É a compra mais cara da História do futebol português. Gianelli Imbula chega ao Estádio do Dragão a troco de uns “cómodos” 20 milhões de euros, proveniente do Olympique de Marselha. Depois de, há uns dias, ter sido anunciado que o médio francês era uma das prioridades do FC Porto para o reforço do plantel, a novela foi de curta duração. O desejo de Imbula era vestir e azul e branco, e o seu desejo será concretizado.
Tendo em conta o panorama económico-financeiro do futebol português, e a necessidade premente dos clubes de reduzir os passivos, podemos afirmar estar perante uma transferência megalómana? Sim, sem sombra de dúvida. Pagar 20 milhões de euros por um jogador assume uma dimensão surreal para o FC Porto. É verdade que, dados os resultados da época passada, o clube está obrigado a mais um ano de forte investimento, já que a “sangria” do plantel tem sido significativa e promete não ficar por aqui; é também verdade que essa “sangria” já proporcionou a entrada de muitos milhões nos cofres portistas, mas não posso deixar de considerar o valor exagerado.
Por outro lado, os contornos do negócio são ainda dúbios: o FC Porto adquire a totalidade do passe do jogador. Algo estranho, já que, supostamente, a Doyen estaria envolvida na transacção. Se tal for mesmo verdade, talvez o investimento direto do clube não tenha sido tão avultado como se julga. E Imbula é uma aposta em grande. É um jogador que, não só pelo dinheiro que custou, mas também pela sua qualidade, terá entrada garantida no onze escalado por Lopetegui e aumentará exponencialmente o nível de qualidade à disposição do treinador.
Imbula chega ao FC Porto depois de duas temporadas em alto nível no Marselha Fonte: Página do Facebook do FC Porto
Aos 22 anos (completa 23 em setembro), chega ao Porto com o rótulo de um dos melhores médios da última edição do campeonato gaulês. Formado no Guingamp, realizou 76 jogos em duas épocas ao serviço do Marselha, para onde se transferiu em 2013. Médio-defensivo de raiz, gosta de pisar terrenos mais adiantados. Tem uma apetência natural para conduzir o esférico com o pé esquerdo, missão que desempenha com distinção, tendo também muita facilidade em “mudar o chip”. Destrói jogo adversário com a mesma facilidade com que constrói para a sua equipa, através do transporte de bola em progressão. O papel que vai desempenhar em termos táticos é, por agora, indefinido, mas arrisco a dizer que o epíteto de box-to-box lhe assentará bem, já que Danilo Pereira deve chegar nos próximos dias para o lugar de trinco. O ideal seria jogar num duplo-pivot, como fazia no Marselha, onde emparelhava com Alaixys Romao, mas não me parece que Lopetegui queira alterar a fisionomia do miolo. Imbula pode ser o próximo “vai-e-vem” do meio-campo portista.
No fundo, o FC Porto acaba por comprar um jogador maduro, que só trará mais-valias ao meio-campo e ao modelo de jogo. Gasta muito dinheiro com ele, mas com certeza que o retorno desportivo compensará o investimento. E o retorno financeiro também: a cláusula de rescisão fixa-se nos 50 milhões, e, mesmo que ninguém chegue a pagar esse valor, a diferença não será substancial. Em termos de “valor puro”, Imbula pode valer mesmo isso. Internacional sub-21 pela França, tem a porta da seleção principal aberta e será só uma questão de tempo até lá chegar. Um negócio seguro, portanto.
Os primeiros Jogos Europeus foram um sucesso desportivo, isto ninguém pode negar, mas e o resto, como foi?
A competição que decorreu em Baku, capital do Arzebaijão, ainda não tinha começado e já tinha duas polémicas. A primeira com a proibição da entrada de vários meios de comunicação – com destaque para o “The Guardian” – e de organizações de defesa dos direitos humanos e a segunda com o atropelamento de membros da comitiva da Áustria.
O primeiro caso não é algo de inédito neste país que conta com vários presos políticos, onde incluo jornalistas. Os jornalistas que conseguiram a entrada (todos os portugueses conseguiram) no país foram avisados de que podiam ser vigiados pelas forças de segurança azeri se tentassem fazer algum trabalho jornalístico que não sobre a vertente desportiva dos Jogos Europeus. Um claro atentado contra a liberdade de expressão e que mostra o estado em que o país vive, o de controlo absoluto.
Ainda sobre a mistura entre política e desporto a que se assistiu da parte do Arzebaijão existiram algumas respostas por parte dos outros países, como é exemplo a Alemanha, onde Angela Merkel se recusou a ir ao país.
As Flame Towers – aqui na prova de ciclismo – são uma das imagens de marca do Arzebaijão
A outra polémica que assolou o início da competição foi o acidente com três nadadoras austríacas. Um condutor de um autocarro investiu a grande velocidade contra as nadadoras, sendo que uma teve de voltar para Viena devido às lesões com que ficou devido ao atropelamento.
Mas fora estas polémicas existiu ainda a preocupação de apenas passarem na televisão as zonas mais modernas da cidade, como provam os locais onde decorreram as provas de Triatlo e de Ciclismo. Zonas modernas e de luxo capazes de fazer inveja a qualquer país. Apesar de isto ser normal neste tipo de competições não deixa de ser curioso terem feito as provas a passar por condomínios fechados.
Passando agora para o plano apenas desportivo existem dois aspectos que gostava de destacar; falo da natação e do atletismo. Estas, que são as duas principais modalidades dos Jogos Olímpicos, aqui tiveram um papel pouco importante. O atletismo ficou reservado aos 12 países que compõem a terceira divisão europeia (Portugal está na segunda divisão) e com isto perdeu grande protagonismo. A natação por seu lado era aberta a todos os países e nadadores desde que ainda fossem juniores. Uma competição deste género tem de ter os melhores nadadores e não os que podem vir a ser os melhores, havendo provas destinadas a estes.
Outro factor que marcou esta competição foi a pouca adesão do público tirando quando a seleção da casa jogava, isto nas competições coletivas. Nas provas de estrada, principalmente no Triatlo, as estradas estavam vazias, provavelmente por as pessoas não poderem ir para os tais locais de que já falei atrás. Em arenas como a Natação ou onde decorreram as Artes Marciais, em que estavam sempre a decorrer provas e não dava para aparecer apenas quando os atletas azeris estavam em prova, também se via pouco público, sendo a grande maioria das comitivas que estavam em prova.
