Depois de algum tempo de ausência volto à escrita e desta vez dedico-me à análise da Liga Portuguesa de Basquetebol. Numa modalidade mergulhada na incerteza, devido às condições financeiras e materiais que se estão a deteriorar de ano para ano, a principal competição do basket português têm-se ressentido da falta de competitividade dos clubes.
Com a realização da 10ª jornada, a LPB chegou a metade da fase regular. Na atual tabela classificativa encontramos normalidades, surpresas, renascimentos e uma dura realidade. As grandes surpresas (e pela negativa) foram a desistência da Académica e o penúltimo lugar ocupado pela histórica Ovarense. Uma prova onde o Benfica é o líder natural com 9V e 1D, tendo sido derrotado apenas na deslocação ao reduto do Vitória de Guimarães. A luta pela conquista do campeonato parece estar confinada a Benfica e Guimarães. Nem tudo é mau neste caos que o basket nacional está mergulhado, os poucos meios financeiros fazem com que as equipas apostem em jovens da formação que ganham assim desde tenra idade, a experiência competitiva que muitos noutros tempos não tiveram a oportunidade.
Supertaça 2013: Benfica vs Guimarães Fonte: @FPB
No final da primeira volta foram 3 os jogadores portugueses que se destacaram entre os melhores, são eles: o veterano Nuno Marçal (Maia Basket) que em 9 jogos disputados alcançou 7 duplos-duplos, o base Miguel Minhava do Galitos Barreiro e o conceituado e irreverente extremo do Benfica João “Betinho” Gomes. Ao nível dos americanos têm-se destacado os postes Aaron Fuller da Oliveirense (MVP da última jornada com 24 pontos, 18 ressaltos (9 ofensivos), 3 roubos de bola e 1 assistência) e Alan Anderson do CAB Madeira, e o base do Sampaense, James Smith.
A surpreender pela positiva tem estado o Algés, tenho curiosidade para ver o que esta equipa recheada de bons talentos nacionais pode alcançar este ano, estão neste momento na luta por um lugar nos playoffs, André Martins orienta uma equipa onde está bem patente mistura entre jogadores veteranos e com muitos jogos da LPB e Internacionais como João Santos e Francisco Jordão e Rui Quintino, com a juventude de jogadores como os bases Francisco Amiel e Henrique Piedade (17 anos) e Diogo Correia (23 anos) que já conquistou vários títulos tanto ao nível da formação pelo Queluz e Benfica como mais recentemente sagrou-se campeão nacional pelo Porto.
A luta pelos playoffs está ao rubro e promete ser disputadíssimo até à última jornada, e prometemos que iremos acompanhar essa disputa todas as semanas aqui no Bola na Rede.
Habituámo-nos a olhar para o FC Porto e a vislumbrar como a base de todo o imenso sucesso das últimas décadas (sobretudo) uma organização directiva plenamente definida, estruturada e assente na figura maior do seu Presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa. Não sou eu que o digo, aliás; todo o profissional que envergou a camisola dos Dragões tece, a cada entrevista, rasgados elogios àquilo que mais comummente se qualifica de “Estrutura” do actual tri-campeão nacional.
Todavia, nem este mar é todo azul nem o universo FC Porto é todo cor-de-rosa. Se inquestionável continua a ser a liderança de Pinto da Costa – por mais que os rivais falem em ditadura, plesbicito ou democracia especial, sempre desprezando que é, precisamente, Pinto da Costa a maior das suas dores de cabeça (basta atentar na necessidade aguda que o Presidente do Sporting demonstra em comentar entrevistas e declarações do líder dos Dragões) e o construtor de um império de vitórias –, a verdade é que, do meu ponto de vista, a Estrutura tem falhado (ou, pelo menos, tem estado mais exposta a riscos) do que em momentos anteriores.
Qualquer análise requer factos e, deste modo, vários são os exemplos que podem ser apontados de uma gestão menos consentânea com aquilo a que o FC Porto, ao nível da sua organização e planeamento, nos foi acostumando. À cabeça, o ‘caso Marat Izmailov’. O russo está verdadeiramente desaparecido em combate: não é visto a treinar no Olival há uma data de meses e, por entre a versão oficial de que continua a “tratar de assuntos pessoais”, muito se tem especulado e muitas versões e teorias têm vindo público. A verdade é que a situação se arrasta sem um fim à vista, com todo o prejuízo para uma equipa e um plantel que se viram privados, desde cedo, de um elemento que se adivinharia útil para atacar esta temporada. Mais do que isso, nunca ninguém ligado à cúpula portista veio a terreno esclarecer (no mínimo, os sócios e adeptos mereciam mais do que o risível e repetido boletim oficial diário) o que, de facto, se passa com o internacional russo e o porquê da sua (eterna?) ausência. Algo nunca visto em momentos anteriores.
