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Copa América’2015 – Colômbia 0-1 Venezuela : Assim os cafeteros não vão lá!

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Aí está a primeira grande surpresa da Copa América com a Venezuela a vencer pela margem mínima a favorita Colômbia. Depois da meia-surpresa do empate do Paraguai com a Argentina, Rondón fez o favor de contrariar as odds e dar 3 pontos à seleção Vinotinto, num jogo muito fraco da seleção de José Pekerman.

A Colômbia era teoricamente favorita para esta partida, com um ataque composto por James, Cuadrado, Falcao e Bacca, e seria de esperar uma seleção acutilante, dominadora e a criar muito perigo, mas aconteceu tudo menos isso. A seleção “cafetera” parecia manca do lado esquerdo, já que Bacca e Falcao se fixavam no meio, Cuadrado estava colado à linha e James era um vagabundo a tentar ganhar espaços e a pautar o jogo. Nunca o conseguiu já que os Venezuelanos surgiram bem preparados e foram sempre muito agressivos, às vezes demasiado, a cometer muitas faltas, mas sobretudo foram eficazes a impedir a progressão colombiana.

Por isso foi raro ver um ataque concluído do conjunto comandado por José Pekerman, no primeiro tempo e foram até os venezuelanos a criar mais perigo. Aos 5’, James ainda rematou com a bola a ser desviada num defesa, e depois disso só à passagem do minuto 28 um registo perigoso. Ospina bateu longo, os venezuelanos não intercetaram e a bola ficou a pingar à entrada da área, com Falcao a tentar o chapéu e o esférico a passar por cima da baliza de Baroja.

Já a Venezuela assustou mesmo e o golo esteve perto em duas situações em que Ospina, guarda-redes colombiano do Arsenal, se superiorizou. Primeiro Rondón fez de pivot, como no futsal, segurou a bola de costas para a defesa e fez um passe a rasgar entre os dois centrais colombianos, onde surgiu Vargas, descaído para o lado esquerdo a rematar para a defesa do camisola 1.

Bem perto do intervalo foi Guerra a causar calafrios aos cafeteros num lance digno de futebol de praia. O jogador, à entrada da área, levantou a bola e fez um pontapé de moinho ao qual Ospina correspondeu de forma perfeita. Bonito lance numa primeira parte fraca a nível futebolística, com muita intensidade na disputa de cada bola, onde a Colômbia não correspondeu às expetativas e o esférico foi muito mal tratado.

Jackson e Falcao alinharam lado a lado nos últimos 7 minutos de jogo, mas não conseguiram alcançar o empate Fonte: Facebook Jackson Martinez
Jackson e Falcao alinharam lado a lado nos últimos 7 minutos de jogo, mas não conseguiram alcançar o empate
Fonte: Facebook Jackson Martinez

No segundo tempo, James e companhia vieram mais atacantes, com mais disposição para ganhar o jogo e cercaram a área de Baroja, mas os Venezuelanos continuavam a conseguir sair no contragolpe. O processo de transição ataque-defesa dos colombianos deixa muito a desejar e os laterais bem subidos deixam quase sempre a equipa descompensada e desequilibrada.

A desconcentração que os cafeteros demonstravam também não ajudava e foi por causa disso que acabaram por sofrer o golo ao minuto 60. Num lançamento lateral longo a meio do terreno ofensivo dos venezuelanos, marcado de forma rápida para as costas da defesa, surge Juan Arango descaído para o lado direito, que com dois toques dominou e bombeou a bola para o segundo poste, onde Vargas, de cabeça, cruzou para o centro da área. Rondón, avançado do Zenit, com o seu instinto matador, não iria desperdiçar e cabeceou para o fundo da baliza, com o esférico a entrar junto ao poste esquerdo de Ospina. Sem hipóteses para o guardião!

Estava inaugurado o marcador e com meia-hora para jogar esperava-se o intensificar da pressão colombiana em busca de um resultado positivo, mas o seu ataque sempre esteve muito desorganizado e confuso. James era o mais inconformado, mas sozinho era difícil ultrapassar uma defesa venezuelana bem orientada.

James foi o mais inconformado dos “cafeteros”, mas foi insuficiente Fonte: James Rodriguez – Oficial
James foi o mais inconformado dos “cafeteros”, mas foi insuficiente
Fonte: James Rodriguez – Oficial

Pekerman mexeu e colocou Teo Gutierrez em campo por Bacca (apagadíssimo), mas pouco mudou. Aos 78’, James criou uma situação de perigo com um remate de longe, para boa defesa de Baroja e na recarga Cardona obrigou o guarda-redes a nova intervenção. Na sequência do canto, um jogador colombiano desviou ao primeiro poste e Zapata ao segundo, solto de marcação, falhou de forma inacreditável o alvo.

Logo a seguir entrou Jackson para o assalto final e o avançado, que está de saída do Porto, ainda esteve num lance de perigo. Cruzamento do lado direito, Cha Cha Cha desvia e Cuadrado, na pequena área, tenta um pontapé de moinho mas falha a baliza de forma clamorosa.

O cronómetro corria a passos largos para o fim e a Colômbia não conseguia chegar ao empate e pouco fazia para o conseguir. Nos últimos 5 minutos, fica para a história um cabeceamento de Teo, ao lado e muitos balões sem efeito para a área.

3 pontos para a Venezuela, que foi a equipa mais organizada, mais sólida e solidária e soube aproveitar os contra-ataques de que dispôs. A sensação que dá é que a Colômbia precisa de evoluir muito mais, se quiser fazer jus ao seu estatuto na Copa América. E ainda tem o Brasil no grupo!

A Figura:

Rondón – foi o homem do jogo pelo golo que marcou e pela luta que deu a toda a defensiva colombiana. É um homem de área, mas sente-se muito bem a sair dela e a construir jogo e servir os seus companheiros. É a estrela da companhia!

O fora-de-jogo:

Falcao – 90 minutos a rondar a mediocridade. Longe do fulgor e da qualidade de outros tempos, Falcao foi incapaz de ser uma ameaça para os centrais venezuelanos. Jogou o tempo todo pelo estatuto, mas é incompreensível como Jackson fica no banco e só entra a 7 minutos do fim, com a exibição de El Tigre.

Sporting 2–2 Benfica (2-3 nas g.p.): Águias com estrelinha de campeão nos penalties

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cab futsal

Na jaula do Leão, o Benfica voltou a ser campeão nacional de futsal ao fim de quatro jogos. Os encarnados venceram nas grandes penalidades o Sporting, conquistando a terceira partida nesta final. Com muita polémica, Jefferson concretizou o penálti decisivo, mas o herói foi mesmo Juanjo, com uma exibição sensacional.

