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O Sistema do Choro

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dosaliadosaodragao

Por mais que a minha preferência vá para a discussão sobre o jogo – o verdadeiro! – que se desenrola dentro das quatro linhas relvadas, certas vezes temos de abrir excepções. Esta semana, exactamente, assistimos a uma situação que, mais do que qualificar, merece preencher esse conceito de excepção.

Por entre factos e conjecturas, suposições e esquecimentos, o Presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, disparou em todas as direcções no final do Penafiel-Sporting, encontro que o seu clube até venceu por 1-3. Motivação? O facto nº 1: o Sporting foi incapaz, no total das três jornadas da 3ª fase da Taça da Liga, de marcar mais golos do que o FC Porto. Mesmo depois da goleada infligida aos Dragões, naquele 0-0 em Alvalade, o Sporting terminou com 7 pontos (os mesmos que o FC Porto) mas com 6 golos (menos um do que o Tri-Campeão nacional).

Haveria então Bruno de Carvalho, o novo ícone de um emblema renascido das cinzas, de, em mais uma mítica conferência de imprensa, justificar a eliminação do clube a que preside com dois factos (segundo Bruno): um penalty inventado no último minuto do jogo do Dragão e a circunstância de o FC Porto-Marítimo ter começado desfasado em quatro minutos em relação ao Penafiel-Sporting, argumentando que no momento do apito final do encontro em Penafiel o Sporting estava apurado. Desprezando as ironias, os sarcasmos e os clichés habituais, é uma linha argumentativa interessante vindo de alguém que costuma invocar a idade e estado físico-intelectual de seu pai para atacar os que com ele partilham a similitude geracional.

Voltemos, então, e de novo, aos factos (segundo Bruno). Para o Presidente do Sporting, o lance que envolveu Ghilas e Igor Rossi só poderia redundar em castigo máximo utilizando o “’intensómetro’ criado pelos “senhores inteligentes”. É normal que Bruno tenha alguma dificuldade em compreender que um lance destes pode dar azo a grande penalidade, uma vez que o argelino do FC Porto não se encontrava entre a linha de fundo e os placards publicitários; de todo em todo, não vi ninguém ter opinião divergente da de Manuel Mota – diria mesmo que é um daqueles casos que, de tão inequívoco que é, deixa – quem o invoque – mal na fotografia.

Prosseguindo no show de Penafiel (com continuação ao longo dos últimos dias através de capas e comunicados), o Presidente do Sporting invoca o atraso no começo do jogo FC Porto-Marítimo em relação ao disputado em Penafiel. Mesmo não sendo o referido atraso de quatro minutos (na realidade, foi de 2m47s), é óbvio que os jogos deveriam ter começado à hora marcada. Como deve ser sempre, aliás.

Os atrasos de Ontem I  Fonte: Mais Futebol
Os atrasos de Ontem I
Fonte: Mais Futebol

Mas depois chegamos ao momento em que surgem as conjecturas, as suposições e os esquecimentos. O “intensómetro”, segundo Bruno, que teria de ser utilizado para descortinar o penalty sobre Ghilas caiu no goto (tal como a referência ao quarto golo portista diante do Penafiel obtido, inquestionavelmente, em fora-de-jogo); mas, com tanta assertividade, esperava de Bruno – um defensor veemente da verdade desportiva – uma referência à grande penalidade que ficou por marcar por falta de Igor Rossi sobre Carlos Eduardo ao minuto 56. Ou ainda uma pequena alusão aos dois penalties não assinalados a favor do Marítimo no jogo diante do Sporting (por Dier, ao minuto 30, e por Slimani, ao minuto 70) em pleno Alvalade. Ou mesmo uma menção à forma peculiar como Carlos Eduardo foi expulso no clássico de Alvalade. Neste ponto, confesso a minha desilusão.

No entanto – e dado que a referência ao lance de Ghilas não ‘colou’, de tão patética que foi –, a questão centrou-se em torno da celeuma do atraso. Segundo Bruno, estamos perante “coincidências que sempre acontecem” ou “mais uma jogada de mestre sempre na mesma lógica, de não olhar a meios para atingir os fins pretendidos”. Dado que o Marítimo pouco incomoda o Sporting (ao contrário da época passada…), as palavras parecem ter um alvo bem definido: o FC Porto. Ora, com tantas sentenças atiradas para o ar, ainda ninguém conseguiu responder a uma simples e tão óbvia questão: é o FC Porto o culpado pelo atraso no início do jogo (atrasos que, bem ou mal, sempre vão acontecendo em todo o tipo de competições, em todo e qualquer estádio)? Todavia, concedo: se se provar que sim, puna-se! Se houver dolo associado, ainda mais, tal como dita o artº. 116º do Regulamento Disciplinar da LPFP. Contudo, esta teoria da conspiração não fica abalada quando percebemos que, aquando do reatamento do jogo, a primeira equipa a surgir no relvado do Dragão para iniciar a segunda parte foi, precisamente, a do FC Porto? Então no começo da partida tinha interesse em atrasar e, ao intervalo, com um resultado que lhe era desfavorável (1-2), já tinha por vontade comparecer em tempo adequado para o reatar da segunda parte?

Neste pequeno vídeo fica claro, a partir do minuto 1:12, qual foi a primeira equipa a subir ao relvado do Dragão para iniciar a 2ª parte do encontro (25 segundos após o fim do tempo regulamentar do intervalo). Creio, ainda assim, que Bruno há-de ter uma qualquer teoria sobre isto, por certo.

Os atrasos de Ontem II  Fonte: TSF
Os atrasos de Ontem II
Fonte: TSF

Mais, toda esta sequência de argumentos desemboca numa conclusão interessante. Segundo Bruno, no momento do apito final em Penafiel, o Sporting estava nas meias-finais da Taça da Liga. No fundo, a reclamação do Presidente do Sporting prende-se com o desenlace das partidas. Mas, afinal, pelo facto de duas partidas começarem em simultâneo, isso significa, per si, que elas tenham de terminar também ao mesmo tempo? Calculo que Bruno prefira assistir aos jogos do Sporting do que aos do FC Porto (esta época, até eu, confesso), contudo a realidade é que o jogo do Dragão não deveria ter acabado depois do encontro de Penafiel. Na verdade, deveria ter terminado muito tempo depois! A segunda parte do FC Porto-Marítimo foi repleta de paragens e interrupções, quase sempre provocadas por jogadores do emblema insular (desde lesões do guarda-redes, ao lateral direito que se lesiona fora de campo mas, percebendo-o, dá uma cambalhota e volta ao recinto de jogo até à demora na saída de campo aquando das substituições), pelo que o tempo suplementar indicado pelo árbitro deveria ter sido bem mais largo do que os quatro minutos concedidos.

