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Força da Tática: Os centrais do futebol total

força da tática

Há temas cuja escolha é perfeitamente aleatória e que, por isso, dispensam justificações. Este, contudo, não o é. Porquê falar de centrais num determinado modelo de jogo e não falar, por exemplo, de médios centros ou extremos? Porque os centrais são, a par dos avançados, aqueles que mais frequentemente são vistos como jogadores de um momento do jogo apenas. Nada mais errado, cada vez mais. Hoje, focar-me-ei nos centrais; no meu próximo artigo serão os avançados o tema de análise.

O futebol tem evoluído ao longo dos tempos devido à quantidade de estudiosos e treinadores que o têm pensado. Um dos principais – Johan Cruyff – foi dos primeiros a aplicar alterações muito profundas naquilo que é a maneira de procurar a vitória de forma sustentada. Nunca se esqueçam disto, nenhum treinador quer mais algo do que ganhar. Nem pode querer. Não há Guardiolas nem Bielsas que prefiram jogar de forma X a ganhar. Simplesmente entendem que a forma X é a que mais vezes os leva ao sucesso regular. Cruyff, mentor do “Dream Team” do Barcelona nos anos 90, disse uma vez “In my teams, the goalie is the first attacker, and the striker the first defender”É neste princípio básico que se sustentarão estes dois artigos.

Johan Cruyff, ao serviço do Barcelona  Fonte: jotdown.es
Johan Cruyff, ao serviço do Barcelona
Fonte: jotdown.es

O Objectivo

Um futebol mais fluído e apoiado é, no fundo, o objectivo da que alguns chamam a linha de pensamento Cruyffista. Para que seja possível atacar melhor, é preciso que todos sejam capazes de atacar. O mesmo raciocínio é aplicado ao processo defensivo. Se todos defenderem, a equipa terá tendência a defender melhor. Pura lógica, correcto? No futebol actual, com as equipas melhor preparadas quer física quer tacticamente, há cada vez menos espaço para conjuntos que funcionam por sectores independentes que separam as funções de ataque e defesa entre si. A Argentina do Mundial de 2014 foi um exemplo claro de uma equipa com um potencial tremendo que, embora tenha alcançado a final, deu sempre a sensação de ficar aquém do possível… devido à estratégia arcaica que o seu treinador montou, em que 6/7 jogadores eram responsáveis pelo momento defensivo e 3/4 pelo momento ofensivo.

Para que este objectivo seja exequível, é obrigatório que todos os jogadores estejam prontos para enfrentar todos os momentos do jogo. Os da organização e transição, quer ofensiva, quer defensiva. Não só é necessário que cada um daqueles que está em campo esteja habilitado a fazer o que lhe é pedido pelo seu treinador, como é altamente aconselhável que os mesmos jogadores entendam aquilo que têm de fazer. Isto é, que entendam o jogo. Se assim for, estarão sempre preparados para encarar mais situações do que aquelas que o treinador lhes conseguiu transmitir no pré-jogo. Um pouco como no provérbio “não dê o peixe, ensine a pescar”, o melhor que o treinador pode fazer não é tentar prever todas as situações do jogo – até porque seria uma tarefa impossível -, mas tentar que os seus jogadores entendam bem as suas ideias, para que saibam reagir correctamente conforme o contexto apresentado.

O que é defender?

“What is defending? In Barcelona we won the CL and 4 Ligas with Koeman and Guardiola as defenders. Now if there are two examples of players who cannot defend its those two. But they did play in the heart of defense. So what is defending? Defending is about space. If I have to defend this whole garden, I’m the worst defender. If I have to defend this small area, I’m the best. It’s all about meters. That’s all.”

Novamente recorrendo aos ensinamentos de Johan Cruyff, entendemos desde logo um princípio básico do que é o melhor defender. A zona. O espaço (veja-se quantas vezes é dito por Pep “espacio” no vídeo abaixo). E a bola, claro. A bola, como primeira referência, indica depois o espaço essencial que deve ser defendido. Se há muitos adversários longe da bola e da baliza, que sentido fará marcá-los? São inofensivos, mas é isso que manda a defesa homem vs homem e que, parecendo que não, ainda tantas equipas seguem. O Barcelona de Guardiola – indicado como referência para quase todos no momento da posse e na forma como atacava -, foi das equipas do último século que melhor defendeu no momento de organização defensiva. Desde logo porque eram poucos esses momentos, mas também porque era exímia em ocupar os espaços sem bola. Em Portugal, nada melhor do que o exemplo de Jesus. O Benfica da época passada foi de longe a equipa que melhor defendeu em Portugal nos últimos largos anos.

Individualmente é, pelas razões anteriormente demonstradas, crucial que mais do que forte, rápido ou agressivo, o defesa seja inteligente para entender quando deve subir, descer, aproximar ou dar espaço quer ao adversário, quer aos colegas. No fundo, que saiba ler o jogo. Claro que as características físicas não deixam de ser relevantes e que, caso seja possível conjugá-las com uma leitura de jogo assinalável, esse seria o cenário perfeito. Mats Hummels é, hoje, o homem que melhor consegue reunir as características que entendo serem necessários ao melhor defesa-central. É que para além do já referido, o alemão é capaz de dar à sua equipa absoluta segurança no primeiro momento de construcção. Secundário? Já não. Se a equipa que representar estiver mais tempo a atacar do que a defender, ele também ataca mais do que defende. Por estas razões é tão comum ver trincos a serem adaptados ao eixo da defesa, tal qual fez Cruyff no seu Dream Team. Javi Martinez, no Bilbao e no Bayern; Mascherano, no Barcelona; Jara, Medel e Silva, no Chile de Sampaoli são apenas alguns exemplos recentes.

