No passado domingo percebi porque é que amo futebol. Ao minuto 76 do Arouca – Benfica, Lima mostrou-me a razão pela qual eu “perco” horas e horas a fio, semana após semana, a ver 22 jogadores disputarem uma só bola de futebol.
O Benfica já tinha dado a volta ao marcador, depois do primeiro golo dos arouquenses, e a preocupação com uma eventual perda de dois ou três pontos tornou-se ainda menor com a expulsão de Hugo Bastos. Senti que o Benfica chegaria ao terceiro golo e à merecida tranquilidade no marcador. Era só uma questão de tempo, e o tempo foi curto demais para o Arouca: na jogada seguinte, Ola John, na ala esquerda do ataque benfiquista, mostrou possuir grande visão de jogo e foi com mestria que colocou a bola nos pés de Lima. O avançado brasileiro isolou-se apenas e só perante Goicoechea.
Esta é a pureza e a essência do futebol: aqueles dois ou três segundos em que Lima, sozinho, corre em direção à baliza. O público, no estádio, levanta-se e sustém a respiração, como quem diz “Por favor, Lima…”. Em casa, outros arregalam os olhos para a televisão e erguem-se ligeiramente do sofá na ânsia de festejar o golo. No carro, há quem deixe de prestar atenção à estrada e olhe inutilmente para o rádio à procura de uma imagem que nunca irá surgir. No estádio, em casa, ou no carro, o subconsciente pergunta de forma unânime aquilo a que Lima irá responder em breve: vai ou não ser golo?
É golo! E o público, no estádio, exalta-se e rejubila de felicidade. Demonstram-no no abraço ao melhor amigo ou, quem sabe, ao desconhecido do lado. Em casa, o vizinho de cima também grita golo, e eu sorrio, como quem cumprimenta um velho amigo. No carro, há quem aumente o volume do rádio e acompanhe o longo e exaustivo festejo do locutor.
Futebol é isto. Futebol é aqueles dois ou três segundos de adrenalina antes do golo, que fazem milhões de pessoas partilhar o mesmo sentimento. Futebol é perceber que, enquanto corria na direção da baliza do Arouca, Lima teve o mundo a seus pés. Há algo mais bonito do que o futebol?
O campeonato alemão ganhou um novo fôlego após o Inverno. A história tem três protagonistas: Wolfsburgo, Borussia Dortmund e Bayern Munique. A ameaça real do primeiro, o ressurgimento do segundo e o reinado de terror do terceiro.
O bom – Wolfsburgo- entrou com um vigor inabalável na segunda volta. A vitória por 4-1 contra o gigante Bayern foi uma demonstração de força. A saída de Ivica Olic, goleador de serviço, trouxe um herói inesperado, Bas Dost. O avançado holandês tem sido a surpresa das surpresas. A veia goleadora que tinha mostrado no Heerenveen apareceu sem pedir licença. Onze golos em sete jogos são números fantásticos para um jogador que passou a primeira metade da época entre banco e bancada. No entanto, o trabalho de Dost não poderia ter sido tão estrondoso sem a ajuda do seu colega Kevin De Bruyne, autor de cinco golos e cinco assistências em sete jogos. O mago belga tem-se afirmado como o melhor jogador do campeonato (a par de Robben) e é peça imprescindível no esquema de Dieter Hiecking. A chegada de Schürrle também serviu de motivação extra, apesar de o alemão ainda estar à procura do seu espaço na equipa.
O mau – Dortmund – renasceu, como a fénix. A primeira volta acabou em desespero total para os milhares de adeptos que se dirigiam religiosamente jogo após jogo ao Signal Iduna Park. Os jogadores estavam lá, os adeptos estavam lá e o treinador certo estava lá. O último lugar era demasiado mau para uma equipa que se tinha qualificado para os oitavos de final da Liga dos Campeões. A equipa alemã deu o clique definitivo no jogo da vigésima jornada, contra o Fribrugo. A vitória por 3-0 foi o “game changer” de que a turma de Klopp necessitava. O guia foi Marco Reus, com quatro golos em sete jogos, que assumiu a frente da escalada que o Dortmund tem vindo a consumar. Apesar desta mudança de atitude, o clube está longe de atingir as metas a que uma equipa com Aubameyang, Hummels, Kagawa, Mkhitaryan e Reus se propõe. O décimo lugar – os lugares europeus estão a “apenas” nove pontos – ainda é muito pouco para um clube que ainda recentemente olhava o Bayern nos olhos.
O princípe de cristal está com a pontaria afinada Fonte: Facebook do Bayern
O vilão – Bayern – é, aparentemente, indestrutível. As ameaças do plebeu Wolfsburgo foram insuficientes para o todo-poderoso clube da Baviera. Melhor ataque – 66 golos -, melhor defesa – 11 golos – e apenas uma derrota. Pep Guardiola transformou uma super equipa num monstro com várias formas. A formação táctica é irrelevante para as ideias de jogo do treinador, que não se cansa de experimentar e sempre com o mesmo resultado: a vitória. Se o colectivo é o actor principal, Arjen Robben merece o Óscar de melhor actor secundário. O príncipe de cristal está numa forma fabulosa, levando dezassete golos em vinte jogos.
O enredo prometia muito mas parece que o final já foi escrito. O Wolfsburgo empatou com o Augsburgo na última jornada e deixou fugir, ainda mais, o Bayern. O vilão leva o ouro todo para casa e deixa os sonhos para o Dortmund, que agora tenta recuperar o tempo perdido. As histórias de encantar voltam a esbarrar no pragmatismo alemão.
