Início Site Página 8815

Derby de Juniores: Sporting CP 2-1 SL Benfica

futebol de formação cabeçalho

Na tarde de sábado, os eternos rivais Sporting e Benfica encontraram-se para mais um derby empolgante. Por um lado, o líder Benfica entrava no jogo com a intenção de manter esta condição privilegiando o jogo interior, de posse de bola, com superioridade no meio campo, apesar da substituição forçada por lesão de Filipe Nascimento por Diogo Rocha, aos 16 minutos. Por outro, o Sporting, a querer recuperar alguns pontos perdidos e aproximar-se da liderança, entrou no jogo a pressionar muito alto, a reduzir espaços, procurando recuperar a bola cedo, apostando numa defesa sólida e em transições rápidas com desenvolvimento de jogo exterior, catalisado pelos seus laterais e pelos seus extremos.

Estas duas abordagens resultaram num jogo equilibrado, com clara supremacia das defesas em relação aos avançados, até que, ao minuto 43 da primeira parte, Gelson, sobre a direita, fintou Rebocho e finalizou com êxito num remate rasteiro e cruzado, junto ao poste mais distante da baliza defendida por Theirry.

Este tónico deu à equipa do Sporting o reforço de que precisava para iniciar a segunda parte na mesma toada, aproveitando sempre muito bem as transições e as faixas laterais do campo. Aos 65 minutos, depois de uma jogada perigosa do Sporting, um contra-ataque do Benfica termina com uma bola colocada em Romário Baldé nas costas do central Liu, do Sporting. O outro central (Domingos) na cobertura trava em falta o avançado encarnado à entrada da área, valendo-lhe o segundo cartão amarelo e a consequente expulsão. Do livre, marcado por Rebocho, resultou o golo da equipa visitante.

Estavam lançadas novas bases para o jogo: o Benfica tinha mais um jogador em campo e a vantagem moral de ter chegado ao empate, com o seu treinador a refrescar o ataque com a entrada de Hildeberto; o Sporting, em inferioridade numérica, parecia em risco de colapso, vendo-se na necessidade de adaptar João Palhinha na posição de defesa central, fazendo descer Gelson para o meio campo. Durante alguns minutos o Sporting passou por sobressaltos, valendo-lhe a grande atitude dos seus jogadores, a fechar todos os caminhos para a sua baliza. O Sporting valorizava, agora, mais por necessidade do que por estratégia, a aposta nas transições rápidas e estava perto do segundo golo aos 70 minutos, colocando uma bola no poste da baliza do Benfica e obrigando o guarda-redes encarnado a outra defesa difícil. Aos 74 minutos surge um belo lance de entendimento entre Francisco Geraldes, Gelson e Matheus, aparecendo este último isolado na área do Benfica, e desferindo um remate forte e colocado que voltaria a dar vantagem à equipa da casa; estava feito o 2-1. O treinador do Sporting apostou na entrada de Bruno Wilson para o centro da defesa, voltando João Palhinha ao meio campo, e, logo de seguida, substituiu o avançado centro Samba Baldé pelo médio Marcos Barbeiro, organizando a equipa em “4*3*2”, com os dois avançados a jogarem sobre as alas para impedirem a progressão dos laterais contrários. Os últimos 10 minutos foram de domínio do Benfica mas sem criar ocasiões de perigo, perante uma equipa solidária do Sporting, com grande coesão defensiva.

O resultado final aproxima as duas equipas, mantendo-se o Benfica na liderança, com 13 pontos, agora na companhia do Sporting de Braga, que surpreendeu o F. C. Porto no seu próprio reduto (2-3), e com o Sporting a apenas 2 pontos dos comandantes. A luta pela liderança vai estar bastante acesa já na próxima jornada; o quarto classificado (F. C. Porto, com 9 pontos) visita o Seixal, encontrando um Benfica que antes luta frente ao Manchester City para garantir um lugar na próxima fase da competição da UEFA Youth League. O Sporting CP desloca-se ao terreno do Leixões e o Braga recebe a U. Leiria.

O estranho caso dos Indiana Pacers

0

cab nba

Tenho este texto para escrever, basicamente, desde o início da época; no entanto, a cada semana que passa o conteúdo é alterado.

Os Indiana Pacers começaram o ano muito fortes, com um ataque impressionante e uma defesa sufocante. Das duas características, a segunda tem sido a imagem de marca da equipa.

Depois dos playoffs do ano passado, o grupo, dirigido pela lenda Larry Bird, viu Paul George tornar-se numa estrela. Com um cinco inicial já muito bem cimentado, o plantel afigura-se também como um dos mais perigosos da liga, apesar da fraca conferência em que se encontra. De seguida, concentraram-se em tornar o banco de suplentes mais potente, sempre sem sair da “linha de montagem” da equipa: garantir ressaltos e impedir pontos adversários. Desde o início do ano 2013, os Pacers garantiram os direitos desportivos de Chris Copeland, Luis Scola, C.J. Watson, e os mais sonantes, Evan Turner, ex-jogador dos 76ers, e Andrew Bynum, ex-campeão da NBA ao lado de Kobe Bryant.

Andrew Bynum vai ser uma arma perigosíssima nos playoffs, principalmente se enfrentarem a equipa de Miami Fonte: NBA.com
Andrew Bynum vai ser uma arma perigosíssima nos playoffs, principalmente se enfrentarem a equipa de Miami
Fonte: NBA.com

Sinto que este plantel, dentro de um ano, pode muito bem vir a ser campeão; contudo, defendo que dificilmente o conseguirá fazer este ano. Não me levem a mal, mas, se por acaso ultrapassarem os Miami Heat – a outra equipa a ir às finais –, têm pela frente equipas com um maior poder ofensivo nos San Antonio Spurs, nos Thunder, nos Rockets. Estas equipas são também muito boas defensivamente, no entanto, nos playoffs tudo é possível, e estamos, sem dúvida alguma, perante uma equipa candidata a ganhar.

Apesar do que disse anteriormente, sinto que, com o plantel que têm à sua disposição, os Pacers são uma equipa que no espaço de um ano, dois no máximo, se torna favorita, se não houver nenhuma lesão muito preocupante.

