Todos sabemos que a vida não é apenas feita de grandes acontecimentos. Se fosse, a nossa curta passagem pela Terra não seria mais do que um vazio contínuo, intercalado por uns quantos momentos tão distantes entre si como a primeira namorada, o primeiro emprego, o casamento ou o nascimento dos filhos. Felizmente existem também pequenas coisas – um abraço de um amigo que não vemos há muito, um beijo da nossa mãe, um sorriso de alguém que não conhecemos no metro, um momento de cumplicidade com a pessoa de quem gostamos – que não marcam a nossa vida mas ajudam a colorir o nosso dia-a-dia. Todos passamos por isso. Mesmo as personalidades históricas mais conhecidas e admiradas coleccionaram, em vida, várias destas “insignificâncias” que não ficam para a posteridade nem constam das suas biografias, perdendo-se para sempre com o avançar do tempo.
Com o Sporting passa-se o mesmo. Com duas grandes diferenças: no que diz respeito ao nosso clube, as pequenas coisas tendem a ser negativas e a ter grandes consequências. Vem isto a propósito do momento menos positivo que a equipa atravessa, depois de quatro ou cinco meses em que excedeu todas as expectativas. Contra o Estoril, o Sporting, também por mérito do adversário, mostrou dificuldades em pôr a bola no chão e em criar lances de golo. Aliás, a competência canarinha e a inoperância sportinguista tornaram praticamente desnecessário que Pedro Proença tivesse de se assumir como o centro das atenções. Porém, ainda assim, o juiz lisboeta fez questão de, pelo sim pelo não, enervar os jogadores do Sporting como forma de comprometer à partida quaisquer pretensões de ganhar o jogo que a equipa pudesse ter.
A arbitragem de Proença esteve repleta das tais pequenas coisas de que falava: as sucessivas “faltinhas” a meio-campo que quebravam o ritmo de jogo, as diferenças na amostragem de cartões, o excesso de zelo quando, no último esforço do Sporting, atrasou a marcação de um livre para mandar o jogador avançar a bola um ou dois centímetros, o modo como não compensou as perdas de tempo do Estoril nos dois períodos de descontos, etc. Como não são lances capitais, muitas destas coisas passam ao lado da análise ao jogo feita nos media. Pode, portanto, dizer-se que Pedro Proença fez uma arbitragem mais inteligente e ardilosa do que a de Manuel Mota no Sporting-Nacional. Talvez seja por isso que um apita finais da Champions e o outro não passa dos Olhanenses-Aroucas. Mas, ao fim e ao cabo, ambos tiveram o mesmo objectivo na mente: tirar o Sporting do primeiro lugar.
O Sporting continua dentro do seu objectivo, mas vai ter de jogar mais se quer dar continuidade à boa temporada que tem vindo a fazer. A equipa não soube desmontar a estratégia do Estoril, e até acho que no lance polémico sobre o Montero se pode aceitar a decisão do árbitro. Mas em que planeta é que esse lance é legal e a jogada do golo do Slimani com o Nacional já não é? Talvez só mesmo no planeta Terra, onde o Sporting é sistematicamente prejudicado. Ainda se podia alegar que são árbitros diferentes, o que é verdade. O que nunca é diferente é o lado para que esses árbitros puxam. E, apenas para citar um exemplo, o mesmo Pedro Proença que no sábado não apitou penalti naquela jogada não teve dúvidas em inventar, à 6ª jornada, um castigo máximo a favor do Porto contra o Guimarães, numa altura em que havia 0-0.
Ao cabo de tantos jogos, os donos do futebol português conseguiram finalmente o que queriam: o Sporting já não é primeiro. E quase tão mau como ver a nossa equipa ser prejudicada é vermo-nos rotulados como “chorões” ou “calimeros” por falarmos com insistência dos árbitros. Ainda que tudo isso tenha apenas a importância que lhe dermos, fica a pergunta: que culpa têm os Sportinguistas de se verem obrigados a falar das arbitragens, num país em que até já ficou provado que as nossas desconfianças têm toda a razão de ser?
Convencionou-se recentemente que Pedro Proença é, nos dias que correm, o “melhor árbitro do mundo”. Pessoalmente, assim como não sei o que é uma “boa gripe” ou uma “boa unha encravada”, também não conheço o conceito de “bom árbitro”. Não em Portugal, pelo menos. Irei sempre olhar para todos eles como gente que agiu em bando, sem pudores e ao longo de décadas contra o meu clube. Não sou eu que o digo, é a realidade que o comprova. E, por falar no “melhor árbitro do mundo”, aqui fica uma amostra dos procedimentos que o ajudaram a atingir esse estatuto. As provas existem mas, pouco a pouco, vão desaparecendo da memória colectiva. É o tal problema das pequenas coisas… Neste caso, porém, as consequências continuam a poder ser testemunhadas semanalmente. E o Sporting sente-as na pele, há pelo menos 30 anos.
Fez-se justiça. Cristiano Ronaldo é, oficialmente, o melhor jogador do ano para a FIFA. Um prémio justo, que não deixa margem para dúvidas e que ajuda a reduzir um pouco a exagerada distância que o separa de Lionel Messi, o seu único e verdadeiro rival na luta pelo prémio da Bola de Ouro. Logo por aí, percebe-se a minha relutância em sequer se considerar o nome de Frank Ribéry para esta contenda. Em termos de valia individual não está, nem de perto, próximo dos outros dois astros. Coletivamente, sim, ganhou tudo e foi importante para essas conquistas… como Neuer, Lahm, Schweinsteiger, Robben ou Mandžukić. Daí que não faça nenhum sentido estar envolvido nesta discussão. Digo até que não me faria confusão alguma ver, por exemplo, o nome de Zlatan Ibrahimović nos três finalistas, em detrimento do internacional francês.