A Rússia dominou o medalheiro e venceu a primeira presença do Futebol de Praia numa grande competição
Quanto ao futuro da competição ninguém sabe responder bem qual é. A ideia da prova é a de ser de quatro em quatro anos, tal como todas as grandes competições desportivas. Mas para já ainda não se sabe onde vai ser a próxima edição depois de a Holanda ter recusado a organização que lhe tinha sido atribuída. Assim a prova pode voltar à Ásia, pois a principal candidata à organização é Istambul. A cidade turca anda há vários anos a tentar organizar os Jogos Olímpicos e vê na organização dos Jogos Europeus a oportunidade ideal para mostrar as suas capacidades organizacionais.
Mas os Jogos Europeus têm um novo adversário: em 2018 nasce o European Sports Championship, uma competição que vai reunir os europeus de Atletismo, Natação, Ciclismo, Triatlo e Remo em Berlim e Glasgow. Isto é um problema uma vez que não faz sentido existirem dois eventos que concentrem as atenções europeias apesar de existirem algumas diferenças entre os mesmos.
O facto de a competição acontecer um ano antes dos Jogos Olímpicos é outra coisa que não me agrada, sendo que na minha opinião a prova devia acontecer a meio da preparação olímpica, ou seja, dois anos antes de uma nova edição. Sendo assim a data da nova competição (2018) era ideal.
Resumindo, esta é uma competição que tem tudo para dar certo no panorama europeu mas que sofre de todos os problemas de algo novo. Para os Jogos Europeus ganharem uma maior credibilidade vão ter de ser organizados por um país da chamada Europa civilizada e sair de países asiáticos que pretendem mostrar que pertencem à Europa, como acontece com o Arzebaijão e a Turquia, se receberem mesmo a próxima edição.
Que prazer é ver esta Argentina quando em dia sim. Juntar Messi, Di María, Pastore e Aguero num campo faz-nos perceber o porquê de amarmos este desporto. Tudo parece fazer sentido quando à inteligência se juntam a enormíssima velocidade de pensamento e execução destes 4. A excelência da exibição de hoje, vincada no massacre do resultado e num futebol ofensivo de sonho, assusta os chilenos para a final e mostra uma Argentina feroz, insaciável e desejosa de recuperar um título que lhe foge há mais de vinte anos.
Azar para o Paraguai, que muito bem se bateu nesta Copa América e já sacudira o paupérrimo Brasil de Dunga para fora da competição, ao ter encontrado a albiceleste inspirada. E quando assim é… muito pouco há a fazer para evitar o descalabro. Com Demichelis e sem Garay, ausente por doença, foi um bem conhecido português a dar o pontapé de saída no pesadelo paraguaio: ao quarto de hora, Rojo aproveitou um ressalto num lance de bola parada para fazer o primeiro. Pouco tardaria para o segundo e, com isso, para o início do festival do extra-terrestre Messi, ao assistir Pastore (que jogo!) para o 2-0 num bom remate cruzado. À meia-hora de jogo a tarefa parecia estar muito bem encaminhada para os homens de Tata Martino. Pois bem, ainda haveria o Paraguai de bater com a mão no peito e fazer valer muito daquilo que o trouxe até esta fase da Copa América à boa maneira sul-americana: o coração. Uma equipa bem montada e organizada, ciente das limitações que a incapacitam de se bater de igual para igual frente aos melhores, mas que nunca se fez rogada e com isso leva uma bonita história para contar desta competição. Foi num belo remate de Barrios – substituiu o lesionado Santa Cruz – que voltaram à vida as esperanças paraguaias, pouco antes do intervalo.
A jogar assim, a Bola de Ouro está mais do que entregue Fonte: Facebook da AFA – Selección Argentina
O pior estava, pois, para vir. Com o 2-1 no descanso não era de prever o que a seguir se passou, até tendo em conta o primeiro encontro da fase de grupos com os mesmos intervenientes. Também aí a Argentina se apanhara a vencer por 2-0 mas o adormecimento nas pampas permitiu o 2-2 ao Paraguai e o massacre da segunda parte pode ser visto como a aprendizagem dos argentinos com esse erro. Di María, cruzado e de encosto (onde esteve este Di María em Inglaterra?), Aguero pelo meio dos centrais e Higuaín a fechar o festival pintaram o resultado final com este esclarecedor 6-1. Três assistências para Messi, duas para Pastore e mais um rol de pormenores deliciosos sem fim do quarteto mágico foram a fórmula perfeita e que o Paraguai se viu incapaz de parar.
Jogando assim, a Argentina estará mais perto do que nunca de recuperar um título há muito desejado pelo país. Já contra a Colômbia dera mostras de querer deixar para trás a sonolência da fase de grupos mas encontrando, aí, um inspiradíssimo Ospina na baliza cafetera. Diante do Chile imagina-se um jogo a uma velocidade estonteante (Di María, Messi, Aguero, Vargas, Alexis e Isla no mesmo campo…) e no qual uma possível vitória argentina estará muito dependente de como o seu sector mais recuado (algo lento) conseguir anular as “balas” de Sampaoli. Mas, enfim, quem tem Messi e não só estará sempre mais próximo da taça do que todos os outros…
A Figura:
Pastore – Depois de uma boa temporada no PSG, Pastore surge em excelente nível nesta Copa América. As duas assistências e o golo de hoje mostram o porquê de a sua titularidade ser mais do que justificada.
O Fora de Jogo:
Defesa do Paraguai – Como disse no texto, muito já havia feito o Paraguai em ter chegado até aqui. Apesar disso, hoje a prestação defensiva da selecção de Rámon Diaz foi sofrível e a meia dúzia foi um pesado castigo.
Para que todas as caminhadas terminem de forma perfeita, é sempre preciso dar o último passo. Ao longo de dez jogos de qualificação, a seleção portuguesa sub-21 tomou sempre conta do seu próprio destino. Numa fase de apuramento absolutamente perfeita, a equipa de Rui Jorge somou dez vitórias em outros tantos jogos, fazendo no playoff contra a Holanda duas exibições tremendamente competentes e que lhe deram o apuramento que desde 2007 falhava para o Campeonato Europeu Sub 21. Numa equipa recheada de qualidade, com William, João Mário e Bernardo a serem os porta-estandartes do sonho português, qualquer sonho que não culminasse na vitória final na competição era pequeno demais para aquilo que se tinha visto ao longo da caminhada até à República Checa.