Mats Hummels é, sempre de cabela levantada, uma referência para os centrais do futuro Fonte: zimbio.com
Mats Hummels é, sempre de cabela levantada, uma referência para os centrais do futuro
Fonte: zimbio.com

O Princípio do Homem Livre

Embora se trate de um princípio ofensivo do modelo de Guardiola, envolve, antes de quaisquer outros, os defesas. O princípio do homem livre é a forma mais fácil de iniciar (e dar continuidade, depois) à manobra ofensiva da equipa. Requer “apenas” que o portador da bola fixe um adversário, progrida com ela na sua direcção até o atrair e, assim, abra espaços que os seus colegas possam ocupar e, consequentemente, onde possam receber a bola. Ao contrário do modelo habitual, onde os defesas trocam a bola horizontalmente entre si até que o adversário abre um espaço, o princípio do homem livre dá simultaneamente uma verticalidade e uma capacidade de forçar o erro que de outra forma não existe na primeira fase de construcção.  A propósito de passes verticais e horizontais, mais uma vez a opinião de Cruyff é elucidativa e interessante:

“A horizontal pass? Prohibited. In my line-up there are as many lines as possible. Because you must have the option to pass the ball forward, even if it’s a meter. Because then I can still make up for the loss of possession. After a horizontal pass this is impossible. If it goes wrong you lose two players.”

De forma prática, numa situação em que a equipa adversária joga com um avançado apenas (o mais habitual), o central que recebe a bola do guarda-redes atrai o ponta de lança e joga no outro central que, por sua vez, imita o processo até que saia um médio na contenção e, assim, a estrutura contrária se desequilibre. Se o adversário jogar com dois avançados, o trinco é o elemento que cria a superioridade e ajuda na primeira fase de construcção. Este é um princípio simples mas que nem por isso é utilizado por muitas equipas. Quantas vezes viu a sua equipa trocar bola entre centrais e laterais e laterais e centrais e centrais e centrais infinitamente até que um deles recorre ao chutão para a frente? O necessário para que o princípio do homem livre funcione é ter centrais com boa capacidade de decisão, entendimento do jogo e técnica que lhes permita receber, fixar, progredir e soltar de forma segura e laterais que subam no terreno de forma a não trazer mais adversários para dificultar esta primeira fase de construcção e consigam dar largura ao jogo para tornar o campo maior e o corredor central mais despovoado. Outro erro comum é fazer descer o trinco mesmo quando o adversário só joga com um avançado; isso irá criar inferioridade e/ou igualdade desnecessária no meio campo – sector mais importante do campo – e dificultar imenso o seu jogo a partir daí, embora facilite a saída. Se os centrais forem capazes de assegurar a primeira fase de construcção, o trinco não deve descer tanto. No fundo, quem quer atacar bem, tem de ter elementos atrás que saibam atacar bem. É tão simples quanto isto. Quem não os tem, corre sempre o risco de começar a jogada com um passe efectuado em condições adversas, chutões para a frente que tornam aleatório o rumo da jogada ou, pior, perdas de bola em zona proibida.

O princípio do homem livre ilustrado pelo Tactic Zone Fonte: tacticzone.com
O princípio do homem livre ilustrado pelo Tactic Zone
Fonte: tacticzone.com

Olhando para as duplas de centrais dos três grandes portugueses, com Luisão e Jardel, Maurício e Sarr, e Indi e Maicon, estarão os seus treinadores e até as suas estruturas a valorizar os centrais tanto quanto Guardiola ou Cruyff? No próximo artigo o papel dos avançados será o analisado. Até lá…

A striker must realize he’s the first defender. The transition, on every area of the field, must happen as fast as possible. As soon as the goalie of the opponent has the ball, the striker shouldn’t walk away from him, but put pressure immediately.”

Portugal 0 x 1 Albânia: Obviamente, incompetentes!

cab seleçao nacional portugal

Não foi à toa que escolhi uma das mais célebres citações da história nacional (adaptada, naturalmente) para começar a minha análise a uma das mais confrangedoras exibições da seleção nacional. De facto, a palavra incompetente, tantas vezes ouvida nos últimos tempos para caracterizar a seleção das quinas, não podia ser mais adequada em virtude do que Portugal atualmente é. Sem garra, sem determinação, sem alma lusitana, sem nada. Um autêntico nada foi aquilo que a seleção demonstrou hoje em Aveiro – com promessas de renovação em virtude da triste figura feita no Brasil, a derrota por 0-1 esta noite, frente à Albânia, não foi mais do que um novo soco no estômago de todos os crentes que hoje procuravam ver um novo rumo na seleção. Nada mais de errado – no onze inicial, apenas André Gomes destilava de uma equipa titular onde a dita “revolução” não era mais do que ilusória. Do onze habitual no Mundial, entrou Ricardo Costa para o lugar do lesionado B. Alves, entrou William para o lugar de um Miguel Veloso sem ritmo na Ucrânia, e entrou Vieirinha para o lugar do lesionado Cristiano Ronaldo. Tudo o resto fazia parte do elenco habitual desta equipa sem rumo, sem liderança, sem intensidade, sem nada.

Numa primeira parte que mais pareceu um autêntico soporífero para os mais de 20.000 espetadores em Aveiro, apenas as arrancadas de Nani pareciam fazer os portugueses levantar-se das cadeiras. Numa dimensão puramente individualista, vivendo dos rasgos do atual jogador do Sporting, Portugal ia fazendo uma exibição a roçar o medíocre – sem intensidade no meio-campo, sem virtuosidade nas alas, sem agressividade na área adversária. Parecia mau de mais para quem apregoava uma revolução, parecia mentira para quem acreditava que a caminhada rumo ao Euro 2016 ia ter muito menos pedras no caminho. Os remates de Nani aos 13 e 42 minutos e o cabeceamento ao lado de Pepe perto do apito para o intervalo foram apenas alguns fogachos de uma equipa portuguesa que não conseguia, fosse por que meio fosse, romper com a Albânia.