Mas, claro está, para além da eleição óbvia de Ronaldo e Messi, ninguém sabe ao certo o que realmente conta na hora de selecionar os finalistas deste prémio. Os critérios continuam por esclarecer e a polémica terá sempre tendência para aumentar se ninguém confirmar se o que conta realmente é a valia individual de um jogador ou se os seus feitos coletivos terão um peso maior. As declarações de Platini, no final de gala de ontem, pecam apenas por terem sido feitas tardiamente. Concordo em absoluto com o francês quando afirma que os critérios devem ser esclarecidos para a atribuição do vencedor. Se os prémios coletivos devem, ou não, ter um peso para a atribuição do vencedor. Agora, honestamente, acho muita piada ao facto de só agora lhe ter incomodado esta questão. Nos últimos 4 anos em que Messi ganhou, nunca este senhor colocou nada em causa. Nem nos momentos em que o argentino foi o melhor individualmente ou quando, apesar de não ter sido o melhor, ganhou mais em termos coletivos. Só agora que o vencedor mudou é que, misteriosamente, já vem colocar em causa os critérios da FIFA.
De qualquer forma, será importante rever tudo isto. Não acharia descabido fazer-se duas bolas de ouro: uma para o melhor jogador e outra para a equipa do ano. Isto porque o Bayern de Munique, depois da época fantástica que fez, merecia mais algum reconhecimento nesta gala. O prémio ao treinador e a apenas alguns jogadores não é, de facto, suficiente. Fica a dica para os senhores da FIFA.
Os dois únicos verdadeiros candidatos ao prémio Fonte: http://i.telegraph.co.uk/
Quanto a Ronaldo, acaba por se tornar no primeiro português a conseguir conquistar duas Bolas de Ouro e não conseguiu disfarçar as lágrimas que lhe caíam no rosto quando recebeu o prémio. Lágrimas de alegria, de revolta e, acima de tudo, de muito esforço e dedicação. Era expectável que, depois de 4 anos dominados por Messi, fosse quase impossível que Cristiano Ronaldo voltasse ao topo. E, de facto, era uma tarefa muito complicada. Destronar Messi só estava ao alcance do português. Por isso é que, a partir do momento em que se abriu o precedente para eleger aquele que é, de facto, o melhor do mundo em termos exclusivamente individuais, a escolha apenas poderia recair num deles (salvo a excepção de Xavi ou Iniesta, em 2012, que poderiam ter beneficiado da quebra de forma do português e do argentino). Para o ano, espera-se que a a luta volte, novamente, a ser a dois.
Uma rivalidade saudável e que enriquece o futebol. Desde 2008 que não há ninguém que lhes chegue aos calcanhares. Arrisco dizer que nos próximos 2/3 anos também não irá haver opositores reais à sua valia. E, se assim for, Messi e Ronaldo poder-se-ão afirmar, de vez, como dois dos melhores desportistas de sempre.
Foi como tinha de ser. Já tive muitos pesadelos, mas nem no pior o Porto ganhava na Luz, tendo em conta toda a carga emotiva deste jogo. Não podiam. Não ganharam.
No Domingo ficou mais uma vez provado quem são os benfiquistas e o que é o Benfica. Nem falo, para já, do resultado. Falo da nossa mística – que é só nossa -, do que ela significa e do simbolismo que tem estar no maior dos palcos num dia destes, estar na Catedral. É indescritível a forma como a vi vestida de vermelho e branco, vestida de negro, a sorrir e a chorar. Só sabe quem sente.
Luz fiel às suas cores Fonte: Facebook do Benfica
Foi como tinha de ser! Uma equipa sem medo, que jogou de facto para ganhar, que jogou ao ataque, que lutou, que mostrou as garras, que puxou pelos adeptos como eles puxaram pela equipa. Uma equipa que deu e recebeu, que honrou o Rei, que dignificou o manto sagrado. Só peço isso, que dignifiquem sempre essa camisola, que é única. Um orgulho.
Domingo foi a melhor das homenagens. Ganhar ao Porto, na Luz, sem sofrer golos, com um estádio inteiro a homenagear Eusébio e tudo a terminar numa vitória que nos torna líderes isolados do campeonato. Melhor? Só se o Eusébio jogasse. Mas aí não tinha a mesma piada, porque certamente ele marcaria três ou quatro golos e resolveria a questão facilmente. Como aliás era hábito. E não é isso que se quer num clássico.
Mas voltando ao real que parece sonho, é quase isso, um sonho. Só quem é verdadeiramente Benfica sabe, só quem respira Benfica sente. Ver um estádio que sempre foi e será, para sempre, vermelho vestir-se de negro para homenagear o seu maior símbolo foi algo arrepiante. Verdadeiramente arrepiante.
Foi como tinha de ser. Penso, volto a pensar, e acho que este foi um Domingo bom demais. Mas se não fosse assim seria como? Alguém concebe outra opção? Haveria outro cenário possível para o jogo de despedida do nosso querido Pantera Negra? Claro que não. Não podia e o Benfica mostrou isso elevando uma vez mais o seu significado, o nome de Eusébio, os seus adeptos, os seus jogadores. No clássico, o Benfica foi Benfica.
O Rei certamente vai descansar em paz; certamente ficou orgulhoso de todo o carinho, de tanto carinho.
Ao Benfica e ao Jorge só peço uma coisa: atitude!
Mas sempre. Queremos um jogo inteiro à Benfica, o que por outras palavras significa um jogo inteiro à Eusébio. Como disse Ricardo Araújo Pereira (enorme benfiquista), é outra forma de dizer Benfica.
Finalmente…celebrar frente ao FC Porto Fonte: Facebook do Benfica
Atitude, equipa! Honrem sempre o nosso manto, que tantos de nós comiam relva para ter uma oportunidade de o vestir, nem que fosse realmente por uma vez. Honrem o clube, honrem os adeptos, honrem o Rei, o maior. Sempre.
Se assim for talvez o nosso Pantera tenha de facto a verdadeira homenagem, a que merece. A derradeira homenagem. Só posso desejar que Ele tenha de facto essa prenda em breve, dos benfiquistas, e que também daqui a uns tempos eu possa dizer, de forma justa:
O tão aclamado evento para convidados no Alexandra Palace começou no domingo e apresenta os jogadores do top 16 de todo o mundo.
