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Clássico-Rei

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dosaliadosaodragao

Dos Clássicos que a História foi formatando ao longo do seu curso, o Benfica-Porto dos nossos dias, mais do que qualquer outro, paralisa um país apaixonado por futebol. E logo às quatro da tarde de um Domingo – o espaço, por natureza, do Desporto-Rei, roubado nos últimos anos por imperativos comerciais. Sejam, por isso, bem-vindos ao maior espectáculo do Mundo!

Para os portistas, o Estádio da Luz transformou-se, nos mais recentes anos, num recinto confortável. Se olharmos para os dados estatísticos, nos últimos dez encontros aí disputados, em todas as competições, o Benfica venceu três, o FC Porto quatro, somando-se por empates as restantes três partidas. Mais do que isso, o Clássico dos Clássicos, nas recentes temporadas, tem proporcionado jogos absolutamente espectaculares, repletos de golos, intensidade e emoção. E ainda exibições de grande personalidade dos Dragões! Talvez por isso a ida à Luz não seja, actualmente, encarada como o regresso a um terreno tão hostil quanto já foi; tem sido claro nos mais recentes confrontos a superioridade ao nível emocional do FC Porto face aos seus maiores rivais.

Porém, Domingo a história reescrever-se-á. O FC Porto 2013/2014 está longe de emanar a confiança e o à-vontade (e mesmo a qualidade de jogo) que os anteriores conjuntos azuis e brancos demonstraram aquando das idas à Luz. É certo que a equipa deu sinais positivos nas últimas semanas mas mantém-se, ainda, muito longe da estabilidade desejável para um confronto desta dimensão.
Entrando nas quatro linhas, surgem, claramente, duas dúvidas: quem fará companhia a Fernando e Lucho no meio campo e, por outro lado, quem ocupará a posição de extremo para além de Varela. Se há algo que a história recente tem demonstrado – até por contraponto com o seu rival – é que o FC Porto não se deve condicionar a si próprio nem a sua estratégia (dentro de um limite de razoabilidade) só por defrontar o Benfica. Deve ser convicto de si, fiel aos seus princípios e não mudar por mudar.

FC Porto a festejar no Estádio da Luz – o que se espera (repetir) no próximo Domingo. Fonte: http://imagem.band.com.br/zoom/f_147803.jpg
FC Porto a festejar no Estádio da Luz – o que se espera (repetir) no próximo Domingo.
Fonte: http://imagem.band.com.br/zoom/f_147803.jpg

Partindo deste pressuposto, acredito que a melhor solução passe, então, por oferecer a Carlos Eduardo o espaço de playmaker da equipa, depois de tão boas indicações dadas. Não apostar nele (e antes em Defour ou Herrera) seria, simultaneamente, um sinal de temor dado ao seu adversário e um descrédito ao ex-Estoril com implicações na sua confiança. Relativamente ao extremo, todos podemos ansiar por Quaresma. Parece-me, no entanto, precipitado apostar no ‘Mustang’ desde já; será, pois, realista pensar em Licá (apesar dos desempenhos menos conseguidos nos últimos tempos) como uma opção mais válida para entrar como titular. Será, contudo, inevitável que o novo nº 7 dos Dragões surja em campo independentemente do curso do jogo, até pelo upgrade psicológico que isso pode dar à equipa.

Independentemente dos nomes, Paulo Fonseca deve perceber por que o FC Porto tem sido tão competente nos últimos anos na Luz. Para além do claro demérito do Benfica em determinados momentos, a equipa – com Villas-Boas ou Vítor Pereira – nunca se amedrontou, soube ser personalizada, muitas vezes pressionando e surpreendendo o Benfica. É certo que não há hoje craques tão fabulosos como Falcão, Hulk ou James que decidam um jogo num pormenor; no entanto, todos os que entrarem com o Dragão ao peito têm de ser capazes de perceber a dimensão deste jogo e encarnar aquilo que continua a ser a maior das vantagens: ser Porto! Exactamente aquilo que os nossos rivais mais receiam; exactamente aquilo que faz uma convicta benfiquista, imediatamente antes do 2-3 de há duas épocas, questionar-me desconfortavelmente (como que dando a resposta) sobre se achava que o FC Porto vai vencer; exactamente aquilo que tem feito da Luz, nos últimos anos, o nosso espaço mais predilecto de saborosas vitórias.