Marat Izmailov. A última aparição data de 22 de Setembro de 2013. Fonte: Reflexão Portista
Por outro lado – e voltando a um ponto que já cheguei a tocar neste mesmo espaço –, o plantel desta época parece ter sido construído de forma primária, acabando por ser desequilibrado. Desde logo dois factos: para além de metade da época ter sido jogada apenas com um verdadeiro extremo (Varela), as laterais (com Danilo e Alex Sandro) tiveram e têm um défice de alternativas. Aqui importa relembrar Fucile – a SAD portista não soube gerir este dossier; o uruguaio foi afastado por Vitor Pereira, regressou com Paulo Fonseca mas está de novo fora das contas. Mais do que ter sido um jogador problemático e com pouco rendimento desportivo nas últimas épocas, é hoje um atleta em final de contrato e acabará por sair sem qualquer retorno ao nível financeiro. E tão diferente que poderia ter sido se lembrarmos que Fucile tinha a cotação em alta logo após o Mundial de 2010. Semelhante raciocínio vale, aliás, para a situação de Rolando, outrora patrão da defesa do FC Porto. Ou ‘Cebola’ Rodriguez. Três jogadores que, em determinado momento, aliaram a um rendimento desportivo bastante interessante a possibilidade de uma mais-valia financeira e que acabaram ou acabarão por sair – advinha-se – s€m honra n€m glória.
Retomando o fio da actualidade e o problema dos corredores do FC Porto ao nível ofensivo, não deixa de ser impressivo que a SAD (e, aqui, talvez também Paulo Fonseca) tenha desprezado um prodígio argentino – ainda que com muito por onde crescer – que em Itália dá provas do seu potencial e desperta a cobiça de alguns emblemas importantes ao mesmo tempo que resgata um trintão com muita magia mas sem ritmo de jogo. Em suma, Iturbe por Quaresma – não que o ‘Harry Potter’ não esteja a ser uma verdadeira lufada de ar fresco (e a surpreender-me) no jogo sem soluções do actual Dragão; a verdade é que a solução encontrada se não apresentava risco de uma perspectiva financeira, em termos desportivos foi (e é) uma cartada perigosa: esperar e desejar que Quaresma venha dar a magia, acutilância e capacidade no 1×1 de que o FC Porto necessita após a gorada contratação de Bernard. Numa palavra, a SAD falhou Bernard, ignorou Iturbe, delineou um plantel coxo e num acto mais de fé do que de racionalidade fez regressar Quaresma.
Juan Iturbe. Ainda irá o argentino a tempo de brilhar no Dragão? Fonte: minutouno.com
Neste contexto, podemos ainda falar da contratação de Diego Reyes. O central mexicano tem um futuro brilhante à sua frente, não tenho dúvidas; mas não teria sido mais prudente, num plantel com, na altura, Maicon, Otamendi, Mangala e Abdoulaye, canalizar o montante despendido (num total de 9M€) no reforço de outras posições (já anteriormente enunciadas) mais carecidas? Como não seria possível e aconselhável capitalizar o excelente rendimento de Walter no Goiás através de uma transferência, já que o brasileiro dificilmente voltará a ter oportunidade no FC Porto? E a solução para Kléber – outrora um ponta-de-lança muito promissor e apreciado em diversos pontos mas hoje encostado na equipa B – não poderá passar por algo diferente do que a desvalorização total do atleta tão previsível perante o actual cenário? Noutro tempo talvez as respostas, para o adepto portista, fossem mais óbvias…
É certo que os Tomás Costas e os Predigers desta vida continuarão a existir; é impraticável que um clube tenha uma taxa de sucesso incontestável no que diz respeito a contratações e decisões a nível de mercado. Mesmo perante estas premissas, a percentagem de acerto do FC Porto é, ainda, bastante respeitável – há poucas equipas a vender pelos números dos Dragões (Moutinho, Hulk, Falcão e James são os exemplos mais recentes). Agora, e não obstante este facto, muito discutíveis têm sido as opções tomadas por quem dirige o Dragão desde o topo nos últimos anos. Ou melhor, mais discutíveis do que anteriormente. Cingindo-me apenas às quatro linhas, Sapunaru, Belluschi, Janko, Miguel Lopes, Liedson ou Atsu – para além dos anteriormente citados – são tudo exemplos de recursos humanos que, contratados, vendidos, trocados ou dispensados, foram consequência de um pensamento que invadiu os escritórios do Dragão: o de que, hoje, o mínimo indispensável para ganhar chega. Talvez seja momento de a Estrutura recuperar aquele pressuposto a partir do qual construiu um FC Porto vencedor: aqui só podem mesmo estar os melhores. Em qualquer que seja a área ou departamento.
Depois do humilhante final da temporada passada, todo o mundo benfiquista parecia desmoronar-se aos nossos olhos. Se o Ke… Kelv… Kelvin e o Ivanovic aceitámos como azar, o Jamor foi a estocada final nas piores duas semanas de benfiquismo de que tenho memória (provavelmente, em 2040 irei repetir estas palavras). Tínhamos batido no fundo, da forma mais sádica possível. Se as duas primeiras perdoei a Jorge Jesus – o azar faz parte –, a terceira nem pensar. Parecia de propósito. Jorge Jesus tinha de ter saído no próprio dia dessa mesma final, tal foi o insulto aos valores do clube.