Nani foi o melhor elemento de Portugal Fonte: ZeroZero
Nani foi o melhor elemento de Portugal
Fonte: ZeroZero

No segundo tempo, pouco ou nada mudou. Alterou-se apenas uma das peças, levando Paulo Bento a abdicar de Vieirinha (alguém deu por ele em campo?) para o substituir por Ivan Cavaleiro, um jogador sem espaço no Benfica mas que continua a ser aposta sucessiva de Bento, sem que quase nada o justifique. Perante uma Albânia muito organizada em campo, a fazer uma pressão forte junto dos centrais portugueses e da primeira fase de construção ofensiva da seleção, a equipa portuguesa entrou para a segunda parte como se nem tivesse ido ao balneário, como se nem tivesse ouvido nada da boca do selecionador para mudar o figurino da partida. Quando parecia que a incapacidade ofensiva portuguesa era razão suficiente para desacreditar esta equipa, eis que o Estádio Municipal de Aveiro gelou completamente: aos 52 minutos, Bekim Balaj deu um pontapé no coração da seleção nacional e permitiu à equipa albanesa fazer um tremendo golpe de teatro na cidade aveirense. A partir daí, caro leitor, não é muito difícil adivinhar aquilo que aconteceu – Ricardo Horta e Miguel Veloso foram as restantes opções lançadas do banco, o que, acredite ou não em coincidências, só por si já são reveladoras da curta qualidade que por estes dias Portugal tem.

Sem capacidade de criar desequilíbrios pelo meio, onde William, Moutinho e A. Gomes passavam completamente ao lado do jogo, apenas Nani ia tentando rumar contra uma maré demasiado negra para ser verdadeira. Aos 59 e aos 76, o extremo português, à força e de cabeça, ainda ameaçou o empate, mas foi do estreante Ricardo Horta, aos 69 minutos, a única verdadeira oportunidade de golo, com um remate ao poste da baliza albanesa. 94 minutos depois do apito inicial, a triste realidade da derrota com a Albânia trouxe os lenços brancos a Aveiro, trouxe a contestação a Paulo Bento e trouxe aquilo que todos gostaram tanto de proclamar nos últimos dias: a falta de competência. Dizia Delgado, por alturas do Estado Novo, que era tempo de Salazar sair, se aquele ganhasse as eleições. Por falta de competência, por falta de liderança, esse foi um desafio demasiado grande para a época. Por esta altura, Paulo Bento nem sequer precisa de cair da cadeira para perceber que tem os dias contados.

A Figura

Nani – O extremo do Sporting foi o único elemento capaz de remar contra a maré. Usou e abusou do individualismo mas ainda assim, foi o jogador em destaque durante a partida.

O Fora-de-Jogo

Vieirinha – Alguém viu o extremo em campo? Nunca procurou o jogo, foi sempre lento no 1×1 e por isso não foi de estranhar que Paulo Bento o tivesse retirado ao intervalo.

Dória, a muralha que cresce no Vélodrome

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ligue 1

Matheus Dória Macedo, mais conhecido como Dória, tem 19 anos de idade e é um dos mais promissores centrais da sua geração. O central brasileiro dispensa qualquer tipo de apresentação para qualquer fã de Football Manager. Contudo, no mundo real não é bem assim.

O ex-Botafogo vai defrontar os actuais titulares da seleção brasileira na Ligue 1, um lugar que no futuro pode ser dele. Espero eu que assim seja, que o vejamos a crescer e a chegar ao topo do futebol mundial, pois tem tudo para isso. Dória é um central rápido e com boa impulsão, o que aliado a um bom jogo de cabeça e uma boa capacidade de desarme fazem dele tanto um bom destruidor de jogo como uma ameaça aérea considerável nos lances de bola parada. O que eu espero é que os duelos com jogadores como Zlatan Ibrahimovic e Edison Cavani potenciem as suas qualidades e o levem a superar-se cada vez mais, ano após ano, pois só assim conseguirá segurar um lugar na Europa. O jovem brasileiro também conta com um bom jogo de pés e uma qualidade técnica acima da média quando comparado com jogadores da mesma posição, característica que será apreciada por Bielsa, um treinador que privilegia a construção de jogo desde trás.

Dória é uma promessa brasileira Fonte: Goal.com
Dória é uma das grandes promessas do futebol brasileiro
Fonte: Goal.com

O central registou 75% de passes acertados na época passada no Botafogo. Contudo, tendo em conta a superior qualidade defensiva das equipas da Ligue 1, Dória terá que aprender a conter o seu hábito de realizar passes de longa distância para os avançados, pois a probabilidade de essas tentativas incorrerem em sucesso será significativamente reduzida no campeonato francês. A sua agressividade e o seu remate de longe potente podem também ser importantes armas para contrariar as recentes reticências do seu exigente treinador em relação à sua contratação e encantar uma massa adepta sedenta de títulos.

Dória também terá de amadurecer nos aspectos tácticos e mentais do seu jogo para poder triunfar e assumir-se como uma referência do futebol brasileiro e da Liga Francesa, bem como aumentar a massa muscular para se tornar a muralha que todos vêem em Thiago Silva. Contudo, penso que o facto de ter rumado cedo à Europa, e para um clube que já lançou tantos craques do futebol mundial, foi uma decisão acertada. Com Dória e Marquinhos, também ele a disputar a Ligue 1, a selecção brasileira terá uma grande dupla de centrais no futuro, quiçá melhor do que a dupla David Luiz/Thiago Silva.