Centremo-nos, ainda e sempre, no essencial. Já aqui o disse e reitero: se se provar que o FC Porto actuou de maneira premeditada e consciente por forma a atrasar o arranque da partida com o intuito de prejudicar o Sporting (em suma, dolosamente) deve ser punido – e tão-só porque as regras devem ser cumpridas. Agora, e independentemente desta questão, de forma objectiva: haverá uma relação causa-efeito entre estes dois factos? Haverá um nexo de causalidade? Ou seja, alguém acredita que o FC Porto só venceu o Marítimo por 3-2 porque o jogo entre estes dois clubes se iniciou às 20:47? O FC Porto decidiu jogar poucochinho (talvez o sufixo ‘-inho’ seja demasiado exuberante para este FC Porto) e, no meio da anarquia táctica, em tempo de descontos, aos trambolhões, apenas logrou obter um penalty que, por acaso, lhe deu a vitória e a qualificação porque a bola começou a rolar mais de dois minutos e meio depois da hora suposta? É isso?

A cada ponto perdido, a cada eliminação, enfim, a cada desaire, lá surge Bruno com acusações tão gratuitas quanto fortuitas, sempre contestando e culpando essa entidade metafísica chamada de ‘Sistema’. Percebemos, pois, a cada intervenção sua que também ele tenta instituir um sistema muito próprio: o do choro. Ou a percepção de que – pelo menos por agora – vais continuar a ser segundo, Bruno

A potência de Manchester

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É oficial: a força que assola o futebol mundial e que ameaça, como Ícaro, voos mais altos esta época passou para o primeiro lugar no campeonato às custas de um Tottenham um tanto quanto passivo em White Hart Lane: 1-5 resultado final. E não digo que a culpa seja de facto dos homens previamente comandados por Villas-Boas. A culpa, para mim, é mesmo da máquina de futebol ofensivo do Manchester City, que já deu provas de que consegue golear qualquer adversário, seja em que campo for. Tendo, inclusive, perdido apenas um jogo nos encontros com os 3 primeiros – contra o Chelsea.

Os principais concorrentes pelo título do principal escalão do futebol inglês, na sua maioria, já provaram do veneno que a equipa da cidade de Manchester distribui sob a forma de goleadas. Confirma-se, portanto, o que todos esperavam. O City é primeiro, agora resta saber se há quem lhe bata o pé e não se contente com um desfecho provável, o de a equipa de Pellegrini ser, de facto, campeã. Para isso, há um rol de equipas que se estende, a meu ver, pelo menos até ao 4º lugar que se pode intrometer nas contas pelo campeonato desta temporada.

No segundo lugar, a apenas um ponto, vem o Arsenal. Pretende recuperar agora a liderança, embora tenha um calendário extremamente complicado nos próximos dois meses, onde, entre outros jogos, tem que medir forças com Liverpool, United, Tottenham, Chelsea e City. Ou seja, muito provavelmente o sucesso ou o insucesso da campanha dos Gunners na Premier League ficará definido com o desempenho da equipa nos próximos dois meses.

Conseguiram os Gunners  voltar à liderança? Fonte: soccerlens.com
Conseguirá Wenger voltar a ser campeão inglês?
Fonte: soccerlens.com

No terceiro lugar, a 3 pontos, vem o Chelsea. E com o Chelsea vem, inevitavelmente, o nome de Mourinho. Mourinho, que nos brindou esta semana com uma conferência de imprensa no pós Chelsea–West Ham “à Mourinho”, acusando a equipa dos Hammers de defender com  onze e de perder tempo do primeiro ao último minuto. Sejam as teorias do técnico português fundamentadas ou não, o que é facto é que o Chelsea perdeu 2 pontos que se podem revelar cruciais nas contas finais. Esperamos para ver. Agora com a integração de Matic e, provavelmente, Salah no onze londrino, veremos até onde o Chelsea poderá chegar nesta primeira época de Mourinho de volta ao clube. (Nota: Ter em mente que as equipas de Mourinho atingem o pico na sua segunda época à frente do clube.)

Por último, nesta pequena lista de candidatos, em quarto lugar vem o Liverpool.  Já a uma distância considerável (7 pontos), é a casa de um dos mais mortíferos avançados da actualidade: Suarez – tem “carregado” o Liverpool ao longo da época. Não sozinho, como é óbvio, mas se o jogador conseguir manter o nível exibicional que tem demonstrado, por que não sonhar com lugares cimeiros? O histórico Liverpool parece reerguer-se das cinzas feita fénix e a razão reside em Suarez. Esperemos, para bem do Liverpool e do futebol, que não se lesione.

Suaréz
Suaréz carrega o Liverpool na luta pelo título
Fonte: premierleaguebrasil.com.br

Para concluir esta reflexão, as exibições e consequentes goleadas do Manchester City deixam um sério aviso à equipa que vão defrontar para a Liga dos Campeões e que dominou o panorama internacional num passado recente – o Barcelona de Messi, Iniesta, Xavi e companhia. Se a equipa catalã quiser passar a eliminatória (que quer, obviamente), terá que se apresentar ao melhor nível para levar de vencida a equipa de Agüero, que está numa forma tremenda, devo acrescentar. Será um embate apetitoso e uma final antecipada da presente edição da liga milionária.

Podem ser campeões, por favor?

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Terceiro Anel

Madrugada de 30 de Janeiro de 2014, um frio de rachar, e eu, aqui, a escrever, expressando por palavras aquilo que me vai na alma. De facto, não consigo estar mais do que cinco minutos sem pensar no Benfica, neste clube que, desde os meus cinco anos de idade, me empurrou para um vício inexplicável. Eu até me tento abstrair, por momentos, do Sport Lisboa e Benfica, mas na televisão só se fala de praxes e de rescaldos sobre aquilo que se vai passando na “Casa dos Segredos”. Portanto, e para meu grande contentamento, lá me volto eu a debruçar sobre o popular clube da Luz.

