Pete Sampras, André Agassi, Pat Cash e Ivan Lendl juntaram-se no dia 3 de Março para comemorar o Dia Mundial do Ténis. É incrível ver como todos estes anos depois de terem abandonado o ténis a magia ainda está toda lá.
André Agassi, que há uns tempos atrás lançou um livro polémico acerca da sua carreira e de como foi feliz e infeliz em certos momentos a jogar ténis, colocou no passado dia 3 de Março em campo tudo aquilo que é a sua magia.
E o serviço de Pete Sampras. Sim, o serviço que é a imagem do ATP é o de Pete Sampras, aquele que no dia 3 ainda arrancou uns bons pares de ases a Agassi. Esta é a magia do ténis e o dia 3 de Março de 2014 exemplificou-a da melhor forma.
Ao todo estavam 22 títulos do Grand Slam em campo, só nesse encontro. Há melhor promoção do ténis que isto? Aposta ganha da ITF ao promover este Dia Mundial do Ténis, e porque pelo mundo tem promovido diversas iniciativas, muitas delas simbólicas, de clubes espalhados pelas pequenas cidades deste mundo – mas que nos fazem a nós, adeptos do ténis, relembrar a magia deste desporto.
André Agassi acabou por vencer Pete Sampras por 6/3 e 7/6 com 7-1 no tie-break. No histórico de confrontos oficiais, Sampras tem mais seis vitórias do que Agassi. A história ficou um bocadinho mais equilibrada e os fãs ficaram a ganhar.
Pete Sampras e André Agassi Fonte: Dailymail
No entanto, não foram só Pete Sampras e André Agassi que se defrontaram na noite de 3 de Março em Londres. Pat Cash e Ivan Lendl também jogaram um set de exibição, com Cash a vencer por 8/6. Ivan Lendl, para além de ser detentor de oito títulos do Grand Slam, é também treinador de Andy Murray, que participou também nesta iniciativa.
Um pouco por todo o mundo, multiplicaram-se as iniciativas pelo Dia Mundial do Ténis, em mais uma demonstração clara do quão apaixonante se torna este desporto na vida de cada um.
Nem sempre é fácil conseguir fazer os outros gostar de ténis, admito. Ao início a bola passa mais tempo no chão do que a passar de um lado para o outro da rede, mas quem não gosta da sensação de um belo winner e de cerrar o punho e festejar a vitória? A magia do ténis é que dependemos só de nós e da nossa capacidade, não só técnica, mas muitas vezes física e psicológica para alcançar resultados, para as grandes conquistas e para a mais dura das derrotas.
Nem sempre é fácil passar fins-de-semana em torneios, de manhã à noite, e gastar rios de dinheiro em material e inscrições, para às vezes chegar lá e em pouco mais de uma hora sair derrotado por 6/0 e 6/0. A magia é sair, chorar cinco minutos e querer voltar lá dentro para servir, bater uma direita cruzada, conquistar o ponto, cerrar o punho, levar a mão ao bolso, pegar numa nova bola e querer repetir a cena!
Nota: O Dia Mundial do Ténis comemora-se a 4 de Março, no entanto estas iniciativas foram levadas a cabo no dia 3.
Cá estou eu, acordado depois de mais uma noite, para voltar a desabafar convosco, caros leitores deste magnífico site desportivo. Porém, encontro-me sobressaltado, em pânico, com suores frios, às voltas pela casa. E isto porquê? Porque acabei de ter um pesadelo. Um pesadelo horrível, um pesadelo abominável! E que pesadelo foi esse? Pois bem, este momento lamentável (que durou duas horas!) e que me retirou anos de vida fez-me recuar até ao dia 6 de Maio de 2013.
E que dia foi esse? Bem, foi o dia do Benfica – Estoril, a contar para a 28ª jornada da Liga Zon Sagres 2012/2013, uma segunda-feira. Antepenúltima ronda do campeonato, Benfica isolado na primeira posição da tabela, cenário de sonho na catedral, bancadas repletas. Eu ali, às 20 horas, num café em Sete Rios apinhado de adeptos benfiquistas, acompanhado de um cachecol e de uma camisola berrante, completamente compenetrado nesta partida. O clima estava excelente para a prática do futebol, típico final de tarde primaveril. Sentia-se uma grande euforia benfiquista.
A bola começou a rolar; o Benfica entrou muito forte, ficando logo a adivinhar-se um golo para o maior de Portugal. O número de oportunidades de golo desperdiçadas por Lima, nos primeiros minutos, logo me fez agredir brutalmente a mesa que estava à minha frente. Mas pronto, ainda estávamos no madrugar da partida, havia muito para jogar; aquela vitória, e consequente título praticamente garantido, não poderiam fugir. Contudo, sensivelmente a partir da meia-hora da primeira parte, o Estoril começou a assustar o último reduto do Benfica, com excelentes jogadas. De uma postura feliz e excitada por aquilo a que estava a assistir via tv passei a ter uma postura apreensiva, um pouco mais moderada.
O intervalo chegou, mantinha-se o nulo, estava tudo em aberto, mas mesmo assim nem sequer me passava pela cabeça que pudesse ocorrer alguma hecatombe.
Minuto 58, momento de terror supremo, golo de Jefferson Fonte: Record
A segunda parte começou; o Benfica não entrou com aquela acutilância esperada, o ambiente no Estádio da Luz tornou-se progressivamente mais pesado. Até que aos 58 minutos, surgiu o momento que me fez gritar de raiva, explodir de fúria, vociferar até mais não!!! Jefferson, o tal homem que está a fazer uma bonita temporada em Alvalade, gelou a Luz, com um golo de livre directo que contou com a grande colaboração de Artur Moraes, guarda-redes que já na altura se encontrava num péssimo momento de forma.
E do nada, ali estava eu, completamente empedernido, sem reacção. Num jogo em que a vitória era imprescindível, o Benfica estava à beira do colapso, sem chama, a perder em casa frente a um Estoril-Praia de valor, excelentemente orientado por Marco Silva, mas que, com todo o respeito, não podia roubar pontos ao Benfica na Luz, numa partida tão importante!