Rei

Para quem gosta de Futebol, a última semana foi dolorosa. Não vi jogar Eusébio para além dos vídeos e clips disponíveis no mundo da Web. Todavia, consigo descortinar o que representou e representa para uma geração, para um clube, enfim, para um país triste como era o Portugal dos anos 60.

Eusébio até na hora da morte soube ser grande: faleceu no dia do futebol por excelência, um Domingo, horas depois de um Benfica 5-0 Gil Vicente – exactamente o mesmo resultado que se verificou no dia em que a sua estátua foi inaugurada, a 25 de Janeiro de 1992 – e foi sepultado no dia que todos denominam por Dia de Reis, quando ele era o King;

Pinto da Costa e Eusébio
Eusébio e Pinto da Costa. Homens maiores do que o Tempo.
Fonte: Público

Acrescentar adjectivos à sua qualidade futebolística seria, hoje, um exercício pouco original, dado o manancial de declarações chegadas de todos os cantos do Mundo, aferidoras da sua grandiosidade. O meu desejo – agora dirigindo-me aos adeptos que apoiarão o FC Porto no próximo Domingo, na Luz – é que saibam, nesta hora, ser tão grandes quanto Eusébio. Esqueçam a camisola vermelha que envergou vezes demais, desprezem a quantidade de golos que nos marcou também vezes demais, omitam a quantidade de vezes também demais que nos infligiu a dor da derrota. Se forem apaixonados pela bola e um bocadinho por este país, relembrem o monstro que foi em campo e a forma como levou o nome de Portugal a todos os recantos deste Planeta. E homenagem-no. Com aplausos ou com silêncio – mas com todo o respeito. E, depois, com uma vitória.

Antevisão do Atlético Madrid – Barcelona

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Há muitos anos que o jogo da Liga Espanhola mais esperado pelos adeptos do futebol é o Real Madrid – Barcelona. Nenhum de nós esquecerá os recentes duelos fascinantes, com Messi e Ronaldo à cabeça.

Porém, este ano,o jogo mais aguardado da temporada realiza-se na próxima jornada e deixa o grandioso Real Madrid (e Ronaldo) de lado. Falo, claro está, no encontro do próximo sábado entre o Atlético Madrid e o Barcelona.

Antes de mais, devo referir que a partida tem este estatuto “especial” muito pelo mérito da equipa comandada por Diego Simeone. Que grande temporada estão a fazer os colchoneros! Todavia, as razões vão para além do óbvio.

Primeiro, temos ambas as equipas no topo da tabela com 49 pontos. Até nos golos marcados e sofridos as equipas se assemelham: o Barcelona tem 53 golos marcados e 12 sofridos, enquanto que o Atlético Madrid tem 47 golos marcados e 11 sofridos. Segundo, este é o jogo do regresso de Lionel Messi à Liga Espanhola. O astro argentino, que estava sem jogar desde 10 de Novembro, quando se lesionou na partida frente ao Real Betis, pode ser o fator decisivo não só do jogo, mas também do campeonato – ontem, em pouco mais de 25 minutos, fez 2 golos no jogo frente ao Getafe a contar para a Copa del Rey. Terceiro, este é um jogo que pode marcar toda a temporada das duas equipas. Passo a explicar: o Atlético Madrid, em caso de vitória, assume mais do que nunca o seu estatuto de candidato ao título. Se ganhar, o boost psicológico de confiança que uma vitória sobre o todo-poderoso Barcelona acarreta – para além do primeiro lugar, isolado – é demasiado significativo para ser posto de lado. Pode, e de que maneira, ser decisivo para as reais aspirações do Atlético Madrid.