Tenho estado para aqui a pensar, a matutar, a reflectir, a conjecturar, a vaguear de um lado para o outro pensando no assunto, e cheguei a uma conclusão: o Benfica tem de ser campeão nacional nesta temporada 2013/2014! Sim, eu sei que o Benfica tem sempre de ser campeão nacional; sim, eu sei que também se disse o mesmo nas duas últimas épocas, quando o Benfica tinha o campeonato nas mãos, e o título lá foi parar à Invicta; sim, eu sei que, se não formos campeões, eu e muitos mais adeptos iremos contribuir para um decréscimo da população portuguesa. Mas, nesta temporada, e analisando friamente a situação, vejo que o Benfica tem, como raramente aconteceu, de longe, o melhor plantel do futebol nacional. Sim, Matic foi para o Chelsea, mas mesmo assim as soluções que temos para o meio-campo, a meu ver, chegam e sobram para as provas nacionais. Eu vejo um Jorge Jesus que se pode dar ao luxo de colocar toda a habitual equipa titular a descansar, colocando antes em campo uma fornada excepcional de jovens, que me deliciou, no sábado passado, no desafio disputado frente ao Gil Vicente, para a Taça da Liga. Vejo um Benfica que está claramente a subir de rendimento, e isto quando Cardozo, ponta-de-lança de méritos sobejamente reconhecidos, já não joga há mais de dois meses e meio. E, como se não bastasse, vejo um Benfica que ainda tem um Salvio na cartola, podendo desfrutar da sua utilização a partir de Março.

Isto vai repetir-se daqui a uns meses, não vai? Fonte: Revista Sábado
Isto vai repetir-se daqui a uns meses, não vai?
Fonte: Revista Sábado

Além disso, penso que o Benfica poderá aproveitar alguma eventual distracção de Sporting e FC Porto, que tão entretidos têm andado nesta polémica do atraso do começo da partida no Dragão (já agora, caros sportinguistas, não eram vocês que desvalorizavam a Taça da Liga? É que ainda não compreendi este vosso choro compulsivo, quais salas de cinema à pinha aquando da estreia do filme Titanic. Mas pronto, poderemos falar disso noutra ocasião…).

Contudo, Sport Lisboa e Benfica, tenho de te pedir uma coisa: por favor, sê campeão antes da última jornada do campeonato. Eu não quero estar, no dia 17 de Maio de 2014, a ver-te a disputar o título no Estádio do Dragão. Depois daqueles dias horripilantes em Maio do ano passado, não me sinto minimamente preparado para sofrer muito mais, mesmo que o desfecho seja positivo. Vai ganhando os jogos, vai beneficiando com os tropeções dos rivais, vai alargando vantagens e despacha-me o campeonato antes da última ronda.

No próximo sábado, frente ao Gil Vicente, vence-me a partida, deslumbra. Certamente que terás um estádio repleto de adeptos benfiquistas, a fervilhar de entusiasmo. Ganha balanço, o derby com o Sporting já se aproxima, nada te poderá parar, Benfica. Não te sintas pressionado, até porque eu, rapaz de 25 anos que tu não conheces, não tenho a capacidade de te pressionar. Mas tens de te capacitar, maior clube português, de que, se não fores campeão este ano, mais vale acabares com a secção de futebol e dedicares-te ao campismo e à columbofilia.

A hora das verdadeiras provas

cab hoquei

A última jornada do Campeonato Nacional de hóquei em patins trouxe verdadeiros testes aos candidatos ao título. Um Benfica-Porto importante para os encarnados, que não podiam deixar escapar mais os adversários, e um Oliveirense- AD Valongo, no primeiro grande teste ao super-líder.

O Benfica estava proibido de perder mais pontos, sob a ameaça de ver os adversários afastarem-se ainda mais. O Porto queria aproveitar o embate entre Oliveirense e Valongo para poder encurtar distâncias e afastar ainda mais os encarnados. No pavilhão da Luz, era dia de clássico entre Benfica e Porto. O jogo grande do Campeonato Nacional, um jogo de muitas emoções, como sempre. Em Oliveira de Azeméis, duas equipas que querem afirmar-se ainda mais nesta luta pelo título. A verdadeira prova para ambas. De um lado a Oliveirense, que depois de se impor frente ao Benfica, mostrando que tinham de contar com aquele grupo de trabalho, e de uma derrota pela margem mínima no Dragão Caixa, queria agora mostrar, frente ao líder, que não vai ser presa fácil na luta pelo título. Do outro lado, o incrível líder AD Valongo, só com vitórias, e que tinha neste jogo o seu primeiro teste a sério às suas capacidades enquanto comandante deste campeonato. Jogos diferentes, as mesmas ambições, as mesmas emoções.

Na Luz, o Benfica atropelou o campeão nacional, mostrando o seu valor e avisando a concorrência de que o 4º lugar é apenas um acidente de percurso. O campeão nacional caiu com estrondo. 6-1 foi o resultado. Um resultado que diz tudo. Um Benfica mais personalizado, com mais ambição, que desde cedo soube o que pretendia. Valter Neves (3 vezes), João Rodrigues (duas vezes) e Tuco derrubaram o Porto. O campeão nacional saía da Luz vergado com uma goleada, ferido no orgulho, e quer no próximo jogo afiar as garras, mostrar as insígnias de campeão e provar que foi um dia mau. Destaque para algo que tem sido comum nos jogos do Benfica e apontado por grande parte dos adeptos encarnados: o grande desperdício de livres. Esta jornada foi mais uma demonstração do sucessivo não aproveitamento desses lances, que por vezes podem mudar o resultado. Falta de especialistas não será. Será falta de treino? Uma situação que tem de ser analisada pela equipa técnica do Benfica.