A importância do primeiro homem

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opinioesnaomarcamgolos

Apesar de apresentar um futebol de grande qualidade, principalmente no meio campo, este Porto parece deficiente naquilo que é o objectivo de sair a jogar através de passe curto. O modelo de jogo de Lopetegui tem como pedra basilar a manutenção da posse de bola. Mais fácil dizer do que fazer, mas a verdade é que este Porto tem-no conseguido de forma eficaz. No entanto, gostaria de lembrar algumas das características fundamentais relativamente a este estilo de jogo assente na manutenção da bola em sua posse: capacidade de recepção e protecção da bola, passe, visão, rapidez na hora da decisão, e – muito importante – entrosamento entre jogadores. Assim de repente, parece que o Porto está bem apetrechado quanto a estas características – não será, todavia, completamente assim.

No jogo da segunda mão contra o Lille, os primeiros 15 minutos mostraram um Porto dominador e controlador. Foi bonito de se ver mas durou pouco. No futebol é costume dizer-se que uma equipa joga tanto quanto aquilo que a outra deixar – e esse primeiro quarto de hora foi a prova disso mesmo. Disse, na altura, que se o Lille pressionasse mais a saída da bola na nossa defesa, as coisas ficariam mais difíceis. Foi-lhes tão fácil fazer como a mim dizer! A nossa defesa não está assim tão bem preparada para saídas com a bola no pé com os adversários nos nossos calos. Já não temos os pés do Mangala; já não temos a capacidade do Fernando em criar espaços de progressão na defesa-meio campo; mas, acima de tudo, não temos os pés do Helton. E digo “acima de tudo”, porque o modelo que Lopetegui deseja impor obriga a que o guarda-redes tenha um papel muito importante na saída de jogo, a funcionar quase como um líbero. Ora, Helton sabe jogar muito bem com a bola nos pés; já Fabiano não tem essa capacidade, pelo menos ao nível do primeiro passe. Se queremos abrir os laterais e sacudir a pressão dos centrais, mas, ao mesmo tempo, manter o meio campo coeso e pronto para uma progressão bem apoiada, não podemos contar sempre – e só – com a descida de Rúben, Casemiro ou Óliver. Temos de contar – e sobretudo confiar – nos pés do primeiro jogador. Receio que Fabiano não consiga oferecer essa confiança mas espero vir a ser desmentido.

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A zona perfeita para Jackson é a grande área adversária.
Fonte: madeirafutebol.com

Outra coisa que me faz um pouco de confusão é esta grande diferença de opções entre a defesa, o meio campo e o ataque. No último dia de mercado, chegaram Otávio e Campaña, com este último a ser o segundo jogador a ingressar no Porto por empréstimo sem opção de compra. Percebo que para chegar longe em várias competições, a gestão do plantel tenha de ser feita com quantidade e qualidade, mas nota-se uma grande diferença nas opções entre os vários sectores. Assim, temos oito médios que já provaram saber jogar na Europa (Brahimi, Casemiro, Rúben Neves, Evandro, Campaña, Herrera, Óliver e Quintero), mas apenas quatro centrais capazes de dar alguma confiança à defesa, com um deles a insistir em mostrar que pode falhar em momentos decisivos (Reyes). Quanto aos avançados, vejo apenas dois pontas-de-lança (Jackson e Aboubakar) e quatro extremos (Tello, Quaresma, Ricardo e Adrián). Jackson está em grande forma mas sobre o “outro” não fazemos a mínima ideia. Adrián López não tem mostrado grande coisa; Quaresma só joga bem quando se lembra que faz parte de uma equipa; e Tello entra nos últimos minutos para mostrar como se abana a defesa contrária. Fizemos óptimas contratações mas talvez tenhamos exagerado num lado e cortado noutro – espero estar enganado, parte dois.

Por último, nunca estive enganado no que toca ao posicionamento do Jackson e às bolas paradas de Quaresma. O ponta-de-lança recua para apoiar o ataque, buscar jogo, arrastar marcações, mas quando o jogo progride para a zona de finalização não há finalizador. Isso já aconteceu várias vezes, principalmente nos jogos em que o Porto mantinha um incomodativo 0-0. Cheguei a ver cruzamentos para a área feitos pelo próprio Jackson! Não é descabido, de todo, mas deixar que o coveiro transporte o caixão também não faz muito sentido. Quanto ao Quaresma, eu avisei: tanto bateu mal as bolas paradas que agora vêem-se os livres de Brahimi (e ele vai marcar muitos…) e os cantos de Rúben.

O projecto de Lopetegui: a mudança!

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serefalaraporto

Desde meados dos anos noventa que o FC Porto tinha como objectivo a construção de um centro de treinos e de formação desportiva que possibilitasse uma aposta mais séria e eficaz no âmbito da formação portista. Tal Centro (CTFD), localizado em Gaia, haveria de ser inaugurado em 2002, sendo considerado um dos mais modernos da Europa.

A “derradeira” aposta na formação viria a acontecer em 2006, através da criação do “Projecto Visão 611”. Este ambicioso projecto encontrava-se assente em três grandes pilares: “Rendimento, Desenvolvimento e Recrutamento”. Por outras palavras, tinha como principal propósito reestruturar os diferentes escalões do futebol, no espaço temporal 2006-2011, de modo a que 6 jogadores da formação pudessem vir a ser integrados no plantel principal em 2011. No entanto, o ‘Visão 611’ viria a demonstrar-se um fracasso evidente, com o clube a não conseguir potenciar nenhum dos seus jogadores a ponto destes se tornarem uma solução ou alternativa válida para o plantel principal. Pelo contrário, na sua grande maioria, estes jogadores foram emprestados a clubes de menor envergadura, sendo, como é de resto habitual nestas situações, “esquecidos” no mundo do futebol.