O Sporting estava obrigado a vencer o jogo para não ver o seu rival vencer em sua casa e entrou mais forte, a pressionar logo à saída da área do Benfica e a evitar que as águias controlassem os minutos iniciais dos jogos, como sucedeu nas outras três partidas da final. Ora, esse ímpeto inicial iria dar frutos de imediato. Primeiro, Diogo ameaçou com um remate ao lado, mas na oportunidade seguinte, e apenas com dois minutos e 10 segundos decorridos, iria inaugurar o marcador.

Alex ganhou a disputa de bola com Gonçalo Alves, e isolou Miguel Ângelo, que na cara de Juanjo permitiu a defesa para a frente do regressado guarda-redes espanhol (cumpriu um jogo de castigo no jogo 3). Neste momento surge Diogo, que atira para a baliza; Juanjo volta a defender, mas à terceira foi de vez. O camisola 8 dos Leões voltou a ganhar a bola no meio de dois jogadores do Benfica e entrou com a bola pela baliza dentro. Foi o golo 24 de Diogo esta época.

Depois do golo do Sporting, o Benfica ficou mais perigoso, embora com muito jogo direto, com Juanjo a lançar inúmeras bolas e Alessandro Patias a ser o mais inconformado. O encontro estava muito dividido, com inúmeras oportunidades de golo e, ainda antes de estarem 10 minutos corridos, Marcelinho e Patias iriam enviar bolas aos postes. Primeiro o jogador leonino depois de um excelente passe de Alex e, em seguida, Patias a libertar-se de Djo com classe e a fazer abanar a baliza.

Diogo e Ré foram duas das grandes figuras do jogo 4 e de toda a final Fonte: Facebook de Sport Lisboa e Benfica - Modalidades
Diogo e Ré foram duas das grandes figuras do jogo 4 e de toda a final
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica – Modalidades

Intensidade máxima, os guarda-redes a brilharem e a fazerem desesperar os jogadores. Alex falhou o 2-0 depois de se libertar da marcação e atirar para boa defesa de Juanjo, e Ré isolado fez André Sousa brilhar mais uma vez. No minuto final da primeira parte, houve três lances consecutivos que não deixaram os adeptos sentar-se nas cadeiras. Primeiro as águias, numa saída rápida com Patias a fintar Pedro Cary e a soltar em Hemni, descaído para o lado direito, que atirou para mais uma defesa. No contra ataque Alex volta a ameaçar, e o guarda-redes espanhol superiorizou-se novamente. Deu canto, que o Benfica interceptou, e Hemni conduziu mais um ataque que ele próprio finalizou, para André Sousa voltar a brilhar.

O intervalo chegou e, se os adeptos estavam satisfeitos, mal podiam esperar pela entusiasmante e fantástica segunda parte. Nos primeiros dois minutos, Patias ameaçou três vezes o golo, mas seria o Sporting a aumentar a vantagem. Num livre quase frontal à baliza, Diogo simulou o remate e Pedro Cary assistiu Caio Japa, que estava descaído para o lado esquerdo e bateu Juanjo pela segunda vez. Depois de dois minutos e meio loucos com muitas oportunidades, os leões davam uma pancada forte no Benfica e parecia que depois disto o Sporting iria para a goleada.

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Joel Rocha venceu o campeonato e a Taça na época de estreia pelos encarnados
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica – Modalidades

Engano total: o conjunto de Joel Rocha reagiu logo a seguir e fez o 2-1 por Xande, um jogador pouco utilizado nesta final. Bruno Coelho recuperou a bola no meio-campo e criou uma situação de 2 para 1, com Xande contra Marcelinho, e entregou ao seu colega, que reduziu, num remate rasteiro e cruzado.

Os leões não abalaram e criaram uma série de situações que poderiam ter “matado” o jogo. Marcelinho, Fábio Lima, Alex e Djo tentaram bater Juanjo, mas sempre sem efeito! Por duas vezes o poste impediu também o golo.

E como quem não marca sofre, o Benfica iria empatar a partida. A equipa de Nuno Dias acusou tantas perdidas e perdeu o controlo do jogo. Nesta fase, Ré e Patias foram os protagonistas. À entrada dos últimos cinco minutos, o primeiro, a passe do segundo, isolou-se e proporcionou a André Sousa a defesa da tarde. Logo a seguir, em mais um lançamento longo de Juanjo, Patias desviou para a baliza e o internacional português voltou a evitar, desta vez em cima da linha, o tento da igualdade.

Todavia não iria demorar muito a que este chegasse. Ré tabelou com um companheiro, em velocidade ultrapassou Djo, que o derrubou, quando este ficou na cara de André Sousa, descaído para o lado esquerdo. Amarelo para o defensor, mas o lance exigia o vermelho ao camisola 7 dos leões.

No livre, Alessandro Patias cobrou-o de forma exímia, fazendo a bola entrar junto ao poste esquerdo do guardião sportinguista. A três minutos e 43 segundos do fim, o jogo estava empatado e até ao final apenas o livre de Diogo à figura de Juanjo causou perigo.

Que segunda parte fantástica, um hino ao futsal e um jogo que deveria ser gravado em DVD e oferecido a todos os que estão a iniciar-se na modalidade para aprenderem com os melhores ou àqueles que dizem que o Futsal em Portugal perdeu qualidade.

Cristiano foi uma das figuras da final Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica - Modalidades
Cristiano foi uma das figuras da final
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica – Modalidades

E, se no prolongamento, as equipas costumam ter mais medo de perder do que de ganhar, este foi exceção. O Sporting justificou mais golos na primeira parte do prolongamento com mais duas bolas aos ferros e mais algumas brilhantes defesas de Juanjo. Na segunda parte, o Benfica entrou mais ofensivo, criou mais perigo e André Sousa foi determinante. Nuno Dias mexeu, arriscou no 5 para 4, com Alex a fazer de guarda-redes, e mostrou que não queria os penáltis. Não resultou, e tudo foi decidido na marca da grande penalidade.

Uma série de três penáltis para cada equipa, que ficou marcada por muita polémica devido ao posicionamento do guardião leonino, que se adiantou constantemente da linha de golo. Mas já lá vamos!

Djo foi o primeiro e acertou com estrondo na barra, iniciando a série da pior maneira. Patias assumiu no Benfica e fez o 0-1. Seguiu-se Diogo (o melhor jogador de campo do Sporting), que converteu de forma perfeita o seu. Bruno Coelho não tremeu e voltou a pôr o Benfica a liderar. 1-2, e pressão toda em Fábio Aguiar pois, se falhasse, o título era do Benfica, mas o jogador sportinguista não desperdiçou. 2-2, e penálti decisivo para Xande.

O brasileiro partiu para a bola, André Sousa deu uns passos à frente, e defendeu. Delírio dos adeptos na bancada, mas por poucos segundos: o árbitro mandou repetir e isto despoletou muitos protestos. Nuno Dias era o rosto dessa revolta. Certo é que André Sousa se adiantou e o árbitro tinha tomado a decisão certa.