Nos jogos até à final desta terça feira, Portugal foi quase sempre justificando o seu estatuto de favorito. Mesmo sem nunca brilhar em termos exibicionais – com exceção à brilhante goleada frente à Alemanha – a seleção portuguesa foi fazendo da competência e maturidade tática a sua principal arma. Depois de eliminar aquele que seria a priori o opositor mais difícil da competição, a final frente à equipa sueca adivinhava-se como o final perfeito para um percurso tão perfeito da equipa de esperanças. Do outro lado, surgia uma Suécia que, contra todas as expetativas e probabilidades, chegava ao jogo decisivo. Quando a competição começou, poucos ou nenhuns seriam os que apostavam nesta equipa. Mesmo contando com alguns jogadores de muita qualidade, como Guidetti ou Thelin, a verdade é que, num grupo com Portugal, Itália e Inglaterra, o expectável é que os suecos passassem despercebidos na competição. A verdade é que, mesmo contra todas as previsões, a vitória frente aos italianos revelou-se decisiva para que os nórdicos, comandados pelo experiente Hakan Ericson, chegassem às quatro melhores equipas da competição. Na meia final, uma goleada surpreendente frente à rival Dinamarca levou os suecos ao jogo decisivo, onde reencontravam uma seleção com quem haviam empatado na fase de grupo a uma bola.
Para esta final, Rui Jorge e Ericson decidiram apostar no onze mais experimentado. Relativamente ao jogo frente à Alemanha, o técnico português fez uma alteração, recolocando Ilori junto a Paulo Oliveira, relegando Tobias Figueiredo para o banco de suplentes. De resto, nada foi diferente do que havia sido até ali, com a estratégia portuguesa a recair no 4x4x2 em losango, com Bernardo Silva a ser o elemento fulcral em termos táticos, funcionando como o principal dinamizador do jogo ofensivo português. Na equipa sueca, o 4x4x2 clássico foi a escolha de Ericson, deixando a Guidetti e a Thelin a função de aproveitarem a principal arma da estratégia sueca: o seu jogo em profundidade. Como seria previsível, os suecos procuravam dar o controlo da bola aos portugueses, recuando o bloco e agrupando defensivamente a equipa em duas linhas de quatro jogadores, que foram sempre conseguindo tapar os caminhos, pela zona central e pelas alas, da sua baliza.
Bernardo Silva nunca conseguiu desequilibrar Fonte: UEFA
Mesmo tendo Portugal entrado muito bem no jogo – Ricardo Pereira e Sérgio Oliveira, com um remate à trave, podiam ter aberto o marcador – a verdade é que a primeira parte acabou por ser o tónico daquilo que, em termos táticos, foi o jogo ao longo dos 120 minutos. Confrontando-se com um bloco tão baixo mas com uma estratégia tão bem definida, a equipa portuguesa nunca teve os espaços necessários e por isso não raras vezes a definição em termos ofensivos não foi a mais correta. Aliás, nos primeiros 45 minutos, com a exceção dos dois lances nos primeiros dez minutos, Portugal nunca conseguiu controlar o jogo e o adversário. De facto, foram sempre os suecos a estarem mais cómodos na partida, gerindo da melhor forma os ritmos da partida e aproveitando os espaços que o meio campo português ia dando nas suas costas.
Na segunda parte, o figurino ainda assim foi algo diferente. E tanto foi diferente em virtude de um dos principais erros desta noite: as substituições de Rui Jorge. Aos 54 minutos, o técnico português decidiu retirar do relvado o principal pensador – a par de William – do jogo português: Sérgio Oliveira. Sem razão aparente, Rui Jorge acabou por colocar Tozé, desposicionando completamente a equipa e colocando-a num perigo tático constante, em virtude do equilíbrio que se perdeu com a saída do médio do FC Porto. A partir daquele momento, Portugal não conseguiu mais sequer aquilo que teve no primeiro tempo: a bola. Mesmo não tendo sido sufocante, a verdade é que a primeira parte mostrava que, com maior paciência no último terço de terreno, Portugal podia acabar por ser feliz. Com a substituição de Sérgio por Tozé, Rui Jorge quis dar um caudal mais ofensivo à equipa, mas acabou por simplesmente descaraterizá-la. Por isso, não foi de estranhar que, à medida que o segundo tempo ia passando, a equipa sueca fosse ganhando cada vez mais confiança.
A partir do momento em que Portugal perdeu o meio campo, os comandados de Ericson acabaram por subir linhas, levando Lewicki e Hiljemark a tomar conta das rédeas do jogo, aproveitando sempre a profundidade dada pela dupla ofensiva constituída por Guidetti e Thelin. No segundo tempo, as melhores oportunidades acabaram por pertencer aos suecos, com o avançado do Celtic a desperdiçar duas boas chances para fazer o golo, sendo que, nesse período, apenas Iuri Medeiros fez perigar a baliza de Carlgren.
Portugal estava perdido em campo e só em iniciativas individuais é que se conseguia aproximar do último terço do terreno. Ainda assim, para que isso tenha acontecido, há que destacar a estratégia sueca, que nunca deixou que a seleção portuguesa jogasse como mais gosta. Nesse aspeto, a ausência da criatividade de Bernardo ao longo da final foi por demais evidente e que em muito se deveu à forte marcação que o jogador do Mónaco foi sempre sujeito. Mesmo com as entradas de Iuri e Gonçalo, para os lugares de Ricardo e Ivan Cavaleiro, a seleção de Rui Jorge não melhorou, fazendo com que o espectro do prolongamento fosse a única solução para que os jogadores se pudessem refazer de uma segunda parte tão insuficiente quando comparado com o jogo sueco.
Os suecos fizeram história em Praga Fonte: UEFA
Ainda assim, e em virtude do cansaço físico de ambas as equipas, os 30 minutos adicionais acabaram por não trazer nada ao jogo. Aliás, durante esse tempo, a única coisa que se viu foi Portugal e Suécia a arrastarem-se pelo relvado do Estádio Eden. As grandes penalidades acabaram mesmo por surgir e, como em tantas outras ocasiões – basta relembrar o mundial sub 20 deste ano – Portugal acabou por não ser competente na sua marcação. Do lado lusitano, Ricardo Esgaio foi o primeiro a falhar, com o sueco Khalili no remate seguinte a colocar tudo na forma inicial. O problema veio a seguir, quando Lindelof fez o golo para os suecos e William Carvalho acabou por ver Carlgren defender o seu remate, dando a vitória à equipa de Ericson no campeonato da Europa de sub 21.
Ao olhar para o percurso português e para aquilo que a equipa de Rui Jorge fez, acredito que a esmagadora maioria dos portugueses dirá que sente orgulho desta seleção. Eu não serei exceção neste ponto. Tendo em conta os recursos humanos que esta equipa tem, penso que Portugal fez um excelente percurso e acabou por dignificar bastante uma camada que tantas vezes foi esquecida ao longo das últimas décadas no futebol português. Ainda assim, e apesar de engrandecer aquilo que os portugueses fizeram, não posso deixar de referir que acredito que é muito por culpa nossa que não estamos neste momento eufóricos com a conquista do Europeu.