Se olharmos atentamente, veremos que, actualmente, as circunstâncias da criação do novo projecto da formação azul e branca são em tudo semelhantes aos motivos que levaram à implementação, no passado, do ‘Projecto Visão 611’.

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‘Projecto Visão 611’
Fonte: newsletters.ipvc.pt

Em 2005, vivia-se um grande período de prosperidade e estabilidade financeira, fruto das conquistas da Taça UEFA e da Liga dos Campeões (2003 e 2004, respetivamente), pelo que aconteceu um grande investimento no plantel – Diego, Luís Fabiano, Seitaridis, Ricardo Quaresma e Hélder Postiga (regressado de uma má experiência em Inglaterra) são alguns dos nomes que reforçaram o FC Porto nessa temporada. No entanto, apesar do plantel de qualidade, o FC Porto mudou, nessa época, três vezes de treinador – Del Neri, Victor Fernández e José Couceiro. O ano de 2005 revelou-se então um ano de poucas conquistas, destacando-se a Taça Intercontinental. Na temporada seguinte, com a chegada de Co Adriaanse ao comando da equipa azul e branca e de mais reforços de qualidade – Lucho Gonzalez, Lisandro Lopez, Pepe e o “novo Ronaldinho”, Anderson -, o FC Porto haveria de vencer o campeonato; porém, obteve um dos piores resultados na Liga dos Campeões, terminando em 4º lugar na fase de grupos (campanha que incluiu uma derrota por 2-3 contra o Artmedia, de Bratislava). O desfecho deste conjunto de “infelizes” resultados para o clube levou à criação do ‘Projecto Visão 611’.

Mais recentemente, o FC Porto tem feito uma aposta contínua em treinadores portugueses; todavia, estes entram no clube com uma “lápide pouco afiada”, no que concerne à experiência no contexto dos “grandes” do futebol. Ainda que em 2011 se tenha assistido a um ano de ouro para o clube, com a conquista de todas as competições em que estava inserido, a partir dessa data foi sempre “a descer”. Vítor Pereira, apesar de ter conquistado o campeonato, não se conseguiu afirmar, quer nas competições europeias, quer nas restantes competições nacionais. Depois disso, na época passada, com a breve passagem de Paulo Fonseca (que acabou por sair a meio da época, facto que já não sucedia desde 2005), o FC Porto terminou o campeonato a treze pontos do campeão. Por conseguinte, é notória, à semelhança do que sucedeu no passado, a urgência de uma mudança! Uma mudança que garanta que o FC Porto volte a triunfar nas competições nacionais e europeias e que não seja uma réplica do ‘Projecto Visão 611’!

Com a chegada de Juan Pabro Sanz para o comando da formação portista, o FC Porto procura uma nova abordagem nos diferentes escalões da sua formação, apostando num processo inovador, que visa incutir em todas as idades o mesmo método técnico e táctico, permitindo que mais facilmente prodígios, como Ruben Neves, possam transitar para a equipa principal. A mudança!

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Antigo Estádio da Constituição, hoje ‘Vitalis Park’
Fonte: maisfutebol.iol.pt

No entanto, existem ainda outros aspetos a modificar. Interroguemo-nos sobre a necessidade de gastar fundos na compra de um jogador brasileiro para a equipa principal, quando clubes internacionais prestigiados procuram os jogadores da nossa formação! Para que um jogador se desenvolva técnica e tacticamente é necessário que o clube lhe dê uma oportunidade, por forma a que este possa demonstrar as suas capacidades. Se temos os nossos “canteranos” – em quem investimos durante anos – porquê substitui-los por outros jogadores? A primeira mudança tem obrigatoriamente de vir de dentro! Lopetegui tem demonstrado uma especial preocupação com a aposta na formação azul e branca, e quem sabe se não teremos jovens portistas a bater recordes na Liga dos Campeões todos os anos!

Outro aspeto de interesse é a quantidade de jogadores estrangeiros que o FC Porto tem integrado na equipa B – 13 em 30 jogadores, sendo que, do onze inicial, 5 são, precisamente, não nacionais. Será que o investimento nestes jogadores é compensado em qualidade, gerando a expectativa de poderem vir a ser integrados na equipa A? Se olharmos o panorama geral, também estes acabam por não ter sucesso!

Só o futuro dirá se o “Projecto de Lopetegui” germinou e deu frutos, podendo então fazer uma comparação justa com o passado! Certo é que seja no futebol, na política ou na história, sempre que se perde uma grande batalha, é necessária uma mudança para que se possam ultrapassar os obstáculos! Vamos acreditar que, nesta mudança, o clube vai sair vitorioso, preservando o seu nome e conseguindo superar as barreiras! Se já temos o segundo estádio mais temido do mundo, por que não elevar o clube a esse mesmo patamar?! Somos Porto!

Uma questão (de) central

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paixaovermelha

Nas últimas semanas de mercado, um pouco por toda a blogosfera futebolística, era unânime entre a crítica que o Benfica necessitava de reforçar o meio-campo (ainda mais depois da lesão de Rúben Amorim) e, também, o setor ofensivo. Se para o centro do terreno a direção benfiquista ofereceu, a Jorge Jesus, o grego Samaris e o italiano Cristante, para a frente de terreno não chegou nenhum avançado (o que não deixa de causar perplexo, uma vez que dispuseram de cerca de seis meses para encontrar o substituto de Rodrigo). Sabendo da importância que o segundo-avançado – ou 9,5, como Jesus lhe titulou – no esquema tático encarnado, não estranhei o aviso que o treinador português deixou à direção, há poucas semanas, sobre a “necessidade” de contratar um jogador à imagem de Rodrigo ou, até, de Saviola. Esta é uma falha que apenas com o avançar das competições se irá revelar fulcral ou não.