Xande ia preparar-se para repetir, mas os adeptos do Sporting não concordavam e atiravam objetos para a quadra. Os árbitros mudaram de baliza, o que provocou ainda mais confusão nas bancadas. Muito tempo depois, Xande parte para a bola e… volta a falhar! André Sousa adiantou-se de novo, os árbitros nada fizeram e o Benfica desperdiçava a hipótese de título.

Euforia na bancada, que Fábio Lima não aproveitou. Defesa de Juanjo, que voltava a dar Championship point às aguias. Jefferson olhou para André, correu para a bola e falhou, com o internacional português a voltar a adiantar-se. Os árbitros voltam a mandar repetir, o filme do penálti anterior repete-se, mas nada a fazer. Jefferson iria voltar a tentar e à segunda não perdoou, entregando a taça ao Benfica, que voltou a ser campeão nacional de futsal.

Uma final ganha pelos encarnados, mas que acabou da pior forma, justificada pelos ânimos exaltados e os nervos à flor da pele que se viveram neste jogo 4. Independentemente do vencedor, é importante sobretudo dar os parabéns a estas duas excelentes equipas pelos fantásticos jogos que nos ofereceram. Que pena não haver mais jogos, porque o futsal sairia a ganhar.

Parabéns aos campeões, parabéns aos dignos vencidos e que as férias passem depressa para voltarmos a ter espetáculos desta dimensão.

A Figura:

Juanjo – O guarda-redes espanhol esteve formidável, com uma sequência de defesas espantosas que mantiveram sempre o Benfica na rota do título. Foi um grande reforço e um dos melhores do campeonato. Muito da vitória de hoje se deve a ele! Nas penalidades ainda defendeu o de Fábio Lima, que permitiu a Jefferson converter o decisivo.

O Fora-de-jogo:

Os árbitros – Difícil escolher alguém para destacar negativamente nesta partida, mas a escolha recaiu sobre a arbitragem. Apesar de terem estado muito bem na confusão das grandes penalidades, durante o jogo tiveram várias decisões erradas, muita benevolência em algumas faltas duras, perdoando a expulsão a João Matos numa entrada duríssima sobre Ré, e uma má decisão ao só amarelar Djo, quando agarrou o mesmo Ré, que seguia isolado, só com André Sousa pela frente.

Foto de capa: Facebook do Sport Lisboa e Benfica – Modalidades

Todos na casa de partida

hic sunt dracones

No Sporting, Jorge Jesus não vai ter a mesma estrutura nem as mesmas condições de trabalho ou financeiras que lhe eram oferecidas na Luz. Já para os lados do Benfica, Rui Vitória volta à estrutura encarnada para orientar a equipa principal e começar a lançar os jovens da academia para os grandes palcos.

A miríade de opiniões que surgiram após a “bicada” do século era esclarecedora e, ao mesmo tempo, contraditória. Apesar de serem meras opiniões, existia uma grande disparidade entre elas porque a verdade é só uma: ninguém sabe. Ninguém sabe onde é que o Sporting foi buscar tanto dinheiro. Ninguém sabe o que é exigido a Rui Vitória ou a Jorge Jesus para além do óbvio. Ninguém sabe as condições de trabalho oferecidas. Ninguém sabe nada de nada.

Rui Vitória é um treinador que aposta na formação? Jorge Jesus despreza as categorias de base? Clichés! Todos os treinadores trabalham com o que têm. Vitória tem apostado na formação porque não tem tido craques de 15 milhões à disposição. Jesus tem desprezado as categorias de base porque lhe têm dado esses mesmos jogadores. Todos querem uma coisa: ganhar. E para isso costuma ser boa ideia colocar os melhores a jogar.” (António Tadeia)

Apesar de algumas reticências que coloco ao ler a opinião de António Tadeia, que merecia ser muito mais desenvolvida, pergunto-me como não concordar em grande parte com a opinião do comentador de futebol.

Todos juntos na casa de partida
Todos juntos na casa de partida

Mas voltemos ao ponto de partida desta crónica, que, afinal, é sobre o FC Porto. Sim, ponto de partida parece-me o termo mais correto para utilizar neste momento. Tenho ouvido por aí que o FC Porto já começa a época à frente da concorrência porque manteve a estrutura, a equipa técnica e não mudou nada. E ouço-o, inclusive, de adeptos portistas. Passámos uma época a queixar-nos de sermos burgueses, de nos acharmos superiores aos outros. Pior… começámos a época a pensar que estava tudo ganho com uma equipa fabulosa, a “melhor dos últimos 30 anos”.

A casa de partida é a mesma para todos. Ninguém começa com mais ou menos pontos, com mais golos marcados ou menos golos sofridos. Começam todos do zero. A diferença está apenas nas equipas e na maneira como se prepararam e como vão encarando a competição. Pessoalmente? Prefiro acreditar que Jorge Jesus e Rui Vitória serão capazes. Prefiro acreditar que são capazes do que adormecer à sombra de umas “esperadas” prestações aquém do que é normal. Motiva-me mais, incentiva-me a trabalhar mais.

Se querem continuar a achar que está tudo ganho, força. Parece que os “excessos” ainda enchem a pança a muitos enquanto os que têm fome vão definhando.

Foto de capa: fcporto.pt

Copa América’2015 – Argentina 2-2 Paraguai: Perfume argentino durou uma hora

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Ponto prévio: esta selecção argentina tem um arsenal verdadeiramente assustador para atacar o título na competição de selecções mais antiga do mundo, contando nas suas fileiras com talento para usar, abusar, dar e vender. Já o Paraguai, à partida, seria desde logo um outsider num grupo em que o azul celeste, pelas empíricas regras do favoritismo, garantiria os dois primeiros lugares.

A abordagem de cada equipa ao jogo foi o espelho dessa lógica, com os paraguaios a abdicarem por completo da iniciativa a favor dos argentinos, escalando Ramón Diaz uma formação com praticamente onze elementos atrás da linha da bola. Não estranhou, portanto, que a primeira parte tivesse trazido um jogo de sentido único, com os paraguaios remetidos quase em exclusivo a missões defensivas, formando o sector mais recuado e a linha intermédia um bloco praticamente compacto com a missão de travar a mobilidade de Messi, Di Maria e Agüero.

Os comandados de Tata Martino rapidamente se instalaram no meio campo contrário, não permitindo qualquer tipo de veleidades a uns desamparados Bobadilla, Valdez e Santa Cruz, adivinhando-se que a entrega de Paulo da Silva e dos seus colegas de sector não seria suficiente para travar as sucessivas investidas argentinas. Curiosamente, o tento inaugural chegaria na sequência de um lance infeliz de Samudio, que “assistiu” Kun Aguero com um passe desastrado para as costas da defesa. Com classe e sem contemplações, o dianteiro contornou Anthony Silva e empurrou para o fundo das redes perto da meia hora.