Por falar em lesões, os Pacers fizeram duas movimentações a nível de mercado: uma muito arriscada e outra muito interessante. A saída de Danny Granger para os Clippers e a chegada de Andrew Bynum são jogadas, em situações inversas, que podem ter análises díspares. Danny Granger, um atleta que já foi All-Star e a maior estrela da equipa de Indiana. Um marcador muito bom, no entanto, com o crescimento de Lance Stephenson e de Paul George ficou sem minutos, e visto que tinha um salário chorudo para pouco tempo de utilização, fizeram bem em livrar-se dele. Por sua vez, Andrew Bynum é dotado de um fantástico jogo de pés, para um poste. Um grande marcador e com grande capacidade de arranjar ressaltos, Bynum vem de dois anos, quase completos, lesionado.

Para além de um plantel forte, estamos perante uma equipa bastante coesa e de um grupo que se defende perante tudo e todos. Os Pacers têm um dos melhores balneários da liga. Fonte: Bleacherreport.com
Para além de um plantel forte, estamos perante uma equipa bastante coesa e de um grupo que se defende perante tudo e todos. Os Pacers têm um dos melhores balneários da liga.
Fonte: Bleacherreport.com

Agora, em relação à época até agora conseguida: os Pacers já garantiram um lugar nos playoffs e estão em primeiro na conferência. No entanto, têm vindo a descer muito em termos de qualidade apresentada. Estaremos perante um simples apagamento, ou uma previsão do que pode acontecer quando a pressão começar a apertar?

Uma coisa é certa: se o grupo não se alterar, se Paul George continuar a evoluir e se Roy Hibbert e Andrew Bynum se fixarem como as figuras defensivas mais preponderantes neste grupo, se David West continuar a garantir uma coesão entre o basquetebol defensivo e o pendor ofensivo da equipa, os Pacers assumir-se-ão como verdadeiros candidatos ao título.

Todas estas peças são essenciais, e, claramente, estão numa posição vantajosa para irem bastante longe nos anos que se avizinham.

Sporting não facilita antes do derby!

0

cab futsal

Não se registou qualquer mudança classificativa na frente do campeonato nesta 22ª jornada, devido às vitórias do Braga e do Sporting.

O Sporting recebeu e venceu o Póvoa Futsal por 7-4 num jogo muito intenso e de altíssimo nível. A equipa visitante entrou muito pressionante na partida e inaugurou o marcador por intermédio de Jefferson, aos três minutos. O Sporting corria atrás do resultado, tendo tido inúmeras oportunidades desperdiçadas; contudo, Marcelinho estabeleceu a igualdade passados três minutos.

Surpreendentemente, Jefferson bisou e o Póvoa Futsal passou novamente para o comando do jogo. Depois deste golo sofrido, o Sporting ligou o acelerador e foi para intervalo a vencer por 4-2, reviravolta sofrida devido às dificuldades impostas pelo adversário, mas justa face às oportunidades flagrantes da equipa da casa.

Festejo leonino após marcar mais 1 golo. Fonte: Sporting.pt
Festejo leonino após marcar mais 1 golo.
Fonte: Sporting.pt

Na segunda metade, a equipa visitante causou novamente sensação ao marcar, estabelecendo o resultado em 4-3. Grande atitude e garra demonstrada por esta boa equipa.

O Sporting reagiu, marcando mais dois golos que deram tranquilidade e motivação para o resto da partida. O Póvoa Futsal demonstrou que não veio a Loures apenas cumprir calendário e ainda marcou o 6-4; todavia, Caio Japa, na última jogada do encontro, fechou o resultado em 7-4.

Vitória muito sofrida do Sporting. De realçar a boa exibição do adversário e a boa resposta do Sporting nos momentos de maior adversidade. O Sporting está com seis pontos de avanço e aguarda agora pelo resultado do Belenenses-Benfica antes de defrontar os encarnados no Pavilhão da Luz para um tão apetecível derby!

O Braga venceu o Olivais por 3-0 num jogo bem conseguido por parte da equipa bracarense e importante para “apagar” as goleadas sofridas com o 1º e 2º classificado. Esta vitória foi também considerável, porque o Braga segurou o 3º lugar devido à derrota dos Leões de Porto Salvo em casa, diante do Fundão, por 3-6.

A equipa de Vila do Conde voltou a vencer, desta feita o Boavista, por 4-2, num jogo bem disputado por ambas as equipas. Com este resultado, o Rio Ave encontra-se em 6º lugar, a apenas um ponto do 5º, Fundão, e com apenas um ponto de vantagem sobre o 7º, Boavista.

A equipa do Benfica carimbou ontem uma importantíssima vitória diante do Belenenses por 2-5. Era de prever um jogo complicado para ambas as equipas com clara superioridade para os encarnados face aos resultados na jornada anterior (Benfica goleou o Braga por 6-1 e o Belenenses perdeu por 10-0 em casa do campeão Sporting). O Benfica tem vindo a melhorar a níveis exibicionais e ontem não foi exceção, jogo organizado e bem gerido por parte dos pupilos de João Freitas Pinto que foram para o intervalo a vencer por 3-1.

Na segunda metade manteve-se a superioridade do visitante, tendo o jogo terminado 2-5 com um golo no último minuto por parte dos azuis.

Equipa encarnada festeja mais um golo apontado, desta feita, ao Belém. Fonte:Slbenfica.pt
Equipa encarnada festeja mais um golo apontado, desta feita, ao Belém.
Fonte:Slbenfica.pt

Ricardo Fernandes ao apontar 3 golos e Joel Queiroz ao bisar cilindraram de forma avassaladora a equipa de Belém que não teve argumentos para contrariar a avalanche ofensiva por parte dos encarnados.

Na próxima jornada há um tão aguardado derby que poderá decidir o vencedor da Fase Regular. Caso o Sporting vença fica com 6 pontos de avanço e caso o Benfica vença fica com os mesmos pontos, mas com a vantagem de ter ganho na 1ª volta por 7-8 em Loures. Tenho a certeza que será um grande jogo!

 

Especial Clássico: Sporting 1-0 FC Porto

O Estádio José Alvalade XXI foi o palco do jogo grande da 23ª jornada: Sporting e FC Porto mediram forças e acabaram por ser os da casa, com um tento solitário de Slimani, a alcançar a vitória. Com este resultado, os leões cimentaram a sua posição na tabela classificativa e aumentaram a vantagem para o seu rival do Norte: são já 5 pontos que separam leões (2º) e dragões (3º). João V. Sousa (Sporting) e Francisco Manuel Reis (FC Porto) analisam a partida.