O Masters é um dos torneios que fazem parte do Triple Crown e o vencedor de 2013 foi Mark Selby (actual nº2 do ranking mundial).
Numa entrevista à BBC Sport, Selby fez alusão à grande dificuldade e competitividade que está vinculada a esta competição: “Se ganhares sabes que merecias, porque jogaste com os melhores jogadores do mundo”.
Ding Junhui, que tem sido o jogador mais bem-sucedido deste desporto nesta temporada, com um hat-trick de títulos consecutivos – o Shangai Masters, Indian Open e o International Championship – joga contra Shaun Murphy hoje, na primeira ronda. É um jogo que faz definitivamente parte do meu “must see”. Junhui tem estado imparável.
O ex-número um do Mundo Judd Trump foi eliminado na primeira ronda dos Masters, na segunda-feira, perdendo por 6-5 para Marco Fu.
O homem de Hong Kong fez o 2-2 e registou uma tacada de 138 pontos. Mas os breaks centenários não se ficaram por aqui. No 6º frame, Trump fez a sua 250ª tacada acima de 100 pontos na sua carreia, e a 33ª nesta temporada, apresentando no marcador o resultado de 4-3, com Judd na liderança.
Mas Fu ganhou os dois frames seguintes. Um resultado de 4(11)5 começou a pôr pressão no The Ace. O jogador de Bristol precisava de uma vitória num evento deste calibre para continuar a alimentar o seu ego, que, nesta temporada, emagreceu substancialmente, face a tantas derrotas consecutivas.
Depois de uma longa batalha de jogadas de defesa (onde grandes tacadas de seguranças foram feitas), Judd ganhou o frame forçando a uma decisão na negra. Marco manteve a sua calma e voltou ao jogo fazendo um break de 78 pontos, que lhe permitiram passagem para os quartos-de-final.
Judd Trump vê mais uma vitória a escapar-se no Masters 2014 Fonte: BBC
Na mesa de ontem também se apresentou Stephen Maguire, para jogar contra Joe Perry.
A vitória recaiu sobre Maguire (6-4), que admitiu a certo ponto ter duvidado da sua técnica por ter estado a ganhar 5(11)1 e ter deixado 3 frames seguidos escorregarem-lhe entre os dedos.
Stephen Maguire vai enfrentar ou Mark Allen ou Neil Robertson nos quartos-de-final e prevê-se um encontro emocionante. O jogo entre Mark Selby e John Higgins já está confirmado.
Uma das instituições com mais nome na NBA está prestes a ter um ano péssimo. Depois de trocarem o extremo, ex All-Star, Luol Deng por basicamente nada sem ser escolhas do draft de 2015, os Bulls preparam-se para ter uma época para esquecer. Assombrados por constantes lesões, a equipa de Chicago está demasiado desfalcada de jogadores e de talento ofensivo. Com a sua maior estrela pronta para falhar (mais) esta época, com jogadores inconstantes a nível ofensivo, uma das maiores equipas da década de 90 estará a preparar um ataque aos free agents?
Antes de mais vamos analisar a troca. Luol Deng foi trocado por: Três escolhas de draft, a possibilidade de trocar a escolha com os Cavaliers e pelos direitos de Andrew Bynum. O poste conhecido por ser indisciplinado nem chegou a assinar contrato e foi prontamente dispensado. Como tal, podemos afirmar que Deng foi trocado por… ninguém.
Visto que neste preciso momento diminuíram os gastos salariais da equipa, a direcção da equipa de Chicago poderá estar a preparar-se para tentar atacar um dos mercados mais apetecíveis da NBA, o dos jogadores que acabaram o contrato nesse ano. Com um conjunto de jogadores muito interessante que (pode) vir a ficar sem obrigações contratuais no próximo Verão, os Bulls, de acordo com as suas acções, prestarão muita atenção às movimentações de mercado daqui até aos meses que precedem as finais.
LeBron James, Carmelo Anthony e Dwyane Wade fazem parte de um lote com talento interminável. O futuro de James irá depender, muito provavelmente, do decorrer do resto da época regular e da muito provável cavalgada nos play-offs. Wade, muito dificilmente sairá algum dia de Miami e muito se tem especulado sobre o futuro da estrela da equipa de Nova Iorque.
Analisando as maiores falhas no plantel dos Bulls, percebemos que necessitaram de um base que substitua, ou faça companhia a Derrick Rose. Nessa categoria deparamo-nos com dois (potenciais) jogadores. Eric Bledsoe e Isaiah Thomas. Ambos os atletas subiram de rendimento duma forma que até então, ninguém esperava. Dum lado temos um jogador que estudou Chris Paul de perto, e do outro temos um atleta explosivo que garante pontos e assistências. Para substituir Deng, na posição de extremo, encontramos duas pessoas com capacidades para (re)agitar o mundo dos Bulls, Evan Turner e Rudy Gay são as escolhas mais acertadas, isto se os Bulls não conseguirem ter nem LeBron ou Carmelo. Com salários acessíveis, Rudy Gay e Turner são atletas bons que fazem falta a qualquer equipa.
Deng fará falta aos Bulls, sem dúvida. Fonte: Chicagonow.com
Subindo uma posição no terreno, para extremo-poste, a escolha cairia sobre o veterano e campeão Dirk Nowitzki, apesar de a sua saída ser improvável. Chris Bosh pode também fazer essa posição muito bem.
Dentro do mundo dos gigantes, há dois atletas que poderão não assinar contrato com a sua actual equipa. Zach Randolph e Andrew Bogut seriam peças fulcrais numa época de reconstrução.
Dentro do território dos jogadores que podem terminar o contrato no final deste ano encontramos jogadores que também podem fazer mossa em qualquer equipa. Luol Deng, Marcin Gortat, Greg Monroe, Gordon Hayward, Pau Gasol e Lance Stephenson seriam opções muito válidas e muito fortes, se assinassem pelos Bulls.