Se a tarefa de evitar a derrota ficara comprometida, parecia ter-se tornado irreversível quando o mesmo Di Maria “cavou” uma grande penalidade a Samudio. Com toda a calma do mundo, Leo Messi ampliou uma vantagem cuja tendência normal seria para dilatar no que faltava jogar.

Pastore em disputa com Victor Cáceres Fonte: Facebook da AFA
Pastore em disputa com Victor Cáceres
Fonte: Facebook da AFA

A segunda metade trouxe a jogo Derlis González para o lugar de Ortiz, e o recém-entrado poderia nem ter estado cinco minutos em campo, tal o ímpeto com que entrou num par de lances consecutivos. A toada de jogo pouco oscilou e dava mostras de querer manter-se até ao final, com mais um ou outro golo alviceleste pelo meio. Puro engano. Inexistente no ataque até aos 60 minutos (momento em que fez o primeiro remate), a turma paraguaia deu um ar da sua graça encurtando distâncias no marcador. E que “ar”, diga-se; um momento de verdadeira inspiração de Valdez a explorar o ligeiro adiantamento de Romero e a inverter por completo o rumo dos acontecimentos.

O encontro pela primeira vez ficava algo partido, com Romero finalmente a ser importunado, mas continuava a ser a Argentina a estar mais próxima de sentenciar a partida. Destaque para a monstruosa defesa de Silva a remate de Di Maria, quando já minutos antes negara a Messi a hipótese de bisar. Martino, apesar da vantagem, decidiu lançar Tevez e Higuaín, opções que acabaram por não surtir o efeito desejado.

Eis então que, contra todas as expectativas, um lance de laboratório equilibraria as contas sobre o minuto noventa. A defensiva argentina permitiu que Lucas Barrios, entrado no decorrer na  segunda parte, aparecesse completamente livre de marcação para dar início à festa guarani na sequência de um livre cobrado na zona da linha divisória.

Por certo nem o mais fanático adepto paraguaio esperaria algo de positivo perante aquilo que todos puderam contemplar na primeira hora do desafio. O perfume argentino foi pairando no relvado sem perspectivas de surgimento de fragrâncias alternativas, mas a dança das substituições e uma difícil de explicar perda do controlo do jogo a meio campo perante uma equipa com evidentes limitações acabou por precipitar uma inesperada divisão de pontos. O espectáculo beneficiou com o jogo disputado a campo inteiro, mas a verdade é que faltou pragmatismo para segurar uma vitória mais do que cantada.

A figura:

Anthony Silva – Exibição seguríssima do guardião paraguaio do Medellin. Defendendo a baliza perante “setas” de classe mundial, mostrou uma enorme confiança e evitou de forma brilhante golos certos que sentenciariam a partida.

O Fora-de-jogo:

Tata Martino – Se do banco paraguaio saiu o fôlego e a inspiração para inverter o rumo dos acontecimento, do lado argentino não se pode dizer o mesmo. O modo como o treinador não foi capaz de equilibrar a equipa após o lance algo fortuito que devolveu uma ténue esperança ao Paraguai e a má gestão das substituições acabou por ter um papel decisivo para o balde de água fria final.

Foto de Capa: Facebook da AFA

O sonho de qualquer criança

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Quando somos novos e adoramos futebol, temos vários sonhos. Quase todos queremos pisar O relvado, ouvir O hino, e acabar a levantar O troféu. Todos queríamos ganhar uma Liga dos Campeões. É um dos mais simples sonhos de qualquer miúdo que pegue numa bola aos cinco anos apenas para dar uns remates e acaba a fingir marcar o decisivo golo da vitória.

A maioria de nós, vulgarmente conhecidos como os comuns mortais, apenas assiste à final pela televisão. Mas e se pudesses ver a final? De ora em diante dedico este espaço a partilhar a minha experiência. A de uma pessoa que por coincidência ou obra do acaso acabou mesmo por vislumbrar a final da Liga dos Campeões.

Sexta-Feira. Hora de levantar. A ânsia de voar para Berlim é cada vez maior. O culminar de uma semana que teimava em não chegar ao fim. Num ápice chegava à cidade, a capital mundial do futebol por um fim-de-semana. Uma cidade marcada pela indústria e a fervilhar desporto das suas paredes de tijolo antigo.

Por todos os locais turísticos se viam adeptos do Barcelona e a introspecção começava. Será que no estádio será semelhante?

Sábado. 17:30, hora local. Hora de ir para a festa da final. Primeiro passo: ir para o UEFA Champions League Village, local em que os patrocinadores recebem os seus convidados. No centro encontra-se um pequeno campo com “jogadores” a representar a Juventus e o Barcelona; não tinham mais do que dez anos e estavam com a maior das informalidades. Um pequeno ensaio da final.

Chegou a hora. Dos altifalantes surge uma voz a informar que as pessoas se devem dirigir para o estádio para se dar o início à cerimónia. E é agora que se dá o início de um momento mágico. A chegada ao Olympiastadion. Um portentoso e renovado estádio marcado pela sua história. A chegada à bancada faz-se numa velocidade estonteante, sem problemas e com um grande arrepio na espinha.

Claque da Juventus
Os inseparáveis adeptos da Vechia Signora

À esquerda, os adeptos do Barça. À direita os da Juve. Um ambiente de loucos em que os blaugrana se faziam ouvir mais do que ninguém. Dá-se início à celebração e entra o hino da Liga dos Campeões. Um momento de arrepiar e duas coreografias a condizer de cada lado das bancadas. “Més que un club” era contraposto com um dar de mãos da Juventus, cuja malapata os quis dividir pelo corte arquitectónico do estádio.

Dá-se o apito inicial. Barça entra melhor e não demora muito a colocar-se em vantagem por Rakitic. Ainda estou estático por estar tão perto de 22 jogadores deste calibre. Quando dou por mim, a partida já vai nos 40 minutos. A primeira parte passa a correr e vamos para a segunda. Como é possível já irmos a meio?
A Juventus entra finalmente em campo e empata o jogo. Três quartos do estádio saltam. Não se percebe se é por se tratar da equipa com “menos” hipóteses de vencer a partida, ou se é simplesmente por dar emoção à festa.

Final da Liga dos Campeões
O início do fim da época 2014/15

Luís Suárez decide dar um murro no estômago de Buffon, e volta a colocar o Barcelona na frente. Pirlo leva a estocada final de Neymar. Final da partida. Um misto de emoções. “VISCA EL BARÇA” dava a banda sonora à imagem da noite: Pirlo! Ninguém conseguiu ficar indiferente às lágrimas deste mago. Fica o sentimento que os experientes italianos mereciam mais, pela sua história, pelo que representam. Mas a tripla Messi-Neymar-Suárez assim não o permitiu. Tenho ainda que mencionar Xavi. O fechar de um ciclo, o culminar de uma ligação muito bonita. Outro arrepio na espinha ao ver estes jogadores jogarem, provavelmente, a sua última grande final.