Contudo, aos 68 minutos Maxi Pereira restabeleceu a igualdade, colocando a catedral ao rubro. Ainda havia muito tempo para jogar e a esperança reacendia-se. Só que, quando nada o fazia esperar, Carlos Martins (sim, esse mesmo atleta que agora alinha pela equipa B do Benfica), numa atitude disparatada, viu o segundo cartão amarelo, recebendo a consequente expulsão. A partir daí, os últimos minutos de jogo foram um suplício, com o Estoril perto de chegar à vitória. E eu ali, naquele café, não dizendo uma única palavra, apenas abanando a cabeça, como que pressentindo o pior.
Só que o desgraçado deste pesadelo ainda quis levar-me mais ao desespero, recordando-me assim a forma como voltei para casa, completamente devastado, com vontade de me esconder do resto do Universo. E depois, pronto…seguiu-se aquilo que se sabe (vá lá, o pesadelo terminou aquando da minha entrada em casa, nesse 6 de Maio de 2013).
Já recomposto deste episódio cruel, afirmo agora que tenho total confiança no meu Benfica – mas claro, estando ciente das dificuldades que o Estoril irá causar no Estádio da Luz, no próximo domingo. Por isso, Sport Lisboa e Benfica, apruma-te! Seja com fato de gala, seja com fato-macaco, seja como quiserem! Jogadores do Benfica, treinador do Benfica, médicos do Benfica, roupeiro do Benfica, psicólogo do Benfica: ganhem-me este jogo! Depois daquilo que se passou nas duas últimas temporadas, só acredito num Benfica campeão quando me aperceber de que estão milhares e milhares de adeptos eufóricos, festejando o título. Pés bem assentes na terra, nada de euforias, e nada de excessos de confiança, que resultaram, por exemplo, numa segunda parte muito fraca, no desafio disputado frente ao Belenenses, no último domingo.
Ah, e já agora, gostava de pedir uma coisinha: se pudesse ser, dava para sonhar com o Benfica vs Rio Ave, da 30 ª jornada do campeonato 2009/2010? É que pronto, sempre sofria menos, sempre gritava menos, sempre me alegrava mais, e sempre evitava uma ida para um hospital psiquiátrico, num colete-de-forças, que é precisamente o que me está a acontecer agora.
Vai-te, Satanás, que é como quem diz…Estoril-Praia!
5 de março de 2014 será com certeza um dia relembrado pelos portistas durante os próximos tempos. Afinal de contas, o desejo de muitos realizou-se. Perto das 12h30, era comunicado à CMVM a saída de Paulo Fonseca enquanto treinador do FC Porto. Para muitos, finalmente chegou ao fim o pesadelo de ver Fonseca no comando dos portistas. Para tantos outros, nos quais eu me incluo, a saída do ex-treinador do Paços de Ferreira só veio resolver parte do problema instalado nas hostes azuis e brancas.
Confesso que antes do início da pré-época, quando Paulo Fonseca foi apresentado como novo treinador do FC Porto, soltei um sorriso. E acredito que agora que Fonseca já não estará no banco no domingo frente ao Arouca posso deixar-lhe estas palavras para a posteridade. O meu sorriso naquele momento simbolizou o pensamento que tive ao saber que o treinador revelação do campeonato, ao alcançar um impensável terceiro lugar no Paços de Ferreira, iria treinar o tri-campeão nacional. Depois dos dois anos de Vítor Pereira – que culminaram ao minuto 92 com o remate de Kelvin no Dragão – considerei que Fonseca era o homem certo no sítio certo porque parecia um treinador cheio de competências, o que fazia com que a chegada a uma equipa grande parecesse natural para si.
Durante a pré-época, os resultados e as exibições iam agradando aos adeptos, que em cafés e tertúlias iam debatendo aquela que era a grande novidade apresentada por Fonseca: o duplo pivô. Confesso-lhe que não sou um “catedrático” da tática, mas depois de cada jogo gosto de analisar como as equipas se comportaram dentro de campo, destacando principalmente o papel dos verdadeiros artistas, os jogadores, dentro daquilo que é modelo da equipa.
Por essa razão, a questão do duplo pivô foi sempre uma temática que me acompanhou na análise a este FC Porto de Fonseca, uma equipa necessariamente diferente com esta alteração no meio-campo. Com a saída de João Moutinho para o AS Mónaco no final da temporada, penso que é justo dizer que o “coração” do tri-campeonato abandonou o Dragão. Bem sei que jogadores como Hulk, James e Falcao foram determinantes na conquista do tri-campeonato, mas, para mim, que dou importância a bem mais do que os golos num jogo de futebol, sempre tive a ideia de que o FC Porto tinha deixado sair a sua pedra mais preciosa para o clube monegasco. Já sei que o mercado não dá tréguas quanto aos grandes jogadores, mas o futuro desportivo portista depois daquela saída parecia prever um caminho difícil de percorrer por quem quer que fosse o técnico que tivesse que pegar num FC Porto “sem coração”.
João Moutinho era o “coração” da equipa Fonte: Mirror
Paulo Fonseca foi incumbido de resolver um problema que não criou. Chegaram Herrera, Josué, Quintero e Carlos Eduardo, mantiveram-se Defour, Lucho e Fernando, e perto do início da época André Castro foi emprestado. Com tantas alterações, questionava-se a capacidade do FC Porto de Fonseca para ser dominador como sempre foi, e principalmente de ser vencedor como tem sido. A questão era pertinente, o caminho parecia difícil e a solução para o problema parecia complexa. Com a implementação do duplo pivô, Paulo Fonseca acabou por apresentar um 4-2-3-1 “à moda do Paços de Ferreira” num FC Porto que, a julgar pelos primeiros ensaios da época, parecia estar à altura do novo desafio tático.