Valter Neves ajudou na goleada ao FC Porto Fonte: besthoquei.blogspot.com
Valter Neves ajudou na goleada ao FC Porto
Fonte: besthoquei.blogspot.com

Em Oliveira de Azeméis, o mesmo grau de importância, as mesmas ambições do jogo na Luz e um resultado parecido. O líder Valongo perdeu pela primeira vez e perdeu de maneira estrondosa. A derrota algum dia ia chegar mas de certeza que os homens de Paulo Pereira não esperavam uma derrota com estes números, principalmente pela forma como decorreu o jogo. 9-3 foi o resultado. O Valongo entrou a ganhar mas desde cedo se perdeu no pavilhão e viu a Oliveirense dominar por completo a partida, chegando a ganhar por 5-1 e 8-2. Um nome tem de ser referido nesta partida: Gonçalo Alves. Foi o homem que liderou a Oliveirense neste ataque ao líder, ao marcar 7 golos. Está a ser uma época brilhante para o jogador português. Assim, a Oliveirense afirmava-se cada vez mais e metia a nu algumas fraquezas do Valongo, que continua líder (36 pontos), mas que perdeu 3 pontos para Oliveirense (33 pontos) e Benfica (32 pontos).

 

Gonçalo Alves foi a figura do jogo. Fonte: udo-fans.blogspot.pt
Gonçalo Alves foi a figura do jogo
Fonte: udo-fans.blogspot

Sempre que as equipas surpresas perdem, questiona-se a capacidade de aguentarem a pressão de estar no topo. Cabe ao Valongo provar que veio para ficar, já no próximo jogo frente ao Benfica. Derrotas destas acontecem, ninguém é perfeito. Há dias piores. Mas não será esta derrota a apagar tudo o que de bom o Valongo tem feito no campeonato.

Griezmann: “Le Petit Diable”

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Quando se tem, no mesmo campeonato, jogadores como Cristiano Ronaldo, Leonel Messi, Neymar, Gareth Bale e Diego Costa, é difícil sobrar espaço para falar dos outros jogadores com menor prestígio. Porém, não podia deixar passar mais uma semana sem escrever um artigo sobre uma das grandes figuras desta edição da Liga BVVA. Falo de Antoine Griezmann.

Nascido em 1991, na França, em Mâcon (região da Borgonha), Griezmann desde cedo revelou uma paixão futebolística muito própria. De facto, desde criança que procurou juntar-se a alguns clubes europeus de renome. De experiência em experiência, de clube em clube, o resultado era sempre o mesmo: rejeição. Foi então que a Real Sociedad viu no jovem francês aquilo a que mais ninguém teve capacidade de atentar e, em 2005, Griezmann ingressou nos escalões de formação do conhecido clube basco.

Na época 2009/2010, Le Petit Diable, como é conhecido em França, foi chamado à equipa principal da Real Sociedad e ajudou o clube a subir à primeira divisão espanhola.

Antoine Griezmann ao serviço da Real Sociedad  Fonte: Foot Mercato
Antoine Griezmann ao serviço da Real Sociedad
Fonte: Foot Mercato

Começava uma história com muitos golos: na época após a subida de divisão, já entre “os grandes”, Griezmann marcou 7 golos em todas as competições. Em 2011/2012 aumentou o registo para 8 golos, e, em 2012/2013, bateu novamente o seu recorde, faturando 11 golos.

Esta época, o jogador da Real Sociedad contabiliza uns incríveis 17 golos em 32 jogos. É, no mínimo, notável. Na verdade, a notoriedade de Griezmann subiu de tal forma que o site Transfermarkt avalia, atualmente, o jogador em 25 milhões de euros – em 2010 o valor era de apenas 1 milhão de euros.

As razões para tal valorização devem-se aos golos, mas não só. Griezmann é um extremo, com capacidade para jogar a avançado, dotado de um pé esquerdo fabuloso. Aliando a velocidade a uma técnica apuradíssima, o jovem jogador é extraordinariamente eficaz no 1 para 1. Ao jogar na linha mais avançada, Griezmann revela possuir um remate colocado e uma distinta aptidão para fazer golos. Quando descaído sobre uma linha, exibe-se com passes e cruzamentos capazes de fazer corar David Beckham.

A nível defensivo, o facto de jogar numa equipa que utiliza, em diversas ocasiões, o contra-ataque como modelo de jogo, obriga o francês a evoluir taticamente e a ser uma mais-valia nas transições defensivas – algo extremamente importante no futebol atual.

No que toca às lacunas, Griezmann tem como grande ponto negativo a fragilidade física. Com 176 cm de altura e apenas 68 kg, o avançado francês tem sérios problemas em situações de choque e disputas de bola que exigem uma estrutura corporal mais forte.

Porém, a debilidade física não parece afastar os grandes clubes europeus, já que, aos 22 anos, a grande estrela da Real Sociedad tem visto o seu nome constantemente ligado a clubes como o Manchester United, o Arsenal, o Lyon e até a Juventus.

Griezmann é o ídolo dos adeptos da Real Sociedad  Fonte: Foot Mercato
Griezmann é o ídolo dos adeptos da Real Sociedad
Fonte: Foot Mercato

Creio que, tendo em conta as características físicas de Griezmann, a Liga Inglesa ou a Liga Italiana não seria a escolha acertada para o jogador. A opção de permanecer em Espanha ou de se transferir para uma liga de menor exigência física – como é o caso da Liga Francesa – parece-me a melhor para o jovem craque.

O que é certo é que, no próximo verão, Antoine Griezmann será um dos “must have” do mercado de transferências.

Olhanense: Como não gerir um clube

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futebol nacional cabeçalho

A época 2013/14 tem sido muito difícil para o Olhanense, que tenta, a todo o custo, manter-se na Primeira Liga. Ao contrário de Portimonense e Farense, que fazem um campeonato calmo na Segunda Liga e até lutam pela subida, os homens de Olhão têm tido uma época muito conturbada, ocupando o penúltimo lugar, com apenas três vitórias. Para esta situação contribuíram os inúmeros erros da Direcção.

Convém explicar que a situação do Olhanense não é recente. Já vem da época passada, com salários atrasados e ameaças de greves a jogos. Depois deste final conturbado e da crise que existia, o Olhanense encontrou em Itália alguém que investisse no clube. Quem apareceu foi Igor Campedelli, um empresário italiano, que detém 80% do capital do Olhanense. Este negócio levantou sempre muitas suspeitas e desconfiança, pelo facto de ser um desconhecido e de apostar num clube que atravessava uma grave crise e sem promessas de retorno desse investimento.

