. Sagrou-se mais uma vez campeão italiano e conquistou também mais uma supertaça, tendo praticado o melhor futebol da sua carreira até à data. Mais uma vez, o clube falhou na Liga dos Campeões, caindo diante do Manchester United de Cristiano Ronaldo nos oitavos-de-final, o que levou Zlatan a procurar uma mudança na sua carreira. Já tendo aumentado consideravelmente o seu palmarés em Itália e procurando glória europeia, foi vendido ao Barcelona de Guardiola, por 46 milhões de euros mais o passe de Samuel Eto’o, avaliado em 20 milhões pelo clube, perfazendo então um total de 66 milhões de euros.
A relação conturbada de Zlatan com Pep manchou a sua passagem pelos blaugrana Fonte: foxsportsasia.com
A passagem de Zlatan pelo clube catalão foi extremamente atribulada, já que não se entendeu com o seu treinador por diversos motivos – discordava da sua posição na equipa, recusando desempenhar um papel secundário no ataque para Messi, tendo mesmo afirmado que ele era um Ferrari a ser usado como se fosse um Fiat.
No Barcelona, conquistou um campeonato, a Taça do Rey, o Mundial de clubes e duas supertaças de Espanha, mas falhou mais uma vez a conquista da Liga dos Campeões, ao cair nas meias -finais perante a sua antiga equipa, o excelente e memorável Inter do triplete de José Mourinho. Estava mais uma vez na altura de mudar; o Barcelona não era o que Zlatan esperava e a sua relação com Guardiola tinha atingido níveis absurdos.
Zlatan voltou, então, a um campeonato que conhecia bem, sendo emprestado ao AC Milan durante a época de 2010/2011. O clube ficou com uma opção de compra no valor de 24 milhões de euros de um jogador que, há um ano, tinha custado 66 milhões. Uma “pechincha”.
No Milan, e sem nenhum Messi com o qual tinha de dividir o ataque, Zlatan voltou a ser a estrela maior de uma equipa e ajudou o clube a conquistar o seu primeiro Scudetto desde 2004, desta vez sob a orientação de Massimiliano Allegri. Como era de esperar, o Milan fez uso da sua opção de compra e resgatou Zlatan a título definitivo, por 24 milhões de euros.
O AC Milan representou a última etapa de uma profícua carreira de ‘Ibra’ no Calcio Fonte: scaryfootball.com
A época de 2011/2012 representou o adeus de Zlatan a Itália e ao Milan. Essa temporada correu pior ao clube em termos colectivos, falhando a renovação do título e tendo apenas conquistado a supertaça de Itália. Contudo, Zlatan sagrou-se, pela segunda vez na sua carreira, o melhor marcador da Serie A, desta vez com uns fantásticos 28 golos.
O PSG, recentemente comprado, decidiu investir 20 milhões de euros em Zlatan, em 2012/2013, tornando-o na cara do clube e no jogador mais bem pago do campeonato francês, recebendo algo como 15 milhões de euros anuais.
Tal como seria de esperar, o impacto de Zlatan na Ligue 1 foi imediato, ajudando o PSG a sagrar-se campeão pela primeira vez desde 1993/1994, ou seja, desde os tempos de George Weah. Foi ainda coroado o melhor jogador e marcador do campeonato, com 30 golos apontados. Nesta época que decorre ainda, o PSG está confortavelmente no topo da tabela rumo ao seu segundo título consecutivo, sendo mais uma vez liderado por Zlatan. O jogador leva 22 golos na liga e 37 no total, não tendo as defesas em França encontrado ainda solução para lidar com este fantástico jogador, que se encontra sem dúvida uns furinhos acima da referida competição.
A equipa está também muito bem colocada para se qualificar para os quartos de final da Liga dos Campeões, depois de uma vitória por 4-0 no terreno do Leverkusen. No ano transacto, foi nesta fase da competição que o PSG caiu, depois de dois empates com o Barcelona, sendo eliminado pela diferença de golos marcados fora (um 2-2 em Paris e um 1-1 em Barcelona). Será este o ano em que Ibrahimovic finalmente ganhará a tão cobiçada Liga dos Campeões, que lhe foge há anos? Por que não?