A sofrer as expectáveis dores de crescimento de quem saltou directamente do Campeonato Nacional de Seniores para a Primeira Liga e teve de remodelar quase por completo o plantel, o Boavista tem, ainda assim, vindo a fazer uma época bastante acima das expectativas, encontrando-se neste momento num confortável 13.º lugar, seis pontos acima da linha de despromoção.
Para essa boa campanha, muito tem contribuído o treinador principal, Petit, que está a fazer um excelente trabalho, mas também o desempenho de alguns futebolistas que têm mostrado qualidade como é o caso de Afonso Figueiredo, lateral-esquerdo que não começou a temporada como titular, mas que, a partir de Janeiro último, tornou-se pedra fundamental na equipa axadrezada.
Começou no Sporting
Afonso Mendes Ribeiro de Figueiredo nasceu a 6 de Janeiro de 1993, em Lisboa, e começou nas escolas do Sporting Clube de Portugal, que representou entre 2003/04 e 2008/09. Depois, na temporada seguinte, a segunda de juvenil, seguiu para o Belenenses, clube onde ficou apenas por uma época, isto antes de concluir o seu percurso de formação com duas épocas nos juniores do Sporting de Braga.
A transição para sénior, essa, deu-se em 2012/13, pela porta da equipa B do Sporting de Braga, ainda que o jovem luso não tenha conseguido obter grande impacto nessa temporada, somando apenas dez jogos na Segunda Liga e acabando por abandonar o Minho no Verão.
Sempre a crescer no Boavista
Terminado seu percurso nos arsenalistas, Afonso Figueiredo mudou-se de armas e bagagens para a Invicta e para representar um Boavista, então a disputar o Campeonato Nacional de Seniores, sendo que o lateral-esquerdo rapidamente se assumiu como uma peça importante do conjunto axadrezado, finalizando essa temporada de 2013/14 com 23 jogos disputados.
Ainda assim, na transição repentina vivida pelo Boavista, que passou automaticamente do Campeonato Nacional de Seniores para a Primeira Liga, Afonso Figueiredo acabou por iniciar a actual temporada na sombra de outras alternativas como Anderson Correia ou Julian, situação que viria a conhecer um volte-face a partir de Janeiro, com o jovem de 22 anos a ganhar finalmente o seu lugar no lado esquerdo da defesa e a ser titular indiscutível nas últimas dez jornadas da Liga.
Desde novo, a lutar por um lugar na 1.ª divisão (Gonçalo Reyes, João Mário, Afonso Figueiredo e Bruno Gaspar – da esq. para a dir.) Fonte: Facebook Oficial de Afonso Figueiredo
Raçudo, abnegado e polivalente
Apesar de actuar agora sempre como lateral-esquerdo, a verdade é que Afonso Figueiredo, ao longo da sua formação, foi evoluindo em todas as posições desse flanco, podendo assim, em última instância, ser igualmente utilizado como médio ou extremo-esquerdo, ainda que sem a qualidade que apresenta a partir de zonas mais recuadas do terreno.
Afinal, em termos estritamente defensivos, Afonso Figueiredo apresenta inúmeras valências, sendo um jogador rápido, raçudo, muito forte na marcação/desarme e que apresenta um posicionamento inteligente, num conjunto de características que fazem do jovem luso um jogador muito difícil de contrariar pelo seu flanco.
Já em termos ofensivos, mesmo que o conservador esquema de jogo do Boavista não lhe permita muitas veleidades, e não sendo propriamente um fora de série técnico, é inegável que Afonso Figueiredo também mostra qualidades, oferecendo verticalidade/profundidade no flanco e apresentando uma boa qualidade ao nível do passe e do cruzamento.
A equipa encarnada, líder da prova, cedeu no sábado um empate na Nazaré diante do surpreendente Burinhosa. Foi um jogo bem disputado por ambas as equipas, havendo inúmeras oportunidades para inaugurar o marcador. Contudo, a equipa visitante foi a que mais fez para conquistar os três pontos.
O jogo foi intenso, mas a bola parecia não querer fazer balançar as redes das balizas. A partida chegou ao intervalo e o resultado era de 0-0, sendo que o Benfica tinha mais posse de bola, estava mais atrevido e procurava o golo. A equipa treinada por Kitó Ferreira esteve bem defensivamente, e o nulo ao intervalo premiou a organização da equipa da casa.
Na segunda metade tudo se mantinha igual: mais Benfica, oportunidades para os dois lados e a bola continuava a não entrar. Os pupilos de Joel Rocha dispuseram de uma grande penalidade -mão na bola clara de Tiago Moreira -, que Alessandro Patias não conseguiu concretizar. Mérito do guardião John Welton ou demérito de Patias, como quiserem. Este era um jogo que se adivinhava complicado para o primeiro classificado, mas esperava-se que marcasse golos, visto que esta época nunca tinha terminado um encontro em branco.
Foi neste pavilhão na Nazaré que, pela primeira vez esta época, o Benfica não marcou golos, empatando a partida a zeros Fonte: Burinhosa Futsal
Este resultado premeia a boa atitude e organização da equipa da casa e castiga o Benfica pela sua ineficácia na hora de finalizar. De realçar que é a primeira vez que o Burinhosa compete na Primeira Divisão e que tem feito uma época verdadeiramente brilhante: está neste momento em 8.º lugar com cinco pontos de avanço sobre o Rio Ave e o Belenenses. Se a estreante equipa de Alcobaça, que disputa os seus jogos na Nazaré, conseguir manter os cinco pontos de vantagem qualifica-se para o play-off, algo que na minha opinião seria impressionante e inesperado. Parabéns ao Burinhosa pelo excelente jogo efetuado ontem e pela época feita até ao momento!