Veio o verão e, com ele, a marginalização de Cardozo e mais uma renovação milionária para Jorge. Chegaram reforços de inegável qualidade e nenhum jogador foi vendido, porque esticar o buraco financeiro até ao máximo é o caminho a seguir pela dupla de derrotados Vieira-Jorge. Depois de uma pré-época aos trambolhões e a dar sinais evidentes do distanciamento entre o plantel e o treinador, a época começou de uma forma catastrófica. Perdi a conta às vezes em que Jorge foi salvo no limite. Ah, no meio disto tudo, o Cardozo foi reintegrado, para bem do Benfica. Ironia do destino, quantos golos de Cardozo nesta temporada foram fundamentais para Jorge ainda cá estar hoje? É um dos méritos que consigo dar a este treinador: a bem ou a mal, jogando melhor ou pior, com ou sem nota artística, consegue superar as fases menos boas e disfarçar aquilo que está à vista de todos. Mas o sonho demagogo de chegar à final da Liga dos Campeões na Luz trocou-lhe as voltas. A ele e a Vieira, que teve de despachar Matic a preço de saldo. Já não bastava termos ficado atrás dos poderosos Lyon e Celtic, juntou-se o Olympiacos à lista. Tentemos esquecer mais esta mancha no nome do Benfica, acompanhada de discursos – que já abordei anteriormente – dignos de um clube sem ambição e cultura de vitória.
Cardozo acredita…e os restantes? Fonte: gianlucadimarzio.com
Esquecendo a triste prestação europeia, a verdade é que, a nível interno, estamos muito bem. Aproveitando um Porto completamente apático (à sexta jornada, tinha cinco pontos de avanço!), ninguém ousava sonhar estar em primeiro lugar no final da primeira volta. A triste partida de Eusébio uniu-nos em redor de uma vitória que pode ter sido fundamental para o virar de página definitivo e afastar os traumas que 2012/13 nos deixaram. O jogo que se aproxima frente ao Sporting poderá ajudar a definir os contornos que esta época terá e a perceber como se adapta a equipa à ausência de Matic. Peço a Jorge que se deixe de goleadas loucas e de nota artística. Só queremos ganhar, pouco importa como. Bem sei que este “só” é muito grande, por aquilo que tem mostrado ao longo destes quase cinco anos. Gostava de acreditar que, depois da tempestade, virá a merecida bonança. Mas também dizem que não há duas sem três. Ou que à terceira é de vez…
No início do ano, falei, neste mesmo espaço, sobre aquilo que poderá ser a segunda fase do campeonato espanhol.
Nesse texto, um dos protagonistas foi o Atlético Madrid, cuja prestação tem encantado tudo e todos. Sucintamente, referi que os colchoneros, apesar do bom futebol, do excelente treinador e da mentalidade positiva, dificilmente seriam campeões. A razão? Estofo. Ou, neste caso, falta dele.
Neste momento, o campeonato espanhol encontra-se na 20ª jornada, estando o Barcelona e o Atlético Madrid colados (como estiveram, praticamente, até ao presente) na frente da tabela, com 51 pontos. Durante estes 20 jogos, o Atlético Madrid teve três oportunidades para descolar dos rivais e isolar-se no primeiro lugar. Em nenhuma das três tentativas, os homens de Diego Simeone mostraram estofo e capacidade para assumir a imensa pressão de liderar uma liga tão forte como a espanhola.
Ao analisarmos os três jogos de que falei, é fácil perceber que o Atlético Madrid sentiu (e muito) essa pressão extra. Ora, vejamos:
Aprimeira oportunidade surgiu à 9ª jornada, no dia 19 de Outubro de 2013. À entrada para esta ronda, o Barcelona e o Atlético Madrid estavam no topo da classificação, com 24 pontos e oito vitórias em oito jogos. Surpreendentemente, o Barcelona acabaria por ceder um empate na deslocação ao Osasuna, e o Atlético Madrid entrava no jogo frente ao Espanyol com a possibilidade de ganhar dois pontos de vantagem ao rival. O cenário positivo não se confirmou, e o Atlético Madrid abandonaria o Cornellà-El Prat com a primeira derrota da temporada (1-0). No final dessa partida, Diego Simeone, visivelmente frustrado, diria, na flash-interview, a polémica frase que ocupou parte das capas dos jornais desportivos no dia seguinte: “a Liga espanhola é aborrecida”. Ainda que o estado emocional possa ter tido muita influência nas declarações do treinador argentino, eu sou obrigado a discordar, uma vez que, este ano, a Liga BVVA tem sido tudo menos aborrecida. A verdade é que, por muito que doa a Simeone, o Atlético Madrid não mereceu ganhar a partida frente ao Espanyol. Foi uma equipa nervosa e sem ideias de jogo suficientemente fortes para bater uma das melhores defesas do campeonato. O empate talvez tivesse sido justo, é verdade, mas a derrota foi o espelho e a consequência da inquietação dos colchoneros.
Para ter uma nova oportunidade de se isolar no primeiro lugar, o Atlético Madrid teria de esperar até Janeiro deste ano; foi no passado dia 10 que Atlético Madrid e Barcelona protagonizaram um dos clássicos mais esperados dos últimos anos. Com 49 pontos somados por ambas as equipas, o Atlético tinha, à 19ª jornada, a oportunidade de deixar o Barcelona a três pontos de distância. Mais uma vez, não conseguiram. Simeone até arriscou bastante ao colocar Diego Costa e David Villa na frente de ataque, mas a mensagem de confiança por parte do treinador não surtiu efeito nos jogadores, que falharam várias ocasiões de golo. De facto, o Atlético foi melhor em quase todos os setores e momentos do jogo, mas, face a um Barcelona que respeitou demasiado o rival, pecaram na eficácia.