Foi o final do encontro e passou tudo tão rápido. Nada mais há para além desta partida e fecha-se a época 2014-2015. Foi sem dúvida um momento inesquecível, numa final que definitivamente me marcou. Foi o cumprir de um pequeno sonho.

Que o próximo a cumpri-lo sejas tu.

Ainda o Rallye dos Açores

cab desportos motorizados

O Sata Rallye Açores acabou no fim de semana passado e foi realmente de ouro, ou não fossem os 50 anos da prova. Para concluir a cobertura que o Bola na Rede fez da prova do ERC vou-vos deixar algumas notas finais.

Para quem acompanha a prova há vários anos é notório que a quantidade de continentais, madeirenses e estrangeiros que acompanham a prova vem a aumentar de ano para ano. Este ano tive a oportunidade de encontrar bandeiras da Hungria, da Letónia, da Noruega, do Brasil e do Reino Unido, além de um número crescente de bandeiras madeirenses e de cidades de Portugal Continental. As bandeiras dos Açores também estão cada vez mais presentes; além das dos Açores também aparecem bandeiras da FLA (Frente de Libertação dos Açores). Mas nas bandeiras o grande destaque deste ano tem de ir para a Letónia. Uma bandeira enorme acompanhada por uma falange de loiras e loiros que se destacavam nos locais que escolhiam para ver a prova.

Outro ponto importante para a prova foi a lista de inscritos de que já se falou, que além da quantidade tinha também muita qualidade. Durante muitos anos via-se dez carros e o resto arrastava-se para chegar ao fim (não se trata necessariamente destes números). Este ano foram uns 30 ou mais carros bem pilotados; vê-los passar nas estradas dava gosto, e aqui tenho de voltar a destacar os pilotos dos Juniores. Com carros menos potentes do que os dos candidatos à vitória na geral dão um espetáculo tão bom como estes. Para ajudar claro que contam os carros como os Peugeot 208 R2 e os Opel Adam R2, que são carros interessantes de ver passar quando bem conduzidos.

Os húngaros foram dos que mais se mostravam.
Os húngaros foram dos que mais se mostravam.

O acompanhamento feito pelos meios de comunicação regionais é impressionante, sendo que as rádios dedicam estes dias praticamente só à prova. Os jornais dedicam as páginas iniciais à prova, e a RTP Açores teve durante todos os dias de prova um programa de hora e meia, fora os diretos da Super Especial e da City Stage. O número de jornalistas estrangeiros também tem vindo a aumentar. Fora este acompanhamento existiram durante a prova pelo menos oito guias diferentes de antevisão e com os mapas da prova. Um número impressionante!

Este ano a prova fez-se acompanhar por muito sol, o que proporcionou imagens muito boas em vários troços, com especial destaque para as Sete Cidades. O sol foi tanto que este que aqui vos escreve ficou com a cara e os braços num estado não muito bonito mas com a lição aprendida: protetor solar não é só quando se vai para a praia.

Para concluir estas notas finais da prova de 2015 quero apenas referir algo que é recorrente por quem visita a prova açoriana pela primeira vez e mesmo para quem repete a prova. Falo da dificuldade que os troços de São Miguel apresentam e o gozo que estas dificuldades dão aos pilotos por experimentarem de tudo um pouco na ilha. A beleza da prova também é referida por todos. Este conjunto de fatores faz com que seja referida por vários pilotos como a melhor prova do ERC, e eu gosto de pensar que o é.

A cobertura da prova:
Antevisão
Dias 0 e 1
Dia 2
Dia 3

Mundial Sub-20 – Portugal 0-0 Brasil (1-3 g.p.): Fim de linha para os caçadores de sonhos

cab seleçao nacional portugal

Clica aqui para ver as estatísticas do jogo

Depois do primeiro jogo de Portugal no Mundial de Sub-20, frente ao Senegal, escrevi que com esta equipa, os portugueses poderiam sonhar. Quis o azar que o sonho terminasse nos quartos de final, na lotaria das grandes penalidades, frente a um Brasil que em nada se mostrou superior à Seleção Nacional.

Hélio Sousa montou a equipa num esquema mais defensivo, ao apostar em Francisco Ramos e Estrela nos lugares de Guzzo e Gonçalo Guedes. Ainda assim, a equipa das quinas entrou com vontade de pegar no jogo e, nos primeiros 15 minutos, o ascendente era luso. André Silva e Gelson Martins desperdiçaram duas boas oportunidades, naquilo que seria um prenúncio do que iria suceder ao longo de toda a partida. Pouco depois, o Brasil conseguiu equilibrar o jogo, mas só através da velocidade dos seus extremos (Marcos Guilherme e Gabriel Jesus) se aproximou da grande-área controlada por André Moreira.

O intervalo chegou, com nota positiva para Rony Lopes – fez a melhor exibição neste Mundial -, Gelson Martins e Tomás Podstawski. O capitão demonstrou sempre grande leitura dos lances e clarividência no passe e definição do ritmo de jogo. Sinal mais para Portugal à entrada do segundo tempo. Mas foi o “encaixe” tático quase perfeito das duas equipas que marcou verdadeiramente uma primeira parte bem disputada.

O Brasil apostou num sistema mais móvel para a etapa complementar, ao retirar Jean Carlos (uma nulidade) e colocar Andreas Pereira como elemento mais avançado da equipa, trocando constantemente de posição com Boschilia. A ‘canarinha’ conseguiu ser mais objectiva na hora da transição ofensiva e só quando o selecionador português substituiu Estrela por Nuno Santos é que Portugal voltou a controlar as operações. Podstawski recuou e Rony Lopes voltou à sua posição de origem, deixando as alas entregues a Gelson e ao recém-entrado extremo do Benfica.

No entanto, o que se veria depois seria um rol de oportunidades desperdiçadas. André Silva e Gelson não conseguiram bater o guarda-redes Jean e Rony Lopes enviou mesmo a bola ao ferro da baliza, num remate cruzado após bela iniciativa individual do ponta-de-lança português. Com o cronómetro a bater no minuto 90, o nulo obrigava a meia hora suplementar.