A vitória clara na Supertaça frente ao Vitória de Guimarães e os 19 pontos em 21 possíveis alcançados nas primeiras 7 jornadas do campeonato, que davam 5 pontos de avanço para os mais diretos rivais na Liga Portuguesa, faziam de Paulo Fonseca um fenómeno de sucesso nos azuis e brancos pela audácia que parecia estar a ter à frente de um clube vencedor por natureza. As derrotas caseiras na Liga dos Campeões frente a Zenit e Atlético de Madrid, que acabaram por hipotecar a campanha europeia na maior prova de clubes da UEFA, pareciam apenas areia numa engrenagem que para consumo interno parecia chegar e sobrar.
Caro leitor, acredito que já não se lembrasse de alguns destes pormenores do percurso de Fonseca. Bem sei que o futebol é o momento, e por isso muitas das vezes a memória é muito curta e seletiva. No caso de Paulo Fonseca, apenas os últimos assobios e más exibições parecem vir à memória de comentadores e adeptos. Como pretendo sempre ser justo, pareceu-me correto recordar o princípio deste caminho que terminou ontem.
Depois de três meses de sucessos a nível interno e de boas exibições a nível europeu, a 2 de novembro de 2013, o empate no Restelo foi o princípio do fim para Fonseca. O 1-1 insuficiente frente ao Belenenses, assim como o empate que se seguiu em casa com o Nacional e a derrota em Coimbra, fez despoletar o primeiro foco de tensão para o técnico. Os assobios e a “espera” feita pelos adeptos portistas ao autocarro onde vinha a equipa depois do desaire na cidade dos estudantes fez Fonseca render-se pela primeira vez. Ao que constou, aquela derrota em Coimbra foi o mote para o primeiro pedido de demissão de Fonseca. A partir daqueles três resultados negativos na Liga, o FC Porto havia cedido a liderança do campeonato, enquanto a Liga dos Campeões estava perdida com os empates com o Zenit, na Rússia, e com o Áustria de Viena, em casa.
A campanha europeia do FC Porto foi desastrosa Fonte: MSN
Com apenas 1 ponto conquistado em 3 jogos disputados no Estádio do Dragão na Liga dos Campeões e com o segundo lugar no campeonato, a tensão atingiu o segundo ponto máximo após a derrota, no início de Janeiro, no Estádio da Luz perante o Benfica. A má exibição e, sobretudo, a incapacidade da equipa para demonstrar a fibra de campeão faziam de Fonseca, ao olhar do comum adepto, o principal responsável pela inconstância e pela falta de ideias dos portistas em campo. No início da segunda volta, a derrota por 1-0 no Estádio dos Barreiros originou a terceira derrota na época para o FC Porto, algo impensável até ao fim de Outubro, principalmente porque durante as três épocas anteriores os portistas apenas haviam perdido apenas um jogo no campeonato.
Por entre os maus resultados e as exibições inconstantes, saltava à vista a incapacidade de se ter uma equipa sólida em campo. A cada Domingo que passava, era quase impossível antever o onze titular do FC Porto, tantas eram as alterações jogo após jogo. Ou era Otamendi ou Maicon como companheiro de Mangala; ou então jogava Defour, ou Herrera, ou Carlos Eduardo ou Josué no meio-campo. E sim, não foi por acaso que me esqueci de Lucho nesta equação. No mercado de Inverno, o “Comandante” foi embora e um vazio no balneário parece ter ficado a pairar no Dragão.
A saída de Otamendi para o Valência fez regressar Abdoulaye de Guimarães e, quando nada o fazia prever, o central senegalês pegou de estaca no FC Porto. Impensável para muitos, quando Maicon parecia o sucessor natural. No meio-campo, Herrera, depois de estar afastado dos relvados por opção durante meses, regressou como titular indiscutível. Carlos Eduardo, que chegou a ser comparado a Deco, foi aparecendo e desaparecendo do onze e oscilando na qualidade exibicional. No ataque, a chegada de Quaresma trouxe maior magia ao onze, mas a intermitência de Jackson e a não afirmação de Ghilas faziam deste FC Porto uma equipa menos perigosa no ataque.
Quaresma foi o único reforço de Inverno Fonte: fcporto.pt
Cinco anos e quatro meses depois, a derrota em casa frente ao Estoril era o regresso dos desaires do FC Porto no Estádio do Dragão para Liga Portuguesa. A contestação subiu novamente e Fonseca rendeu-se pela segunda vez, pedindo novamente a demissão. Pinto da Costa não aceitou e Fonseca manteve-se para a reviravolta de Frankfurt, num resultado que parecia fazer antever uma recuperação anímica da equipa. Foi pura ilusão, porque três dias depois o empate em Guimarães fez hipotecar de vez a possibilidade da conquista do tetra, e, depois de estar em vantagem por 0-2, o FC Porto perdeu novamente uma vantagem. O presente era um tormento para os adeptos e o treinador, que no último Domingo se rendeu pela terceira vez, pediu novamente para sair.
O ambiente tornou-se insustentável e oito meses depois de ter chegado ao Dragão, Fonseca finalmente saiu. Não me esqueço das exibições paupérrimas em muitas ocasiões, mas também é claro que o plantel deste ano é um dos piores dos últimos anos. Não me esqueço da campanha horrível na Liga dos Campeões, mas também é importante destacar que nunca vi o FC Porto com tantos problemas durante uma temporada. Não me esqueço que Paulo Fonseca terá sido um dos maiores erros de casting dos últimos anos do presidente Pinto da Costa, mas acho justo que se reflita sobre o que se passa no clube, onde parece haver uma real falta de liderança, dentro e fora de campo.
Como em outras ocasiões no futebol, o treinador foi o primeiro a sair. Fonseca não resistiu aos maus resultados e acabou por ser o primeiro a abandonar o barco. Foi o elo mais fraco que saiu, dizem uns. Para mim, foi apenas o princípio porque não acho que Fonseca tenha sido o único responsável. Longe, bem longe disso. E isso preocupa-me.
O Zenit é, actualmente, o clube mais poderoso do futebol russo. Todos os anos o emblema de São Petersburgo investe muitos milhões de euros no reforço do plantel, que tem cumprido com a obrigação de, pelo menos, lutar pelo título. No entanto, o conjunto orientado por Luciano Spalletti ainda não conseguiu dar um passo em frente a nível internacional, não só em termos de resultados como também no que toca às exibições. Apesar de estar pela segunda vez na sua história na fase a eliminar da Champions League – na primeira defrontou o Benfica -, depois da derrota por 2-4 na recepção ao Dortmund muito dificilmente a equipa dos portugueses Neto e Danny conseguirá evitar o afastamento da prova.