Já na casa dos trinta, é o líder de um Super-PSG cheio de dinheiro e ambição Fonte: ibtimes.com
Ao serviço da sua Suécia, Zlatan leva 96 jogos e 48 golos, tendo participado nos Mundiais de 2002 e 2006 e nos Europeus de 2004, 2008 e 2012. Os seus momentos mais memoráveis são o golo apontado à Ucrânia no Euro 2008, um espectacular volley que lhe valeu o prémio de golo do torneio, e a maravilha de pontapé de bicicleta marcada num amigável contra a Inglaterra, em 2013, que lhe valeu o prémio Puskás para melhor golo do ano.
Zlatan Ibrahimovic é o avançado mais completo do futebol actual. É discutivelmente o melhor avançado do mundo, mas sem sombra de dúvidas que é um dos melhores jogadores da actualidade e um dos maiores que já tive o prazer de ver jogar. Tem sido comparado por diversas vezes ao fenomenal Marco Van Basten. Aproveitando os seus 1,95m para ser um exímio jogador de cabeça, junta a isso uma habilidade com os pés muito fora do comum, que lhe permite desenvencilhar-se de qualquer adversário e meter a bola como quer e onde quer. Ele marca de todas as formas e feitios: com ambos os pés, de bola parada ou corrida. Se a bola chega a Zlatan, há uma grande probabilidade de acabar na baliza adversária. Com Zlatan em campo, o jogo nunca é desinteressante; ficamos sempre agarrados ao ecrã à espera de ver o que este génio do futebol poderá inventar de seguida. A cadeia televisiva ESPN descreveu Zlatan como “bom pelo ar, forte e ágil, joga bem de costas voltadas para a baliza e possui uma finalização, visão de jogo, qualidade de passe e controlo de bola fora do comum”.
Um dos momentos mais marcantes do capitão da Suécia Fonte: hdpaperwall.com
Zlatan é o único jogador na história a ter facturado na Liga dos Campeões por seis clubes diferentes: Ajax, Juventus, Inter, Barcelona, Milan e PSG. Além disso, é o jogador mais caro da história, dando a soma das suas transferências o impressionante valor de 160 milhões de euros. É um jogador com um feitio muito próprio, demonstrado pelo que faz dentro de campo e pelo que diz fora dele. Mas o que mais me impressiona neste jogador é o facto de ele não parar de evoluir. A cada ano que passa, ele fica melhor. O seu melhor ano é sempre o seguinte. Agora, com 32 anos, parece que o melhor ainda está para vir.
Foi um Benfica pressionado pela vitória do Sporting ontem e a querer pressionar o FC Porto que entrou hoje no Restelo. De regresso ao onze base utilizado no campeonato (voltaram Oblak, Siqueira, Fejsa, Enzo Pérez, Markovic, Rodrigo e Lima), não se adivinhava tarefa fácil para a equipa de Jorge Jesus: relvado alagado e a dificultar a circulação de bola e um Belenenses a precisar de pontos como de pão para a boca.
Verdadeira onda vermelha no Restelo e cedo se percebeu que estaríamos perante um jogo de sentido quase único. A entrada a alta rotação do Benfica, possibilitada pela inteligente gestão do plantel feita entre Campeonato e Liga Europa, encostou desde cedo o Belenenses lá atrás. Aos 7 minutos, Gaitán ofereceu mais um momento para mais tarde recordar, ao fugir do bloco defensivo azul para fazer um chapéu de classe a Matt Jones. Mais um golo de antologia do argentino, que rubricou nova admirável exibição depois da obra-prima frente ao PAOK, na quinta-feira. O mais difícil estava feito e a responsabilidade de resposta entregue ao Belenenses. E a resposta surgiu, mas muito tímida e sem velocidade, nunca incomodando Oblak. O Benfica geria a vantagem, acelerando aqui e ali pelas setas Markovic e Gaitán. Justa vantagem encarnada ao intervalo, assente no génio do argentino.