Num jogo de muita luta e onde Portugal foi melhor, a sorte sorriu ao ‘escrete’ Fonte: Página do Facebook 'Seleções de Portugal'
Num jogo de muita luta e onde Portugal foi melhor, a sorte sorriu ao ‘escrete’
Fonte: Página do Facebook ‘Seleções de Portugal’

O prolongamento ficou marcado pela fadiga das duas seleções. O Brasil havia completado 120 minutos frente ao Uruguai e os jogadores portugueses também acusaram cansaço. A falta de discernimento pode ter sido uma das razões que, aliada à falta de sorte, deu seguimento aos falhanços lusos. Rony Lopes e Gelson Martins, isolados, não foram capazes de acertar na baliza à guarda de Jean. Entretanto, Guzzo e Ivo Rodrigues entraram para os lugares de Francisco Ramos e do extremo leonino.

No fatídico desempate por grandes penalidades, o azar teimou em ficar do lado português. Depois do central brasileiro Lucão (bela exibição) falhar, Guzzo não conseguiu aproveitar ao atirar à figura de Jean, numa tentativa algo infantil de reproduzir o famoso “penalty à Panenka”. O golpe anímico foi demasiado forte e seguiram-se André Silva e Nuno Santos, que nem sequer acertaram com a baliza.

Portugal merecia a vitória. O volume de oportunidades criadas justificou em pleno a criação de uma vantagem que não se verificou. O Brasil teve a estrelinha do seu lado e agora tem caminho aberto para vencer a competição, visto que a Alemanha também caiu na marca dos onze metros contra o Mali. Mas há que sentir orgulho nos rapazes das quinas. Talento não falta nesta geração e o futuro pode ser encarado com optimismo. Estes caçadores de sonhos têm licença para continuar a sonhar.

A Figura:

Gelson Martins – O extremo destilou todo o talento e arte que tem nos pés. Além de ter sido uma seta constantemente apontada à baliza brasileira, foi incansável na procura das melhores soluções para chegar ao golo, que acabou por não surgir. E esteve sempre disponível para ajudar Rafa nas tarefas defensivas. Um jogador completo, com enorme sentido de responsabilidade.

O Fora-de-Jogo:

Raphael Guzzo – Alguns podem considerar injusta esta nomeação. A verdade é que, depois de ver o adversário desperdiçar uma grande penalidade, tomou a decisão infantil de bater o seu penalty em jeito, o que, além de ter deixado Portugal numa situação delicada, desferiu o golpe decisivo na motivação e confiança dos restantes colegas. É jovem, tem muito para aprender e, oxalá, um grande futuro pela frente; mas a este nível, não se pode falhar assim.

Foto de Capa: Facebook ‘Seleções de Portugal’

Arménia 2-3 Portugal: Ronaldo, what else?

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Portugal alcançou mais um importante triunfo rumo ao Europeu de França às custas de Cristiano Ronaldo, que registou mais um hat-trick na sua carreira. O conjunto de Fernando Santos fez um jogo pouco conseguido e sofrível, mas quem tem CR7 arrisca-se a ganhar, mesmo a jogar (muito) mal.

O selecionador nacional voltou a surpreender na constituição do onze e contrariou a maior parte da imprensa. Se a inclusão de Fábio Coentrão, novamente, a médio já se esperava, a titularidade de Vieirinha, a lateral-direito, e a não entrada de Quaresma no onze não eram tão expectáveis. O restante onze foi composto por Rui Patrício, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Eliseu, Tiago, Moutinho, Danny e CR7.

A equipa das Quinas entrou na partida a jogar em 4-4-2 clássico, com Danny e Ronaldo soltos na frente, com Nani e Coentrão a fecharem as alas, deixando o miolo para Tiago e Moutinho, mas este sistema não estava a resultar. Os arménios controlavam a bola e Portugal raramente conseguia sair no contra-ataque. Mkhitaryan, médio do Dortmund e grande estrela desta seleção, era o homem que mais perigo criava quando pegava na bola e estava a usufruir de uma liberdade que não podia ter. Os dois elementos do meio-campo Português não chegavam para os três jogadores Arménios e os da casa iam-se aproveitando disso. É certo que não estavam a atirar à baliza de Patrício, mas iam assustando. Numa das vezes foi Carvalho a fazer um excelente corte de carrinho que evitou males maiores.

Esta entrada mais forte dos Arménios iria ser premiada ao minuto 14. Num livre ainda longe da baliza, num local onde era expectável um cruzamento para a área, Marcos Pizzelli fez um grande golo. O camisola 8 rematou direto, ao jeito de Cristiano Ronaldo, e fez a bola entrar, após bater na trave, junto ao ângulo superior esquerdo do guardião Português. Rui Patrício não estava à espera de que Pizzelli rematasse e posicionou-se para sair a um cruzamento. É justo também dizer que se estivesse bem colocado, provavelmente, não chegaria à bola mas tinha ficado melhor na fotografia.

Cristiano Ronaldo foi o herói do jogo, com 3 golos marcados Fonte: Facebook 'Seleções de Portugal'
Cristiano Ronaldo foi o herói do jogo, com 3 golos marcados
Fonte: Facebook ‘Seleções de Portugal’

Depois deste golo, Portugal reajustou, Fábio Coentrão juntou-se a Moutinho e Tiago, Danny fechou o lado esquerdo e Ronaldo ficou solto no ataque. Com esta mudança, os Arménios deixaram de ter tanta bola, o conjunto de Fernando Santos ganhou mais solidez defensiva e começou a atacar mais, embora com poucos homens, como foi norma durante todo jogo.

O jogo estava fraco, muito disputado no centro do terreno e Portugal tinha de fazer muito mais se quisesse ganhar o jogo. Mas antes de que Portugal o fizesse, caiu um penálti do céu, sobre João Moutinho (quando a Arménia estava a menos 1 por assistência a um jogador) que Cristiano Ronaldo converteu. Este golo poderia ser o mote para a reviravolta na partida e sobretudo na qualidade de jogo de Portugal, mas não foi. Até ao intervalo, a partida manteve-se na mesma toada e sem qualquer brilhantismo.

Na segunda parte, Portugal voltou com Coentrão a jogar no miolo, atento às movimentações de Mkhitaryan, anulando grande parte do jogo dos Arménios. E se os Arménios não conseguiam visar a baliza nacional, já o mesmo não se pode dizer de Ronaldo. O faro de golo do Bola de Ouro 2015 é impressionante e ao minuto 55, após uma bola longa nas costas da defesa, depois de um dos centrais ter falhado o cabeceamento, CR7 acreditou, foi atrás do outro defesa-central, que esperou que o guarda-redes viesse recolher o esférico. Entre os instantes de hesitação que o central e o guardião tiveram, Ronaldo meteu o seu pé entre eles e fez o golo. A reviravolta nos pés de Ronaldo que 3 minutos depois iria completar o hat-trick com um golo de levantar o estádio.