O clássico foi muito disputado Fonte: Lancenet
Se, na primeira vez, o Atlético teve de aguardar quase três meses por uma nova oportunidade para ultrapassar o Barcelona, desta feita, os colchoneros foram presenteados com uma nova chance logo na jornada seguinte. Depois do clássico, o Barcelona deslocou-se ao terreno do Levante e, já com Messi recuperado da lesão que o afastou da equipa por vários jogos, o melhor que os catalães conseguiram foi um empate. Por incrível que pareça, o Atlético Madrid voltou a entrar em campo com o conhecimento de que uma vitória significaria o primeiro lugar isolado. A jogar no Vicente Calderón, perante o seu público, o Atlético Madrid sucumbiu novamente à pressão e cedeu novo empate (1-1), frente ao Sevilla. É realmente incompreensível a forma como o Atlético não ganha um jogo que até começou da melhor forma possível, uma vez que, aos 18 minutos do primeiro tempo, os colchoneros já venciam, com um golo de David Villa. Porém, o resto da partida ficou marcada pelo desperdício (mais uma vez) dos jogadores da casa, que viram, aos 73 minutos, através de uma grande penalidade, Ivan Rakitic fazer o empate para o Sevilha. Se, até ao momento do empate, a clarividência não era uma mais valia no jogo do Atlético, a partir daqui, a equipa comandada por Diego Simeone revelou todo o nervosismo e cedeu à pressão.
Para quem quer ser campeão, o Atlético Madrid não pode ceder nestas situações. Aliás, quem joga no mesmo campeonato do Barcelona tem de aproveitar toda e qualquer situação de vantagem – que o diga o Real Madrid.
As grandes equipas revelam-se nos grandes momentos. É uma frase que, na minha opinião, sempre fez sentido. É nos momentos de pressão – leia-se decisivos – que os melhores jogadores e as melhores equipas provam a capacidade de se sobreporem a outras cuja habilidade é inferior.
Estará este Atlético Madrid a esconder na beleza e garra do seu futebol a insegurança de se assumirem como líderes e, porventura, como candidato em pé de igualdade aos dois gigantes espanhóis? Se realmente quer ser campeão, o Atlético Madrid tem de assumir para si mesmo, para os jogadores, equipa técnica e adeptos, que é nos momentos decisivos que se fazem os vencedores.
Na Civilização Romana – talvez o Império com maior impacto de que há memória – havia uma estrutura. Políticos. Cidadãos. Escravos, também (infelizmente). Por falar em escravo, “12 Anos Escravo” é maravilhoso. E tudo o que o filme nos quer dizer vai para lá das palavras. Obrigatório. Continuando. Havia os legisladores: os homens das leis. E havia o exército: o grande pilar de sustentação dos tentáculos de Roma. Como uma principesca. Poderosa. Majestosa. Inexorável. Ninguém lhe escapava. A cruz indicava o final severo de uma vida interrompida contra vontade. E só no outro mundo se escapava da capital latina.
Legionários. Carne para canhão. Carne na mesa só em dia de festa. Patuscadas eram poucas. Somente nas orgias e nos massacres das guerras. De espada embainhada, escudo, uniforme e dispostos em quadrado (ou tartaruga, ou quincôncio, etc), lá partiam eles, para mais uma investida de extravasamento do Império. Conhecer mundos e dar universos. Iluminar os ensombrados.
Futebol? Alguns anos mais tarde. Isto a propósito de um “Estudo Demográfico”, documento elaborado anualmente pelo “Observatório do Futebol” (CIES Football Observatory). Na nossa Primeira Liga, dos 399 jogadores que iniciaram a época nas 16 formações presentes, 208 são estrangeiros. Realmente um campeonato com tamanho número de estrangeiros até pode confundir os olhos mais desatentos. Isto é, com tantos metecos , até parece outro país. Qual a nação mais representada? É o país da coluna semanal sobre a qual tenho jurisdição. Como um Romano. Obviamente que as contas têm de ser equilibradas. Não estou a defender um mercantilismo futebolístico desenfreado. Porém, simples regras. Como a utilização máxima de três ou quatro estrangeiros por onze inicial; quotas de forasteiros nas equipes. Entre outros. Mas quem sou eu para dar palpites? Diversidade também é boa. E falando o Brasil português, falamos todos a mesma língua. Pelo menos isso.
Já outros campeonatos não podem dizer o mesmo. É que os brasileiros são os estrangeiros em maior número, não só aqui, no “país mais bonito do norte de África”, como disse Chuck Berry (um dos percursores do rock) quando veio dar um concerto a este retângulo plantado à beira do Atlântico. Os irmãos de Vera Cruz são a maior Legião Estrangeira na Europa. Uma prova de que o futebol com samba tem mais encanto. Ou não. Mas eu prefiro dizer que sim. Os movimentos de ida agora já não são mais feitos só para cá. Mas também para lá. À medida que o tempo avança, o Brasil vai se afigurando como um gigante económico. E já consegue reter os seus maiores valores. Veja-se o caso de Neymar.
Batalhando em relvados alheios; uns melhor, outros… nem tanto, os habitantes da terra do pau cor de brasa impõem uma civilização. Exportam, de uma maneira ou de outra, uma fração de cultura do país. Se não é pela língua, pela escultura, ou pelo direito, pelo menos é por um público satisfeito e um estádio a aplaudir de pé. Depois é descansar, porque a vida espartana requer pouco lazer e muito sofrimento. Na semana seguinte toca a reunir tropas, pois vem aí outra guerra.
Rondo. Um nome que, certamente, irá entrar na história da liga. Um base com um talento inegável.