 

O Sexto Violino

Sporting Clube de Portugal

O Sporting entrou melhor, chegando a instalar-se por completo no meio-campo do Porto. No entanto, o domínio não se traduzia em ocasiões de golo (tem sido uma constante nestes últimos jogos) e os dragões rapidamente equilibraram. Foi este o melhor período da equipa visitante no jogo, em que a magia de Quaresma (centro de trivela parta Varela e remate à barra) podia ter escrito uma história diferente. No entanto, o Sporting nunca perdeu o norte e, mesmo com um falhanço incrível de Jackson, conseguiu ir para o intervalo sem golos sofridos.

Na segunda parte os leões voltaram a entrar mais fortes e pressionantes (os centrais do Porto não se entendiam) e o adversário nunca mais se encontrou. Slimani marcou aos 52’, num golo precedido de fora-de-jogo. A desvantagem de se apoiar um clube que está na vanguarda da luta pelas mudanças no futebol português tem destas coisas: quando aqueles que estão contentes com o futebol da mentira que por cá existe sentem a sua supremacia ameaçada, caem em cima dos Sportinguistas à primeira hipótese. Tem graça que o golo de hoje aconteça quando já estamos afastados da luta pelo título. Dispenso estes rebuçados, e trocava-os de boa vontade pelos foras-de-jogo mal marcados e pelos penáltis por assinalar que este ano já nos prejudicaram. Não sou um especial apreciador do adágio “escrever direito por linhas tortas” mas, pela parte que me toca, apenas digo que ainda faltam “devolver-nos” vários pontos está época – e muitos mais ainda se pensarmos nos últimos 30 anos.

Quanto ao jogo em si, é um orgulho ver uma equipa com seis jogadores da Academia no onze inicial vencer um clássico contra um conjunto com individualidades e um orçamento superiores. O Sporting não fez uma grande exibição, mas ainda assim foi a melhor em várias semanas. Agora é preciso continuar a crescer, com a mesma humildade e o mesmo realismo, e não deixar fugir o 2º lugar.

William Carvalho e Slimani foram fundamentais na vitória do Sporting  Fonte: Zero Zero
William Carvalho e Slimani foram fundamentais na vitória do Sporting
Fonte: Zero Zero

Rui Patrício (5) – grande defesa a remate de Varela na primeira parte, mas curiosamente mostrou-se intranquilo na segunda parte e foi mesmo o pior elemento da defesa. E sem razão aparente, dado que o Porto raramente incomodou. O lance que Dier salvou não é admissível, e logo de seguida tem mais uma falha após uma bola parada, que Montero corrigiu

Cédric (6) – o primeiro frente-a-frente com Quaresma prometia uma noite tenebrosa para o lateral-direito do Sporting. Felizmente, o 7 do Porto foi desaparecendo, sobretudo após o intervalo, e Cédric ganhou confiança. Ainda que não tenha subido muito, conseguiu o mais importante, que foi fechar a ala direita do Sporting

Dier  (7) – quem não souber a idade deste jogador dificilmente adivinha que tem apenas 20 anos. Sempre bem colocado e mais sereno do que o colega de sector, só não passou despercebido porque quando era chamado a intervir impunha-se com categoria. Mais cedo ou mais tarde será titular do Sporting. Ainda assim, a sua única falha podia ter dado golo, ainda que a responsabilidade maior fosse de Patrício: não conseguiu interceptar o passe de ruptura para Jackson, mas recuperou muito bem e fez um corte milagroso, quando todos já contavam com o golo do empate. Fez esquecer Maurício, e isso não é para qualquer um

Rojo (7) – mesmo quando joga bem, nunca se sabe o que vai sair dos pés do argentino. Hoje foi um desses dias: nada a dizer quanto ao seu posicionamento e à sua eficácia nos cortes, mas por vezes ainda se nota uma ansiedade excessiva. Nem sempre joga da forma mais simples possível, e tem de se deixar daqueles passes longos “à Polga”

Jefferson (6) – na primeira parte, o cabeceamento de Jackson que não entra por milagre acontece devido a um desposicionamento seu, mas depois do intervalo acompanhou a melhoria da equipa. Acertou a defender e mostrou-se, como é seu hábito, muito atrevido no ataque, embora os cruzamentos não lhe tenham saído bem

Adrien (7) – boa exibição, e muito importante sobretudo na primeira parte, quando o jogo podia cair para qualquer dos lados. Está um jogador adulto e ponderado, e desenvolve um trabalho defensivo que nem sempre é visível mas que em muito contribui para equilibrar o meio-campo. Hoje defendeu muitas vezes ao lado de William, deixando André Martins um pouco mais à frente.

André Martins (5) – aos 3 minutos seguia para a área sem oposição, mas o árbitro inventou uma falta. De resto, sem querer parecer demasiado duro para um jogador que até acabou por ser decisivo, apenas se voltou a fazer notar quando fez a assistência para Slimani. Depois disso pareceu ganhar algum ânimo e foi importante na pressão aos atarantados centrais do Porto, saindo tocado aos 68 minutos. Mas terá de fazer mais.

Carlos Mané (5) – percebo a aposta de Jardim num elemento que tinha vindo de bons jogos, mas ficou claro que o jovem extremo ainda está muito “verde”. Teve um cabeceamento perigosíssimo aos 50’ e uma grande jogada após o golo, em que só foi parado em falta (Abdoulaye podia ter sido expulso). De resto, não desequilibrou e definiu mal da única vez que tentou servir Slimani, ainda na primeira parte.

Diego Capel (6) – a raça e a vontade de sempre, embora não tenha estado inspirado e os cruzamentos para Slimani também não tenham aparecido. É normalmente criticado por se agarrar muito à bola, mas hoje teve bastante critério e soltou-a sempre que se justificou.

Slimani (7) – jogar com Slimani implica cruzamentos para a área, o que quase nunca aconteceu. Na única oportunidade que teve, o argelino marcou. O que é que se lhe pode pedir mais? Não tem os pés de Montero mas está numa forma fantástica, e o Sporting bem pode agradecer-lhe.

Carrillo (-) – demorou a aparecer mas, quando o fez, desempenhou o papel que lhe era pedido: com o jogo partido e o Porto a tentar atacar, levou a bola controlada para bem longe. Também ajudou na defesa.

Montero (-) – podia ter voltado aos golos, mas o remate saiu à figura. De resto, é visível que não está particularmente confiante, ainda que seja um elemento imprevisível sempre que a bola lhe chega aos pés.

Wilson Eduardo (-) – pouco mais de 5 minutos para ajudar a fechar e para poder saborear enquanto interveniente directo esta vitória sobre o seu antigo clube.