Porém, há uma outra falha no plantel do Benfica, que, curiosamente, foi pouco abordada durante a “silly season”: a questão dos centrais. Mais do que falar dos (baixos) valores da venda de Garay, importava perceber como iria Jorge Jesus colmatar a saída do titularíssimo internacional argentino. Jardel, César, ou Lisandro Lopez? A resposta foi dada nos quatro jogos oficiais realizados até ao momento: Jardel.

A iniciar a sua quinta temporada na Luz, Jardel foi o substituto de Garay e/ou Luisão em 88 partidas (77 como titular e 11 como suplente utilizado). Com o central brasileiro em campo, o Benfica tem uma percentagem de vitórias de 67% (59 vitórias, 18 empates e 11 derrotas), com um “goal-average” de 171-64. Os números servem para evidenciar a prestação do central na equipa mas não explicam o porquê da aposta a titular, por parte de Jorge Jesus, num jogador que sempre foi visto como suplente. A razão é simples e prende-se, obviamente, com questões táticas. César, é um jogar acabado de chegar da Série B do Campeonato Brasileiro. Se isso não fosse suficiente para causar dúvidas, os jogos realizados na Taça de Honra e na Emirates Cup confirmaram que está longe de ser uma aposta para o presente.

A disponibilidade física é uma das armas de Jardel Fonte: UEFA
A disponibilidade física é uma das armas de Jardel
Fonte: UEFA

O caso de Lisandro é diferente. É um jogador com características interessantes… para o lugar de Luisão. Aliás, na altura da sua contratação, muito se falou da possibilidade do argentino vir substituir o capitão do Benfica. Parece-me o mais lógico. Do pouco que vi de Lisandro (lento e a pouco ágil), rapidamente percebi que uma dupla Lisandro-Luisão seria excelente… para os adversários.

Jardel é, portanto, a escolha natural. Não só pelo que referi acima mas principalmente pela cultura tática que o brasileiro já possui sobre equipas de Jorge Jesus. A defesa em profundidade, a marcação, o pressing, a reorganização defensiva em transição, as dobras, enfim, o comportamento de jogo do Benfica no momento defensivo é um livro sem segredos para Jardel.

O único grande e grave problema do defesa brasileiro relaciona-se com o foro técnico: tanto a nível defensivo como no transporte de bola (algo que Garay fazia com distinção e segurança). Aí, sim, é um jogador com claras limitações – esse defeito já por diversas vezes colocou o Benfica em situações de perigo. Continuo a achar Jardel curto, em termos de qualidade, para se afirmar como titular do Benfica. Mas, no fundo, perante todas as evidências, Jardel acaba por ser um mal menor na defesa do Benfica – pelo menos enquanto tiver Luisão como parceiro.

Sem desculpa para falhar… o Campeonato!

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atodososdesportistas

Com o rufar dos tambores que anunciava o encerramento do mercado de transferências, os adeptos do Futebol Clube do Porto puderam suspirar de alívio, por não verem uma incursão de última hora de nenhum clube por Jackson, Danilo, Alex Sandro ou Herrera. Mas suspiraram igualmente por não verem chegar aos rivais (principalmente ao Benfica, que era o clube que mais necessitava) um jogador de topo, um avançado de 20 golos ou um central que garantisse não deixar fugir pontos (estilo Garay ou Rojo). Todavia, isto trouxe também uma maior responsabilidade ao reino do Dragão: não temos desculpa se não formos campeões!

Analisando os onze-base dos três grandes do futebol português, creio que é uma questão de senso comum afirmar que a equipa do norte tem mais qualidade, mais opções e mais dinâmicas de jogo do que os seus rivais de Lisboa. É o conjunto que melhor defende, que melhor troca bola e que melhor decide qual o melhor momento do jogo para pressionar ou esperar pelo adversário. Peca ainda na desafinação no momento de fazer o último passe para finalização (algo natural numa equipa toda renovada), isto é, às vezes parece que a equipa quer entrar dentro da baliza com a bola… Não pense o leitor que com isto estou a desvalorizar o Benfica ou o Sporting, nada disso: as águias só podem melhorar com a inclusão de Júlio Cesar e Sílvio, tendo ainda Cristante (que sinceramente não conheço, mas de quem se espera muito), sendo que me parece evidente a falta de um ‘homem de área’; já os leões mantiveram a estrutura da época passada, aguentaram William e Slimani (os dois maiores reforços do defeso) mas a defesa tem transparecido alguma ‘tremideira’ quando pressionada (Sarr tem potencial mas não é, de todo, Rojo).

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“Eu fico”, afirmou Jackson, para descanso do universo portista
Fonte: madeirafutebol.com

É por tudo isto que acho que o FC Porto está mais capaz de lutar pelo título, e tem de o assumir! Manter a matriz de jogo até então demonstrada, incluir Aboubakar e Otávio aos poucos para assimilarem processos de jogo e ser mais assertivo na hora de fazer o último passe é fundamental para que realmente esta equipa trilhe o caminho do sucesso. Não será um campeonato ganho “a passear”, por certo… E por isso espero ver estes (maioritariamente) jovens jogadores a saberem o que é ser Dragão, o que é sentir a responsabilidade de representar um clube, em termos de vitórias recentes, a anos-luz dos outros.

Ao dizer isto, devo também confessar que não estou igualmente confiante numa grande campanha europeia (espero estar enganado!), uma vez que a pressão da liga milionária pode trazer problemas a certos jogadores preponderantes mas ainda jovens e inexperientes nestas andanças (Fabiano, Indi, Neves, Brahimi ou Óliver).