Devido a este empate e à vitória do Sporting, os leões recuperam dois pontos aos rivais, estando neste momento com cinco de desvantagem. Faltam três jornadas e muito dificilmente o Benfica deixa escapar esta vantagem, mas no desporto nunca se sabe.
O Sporting impôs-se de forma clara diante do Modicus, vencendo por 7-1. A equipa leonina chegou ao intervalo a vencer por 3-0, contudo, o adversário dispôs de muitas oportunidades para fazer golo. Grande exibição de André Sousa e muita falta de eficácia dos jogadores provenientes de Sandim. Diogo inaugurou o marcador aos 40 segundos do jogo, fruto de uma recuperação de bola e boa jogada coletiva. Com este tento, os leões tornaram-se dominantes, tentando sempre dilatar o resultado, porém permitiu que o adversário explorasse o espaço nas costas da sua defesa, o que causou alguns calafrios ao numeroso público presente em Odivelas.
Caio Japa, aos sete, e João Matos, aos 19 minutos, colocaram o Sporting a vencer por 3-0, resultado justo e volumoso face ao sucedido na primeira parte do desafio. No entanto, considero que o Modicus merecia ter marcado um golo face às oportunidades que criou.
O árbitro apitou para o intervalo, e certamente Nuno Dias estava satisfeito com a exibição da sua equipa, embora deva ter puxado as orelhas aos seus jogadores devido ao espaço concedido ao adversário e consequentes oportunidades para fazer golo.
A abrir a segunda metade, Ricardo Fernandes, antigo jogador das águias, num gesto de enorme técnica, quase fazia o golo do jogo, todavia a bola não entrou e isso é que interessa para o resultado final. Em seguida, Alex faz o 4-0, dando uma lição de eficácia aos homens do Modicus. Começava agora a construir-se uma goleada.
Jogadores leoninos festejam após mais um golo da sua equipa no jogo de Domingo, diante do Modicus, onde venceram por 7-1 Fonte: Sporting Clube de Portugal
O Sporting mantinha o nível do jogo muito alto e chegou ao 5-0 fruto de uma boa jogada coletiva finalizada por Cássio à boca da baliza. Como aconteceu diante do Cascais, onde o guardião saiu da baliza e fintou dois adversários, os rapazes de verde e branco voltaram a sofrer um golo do guarda-redes, porém desta vez foi através de um pontapé de baliza a baliza. Bom golo de Cristiano, que aproveitou da melhor maneira possível o adiantamento de André Sousa. Mesmo depois de sofrer um golo e de faltarem cerca de oito minutos para o final do tempo regulamentar, o Sporting não tirou o pé do acelerador, marcando mais dois golos, apontados por Fábio Aguiar e Djô. Resultado final: Sporting 7-1 Modicus
De forma sintética, o Sporting fez um grande jogo, aproveitando os espaços concedidos e as oportunidades de que dispôs para marcar. De destacar que todos os golos advêm de um grande envolvimento coletivo da equipa leonina, a boa exibição efetuada pela equipa de Sandim, que demonstrou ter uma enorme raça e qualidade, o grande golo do guarda-redes Cristiano, o regresso de João Benedito após quase três meses lesionado, o excelente entrosamento entre todos os jogadores do Sporting e o regresso ao segundo lugar, ultrapassando o Braga.
João Benedito voltou à competição após quase três meses de paragem devido a lesão. Bem-vindo, capitão! Fonte: Sporting Clube de Portugal
O Braga venceu o lanterna vermelha Unidos Pinheirense por 7-4, num jogo muito importante para as aspirações bracarenses. Com este resultado, os homens do Minho mantêm-se na luta pelo segundo lugar, estando a apenas dois pontos do Sporting. De realçar a boa época efetuada até então pelos homens treinados por Paulo Tavares, que, a três jornadas do final da prova, têm o terceiro posto assegurado e estão na luta pelo segundo. A equipa do Braga é amadora mas bate-se como uma equipa profissional e, na minha opinião, é a terceira melhor equipa em Portugal a par de Benfica e Sporting.
A equipa minhota chegou ao intervalo a vencer por 4-0, resultado justo e demonstrativo do controle e eficácia dos da casa. A segunda metade adivinhava-se tranquila e até fácil, mas o Unidos Pinheirense entrou de forma atrevida, demonstrando que a vitória ainda não estava assegurada. Arriscou o 5 para 4 e cedo deu frutos, reduzindo para 4-1. O Braga respondeu, mantendo a vantagem novamente em quatro golos de diferença, com o capitão André Machado a aproveitar a baliza deserta para fazer o 5-1. A vida estava difícil para o Pinheirense mas este não se deu por vencido e aproveitou a desorganização defensiva dos minhotos e o pé quente de Zé Marau, que reduziu para 5-4, apontando assim um poker.
Com este resultado, o recém-promovido à Primeira Divisão continuava a acreditar, pressionava alto, dificultava a saída do adversário. Todavia, os ferros da baliza bracarense negaram-lhe o golo por três vezes! Face a esta ineficácia ou falta de sorte, a equipa da casa sentenciou o encontro quando, ao minuto 39, marcou por duas vezes, por intermédio de Fábio Cecílio e André Machado. Costuma-se dizer que quem não marca sofre, e assim foi. Rude golpe para a equipa do Unidos Pinheirense, que merecia um pouco mais do que esta derrota por 7-4.
O Braga venceu o Unidos Pinheirense por 7-4, num jogo muito intenso e muito bem disputado Fonte: Sporting Clube de Braga
De realçar a magnífica exibição de Zé Marau, apontando um fantástico poker, e a boa atitude e entrega do penúltimo classificado, que fez uma segunda parte de grande nível. No futsal, o que conta são as bolas que entram e não as que não entram, no entanto a equipa de Valbom, Gondomar, pode queixar-se de falta de sorte, visto que acertou três vezes nos ferros da baliza defendida por Xot.