Onze provável lançado pela MARCA
Onze provável lançado pela MARCA

Por outro prisma, em caso de vitória do Barcelona, a equipa de Tata Martino cimenta o seu poderio e afasta qualquer dúvida sobre quem é o grande aspirante ao título. Por outras palavras, põe fim à euforia em volta do Atlético e consegue, simultaneamente, aumentar a vantagem face aos rivais diretos.

Em termos mais técnicos, também a análise terá de envolver as características que particularizam este jogo. Não acredito que o Atlético de Madrid parta para uma ideia de jogo de ataque puro. Não me parece. À partida, o estilo de jogo dos colchoneros passará por contrariar a posse de bola típica do Barcelona, com o bloco do meio-campo e do ataque a efetuar uma pressão alta. Em mente estarão os desequilíbrios defensivos dos catalães, capazes de proporcionar ao Atlético Madrid saídas rápidas, tendo como alvo o avançado hispano-brasileiro Diego Costa.

O facto de jogar no Vicente Calderón (9 vitórias em 9 jogos), com uma massa adepta fanática e entusiasmada pela situação “anormal” que envolve o jogo, pode obrigar Diego Simeone a praticar um futebol mais ofensivo e a não modificar o ADN habitual do Atlético Madrid. No entanto, pela frente estará o Barcelona de Neymar, Xavi, Iniesta e, quem sabe, Messi. Ora, da parte do Barcelona é precisamente essa a grande dúvida para o jogo – sim, porque em termos táticos e estilísticos o Barcelona já não é capaz de surpreender. Penso que Tata Martino irá optar por sentar Messi no banco de suplentes, esperando pelo desenrolar do jogo. É lógico, não só porque as condições físicas do argentino não serão as melhores mas também porque ter a possibilidade de lançar um futebolista como Messi no decorrer da partida só poderá ser visto como um trunfo – e que trunfo.

Devo também realçar que prevejo que Tata Martino use uma marcação individual a Diego Costa, talvez com Mascherano, de forma a evitar as correrias alucinantes do avançado.

Espera-se um jogo disputado aos limites / Fonte: 2.pictures.zimbio.com
Espera-se um jogo disputado aos limites / Fonte: 2.pictures.zimbio.com

O meio-campo será decisivo no tempo de ação e na quantidade de ataques efetuados por ambas as equipas. Aí espera-se um Atlético Madrid batalhador e aguerrido, tentando ao máximo travar as investidas pelo centro do terreno de Xavi e Iniesta. Por fim, nas laterais de ambos os lados podemos esperar alguma contenção e rigidez posicional, ao contrário daquilo que é habitual, não fossem os extremos das duas equipas excelentes desequilibradores.

Os dados estão lançados, agora é esperar. O meu desejo, como amante deste desporto, é que seja um grande jogo de futebol. Que os nomes dos craques envolvidos façam justiça à sua fama e, usando o tão famoso cliché, que ganhe o melhor. Até sábado!

Ano novo, líder velho

cab hoquei

Terminadas as festas natalícias e de passagem de ano, os patins e os sticks voltam a estar em acção. O campeonato está de volta, mas, se é verdade que entramos num novo ano, as coisas na liga continuam iguais.

Começa a ser um caso sério, o da AD Valongo. Esta jornada, mais um jogo, mais uma vitória. Este fim-de-semana, a vítima foi o Física. Com uma vitória por 5-3, os homens de Valongo voltaram à liderança isolada do campeonato, com 10 vitórias…em 10 jogos. Um percurso impressionante, só com vitórias. É incrível a temporada que a AD Valongo está a fazer, batendo o pé aos grandes deste campeonato. Mesmo sem as armas de outros, a AD Valongo luta de igual para igual. Até onde podem ir os comandos de Paulo Pereira?

Atrás do surpreendente líder estão o FC Porto e a Oliveirense, com menos três pontos. No Dragão Caixa, o FC Porto superiorizou-se ao Sporting, vencendo por 11-2. Uma clara demonstração de força frente a um Sporting que ainda tem muito que crescer para voltar aos anos de glória. Num jogo sempre controlado pelo Porto, os destaques são Jorge Silva, com quatro golos, e Hélder Nunes, com três. Com os mesmos pontos segue a Oliveirense, também habituada a estas andanças. Os homens de Oliveira de Azeméis não tiveram dificuldade em bater o Candelária por 7-2; estão na vice-liderança do campeonato e com certeza querem ter uma palavra a dizer.