FIGURA: William Carvalho (7) – mais um jogo em que mostrou que é claramente um jogador que tem qualidade para muito mais do que o campeonato português, mas sinceramente irritou-me em um ou noutro lance em que podia ter jogado mais simples. Parecia estar a querer mostrar-se, o que é compreensível, mas em certos momentos pedia-se mais nervo e objectividade. Ainda assim, e apesar da pressão do meio-campo do Porto, conseguiu soltar-se e lançar o ataque. Quando a bola chega aos seus pés, parece que ninguém neste mundo vai conseguir tirá-la. Teve pormenores deliciosos. Não fez um jogo perfeito, mas não consigo imaginar o que seria o Sporting sem ele. Destaque também para o trabalho fantástico de Leonardo Jardim na organização da equipa. O treinador não deixa nada ao acaso, e o bom trabalho desenvolvido reflecte-se em campo.

FORA-DE-JOGO: Volume ofensivo do Sporting
Hoje as coisas correram bem, mas longe vão os tempos em que a equipa goleava. Actualmente os adversários já vão conhecendo melhor os processos do Sporting, e a generalidade dos jogadores também atravessa uma fase menos exuberante. A equipa está curta e não tem soluções no último terço. Os extremos não aparecem, e A. Martins não se afirma como criativo

João V. Sousa

Pronúncia do Norte

Futebol Clube do Porto

Numa partida bastante intensa e disputada, jogada maioritariamente no meio-campo, o FC Porto acabou por nunca conseguir impor o seu futebol, ao contrário do que havia conseguido fazer no último jogo, contra o Nápoles. A intranquilidade defensiva, a incapacidade para sair a jogar, a dificuldade em assumir o meio-campo, a ausência de uma pressão alta, forte e coordenada, a distância entre os sectores, a falta de apoio ao ponta-de-lança e a desinsipiração das unidades mais desequilibradoras (à excepção de Quaresma) foram os principais defeitos do FC Porto ao longo dos noventa minutos.

Na primeira parte, o Sporting entrou muito pressionante, impedindo do FC Porto de sair para o jogo com facilidade e obrigando os dragões a cometer demasiados erros imperdoáveis na primeira fase de construção de jogo. De resto, essa sucessão de erros infantis – perdas de bola absurdas, passes errados e hesitações fatais – não foi mal exclusivo da primeira parte. Apesar de tudo, mesmo tendo o Sporting rondado a área por diversas vezes, não foi capaz de criar uma ocasião de golo efectivamente perigosa durante a primeira parte. Ao invés, o FC Porto teve três: o remate de Varela depois do brilhante cruzamento de letra de Quaresma (que show!), o tiro do Harry Potter à trave e o cabeceamento na pequena área de Jackson Martínez. Mesmo sem um fio de jogo muito claro, mesmo perdendo claramente a luta do meio-campo para o Sporting, mesmo tendo a desconcentração reinado em alguns períodos, o FC Porto chegou ao intervalo com mais motivos para reclamar uma vantagem.

No segundo tempo, a história mudou. O Sporting entrou ainda mais pressionante e o FC Porto foi ainda menos capaz de assumir o jogo. Cinco minutos após o reatar do desafio, Carlos Mané deixou o primeiro aviso a Helton, num cabeceamento à queima-roupa que o capitão azul e branco defendeu com mestria. Instantes depois, o golo surgiu mesmo: William Carvalho lançou André Martins (em posição irregular) sobre a direita e o jovem médio português descobriu Slimani – absolutamente sozinho – na área, que não perdoou. A partir daí, o Sporting começou a recuar ligeiramente as linhas, optando por não pressionar tão em cima, mas o FC Porto jamais demonstrou ter capacidade para crescer para cima dos leões. Entretanto, o FC Porto teve um forte revés: a perda do capitão Hélton, que se lesionou sozinho uns minutos depois do golo, saindo sob uma bonita ovação. A última meia hora foi uma batalha de meio-campo, sem grandes oportunidades de parte a parte (o corte de Dier in extremis depois de Jackson passar por Patrício evitou o golo na melhor ocasião para o Porto e a defesa de Fabiano a remate de Montero evitou o golo na melhor ocasião para o Sporting). No final, Fernando ainda havia de ser expulso.

Apesar do golo irregular – curioso e irónico, dada a atitude do presidente do Sporting e dos seus adeptos nos últimos tempos -, e embora não tenha sido muito mais perigoso do que o FC Porto, creio que o Sporting chegou justamente à vitória. O FC Porto esteve sempre muito dependente da genialidade de Quaresma e revelou-se menos equipa do que o Sporting. Com 5 pontos de desvantagem, o acesso directo para a Liga dos Campeões parece cada vez mais complicado. Entretanto, no próximo jogo do campeonato não há Danilo, Quaresma, Fernando (suspensos) e Helton (lesionado).

Durante a primeira parte, Quaresma fez o que quis de Cédric  Fonte: Zero Zero
Durante a primeira parte, Quaresma fez o que quis de Cédric
Fonte: Zero Zero

Helton (8) – fez um excelente jogo até ao momento em que se lesionou (aparentemente) com bastante gravidade. Além da excelente resposta ao cabeceamento de Slimani, poucos minutos antes do golo do Sporting, mostrou a serenidade habitual nas saídas da baliza e a perfeição do seu jogo de pés.

Alex Sandro (6) – não tendo defendido mal, deixou algumas vezes o seu lado desprotegido; a atacar esteve longe de ser tão perigoso como é habitual – muito raramente chegou ao último terço do campo e prestou pouco auxílio a Quaresma no momento ofensivo.

Mangala (6) – como tem sido habitual esta época, consegue, no mesmo jogo, juntar lances em que faz sobressair o seu impressionante poder físico e a sua incomum capacidade de antecipação a lances em que revela uma imaturidade e uma insensatez impróprias de um central de topo. Uma coisa é certa: tem raça e carácter e deixou isso bem evidente uma vez mais.

Abdoulaye (6) – o lance do golo, em que se esquece de Slimani, acaba por manchar uma exibição relativamente conseguida do defesa senegalês. Tal como o seu parceiro no eixo defensivo, teve algumas “paragens cerebrais” – designadamente na altura de sair a jogar -, mas voltou a demonstrar todo o potencial que lhe é reconhecido: força física, jogo aéreo imperial, velocidade e poder de antecipação.