A exibição apresentada nos últimos 20 minutos do desafio pode ser vista como a força anímica de que o clube necessita para tentar assegurar a permanência na Primeira Divisão, uma vez que faltam apenas três jornadas para o final da prova. A equipa do Fundão venceu os Leões de Porto Salvo por 3-2, num jogo de emoções fortes! Os leões entraram melhor no encontro, inaugurando o marcador ao minuto nove por intermédio de Diogo, cobrando um livre de forma exímia. Foi este o resultado ao intervalo, 0-1 a favor dos visitantes.
O segundo tempo veio, e a equipa proveniente de Porto Salvo, Oeiras, continuou melhor; contudo, foi a equipa da casa que empatou o jogo ao minuto 24 através de Mário Freitas. Passado apenas um minuto, Tunha recolocou os visitantes em vantagem fruto de uma rápida transição ofensiva. Após uma boa combinação entre Teka e Pany, o Fundão empatou o jogo, faltando cerca de três minutos para o final deste. Como é sabido, no futsal todos os segundos contam e este jogo foi mais uma prova disso mesmo. A 18 segundos do final, o capitão do Fundão, Nuno Couto, aproveitou da melhor maneira o espaço concebido pelo adversário e rematou para o 3-2, resultado que não se viria a alterar nos restantes segundos da partida. Foi a primeira vez que os da casa estiveram em vantagem, chegando-lhes para conquistarem os tão desejados três pontos.
Com esta vitória, o Fundão mantém o quarto lugar na tabela classificativa com 38 pontos, e os Leões de Porto Salvo mantêm o sétimo com 29. O campeonato nacional apenas voltará a ser jogado nos dias 4 e 5 de abril, sendo que a Taça de Portugal voltará no dia 28 de março com os seguintes jogos:
Centro Desportivo Fátima – Benfica
Modicus – Belenenses
Sporting – Rio Ave
Burinhosa – Fundão
Segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. O FC Porto defrontou o Basileia, no Dragão, com a vantagem de ter empatado a um golo na Suíça. A equipa portista apresentou-se com o mesmo onze do jogo contra o Sp. Braga, à excepção de Aboubakar, que tomou o lugar de Jackson. Nota ainda para a inclusão de Óliver na lista de convocados.
O jogo foi bastante duro na primeira parte, com entradas ríspidas, e muito disputado a meio-campo. O FC Porto entrou melhor no jogo, mas o Basileia esteve sempre à espreita do contra-ataque e tentou sempre impor o físico contra uma equipa portista com mais talento do que o adversário.
Mais uma vez a pressão alta no portador da bola fez com que o Basileia poucas vezes atacasse de forma organizada – Herrera, Evandro e, principalmente, Casemiro limparam o meio-campo. Tello e Brahimi têm fechado melhor as alas e o Porto joga como uma verdadeira equipa, atacando e defendendo em bloco. Há sempre alguém disponível para receber a bola e os dribles saem bem aos portistas. Os jogadores parecem entender-se melhor com as desmarcações e ganham mais ressaltos e segundas bolas, sinal de que ocupam melhor os espaços. Resumindo: estamos bastante bem!
O meio-campo do FC Porto esteve ao seu melhor nível Fonte: AFP/Getty Images
Aos 14’, Brahimi inaugurou o marcador com um grande golo de livre. O FC Porto dominava e conseguiu cedo materializar o ascendente sobre o Basileia. Os suíços bem tentaram responder mas nunca conseguiram realmente incomodar o Porto – demasiada pressão, demasiado talento portista. O Porto foi coleccionando ataques ao longo da primeira parte, principalmente pela esquerda, mas também pela direita, onde Tello, sempre que pôde, deu profundidade ao jogo.
A única mancha negra no jogo aconteceu aos 18’ – choque entre Fabiano e Danilo (autor do golo em Basileia, hoje capitão na ausência de Jackson) a deixar o lateral em muito mau estado. O jogador perdeu mesmo a consciência e teve de ser transportado de ambulância para o Hospital de São João. O FC Porto podia tremer mas não o fez – parece que ganhou ainda mais força. Entrou Indi para a esquerda e Alex Sandro mudou para a lateral direita. Nada mudou, esta era uma noite de festa.
A segunda parte começou com um Porto ainda mais dominador e aos 47’ marcou mais um grande golo, desta vez através de Herrera. O mexicano é assim: por vezes liga o chip e tem momentos de classe! O 2-0 trouxe mais estabilidade e optimismo aos dragões e a partir daí foi vê-los jogar: boas transições, bons passes, bons dribles – houve de tudo. Aos 56’, o 3-0 surgiu com um livre marcado primorosamente por Casemiro. O médio defensivo anda a jogar muito bem – hoje cortou a bola, passou (e bem!), fintou, marcou – nada ficou por fazer a Casemiro, está um verdadeiro pivot defensivo.
O bloco continuou consistente, o meio-campo esteve um verdadeiro tampão defensivo – admito que Evandro me tem surpreendido muito, está muito consistente – e foi tão eficaz que, a minutos do fim, segundo dados estatísticos da emissora TVI, os azuis e brancos só tinham cometido 5 faltas! Numa das várias boas recuperações de bola, Aboubakar foi lançado para o ataque por Herrera e, com algumas mudanças de direcção, foi-se aproximando da baliza até disparar para o quarto golo da noite. Quatro golaços que fazem, na minha opinião, um dos melhores jogos do FC Porto no Dragão.