Igor Campedelli é o novo vice-presidente do Olhanense Fonte: totalsport
Igor Campedelli é o novo vice-presidente do Olhanense
Fonte: totalsport

Esperava-se que esse tal investimento se traduzisse num plantel equilibrado que cumprisse o objectivo da manutenção. Errado. O plantel do Olhanense é o exemplo de como não se deve fazer um plantel. Este foi feito em cima do joelho, com demasiados jogadores à experiência, um vai-e-vem de entradas e saídas durante a pré-época que não dá estabilidade a nenhum treinador. O resultado é um plantel com 14 línguas diferentes, o que dificulta a comunicação no interior do grupo. Nesse plantel de tão variadas nacionalidades, podemos encontrar jogadores como Per Kroldrup (ex-Fiorentina e Everton), Obodo (ex-Udinese) e Santana (ex-Fiorentina). Jogadores com alguma experiência no futebol, que já andaram por grandes palcos e que podem ajudar o Olhanense. Mas convém não esquecer que aparecem já numa fase terminal da carreira, onde a forma pode não ser a melhor.

E para um plantel destes, que não teve a estabilidade necessária durante a pré-época, o ideal seria um treinador experiente, já habituado a estas andanças, para tentar construir o melhor plantel, certo? Errado. A aposta do presidente do Olhanense foi em Abel Xavier, que assim teve a sua primeira aventura como treinador. Por muito que Abel Xavier tenha sido um jogador experiente, foi uma aposta errada por parte da Direcção do clube. Face a todas as condicionantes do plantel, era preciso outro tipo de treinador, que já tivesse mais calo na Primeira Liga. Mas os erros não ficam por aqui. Mantendo a aposta em Abel Xavier, o jovem treinador até estava a fazer um trabalho positivo, tendo em conta que tinha o plantel, na minha opinião, mais fraco do campeonato, mas acabou por ser despedido à oitava jornada, após uma vitória frente ao Arouca, e quando estava em 11º lugar. Um erro ainda maior do que a sua contratação, pois, na altura em que saiu, não se podia de todo criticar o seu trabalho. Para o seu lugar, veio Paulo Alves, treinador já com outra experiência, mas com ele veio também uma série negra de oito jogos sem vencer. Ao comando dos algarvios, o técnico nunca conheceu o sabor da vitória e saiu sem glória. Agora, os destinos do Olhanense estão nas mãos de Giuseppe Galderisi, um desconhecido para muitos dos adeptos portugueses. Com este italiano, a equipa já venceu um jogo e perdeu outro. Será Galderisi o homem certo para levar o clube de Olhão a realizar uma temporada mais calma?

Para dificultar a missão no campeonato há o facto de a equipa não ter jogado no seu estádio durante quase toda a primeira volta, mas sim no do Algarve, o que não é a mesma coisa, pois o apoio dos sócios faz-se sentir muito mais no Estádio José Arcanjo. Esta tem sido uma situação que tem sido ignorada por parte da direcção. A época do Olhanense adivinha-se muito complicada e é fruto de uma gestão danosa por parte da direcção. Aqui está um bom exemplo de como não gerir um clube.

Bruno “bebé” de Carvalho

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atodososdesportistas

Em jeito de começo, o fim-de-semana trouxe para todos nós, (des)Portistas, um sabor agri-doce: se por um lado a saída do nosso El Comandante foi uma surpresa para todos (o jogador que eu mais admirava e que considerava o último dos três senhores do nosso futebol mais recente, a par de Rui Costa e Aimar, empobrecendo o nosso futebol), por outro tivemos uma alegria a fazer lembrar o jogo que nos deu a liderança do campeonato passado com vitória nos descontos, o que é sempre uma festa!

Jogámos mal na primeira parte, contra um Marítimo organizado e a explorar o contra-ataque. A nossa defesa não foi eficaz e salvou-se um meio campo combativo num fantástico segundo tempo, onde a entrega de Josué lhe valeu a cereja no topo do bolo, ao fazer o golo da vitória numa equipa comandada pelo maestro Carlos Eduardo. A arbitragem foi totalmente desprovida de conteúdo, com um árbitro que foi o culpado de todo este recente alarido: um penalty e respectiva expulsão por falta sobre Carlos Eduardo (que resultou numa caricata bola ao solo, veja-se…) e um pacto com os jogadores do Marítimo que permitia que cada interrupção tivesse direito a 2/3 minutos. Até jogadores que estavam fora do campo reentravam para serem assistidos. A actuação do juíz, a roçar o aberrante, culminou com uns hilariantes 4 minutos de desconto, quando esse foi só o tempo que o guarda-redes da equipa da Madeira esteve no chão em apenas um lance! No mínimo, seriam exigíveis 10 minutos.

Quando já todos davam um Porto fora da Taça da Liga e o Sporting já festejava, eis que chega a justiça divina e em pouco menos de 10 minutos o Porto faz aquilo que procurou toda uma segunda parte: dois golos e respectiva vitória! Um penalty claríssimo numa falta patética do central maritimista (que já não devia estar em campo pelo referido penalty sobre Carlos Eduardo), que só quem tem palas nos olhos pode dizer que não é. Como as pessoas (não) sabem, surgiu uma nova lei, ainda o ano passado, que refere (como todo o sentido, na minha opinião) que as faltas são marcadas onde acabam e não onde começam. Ghilas começa a ser agarrado fora da área e assim vem sendo por cerca de 3 metros, levando tudo à frente, até que não deu mais, caiu perto da marca de grande penalidade e obviamente o árbitro, numa das poucas vezes em que apitou bem, apontou para a marca dos 11 metros. Justiça feita, Porto apurado e melão em Penafiel.

Josué não tremeu da marca de grande penalidade  Fonte: Visão de Mercado
Josué não tremeu da marca de grande penalidade
Fonte: Visão de Mercado

Foi no final do jogo que entrou, uma vez mais, em acção aquele que tem sido o maior incendiário de jogos entre Sporting e Porto e que até chega mesmo a falar mais do Porto do que do seu actual Super-Sporting: Bruno “bébe” de Carvalho. Sim, tenho de lhe dar esta alcunha, pois sempre que fala o seu tom de suspeição e o seu chorinho já começam a ser evidentemente desculpas de mau perdedor e o cansaço que isso causa já começa até a irritar alguns sportinguistas que sabem ver futebol.