Fernando (5) – o “Polvo” não consegue jogar mal, mas hoje esteve longe de se destacar. O momento em que sobressaiu foi mesmo o lance – se é que lhe podemos chamar assim – em que se atira para cima de Montero para ver o cartão vermelho. Faltaram aqueles cortes exuberantes que costuma fazer, faltaram aqueles passes bem medidos com que começou a brindar-nos recentemente, faltou a presença de espírito no tal momento da expulsão.

Defour (6) – fez claramente o seu pior jogo desde o seu “regresso” à equipa. Mesmo imprimindo muita intensidade em todos os momentos defensivos, não foi capaz de se soltar para aparecer com perigo no ataque. Jogando tão preso atrás, esteve longe de brilhar.

Carlos Eduardo (5) – confirmou a tendência para “desaparecer” nos “jogos grandes”. Tal como Defour, entregou-se ao jogo e não virou a cara à luta, mas esteve sempre alheado do jogo, incapaz de encontrar o espaço que gosta de ter para lançar a equipa com os seus passes precisos ou para progredir com a bola controlada. Viu-se pouco e a equipa, órfã do seu maior conector entre o meio-campo e o ataque, ressentiu-se disso.

Varela (6) – batalhando muito, como sempre, nunca foi capaz de desequilibrar e era isso que se lhe pedia. Ajudou a compensar as subidas desenfreadas de Danilo, vigiou bem Jefferson, discutiu todas as bolas com o empenho de sempre, mas só fez um remate perigoso (numa bola que lhe chegou numa bandeja) e nunca encontrou inspiração para furar a defesa leonina.

Jackson Martínez (6) – depois de dois jogos em que parecia determinado a voltar ao seu melhor nível, Jackson voltou a desiludir. Não pela ausência de golos – isso é perdoável -, mas pela displicência em algumas intervenções: perdeu quase todas as bolas nos duelos com os centrais (Rojo esteve imperial!) e falhou vários domínios relativamente simples. Ainda assim, é importante reconhecer que esteve muito sozinho na frente: sem o devido apoio, era difícil fazer mais.

Quintero (6) – entrou na partida para a agitar, fazendo uso da sua capacidade para descobrir espaço onde ele não existe e dinamizar um meio-campo demasiado frouxo. Infelizmente, um ou dois pormenores revelaram-se insuficientes para cumprir essa missão. O facto de ter andado em zonas muito recuadas do terreno – reflexo da dificuldade gritante do FC Porto em sair a jogar – não beneficiou o seu jogo nem a equipa.

Fabiano (6) – não foi protagonista, como na última deslocação do FC Porto a Alvalade (no jogo da Taça da Liga), mas cumpriu o seu papel e fez uma boa defesa a remate de Montero.

Ghilas (-) – entrou muito tarde e, num mísero quarto de hora, não teve oportunidade de revelar a sua utilidade. Combativo como sempre – este argelino é um tanque! -, teve apenas um lance de realce: o pontapé de bicicleta nos minutos finais, que teria dado um golo de antologia se tivesse acabado no fundo das redes.

FIGURA: Quaresma (8)

Claramente o melhor jogador do FC Porto esta noite. Fez o que quis de Cedric durante a primeira parte e foi o único a desequilibrar na frente de ataque portista. No segundo tempo, a equipa chegou menos à frente e Quaresma foi mais vigiado. De resto, desde aquele primeiro bailado que culminou num cruzamento de letra para Varela (por que não marcaste, Silvestre?!) ao remate em arco que só parou com um estrondo na barra da baliza de Rui Patrício, mostrou uma série de pormenores de grande categoria. Está finalmente nas suas melhores condições físicas e mentais e isso repercute-se dentro de campo. Paulo Bento não pode ignorar o momento de forma deste Mustang endiabrado.

FORA-DE-JOGO: Danilo (4)

Um péssimo jogo de Danilo. Esta temporada tem sido bem mais consistente do que o seu compatriota da banda oposta – Alex Sandro –, mas hoje fez uma das piores exibições da época. Perdeu vários duelos com Capel, foi sempre muitíssimo lento a recuperar a posição depois das suas investidas ao ataque (quantas vezes não ficou uma clareira do lado direito da defesa portista?) e também esteve muito aquém do que pode e sabe fazer no ataque. O cruzamento para a cabeça de Jackson na primeira parte foi o único lance em que se destacou pela positiva.

Francisco Manuel Reis

 

O travão de Jesus

benficaabenfica

Pior do que errar, é não reconhecer essa inevitabilidade humana. Pior ainda do que não a reconhecer, é insistir nela e continuar a ver luz ao fundo desse túnel. Túnel que encontrou a mais dura das escuridões há quase um ano. Desde que chegou, Jorge Jesus habituou-nos a futebol vertiginoso, apaixonante, “carrega para cima deles”, “porquê dar 2 se podemos dar 5?”, desmesuradamente ofensivo. O outro lado da moeda na outra metade do campo. Coração nas mãos, tal a enxurrada de oportunidades de golo que os adversários tinham. E ao verem Artur na baliza, motivação ainda maior. Se este futebol atacante deleitava os nossos olhos e os da Europa, mentir seria dizer que isso se traduziu em títulos.

2013/14 e mea culpa de Jesus. Que meteu um travão em si mesmo e na sua veia ofensiva, porque a veia de títulos dos benfiquistas é a que precisa de ser alimentada novamente. 1-0 chega-nos, 2-0 é óptimo. Vamos a factos: desde 15 de Dezembro do passado 2013 que o Benfica não sofre um golo de bola corrida. Desde então, 2 golos sofridos: em Barcelos, de canto (e logo haveria de ser esse a tirar-nos pontos…) e em Londres de livre directo. 17 jogos, dois golos encaixados. Quem pudesse sequer pensar em números destes com Jorge Jesus, seria logo acusado de uma certa falta de inteligência e discernimento. E o que mudou desde 15 de Dezembro? Desde logo, Oblak. E com ele a calma, a confiança e a segurança de que a equipa necessitava e não encontrava em Artur. Com a saída de Matic, o aparecimento de Fejsa. E com ele, o gosto por defender, apenas e só defender. Algo que não acontecia com Matic, que marca a diferença por ser um jogador que enche todo um meio-campo e gosta de avançar no terreno. Fejsa não. Fixa-se, compreende as suas limitações e equilibra a equipa. Luisão, numa forma soberba, agradece. Garay diz o mesmo, Siqueira e Maxi acenam lá de trás. Para Enzo, um descanso.