Ao intervalo, Marco Paulo colocou o irreverente Fredy para o lugar do médio Danielsson, duro de rins e pouco dinâmico. E o camisola 11 do Belenenses trouxe alguma vivacidade ao até aí paupérrimo futebol da equipa da casa. O Benfica mantinha a toada e desperdiçava golos lá à frente, algo que no futuro poderá ser verdadeiramente comprometedor. Uma equipa que cria tão vasto caudal ofensivo, tem de o materializar em golos. O Benfica não o fez e, por mais superior que seja, deixou o Belenenses acreditar. E aos 71 minutos, golo possivelmente mal anulado à equipa da casa: Tiago Caeiro rematou para o fundo das redes, mas fica a dúvida sobre a interferência de Fredy na jogada. Daí para a frente, o jogo tornou-se muito faltoso e com pouco futebol. O mesmo Fredy que mexera com a partida, deixou a sua equipa reduzida a dez elementos, sendo expulso por protestos.
Vitória segura do Benfica que, a espaços, conseguiu colocar velocidade e dinâmica no pesado relvado do Restelo. Resultado que peca por escasso, tal foi a superioridade benfiquista no encontro. Vem aí o Estoril e, com ele, possivelmente os fantasmas do passado. O Estoril é muito melhor equipa do que este Belenenses e, aí, o um zero poderá não ser goleada.
O primeiro golo (legal) da noite Fonte: Maisfutebol
A Figura
Nico Gaitán – A atravessar a melhor temporada da sua carreira, o argentino leva o Benfica às costas. Finalmente consegue colocar em campo o talento que este mundo e os outros lhe reconheciam. Golos sublimes, passes de trivela, toques de calcanhar? É Gaitán.
O Fora-de-Jogo
Belenenses – O desnível entre as duas equipas é claro, mas este Belenenses pratica um futebol de baixíssima qualidade. Se continuar mais preocupado em protestar e menos em jogar, dificilmente permanecerá na primeira divisão.
Reflectir sobre a situação actual do Rugby feminino implica tentar compreender o que tem funcionado e o que ainda está errado. No entanto, quando este assunto é discutido surgem, geralmente, apenas duas conclusões básicas e opostas: para uns, o Rugby feminino está em grande evolução. Para outros, o lugar que ocupa é ainda insignificante.
E não poderemos retirar alguma verdade nas duas conclusões opostas? O Rugby feminino está em grande evolução, sim. No entanto, se me disserem que este ocupa já o lugar merecido no panorama do Rugby nacional, não poderei concordar.
Após anos de esforço, dedicação e empenho das atletas e equipas técnicas que fazem parte do rugby feminino federado, esta vertente conseguiu finalmente obter mais respeito e valorização.
No entanto, após vários anos a disputar o Campeonato Nacional, a Taça de Portugal, a Super Taça e o campeonato nacional de Sevens, sabe-se que tem sido difícil manter estas competições. E esta dificuldade em competir nesta vertente tem levado à desistência de várias atletas para outros desportos.
No entanto, tem sido também discutido o projecto da Academia de Sevens, que tem como objectivo preparar uma equipa para um possível apuramento para os Jogos Olímpicos de 2016. Não será isto uma prova de que se continua a lutar e a acreditar no Rugby feminino?
Fotografia tirada no estágio da Selecção de Sevens Fonte: Facebook.com/fpr.pt
A questão é que quem acredita nesta vertente são as pessoas que a praticam ou que estão já envolvidas na modalidade. Se depender apenas dessas pessoas, o Rugby estará realmente em grande evolução. Porque têm sido essas pessoas a lutar por ele e a não desistir, mesmo sem recursos.
No entanto, se o Rugby feminino não tem ainda o valor merecido não será por culpa de quem o pratica, dos clubes ou das suas equipas técnicas. Será apenas porque um desporto realmente já não depende apenas de quem o pratica. Depende também de apoios e investimentos. E depende também de se acabar com o preconceito que ainda existe que faz com que as empresas ainda não queiram apoiar a vertente feminina da modalidade.
No rescaldo do jogo entre Leões e Minhotos, a contar para a 21ª jornada, fica para a história de mais uma vitória suada mas saborosa por parte do Sporting.