Brooklyn Nets ainda só perderam um jogo em 2014.
Sim, bem sei o quão improvável esta notícia pode ser, mas uma das piores equipas há uns meses atrás ainda só perdeu um jogo desde as passas do ano novo. O que aconteceu de novo? Jason Kidd, o treinador da equipa, deixou de levar a sua gravata. É ridículo, mas a realidade é que tem dado resultado. Venceram recentemente contra os Miami Heat, o que tem demonstrado a subida de rendimento do plantel.
A equipa aparenta estar a jogar com mais alegria, algo que tem sido traduzido em resultados, e por isso, a equipa técnica está, de facto, de parabéns.
Por fim, é de louvar o facto de, mesmo sem Brooke Lopez, Deron Williams estar a conseguir assumir o seu papel de base e aproveitar a capacidade inegável de Joe Johnson.
“No final da época, se fizermos as contas, vai-se perceber que Sporting, Benfica e Porto foram beneficiados e prejudicados de igual forma.” – Mentira. Ultraje. Vergonha. Odeio que digam uma mentira tantas vezes que a passem a assumir como uma verdade. E esta é uma ENORME mentira.
Estive a pensar nos últimos casos de arbitragem e, para ser coerente com a minha descrição neste site, decidi falar mal da arbitragem. A verdade é que, sendo Sportinguista, nem teria qualquer hipótese de falar bem, depois de gastar rios de dinheiro para, em dois jogos consecutivos para a Liga, assistir a resultados viciados.
Ora, a verdade é que falando do critério de faltas adotado pelo Pedro Proença ou pelo Manuel Mota não vou conseguir convencer absolutamente ninguém de que o Sporting é a equipa mais prejudicada em Portugal. E correndo o risco de continuar a não convencer ninguém, vou falar do “erro” que mais me revolta num jogo de futebol: um golo mal anulado.
1 – 11 de Novembro de 2004. Corria uma das épocas em que melhor futebol se via em Portugal, por parte do Sporting de José Peseiro, que alternava derrotas pesadas (Porto 3 – 0 Sporting) com vitórias gordas (Sporting 6 – 1 Boavista). À entrada para a 14ª jornada, o Sporting estava a 1 ponto do Porto, que era líder, mas tinha o melhor ataque (29 golos), longe de Porto e Benfica (19 e 21), jogando um futebol atrativo e dinâmico que empolgava as bancadas de Alvalade.
A jornada abriu com o Porto a receber o Beira-Mar. Os Aveirenses causaram surpresa ao bater os azuis e brancos no Estádio do Dragão, abrindo caminho para a liderança isolada do Sporting, que ia receber o Braga.
Muitas vezes se falava do facto do Sporting não aproveitar as escorregadelas dos adversários e tinha aqui uma hipótese para contrariar a teoria. Perto do Intervalo, Hugo Viana fez este golo (golo mal anulado) anulado pelo auxiliar, quando estavam 3 jogadores do Sporting 2 metros em jogo. O árbitro foi Paulo Baptista (decorem o nome). Nesta jornada, o Benfica perdeu por 4-1 no Restelo e foi o Boavista que acabou por assumir a liderança.
2 – 13 de Agosto de 2011. Uma direção nova que tinha trazido 20 novos jogadores, alguns deles contratações sonantes que faziam os adeptos acreditar. Uma Onda Verde que, dividida pelas atribuladas eleições, aparecia timidamente, enchendo Alvalade para o primeiro jogo da época. O desastre estava montado: Carlos Xistra* a arbitrar um jogo que Wilson Eduardo, emprestado pelo Sporting, fez pender para o lado do Olhanense. A arbitragem fala por si aqui, com mais um golo anulado, desta vez a Hélder Postiga. O Sporting perdia assim 2 pontos.
3 – Na jornada seguinte, Paulo Baptista (lembram-se dele?), recusou-se a arbitrar um jogo do Sporting por, alegadamente – segundo uma notícia do jornal Record – a sua nomeação ter “gerado mal-estar em Alvalade. Mais uma jornada volvida e urgia retirar o Sporting definitivamente da luta pelo título. Jogo em casa com o Marítimo e quando o Sporting está empatado 0-0, é anulado um golo limpo a Evaldo. O Sporting viria a adiantar-se no marcador e a terminar o jogo com 2 golos. No mínimo, teria empatado este jogo, mada nada leva a crer que deixaria fugir uma vantagem de 2-0.
Mais 3 pontos roubados em Alvalade, ao Sporting, que embalaria depois para 11 vitórias consecutivas. Fomos jogar ao Estádio da Luz com 1 ponto de atraso, quando deveríamos ter jogado com 4 de avanço, o que é uma diferença gigante. No final da época, apenas 3 pontos separaram o Sporting da Liga dos Campeões. O árbitro foi Pedro Proença*.
4 – O caso mais recente, que data de 21 de Dezembro de 2013. Manuel Mota anulou um golo a Slimani em que nem ele próprio viu uma falta. O que ele viu foi o Sporting a fugir para a liderança isolada por 2 pontos, na jornada que antecedia um Benfica – Porto. O assunto foi tratado como se pode ver aqui:
Já vi o Sporting ser roubado e prejudicado muitas vezes, mas quando anulam mal um golo limpo, é porque há armadilha e desespero. Nunca vi e acredito que nunca verei Porto ou Benfica terem um golo anulado desta forma. O golo de Slimani foi o mais escandaloso por não ter qualquer margem de dúvidas, mas a verdade é que não me lembro de algum golo limpo que tenha sido anulado a Benfica ou a Porto (a não ser em confronto direto), muito menos me passaria pela cabeça ver tal suceder nas suas próprias casas.
Benfiquistas e Portistas que me desmintam e que me mostrem golos limpos que tenham sido anulados às suas equipas e que tenham custado pontos. Se não encontrarem, que tenham a honestidade de ver o porquê de o Sporting passar anos de seca de títulos.