Luisão e Rodrigo, expoentes máximos da nova face do Benfica Fonte: ofuraredes.blogspot.com
Luisão e Rodrigo, expoentes máximos da nova face do Benfica
Fonte: ofuraredes.blogspot.com

Também Rodrigo, Lima, Markovic e Gaitán merecem elogios nesta coesão defensiva. Os dois primeiros formam uma primeira linha de pressão agressiva a partir da saída de bola do adversário. Com Cardozo, isso seria impensável. E mérito de Jesus para a transformação de Markovic: do estado selvagem que nos encantava com a bola no pé e nos desesperava sem ela, para um jogador solidário e que disputa bolas no meio-campo defensivo. O mesmo serve para Gaitán, que está a realizar a melhor temporada desde que chegou.

Não deixa de ser irónico estar(mos) a elogiar Jorge Jesus e os jogadores pela qualidade defensiva que tem sido por demais evidente em 2014. Do vendaval ofensivo, passámos a ser um exemplo do bem defender. Espero não me enganar ao dizer que está, finalmente, encontrada a fórmula certa para o Luisão acariciar troféus. Tantas goleadas e jogos de encher o olho no passado, quando no presente nos deixamos encantar por este Benfica cínico, que se sente confortável a defender. Lá à frente, a qualidade individual continua a fazer tremer qualquer adversário. 3-1 em White Hart Lane sem Salvio e com Enzo e Gaitán apenas a meio da segunda parte. A perfeição no futebol é algo muito difícil de ser alcançado. Mas se este Benfica não está perfeito, pouco faltará. Esse pouco são os títulos.

O egocentrismo dos pequenos

0

Topo Sul

Quem pensava que o caminho europeu do Benfica tinha Londres como última paragem muito provavelmente ter-se-á surpreendido com a grandiosa exibição que a equipa realizou frente ao Tottenham, na passada quinta-feira. Eu, mesmo não estando do lado dos cépticos, confesso que também não estava à espera de tal recital de futebol perante uma das melhores equipas inglesas. Por isso, ao mesmo tempo que me deliciava a ver a minha equipa brilhar, o meu moral aumentava a cada minuto orgulhando-me de pertencer à nação benfiquista.

No meu texto de hoje não vou fazer um rescaldo dessa grande noite encarnada (para isso aconselho a análise feita pelo meu colega Tiago Martins), mas antes referenciar um episódio triste, talvez o único, que se passou no jogo de quinta-feira.

No momento do terceiro golo do Benfica, Jorge Jesus, no alto da sua sobranceria e arrogância, levantou três dedos e acenou ao treinador do Tottenham – seu colega de profissão -, Tim Sherwood. Num gesto elucidativo dos três golos que o Benfica tinha feito no jogo, Jesus limitou-se a provocar o adversário em vez de festejar um golo importantíssimo nas contas da eliminatória. Uma acção como esta pode ter várias explicações, mas isso, muito sinceramente, pouco me interessa. Jesus poderia estar a responder a uma provocação anterior ou simplesmente a mostrar o homem frio e insensível que muito provavelmente é, mas nunca poderia fazer aquilo que fez.

Jesus acena com os três dedos para Sherwood, aludindo aos três golos do Benfica Fonte: unpluggedsports.com
Jesus acena com três dedos para Sherwood, aludindo aos três golos do Benfica
Fonte: unpluggedsports.com

Para além de desrespeitar uma instituição mundialmente reconhecida, como é o Sport Lisboa e Benfica, Jorge Jesus provou ao mundo do futebol que é um treinador que, mais do que não saber perder, não sabe ganhar, e que é capaz de passar por cima de tudo e todos para levar as suas ideias avante. Mesmo que seja necessário crescer perante figuras incontornáveis da História de um dos melhores clube do Mundo, Jesus fá-lo (como se viu) sem pudor e hesitação. A forma como o treinador do Benfica reagiu à tentativa de apaziguamento da situação por parte de Shéu Han e de Rui Costa apenas demonstra a forma desrespeitosa como Jorge Jesus trata o seu staff, os seus jogadores e os que lhe pagam o seu salário de quatro milhões anuais. Numa noite que poderia ter sido perfeita, sobressaiu a altivez do treinador encarnado num episódio indigno que encheu as capas de jornais ingleses.

Em suma, num “simples gesto”, Jorge Jesus comprovou as teorias que apontavam para o seu comportamento arrogante e hostil para com os profissionais que o acompanham e trabalham para o seu “sucesso”. Sempre que protagoniza momentos como este que se passou na quinta-feira, o treinador do Benfica esquece-se de que é um treinador com um currículo banal, com pouquíssimos títulos e sem reconhecimento internacional. Não se recorda também de que Shéu ou Rui Costa são indivíduos altamente respeitados no mundo do futebol, que dedicaram a sua vida ao Benfica e que deram muito ao clube. Mais do que Jorge Jesus alguma vez dará.

No mundo do futebol não só os valores técnicos do desporto se levantam. Os grandes treinadores e os grandes homens do futebol distinguem-se e imortalizam-se pela sua personalidade e pela sua postura ao longo da carreira. Os que valorizam quem os ajuda e não descuram quem os respeita serão sempre lembrados. Pelo contrário, treinadores como Jorge Jesus, mesmo sendo bons técnicos, não são nem nunca serão grandes treinadores e verdadeiros homens do futebol. Este fantástico desporto não precisa de pessoas egoístas e egocêntricas e, por isso, nunca lembrará os pequenos.

O Passado Também Chuta: João Azevedo

o passado tambem chuta

Existem pessoas que realizam feitos que ultrapassam o tempo por si só. Algum feito protagonizado pelo grande Azevedo pode muito bem ser contado sem mencionar o autor ou o clube, para que provoque admiração e espanto geral. No entanto, se somarmos a simples frase “aconteceu num dérbi”, agigantamos o feito e, se finalmente dissermos “a sua equipa estava empatada a um golo e acabou por marcar mais dois golos…”, situamos o relato perto das lendas do medievo, que nos encheram de mitos e alguma vez alimentaram as nossas brincadeiras infantis.