Desde 2005, ano em que a Gazprom iniciou o investimento no clube, o Zenit teve um crescimento notório. Em 2008 venceu de forma surpreendente a Taça UEFA e, na época seguinte, viria a conquistar a Supertaça Europeia. Os dois títulos continentais marcaram o princípio da afirmação internacional do emblema de São Petersburgo, que desde então tem sido presença assídua na Champions League. Contudo, apesar da enorme qualidade do plantel, ainda não é desta que os russos vão ultrapassar a barreira dos oitavos-de-final. Depois do fracasso que foi a última temporada, onde a equipa não conquistou qualquer título, o fim da linha para Spalletti parece estar próximo.
Um dos factores que certamente terá prejudicado o Zenit no confronto com o Dortmund foi o facto de o campeonato estar parado desde Dezembro. A equipa acusou a falta de competição e não conseguiu manter a intensidade e a concentração ao longo dos 90 minutos. Mas os problemas já vêm de trás: na fase de grupos as exibições não foram melhores – especialmente frente ao Áustria de Viena – e em condições normais os russos nem teriam conseguido apurar-se.
Em 2008, o Zenit surpreendeu com a conquista da Liga Europa Fonte: UEFA
A nível interno, o campeonato vai recomeçar nesta semana e o conjunto de Spalletti chega a esta segunda metade da temporada com possibilidades de recuperar o título. O emblema de São Petersburgo está no primeiro lugar, em igualdade pontual com o Lokomotiv, tendo uma vantagem de 1 ponto para o Spartak, 5 para o Dínamo e 6 para o campeão CSKA. Ainda nada está decidido.
A política de mercado do Zenit deu sempre prioridade à contratação de jogadores que actuam no próprio campeonato, aproveitando para enfraquecer os rivais. O último exemplo desta situação é Rondón, avançado que chegou do Rubin Kazan por 18 milhões de euros e que preenche uma das principais lacunas do plantel. Ainda assim, o emblema de São Petersburgo é um cliente habitual do futebol português. Hulk e Witsel foram os últimos jogadores a rumar à Rússia. Depois de ter passado por alguns problemas de adaptação na última temporada, o “Incrível” tem feito uma época positiva e é um dos elementos mais influentes da equipa. Em relação ao belga, que podia ser um dos melhores médios da Europa, não evoluiu e nesta fase parece óbvio que tomou uma péssima decisão para a carreira. No que diz respeito aos portugueses, Danny continua a ser uma das principais figuras do conjunto de Spalletti; pelo contrário, Neto tem somado erros nos últimos encontros.
Apesar da capacidade financeira do Zenit, o plantel não é tão completo como poderia ser. Na defesa falta um central de topo – não surpreende o interesse em Garay – e no meio-campo, onde a idade avançada de elementos como Zyrianov ou Tymoschuk não ajuda, existem poucas opções. Com a contratação de Rondón, o ataque está bem servido. O principal problema, porém, está no banco. Spalletti já não consegue passar as suas ideias para os jogadores, tanto a nível técnico-táctico como em termos de entrega ao jogo. A saída do treinador italiano poderá ser a solução para que os russos consigam dar o tal passo em frente.
Começou finalmente o Quiksilver Pro Gold Coast, primeira prova do circuito mundial de surf. Como havia referido na semana passada, vários são os favoritos. Mas a pergunta que ficará por responder é: poderá ser Tiago Pires um novo favorito? Bem, ainda é muito cedo para responder a esta questão. Começo por pronunciar o nome deste senhor porque, depois de vários meses de fora do WCT por lesão, the portuguese tiger voltou ao world tour da melhor maneira, apesar de ter começado, digamos, não tão bem. Saca estreou-se no evento contra o ex-campeão do mundo Joel Parkinson e Bede Durbidge, ambos australianos. O surfista português não conseguiu ultrapassar a barreira australiana, ficando em último lugar com um score de 9.93 pontos. Joel acabou na primeira posição, com um total de 16.43 pontos, e Bede em segundo, com 13.60, acabando também por ter de ir ao round dois.
Round dois prestes a começar e Tiago Pires era logo o segundo a entrar dentro de água, para defrontar o poderosíssimo sul africano Jordy Smith. Jordy, que é conhecido pelos seus aéreos gigantes e manobras a largar muita água, não intimidou o tiger. Saca juntou a um 6.83 um 5.87, totalizando assim 12.70 pontos finais. Jordy por pouco não ganhou e acabou por sair da água completamente frustrado, por ter finalizado o heat com 12.67 pontos, menos três décimas do que Saca. “Já dizia o meu treinador: «Ganhar por 10 ou por 1000 é igual. É ganhar»”, e foi o que aconteceu com o melhor surfista português de todos os tempos.
Tiago “Saca” Pires em acção na segunda ronda do Quiksilver Pro Gold Coast Fonte: Beachcam.sapo.pt
Mas agora é que vem o confronto que todos os portugueses esperam. Saca vai encontrar pela frente o melhor surfista de todos os tempos, Kelly Slater. Seis foi o número de vezes em que estes dois atletas de elite se encontraram, e o que muitos nao sabem é que Saca já venceu três vezes e Slater outras três. O heat mais renhido e mais bem disputado entre ambos realizou-se em 2009, no Quiksilver Pro France. O resultado final foi de 17.70 pontos para o português e 17.43 para o americano. Tal como Tiago Pires, também Frederico “Kikas” Morais conseguiu vencer Slater e, mais importante ainda, em território luso. Se Saca ganhar, será feito história, já que serão dois portugueses a vencer “King” Slater consecutivamente.
Tiago “Saca Pires e Frederico “Kikas” Morais já derrotaram Kelly Slater Fonte: ASF
Por outro lado, John John Florence, Filipe Toledo, Matt Willkinson e Kai Otton foram os surfistas que saíram derrotados precocemente, quer por interferências, desconcentração ou até mesmo azar.