P.S: no outro ano em que estivemos perto de ser campeões, desta vez com Paulo Bento, não tivemos golos anulados, mas perdemos um um jogo, também em Alvalade, com um golo com a mão, num ano em que ficámos a 1 ponto do título. O árbitro foi João Ferreira, apanhado a ser escolhido por Luís Filipe Vieira nas escutas do Apito Dourado.
*Xistra e Proença são, curiosamente – ou não – árbitros de 2 dos 3 jogos desta época em que os Sportinguistas mais razões têm de queixa (Rio Ave e Estoril). Sinal de que há mesmo um Sistema de que vai tendo homens encarregados de fazer o trabalho sujo ou… a 1000ª coincidência do Futebol Português?
Com a mais que provável e anunciada venda de Matic – escrevo este texto crendo inconscientemente que será a única venda no plantel – são mesmo dois dos seus compatriotas que mais podem ganhar com a saída do perna-longa sérvio. Pode parecer contra-natura vislumbrar algum benefício com a perda de um dos melhores médios do mundo, mas tenho de ver o lado menos mau do quadro e compreender a inevitabilidade de ver Matic com outra camisola. No início desta época, talvez numa tentativa meio desesperada de evitar a venda de…Matic, o Benfica apostou forte no mercado sérvio. Chegaram Fejsa, Sulejmani, Markovic e Djuricic. Ah, e Mitrovic – dizem que é bom na ajuda ao atarefado roupeiro.
Quanto vale Matic no actual Benfica? Diria 50% ou 60% de toda a equipa, sem grande esforço. Estava escrito e era sabido que um clube e um campeonato de topo o esperariam mais tarde ou mais cedo, mas vender em Janeiro é digno de um clube que não quer ganhar títulos. Adiante e voltando à ideia inicial: será Fejsa um substituto à altura de Matic? Obviamente que não. Nem está perto de ter as mesmas características e muito menos a mesma qualidade. Faz-me lembrar um tal Presidente que substituiu um tal Simão Sabrosa com um tal…Paulo Jorge. No entanto, o buraco financeiro do Benfica mostra ser muito maior do que a necessidade de encher o museu e dar alegrias ao Eusébio. Fejsa é um trinco puro, com boa capacidade de desarme e recuperação de bola mas muito limitado em tudo o resto. Enquanto Matic é 6, 8, 10 e o Benfica quase por inteiro, Fejsa é um 6 de razoável qualidade. Numa equipa coesa e equilibrada, acredito que esta razoável qualidade possa chegar. E é aqui que entra mais um sérvio, num meio-campo a três: Djuricic.
Fejsa assumirá papel fulcral na segunda metade da época Fonte: A Bola
Se Jorge Jesus perceber o que tem pela frente, terá inevitavelmente de mudar. Não me parece que um meio-campo a dois, com Fejsa e Enzo, consiga aguentar o estilo de jogo vertiginoso de que Jesus tanto gosta. Isto porque, por enquanto, o Enzo ainda é humano. Se com Matic se notava algum desequilíbrio em certos momentos de certos jogos, com Fejsa seria catastrófico. Assim, agradar-me-ia ver uma declarada melhoria no rendimento de Djuricic e há que começar a justificar os largos milhões investidos na sua contratação. Bem sei que o campeonato holandês é pródigo em lançar prodígios falhados para a Europa do futebol, mas Djuricic tem qualidade e terá de a mostrar. E se a venda do Rodrigo se confirmar pelos valores astronómicos de que se falam, é Markovic quem vai sair a ganhar. Já todos percebemos (ontem mais um exemplo) que a classe e qualidade deste enorme talento sobressaem jogando pelo meio, nunca preso na linha lateral. Também as recuperações de Salvio e Cardozo serão importantes para compensar a perda do melhor jogador do plantel. Se também sair Garay, adeus e até Junho.
Escrevi neste mesmo espaço, na semana passada, que o clássico no Estádio da Luz era uma autêntica “prova dos nove” para o FC Porto. Tudo porque acreditei que, entre a catarse emocional por Eusébio e os recentes êxitos na casa encarnada, tudo estava feito para que os portistas pudessem pela primeira vez esta temporada justificar o símbolo de campeão que envergam na camisola.
A inconstância exibicional da equipa, a que se juntaram demasiados equívocos no plantel, fez com que, nas diversas projecções que fiz com amigos, tenha antecipado o resultado que acabou por acontecer. Não, não é hábito prever o futuro, mas, lá no fundo, as pistas eram demasiado evidentes para não se perceber à partida o culpado do marasmo.
Se bem se recorda, aquando da derrota em Coimbra referi que Paulo Fonseca não era o único culpado desta situação e, portanto, o insulto barato ao treinador me parecia demasiado simplista e redutor para tamanho problema. Veio o mercado de Inverno, chegou Quaresma e até aquele primeiro treino do ano no Dragão parecia querer desenhar um futuro diferente, um ano mais condizente com o símbolo de campeão que a equipa enverga na camisola. Contudo, como facilmente pode concluir a partir do título que escolhi para este texto, até esse suspense disfarçado de esperança parece estar arredado da equipa, que nem sequer faz por merecê-lo. Por isso mesmo, a derrota na Luz foi apenas o desfecho previsível.
A falta de qualidade de alguns jogadores do plantel, alguns com lugar nos onze eleitos, bem como as limitações técnicas e tácticas de Paulo Fonseca nos jogos de maior exigência, fazem com que, em meia volta de campeonato, os portistas tenham perdido dois jogos e deixado 12 pontos, acabando num impensável terceiro lugar. Ainda faltam 15 jogos, e os 45 pontos ainda em disputa fazem com que nada esteja perdido. Como disse, esta distância pontual é a melhor coisa que por estes dias Paulo Fonseca tem. A conduzir uma equipa sem fio de jogo desde o início da temporada e a liderar um dos plantéis mais limitados dos últimos anos, os três pontos que o separam do topo do campeonato não são o pior capítulo desta história.