Num jogo tão decisivo como este, penso que Rui Jorge e os jogadores deveriam ter tido um outro comportamento. No que aos jogadores diz respeito, foi por demais evidente o cansaço e a falta de frescura física que estes evidenciaram ao longo da final. No que diz respeito a Rui Jorge, e apesar de o ver como um treinador com imenso futuro, não posso deixar de referir que creio que este cometeu demasiados erros esta noite em Praga. Numa segunda parte que estava taticamente tão amarrada, o treinador português não podia simplesmente retirar um dos principais elementos da equipa e da estratégia para o jogo. Ao longo de todo o percurso, o capitão Sérgio Oliveira foi sempre um dos principais faróis da seleção e hoje, quando o retiraram de campo, cedo se percebeu a dimensão da sua importância. É verdade que nos penaltis tudo podia acontecer e que, no caso de uma vitória, possivelmente eu não estaria a acusar Rui Jorge de nada. Apesar disso, creio que é evidente que o técnico português jogou demasiado arriscado quando o jogo não o pedia.
Vinte e um anos depois da final perdida para a Itália, a seleção de sub 21 voltou a ficar à porta de uma conquista que seria totalmente justa. Fica, para a história, a conquista sueca e um percurso que não pode ser esquecido de uma das melhores gerações jovens portuguesas. Mas, para a história deste jogo e desta final, ficam também erros básicos que custaram imenso à equipa. Foi quase como jogar à roleta russa, sem nenhumas garantias de sucesso. E quem o faz, arrisca-se sempre a confiar no destino. E hoje, ele voltou a não querer nada connosco.
A Figura:
Estratégia sueca – Ericson foi verdadeiramente um estratega na preparação desta final. Percebeu os pontos fortes portugueses – sobretudo a criatividade de Bernardo Silva – e simplesmente conseguiu bloqueá-los, levando Portugal para terrenos desconfortáveis. Nos penaltis, os seus jogadores foram mais felizes e, tendo em conta o jogo, não se pode dizer que o resultado tenha sido verdadeiramente injusto.
O Fora-de-Jogo:
Substituições de Rui Jorge – O treinador português foi indiscutivelmente um dos principais responsáveis pelo excelente percurso desta seleção. Ainda assim, a sua escolha em retirar Sérgio Oliveira para colocar Tozé foi um verdadeiro tiro no pé das aspirações da seleção. A equipa perdeu o controlo do jogo, perdeu equilíbrio e nunca mais deu sinais de que poderia chegar ao golo. A derrota nos penaltis acabou por ser o desfecho final de toda uma estratégia que não correu bem ao treinador português.
O Chile é o primeiro finalista da Copa América, depois de ter batido o Perú no Duelo do Pacífico, em Santiago. Vargas foi o homem-golo da noite e colocou o conjunto orientado por Jorge Sampaoli a um passo de vencer pela primeira vez a mais velha competição de seleções do mundo. Com um estádio composto quase na totalidade por chilenos em grande euforia, o jogo iniciou tal como se imaginava: com o Chile a assumir a posse da bola e a fazer um cerco à área dos peruanos. É esta a filosofia chilena, com uma intensidade máxima, grande mobilidade, muitos homens em zona de finalização e grande objetividade em todos os processos. Valdivia é o maestro e organiza todo o jogo ofensivo, ajudado pela estrela Alexis Sanchez. São eles que marcam o ritmo, definem os lances e muitas vezes também os terminam.
Foram eles os homens em foco nos primeiros minutos a tentar o assalto à área contrária, mas o Chile não conseguiu penetrar na defensiva do Perú. Os peruanos, como foi sua marca durante o torneio, defenderam muito bem, estiveram muito organizados e foram coesos e solidários, com um homem na frente a ser a referência. Guerrero segurava as bolas e fazia a contenção, esperando o apoio dos seus colegas. Carrillo, que foi titular pela primeira vez, era um deles, juntamente com Fárfan e Cueva. O extremo do Sporting foi uma das três alterações que Ricardo Gareca fez no onze em relação ao jogo com a Bolívia. No Chile, Sampaoli alterou dois homens na defensiva, um deles Jara, suspenso depois do lance polémico com Cavani.
Depois de uns primeiros minutos intensos com os Chilenos a dominar, o Perú cresceu e aproximou-se da área de Claudio Bravo. Lobatón, aos 16 minutos, avisou de muito longe, com um remate que tirou tinta ao poste direito do guarda-redes do Barcelona. O Perú subiu as linhas, teve mais posse e acalmou a euforia inicial chilena mas, aos 20 minutos, Zambrano deitou tudo a perder. O central peruano, depois de aliviar uma bola, deixou o seu pé levantado e atingiu Aranguíz nas costas. Uma agressão que o árbitro da partida, José Ramón Veja, viu e puniu com um cartão vermelho direto. Ficava o Perú em maus lençóis e galvaniza-se o Chile, que nesta fase do encontro parecia estar por baixo.
A seleção Roja, como é conhecida, não perdeu tempo e cercou mesmo a área adversária, com muitos homens em zona de finalização e dois laterais bem abertos nas linhas (Isla e Albornoz) em zona muito adiantada do terreno. Este assalto iria dar resultado muito por culpa de Alexis Sanchéz, o melhor em campo, que para além de finalizador, nesta partida mostrou-se um excelente criativo. Mostrou também muita inteligência na forma como baixou no terreno para ser, a par de Valdivia, o primeiro construtor de jogo.
Os dois primeiros lances de golo iminente pertenceram a Valdivia. Aos 25’e após um livre lateral, tentou um chapéu ao guarda-redes Gallese, que saiu um pouco por cima e 3 minutos depois finalizou, em arco, um lance inventado por Alexis, com a bola a rasar o poste direito. Pelo meio destes dois lances, o Perú reorganizou-se, colocando Ramos, um central, por troca com Cueva, uma das revelações do torneio que nesta partida não teve tempo para brilhar. Vale a pena estar atento a este jogador de 23 anos, que ainda alinha no Alianza Lima, do seu país.