Oliveirense
Os homens de Nuno Resende não desistem da luta pelo título
Fonte: besthoquei.blogspot.pt

O Benfica continua mais atrás, a quatro pontos do líder. Os encarnados continuam a praticar um bom hóquei, mas por causa de dois empates e por causa de duas equipas em grande forma, Valongo e Oliveirense, está no 4º lugar. No pavilhão da Luz o campeão europeu não teve dificuldades em bater o Mealhada por 10-3, com Marc Coy a marcar quatro golos.
O campeonato está ao rubro, com quatro equipas separadas por poucos pontos no lote da frente. E se isto está bom, melhor ainda pode ficar, pois a próxima jornada promete ser de espectáculo e importante nas contas do título. Benfica e Oliveirense jogam entre si, numa luta pelo último lugar do pódio; o Porto desloca-se à Mealhada e os adeptos do Porto, Benfica e da Oliveirense estarão a torcer pelo Sporting, quando este estiver a jogar contra a incrível AD Valongo.

Descansa em paz, Pantera Negra

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Terceiro Anel

Lisboa, 9 de Janeiro de 2014

Caro Eusébio da Silva Ferreira, venho por este meio, através de uma carta, prestar-te alguns esclarecimentos. Primeiro que tudo, tenho de te dizer que ainda não me conformei com a tua partida! Foi um golpe muito duro perder-te quando apenas tinhas 71 anos, quando ainda tinhas muito para viver, quando tinhas muito que vibrar com os jogos do nosso Benfica e da selecção nacional. Mas a minha raiva interior ainda aumenta mais quando penso que nunca te vi ao vivo, que nunca falei contigo, que apenas te vi através de vídeos.

Eusébio da Silva Ferreira, eu não acredito na vida eterna, e por isso mesmo sinto-me no dever de te informar de muita coisa que foi ocorrendo, após o teu trágico desaparecimento. Conseguiste colocar a chorar quase todo um país, conseguiste que as rivalidades clubísticas desaparecessem, conseguiste que todas as forças partidárias parassem com as suas escusadas trocas de acusações, conseguiste levar milhares e milhares de pessoas à Luz para se despedirem de ti, conseguiste paralisar toda uma cidade de Lisboa, conseguiste colocar um cemitério a abarrotar com tanta gente, debaixo de um temporal impiedoso. Com a tua morte o clima enfureceu-se, com a tua morte o mar revoltou-se, com a tua morte as capas dos jornais coincidiram totalmente entre si. Conseguiste colocar Pinto da Costa a proferir palavras emocionantes, conseguiste colocar Bruno de Carvalho numa missa em memória de um ex-jogador do Benfica, conseguiste colocar Óscar Cardozo praticamente a chorar, conseguiste colocar o Presidente da República a falar ao país, conseguiste colocar todas as estações de televisão a transmitir, em directo, todas as cerimónias fúnebres. E sabes que mais? Conseguiste colocar um Old Trafford inteiro a bater palmas, em tua homenagem; conseguiste colocar um Santiago Bernabéu com uma lágrima no canto do olho; conseguiste ser notícia em blocos informativos romenos, indianos, e de outras proveniências longínquas.

O Estádio da Luz a teus pés, Eusébio Fonte: jornalacores9.net
O Estádio da Luz a teus pés, Eusébio
Fonte: jornalacores9.net

E sabes que mais, Eusébio? Colocaste-me durante um domingo inteiro pregado à TV; colocaste-me na segunda-feira, num pranto, vendo-te ali dentro de uma urna, a poucos metros; colocaste-me a não pensar em mais nada durante horas e horas a fio. E sabes que mais? Voltaste a fazer-me ver o porquê de o Benfica ser o maior clube português, fizeste-me ficar a perceber o porquê de sempre teres amado o Benfica, fizeste-me ficar a perceber o porquê de teres jogado, em muitas alturas, completamente inferiorizado, só para ajudar o Benfica.