Depois de quase um ano lesionado, o número 9 dos Boston Celtics regressou ao seu – mais que merecido – lugar. Estamos perante um atleta fenomenal que tem um impacto incalculável em todos jogos.
É um jogador que preenche as folhas de estatísticas, sendo capaz de ter “triplos-duplos” regularmente. Rouba a bola, marca pontos, agarra ressaltos, e é o comandante de toda a armada ofensiva da equipa lendária da cidade de Boston.
Depois do regresso tão aguardado desta estrela, Rondo parece estar de saída do plantel. Contudo, os adeptos aplaudiram imenso o seu retorno.
Ainda Rondo estava lesionado e a sua saída já era badalada pelos sites de rumores desportivos. No entanto, as equipas que, até agora, se mostraram mais interessadas e que mostraram os melhores argumentos para deterem os direitos de Rajon Rondo foram os Sacramento Kings e os Houston Rockets.
Analisemos a influência que este atleta iria ter em cada uma destas equipas acima referidas. Os Kings dariam, teoricamente, os bases Isaiah Thomas e Bem McLemore, Marcus Thornton, Jason Thompson e duas escolhas da primeira ronda no draft por Rajon Rondo. Se assim fosse, os Celtics teriam garantido dois bases para o futuro, e, juntando as trocas do início do ano com os Boston Celtics, um ataque aos draft do ano que se avizinha. Do lado dos Kings, teriam um cinco inicial formado por três estrelas: Rondo, naturalmente, Rudy Gay e DeMarcus Cousins.
Em princípio, e de acordo com as estratégias que ambas as equipas têm mostrado ter para o ano que vem, dum lado temos os Celtics em reconstrução e do outro os Kings, que se querem mostrar como uma equipa que possa fazer frente a uma conferência cheia de talento e a uma divisão que tem equipas como Lakers, Clippers e Golden State Warriors. Neste caso, ambas as equipas ficariam a ganhar.
Rajon Rondo é um das melhores bases da liga, da história dos Celtics, e discutivelmente, de sempre. É Completíssimo, um grande atleta e um dos melhores comandantes ofensivos. Fonte: celticslife.com
Por sua vez, os Rockets ofereciam Jeremy Lin, Omer Asik e uma escolha na primeira da ronda do draft de 2014. Do lado dos Rockets, libertavam dois jogadores que aparentemente não fazem parte das contas: Lin, com um salário enormíssimo, e que ficaria tapado por Rondo, e Asik, jogador que tem vindo a ser relegado para um papel de reserva muito pouco utilizado. O plantel dos Rockets, com a chegada de Rajon Rondo, ficaria muito assustador, com Rondo, James Harden, o subvalorizado Chandler Parson, o jogador em ascensão Terrence Jones e o melhor poste da liga a nível ofensivo, e por três vezes considerado o melhor jogador defensivo, Dwight Howard.
Do lado dos Boston, as trocas seriam igualmente boas. No entanto, ao contrário do que receberiam na troca com Kings, garantiriam um base com provas dadas.
De qualquer forma, a presença de Rajon Rondo seria muito importante em qualquer plantel da liga, e, como tal, Danny Ainge, o director desportivo dos Celtics, tem muito em que pensar.
Este atleta não garante jogos com dúzias de pontos; é um jogador extremamente consistente, que defensivamente é único. Rouba bolas, garante blocos e é capaz de defender inúmeras posições e jogadores, graças à sua capacidade atlética.
Rondo já foi campeão por uma vez, All-Star por quatro, líder em assistências por duas e foi o jogador com mais roubos num ano. Todas estas estatísticas são extremamente redutoras, visto que ele é muito melhor jogador do que aquele que é apresentado através de uns meros números, por muito bons que sejam.
A sua presença numa arena pode fazer os fãs delirarem de alegria ou tremerem de medo. Quando em campo, a sua equipa parece que joga melhor. Visto isto, podemos ter a certeza de que, qualquer que seja a equipa que o garanta este ano e para os que sucedem, terá um dos plantéis mais assustadores da liga.
No sábado, acabaram duas das mais míticas provas de desportos motorizados. Ambas marcadas por condições muito difíceis, apesar de os motivos serem diferentes: se, no Dakar, as temperaturas eram altíssimas, no Monte Carlo, a neve e gelo complicaram a vida a muitos pilotos.
Mas vamos começar pelo Dakar. Grandes expetativas ao ínicio e desilusão no final, parece a sina dos portugueses. A prova até começou bem, com Carlos Sousa a vencer a primeira etapa nos carros, mas, no dia seguinte, a viatura chinesa teve problemas e o piloto foi desqualificado por não ter cumprido a etapa toda. No mesmo dia, outro português foi também desqualificado. Francisco Pita tinha parado para ajudar Sousa e acabou por sair prejudicado também. Para terminar nos carros, Paulo Fiuza levou Orlando Terranova ao 5º lugar, e Filipe Palmeiro levou Martin Kaczmarski à 9ª posição.
Nas motos, onde havia mais hipóteses para os portugueses, as coisas não correram bem, apesar do 5º lugar final de Hélder Rodrigues. Na terceira etapa, Ruben Faria foi forçado a desistir devido a uma queda; duas etapas depois, foi Paulo Gonçalves que foi obrigado a abandonar, depois de a sua mota se ter incendiado. Ainda falando em abandonos, Victor Oliveira também saiu na 12ª etapa, quando seguia no 66º posto. Além da 5ª posição de Hélder, tivemos ainda mais três portugueses a terminar a prova nas motos. Pedro Oliveira foi o segundo entre os tugas, ficando no 24º posto. Bianchi Prata foi 29º e Mário Patrão foi 30º; foram boas prestações destes motards.