Sem Adrien nem Montero, peças vitais no xadrez do Sporting de Leonardo Jardim, muito se falou durante a semana sobre quem seria o elemento a ocupar a chamada posição 8, tão importante na estratégia ofensiva da equipa. O escolhido foi Gerson Margrão.
Perante 30 mil fiéis, a equipa da casa começou forte, ameaçando marcar cedo, tal como no jogo da primeira volta. Carillo e Mané entraram endiabrados e de olhos postos no gigante Slimani, desejoso de mostrar que pode ser titular mais vezes. Com o Braga a sair bem no contra-ataque, o jogo serenou e as equipas encaixaram no relvado. Numa dessas saídas, os arsenalistas chegaram ao golo num lance palerma, azarado, daqueles que parece que só acontecem ao Sporting – a bola rematada por Rafa bate em Cédric, depois bate no poste, depois bate em Rui Patrício e acaba por entrar… Enfim… Restavam 10 minutos à primeira-parte e o Sporting reagiu bem, ficando mesmo muito perto de marcar perto do apito para o intervalo.
No descanso, a esperança misturava-se com o nervoso miudinho de que o Sporting ia precisar de ser enorme na segunda-parte para arrecadar os 3 pontos. Pedia-se mudança, pedia-se mais meio-campo, que estava a acusar muito a falta do seu almirante.
Magrão não se conseguiu impor no miolo Fonte: Sporting.pt
Leonardo não mexeu ao intervalo e deu mais 10 minutos ao triângulo Carvalho-Magrão-Martins até fazer a primeira alteração. Adivinhava-se a saída de Magrão mas foi Martins que deu lugar a Heldon. Mané passou para as costas de Slim e Heldon ocupou o corredor. E de repente, o Sporting apareceu. William pegou no meio-campo e meteu-o num bolso (a sério, rapaziada, que monstro este miúdo se está a tornar). Mané, com mais liberdade para jogar, conquista uma grande penalidade após passe a rasgar de Slimani. Jefferson bateu bem e sacudiu o bruxedo.
Jefferson marcou o primeiro. Um golo tão importante para si como para a equipa Fonte: Maisfutebol
20 minutos para o fim, «’Bora Sporting!», gritava-se nas bancadas, em casa, nas tascas, um pouco por todo o mundo. Felizmente, não tivemos de esperar muito. 5 minutos depois, Slim, Slim, Slimani mete justiça no marcador e consuma a reviravolta do Sporting. O Argelino pode não ser um artesão ou um velocista, mas quando chega a hora de empurrar a redondinha lá para dentro, Slimani não desaponta.
A partir daí e até ao apito final, a equipa recuou e juntou as linhas, sempre muito segura a defender. Houve ainda tempo para uma excelente defesa de Rui Patrício.
Mais 3 pontos, mais um objectivo alcançado. Faltam 9. E sabem que mais, meus caros? Não me importo de perder uns aninhos de vida todas as semanas a ver o Sporting ganhar.
Figura: Leonardo Jardim
Perante a ausência de Adrien, o treinador apostou de início em Magrão. Não o fez à toa, lançou-o na equipa B na semana passada para o Brasileiro aguentar os 90′ esta noite. Correu lindamente? Não. Mas agora, depois do jogo, é fácil de analisar e criticar. Leonardo Jardim tinha um plano, foi tudo menos teimoso e adaptou-se ao que viu dentro das 4 linhas. Leu o jogo, percebeu o que estava a acontecer ao intervalo e mexeu na equipa com precisão de cirurgião. Mais uma vez, decisivo.
Fora-de-jogo: O instinto goleador
Curiosamente, pelo segundo jogo consecutivo, o Sporting faz a remontada no marcador após marcar um auto-golo. Na semana passada foi Maurício, hoje foi a vez de Patrício. Será azar ou teimosia que os nossos jogadores não querem mesmo deixar adversários marcar?
Este título lacónico serve, ao mesmo tempo, como homenagem por um ser humano que faleceu de uma forma brutal, mas também como sinal de respeito por todos os que partiram das mais cruéis maneiras.