Alexis foi o melhor em campo, apesar dos dois golos de Vargas; Fonte: Facebook Seleccion Chilena
La Roja continou o seu festival ofensivo e aos 31’, Advíncula evitou o golo de Vargas. Alexis lançou Vidal na direita e o jogador da Juventus cruzou pelo chão para o segundo poste, onde Vargas iria encostar. O lateral do Vitória de Setúbal antecipou-se e evitou o pior, cedendo canto. Mas esta não seria a única vez que Advíncula iria estar no papel de salvador. Nem dois minutos tinham passado quando Valdivia arrancou na zona central do terreno, descobriu Alexis à entrada da área, descaído para o lado direito, que depois de um bom trabalho conseguiu em esforço colocar num colega na linha de fundo, que cruzou tenso para o interior da pequena-área, onde um peruano fez um primeiro corte. A bola sobrou para Vargas perto do segundo poste que rematou com selo de golo. Advíncula deu o corpo às balas e adiou o golo que Vargas viria a marcar pouco depois.
Antes desse lance que daria o tento inaugural aos 41’, o Perú criou perigo pela primeira vez, desde a expulsão de Zambrano. O guardião peruano bateu longo para Guerrero, que dominou no peito, faz uma rotação que deixou Rojas para trás e embalou na direção da área. Na entrada da mesma, ainda do lado esquerdo, colocou a bola na zona do penálti, para a entrada de Carrilo que por muito pouco não se antecipou a Bravo.
O Perú mostrava sinais de continuar motivado e nunca abdicou de atacar, jogando sempre com as suas limitações e desvantagem numérica, mas perto do intervalo o golo chileno foi um rude golpe. Alexis recebe do lado esquerdo, perto do bico da área, encara o adversário, ultrapassa-o e corta para dentro, desferindo um cruzamento-remate na direção do segundo poste. Aranguíz surge sozinho e em vez de desviar o esférico, abre, inteligentemente, as pernas deixando a bola passar, enganando por completo Gallese. Os chilenos já se levantavam em todo estádio para festejar, mas a bola embateu no poste. Sorte dos chilenos pois a “redondinha” foi ter com Vargas, que com alguma sorte à mistura e na segunda tentativa fez o golo e transformou o estádio num vulcão. Importa referir que Vargas beneficia de uma posição irregular, no momento do remate de Alexis.
No segundo tempo tudo mudou! Para surpresa geral, não foi o Perú a alterar mas sim o Chile com duas substituições, que em nada beneficiaram o conjunto. Duas trocas diretas que mais pareceram poupanças com o jogo muito longe de estar resolvido. E foi com esse espírito que La Roja entrou na segunda parte, exceção feita ao golo mal anulado a Vargas. Fora-de-jogo assinalado ao atacante, mas André Carrillo estava a colocar o chileno em posição legal. Ora isto foi no primeiro minuto após o reatamento e a partir daí quase só deu Perú. Os chilenos baixaram a intensidade e deixaram os peruanos galvanizarem-se e acreditarem que seria possível virar o jogo mesmo com menos uma unidade. Logo aos 53’, Advíncula fez um cruzamento perfeito para a cabeça de Farfán, que obrigou à atenção de Bravo.
Vargas apontou dois golos e gravou o seu nome na história do Chile; Fonte: Facebook Seleccion Chilena
Os 10 homens de Richard Gareca estavam mais intensos em cada disputa de bola e empurravam o adversário para o seu reduto. Não criavam muito perigo, mas sentia-se que a qualquer altura o empate podia surgir e foi mesmo isso que aconteceu. Uma recuperação de bola dos peruanos, ainda no seu meio-campo, originou um contra-ataque rapidíssimo com Guerrero na direita a servir de pivot e a lançar Advíncula na linha de fundo. O lateral do Setúbal, em grande correria, chegou ao esférico mesmo perto desta sair e cruzou com conta peso e medida para Carrilo, o único homem do Perú no interior da área. O sportinguista ia desviar para o golo, mas Medel antecipou-se e fez ele um auto-golo, que trouxe justiça ao resultado, quando faltava meia hora para jogar.
Um castigo para os chilenos que adormeceram a pensar na final de sábado, quando o jogo estava longe de estar ganho. Com o golo do empate, o Perú ia voltar a fechar-se e tentar jogar com o relógio, só que Vargas nem deu tempo para que os peruanos se habituassem ao resultado. O jogador chileno recebeu a bola muito longe da baliza descaído para o lado direito, a uns 30 metros talvez, e rematou, fazendo um golaço, que será o principal favorito entre os candidatos a melhor golo da competição. Só tinham passado 4 minutos e o jogo estava de novo a pender para a seleção anfitriã.
O Perú teve que voltar a lançar-se para o ataque, Pizarro ainda entrou e criou perigo uma vez (74’), mas faltaram forças aos homens de Gareca, depois de estarem a jogar a menos um desde os 20 minutos. Bravo não foi obrigado a grandes defesas e foi mesmo o Chile a poder “matar” o jogo por duas vezes. Alexis (78’) recebeu de Valdivia e rodou para a baliza, mas a bola passou a rasar a barra e Vidal (91’) obrigou Gallese a mais uma defesa. Importa ainda referir que ficou um penálti por marcar sobre Paolo Guerrero, aos 82’, depois de Rojas o ter travado, acertando-lhe com o joelho numa perna. De nada valeram os seus protestos, num lance que poderia mudar toda a história.
Vitória da melhor equipa, do conjunto com mais qualidade, mas que adormeceu em determinados minutos do jogo e permitiu que este aguerrido Perú acreditasse que o sonho era possível. Nota muito positiva para esta seleção peruana, que surpreendeu tudo e todos e apresentou um futebol agradável de ver, tendo em Guerrero a sua figura de proa. Cueva é um nome a seguir e ainda um destaque para a excelente exibição (e torneio) de Advíncula. Quanto ao Chile, mantém vivo o seu sonho de vencer a sua primeira Copa América e logo em sua casa. Argentina ou Paraguai será o último obstáculo nesta caminhada de Alexis, Vidal e companhia.
A Figura:
Alexis Sánchez – Não marcou, mas foi determinante para que a sua equipa alcançasse a final. É um vagabundo, quase impossível de marcar e com uma técnica extraordinária. Neste jogo, foram várias as vezes que o jogador do Arsenal, de forma inteligente, recuou no terreno para ser o primeiro elemento de construção, dividindo com Valdivia essas tarefas. Foi dos seus pés que saiu o golo inaugural e a maior parte das jogadas de perigo dos chilenos. É a estrela maior desta seleção e está a justificar essa designação.
O Fora-de-Jogo:
Zambrano – O central levou amarelo logo aos 7’ e conseguiu ser expulso com apenas 20 minutos decorridos, após agressão a Aranguíz. Uma infantilidade que custou muito caro aos peruanos. Quase deitou por terra a esperança do Perú e obrigou os seus colegas a correrem o dobro para tentar chegar à final. Não conseguiram, mas ficou a ideia que com 11 homens podiam ter sido um osso ainda mais duro de roer e quem sabe causar uma surpresa.