Só para se ter uma noção do quão ridículo é esta insinuação de que o Porto atrasou o jogo de propósito, a segunda parte começa no Dragão apenas (repito: APENAS) 42 segundos depois do segundo tempo em Penafiel ter tido inicio. Estamos a brincar, Bruno “bebé” de Carvalho? Quer que os árbitros tenham todos o mesmo “relógio online” e que as vicissitudes dos jogos não variem de um para o outro? O jogo do Sporting foi corrido e sem grandes interrupções, o jogo do Porto foi o que se viu. O jogo do Sporting teve 3 minutos de tempo-extra, o do Porto 4 + 3 (dado o tempo da marcação da grande penalidade e todo o alarido provocado), por isso vamos fazer contas: de 3 para 7 vai uma diferença de 4 minutos; juntemos os 42 segundos de atraso entre o início das segundas partes dos respectivos jogos. É preciso dizer algo mais?! O Bruno de Carvalho queixa-se de uma diferença de cerca de 5 minutos… Então está explicado! 4,42 segundos mais o tempo que a informação demorou a chegar aos ecrãs de Penafiel (que há-de ter o seu atraso também…) se quisermos ser mais precisos! É feio querer tapar um grande buraco que um pouquinho de nada de areia, sr. Bruno de Carvalho. E ainda cai mais no ridículo quando afirma que vão passar a jogar esta Taça com juvenis e juniores… Parece que estamos no INATEL (com todo o respeito por quem joga nessa competição)!

Bruno de Carvalho em Penafiel  Fonte: Zero Zero
Bruno de Carvalho em Penafiel
Fonte: Zero Zero

Mais uma vez o choramingar do grande bebé não lhe trouxe nada mais do que passar a figura de homem triste e impreparado para falar quando é presidente e não adepto ou comentador. O comunicado da SAD sportinguista é, do início ao fim, uma paródia ao estilo dos Monthy Python, onde só falta o seu presidente cantar o célebre tema “Always Look on the Bright Side of Life”. Deixe-se de guerrilhas, limpe as lágrimas e limite-se a ser presidente. Deixe os comentadores desportivos vestirem a farda que você teima em vestir! O Sporting merece estar como está, mas não merece ter um representante que, de cada vez que fala, não corresponde àquilo que é o seu trabalho de escritório, muito bom, diga-se de passagem.

Para finalizar, acho piada a dizerem que o Porto não dá importância à Taça da Liga… E não dá! Todas as épocas a Taça da Liga é o 4.º objectivo, depois do campeonato, competições europeias e Taça de Portugal. É lógico que no ano passado, como fomos eliminados da Liga dos Campeões e da Taça de Portugal, a Taça da Liga passasse a ser um objectivo, tal como foi durante 4 anos o objectivo número um do Benfica dado que cedo ficavam arredados das restantes… Mas uma Taça da Liga não nos salva a época como a outros. Uma Taça da Liga, se vier, é bem-vinda pois é mais um troféu. Eu defendo o boicote dos três grandes a esta competição, pois não trás prestigio nem dinheiro (para clubes grandes não é nada, paga 5 meses de salário a um jogador da equipa) e pode provocar lesões (como a de Emídio Rafael numa fase de ascensão da carreira). É uma taça que até no calendário é uma coisa feia. Mas, enfim, se participamos, porque não tentar ganhar, rodando mais do que os outros na maioria dos jogos, embora sabendo que se for um jogo de tudo ou nada teremos de entrar com os melhores?

Bem, espero que quem leu até ao fim possa agora abrir os olhos e perceber que toda esta história do “atraso deliberado” não passa de mais uma campanha (muito bem feita) de toda a comunicação social e dos outros clubes contra o Porto. Não é coincidência isto acontecer com jogos envolvendo Marítimo e Sporting numa aliança anti-Porto?! Os madeirenses ainda andam em disputas por causa do “caso Kléber”. Já o Sporting, tem seguido o caminho de culpar sempre o árbitro quando não ganha. No final nós continuamos por cima, mesmo com altos e baixos! Um resto de boa semana a todos os (des)Portistas!

Estados de alma

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brasileirao

Gosto de mudar de espírito. Não do spectrum que nos dá vida; mas de humor. É isso, em parte, que define os seres humanos de outros tipos de vida. Embora eu não esteja (nem queira) aqui fazer nenhum apartheid zoófilo. Alegra-me o facto de hoje poder estar nas nuvens e amanhã ainda mais alto. Pior é quando a coisa vai para baixo…

O nosso coração, qual mecenas do humor, vai incentivando, investindo. E depois tira satisfações para os resultados gerais. “Muito bem, disposição. Ora, este mês foram cinco vezes de mau humor, embora uma delas por doença, mais três de ocasiões de indefinição, mas no geral está bom. Pronto, vá. Ainda não chegou a hora da taquicardia!”

É o que acontece nos estaduais do Brasil. É um teste diagnóstico a que as equipes se submetem para ver o estado em que estão antes do Brasileirão. Ou seja, o estado do Estado. Mas nem sempre isso significa tudo. O Cruzeiro, por exemplo e como já referimos, perdeu o título de campeão mineiro para o Atlético. Mas nem por isso deixou de ser campeão nacional. O Corinthians foi campeão paulista contra o Santos de Neymar, que poderia ter feito o tetra no Paulistão. Algo que nem o Santos de Pelé conseguiu. Mas nem esse facto valeu ao “Coringão”, tendo uma pífia atuação no Brasileirão de 2013.

Nos estaduais muita coisa pode acontecer. Despedida de treinadores, jogadores, funcionários, sei lá. Lá está. Depende do estado de alma de cada clube. Estaduais mais importantes? Onde estão as equipes mais importantes: Paulista, para muitos o mais difícil de vencer; Carioca, com os quatro grandes; Mineiro e Gaúcho. E depois transforma-se numa miríade de outros Estados com equipas que já foram campeãs, mas que sucessivamente vão perdendo poder para o eixo do sudeste. Isto é, Rio-São Paulo- e agora volta a ser Minas Gerais. Relembre-se que o Campeonato Brasileiro de Futebol termina em dezembro. Estamos em janeiro e os clubes já lutam por um título oficial de média duração. Quem disse que o ritmo no Brasil é lento? Mais uma vez reitero aquilo que defendo.