Paulistão. O Estadual mais famoso do Brasil. Jogaço. São Paulo versus Santos. Tem (ou tinha) tudo para ser uma festa. O encontro acaba empatado 0-0. Placard final. Foi um bom jogo, com oportunidades, mas a bola acabou por não seguir o rumo do golo. Mas o pior foi o que aconteceu a seguir. Adeptos do tricolor espancaram um adepto do Santos até à morte.
Depois do encontro, como é óbvio, os fãs de ambas as equipas seguiram, não errantes, o caminho até casa. Numa paragem de autocarro, Márcio Barreto de Toledo esperava pacientemente pelo gigante de oito rodas que nunca mais vinha. E, para ele, acabaria por nem sequer chegar. Márcio foi espancado, ao ponto de ficar estropiado e morrer num hospital da capital paulista. O santista tinha 34. Provavelmente ainda teria alguns sonhos. Uma família que beijar quando chegasse a casa. Mas o que interessa se ele era santista, ou paulistano ou outra coisa qualquer?
O futebol deveria ser isto… Fonte: Correio da Manhã
Noutro incidente, um jovem, também do Santos (isso não interessa, é meramente uma informação) também foi brutalmente esmurrado, pontapeado e outros particípios passados nada agradáveis. Desta vez foi no subsolo; no Metro. Está em estado grave.
Sabemos que gente boa e gente má há em todo o lado. Piedade já é pedir muito. Compreensão? Talvez seja suficiente. E como não me quero alongar mais, peço a quem comanda esta vida, lá de cima, sobrenatural ou não, que tenha piedade de nós aqui em baixo. Que até já nos matamos por um simples espetáculo desportivo. A todos aqueles que faleceram em vão deixo estas palavras. Depois? Nada mais. Apenas silêncio.
João Sousa perdeu na madrugada de Quarta para Quinta feira frente a Andy Murray por 6/3 e 6/4. Um bom resultado para um tenista português dentro do top50 que está a iniciar agora a sua temporada.
O tenista vimaranense jogou bem, mas foi perdendo terreno à medida que a partida ia avançando, tal como esperado. O ritmo de Murray é diferente e foi isso que Sousa admitiu no final: que “os detalhes fizeram a diferença”. Ainda assim, face à semana anterior, em que perdeu por 6/1 e 6/0 frente a Nadal, a evolução foi notória.
Foi este resultado surpreendente? Não, e por uma questão simples. O trabalho não traz surpresas, e conhecendo o público especializado em ténis o trabalho de João Sousa, sabia que o tenista português iria ter nesta fase um bom momento de forma que o poderia fazer sonhar com voos mais altos. Para já, João Sousa garantiu os mesmos pontos face ao ano passado neste torneio, e isso é importante, visto que, como aqui referi num artigo anterior, os portugueses sofrem sempre no ano seguinte ao de grande sucesso, pelo que ir conseguindo os mesmos pontos de 2013 é desde logo um bom resultado.
João Sousa e Andy Murray Fonte: Record Online
O próprio Andy Murray referiu no final da partida estar surpreendido com o nível de jogo de João Sousa, pela sua agressividade na rede. Esta evolução revela não só que Sousa sabe o que é preciso fazer para surpreender os tenistas de top, os tenistas que, como referiu, têm um ritmo diferente do seu, mas também que não tem medo de o fazer.
A estrutura em que está envolvido, com o acompanhamento diário de um técnico que sabe e conhece bem o significado da palavra “trabalho”, levam a que João Sousa tenha tudo para poder dar o salto.
E o que é o salto? Claramente o top30 começa a ficar nos horizontes de todos os que seguem João Sousa. Neste momento, Sousa tem neste ATP500 de Acapulco os mesmos pontos do ano passado, quando perdeu frente a Santiago Giraldo, e na semana seguinte vai jogar o Masters 1000 de Indiana Wells, onde não tem pontos a defender.
De seguida, jogou o Masters 1000 de Miami, onde tem dez pontos a defender de uma primeira ronda, tendo aí um caminho em aberto. Bem sabemos que Masters 1000 não são propriamente torneios fáceis; no entanto, um bom sorteio aliado a uma exibição ao nível daquelas a que João Sousa nos tem proporcionado.