Como admirar um jogador que nunca foi aquilo que poderia ter sido? Bem, se esse jogador for Pedro Mantorras é algo fácil de explicar. Isto porque Mantorras foi, de facto, muito mais do que aquilo que o próprio alguma vez poderia sonhar. Como? Recordemo-nos do seu percurso.
Começou no Processo de Sambizanga e, com 17 anos apenas, chegou ao Alverca de Luís Filipe Vieira. Antes disso, chegou a fazer testes no Barcelona, onde não ficou por (diz-se) desacordo em termos de verbas. Na época de estreia na Primeira Liga foi a grande revelação, apontando 9 golos, um deles ao Sporting, naquela que foi uma das suas melhores exibições.
Vieira eventualmente fez a transição para o Benfica e levou Mantorras consigo. “Deixem jogar o Mantorras”, frase que Vieira disse após o primeiro jogo de Mantorras pelo Benfica, no qual sofreu marcação muito apertada, tornou-se um símbolo daquela que viria a ser, apesar de tudo, uma esplendorosa carreira pelo Benfica.
Sim, Mantorras teve uma carreira de esplendor. Só não crê quem não quer crer. É verdade que foi sujeito a sucessivas intervenções ao joelho após lesão na sua segunda época de águia ao peito, pelo que só podemos especular quão bom teria sido dentro dos campos não tivesse sido alvo desse mau fado. O jogador angolano era rápido, forte tecnicamente e com um especial faro pelo golo. No entanto, Mantorras foi mais do que isto, mais do que um “simples” jogador. Mantorras foi e é um símbolo benfiquista.
Mantorras (na foto) despediu-se dos relvados em 2012, num jogo entre o Benfica e a Fundação Luís Figo, no qual apontou um golo. Fonte: Facebook Oficial Sport Lisboa e Benfica
Costumo dizer, em jeito de brincadeira, que se Portugal teve o Sebastianismo, o Benfica teve o “Mantorrismo”. Ora, Pedro Mantorras esteve afastado dos relvados entre 2002 e 2005. Nessas duas épocas o Benfica nada ganhou. Mantorras voltou em Janeiro de 2005, quando foi convocado para uma partida contra o Boavista. Trapattoni lá o pôs em jogo e o angolano não perdoou. Nessa época foi considerado por muitos como o homem do título, visto que por três ocasiões salvou o Benfica de situações mais complicadas, nos instantes finais dos jogos.
Mantorras passou a ter uma aura especial: quando saía do banco para aquecer a Luz sorria, os adversários tremiam, e o Benfica ganhava alento, força e esperança. O angolano confessou mesmo que Trapattoni chegou a pedir que este se levantasse do banco só para acalmar os adeptos. Mantorras era isto.
Como é que explica que um jogador que esteve constantemente lesionado tivesse tal efeito nos adeptos? Bem, a meu ver, não se explica. A verdade é que ainda hoje dou por mim a pensar em algo como “Oxalá tivéssemos o Mantorras”, quando a situação aperta. Mantorras é um filho do Benfica, por todos nós amado. E é precisamente por isto que Mantorras é um dos, senão “O” jogador que mais admiro: por ter sido mais do que jogador, por ter sido Benfica.
Nesta brilhante campanha da selecção nacional de sub-21 no Campeonato da Europa, um dos jogadores que mais elogios têm merecido da imprensa nacional e internacional tem sido o jovem médio-centro Sérgio Oliveira, futebolista que merecerá o regresso ao FC Porto na próxima temporada.
Afinal, presente num quarteto de meio-campo com os ilustresWilliam Carvalho (Sporting), João Mário Eduardo (Sporting) e Bernardo Silva (Mónaco), o box-to-box não tem deixado os seus créditos por mãos alheias, introduzindo claramente a sua marca pessoal no esquema de Rui Jorge e fazendo crer que retornará ao Dragão no momento certo.
Formado no FC Porto
Sérgio Miguel Relvas de Oliveira nasceu a 2 de Junho de 1992 em Paços de Brandão, Portugal, e começou precisamente no clube da sua terra natal, o Clube Desportivo Paços de Brandão, ainda que cedo tenha rumado ao FC Porto, precisamente na temporada 2002/03, quanto tinha apenas 10 anos de idade.
No Dragãohaveria de fazer todo o restante percurso no futebol juvenil, estreando-se na equipa sénior do FC Portoem 2009/10, temporada em que participou em quatro jogos (um como titular).
De empréstimo em empréstimo
Sem espaço nos azuis-e-brancos, o internacional sub-21 português haveria de iniciar um périplo de cedências, tendo representado Beira-Mar (2010/11), Malines (2011) e Penafiel (2012), ainda que apenas tenha jogado com a desejada regularidade na passagem peloemblema duriense.
Ora, talvez temendo estar a perder aquele que era visto como uma grande promessa da sua “cantera”, o FC Porto optou por fazer Sérgio Oliveira regressar ao Dragão em 2012/13, sendo que o médio-centro haveria de ser peça fundamental da equipa B azul-e-branca nessa campanha, somando 36 jogos (seis golos) na Segunda Liga.
Sérgio Oliveira vai regressar ao FC Porto Fonte: jogadoresaoraiox.blogspot.com
Encontrou o seu espaço na Mata Real
Essa excelente campanha pelo FC Porto B acabou por valer-lhe a entrada no principal escalão do futebol português, então pela porta do Paços de Ferreira, clube ao qual Sérgio Oliveira esteve cedido nas últimas duas temporadas.
Aí, o box-to-box haveria de encontrar o seu espaço, tendo-se assumido como peça fundamental do miolo pacense ao longo destes últimos dois anos, nos quais somou um total de 67 jogos (seis golos) em todas as competições oficiais.
Box-to-box de qualidade
Sérgio Oliveira tem actuado preferencialmente como “oito”, tanto no Paços de Ferreira como na selecção nacional de sub-21, destacando-se pela inteligência posicional pelo bom pulmão pelo e critérionas transições.
Muito dinâmico e raçudo, é fundamental nos equilíbrios do miolo, sendo relevante realçar a sua importânciano processo defensivo, onde se mostra muito eficaz tanto na marcação como na contenção.
Até poderá ser “seis”
Ao invés, o centrocampista torna-se menos influente no processo ofensivo, uma vez que, apesar de ser criterioso no passe, lhe falta uma maior qualidade técnica e imaginação para ser verdadeiramente desequilibrador em zonas mais adiantadas no terreno.