O optimismo é algo de que sempre fui partidário, mas o realismo também… E temos de estar precavidos para tudo, caros portistas! Devemos saber que o nosso primeiro e real objectivo é voltar a conquistar o ceptro que nos pertenceu meritória e maioritariamente nos últimos longos anos: o de campeão nacional! Tudo o que vier a mais será, portanto, muito bem-vindo (Champions, Taça de Portugal ou até mesmo a Taça da Liga)!

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Neste inicio de temporada, Maicon tem estado em plano de destaque
Fonte: campeoesfcporto.blogspot.com

Por último, devo também deixar aqui o meu mea culpa em relação às críticas que teci a Maicon num texto anterior. Parece que o central brasileiro leu o que escrevi e ganhou uma maturidade que até então não demonstrava. Tem sido um jogador de 90 minutos sem falhas de concentração, tem evitado protagonizar os passes longos que tanto o caracterizavam (pela negativa) e está a ser uma autêntica “torre de menagem” no castelo defensivo dos azuis-e-brancos, com Indi a ser um soldado de primeira linha, e tanto Alex Sandro como Danilo a tomarem conta das travessias entre defesa-ataque, sendo que a baliza, à guarda do Rei Fabiano (sim, admito o exagero nesta parte da analogia), tem sido um autêntico túmulo impenetrável, que assim espero que continue!

Arturo Vidal, o Box-to-Box Perfeito!

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Se Andrea Pirlo é o arquitecto daquele meio-campo fenomenal da Juventus, Arturo Vidal é o motor do mesmo. Compilando notáveis atributos de construção e destruição de jogo, Vidal é, tal como ele próprio disse – e bem -, o melhor box-to-box do futebol mundial. Arturo confere uma intensidade e uma dimensão física ao jogo, minuto após minuto, que o fazem parecer inesgotável, oferecendo à vechhia signora uma área de actuação quase total no campo.

Heatmap de Arturo Vidal na vitória da Juventus por 3-1 sobre o Inter em Fevereiro. Fonte: Goal.com
Heatmap de Arturo Vidal na vitória da Juventus por 3-1 sobre o Inter em Fevereiro.
Fonte: Goal.com

Vidal tem grande importância na manobra defensiva da sua equipa. Aliando uma força e uma resistência tremendas a uma capacidade de desarme muito apurada e a uma “raça” notável, Arturo torna-se um dos principais obstáculos pelos quais os adversários têm de passar. As estatísticas do chileno demonstram perfeitamente isso, pois ao longo da época passada o chileno completou 96 desarmes e alcançou 39 intercepções. Se Vidal fosse forte apenas nessa vertente já seria um jogador incrível e desejável para muitos treinadores; no entanto, combina uma preponderância elevada na manobra defensiva da vechia signora com uma igual ou ainda superior na manobra ofensiva. Essa preponderância advém de ser um excelente distribuidor e transportador de jogo, e ainda um bom finalizador.

O 23 da Juventus possui uma excelente capacidade de passe, uma técnica individual e um primeiro toque de elevado nível e ainda boa finalização com ambos os pés. Assim, é frequente vermos Vidal em tarefas de transporte de bola, a realizar brilhantes passes de rotura, fruto de uma visão de jogo fantástica e a aparecer à entrada da área para explorar o seu excelente remate. Mais uma vez, os números de Arturo atestam os seus atributos: o chileno criou 47 oportunidades de golo, completou 1229 de um total de 1469 passes executados, apresentou uma média de 81% de passes certos a longa distância e marcou ainda 11 golos na época passada. Por tudo isto, na minha opinião, Vidal não só é o melhor box-to-box do campeonato italiano, mas de todo o mundo. Vidal trata a bola de forma bela e é monstruoso a recuperá-la, e isso faz dele o melhor de entre os melhores.

O impossível só existe para quem nunca tentou

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cab futebol feminino

O sorteio efectuado em Nyon ditou que o Atlético Ouriense irá defrontar o Fortuna Hjorring, da Dinamarca, nos dezasseis avos. A tarefa não se revela fácil: esta equipa encontra-se no quinto lugar do ranking, é presença assídua nesta fase da Liga dos Campeões (sendo até finalista vencida em 2003 aquando da versão anterior da competição) e foi três vezes campeã do seu país nos últimos seis anos.

É certo que as estatísticas se encontram do lado das dinamarquesas e que, sem qualquer dúvida, ficaram agradadas por ter de disputar a presença nos oitavos-de-final com uma equipa estreante na competição. Ainda assim, a bola é redonda, e no futebol tudo pode acontecer. O favoritismo atribuído ao conjunto dinamarquês pode até ser benéfico para o Ouriense, na medida em que uma abordagem mais descontraída por parte das jogadoras do país nórdico pode ser aproveitada pelas atletas portuguesas. Desta forma, penso que o Ouriense poderá fazer uso do factor surpresa para tentar superar a experiência do seu adversário e conseguir alcançar mais um feito para Portugal.

Será que o Atlético Ouriense vai continuar a fazer história? Fonte: Uefa.com
Será que o Atlético Ouriense vai continuar a fazer história?
Fonte: UEFA.com

Os jogos realizar-se-ão em Outubro, sendo que a primeira mão será disputada no dia 8 ou 9, enquanto a segunda mão da eliminatória está marcada para dia 15 ou 16.

A equipa que conseguir superar esta fase poderá defrontar, nos oitavos-de-final, o Ryazan VDV (Rússia) ou o Rosengard (Suécia), onde actua Marta, a super estrela do futebol feminino.

Dragão na Champions: o que esperar?