Aboubakar substituiu Jackson e tratou de assinar a folha dos goleadores no segundo tempo Fonte: AFP/Getty Images
O FC Porto vestiu-se da gala e o Basileia, apesar da excessiva agressividade, foi um digno vencido, mostrando sempre querer mais do que o que conseguiu. A exibição da equipa portista mostrou que quando está bem é a melhor do país. Estamos entre as oito melhores equipas da Europa! E que bem sabe! Este é o nosso destino: vencer! A partir daqui só podemos sonhar.
A Figura Casemiro – grandíssimo jogo do médio defensivo portista. Nada ficou por fazer ao pivot: cortou, marcou, passou, fintou… é só escolher! Brahimi e Herrera também mereciam a nomeação esta noite.
O Fora-de-Jogo Walter Samuel – personificou a agressividade do Basileia. Podia perfeitamente ter visto o vermelho mais cedo.
Foto de Capa: Página de Facebook da UEFA Champions League
Scirea. Líbero. Vencedor. Mestre. Todas as palavras têm sinónimos e há jogadores que são sinónimo de todas as palavras. A palavra líbero teve princípio e princípios. Existiu como aquele que dentro do Catenaccio ficava livre para ser o último defesa que varria toda a possibilidade atacante. Existiu como aquele quarto-defesa que saía com a bola controlada; jogava e era o primeiro organizador. Eram jogadores elegantes; técnicos; grande sentido posicional e grande capacidade tática. Scirea foi um destes líberos que fez escola de beleza e clarividência futebolística. Está entre os grandes da posição; está entre os cem grandes jogadores de sempre e em Itália é uma instituição tanto na Seleção como na Juventus.
Ganhou tudo; foi campeão de tudo. Não existiu campeonato que se negara à sua classe. Com a Juventus ganhou todas as competições que se disputaram na Europa; campeão da Europa; campeão da Taça da UEFA; campeão da Taça das Taças e como existia a Taça Intercontinental (Taça do Mundo de Clubes disputada entre o vencedor da Taça Libertadores e o Campeão de Europa) lá foi ele para elevá-la ao Olimpo italiano. Em Itália ganhou tanto que só um saco poderia transportar os seus troféus. Prefiro, para não assustar, dizer: ganhou sete campeonatos Italianos (além de duas Taças de Itália). Chegou 1982. A seleção italiana estava apurada. Scirea, o homem que manteve Baresi sentado no banco dos suplentes, estava selecionado.
Scirea é um dos melhores jogadores de sempre da Juve Fonte: giornalettismo.com
Chegaram a Espanha depois de uma época complicada em Itália. O futebol italiano passara por um cúmulo de castigos pela corrupção. Enzo Berzot, o selecionador, conseguiu abstrair-se disso e conjuntar um bom número de craques. Transcreverei a equipa-tipo, porque nada dela se desperdiçava: Zoff; Bergomi, Gentile, Scirea e Collovati; Cabrini, Antognoni e Tardelli; Bruno Conti, Paolo Rossi e Graziani (Altobelli – suplente muito ativo; tecnicamente excelente e marcador do golo que desarmou a Alemanha). Itália tinha uma defesa comandada por Scirea com arte e engenho; tinha um meio-campo criativo, Antognoni, e combativo; depois, o seu ataque era letal e desbordante (Conti). Espanha recebeu-a com desconfiança. As estrelas chamavam-se Brasil (de Sócrates) e Argentina (de Maradona). Itália começou de forma desengonçada, no entanto, passou à fase que dava acesso às meias-finais. Tinha pelo caminho a Argentina. Gentile, amavelmente, secou Diego Armando Maradona. Itália teve pela frente o Brasil fantástico de Sócrates. A seleção “canarinha” precisava, unicamente, de empatar. Gentile, Cabrini; Zoff; Scirea; Dino Zoff e o inesquecível Paolo Rossi levaram o resultado, depois de vários empates, até ao 3-2. A maravilha daquele Mundial embarcou para o Brasil e Itália ficou, entre os presuntos de Jabugo, à espera da poderosa Alemanha.
Chega o dia ambicionado e Itália tinha no palco presidencial o Presidente da República Sandro Pertini. Era um velho simpático, que se deixou levar pelas emoções ao lado, do hoje desaparecido da cena política Juan Carlos. Itália não perdoou; quando Altobelli marcou o terceiro golo, o velho Pertini saltou e festejou no palco de autoridades como se fosse um rocker.
Scireia foi, talvez, nesse campeonato o líbero perfeito e a extensão do treinador Berzot. Seis anos depois, 1988, despediu-se da Juventus. Um ano depois, na Polónia, perdeu a vida num desastre de automóvel. Malogrou-se a sua preciosa vida, no entanto, a sua lenda perdura e ecoa no mundo do futebol.
É verdade que alguns dos projetos são só a primeira prova, mas o Rali Serras de Fafe conta com uma lista de inscritos de fazer inveja a algumas provas do ERC e do WRC2. São sete R5 e três S2000, o que faz um total de 10 carros de topo divididos por quatro marcas. A Ford, com cinco carros, é a mais representada, tendo Ricardo Moura, João Barros, Paulo Meireles, Elias Barros e Diogo Salvi; pela Peugeot vamos ter Miguel Campos, com o 208 T16, e pela DS3 temos o regresso de uma equipa oficial ao campeonato nacional de ralis, com José Pedro Fontes a ser o responsável por este regresso. A Skoda – que ainda não tem o R5 pronto – conta com Pedro Meireles, o atual campeão que ainda espera pela homologação do R5, Carlos Martins – com o carro campeão de 2014 – e Joaquim Alves.