Aliás, perante essa situação, e valorizando-se toda a qualidade que Sérgio Oliveira apresenta nas funções mais defensivas, não será completamente descabido acreditar que, num contexto de um grande clube como o FC Porto, que exige naturalmente mais de um “oito” do que o Paços de Ferreira, o jovem de 23 anos poderá acabar por recuar no terreno para desempenhar as funções de trinco.
Como já é hábito, o mercado de transferências de verão está quente, agitado e polémico. O panorama internacional está incerto e cheio de indecisões, de “diz que disses” e de dezenas de jogadores apontados às mais diversas equipas. Vamos, então, tentar dissecar as movimentações futebolísticas pelo Velho Continente (e não só).
Premier League
Começando por nomes que bem conhecemos, o ex-sportinguista Cédric ruma ao Southampton, sétimo classificado da última edição da Premier League, posição com acesso às competições europeias. Já Orlando Sá vai sair do Légia de Varsóvia diretinho para o Reading, clube que actua no Championship, a segunda liga inglesa.
Juanmi, o talentoso avançado espanhol que jogava no Málaga, vai também para Southampton. Já Micah Richards, lateral-direito internacional pela Selecção Inglesa, trocou o Manchester City pelo Aston Villa. Richards esteve este ano a actuar na Fiorentina, sob empréstimo, clube onde pouco jogou e menos ainda mostrou. Muito polémica, também, é a transferência do brasileiro Roberto Firmino para o Liverpool, vindo do Hoffenheim. Os altos valores da contratação já foram criticados, inclusive, por antigos jogadores dos reds.
Por terras de Sua Majestade fala-se de duas transferências intra-liga: James Milner, ex-City, ruma ao Liverpool, e, segundo a comunicação social, Petr Cech está certo no Arsenal. A BBC afirma mesmo que o guarda-redes já realizou os exames médicos na passada sexta-feira. Assim sendo, o Chelsea perde uma das grandes figuras da sua história recente; Cech está há onze anos nos blues e realizou mais de 300 jogos pelo clube, tendo perdido este ano o lugar para o belga Courtois.
Petr Cech está a caminho do Arsenal Fonte: Facebook Oficial Petr Cech
O Manchester United assegurou a importante compra do médio holandês Depay, que militava no PSV. O internacional foi já comparado a Cristiano Ronaldo por…Ryan Giggs. Por Old Trafford correm também os rumores de que Sergio Ramos, jogador em quase litígio com o Real Madrid, pode vir a ser a mais sonante contratação da época.
Sérgio Ramos pode rumar a Old Trafford Fonte: Facebook Oficial Sérgio Ramos
La Liga
Em Espanha, salta à vista a saída de Mario Mandzukic do Atlético de Madrid, rumo à vice-campeã europeia Juventus. E se o croata sai, Jackson Martínez entra. O ex-portista já confirmou a saída para os colchoneros, seguindo os passos do compatriota Radamel Falcao. O experiente Van der Vaart vai representar o Bétis, e Khedira sai do Real Madrid para reforçar o meio-campo da Juventus.
Uma das transferências mais faladas é a de Danilo para o Real Madrid, vindo do FC Porto. O lateral vê assim recompensada a boa época que fez ao serviço do emblema azul e branco. E Xavi, mítico centro-campista da equipa blaugrana, histórico internacional espanhol, deixa o clube de sempre e ruma ao Al-Sadd, clube do Qatar.
Jackson Martinez pode estar a caminho do Atlético Madrid Fonte: Facebook Oficial Jackson Martinez
Por Barcelona, Joan Laporta, candidato à presidência do clube, admite Paul Pogba no emblema catalão e rejeita as contratações de Di María e Sergio Ramos, tão badaladas na comunicação social. Já no mercado de treinadores, Nuno Espírito Santo vai ter uma ajuda extra para empurrar o Valencia até aos lugares cimeiros da liga espanhola: Phil Neville, antigo internacional inglês, é o novo treinador-adjunto do português.
Serie A
Em Itália, o veterano Samuel Eto’o rendeu-se aos encantos dos turcos do Antalyaspor e deixou a Sampdoria. Já Pepe Reina, experiente guarda-redes espanhol, deixou o Bayern, onde foi sempre segunda opção, e procura agora um final de carreira mais simpático no Nápoles. Andra Bertolacci, talentosíssimo médio italiano, deixa o Génova e salta para voos mais altos na Roma, sua cidade natal.
Michael Essien, antiga trave mestra de Mourinho no Chelsea, deixa o Milan e busca afirmação no futebol grego, pela mão do Panathinaikos. Practicamente certa está a saída de Pogba da campeã Juventus; resta saber para onde. Já Tévez, avançado bianconero desta época, confirmou a sua saída para o Boca Juniors e o consequente regresso à Bombonera. Também muito falado é Arturo Vidal, jogador que está a fazer uma excelente Copa América e que irá, seguramente, agitar o mercado italiano.
Bundesliga
John Heitinga regressa ao Ajax, clube onde se afirmou, depois de uma passagem pelo Hertha. Fabian Frei, veterano avançado suíço, sai do Basileia para ir jogar no Mainz. Mircea Luscescu, treinador do Shakhtar, já dá o avançado Douglas Costa como perdido para o Bayern.
O mercado alemão permanece, ainda, sem grandes agitações.
Ligue 1
A liga francesa não sofreu, ainda, alterações de grande referência. Vamos ver o que o fabuloso Europeu Sub-21 que Bernardo Silva está a realizar vai provocar, no que ao assédio dos grandes clubes europeus diz respeito.
Por último, fugindo agora à Europa, de notar ainda os regressos de Lucho González (ex – FC Porto), Aimar e Saviola (ex – SL Benfica) aos argentinos do River Plate.
Por norma, um defesa-central só atinge a plenitude das suas capacidades a partir dos 25 anos, uma idade em que a maturidade competitiva e mental já lhe permite conhecer as manhas e exigências do jogo. Mas quem olha para a seleção dinamarquesa de Sub-21 encontra uma exceção. Na forma de capitão de equipa, Jannik Vestergaard incorpora já quase todas as qualidades que podem levá-lo a destacar-se como uma das referências na sua posição, num futuro que se adivinha risonho.
Autoritário até dizer chega
À parte todas as suas qualidades, a presença física do jogador do Werder Bremen intimida o mais arrojado dos avançados. Dois metros de altura e mais de 90 quilos são suficientes para o identificar como patrão de qualquer defesa. É o líder da equipa que chegou às meias-finais do Europeu Sub-21 e fez 21 jogos na Bundesliga, entre Bremen e Hoffenheim, onde passou a primeira metade da temporada transacta.