Aconteceu, esta espécie de lenda medieval, no velho Campo Grande. E o dérbi era o clássico Benfica-Sporting. João Azevedo lesionara-se gravemente numa clavícula. O jogo estava empatado. Os terapeutas do Sporting Clube de Portugal vendaram e imobilizaram a clavícula. Corria o minuto 22 da segunda parte; João Azevedo vira-se para os companheiros e diz: “vocês preocupem-se em atacar; da baliza encarrego-me eu…” É escusado dizer que este guarda-redes ímpar realizou o seu trabalho, resolvendo, ainda, jogadas arriscadas. O seu Sporting venceu o Sport Lisboa e Benfica por 3-1. Saiu a ombros e a aclamação do público foi geral. O meu pai contava-me: “defendeu só com uma mão.” Mas não só o meu pai me contava este feito; sendo miúdo de calção curto, no bar que o meu pai tinha na Rua da Palma, durante os anos 60, era comum ouvir esta heroicidade durante as dialéticas entre sportinguistas e benfiquistas. Mas, fora deste contexto, resulta que os pais dos meus amigos também lhes contaram a lenda, e tanto é assim que ainda há bem pouco tempo, conversando numa esplanada da Baixa Pombalina, um amigo mencionou o feito.

A ombros dos seus companheiros Fonte: centenariosporting.com
A ombros dos seus companheiros
Fonte: centenariosporting.com

João Azevedo era do Barreiro. Esta localidade era um autêntico viveiro. Menciono só dois nomes grandes do futebol português: o próprio Azevedo e o que foi considerado o melhor extremo-direito da Europa, José Augusto. Pelo Barreiro passaram ou de lá vieram grandes futebolistas; a CUF e o Barreirense alimentaram durante muitos anos os clubes grandes. Como esta crónica trata de um grande guarda-redes do Barreiro, e para que fique bem marcado o valor da “outra banda” como escola de grandes, trarei à baila dois guarda-redes do Barreirense: o mítico e desconcertante Carlos Gomes e o Francisco Silva, que era nem mais, nem menos, o suplente do grande Azevedo na Seleção. Hoje, quaisquer destes três guarda-redes fariam a felicidade do selecionador Paulo Bento.

Dono de todas as vertentes Fonte: sportingvintage.blogspot.com
Dono de todas as vertentes
Fonte: sportingvintage.blogspot.com

Jogou entre 1935-1952; o Sporting dos violinos deve-lhe bastantes vitórias. Despediu-se do futebol, contra a vontade de alguns, com a camisola do querido e charmoso Oriental. Rezam as crónicas e a lenda boca a boca que era ágil, felino, destemido ao atacar os pés dos jogadores, e a pequena área tinha um dono: Azevedo. Ganhou oito campeonatos nacionais, nove campeonatos de Lisboa e quatro Taças de Portugal. Retirado, foi para o seu Barreiro. Comprou um táxi mas era demasiado bom e muitas viagens ficavam por conta do inventário. Emigrou para Londres e ali ganhou segurança. Azevedo não só é um mito, é também o emblema que recorda uma época na qual existiam enormes guarda-redes em Portugal.

Cerveja e Luz

cab desportos motorizados

Há quem diga que o cão é o melhor amigo do homem. Neste momento, Neuville e a Hyundai não concordam. Para o belga e a sua equipa, a melhor companhia do homem é a cerveja.

Neuville terminou em terceiro o rali do México, mas foi complicado confirmar este pódio. O motor do i20 WRC estava sobreaquecido e não estava a funcionar. Por incrível que pareça, o belga usou Corona – uma marca mexicana – para conseguir chegar ao parque fechado final, e assim garantir o terceiro lugar ganho em prova. Foi o primeiro pódio dos coreanos, que, assim, dão mais um passo em frente no seu desenvolvimento.

Quanto à frente da corrida, voltou tudo ao normal. Ogier venceu e Latvala ficou em segundo. O domínio da Volkswagem é cada vez mais evidente e não me parece que este ano, em condições normais, alguém os bata.

O momento em que Nicolas Gilsoul (co-piloto do belga) tenta arrefecer os “ânimos” do motor.  Fonte: Autosport.pt
O momento em que Nicolas Gilsoul (co-piloto do belga) tenta arrefecer os “ânimos” do motor.
Fonte: Autosport.pt

Mas não foi só no México que se disputaram ralis no passado fim de semana. Em Guimarães, tivemos a segunda prova do nacional de ralis, que valeu a segunda vitória a Pedro Meireles. O vimaranense ganhou por três décimos de segundo (!) a prova, organizada pelo Targa Clube, batendo na última especial Ricardo Moura. O tricampeão nacional, no final da prova, assumiu a culpa pelo erro que lhe custou a vitória. Antes de partir para a estrada desta última PEC, disputada de noite, não ligou a calandra para obter mais luz.

É preciso dar também o mérito ao vencedor, pois acreditou sempre nas suas capacidades e conseguiu recuperar os 3s1 que tinha de desvantagem para o açoriano. Uma verdadeira mostra de valor do vimaranense, que, reconheço, está a obrigar-me a pensar sempre que falo dele e das suas capacidades.

É ainda importante falar de João Barros, de José Pedro Fontes e da Suzuki. Barros ficou em terceiro na prova e, não fossem problemas na direção assistida do seu Fiesta R5, poderia ter estado a discutir a vitória. Fontes estreou o Porsche com que vai correr nas provas de asfalto e mostrou as suas mais valias até ter problemas na caixa de velocidades do carro, numa altura em que liderava a prova.

Por fim, falo da Suzuki. A filial espanhola desta marca veio a Guimarães para o início da Copa Suzuki com os seus dois Swift S1600. Era muito bom que em Portugal houvesse algo do género.

Sporting vs FC Porto: antevisão dentro e fora das quatro linhas

0

milnovezeroseis

Caro leitor,

O futebol é um desporto íntegro. Isto é, tem a capacidade de reunir uma panóplia relativamente grande e distinta de vivências importantes – o companheirismo, a paixão, o gosto, mas, também, e infelizmente, o ódio. Neste contexto surge, igualmente, o fenómeno das rivalidades, do qual tenho uma opinião vincada. A meu ver, a rivalidade saudável apimenta, beneficamente, o futebol. Como em tudo na vida, o consenso integral à volta do futebol é irrisório. Portanto, apoiemos cada um o seu respectivo clube e mandemos as tradicionais “bocas”, desde que tudo isto seja feito com base no respeito.

Ora, tudo isto para introduzir o grande jogo que avizinha, o Sporting–FC Porto. A rivalidade entre os clubes é histórica e sofreu um acréscimo na recente época, devido quer à polémica da Taça da Liga, quer aos incidentes do jogo da primeira volta, no Dragão. Fora das quatro linhas espera-se que os ânimos sejam exaltados. Mas, fora do plano de jogo, não estará em prova apenas o fénomeno da rivalidade. O Movimento Basta, apresentado na quarta-feira em Alvalade, tem a primeira iniciativa marcada para as 14h30 de Domingo, precisamente no dia do Sporting-FC Porto. Este é um movimento que parte de dentro do universo sportinguista e que se reveste de toda a pertinência, numa altura em que o Sporting se vê, uma vez mais, fustigado pelas arbitragens.