Se bem se lembra, há praticamente dois meses ia o FC Porto com cinco pontos de avanço, mesmo com este plantel. Até há bem pouco tempo, jogadores como Licá, Herrera e até Carlos Eduardo pareciam ser soluções de futuro. Até há dias, a equipa ainda estava, segundo o treinador, em todas as frentes, pelo que não havia muito por onde se lhe apontar o dedo. Até há pouco, o regresso de Quaresma parecia ser o toque que faltava para uma segunda volta em pleno.
Pena é que todas estas premissas e todo esse suspense disfarçado de esperança sejam apenas coisa de filmes… e vendo este Porto de Fonseca, já nem Hitchcock tinha lugar garantido.
Depois de uma infância e de uma juventude dedicadas ao futebol de competição, as fintas e os cruzamentos da vida posicionam-no presentemente na grande área dos estudos superiores. O Bola na Rede apresenta uma entrevista com Pedro Torrado, jogador de futebol que colocou os estudos à frente do desporto.
Bola na Rede: Conta-me a tua história no futebol.
Pedro Torrado: Comecei o meu percurso no futebol com 11 anos (2005/2006), na equipa de Infantis do Montoito Sport Clube, clube da minha terra, onde tive o meu primeiro contacto com o desporto federado. No ano seguinte, integrei a equipa de infantis do Atlético de Reguengos (2006/2007), onde encontrei um excelente treinador, o Mister Jorge Ferreira, o qual teve uma grande responsabilidade na minha evolução. A época seguinte, ainda neste clube, marcou um salto numa etapa da minha formação, uma vez que competi no campeonato do escalão de juvenis, defrontando atletas três ou quatro anos mais velhos. Como consequência da minha evolução, fui convidado para um treino de captação do Sport Lisboa e Benfica, consegui convencer os seus responsáveis e, no ano seguinte, integrei a equipa de Iniciados A.
A entrada no Caixa Futebol Campus, com apenas 13 anos, foi dificultada pela falta que senti do suporte familiar. Porém, superei as adversidades e iniciei a época na posição de médio-centro, mas foi a defesa-central que acabei por me fixar e foi nessa mesma posição que dei sequência ao meu trajecto na formação. Esse ano culminou com o título nacional de Iniciados, que fugia ao clube há 20 anos. Na época 2009/2010, integrei a equipa de Juvenis B do clube e obtive a 1ª internacionalização ao serviço da selecção nacional contra a Espanha, num jogo em que ganhámos 1-0. No terceiro e último ano no Benfica (época 2010/2011) fui nomeado, pelos meus colegas, capitão de equipa. Para além de capitanear a equipa do meu clube de coração, senti que o meu trabalho estava a ser respeitado pelos colegas, o que, para mim, teve um grande significado. Em termos individuais, a época não terminou da melhor forma, uma vez que, por volta de Março, tive uma lesão que acabou por me afastar dos relvados praticamente o resto da época. Contudo, e felizmente, conseguimos ser campeões nacionais de juvenis!
Na época seguinte, correspondente ao meu primeiro ano de júnior, fui para o União de Leiria, clube a que tenho de agradecer por me ter aberto as portas após ter saído do Benfica. Nessa época de 2011/2012 conseguimos o apuramento para a fase final de apuramento do campeão, o que para o clube foi um feito histórico. Sendo júnior de 1º ano encontrei um clube que apostou em mim e onde joguei com regularidade. Contudo, derivado aos problemas que se verificaram com a secção do futebol profissional do clube, não tinha grandes expectativas para o futuro e, por isso, encontrei outra solução para o meu último ano de juniores: Clube Futebol Os Belenenses.
Apesar de no Belém não termos conseguido atingir o objectivo de passar à fase final, a época foi positiva a nível individual, encontrei um clube com História que me permitiu conciliar o futebol com a universidade.
Imagens retiradas do facebook do Pedro Torrado
BnR: Anos de vivências muito intensas…
PT: Verdade, e faço um balanço bastante positivo destes anos todos. Apesar de ter saído de casa aos 13 anos e de, por isso, ter ficado longe da minha família e dos meus amigos, existem inúmeros aspectos positivos que deram sentido à minha decisão. O Benfica é uma instituição enorme e o Centro de Estágio tem uma estrutura preparada para transmitir bons valores aos seus jovens atletas; contamos com o apoio de psicólogos e de pessoas responsáveis pelos aspectos mais pessoais, familiares e/ou escolares. É certo que nada disso pode/deve substituir o apoio familiar, mas são essas condicionantes que “obrigam” e facilitam aos atletas envolvidos nesse meio crescer mais cedo. No Caixa Futebol Campus tive também a excelente oportunidade de partilhar as minhas vivências com atletas de diferentes nacionalidades. Apesar de no Benfica ter adquirido valores humanos que me fizeram, a meu ver, tornar-me uma melhor pessoa, foi no União de Leiria que senti mais dificuldades, uma vez que estive a partilhar a casa com dois colegas e tive de assumir, pela primeira vez, as responsabilidades de higiene da casa e da minha alimentação. Conciliar as tarefas domésticas com os treinos e com a escola não foi fácil mas foi uma oportunidade para crescer. Assim, quando fui viver, no ano seguinte, para o Estádio do Restelo já não fui surpreendido por este tipo de dificuldades.
Considero que fui um privilegiado por ter tido a oportunidade de trabalhar nestes grandes clubes e de ter aprendido com excelentes treinadores. O facto de já ter representado alguns clubes diferentes permitiu-me encarar diferentes realidades e extrair tudo o que de bom havia para retirar.
BnR: Foste e és um apaixonado pelo futebol. Que motivo te levou a optares por ficar afastado dos relvados?