O Quiksilver Pro Gold Cost ainda vai no sexto dia, mas ainda só dois rounds foram realizados. O período estende-se até dia 11 de Março.
Hoje, em Leiria, a selecção nacional portuguesa defrontou a sua congénere dos Camarões no último amigável antes da convocatória final de Paulo Bento para o Mundial 2014. Portugal apresentou-se em campo com um onze repleto de alterações em relação à “equipa tipo”: Beto foi o guarda-redes; Rolando e Luís Neto formaram uma dupla de centrais inédita entre os habituées Fábio Coentrão e João Pereira; William Carvalho, cumprindo o seu primeiro jogo a titular e relegando Miguel Veloso para o banco, auxiliou Meireles e Moutinho no miolo; Rafa e Ivan Cavaleiro, estreias absolutas na selecção principal, também jogaram de início ao lado do capitão Ronaldo.
A primeira parte foi relativamente fraca. No ataque, Portugal ressentiu-se da ausência de um ponta-de-lança fixo (recorde-se que Postiga, Éder e Almeida ficaram de fora por problemas físicos) e a aposta em Rafa como “falso 9” acabou por não trazer grandes benefícios, pese embora o jovem do Braga tenha mostrado alguns pormenores interessantes. Além disso, a falta de entrosamento entre os jogadores da dianteira pesou na hora de construir as jogadas. No entanto, os maiores problemas ofensivos da equipa começavam na defesa: sempre com as linhas demasiado espaçadas e incapaz de se lançar na pressão alta que caracteriza as equipas mais poderosas, Portugal recuperou muito poucas bolas em terrenos mais adiantados, tendo tido, por isso, menos espaço para criar situações de finalização. Os Camarões conseguiam sair sempre a jogar com relativa facilidade e Song tinha toda a liberdade para iniciar a construção de jogo. Ainda assim, Portugal adiantou-se no marcador por intermédio de Ronaldo, à passagem do minuto 20. O jogo prosseguiu numa toada morna, sem que nenhum dos conjuntos mostrasse grande interesse em acelerar o ritmo, e, no período de maior fulgor dos Camarões, o final da primeira parte, a igualdade foi reposta – Aboubakar aproveitou a apatia de Coentrão, que o deixou em jogo, para fazer o 1-1.
William Carvalho foi titular e estará quase de certeza na convocatória para o Mundial Fonte: Zero Zero
Ao intervalo, duas substituições: Eduardo no lugar de Beto; Edinho no lugar de Rafa. Na segunda parte, Portugal apareceu com uma postura mais dominadora e agressiva e com isso mudou o jogo. Tendo Edinho em campo, os pupilos de Paulo Bento ganharam uma referência no ataque e começaram a pressionar um pouco mais à frente, reduzindo a margem de manobra ao portador da bola. O livre de Ronaldo às malhas laterais no início do segundo tempo – que ainda gerou um “bruá” nas bancadas – foi o prenúncio do festival de golos que se viria a seguir. Meireles (aproveitando um passe disparatado de um defesa africano) e Coentrão (após uma bela iniciativa de Cavaleiro) fizeram, em dois minutos, o 3-1 a meio da segunda parte. Entretanto, já com Varela e Veloso nos lugares de Cavaleiro e William, Edinho, meio lesionado, também fez o gosto ao pé, cedendo minutos depois o seu lugar a Antunes. No fim, Ronaldo fez o seu 49º golo com a camisola das Quinas, cimentando a sua posição de melhor goleador da história de Portugal, e saiu para permitir a Josué somar mais uma internacionalização.
No cômputo geral, a exibição de Portugal foi positiva: cedeu poucas oportunidades ao adversário, criou vários lances de perigo, marcou cinco golos, deu rodagem a alguns jovens com potencial (William, Cavaleiro e Rafa), permitiu o regresso bem-sucedido a alguns jogadores que podem ter entrado nas contas (Rolando e Edinho) e testou mais do que um sistema. Vitória inequívoca, missão cumprida. Descascámos os Camarões!
Figura: Cristiano Ronaldo Assinou dois tentos (já vai em 49 golos em 110 jogos!) e podia perfeitamente ter marcado mais. Mostrou novamente que é o líder da nossa selecção, dentro e fora do relvado. Apesar de a classe de Moutinho, a raça de Coentrão, a maturidade de William e a consistência de João Pereira também merecerem elogios, o destaque maior tem mesmo de ir para o melhor jogador do mundo.
Fora-de-Jogo: Agressividade dos Camarões Como não houve nenhum jogador lusitano cuja exibição tenha sido verdadeiramente má, é a postura da selecção dos Camarões que leva a nota negativa. É sempre salutar quando as equipas se apresentam em campo com uma atitude competitiva, mas os Camarões exageraram claramente: foram demasiadas faltas e demasiadas faltas demasiado duras para um amigável.
Durante anos (décadas?) os Sportinguistas mostraram descontentamento com a crise de identidade, rumo e resultados que imperava no clube. Os adeptos tinham três grandes exigências:
1. Dirigentes competentes que defendessem o clube;
2. Jogadores esforçados que honrassem a camisola;
3. Adeptos unidos.
Hoje, volvido um ano de mudanças completas, começo a chegar à conclusão que talvez os Sportinguistas não estejam ainda preparados para ter dirigentes competentes que defendem o clube, jogadores esforçados que honram a camisola e adeptos unidos em torno de um ideal. Outros problemas se levantam:
1 – A notória competência na gestão do Sporting tarda em traduzir-se num número satisfatório de novos sócios. Bruno de Carvalho e a sua direção devolveram ao clube a sua identidade, fecharam a torneira que jorrava gastos irresponsáveis, arregaçaram as mangas e lideram, nesta altura, um clube credível e confiável.