Nos camiões, os dois portugueses também terminaram. Velosa foi 45º, enquanto Martins se ficou pelo 48º lugar. Quanto aos vencedores, o Dakar premiou Marc Coma, Ignacio Casale, Nani Roma e Andrey Karginov, em motos, quads, carros e camiões, respetivamente.
Ogier a lutar na neve Fonte: supermotores.net
No WRC, Ogier venceu o seu segundo Monte Carlo. A prova começou com Kubica na frente, mas, na terceira especial, Bouffier assumiu o comando. Ambos os pilotos pilotaram a máquina da M-Sport – Fiesta WRC – e conseguiram ser mais eficazes do que os pilotos da equipa oficial. Na nona PEC, Ogier assumiu o comando e não mais o largou, confirmando que vai ser o piloto a bater nesta temporada. Bouffier terminou a prova na segunda posição e Kris Meeke em terceiro. Tivemos, assim, um pódio com três marcas diferentes.
A Hyundai não teve a estreia que esperava, pois Neuville desistiu por acidente logo na primeira especial, e Sordo foi forçado a desistir na quinta por problemas na bateria do seu i20 WRC. Não posso terminar este artigo sem falar do novo Sébastien. Chardonnet é, cada vez mais, um valor já seguro. Ao volante de um DS3 R3T, terminou em 11º à frente de carros muito mais potentes e mostra valor mais do que suficiente para ser campeão do mundo no futuro.
De cerveja na mão, com um amigo que fiz através do grupo, dava mais uma volta pela sala. Senti que era a centésima, mas havia sempre tanto para ver. Vasculhava as paredes de alto a baixo, sem conseguir vislumbrar um único ponto de tinta branca, tantos eram os cachecóis, camisolas e fotografias penduradas. “Filipe, o que quer isto dizer?”
Parei à frente de uma que me chamou particularmente a atenção. Já tinha visto aquela frase tanta vez sem nunca saber o seu significado. Agora, deparava-me com ela na fotografia de uma tarja da Torcida Verde, na «casinha».
Não foi o Filipe que me respondeu. Prontamente se virou para trás o chefe da claque, que falava com outro membro. “«Hic Svnt Leones»? Significa «Aqui há Leões». E esta aqui – apontou um pano gigante de um leão, exatamente por baixo da tarja na fotografia – é uma bandeira que oferecemos a uma claque com quem temos amizade. Não cabia no nosso setor, então oferecemos-lhes”.
Foi o primeiro minuto de conhecimento de uma hora que se encheu de histórias ultras: a dos italianos, fãs de basquetebol, que como claque trabalharam para reerguer um clube falido e com jogadores amadores o devolveram aos escalões profissionais; a das inúmeras amizades leoninas com outras claques como a da Fiorentina, Hammarby e Rapid Viena; a que pairava por detrás do pó de cada foto, umas em Celtic Park com os Leões de Portugal, outras em Dortmund com os fanáticos adeptos do Borussia. Naquelas paredes estão penduradas décadas de história para contar e os que perdem uns minutos a descrevê-la deixam transparecer nos olhos o brilho de um grande amor.
Na semana anterior tinha ali levado o meu pai, como já antes levei o meu irmão, namorada e amigos, tanto àquela «casinha» como a outras de Alvalade. Quando saí, disse-lhe “são pessoas normais, vês?”. Respondeu-me com um “oh, claro!”, como se fosse a verdade mais absoluta deste Mundo. Infelizmente, não é. Dói-me ver a facilidade com que a ignorância leva as pessoas a atacar as claques. Eu, por estar de pé na bancada a gritar pelo clube que amo, sou apelidado de delinquente, criminoso e de pessoa que incita à violência quando, na verdade, os únicos desaguisados que tive na vida foram com o meu irmão, em miúdo, por termos mau perder no PES.
Não me venham dizer que eu sou uma exceção. Não! Eu sou a regra! Os delinquentes sim, são as exceções que nos confirmam como regra. Não nego que haja pessoas com objetivos condenatórios no seio das claques. Mas há nas claques como há em todos os grupos – seja nas associações de estudantes ou em simples conjuntos de amigos. Desde os meus 15 anos que vejo os jogos do Sporting no seio dos grupos organizados, tanto em casa como fora, e posso dizer que hoje, com 21 anos, vi mais pancadaria nos jogos do Atlético da Malveira que no meio da Juventude Leonina. E não, não foram encapuzados com tochas na mão, mas «senhores» de camisa, sapatos de vela e chaves de um Mercedes no bolso.
Como diz a maior e mais antiga, “isso que diz toda a gente, que somos violentos e somos delinquentes, não lhes faço caso, vou a todo o lado”. Porquê? Porque todos queremos ter aquele brilho nos olhos, daqui a uns anos, quando tivermos centenas de histórias para contar. Porque desejamos trocar de cachecol com um adepto do Celtic em plena Escócia. Porque aqui há leões. Hic Svnt Leones. Sempre.
Há dias menos bons para o hóquei português, e o passado fim-de-semana foi um desses dias. Em fim-de-semana de provas europeias, os resultados não foram os melhores para alguns, dois clubes foram mesmo eliminados, mas nada ainda está perdido.