O cortejo carnavalesco de alegres foliões Fonte: Estadao.com.br
O cortejo carnavalesco de alegres foliões
Fonte: Estadao.com.br

Regras dos estaduais? Simples. Equipas do mesmo Estado. Ou seja, paulista só joga com paulista, carioca com carioca, cearense com cearense, baianos e baianos (sem a Carmen Miranda, que por sinal até era portuguesa), etc. E cada um tem as suas especificidades. Não são todos iguais. Uns são por pontos corridos. Outros por pontos numa primeira fase e depois é o chamado “mata-mata”, como num Western sentimental. E vão variando.

Como os estados de uma alma.

Lá para finais de fevereiro haveremos de ter mais notícias deste caso. Mas nessa altura a alma é outra. Aí quem impera é o Carnaval. E na folia não há volta a dar. É alegria pela certa.

A-do-Chapéu e o sonho da Taça

cab futebol feminino

Jornal “A Bola”, a 26/01/2014 – “Líder do Campeonato já sonha com o Jamor”.

Jornal “A Bola”, a 27/01/2014 – “Chapelada rouba Jamor ao líder”.

Bom, em primeiro lugar, e antes de fazer qualquer comentário à monstruosa escorregadela do A-dos-Francos na Taça de Portugal feminina, tenho de fazer uma pequena observação. Há que elogiar o jornal “A Bola” pelo crescente acompanhamento que tem feito do futebol feminino português. Se, em textos anteriores, critiquei os media desportivos nacionais pela cobertura quase nula à modalidade, também é preciso elogiar quando fazem um bom trabalho – e este jornal, em particular, tem dedicado cada vez mais espaço ao escrutínio do futebol feminino nacional.

Retomando o assunto – “O quê? O A-dos-Francos foi eliminado da Taça?” É verdade. Depois de, na época passada, as atletas das Caldas da Rainha terem caído nas meias-finais da competição, frente ao Valadares Gaia, desta vez não foram além dos oitavos-de-final, serventia da equipa do Viseu 2001. “Então, mas, calma lá, nunca ouvi falar dessa equipa!” É normal, já que o carrasco do A-dos-Francos disputa actualmente o Campeonato de Promoção. “Espera, o líder isolado do Campeonato nacional foi eliminado da Taça por uma equipa da segunda divisão?” Bingo! Só que, atenção, as aparências iludem.

A-dos-Francos viu equipa de escalão inferior roubar-lhe o sonho da Taça http://futebolfemininoportugal.com/
A-dos-Francos viu equipa de escalão inferior roubar-lhe o sonho da Taça
http://futebolfemininoportugal.com/

O Viseu 2001 está longe de ser só uma “equipa da segunda divisão”. Com 11 vitórias em 11 jogos disputados e o melhor ataque de todos os campeonatos nacionais femininos, com 89 golos marcados, as visienses são líderes da Série B do Campeonato de Promoção feminino. As semelhanças com a época transacta do A-dos-Francos são muitas, e quis o destino que estas duas equipas se defrontassem nos oitavos-de-final da Taça de Portugal. Ainda que fossem as grandes favoritas a passar à próxima fase da competição, o encontro adivinhava-se complicado para a equipa do A-dos-Francos. As líderes da primeira divisão feminina vinham de uma derrota desmoralizante com o Clube Futebol Benfica, na semana anterior, por quatro bolas a uma, e temia-se que este deslize pudesse trazer consequências para o plantel.

Desmotivado ou não, a verdade é que o A-dos-Francos controlou grande parte do jogo contra o Viseu 2001, mas não conseguiu concretizar as várias oportunidades de golo de que dispôs. Nulo no marcador, aos 90 minutos, chapéu soberbo de Patrícia Sousa sobre Joana Silva (a titular habitual da baliza do A-dos-Francos, Patrícia Morais, cumpria um jogo de castigo) e o Viseu 2001 carimbava a passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal, para rejúbilo dos adeptos fervorosos que estavam no Estádio Municipal do Fontelo.

Viseu 2001 é a única equipa que não está na primeira divisão a passar aos quartos da Taça www.viseumais.com
Viseu 2001 é a única equipa que não está na primeira divisão a passar aos quartos da Taça
www.viseumais.com

Afastadas do sonho da Taça, resta agora ao A-dos-Francos centrar todos os seus esforços na luta pelo título de campeão nacional. As últimas duas semanas foram madrastas para a formação das Caldas da Rainha. A equipa ainda goza de alguma margem na liderança da tabela classificativa, mas convém relembrar que os pontos das equipas serão divididos ao meio aquando da entrada na fase de apuramento de campeão, que está para breve. E, diga-se de passagem, não falta quem queira aproveitar o recente mau momento do líder e equipa sensação do campeonato nacional feminino…

Resultados dos oitavos-de-final da Taça de Portugal feminina:

CA Ouriense/Workfone 3-1 EFF Setúbal

C Futebol Benfica 5-1 Fundação Laura Santos

Vilaverdense FC 2-0 UR Cadima

Boavista FC 4-0 FC Cesarense

Clube Albergaria 8-0 Quintajense

FC Os Sandinenses 0-3 SU 1º Dezembro

SG Sacavenense 0-4 Valadares Gaia

FC Viseu 2001 ADSC 1-0 GDC A-dos-Francos

Antuérpia, o teatro dos sonhos

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cab futsal

As hostilidades estão abertas. Podemos oficialmente dizer que o pontapé de saída no Euro 2014 de Futsal está dado. São 12 equipas de todos os cantos do velho continente a procurar a glória, numa competição disputada somente na cidade belga de Antuérpia, distribuída por dois pavilhões (Lotto Arena, palco dos jogos referentes à primeira fase do torneio, e o SportPalais, sede dos jogos decisivos do torneio). Não é absurdo dizer que a nossa equipa é candidata a trazer o troféu para solo nacional, visto que a seleção portuguesa se encontra numa primeira linha de candidatos, a par de Espanha, Itália e Rússia, surgindo depois, num segundo patamar, um vasto rol de seleções a acompanhar com atenção, de onde se destaca a equipa do Azerbaijão, recheada de jogadores brasileiros de qualidade, a Ucrânia, sempre difícil de bater e já duas vezes vice-campeã continental (2001 e 2003), a Roménia, que surpreendeu a equipa da casa no seu primeiro jogo neste torneio, ou mesmo a República Checa, que conta com seis presenças em oito possíveis, registo igual ao nosso. É essa a magia deste desporto: olhamos para todos os presentes e pensamos que o espetáculo está garantido, emoção é algo que não vai certamente faltar.