Quem coloca, hoje, dinheiro no Sporting, sabe que com ele está a ajudar o clube e não a encher os bolsos a um trafulha. Sabe que está a contribuir para o Sporting atingir rapidamente um rumo bem traçado que tem uma meta que todos os adeptos desejam. Mas ainda poucos perceberam que não são apenas os outros que têm de contribuir. São todos. Não basta ter bons líderes, é preciso ter uma tropa inteira que seja capaz de cerrar fileiras e marchar pelo clube. E isso ainda não aconteceu.
2 – Uma equipa de miúdos da cantera, raça, ambição e vontade de ganhar. Hoje a equipa de Futebol do Sporting Clube de Portugal é feita destes ingredientes – exatamente os pedidos em anos anteriores. Com menos interferências extra-futebol estaríamos na liderança da Liga, isto no nosso ano zero. O que se pede mais?
Não sei. Mas sei o que eu pedia a menos: críticas. Assobios. Estupidez. Bipolaridade.
É frustrante estar em Alvalade a gastar a voz e a palma das mãos para apoiar os nossos miúdos, para vir um qualquer frustrado estragar tudo em segundos com apupos. Será de assobios que o Carrillo precisa para se manter 90 minutos concentrado no jogo e perder alguma displicência? Será de insultos que o Wilson Eduardo necessita para controlar a sua ansiedade e ter mais calma na hora da finalização? Há quem ache que sim.
3 – Croquetes e Brunetes, Curva Sul e Curva Norte. Estas eram as fações do Sporting, que tinham diversos problemas entre si. A nova direção sanou-os. Com competência, com credibilidade e com confiança, uniu os Sportinguistas, convenceu os mais céticos e juntou todos os ultras na mesma bancada, recriando a maior Curva de Portugal. Mas foi suficiente?
No sábado voltámos a ver divisão. Não numa Curva, mas numa claque. Divisão que levou ao esquecimento do nosso propósito em Alvalade. Como podemos unir vozes entre grupos, se mesmo dentro de um grupo os adeptos não se entendem? Como podemos correr milhares de kms atrás do Sporting, se há quem não o faça PELO SPORTING mas sim por política e ideais extremistas?
Digam-me: é isto que é ser diferente? É que durante anos (décadas?) tudo o que nos orgulhou fomos nós mesmos, os “adeptos diferentes”. Hoje são os dirigentes e os jogadores que nos mostram o que é ser Sporting. Então e agora, orgulhamo-nos de quê?
Há uma frase sobre o futebol de que sempre gostei: “o futebol é a coisa mais importante das coisas sem importância”. É uma ideia que faz sentido e exemplifica bem a relevância do futebol para este país. Portugal é uma nação que ama o futebol, ponto.
Individualizando a realidade, eu digo-o com vaidade: amo o Benfica!
Pois é precisamente sobre esse amor, que orgulhosamente partilho com a restante nação benfiquista, de que vou falar.
Não me vou prender com a ideia habitual de que “ninguém ama um clube como nós” ou que “somos diferentes dos outros”. Isso é uma patetice. É uma noção errada e uma sentença injusta. Tenho a certeza de que existem muitos sportinguistas e portistas que amam o seu clube tanto quanto eu ou qualquer um de vocês ama o Benfica. Para me defender está Jorge Amado, que inteligentemente disse que “o amor não se mede”.
Ora, não é possível medir mas é possível sentir. E é essa a perspetiva que me interessa. Desde quando é que vocês, caros leitores afetos ao Benfica, se sentem benfiquistas? Em que particular momento sentiram que o Benfica se tornou uma parte indissociável das vossas vidas? Pensem nisto: terá sido numa vitória ou numa derrota que o vosso coração sentiu “a chama ardente”?
Os adeptos do Benfica têm uma grande ligação sentimental ao clube Fonte: sport-lisboa-e-benfica.blogs.sapo.pt
A verdade é que os últimos anos têm sido um cocktail de vergonhas, humilhações e derrotas dolorosas, ao nível das melhores tragédias gregas. Estas batalhas catastróficas, de uma magnitude fora do normal, vitimaram milhares de benfiquistas, deixando feridas eternas no ego de cada papoila saltitante. Eu não fui exceção.
Mas, ao contrário do que seria esperado (e corrijam-me se estiver errado), o nosso laço sentimental para com o clube aumentou exponencialmente no meio desta tormenta. Porquê!? No fundo, não há resposta. Não se iludam, é inegável que as vitórias alimentam e os títulos alegram. Todavia, devo afirmar que, pessoalmente, nunca senti o benfiquismo tão presente como hoje. A falta de uma explicação em concreto não me faz confusão. Bem pelo contrário. É sinal de que é genuíno. É sinal de que, apesar das tais derrotas, a nossa paixão é inabalável. Isso é algo de que me orgulho, de que todos se devem orgulhar, independentemente do resto.
É por esta razão que vou ao estádio sempre que posso. Porque preciso de proximidade com aquele ambiente, preciso do cheiro a bifanas e finos, dos cachecóis ao alto durante o hino, do abraço ao desconhecido do lado durante o festejo de um golo, dos sorrisos no final da partida. Preciso porque, para mim, tudo isso é amor, tudo isso é Benfica, tudo isso é futebol.
Muito se falou sobre Paulo Fonseca e a sua (in)coerência táctica. Mudar até mudava, mas mal. Sinceramente, via em Paulo Fonseca um autêntico “fantoche” nas mãos dos adeptos, via um homem solitário (nem as declarações dos jogadores disfarçavam o mal estar que existia no seio do clube) e com vontade de abandonar o barco antes de este ir ao fundo de vez. A direcção do Porto teimava em segurar com fios de ráfia aquilo que costuma amarrar com ferro. Felizmente já saiu, embora tarde. Fazendo um exercício de reflexão, podemos tentar perceber o porquê de tão tardia chicotada:
I) As alternativas realmente disponíveis no mercado não agradam a Pinto da Costa e à direcção;
II) O possível substituto não quer assumir já a equipa ou está contratualmente vinculado a outro clube.
Quais são, então, as possibilidades de sucessão ao agora treinador interino Luís Castro? Dentro do leque de nomes que saltam todos os dias de capa em capa de jornal e que aparecem constantemente em notícias de blogs ou comentários, eu aposto num destes três para suceder a Fonseca: Marco Silva (de imediato), Villas-Boas ou… Jorge Jesus (ambos no final da época).