Costuma dizer-se que à terceira é de vez. Mas, desta vez, foi à quarta. Depois de três derrotas frente ao Benfica, o Vendrell derrotou o Benfica à quarta tentativa. No Pavilhão da Luz, o Benfica até entrou melhor, com um golo de Diogo Rafael, aos 17 minutos, mas um guarda-redes do clube espanhol bastante inspirado impediu o Benfica de aumentar a vantagem. Como um azar nunca vem só, num minuto o Benfica deixou de estar a ganhar para estar a perder por 2-1. O Benfica fez tudo para empatar, chegou a atirar uma bola ao poste, mas quem foi feliz foi o Vendrell, que, nos minutos finais, marcou o terceiro. Foi um jogo infeliz para o Benfica, que não teve a sorte do seu lado. Com este resultado, os campeões europeus dividem a liderança com os espanhóis, mas a hipótese de acabar em 1º lugar ainda não está perdida.
Quem também não foi feliz foi a AD Valongo. Num jogo com alguma polémica, os líderes do campeonato perderam, na Corunha, frente ao Liceo. Miguel Viterbo ainda colocou a formação portuguesa em vantagem, mas não impediu a derrota por 8-3, que deixa o Valongo em 2º lugar. Foi a primeira derrota da temporada, logo frente a um dos favoritos na prova. E não será esta derrota a manchar a boa imagem causada pelo surpreendente Valongo na Liga Europeia e a pôr em perigo o apuramento para a próxima ronda. Nada está perdido se o Valongo continuar a jogar como tem jogado. Este jogo também teve incidentes que em nada contribuem para o espectáculo que é o hóquei. Telmo Pinto sofreu um traumatismo craniano durante o jogo, um acto propositado, infeliz e sem razão, por parte dos jogadores do Liceo. Mas o Valongo respondeu na mesma letra, ao lesionar um jogador espanhol. Uma acção não justifica a outra e, onde o Valongo podia ter-se mostrado superior, desceu ao mesmo nível do Liceo.
Mas também houve bons resultados para os clubes portugueses na Liga Europeia. Porto e Oliveirense ganharam os seus jogos, que eram importantes para o futuro das equipas na prova. Os campeões nacionais garantiram o apuramento ao ganharem por 6-2 no terreno do SHG Herrigen. Ao contrário do que o resultado possa mostrar, foi um jogo complicado, principalmente na primeira parte, onde os alemães bateram o pé ao Porto, com os azuis e brancos a estarem a ganhar só por 3-2. Na segunda parte, o poderio dos comandos de Tó Neves veio ao de cima e o Porto venceu com naturalidade.
A Oliveirense também venceu o seu jogo. Era decisivo para as contas do apuramento e só a vitória interessava. Na recepção aos alemães do Iserlohn, os homens de Nuno Resende golearam por 8-1 e voltam a estar na luta pelo apuramento. A três pontos do líder, Valdagno, e empatado na segunda posição com o Reus, pede-se uma Oliveirense ao seu mais alto nível para conseguir o apuramento.
Na Taça CERS, só o Turquel é que sorriu. O Braga não conseguiu anular a derrota que sofreu, em Espanha, frente ao Noia, por 4-3, e voltou a perder em casa por 1-0. O mesmo aconteceu com o Óquei de Barcelos. Depois da derrota em casa por 5-3, frente ao Hockey Breganze, os barcelenses tinham a muito complicada missão de, em Itália, dar a volta ao resultado. Mas com outra derrota, por 6-4, despediram-se da Taça CERS. O único representante português em prova é o Turquel. Depois da vitória fora por 4-5 frente aos italianos do Follonica Hockey, em casa, conseguiram outra vitória, desta vez por 1-0, que bastou para se apurarem para os quartos de final. A esperança portuguesa na Taça CERS reside, portanto, no Turquel.
Turquel, o unico clube português na Taça CERS Fonte: http://www.hct.pt
Terminada a jornada europeia, é tempo de voltar as atenções para o campeonato. O Benfica venceu o Candelária por 5-2 e reduziu a distância para Porto e Oliveirense, com 30 pontos, e Valongo, com 33. O Benfica vs Porto está ai.
A 18 de Agosto de 2013 jogava-se o Setúbal-Porto no Bonfim. Quinze jogos depois jogou-se o Porto-Setúbal no Dragão, com a equipa azul e branca a manter-se no 3ºlugar (a 3 pontos de Benfica e a 1 do Sporting) através de uma exibição bastante melhor do que aquela efectuada na 1ª jogada do campeonato.
Fazendo um paralelismo, em ambos os jogos são evidentes as diferenças encontradas na equipa de Paulo Fonseca:
Onze do Porto na 1ª jornada: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Fernando, Defour e Lucho; Licá, Josué e Jackson Martinez. Onze do Porto na 16ª jornada: Helton; Danilo, Maicon, Mangala e Alex Sandro; Fernando, Lucho e Carlos Eduardo; Varela, Ricardo Quaresma e Jackson Martinez.