Rui Patrício bateu longo e após nova falha no cabeceamento do defesa-central, CR7 com um receção brilhante com a ponta da bota, rodou para a baliza e ainda muito longe desferiu um potente remate, com a bola a entrar no ângulo superior esquerdo do guarda-redes. 3 golos caídos do céu, ou melhor, do génio de Cristiano Ronaldo! Ora, depois disto parecia que Portugal tinha acabado com o jogo e que os Arménios já não tinham mais vidas, mas Tiago iria dar esperança à seleção da casa. O jogador do Atl. Madrid viu o segundo cartão amarelo aos 62 minutos, após uma falta desnecessária e infantil.

A partir daqui os Arménios tentaram reduzir e conseguiram-no à passagem do minuto 72, depois de um canto curto. Özbiliz rematou na esquina da área, do lado direito do seu ataque, Rui Patrício não conseguiu agarrar uma bola aparentemente fácil e Mkyoan empurrou para o fundo das redes. Que falha do guarda-redes português!

Rui Patrício teve uma noite infeliz, com culpas diretas no segundo golo Fonte: Facebook 'Seleções de Portugal'
Rui Patrício teve uma noite infeliz, com culpas diretas no segundo golo
Fonte: Facebook ‘Seleções de Portugal’

Um pouco mais de esperança para a Arménia, que ficaria sem efeito porque Ilídio Vale mexeu bem na equipa, fechou os espaços para a sua baliza com William e Adrien e contou com a classe de João Moutinho, que meteu a bola ao bolso e entregou o jogo a Portugal.

Mais três pontos, obra de Cristiano Ronaldo, que Rui Patrício ainda tentou “estragar”. A equipa de Fernando Santos continua a ser muito pragmática, extremamente eficaz e 100% vitoriosa no apuramento para o Europeu de 2016. Que continue assim!

A Figura:

Cristiano Ronaldo – É possível dizer algo mais sobre este super jogador? 3 golos em 3 oportunidades e 3 pontos para Portugal. Ter CR7 não é sinónimo de vitória, mas é significado de estar muito mais perto de a conquistar. É realmente do outro mundo!

O Fora-de-Jogo:

Tiago – Com a experiência que o internacional Português tem, é inadmissível ser expulso daquela maneira, sobretudo depois de Portugal ter conseguido alcançar uma vantagem confortável. Trouxe a Arménia de volta ao jogo e era escusada tal atitude. Enquanto esteve em campo, não conseguiu ser o pêndulo que se esperava e parar as ofensivas adversárias.

Dos eliminados também reza a história

internacional cabeçalho

Dizem que dos vencidos não reza a história, mas eles deixam sempre marcas. E é injusto que a história se esqueça deles. Felizmente isso não acontece, pois toda a gente se lembra da Itália de 1994, que perdeu, nos penalties, o Mundial e, continuando a olhar através da história dessa competição, toda a gente se lembra da Holanda de 1974, batida, na final, pela Alemanha.

Não precisam, porém, de ser os finalistas a ser recordados. Quem não se lembra da fantástica campanha europeia do APOEL em 2011/2012, apenas travada pelo Real Madrid nos quartos-de-final da Liga dos Campeões? E da excelente imagem deixada pela Argélia no Mundial do ano passado?

São exemplos recentes, é verdade, mas elucidativos de que não só dos vencedores se recordam aqueles que revisitam a história. Estão todos relacionados com grandes competições e isso devia começar a mudar. Assim, este artigo tem por inteção a recordação de duas selecções já eliminadas do Mundial de Sub20 deste ano, ainda em curso, mas que deixaram a sua marca (boa ou má) na história desta competição:

Argentina

Começando pelo menos agradável, é justo dizer que a sobranceria paga-se caro. Não houve a devida preparação emocional entre os miúdos argentinos, de quem muito se esperava – não só pelo facto de a Argentina ter conquistado dois Mundiais de Sub-20 neste século, mas também pelo facto de estes mesmos jogadores terem vencido o Sudamericano (competição de selecções Sub-20 sul-americanas) há coisa de 4 meses atrás, com um domínio absoluto na competição – quatro vitórias e um empate em 5 jogos na segunda fase, nos quais apontou 10 golos e apenas sofreu 2.

Mesmo sem o peso da tradição ou da conquista de um título recente, esta era uma equipa em quem muitos analistas depositavam esperanças, sendo muitas estrelas argentinas apontadas como possíveis protagonistas da competição – Ángel Correa (Atlético de Madrid), Giovanni Simeone (River, melhor marcador do Sudamericano) ou Tiago Casasola (Fulham) são alguns exemplos.

Bem, protagonistas foram, mas pelos piores motivos. A passividade com que a Argentina abordou os encontros com o Panamá ou com o Gana foi por demais evidente. No primeiro encontro houve imenso relaxamento quando a equipa se viu em vantagem e o encontro terminou empatado a 2, no segundo, a equipa deu parte e meia de avanço, mas quando acordou já perdia por 3-0 e o resultado ficou em 3-2. No último jogo, correndo contra o prejuízo, massacrou a Áustria, mas o nulo persistiu, como que a vincar que era tarde para modificar a atitude sobranceira com que encararam os jogos contra selecções teoricamente acessíveis.

Os ucranianos caíram nas grandes penalidades frente ao Senegal Fonte: FIFA
Os ucranianos caíram nas grandes penalidades frente ao Senegal
Fonte: FIFA

Ucrânia

Passando para algo mais agradável, a Ucrânia foi das selecções que melhor desempenho teve neste campeonato do Mundo até ao momento, e isso inclui o jogo contra o Senegal, no qual foi eliminada.

Esta equipa é a mesma que já tinha dado nas vistas no Euro de Sub19 do ano passado, revelando uma notável organização defensiva que quase lhe garantiu o apuramento para as meias-finais da prova, não fosse a “inevitável” derrota para a campeã Alemanha.

Neste Mundial parece ter crescido e, acima de todas as outras coisas, revelou rapidez. Não pela velocidade dos seus jogadores com bola, mas sim pelo que faziam sem ela. A resposta à perda de bola era quase imediata e o figurino táctico moldava-se de forma fluída e eficaz. Algo que impressionou por surgir num nível de formação.

Assim, foi “fácil” quase não sofrer golos, ainda que para isso também tenham contribuído as boas exibições do guarda-redes Sarnavskiy.

Destaque ainda para Kovalenko, um médio com grande propensão ofensiva (é, actualmente, o melhor marcador do torneio – apontou 5) e excelente cultura táctica, e Luchkevych, jogador do Dnipro, finalista da Liga Europa, lateral/extremo com uma noção invulgar (para a idade) de todos os momentos do jogo a que alia a facilidade com que causa desequilíbrios à pressão alta que é capaz de exercer e que impedia, muitas vezes, a construção contrária.

Duas selecções que surpreenderam. Uma por ter sido eliminada precocemente, a outra por revelar uma maturidade táctica acima da média. Mesmo sem mais jogos por disputar, são já figuras da edição de 2015 do Mundial de Sub20.