Jorge Jesus e André Villas-Boas seriam as escolhas ideais para o FC Porto Fonte: TVI 24
Marco Silva seria a escolha lógica e seguiria a linha de critérios usados por parte da direcção azul-e-branca: é um jovem com talento comprovado e enorme margem de progressão que facilmente encaixaria no clube. Por outro lado, paira no ar a dúvida sobre se Marco Silva quererá, para já, abandonar o clube canarinho e perder assim a possibilidade de fazer mais um “brilharete” no campeonato, quiçá ficando à frente do… Porto.
As outras duas alternativas (André Villas-Boas e Jorge Jesus) seriam as que mais me agradariam, mas aí teríamos de hipotecar totalmente esta época (se não está já hipotecada…). Preferia um retorno do rei AVB ao trono que o lançou para o mundo, além de que seria desde logo uma aproximação aos adeptos, que cada vez mais estão de costas voltadas para o clube. As principais dificuldades prendem-se (claro está) com o salário do treinador e com os clubes interessados nele (com Barcelona assumidamente “à cabeça”). Não duvido que AVB volte para o Porto caso não surja nenhuma proposta de um “tubarão”, mesmo baixando muito o seu salário (às vezes um passo atrás significa dois em frente). Seria um retorno a uma casa que bem conhece, onde reencontraria alguns jogadores que com ele cresceram.
Por último, o técnico que inevitavelmente um dia virá para o Dragão: Jorge Jesus. Já há muito falado para ser timoneiro dos azuis-e-brancos, Jesus só não veio na época passada porque o Porto “obrigou” o Benfica a renovar com ele. Com os encarnados da 2ª Circular bem lançados na luta pelo título, duvido que Jesus seja despedido no final da época (infelizmente…). Seria um treinador que muito poderia fazer, a começar pela sua grande capacidade de “moldar” jogadores – acredito que finalmente teríamos um super Iturbe, um fenomenal Quintero a 10 e um Ricardo a render o dobro e que deixaríamos de sofrer golos de bola parada. A “solução JJ” parece-me, porém, muito difícil. Sobra-nos, por isso, Marco Silva.
Se a ideia é contratar já um treinador para a próxima época, Marco Silva é a melhor escolha Fonte: Futebolportugal.clix.pt
E, caso venha, que seja já na Segunda-Feira, por favor! Não aguento ver o meu Porto assim, estou habituado a ser de longe o melhor clube português e a ganhar em campo aquilo que outros nem cá fora nos conseguem tirar. Este Porto parece um clube da INATEL (com todo o respeito). Também não seria de estranhar que Pinto da Costa desse um “abanão” por completo na estrutura e contratasse um treinador estrangeiro (só espero que não seja Mano Menezes!), embora essa hipótese me pareça remota. Em último caso, e isso seria a surpresa total, o nosso presidente pode sempre “resgatar” a Mourinho o seu “n.º2”, Rui Faria (como já se falou). Mas isso é a mais pura especulação. Com tudo isto, só espero é ter um novo treinador (sim, um “treinador”!) e voltar a ver o meu Porto jogar com a alegria de outrora. Faça lá isso pelos adeptos, Pinto da Costa.
Se o Mundo é o lugar onde existem estádios de futebol com muitas casinhas em seu redor, então Guimarães será o paraíso… Aí, como em nenhum outro ponto deste país, persiste uma ligação umbilical entre a cidade e o clube – não o Vitória de Guimarães, mas o Vitória Sport Club, como aquelas gentes fazem questão de sublinhar, honrando o verdadeiro nome da sua paixão.
Uma paixão tão antiga – o Vitória foi fundado em 1922 – quanto fogosa, duradoura e única – a relação clube-cidade é vislumbrável a cada passeio pelo centro ou a cada contacto com os vimaranenses, os mesmos que seguem a equipa com uma força apenas equiparável à dos grandes. Assim, talvez não seja estranho perceber a explosão de alegria (desde sempre contida) ocorrida no Largo do Toural naquela noite de 26 de Maio de 2013, horas depois de o Vitória ter derrotado o Benfica na final da Taça de Portugal (2-1) e ter dado à sua cidade a maior conquista da história. E a noite mais longa e feliz.
Dos 11 titulares e heróis do Jamor, saíram 5 (El Adoua, Ricardo, Soudani, Amido Baldé e Tiago Rodrigues, com este último a retornar a casa). Para 2013/2014, como em anos anteriores, mais uma missão espinhosa pela frente: montar uma equipa competitiva para responder às exigências internas e a uma inesperada presença na Europa, tudo dentro de um contexto de restrição orçamental. Ao seu leme, um dos homens mais competentes do futebol português: Rui Vitória.
Atacando o mercado dentro de evidentes limitações financeiras e fazendo uma utilização mais do que profícua da sua equipa B (a este nível, talvez só o Marítimo tenha uma taxa de aproveitamento superior), o Vitória reergueu-se, organizou-se e, hoje, é, mais uma vez, um caso de sucesso, estando a quatro pontos do objectivo inicial: a qualificação para a Liga Europa.
A maior força do Vitória é a sua vibrante massa adepta Fonte: ipressjournal.pt
Com um início de época repleto de indefinições e depois de uma pálida imagem dada na Supertaça (derrota diante do FC Porto, 3-0), o Vitória, tomando a espada do seu maior Conquistador e suportado pelos seus adeptos, acertou agulhas e foi à luta. Com uma aposta clara na formação e no jogador português, os principais reforços foram André Santos e Nii Plange (Sporting), Malonga (Monaco), Moussa Maazou (Étoile du Sahel) e Tiago Rodrigues e Abdoulaye (FC Porto), sendo que este último acabou por regressar, em Janeiro, ao clube de origem.