Parecidos? Não. Não é que tudo tenha mudado, mas a verdade é que as dinâmicas da equipa alteraram-se por completo. Na defesa a única mexida foi a troca de Otamendi por Maicon. A explicação, já referida em outros artigos meus, é a sucessão de erros cometidos pelo central argentino em inúmeros jogos para o campeonato, Taça de Portugal e Liga dos Campeões, levando a que Maicon fosse aos poucos marcando pontos na competição por um lugar na equipa. O problema é que o novo titular da defesa do Porto também comete bastantes erros (no jogo contra o Setúbal obrigou a uma saída de Helton que teve como consequência um cartão amarelo para o guarda-redes brasileiro) e parece-me que até ao fim da época continuará a haver muita competição pelo lugar.
No meio-campo, além da provável inversão de triângulo, Defour foi saindo da equipa, cedendo o seu lugar a Herrera e, nos últimos tempos, a Carlos Eduardo. O centro-campista belga, sedento de estar no Mundial, não só está descontente no Porto como teceu algumas críticas ao campeonato português, sendo a sua saída do clube uma mera questão de tempo (possivelmente só em Junho, já que não há interesse por parte do seu empresário em emprestar o jogador).
Carlos Eduardo, que começou na B sem grande alarido (sempre se criticou o facto de Kelvin, Herrera e Reyes estarem no Porto B mas pouco se falou do médio brasileiro), aproveitou da melhor forma as oportunidades que lhe foram sido dadas por Paulo Fonseca, levando inclusive a que o treinador do Porto descesse Lucho e atribuísse a posição de (falso) 10 ao número 20 do Porto. Ainda que em jogos de maior dificuldade, nomeadamente contra Benfica e Sporting, tenha estado algo apagado, o brasileiro fez por merecer um lugar cativo no relvado no Dragão.
El Comandante divide opiniões mas nunca corações Fonte: FCPorto
Ainda no meio-campo do Porto, a prestação que Fernando Reges teve nas últimas 16 jornadas grita por uma renovação que tarda em chegar. Como já defendi noutras semanas, a prioridade desta renovação deveria anteceder qualquer outra e todos os portistas, jogo após jogo, pedem ao Presidente que algo seja feito. Quanto a Lucho Gonzalez, ultimo elemento cativo neste meio-campo e que completou 33 anos no passado Domingo, assumo existir um “conflito” entre Razão e a Emoção no que toca às suas prestações. Parece-me evidente que o seu nível exibicional baixou consideravelmente nas últimas jornadas; contudo, Lucho é sempre Lucho, e a sua saída no onze não me parece provável nas mãos de um treinador que teme efectuar qualquer decisão. Dada a escassez de soluções, acredito apenas que Josué, Herrera e Defour alternarão a titularidade em jogos das Taças, em que o argentino se sentará no banco para “descansar”.
No trio ofensivo, à excepção do intocável Jackson Martinez, que, ainda que tenha 20 jogos sem marcar vai manter a sua titularidade absoluta no plantel (mesmo existindo o argelino Ghilas, que nem nas Taças joga), as restantes posições alteraram-se por completo em comparação com a 1ª jornada do campeonato, com as saídas de Josué e Licá (é incompreensível que estes tenham sido os extremos do Porto) para as entradas de Varela e Quaresma.
Josué jogava fora da sua posição. O seu talento era claramente desaproveitado a falso-extremo e as suas exibições no meio-campo têm provado isso mesmo. Quanto a Licá, o esforçado ala português passou do “titular de Paulo Fonseca” a não convocado alguns meses depois, provavelmente as decisões mais estranha e mais correcta do treinador português.
Quaresma, o mal-amado de todos os que não gostam de futebol mas que apenas vêm as suas cores clubísticas, aquele a que todos apontam o dedo por tudo e por nada e cuja carreira reduzem a um ano no Dubai, chegou ao Porto há 15 dias e já agarrou o lugar, assumindo a responsabilidade e a iniciativa de várias jogadas individuais e colectivas nos últimos 2 jogos. Claramente ainda lhe falta maior entrosamento e melhor condição física, mas com o tempo tudo vai melhorar e, além da equipa e do próprio jogador, também Paulo Bento fica a ganhar (não neste momento, por enquanto) com mais uma opção para a selecção.
Lucho e Quaresma; Jackson e Carlos Eduardo: duas gerações portistas Fonte: FC Porto
Quanto ao “Drogba da Caparica”, Varela, parece-me poder fazer uma época ao nível da da conquista da Liga Europa. Passando a ter menor responsabilidade (Ricardo Quaresma passa a ser a “estrela” da equipa, aquele que tem mais “obrigação” desequilibrar), tem mais espaço e menos pressão para desenvolver as suas jogadas, podendo assim melhorar o seu nível exibicional ao longo da época e garantir o visto para o Brasil.
Por fim, importa ainda salientar o facto de em Agosto Kelvin andar pela B e Quintero se apresentar como a nova arma secreta do Porto e agora, em Janeiro, ser o brasileiro do minuto 92 que tem direito à titularidade em jogos da Taça e a 30 minutos no campeonato. O colombiano foi remetido pela equipa técnica para um estatuto de jogador quase dispensável, sendo que nem na Taça joga e apenas entra em jogo para figurar nas estatísticas da partida, estando numa situação completamente incompreensível.
Após mais de 150 dias do primeiro jogo contra o Setúbal, o Porto mudou, tendo aparentemente sido encontrado o melhor onze da equipa azul-e-branca à 16ª jornada. Contra uma apática equipa a jogar de “pantufas” (palavras do sábio Luís Freitas Lobo), o Porto apresentou um domínio absoluto. Importa agora saber não só como estará contra equipas de maior valor, como a regularidade que apresentará nos próximos meses.