O Movimento Basta terá a sua primeira iniciativa no Domingo, dia do Clássico Sporting- FC Porto Fonte: ASF
O Movimento Basta terá a sua primeira iniciativa no Domingo, dia do Clássico Sporting- FC Porto
Fonte: ASF

Se fora dos relvados a partida terá grandes aliciantes, o jogo jogado terá, à priori, ainda mais. Em campo defrontar-se-ão o segundo e terceiro classificados do Campeonato, separados apenas por dois pontos de diferença. Por conseguinte, o clássico de Domingo será fulcral para o Sporting. Aliás, arriscaria dizer que este Sporting-Porto é o jogo da época para o clube de Alvalade. Jogar-se-á o futuro dos comandados de Leonardo Jardim no que toca ao lugar a atingir. Caso o Sporting ganhe, o segundo lugar torna-se uma realidade plausível e o título permanecerá como uma esperança, ainda que remota. Por outro lado, uma derrota da equipa de Leonardo Jardim representará a perda do segundo lugar, que, lembre-se, dá acesso directo à milionária Liga dos Campeões. A hipótese de ainda alcançar o Benfica no topo da classificação cai, também, por terra.

Sem Maurício, devido a acumulação de amarelos, Dier será o mais natural substituto do argentino no eixo da defesa. Na frente de ataque, curiosidade para ver quem alinhará como ponta de lança – se Slimani, se Fredy Montero. Com o colombiano em baixo de forma, o talismã argelino assume-se como a opção mais viável. Com efeito, o Sporting jogará, no Domingo, uma cartada importante daquilo que será o futuro leonino no Campeonato. Se é verdade que os aliciantes extra-jogo serão alguns, é dentro do relvado que se disputarão os três pontos. E esses são para ganhar.

O casaco da vitória!

opinioesnaomarcamgolos

Freud dizia que quando os portistas falam mal de Paulo Fonseca se fica a saber mais sobre eles do que sobre Paulo. E aqui encontramos o elemento comum entre Paulo e Sigmund: ambos não percebem nada de futebol.

OK, fui injusto. Freud até dava uns toques na bola… Quanto a Paulo Fonseca, a incógnita mantém-se. Luís Castro sentou-se na cadeira e, em dois jogos, mostrou que é diferente. O jogo com o Arouca não me surpreendeu muito, mas contra o Nápoles a história foi outra. Vi uma equipa a praticar um futebol bastante agradável, pelo menos nas circunstâncias que conhecemos. O Nápoles é uma equipa forte, actualmente em terceiro lugar na Liga italiana e tem o segundo melhor ataque, com 52 golos marcados. Argumentos mais do que suficientes para constituírem um grande desafio a uma equipa que mudou de treinador há uma semana.

O Porto jogou bem, com decisões rápidas e inesperadas, passes ao primeiro toque que baralhavam as posições defensivas dos napolitanos, mas aquilo que me surpreendeu mais foi a saída de jogo. Aquela fase no futebol em que a equipa mal ganha a posse tem de se posicionar, ocupar espaços e progredir com a bola para, a seguir, criar oportunidades de finalização, sabem? Esta fase específica foi executada, a maior parte das vezes, com uma rapidez muito superior àquela a que Paulo Fonseca nos havia habituado. Fernando voltou a encontrar a solidão a que está tão bem acostumado, Defour regressou ao departamento de esforço e entregas (com Paulo Fonseca nem pizzas entregava), e a equipa pareceu encontrar aquele ânimo de que tanto precisava.

Mas admito que é precoce falar já de uma boa mudança. As falhas defensivas continuam a existir; Jackson insiste em provar a teoria do “8 ou 80”, pois ou se move muito e vai buscar jogo mais atrás ou fica pouco móvel na área; Quaresma exagera um pouquinho na sua magia (mas é titular indiscutível); e Varela parece parado no tempo (dificilmente conseguia completar um cruzamento de jeito). O Nápoles explorava muito bem as alas contrárias à progressão da bola, visto que a flutuação dos jogadores azuis e brancos chegava a ser um pouco exagerada, e Callejón só não fez mais estragos porque encontrou Alex-Sandro-é-craque-e-ponto-final. A verdade é que o Porto dominou, podia e devia ter ganho por mais, e mostrou que ainda há esperança para a equipa.

O Porto ganhou vantagem na eliminatória da Liga Europa antes do clássico de Domingo  Fonte: Zero Zero
O Porto ganhou vantagem na eliminatória da Liga Europa antes do clássico de Domingo
Fonte: Zero Zero

No entanto, foi um jogo para a Liga Europa… Veremos se este domingo a atitude se mantém. O meu vaticínio é simples e moderado, se bem que roça o emocional: o Porto ganha e ganha bem. Em Portugal não há um único jogador como Defour, Fernando, Jackson, Quaresma, Mangala, Alex Sandro e, no futuro, Herrera e Carlos Eduardo. Se serão eles a fazer a diferença e a garantir a vitória frente a um Sporting de qualidade e com um treinador super competente? Não. O que vai fazer diferença é ser o Porto. Um Porto que no espaço de meia época conseguiu o pior registo na Champions e um dos piores a nível nacional, mas que em menos de uma semana não parece minimamente preocupado com quem vai à frente ou atrás. Porque, como disse Luís Castro, a vitória assenta-nos bem. E eu acrescento que, se a vitória é o casaco mais bonito da loja, então façam o favor de tirar as mãos porque a etiqueta tem um “D” de Dragão. Sempre teve.

P.S.: Apesar de tudo, e brincadeiras entre Freud e Fonseca à parte, é mais do que justo que se agradeça a Paulo Fonseca por ter dado tudo ao nosso Futebol Clube do Porto. Não acredito que seja fácil treinar esta equipa. A ele e à equipa técnica que o seguiu, muito obrigado pela entrega! Um trabalho não deixa de ser um trabalho só porque não conseguimos concretizar certos objectivos. Espero vê-lo no futuro com mais sucesso do que aquele que conseguiu no Dragão e que encontre rapidamente o caminho para as vitórias, apenas não se meta no caminho do Porto. Se quer vestir o casaco, vá a outra loja!