Neste momento, o 30º classificado do ranking ATP, Florian Mayer, tem 1245 pontos e, 14 lugares abaixo, João Sousa segue com 991. É possível, mas… lá está, o trabalho está na base do sucesso e como tal não devemos esperar milagres. Devemos esperar a continuação deste método com esta estrutura e cujos resultados estão à vista.
Ricardo Moura era o grande favorito a vencer o Serras de Fafe, que se disputou faz hoje uma semana, mas uma pedra fixa no meio do primeiro troço da parte da tarde – Luilhas2 – fez com que o tricampeão de ralis tivesse de abandonar a prova quando liderava.
Com o abandono do açoriano, Pedro Meireles teve o caminho aberto para a vitória e acabou mesmo por obter a sua primeira conquista no CNR. Foi uma vitória ao segundo; o estónio Martin Kangur – Kanguru, como ficou conhecido entre os portugueses – ficou a apenas 1,3 segundos do vimaranense. Foi uma tarde de excelência para Kangur, que ainda assim respeitou todos os pilotos portugueses. Esta prestação não pode deixar de preocupar os pilotos nacionais, pois, nos troços que a grande maioria deles conhece melhor, viram um estreante quase ganhar a prova. Uma prova de que é preciso trabalhar melhor nos ralis nacionais a nível de promoção de pilotos, apesar de reconhecer que, para já, é quase impossível devido ao estado financeiro do país. Apesar disto, a falta de um troféu de iniciação com um carro menos potente é uma coisa que penso que tem de existir necessariamente, e a FPAK tem de o pensar obrigatoriamente.
Foi esta pedra que fez Ricardo Moura desistir:
Mas a grande lista de inscritos e a competitividade da prova trouxeram coisas boas e coisas más. A sede de ralis de qualidade sentida pela população nortenha levou muita gente à estrada, mas o mau posicionamento em algumas zonas poderia ter causado grandes dissabores à organização da prova. Outro aspeto muito negativo foi para aqueles que não conseguiram ir até Fafe e quiseram acompanhar a prova online. O sistema que apresentava os tempos online era muito lento e não tinha capacidade para a quantidade de pessoas que quiseram seguir a prova deste modo. Algo a rever para a edição deste ano, quer a nível de qualidade quer de capacidade.
Dia 7 de março, o Nacional de ralis regressa com o Rali Cidade de Guimarães, uma prova que está a ser aguardada com grande expetativa por todos.
Aos 36 anos de idade, do alto dos seus 1,93 metros de altura, Luca Toni vive um dos momentos mais fulgurantes da sua já extensa carreira. Depois de uma ascensão meteórica, que o fez brilhar na Fiorentina (onde foi Bota de Ouro), ser campeão do Mundo pela Selecção italiana e jogar na primeira equipa do Bayern Munique, o avançado atravessou um período menos conseguido, para voltar agora a ser decisivo com a camisola do Hellas Verona.
Dia em que Luca Toni assinou pelo Hellas Verona. Fonte: Serie A
Toni tem feito jus ao número nove que enverga na camisola do Hellas. Com 13 golos marcados no campeonato, é o terceiro melhor marcador da prova, tendo marcado em seis dos últimos oito jogos que realizou. A pontaria afinada do jogador transalpino tem sido fundamental para a equipa de Verona, que ocupa a sexta posição da Serie A, num ano em que regressou à primeira divisão do futebol italiano. Com sensivelmente um terço de campeonato já disputado, o Hellas Verona está na luta pelo último lugar de acesso à Liga Europa, ao mesmo tempo que vê o seu grande rival, Chievo, numa tentativa desesperada de evitar a despromoção.
O habitual 4-3-3 do Hellas, escalonado por Andrea Mandrolini, contempla o sérvio Jankovic e o tão nosso conhecido Iturbe na frente de ataque, no auxílio a Luca Toni. Tanto Jankovic como o argentino, emprestado pelo Futebol Clube do Porto, têm sido decisivos no excelente aproveitamento do camisola nove do Hellas.