Vestergaard (à direita) trocou o Hoffenheim pelo Werder Bremen e logo se impôs como titular Fonte: Facebook Oficial SV Werder Bremen
Decorrente do seu físico, denota alguma lentidão na abordagem aos lances, mas compensa essa fraqueza com uma excelente noção de posicionamento e uma boa dose de agressividade, quer a cair sobre o esférico, quer sobre o adversário. Não se inibe de recorrer à falta quando necessário e não são raras as vezes que o vemos berrar com os colegas para corrigir o posicionamento dos mesmos. Simplesmente intransponível no jogo aéreo, aproveita para disseminar o pânico na área adversária, pois as suas subidas nos lances de bola parada são já uma imagem de marca. Não inventa, o que o torna num modelo mais evoluído do típico “central à moda antiga”.
No sítio certo para crescer
Aos 22 anos e com três internacionalizações A, vai já para a sexta época nos quadros do principal campeonato alemão. Num futebol cada vez mais evoluído tecnicamente, o físico dos jogadores continua a ser uma das peças-chave nos relvados, e Vestergaard encaixa na perfeição no central-modelo de um clube alemão que aponte à Europa. Melhorando a capacidade de progredir no terreno com a bola controlada e no arranque, teremos um caso muito sério. Nunca será um prodígio, mas estaremos perante um atestado de segurança. O último “monstro nórdico” a sair da forja escandinava.
Conquistar 10 medalhas nos primeiros Jogos Europeus é sem dúvida um bom resultado, melhor ainda quando nove destas medalhas foram em modalidades olímpicas. Este número de medalhas é igual às conquistadas por Portugal entre 1996 e 2012 nos Jogos Olímpicos, com as devidas diferenças destas competições, desde logo pelos países participantes.
As 10 medalhas, que valeram o 18º lugar no “medalheiro”, foram divididas em três de ouro, quatro de prata e três de bronze, e por oito modalidades: Canoagem, Futebol de Praia, Judo, Taekwondo, Ténis de Mesa, Tiro, Trampolim e Triatlo.
É precisamente com o Triatlo que vou começar por ter sido a primeira medalha, João Silvafoi quem nos deu a primeira prata numa prova em cuja última secção – a de corrida – foi absolutamente brilhante, recuperando da 21ª posição para o segundo lugar final. Nesta prova destaco ainda os restantes dois portugueses, João Pereira foi oitavo e Pedro Palma ficou no 34º posto.
O Ténis de Mesa coletivo deu-nos o primeiro ouro com uma brilhante vitória na final contra a França. Marcos Freitas, Tiago Apolónia e João Geraldo a serem superiores. Sendo injusto destacar um dos três, quero dar uma referência especial a João Geraldo, que com apenas 19 anos mostrou que tem um futuro enorme pela frente e que existe qualidade no pós-Freitas, Apolónia e João Monteiro – que, por lesão, não esteve em Baku – quer por ele quer pelo Diogo Chen. Na competição individual as prestações já não foram tão boas, com Freitas e Apolónia a serem eliminados nos quartos de final. Apesar de terem perdido contra os dois finalistas esperava mais do Marcos Freitas nesta parte do torneio.
Rui Bragança é um nome desconhecido para a grande maioria dos portugueses Fonte: Facebook do atleta
Na Canoagem, duas pratas conquistadas por Fernando Pimenta em K1 1000M e 5000M. Pimenta nas duas provas ficou atrás de Max Hoff da Alemanha, mas começa a recuperar a diferença que existe entre os dois, pelo que no futuro é de se esperar mais medalhas por parte de Fernando Pimenta, e de um valor diferente. Nas restantes provas, o K2 1000M – Emanuel Silva e João Ribeiro – esteve abaixo das expectativas, ficando em último na final quando se esperava uma luta pelas medalhas da dupla campeã europeia e mundial na vertente de 500M. Na prova de K4 1000M também se esperava algo mais, apesar do quinto lugar alcançado; nesta prova, além dos três nomes já aqui falados, junta-se David Fernandes.
No Tiro, João Costa conquistou a prata na prova de 10M. Costa – que é um dos melhores nomes mundiais nesta categoria – esteve sempre em luta tendo a dois tiros do fim passado para primeiro, mas não conseguiu manter esta posição. Na prova de 50M não conseguiu a qualificação para a final, apesar de ter valor para tal. Em 2016 vai para os seus quintos Jogos Olímpicos e a ambição pelas medalhas tem que estar presente.
O Taekwondo deu duas medalhas, um ouro e um bronze. Rui Bragança trouxe o ouro em -58Kg enquanto Júlio Ferreira trouxe o bronze nos -80Kg. Mário Silva, outro dos bons nomes que Portugal tem nesta modalidade, perdeu nos quartos de final e não conseguiu na repescagem chegar ao bronze. Boas perspetivas para o futuro nesta modalidade olímpica mas com pouca expressão no nosso país.
A medalha que mais surpresa me causou foi a conquistada por Ana Rente e Beatriz Martins no trampolim sincronizado. As duas ginastas fizeram a sua primeira prova internacional juntas e, pelo resultado, é de manter a aposta. Também na vertente de trampolim Diogo Ganchinho esteve bem, apesar da falha na final, e mostrou mais uma vez a sua mais valia.
Além do título nos Jogos Europeus Telma Monteiro venceu ainda o seu 5º europeu Fonte: Facebook da atleta
O Judo é das modalidades mais afamadas de Portugal e voltamos de Baku com um ouro. Telma Monteiro, a jóia da coroa portuguesa quando se fala em Judo, venceu nos -57Kg, sendo que a final até pareceu ser fácil tal a forma como Telma Monteiro esteve no Tatami. É preciso destacar os quintos lugares de Sergiu Olenic, Ana Cachola e Jorge Fonseca, que ficaram a apenas uma vitória do bronze.
Para fechar a lista de modalidades vencedoras de medalhas temos o bronze do Futebol de Praia (modalidade que não é olímpica). Portugal bateu a Suíça por 6-5 no jogo para esta medalha, numa prova em que esteve muito bem e onde merecia mais. Contudo, nas meias finais, contra a Rússia, faltou a sorte que hoje protegeu Portugal em alguns momentos. Apesar de ser injusto destacar um jogador, vou ter de o fazer realçando Belchior que apareceu numa forma muito boa em Baku.
Como notas finais gostaria de destacar o nadador Gabriel Lopes, que esteve muito bem na prova de 200M estilos, apesar de muitas outras boas prestações de atletas de Portugal. Queria ainda destacar mais uma vez a falta de existência de jornais desportivos em Portugal, apenas a existência de três jornais que se dedicam ao futebol. Mas, como diz o título do artigo, Portugal não é só futebol. Até acrescento, Portugal é muito mais que futebol.