Aqui, é possível verificar a distribuição das equipas pelos quatro grupos, constituído cada um por três seleções:

Grupo A

Bélgica                                                 Jogos disputados: Bélgica 1-6 Roménia
Roménia
Ucrânia

Indo ao encontro daquilo que eu disse anteriormente, nenhuma destas seleções se mostra clara favorita, sendo, por isso, o grupo mais imprevisível. No entanto, creio que os adeptos locais irão apanhar uma desilusão, dado que a Bélgica parte claramente como o favorito a sair já de cena. O jogo entre Roménia e Ucrânia promete ser muito intenso e equilibrado, em princípio, para decidir a liderança final no grupo. Dado que transitam duas formações para os quartos de final, esta dupla parece, à primeira vista, ter todas as condições para avançar.

Grupo B:

Rússia                                         Jogos disputados: Rússia 7-1 Holanda
Portugal
Holanda

Para mim, é o tão aclamado “grupo da morte”. Temos aqui em cena dois dos candidatos a campeões. A fortíssima Rússia, que dispensa apresentações, atual vice-campeã em título (perdeu 3-1 na final frente à todo-poderosa Espanha, em 2012) e vencedora no longínquo ano de 1999, e, por outro lado, a equipa portuguesa, que pretende juntar-se a Espanha, Itália e à já citada Rússia no “hall of fame”do Europeu como vencedores finais. Portugal e Rússia são claros favoritos a passar, sobretudo porque a equipa do Leste Europeu já bateu copiosamente a Holanda, por 7-1, estando praticamente apurada. Resta a Portugal seguir o exemplo e carimbar o apuramento, quando, no dia 30 de janeiro, defrontar a rival Holanda. Caso isso aconteça, a última jornada (1 de fevereiro) servirá para averiguar qual será a vencedora deste entusiasmante grupo B.

Grupo C:

Itália
Azerbaijão
Eslovénia

Mais um grupo interessante que podemos observar. Há um claro favorito, Itália. A formação transalpina, pelo seu historial (onde pontifica o título no ano de 2003), é o natural candidato a assumir a liderança final. Mas engane-se quem pensa que vai ser um passeio até à fase a eliminar. Tem pela frente duas equipas muito interessantes. Em primeiro lugar, o Azerbaijão, que, em 2010, conseguiu alcançar um interessante e notável 4º lugar, provando assim ser um grupo a ter em conta para o apuramento. Tem apenas duas presenças em Europeus, mas coincidem com as 2 últimas edições da prova (2010 e 2012), por isso é um valor emergente no futsal mundial. De forma análoga, embora um pouco mais modesta, aparece a Eslovénia. Também marcou presença em 2010 e 2012, acrescentando à presença de 2003, mas, curiosamente, nunca conquistou qualquer ponto em fases finais (sete derrotas em outros tantos jogos). Quererá, por isso, mudar a história este ano, de modo a alcançar um inédito apuramento para os quartos de final.

Grupo D:
Espanha
República Checa
Croácia

Neste grupo, encontramos um colosso do futsal europeu e mundial, Espanha, que naturalmente dispensa apresentações. Nas oito edições anteriores, os “nuestros hermanos” lograram vencer o torneio por seis vezes (1996, 2001, 2005, 2007, 2010, 2012). Quer isto dizer que as últimas quatro edições não conheceram outro vencedor. Este ano, irão tentar alcançar um inédito penta campeonato, partindo como claros favoritos a, para já, vencer o seu grupo. Posto isto, República Checa e Croácia partem como candidatos ao segundo bilhete para a fase seguinte. É difícil dizer quem é o favorito nesse confronto, talvez a República Checa, por ter mais participações (seis contra três croatas) e por já ter conseguido um lugar no pódio (3ª posição, em 2010, ao passo que a Croácia nunca fez melhor que o 4º lugar, quando organizou o Euro 2012). Mas este embate promete ser mais um escaldante e a não perder.

Campeão em título, Espanha / Fonte: Mediaconsulting.cz
Campeão em título, Espanha /Fonte: Mediaconsulting.cz

Feita a apresentação dos concorrentes, vamos ao que interessa a nós portugueses, o grupo B. Para já, apenas a Rússia jogou contra a Holanda, e venceu de forma clara e tranquila (7-1). Isto provoca um sentimento misto nas hostes lusas. Por um lado, apresenta-se diante dos nossos olhos uma Rússia na plenitude das suas capacidades, a prometer ser um duro rival quando se deparar com a equipa portuguesa. Por outro lado, a Holanda deu um passo claramente em falso, provando ser uma equipa macia e permeável a defender. Apesar de ter entrado forte no jogo com a Rússia, cedo se provou que não tinha andamento para a formação leste-europeia, com um cheirinho a samba, tal a quantidade de jogadores brasileiros que atuam por esta seleção (Eder Lima – avançado, Robinho – avançado, Cirilo – avançado, Pula – defesa, e Gustavo – guarda-redes). Quer-me parecer que a Holanda, em condições normais, não tem qualidade para bater a nossa equipa, salvo qualquer exibição menos conseguida da nossa parte. Ainda assim, há que manter o olho bem aberto, aquando do jogo com a Rússia, que, nesta espécie de mistura russo-brasileira, criou uma seleção temível, e cujo confronto deverá ser encarado com toda a seriedade. Para além dos jogadores já citados, outros merecem o devido destaque, tal como o experiente avançado Shayakhmetov e o capitão Pereversev, também avançado.

Cirilo, autor do 1º golo do Euro 2014 / Fonte: Uefa.com
Cirilo, autor do 1º golo do Euro 2014 / Fonte: Uefa.com

Finalmente, resta-nos desfrutar de toda a ação que irá ter lugar em Antuérpia, uma cidade que esperemos que seja talismã para o nosso futsal, tal como aconteceu recentemente com Kuala Lumpur, em relação ao ténis (título mais importante do ténis português, na pele de João Sousa), e com Florença (onde Rui Costa se sagrou campeão mundial de ciclismo). Vamos todos estar a torcer por um título que tanta falta faz, para potenciar ainda mais esta modalidade no nosso país e a elevar para patamares nunca antes atingidos.