PT: Quando saí de casa à procura do sonho de ser jogador profissional de futebol, apesar de ainda poder apresentar alguma imaturidade própria da idade, sabia bem o que queria. Ao longo destes anos a minha perspectiva foi sempre de entrar na faculdade e congelar a matrícula de forma a poder dedicar-me profissionalmente ao futebol. Ao concluir a minha formação no futebol, já tinha o 1º ano do curso realizado e com a proposta inicial que me apareceu ponderei congelar a matrícula, uma vez que a solução que foi encontrada para a minha transição do futebol formação para o futebol sénior agradava-me. Contudo, o acordo acabou por não ter o fim desejado. Surgiu ainda uma ou outra alternativa de divisões inferiores, mas a distância entre os clubes e o facto de ver, neste momento, a vertente académica como uma alternativa mais viável para o meu futuro acabaram por ter peso na minha decisão.
BnR: Opção difícil, essa…
PT: Sim, acabou por ser uma opção pessoal muito difícil de tomar. Abdiquei de muitas coisas pelo futebol e fiquei desapontado por não ter conseguido atingir a profissionalização enquanto jogador ao nível sénior. Mas estou muito satisfeito com tudo o que aprendi ao longo dos anos e, mesmo que não seja enquanto jogador, continuo a sonhar com um futuro profissional ligado ao futebol. Quando algo não acontece como o esperado, o importante é sermos conscientes o suficiente para definirmos outros objectivos realistas dentro daquilo que sonhamos e nunca descartarmos o sonho em si!
BnR: O futebol é assim um sonho adiado, substituído ou será recentrado?
PT: O futebol continua e irá continuar bem presente na minha vida. Nesta altura, estou a dar prioridade aos estudos mas, após terminar a licenciatura, tenciono voltar a jogar, ainda que tenha a perfeita noção de que será muito difícil recuperar o tempo perdido. Sou um apaixonado pelo jogo e quando uma porta se fecha espero que outras se abram, é essa a minha mentalidade. Felizmente, ao longo dos anos tive o privilégio de trabalhar com excelentes treinadores que acabaram por me persuadir e passar o gosto por essa profissão. Recordo-me de um episódio com o Mister Bruno Lage, durante o período em que estive lesionado, no qual ele chegou ao pé de mim, horas antes de a equipa realizar um jogo de treino, e me disse: “ prepara-te porque hoje vais dar a palestra antes do jogo! “. Foi um momento que me marcou… Primeiro, porque me fez sentir importante na equipa, mesmo sem poder dar o meu contributo dentro de campo. Depois, por ter vindo de uma pessoa que possui um vasto repertório de conhecimentos ao nível do treino, foi um impulso que me abriu uma nova perspectiva dentro do futuro profissional que quero para mim.
BnR: Frequentas o Curso de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona de Lisboa. Que mudanças gostarias de ver em Portugal nesta área?
PT: Portugal tem um potencial desportivo muito grande e pode, em função disso, ter algumas expectativas para o futuro. São vários os atletas portugueses reconhecidos a nível internacional: o Cristiano Ronaldo no Futebol, o Rui Costa no Ciclismo, a Telma Monteiro no Judo, e muitos mais … há muito a melhorar em termos das condições e recursos disponíveis para optimizar o rendimento dos atletas mas, nesse aspecto, devido à situação económica que o país atravessa, não se pode esperar muito nos próximos tempos. Contudo, essa não é, nem pode ser, a grande justificação para o insucesso em grandes eventos desportivos como os Europeus, Mundiais ou Jogos Olímpicos, muito menos quando temos, dentro do nosso país, um exemplo de quem fez muito com pouco. A canoagem portuguesa deve ser vista como um modelo de sucesso a seguir pelas restantes modalidades: deriva de um projecto ambicioso e muito bem estruturado que foi perspectivado a longo prazo e que, passado muitos anos de trabalho, começou a dar os seus frutos. Claro que isso requer uma alteração da mentalidade dominante nos diversos sectores desportivos; o apoio tem de surgir antes e não após a vitória. Custa-me ver um atleta nos Jogos Olímpicos a superar o recorde pessoal ou nacional e ser desvalorizado por não ter alcançado uma medalha. Será que essas pessoas que criticam não têm noção de que existem milhares de pessoas no Mundo a prepararem-se diariamente, em condições superiores, para aquele momento e no final apenas três são medalhados? Na minha opinião, o sentimento de evolução e a auto-superação diária devem ser o grande desafio e a grande vitória de um atleta, e as medalhas surgirão por acréscimo…
BnR: Os meios de comunicação contribuem para esta discriminação dentro dos diferentes desportos?
PT: No meu ponto de vista, os media, devido ao poder que conquistaram, desempenham um papel muito importante no desporto. São eles os grandes responsáveis pela informação, divulgação e promoção do desporto e, como consequência disso, através dos programas de televisão e dos jornais, este tem vindo a ser vivido de uma forma cada vez mais intensa. É certo que a abordagem nem sempre é a mais correcta e, muitas vezes, há uma maior promoção de determinadas modalidades em detrimento de outras, mas é inquestionável que são um dos principais responsáveis pela mediatização do espectáculo desportivo.
Ter racionalidade e coragem para redefinir o caminho a seguir com uma perspectiva construtiva é uma jogada inteligente e, como no futebol, deve ser no tempo certo e com a antecipação necessária. O futebol é um mundo, há muitos mundos dentro do futebol e há Mundo para além do futebol.