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serefalaraporto

Com a vitória frente ao Lille, o FC Porto garantiu a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões! Esta conquista permitiu ao conjunto portista tornar-se num dos clubes recordistas no que ao número de presenças na prova diz respeito – agora 19 – juntando-se a Real Madrid, Barcelona e Manchester United. Cumpriu-se assim um objectivo de toda a nação portista e, naturalmente, de Lopetegui, vincando o desejo de conseguir em 2 jogos o que não foi alcançado na época transacta de forma directa – a 19ª presença!

No que concerne ao sorteio da Liga dos Campeões, o FC Porto acabou por ser feliz, tendo-lhe calhado em sorte o Shakhtar Donetsk, do pote 2, o Atlhetic de Bilbao, do pote 3 e o Bate Borisov, do pote 4.

Após a desastrosa época passada, o Porto iniciou a nova época a vencer em todas as frentes, e a entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões é apenas uma das primeiras conquistas que poderão surgir! Enquanto cabeça de cartaz e depois do vasto investimento feito no plantel, o FC Porto torna-se assim o favorito para assumir a liderança do grupo H!

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Equipa do Shakhtar Donetsk
Fonte: altavoz.pe

Assim, fazendo uma breve análise aos adversários dos portistas, o primeiro encontro será com o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. Sumariamente, esta equipa não é desconhecida para o clube português – FC Porto e Shakhtar já se defrontaram por 4 vezes para as competições europeias, nos últimos anos, logrando o Dragão 3 vitórias, 1 empate e zero derrotas. Ainda que os resultados sejam animadores, os ucranianos são uma equipa que não deve ser menosprezada, sendo o seu ponto forte os jogos em casa devido ao grande apoio dos seus adeptos. Porém, tal adversidade será, este ano, atenuada, em face do conflito existente actualmente entre a Ucrânia e a Rússia, e que levará a que as equipas ucranianas tenham de atuar fora do seu país nas competições europeias. Relativamente ao seu plantel, sobressai o facto de 12 dos seus jogadores serem de nacionalidade brasileira, sendo as suas principais estrelas Ismaily – um velho conhecido dos portugueses (jogou no Olhanense e Braga) –, Srna – um croata com uma larga experiência internacional – e a tal franja de brasileiros, composta por Douglas Costa, Alex Teixeira, Taison, Bernard e Luís Adriano. Para além destes, o clube da cidade de Donetsk conta ainda com a presença do central Rakitskiy, do guarda-redes Pyatov e do médio Stepanenko, todos eles presenças assíduas na seleção Ucraniana. Para encerrar o capítulo dedicado ao Shakhtar, resta acrescentar que o Porto beneficia ainda da vantagem deste encontro, no leste da Europa, estar agendado para o inicio do Outono (30 de Setembro), evitando assim aquele que poderia ser um grande obstáculo – as baixas temperaturas. O Shakhtar, por sua vez, deslocar-se-á a terras lusitanas um mês depois, devendo ser este duplo confronto com os ucranianos crucial para a qualificação do FC Porto.

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Equipa do Athletic de Bilbao
Fonte: weltfussball.de

O adversário de maior grau de dificuldade para o FC Porto será, talvez, o Athletic de Bilbao. Lopetegui irá regressar à sua terra natal e terá que trazer consigo mais do que recordações para que o clube saia vitorioso deste encontro. À semelhança do que acontece com o Shakhtar, o Bilbao é também um clube muito forte a jogar em casa. No que diz respeito ao ‘score’ de encontros com equipas espanholas, o Porto parte em desvantagem, com um total de 25 derrotas, 6 empates e 14 vitórias. O histórico de jogos diante do Athletic limita-se a uma eliminatória, tendo o conjunto basco sido o primeiro adversário da história do FC Porto na Liga dos Campeões. Este clube conta ainda com a particularidade de 96% dos elementos do seu plantel serem naturais do País Basco (política estabelecida pelo clube), destacando-se, na defesa, Iraloa, San José, Laporte, Aurtenetxe; no meio campo, Marcos, Iturraspe, Etxebarria; e no ataque, Ibai Gomez, Aduriz e o “bola de ouro” da equipa, o jovem Muniain. O FC Porto recebe o Athletic de Bilbao a 21 de Outubro e, duas semanas depois, desloca-se ao San Mamés – estes jogos, situados na 3ª e 4ª jornadas, poderão, eventualmente, começar a definir os lugares de qualificação.

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Equipa do BATE Borisov
Fonte: planotatico.com

Os últimos são os primeiros! O BATE Borisov foi a última equipa ‘a cair’ no grupo H e, no entanto, será o adversário do jogo de estreia do FC Porto na Liga milionária. Atual e único campeão nacional neste grupo, é desconhecido para a maioria dos clubes europeus e é também a primeira vez que defronta o FC Porto. Portanto, será a imprevisibilidade o seu fator-chave, dado que é pouco conhecido técnica e taticamente. Poderá ou não ser uma surpresa na Liga dos Campeões – e, por isso, tal como em relação a outros conjuntos, sempre se especulará em torno do seu rendimento. Sabe-se, porém, que a ida à Bielorrússia está marcada para 25 de novembro e que, desta vez, o Porto só por milagre evitará as baixas temperaturas.

 

Por último, e tudo somado, o FC Porto tem grandes possibilidades de se qualificar em primeiro lugar no grupo H, sobrando para Shakhtar Donetsk e Athletic de Bilbao a disputa do outro lugar de qualificação para os oitavos de final da maior prova de futebol da Europa. Nos jogos no Dragão, o FC Porto deverá mostrar o seu favoritismo; nos jogos fora, talvez o confronto mais complicado seja aquele em Bilbao. Porém, na Liga dos Campeões, não existem jogos fáceis, e, portanto, o FC Porto terá de dar o seu melhor para passar à fase seguinte. Esperemos que os Dragões consigam uma boa prestação, ao nível dos maiores feitos do clube, e que consigam elevar mais uma vez o nome do futebol português.