Sem ser um jogador veloz, e com uma capacidade para ocupar espaços fora da área muito discutível, Luca Toni vale, essencialmente, pelo seu sentido posicional acima da média e pela capacidade de finalização. Faz parte daquele grupo de avançados de que muitos adeptos não gostam, porque o acham demasiado lento e desenquadrado com as dinâmicas da equipa, mas a capacidade goleadora acima da média permite que outros tantos adeptos vejam nele uma pedra fundamental.
Fora da selecção desde 2009, quando jogou a qualificação para o Mundial da África do Sul, Toni promete fazer ainda muitos golos em solo italiano, juntando a isso o seu festejo tão característico, durante o qual faz um gesto com a mão direita junto ao ouvido.
O habitual festejo de Luca Toni. Fonte: The Guardian
Já se sabe que em Itália os veteranos e experientes jogadores são mais valorizados do que em outras paragens, pelo que a carreira do avançado nascido em Pavullo Nel Frignano tem tudo para perdurar mais umas épocas.
No ano em que nasceu Salvador Dalí, em que Roosevelt foi reeleito presidente dos Estados Unidos e em que James Joyce conheceu a mulher da sua vida, eis que surgiu, num Portugal monárquico, numa Lisboa que vira Pessoa partir para Durban, o Grupo Sport Lisboa. No dia 28 de Fevereiro de 1904, depois de um treino matinal nos terrenos da CP entre a linha férrea Cais do Sodré-Cascais e as traseiras da casa de praia do Duque de Loulé, onde fica actualmente o Centro Cultural de Belém, 24 ex-alunos da Casa Pia reuniram-se na Farmácia Franco, na Rua de Belém nº20, para escrever a primeira página de história do meu clube de coração.
Acta da Fundação do Grupo Sport Lisboa Fonte: campeoesdofutebol.com.br
“Criado por Cosme Damião…”
Dessa histórica reunião saiu a acta da fundação do Grupo Sport Lisboa, escrita por Cosme Damião, o homem-tudo do Benfica, que ao invés de querer ser presidente, preferiu sempre ser treinador. Símbolo imortal da alma benfiquista, Damião não desistiu nunca do Grupo Sport Lisboa, não tendo nunca deixado o clube cair. Fundador, técnico, jogador, dirigente, capitão e jornalista das águias, Cosme Damião é o homem que edificou o Benfica e o colocou nos carris que levariam o clube a ser um dos maiores do mundo.
“Eu visto de vermelho e branco…”
Na Farmácia Franco tudo ficou decidido. Foi aí que nasceram, enquanto nascia o Benfica, as camisolas berrantes. Vermelho e branco seriam as cores que carregaria quem vestisse o manto sagrado, e o emblema, esse, teria uma águia como símbolo e o lema “E Pluribus Unum” nele inscrito. Durante toda a história do Benfica, o vermelho-vivo dos que ostentavam a águia ao peito não deixou de encantar quem seguia o “glorioso”, de quem com ele ganhou tanto que nunca soube vulgarizar um sentimento para com um clube que de vulgar nada tem nem nunca teve.
“Benfica do meu coração”
Hoje o Benfica faz 110 anos e eu faço 20 anos, 9 meses e 4 dias de benfiquismo sem fim. 11 décadas passaram desde a mítica reunião em Belém e o Grupo Sport Lisboa – hoje Sport Lisboa e Benfica – está mais uma vez de parabéns. Uma nação gigantesca sopra mais uma vela de uma história incrivelmente rica, de feitos ímpares, de sobranceria tamanha. Mas a história do Benfica é de todos conhecida. Inexplicável é este amor, esta grandeza que, como Aimar disse, “não se compreende se não se está aqui dentro”. Mas desta família não duvido eu, nem nunca duvidei. Esta febre que me une ao clube que me faz verdadeiramente pulsar, que me faz verdadeiramente sentir o que jamais sentirei de outra forma não tem tinta que a escreva. Houvesse vínculo maior do que estar a soprar a 110ª vela do eterno gigante vermelho com Eusébio e Coluna, tão presentes como nunca deixaram de estar, e aquilo que uma vez Damião desenhou estaria errado, totalmente errado.
Parabéns, Sport Lisboa e Benfica.
Alberto Conceição
Sócio Nº154042 Adepto de sempre e para sempre