Foto de Capa: Facebook de Ángel Correa

Volta à Suíça: Quem sucederá a Rui Costa?

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Cabec¦ºalho ciclismo

Começa este sábado outra das mais prestigiadas provas do circuito mundial: a Volta à Suíça! Com o Critérium du Dauphiné a terminar (curiosamente, ontem tivemos uma grande vitória do próprio Rui e que já foi comentada AQUI), é altura de concentrar as atenções para uma das últimas provas antes do tão aguardado Tour de France e ver quem irá suceder ao tricampeão, Rui Costa.

Os quatro maiores candidatos a vencer o Tour não estarão nesta prova: Froome e Nibali estão a discutir o Dauphiné, Quintana encontra-se em terras colombianas e Contador está, ainda, a descansar do excelente Giro que fez. Mesmo assim, não deixaremos de ter uma Volta à Suíça com ciclistas de enorme qualidade e candidatos a fazerem top5/top10 na maior prova de todas (que começará no dia 4 de julho).

Esta edição em terras suíças irá ter nove etapas e começará e terminará com um contrarrelógio (o primeiro é um prólogo de 5 km’s e o segundo é uma espécie de crono escalada com cerca de 38 km’s – para ambos os CR’s, ciclistas como Cancellara, Malori ou Dumoulin, à partida, serão favoritos à vitória, sendo que até mesmo um ciclista como Peter Sagan poderá conseguir a camisola amarela no prólogo). A etapa mais exigente será a quinta, que contará com mais de 237 km’s e é considerada a etapa rainha desta prova (não só é a mais árdua, como é a mais longa).

Sem dúvida, é para os puros trepadores marcarem a diferença e para quem não é tão bom no contrarrelógio conseguir, de alguma forma, compensar isso. Não iremos ter nenhuma etapa completamente plana, o que dificultará a tarefa aos sprinters, mas as etapas 4, 6 e 7 poderão acabar num sprint (a etapa 7 será a melhor etapa para os puros sprinters, enquanto que as etapas 4 e 6 estarão certamente marcadas pelos designados “punchers” – ciclistas que são rápidos em terreno plano, mas que também conseguem aguentar subidas curtas – como Peter Sagan, Michael Matthews ou John Degenkolb).

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O tricampeão a celebrar a vitória no ano passado, ainda com a camisola de campeão do mundo
Fonte: bkstickers

Na teoria, os dois maiores favoritos a vencer esta prova serão o francês Thibaut Pinot e o polaco Rafal Majka. Pinot foi o 3.º classificado do Tour, no ano passado, e Majka venceu a camisola da montanha nesse mesmo Tour. Sendo que são dois ciclistas ainda relativamente jovens (25 anos) e que estão a tornar-se, cada vez mais, candidatos a grandes lugares numa das três maiores provas do circuito mundial (estando o polaco num nível abaixo do francês nesse aspeto, principalmente devido ao facto de Pinot já ter mesmo conseguido um pódio no Tour e ter um currículo muito mais vasto, enquanto o melhor que Majka conseguiu foi um 6.º lugar no Giro do ano passado e ainda não tem grandes triunfos na sua carreira).

O francês irá querer testar a sua condição física antes do Tour e nada melhor do que uma prova como esta para o fazer, sendo que, à partida, é o melhor trepador de todo este conjunto de ciclistas e dos melhores no contrarrelógio (entre todos os favoritos para vencer a geral) – modalidade onde progrediu imenso desde os últimos anos. Veremos em que condição chega Pinot a esta prova. Tem tudo para ser o favorito se estiver nas melhores condições.

O ano de 2015 não tem sido muito famoso para Majka, portanto terá aqui a oportunidade de se redimir e de vencer a maior prova da sua carreira até agora. Tem todas as qualidades de trepador para ser bem-sucedido, sendo que não é um mau contrarrelogista, principalmente em CR um pouco montanhosos. A sua maior vantagem em relação a Pinot poderá ser o facto de o polaco ir ajudar Contador no Tour, enquanto o francês irá lutar por um dos lugares mais altos da classificação, ou seja, terá de ter alguns cuidados nesta prova, ao passo que Majka estará certamente motivado para fazer um grande resultado que lhe permita encarar com maior confiança a missão de levar Contador à vitória no Tour.

Majka e Pinot numa das etapas do Tour de France 2014
Majka e Pinot numa das etapas do Tour de France 2014
Fonte: cyclingtips

Outros nomes a ter em atenção para esta Volta à Suíça são ciclistas como Jakob Fuglsang (segundo o que é dito, o suíço – que irá correr em casa, ou seja, terá aqui uma motivação extra – encontra-se numa grande forma, e a vitória nesta prova é um dos seus maiores objetivos este ano, sendo que raramente tem um mau dia e tanto é forte nas montanhas como nos contrarrelógios), Simon Spilak (costuma dar-se bem em terras suíças e, com mau tempo previsto para alguns dias da corrida, poderá ser um dos que mais beneficiarão com isso, sendo que costuma adaptar-se bem a corridas como esta – como prova o seu 2.º lugar em três edições seguidas do Tour de Romandie), o duo da Sky, Geraint Thomas e Sergio Henao (em anos anteriores, Thomas não estaria neste lote de favoritos, mas é dos ciclistas que mais tem aumentado de qualidade e, se não perder muito tempo na etapa rainha, será dos maiores favoritos a vencer; já o colombiano é uma das maiores esperanças da Sky para o futuro em termos de grandes voltas, sendo que tem, nesta corrida, etapas adequadas para o seu perfil de ciclista).

Michal Kwiatkowski, campeão do mundo, será dos ciclistas que mais beneficiará dos contrarrelógios, até mesmo podendo compensar o facto de não ser tão bom trepador como alguns dos ciclistas já mencionados, Domenico Pozzovivo (irá voltar à competição depois da aparatosa queda que teve no Giro d’Itália, sendo que é daqueles ciclistas que merecem sempre uma palavra aquando destas corridas, e o próprio percurso poderá ajudá-lo a conseguir um grande lugar – isto se estiver em boa forma e recuperado – com uma etapa 5 ao seu estilo e um contrarrelógio final que também lhe assenta bem – basta relembrar o CR que fez na Vuelta em 2013), Robert Gesink, Daniel Moreno, Jurgen Van Den Broeck, Warren Barguil, Ion Izagirre, Frank Schleck, o duo da Lampre, Kristijan Durasek e Przemyslaw Niemiec, e a armada colombiana, protagonizada pelo já referido Sergio Henao, Esteban Chaves, Darwin Atapuma, Julian Arredondo e Winner Anacona.

Será uma das últimas grandes provas antes da maior de todas, o Tour de France. Que seja uma boa prova e que proporcione um excelente espetáculo para todos aqueles que irão seguir esta Volta à Suíça!

Foto de capa: Jornal Ciclismo