São 10 carros de topo, mas apesar disso nem todos com capacidade para lutar pela vitória. Os principais candidatos serão José Pedro Fontes, Pedro Meireles, Ricardo Moura e Miguel Campos, por esta ordem; João Barros pode ser a surpresa. Meireles, mesmo com um carro já de uma classe mais antiga, continua a ter um carro de topo, mas o DS3 tem tudo para ser o carro a bater nesta temporada. Moura, que ainda não tem o calendário completo assegurado, parte para o início do campeonato com a pressão de ter de obter resultados para garantir o total da temporada. Ainda com mais pressão está Miguel Campos, que ainda só tem o Serras de Fafe garantido.
Um carro de rali fica mais bonito assim Fonte: Facebook de Zé Pedro Fontes
Outra das grandes novidades de 2015 é ter voltado o campeonato das duas rodas motrizes, depois de no ano passado ter estado dividido em duas categorias que não agradaram a ninguém. Também aqui apareceram vários carros muito interessantes, como os novos Clio R3T. Apesar disto, os carros franceses ainda não estão em Portugal, pelo que em Fafe teremos apenas os antigos Clio R3. O vencedor da categoria RC3 do ano passado, Paulo Neto, também evoluiu o seu DS3 R3T para a categoria MAX e será um dos principais candidatos à vitória do campeonato. O 208 R2 – um dos carros mais utilizados no ERC – vê a sua presença reduzida a um carro em 2015, que será conduzido por Renato Pita, e vai ser estreado em Portugal o Fabia R2 por Paulo Moreira.
No sentido inverso, o agrupamento de produção parece estar a morrer, tendo a prova apenas quatro pilotos inscritos com carros deste agrupamento e onde apenas Adruzilo Lopes tem realmente valor para seguir com interesse. Este sintoma acaba por ser normal, visto o fim de produção da Mitshubishi de carros deste agrupamento e a Subaru a apostar cada vez menos. Mas não deixa de ser triste ver a categoria que marcou o nacional nos últimos anos morrer assim.
Para já é muito difícil fazer previsões para todo o campeonato dadas as dúvidas ainda existentes em alguns dos pilotos quanto ao total da temporada, mas arrisco dizer que José Pedro Fontes é o mais sério candidato ao título de 2015.
O Sporting entrava para o jogo com o Penafiel, ultimo classificado, com a obrigatoriedade de vencer. Não tendo em vista diminuir a distância para o Porto, mas, na minha opinião, sobretudo aproveitar a derrota caseira do Braga e dilatar a vantagem para 4 pontos. Pois bem, foi isso mesmo que aconteceu.
A equipa de Marco Silva, que lançou Carlos Mané no 11 inicial ao invés de Carrillo, entrou bastante bem no encontro; Decorridos 10 minutos de jogo, o Sporting já liderava por 2-0 (William Carvalho e Slimani). Quando tudo fazia prever uma noite bastante tranquila, eis que, após passe errado de Slimani, Tobias Figueiredo é “obrigado” a fazer falta e recebe, corretamente, ordem de expulsão. Na sequência, e num lance onde Rui Patrício não está isentou de culpas, o Penafiel reduz a vantagem verde e branca.
Quanto todos esperavam a estreia de Ewerton, como consequência da expulsão do jovem Tobias, eis que, Marco Silva, numa decisão, a meu ver, aberrante, decide colocar William Carvalho ao lado de Paulo Oliveira no centro da defesa. A falta de experiencia do internacional português naquela posição, bem sei que nas camadas jovens já tinha por lá andado, e sobretudo a necessidade de Ewerton, pressupondo que será a 1ª opção, ganhar minutos tendo em conta a difícil deslocação à Madeira já na próxima jornada são alguns dos motivos para não conseguir compreender o treinador leonino.
Mas, e justiça seja feita, o sábio é aquele que aprende com os erros; Consequentemente, Marco Silva retirou Adrien Silva e lançou Ewerton, em estreia pelo Sporting, refazendo assim o centro da defesa. A equipa de alvalade melhorou com as alterações feitas, mas o golo tardava. Já com Carrillo em campo, Nani respondeu de forma perfeita ao cruzamento do peruano e colocou justiça no marcador. Até ao fim do encontro ainda houve tempo para dois jogadores do Penafiel serem expulsos, um deles, o primeiro, numa decisão incorreta por parte da equipa de arbitragem.
Gostaria apenas de destacar a reação de Nani aquando da sua substituição; Numa primeira fase pontapeando a bola e, posteriormente, atirando o colete para o chão após Paulinho, roupeiro do Sporting, lhe o ter dado. No Sporting Clube de Portugal não há estrelas e muito menos se toleram faltas de respeito, independentemente do valor que estes possam trazer, como é o caso, para a equipa principal.
Posto isto, e em conclusão, foi uma vitória bastante sofrida e que poderia ter sido resolvida mais cedo caso Marco Silva tivesse lançado Ewerton, que até deu excelentes indicações, a tempo e horas. Contudo, mesmo em superioridade numérica, pareceu sempre uma questão de tempo até que o Sporting chegasse à vitória. O esforço, dedicação, devoção e glória estiveram hoje bem presentes no relvado do Alvalade XXI.
Figura:
João Mário/William Carvalho – A dupla portuguesa, formada em alvalade, foi a grande dinamizadora de toda a manobra ofensiva do Sporting. Excelente momento de forma dos internacionais portugueses
Fora de jogo:
Marco Silva/Nani – Marco Silva reagiu tarde e a más horas. As suas indecisões iam custando, mais uma vez, pontos em casa; A reação de Nani é inaceitável; Como disse, no Sporting não há estrelas, mas sim homens.