O Campeonato foi iniciado com resultados expectáveis, ao passo que, na Europa, as indicações eram positivas (vitória diante do Rijeka e empate em Lyon). Rui Vitória apostava nesta fase num claro 4-3-3, com um meio-campo rotativo e extremos bem abertos prontos a utilizar a sua velocidade (Malonga e Marco Matias) à procura de servir Maazou. O apuramento na Liga Europa acabou por fugir, consequência principal das duas derrotas às mãos do Bétis, ainda que em partidas em que o Vitória acabou, em termos de futebol jogado, por ser melhor. Ficam, no entanto, os resultados e os 5 pontos amealhados no Grupo I – de qualquer forma, o melhor desempenho das equipas portuguesas na competição.
O momento negativo da época haveria de chegar com o afastamento da Taça da Liga, numa eliminatória diante do Leixões. Com algumas peças mais estabilizadas (André Santos e Tomané) e perante uma fase de menor fulgor dos rápidos alas, Vitória experimentou um esquema próximo do 4-4-2 com Maazou e Tomané na frente atacante (foi, aliás, assim que venceu no Estoril).
Hoje a equipa parece ter voltado à base táctica incial (4-3-3), ainda que com alguns intérpretes diferentes, e, por isso, com uma dinâmica um pouco diversa. Com o regresso de Abdoulaye ao Dragão, o quarteto defensivo assenta em Pedro Correia, Moreno, Paulo Oliveira e David Addy, guardado por um seguro e competente Douglas. A este propósito, três notas – a defensiva vitoriana sofre, sobretudo, ao nível do jogo aéreo; Paulo Oliveira (central, 22 anos, produto da formação vitoriana) tem potencial para vir a ser um caso sério no futebol português; Addy continua a cometer os mesmos erros que cometia quando chegou a Portugal, nomeadamente ao nível do posicionamento e da (excessiva) impetuosidade que coloca em campo.
Paulo Oliveira. Aos 22 anos é o esteio da defesa do Vitória Fonte: A Bola
Para o trio do meio-campo, Rui Vitória tem apostado sobretudo em André Santos, André André e Crivellaro. Um tridente versátil e que não se atropela nas funções: André Santos é o vértice mais recuado e primeiro construtor de jogo; André André (ou Leonel Olimpio, como na Luz, onde caiu muito bem no espaço de Enzo Perez,) aparece como a ‘vassoura’ da equipa, possibilitando uma pressão sobre o adversário mais à frente (meio-campo menos expectante e mais pressionante) e tendo (ainda) pulmão e capacidade técnica para gerir a bola e dar apoio; o esquerdino Crivellaro é, por sua vez, a melhor noticia que este Vitória nos deu: pulando entre a equipa principal e a B, alto e elegante, assume-se hoje como o virtuoso do meio-campo vimaranense, com classe e qualidade de passe em doses consideráveis, faltando, quiçá, alguma intensidade e consistência ao seu jogo para chegar a outro patamar. Nesta equação, sobra ainda Tiago Rodrigues, elemento emprestado pelo FC Porto, com uma enorme qualidade de passe e visão de jogo, mas que, por ora, está tapado.
Finalmente, no atacante vimaranense, a acompanhar Marco Matias (rápido, incisivo e com bom poder de finalização, é um valor seguro) e Moussa Maazou (com um currículo interessante, o atacante do Níger destaca-se pela dimensão física e profundidade que oferece ao jogo da equipa, até mais do que pelos índices de concretização, item em que pode claramente melhorar), Rui Vitória tem optado por Barrientos. Actuando pela esquerda, o uruguaio tem permitido à equipa uma maior capacidade na manutenção e gestão da bola, assumindo-se como (mais) um médio e não tanto como um extremo/avançado, pensando antes em equilibrar do que em explodir pela ala; em suma, aproximando mais a equipa de um (falso) 4-4-2, dando-lhe critério e cérebro, mas menos velocidade e repentismo do que quando a preferência recai sobre Malonga ou Nii Plange. Resta ainda o menino Tomané – com o número 9 nas costas, cresceu muito desde a sua estreia na Supertaça; está hoje mais agressivo no ataque à bola e, consequentemente, mais preparado e dentro do jogo, tendo já contribuído com golos importantes na ausência de Maazou (mesmo quando o possante avançado regressou, não recuperou de imediato a titularidade, em função da boa resposta dada por Tomané).
Moussa Maazou. Uma ‘ave rara’ no futebol português Fonte: Vavel
Rui Vitória tem o enorme mérito de com (estes) parcos recursos ter montado uma equipa que, mais do que qualquer outra coisa, tem uma ideia de jogo. E – ainda mais relevante – os jogadores sabem dar-lhe corpo. O Vitória não é uma equipa exuberante mas é um conjunto que tendo vindo a evoluir desde o inicio da época, assoma agora mais sólido, estruturado e pragmático – a equipa apresenta-se organizada, raramente se desposiciona e tem a virtude de saber pressionar em bloco quando sente que o pode fazer (a este nível, foi melhor na Luz do que na 1ª parte diante do FC Porto, algo corrigido ao intervalo). Com bola, tenta sair a jogar apoiado mas não tem o constrangimento de, em situações de aperto, procurar o jogo aéreo e a perna longa do ‘farol’ Maazou e esticar o seu jogo.
É, actualmente, uma equipa de autor e que, percebendo as suas lacunas, tentou crescer em cima delas. A resposta que deu na 2ª parte diante do FC Porto é paradigmática: subindo a linha defensiva, ligando os seus sectores, pressionando de forma mais coordenada e compacta, com outros índices de atitude, apenas não venceu o tri-campeão por uma questão de centímetros. Na Luz, com outra capacidade de decisão de alguns dos seus jogadores, poderia também ter causado dissabores ao Benfica.
Confortável no 6º lugar, o Vitória vê o comboio da Europa perto. Sabe, no entanto, que as suas limitações estão também elas muito próximas: as segundas linhas do plantel não são mais do que o produto da (boa) formação e equipa B, estando ainda em fase de maturação. Luís Rocha, Josué, João Amorim e Hernâni são bons projectos de jogadores mas seria interessante para o (Rui) Vitória poder, por uma vez, evoluir em cima do consolidado e não, a cada novo Agosto, partir do zero. Na verdade, do zero nunca será – porque quem tem a cidade e as gentes de Guimarães por trás já parte em vantagem.