Jornada 18: SC Braga/AAUM 4-3 Póvoa Futsal (Miguel Almeida, Paulinho, Fábio Cecílio (2); Fred Torres, Cristiano, Baião)
AD Fundão 5-1 Modicus (Couto (3), André Sousa, Anílton; Gabriel)
Leões Porto Salvo 3-2 SL Benfica (Diogo Santos, Dura, Ré; Ricardo Fernandes, Serginho)
Rio Ave 2-2 SL Olivais (Israel, Tiaguinho; João Marçal, Paquete)
Vila Verde 3-5 Belenenses/EL Pozo (Pacheco, Pinto, César; Tiago Carvalho (2), Pauleta, Cautela (2)
Boavista 6-4 Académica (Pedro Silva, Ivan, Edivaldo, Eskerda (p.b.), Norinho; Pedro Marques (2), Eskerda, Gaj Rosic)
Dramático Cascais – Sporting CP (15 Janeiro às 21h)
Esta jornada proporcionou um leque de jogos muito interessante, onde se destaca o embate entre Leões de Porto Salvo e Benfica, disputado em Oeiras. Quem não viu o jogo dirá que é um resultado bastante surpreendente. Mas quem acompanhou em direto fica com a sensação de que o LPS é um justo vencedor. Rematou menos que o Benfica, é um facto. Na segunda parte, baixou o bloco e procurou manter a sua vantagem no marcador, com saídas rápidas para contra-ataque sempre que possível, é outro ponto assente. O facto de, ao intervalo, o marcador registar 3-0 para a equipa da casa explica em parte a menor ousadia da equipa, que, é importante registar, é amadora. Por outras palavras, é uma formação composta por jogadores que têm um emprego para lá do futsal. Mesmo assim, vestiram a pele de David e tombaram o Benfica, num jogo divergente no que diz respeito aos dois blocos de 20 minutos de jogo. Na primeira metade, um Benfica apático, desorganizado, desinspirado, permeável na defesa, ante uma equipa que fez inteiro jus ao nome – autênticos leões em campo, tal a sua garra e atitude. Encontramos um padrão nos golos da equipa vencedora no jogo de hoje. Surgiram de erros defensivos do Benfica, aproveitados com mestria por parte de Diogo Santos, Dura e Ré (autores do primeiro, segundo e terceiro golos, respetivamente).
Na etapa complementar, o Benfica tomou, naturalmente, as rédeas do encontro e pressionou o seu adversário, bastante mais recuado no terreno. Contudo, e após a expulsão de Rafael Hemni, para o lado do Benfica, que deixou a equipa encarnada a jogar em inferioridade numérica durante dois minutos (sensivelmente entre os 31 e os 33 minutos de jogo), o Benfica haveria de reduzir a diferença no marcador. Mão na bola de Dura, que levaria aí o segundo amarelo e consequente vermelho, a proporcionar um penalty para o Benfica, convertido por Ricardo Fernandes (a 4.12 minutos do fim). A aproximadamente dois minutos do fim, e quando o Benfica jogava em 5×4 (guarda-redes avançado), Serginho colocou ainda mais emoção no marcador, reduzindo para 3-2. Até ao fim, os LPS seguraram a vantagem, e festejaram efusivamente a sua conquista, que segura ainda mais a equipa na quarta posição.
Quem aproveitou o deslize encarnado foi o SC Braga, que é à condição o novo líder, tendo de esperar pelo embate entre Dramático de Cascais e Sporting para saber se preserva o seu estatuto. Uma vitória difícil e suada ante o Póvoa Futsal, por 4-3, a garantir por mais um jogo a invencibilidade do conjunto bracarense em casa (nove vitórias em outros tantos jogos). Um ponto de avanço em relação aos perseguidores Sporting e Benfica, quando faltam disputar oito jogos (nove, no caso do Sporting).
Paulo Tavares é o treinador responsável pela excecional época do SC Braga Fonte: A Bola
Em Vila do Conde, o Rio Ave continua a sua campanha um pouco desapontante no principal escalão do futsal português. Um empate caseiro, diante do penúltimo classificado, o SL Olivais, a duas bolas foi o resultado final. Destaque para o golo do empate, que surgiu nos segundos finais, da autoria do jogador do SL Olivais, Paquete. O Rio Ave mantem-se fora dos lugares de acesso ao play-off, estando atualmente no 10º lugar. Já o Olivais está na zona de despromoção, mas a apenas um ponto do 12º classificado (Académica).
A AD Fundão parece estar a reencontrar o seu melhor futsal. Semifinalista na edição 2012/2013 do campeonato, a turma de Joel Rocha goleou o Modicus, por 5-1. Apesar do parcial desnivelado, a equipa do Modicus esteve na frente do marcador até praticamente ao intervalo, quando Couto empatou aos 19 minutos. Com este resultado, as equipas trocam de posições, estando a AD Fundão agora em sétimo e o Modicus em oitavo.
Cada vez mais, o SC Vila Verde parece condenado à despromoção. Mais uma derrota, desta vez em casa, perante o Belenenses. Exibição competente da equipa forasteira, que venceu por 5-3 e consolidou a sua posição de acesso ao play-off, estando em sexto lugar neste momento. O Vila Verde segura a lanterna vermelha, com apenas nove pontos, em 18 jogos.
Finalmente, o Boavista obteve uma vitória suada diante da Académica, que volta a marcar passo na luta pelo top 8. No fim dos 40 minutos, o resultado foi de 6-4, tendo o Boavista estado sempre na frente do marcador. A equipa axadrezada segue, neste momento, no quinto lugar da tabela, estando em posição privilegiada para atingir o objetivo final de estar entre os oito melhores. Já a Académica navega por águas muito intranquilas, estando necessitada de uma vitória no próximo compromisso para melhorar a sua situação atual.
Classificação da 18ª jornada Fonte: zerozero.pt
Temos, para já, o Braga na frente, mas pode ser de pouca duração, caso o Sporting vença em Cascais, na próxima quarta-feira. Esse jogo, a par do Póvoa Futsal-Académica, a ser disputado em fevereiro, são os únicos jogos em atraso na Liga. Para já, irá haver um interregno de sensivelmente um mês, para dar lugar à realização do Campeonato Europeu de Seleções. Resta-nos, então, no fim do mês de janeiro e início de fevereiro, pendurar os cachecóis dos nossos clubes e colocar o da nossa seleção, que se desloca à Bélgica para tentar conquistar, pela primeira vez, essa competição tão importante. Mas terei tempo, nas próximas crónicas, para explicitar tudo aquilo que há para saber acerca desse torneio.