Na passada sexta feira, durante o minuto 63, acredito que a esmagadora maioria dos adeptos portistas sustiveram a respiração. Em pleno relvado do Estádio Municipal de Braga, Jackson Martinez não conseguia corresponder a uma assistência de Ricardo Quaresma. O momento foi dramático – ver o avançado colombiano a cair no relvado com uma expressão de dor pôs a nação portista a fazer contas à vida.
De facto, e tal como disse Julen Lopetegui na conferência de imprensa posterior à vitória na Pedreira, Jackson é, nesta temporada, muito mais do que o capitão ou o melhor marcador do FC Porto. Quem olha para as performances do avançado colombiano, facilmente percebe que o Cha Cha Cha se incorpora no jogo ofensivo portista como nunca. Não raras vezes, vemos Jackson a recuar até à linha do meio campo, seja para arrastar as marcações defensivas contrárias, seja para ajudar a equipa na construção de ataques. Actualmente, Jackson já não é “só” o melhor ponta-de-lança do campeonato português. Actualmente, Jackson é “só” o melhor jogador da Primeira Liga. Por isso, pelo que joga e pelo que dá a jogar, aquele minuto 63 do jogo entre Braga e FC Porto foi um verdadeiro ataque de coração do qual os adeptos portistas não estavam à espera. Afinal de contas, aquele momento trazia uma imagem rara desde que o colombiano chegou ao Dragão, pois Jackson nunca havia falhado um único jogo do campeonato desde que aterrou em terras lusitanas. Numa fase tão decisiva da temporada, em que Benfica e FC Porto se digladiam pelo campeonato nacional, perder Jackson foi um verdadeiro “soco no estômago” para os portistas, como se estivessem a desligar a máquina a uma equipa que tem lutado com todas as suas forças para manter vivo o sonho do título.
Com o resultado em 0-0 e com a perda de Jackson Martinez, devo admitir que com apenas 30 minutos para jogar na Pedreira – e mesmo com o FC Porto a dominar a partida em toda a linha – nunca pensei que a equipa de Lopetegui fosse capaz de se levantar de um golpe tão importante como o que levou Jackson a sair lesionado do terreno de jogo. Também por isso, e mais do que os três pontos – que tiveram tanto de saborosos como de difíceis – aquilo que mais me agradou ver na exibição portista na última sexta feira foi a garra e a determinação com que os jogadores enfrentaram uma das melhores equipas da Liga.
Há duas semanas, escrevi na minha crónica do Bola na Rede que a ausência de Óliver Torres era importante mas que tinha de ser combatida pelo plantel. Apesar da importância evidente do médio espanhol, penso que é claro que, se há plantel na história portista que pode responder a quase todas as possíveis ausências, este é certamente um deles. Ao ver jogadores como Quintero, Quaresma, Hernâni ou Aboubakar no banco, faltando ainda juntar a esta equação Óliver e Adrián López (lesionados), rapidamente se percebe que Lopetegui tem mais do que armas para mexer durante os encontros. Foi assim no Bessa, num jogo em que o empate se arrastava perigosamente; e foi assim em Braga, numa altura em que o 0-0 também não servia para os portistas. Numa e noutra ocasião, o treinador espanhol soube mudar a equipa, dando-lhe mais poder ofensivo. Coincidência ou não, em ambas as situações Julen Lopetegui conseguiu ganhar o jogo e sobretudo ganhar mais opções dentro do plantel.
Depois de uma paragem devido a lesão, Óliver está de regresso Fonte: Página de Facebook do FC Porto
No jogo da cidade dos arcebispos, o escolhido foi Aboubakar, um avançado que poucas oportunidades tem tido esta época. Aliás, o camaronês conta apenas com 12 jogos disputados e 4 golos marcados esta temporada. Bem sei que o FC Porto raramente joga com dois pontas- de-lança e que retirar Jackson Martinez do terreno – mesmo quando a equipa está em vantagem no marcador – é uma acto que poucos treinadores no mundo conseguiram praticar. Ainda assim, do pouco que consegui ver de Aboubakar, creio que Lopetegui já lhe deveria ter dado mais oportunidades para mostrar o seu real valor. Afinal de contas, estamos a falar de um avançado internacional e que é titular numa das boas seleções africanas, a dos Camarões. Também por aqui se vê a riqueza do plantel portista: noutras épocas tivemos pontas-de-lança suplentes que simplesmente não conseguiam fazer sequer “cócegas” aos titulares – ter Aboubakar no banco portista é, a meu ver, sinónimo de qualidade garantida. A assistência para Tello no golo portista é apenas um exemplo daquilo que o camaronês pode trazer ao FC Porto nos quatro jogos em que Jackson Martinez não estará disponibilizar para ajudar a equipa (Basileia para a Liga dos Campeões, Arouca e Nacional para o campeonato, Marítimo para a Taça da Liga).
Bem sei que, nesses encontros, não veremos Aboubakar a ter pormenores técnicos como o que Jackson teve no lance do primeiro golo frente ao Sporting; bem sei que, nesses encontros, não teremos Aboubakar a incorporar-se no jogo ofensivo portista como Jackson faz. Em poucas palavras, nos quatro jogos em que Jackson estiver ausente, não veremos a classe do melhor jogador do campeonato português em campo. Ainda assim, e tal como disse no momento da lesão de Óliver Torres, esta é uma ausência que não pode ser uma desculpa para um possível insucesso dos portistas, seja no Campeonato ou na Taça da Liga. Depois de o FC Porto ter ultrapassado um verdadeiro “cabo das tormentas” no campeonato – com importantes vitórias frente a V. Guimarães, Boavista, Sporting e Sp. Braga – é essencial que a equipa mantenha a atitude e a determinação que tem mostrado nos últimos jogos.
Com 10 partidas para disputar no campeonato, uma decisiva segunda mão dois oitavos-de-final da Liga dos Campeões na próxima terça-feira em casa frente ao Basileia e a meia final da Taça da Liga aí ao virar da esquina, o FC Porto chega a este momento importantíssimo da temporada na melhor forma até ao momento. A equipa está solta de movimentos, tem intensidade no seu jogo e sobretudo já consegue ser inteligente com e sem bola. Parece que, aos poucos, Lopetegui começa a perceber de que fibra uma equipa tem de ser feita para conseguir alcançar os objetivos que pretende. O caminho será difícil e os obstáculos serão cada vez mais exigentes. Por isso, acredito que a ausência de Jackson deve ser o derradeiro “toque a reunir” da equipa. É altura de os jogadores se focarem nos objetivos e lutarem com todas as suas forças, mesmo que o seu capitão não esteja em campo. Num momento em que a equipa não pode falhar, a ausência do capitão não deve ser vista como um problema irremediável. Enquanto adepto, o que espero é que a lesão de Jackson seja apenas mais um pretexto para que os jogadores do FC Porto se unam para alcançar aquilo que desejam e que têm feito por merecer. Depois, e tal como costumo dizer, em campo se verão os resultados. Mas de uma coisa tenho a certeza: se a atitude for a mesma das últimas batalhas, as vitórias chegarão. Mesmo sem o melhor soldado.
Por mais anos que passem, a FA Cup será sempre uma competição com um prestígio intocável. Primeiro, pela história, que começou há qualquer coisa como 144 anos! Depois, pelas estórias que lhe estão inerentes e, não menos importante, pela “democratização” da mesma, que faz agigantar equipas de segundo, terceiro, quarto e, por vezes, quinto escalão frente a adversários de primeira.
É certo que “tomba-gigantismo” também assiste outras taças, nomeadamente a nossa, mas não se verificam com tanta regularidade quanto em Inglaterra. Só este ano, por exemplo, o Middlesbrough (da 2ª divisão inglesa) foi ao Etihad eliminar o Manchester City, campeão inglês, por 2-0, e o Chelsea, actual líder da liga inglesa, foi derrotado pelo Bradford (3ª divisão) por claros 4-2. Situações anormais, é certo, mas que em Portugal ou outro país seriam de proporções catastróficas e cravadas nos anais da história do clube (como ficou a vitória do Gondomar na Luz ou as derrotas impostas por Torreense e Atlético ao FC Porto, nos últimos 20 anos).
O prestígio da competição e as estórias associadas que lhe estão associadas não são marcantes apenas pelos anos de história que tem, embora não se possa dissociar isso da forma como os adeptos de cada clube olham para a FA Cup, atribuindo-lhe uma importância similar ao campeonato, algo que terá sido “herdado” das gerações anteriores.
Desde a incrível prestação do Bury FC (equipa da zona de Greater Manchester que milita na League One, equivalente à 3ª divisão) em 1900 e 1903, anos em que conquistou as Taças correspondentes com goleadas (4-0 ao Southampton e 6-0 ao Crystal Palace, respectivamente), passando pelas 8 vitórias na competição de equipas que militavam em divisões inferiores à principal e pelos 43 (!) vencedores diferentes em todas as edições, e terminando nas pequenas histórias de cada encontro, verdadeiras estórias que reflectem a genuinidade do amor dos ingleses ao futebol e à sua competição rainha.
A última (caso não tenha acontecido nada de ainda mais surpreendente nos jogos de domingo ou de segunda) aconteceu no Villa Park. Ditou o sorteio que, nos quartos-de-final, se enfrentassem duas equipas da zona de Birmingham, Aston Villa e West Bromwich.
Os adeptos do Aston Villa festejam, como um título, o apuramento para as meias-finais Fonte: Facebook do Aston Villa
O duelo não é o mais quente da zona, esse é aquele que opõe os villans ao Birmingham City, o famoso Second City Derby, mas o ambiente que se viveu à volta deste jogo foi comparável a um encontro de proporções gigantescas. Uma autêntica final para apurar qual o melhor clube da segunda maior (demograficamente) cidade de Inglaterra.
O jogo começou rasgadinho, sem grandes motivos de interesse na primeira parte, mas um golo de Delph, aos 51 minutos, terminou com a tensão dos adeptos do Villa e levou-os à loucura. A partir daí o jogo abriu, mas parecia crescer a certeza de que a equipa da casa seguiria para as meias-finais, ainda para mais com a expulsão de um jogador adversário aos 80 minutos. As coisas estavam controladas, e Sinclair ampliou a vantagem a 5 minutos do fim. Festejos simplórios dada a naturalidade e previsibilidade do resultado? Nada disso! Invasão de campo!
Os adeptos ingleses, apesar de terem vivido com o espectro de hooligans em finais do século passado, são actualmente vistos como exemplos a seguir nos estádios de futebol e algo como uma invasão de campo só caberia na cabeça de um adepto de futebol atento em caso de uma vitória importante para a história do clube. Foi o caso? Ainda não o sabemos, mas o contexto do jogo (quartos-de-final, ainda com um jogo antes da final de Wembley, e frente a um rival que, embora eterno, não é o mais odiado pelos adeptos) e as circunstâncias em que surgiu o segundo golo (quando a equipa vencia por 1-0, e tinha o jogo absolutamente controlado), que sentenciou o encontro, não faziam prever tal atitude…
… que, sob o prisma da valorização da competição, se louva. A FA Cup nunca deixou de ser importante e mantém-se místicamente inviolável, conforme se verifica pela euforia vivida no Villa Park.