Mas olha, aqui no planeta Terra a vida prossegue. Não sei se sabes, mas neste momento tens a tua estátua repleta de cachecóis e flores, tens mensagens de condolências de todos os pontos do globo, tiveste o Cristiano Ronaldo a dedicar-te dois golos, tiveste uma nação a cumprir três dias de luto nacional, tiveste um Ricardo Araújo Pereira com uma lágrima no canto do olho, tiveste o Portugal vs Coreia do Norte (sim, esse mesmo em que marcaste quatro golos) a ser reposto  na TVI 24, com o comentário de ex-colegas teus de equipa.

Mas atenção, ainda tenho várias coisas para te anunciar. Daqui a um aninho, ou pouco mais, vais estar no Panteão Nacional; vais ter uma rua em Beja com o teu nome; vais ter o teu rosto nas camisolas do Benfica, na próxima temporada. Vais ter a tua estátua envolta com uma cobertura; vais ter um minuto de silêncio nos jogos dos campeonatos profissionais de futebol, no próximo fim-de-semana; vais ter, ao que tudo indica e é minha convicção, o Cristiano Ronaldo a ser coroado, pela FIFA, como o melhor futebolista do mundo.

E agora, o mais importante: vais colocar um Estádio da Luz, no próximo domingo, a transbordar de gente. Vais levar um estádio inteiro a homenagear-te. Vais guiar o Benfica à vitória num jogo importantíssimo, tal como o fizeste ao longo de centenas e centenas de jogos, ao longo da tua inacreditável carreira. Vais ter uma equipa do Benfica completamente contagiada pelo fantástico ambiente da catedral. Vais ter uma equipa do Benfica a perceber a responsabilidade que é representar o nosso querido clube. Vais ter um Benfica campeão nacional; vais ter a nação benfiquista a cantar o teu nome, em Maio. Vais ter aquilo que mereces.

E agora para acabar, até porque se continuo a escrever esta carta por muito mais tempo emociono-me de vez, uma certeza: nunca serás esquecido! Nem eu nem muitos outros milhões de pessoas te esqueceremos. Ah, e também nunca me vou esquecer de que o teu desejo, aquando do teu falecimento, era que a tua urna desse uma volta ao relvado do Estádio da Luz. Isso, para mim, diz tudo sobre ti.

Obrigado.

Abraço, João Rodrigues.

Nicolau, o Destemido

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cab Surf

Nicolau Von Rupp é o grande destaque desta semana. Depois de no ano passado ter ganho o evento português “Capítulo perfeito” e ter tido grandes resultados lá fora, esta semana Nic quis superar os seus limites.
Com a tempestade Hércules a invadir toda a costa ocidental do velho continente, Nicolau viajou para a Irlanda para surfar as ondas gigantes derivadas de “Hércules”.
Mas o que se passou realmente em Portugal?
– Todos pensavam que esta enormíssima tempestade iria ser fruto de espetáculo por parte de alguns surfistas nalguns spots portugueses. A Nazaré era o ponto principal e os curiosos iam-se aproximando do famoso farol para assistir ao verdadeiro espetáculo que juntava a Mãe Natureza e o Homem. Mas o vento forte foi um dos factores que impediram que o espetáculo se realizasse. Com ventos a rondar 150km/h, era praticamente impossível surfar ondas gigantes com 15 ou 20 metros.

Ainda assim, Joana Andrade foi uma das surfistas que surfaram em Portugal. Apesar de ter surfado ainda a tempestade não tinha chegado com todas as suas forças, Joana surfou em Peniche, mais propriamente na Papôa. As ondas rondavam os 10 metros de altura.
Voltando novamente à Irlanda: Von Rupp tinha consigo uma equipa de britânicos para enfrentar Hércules. Com as motas de água, equipamentos e câmaras preparadas, tudo estava a postos para começar a sessão. As ondas variavam entre os 15 e 20 metros de altura, mas nem isso mesmo impediu o surfista de Sintra de entrar nas águas gélidas da Irlanda. Nicolau saiu da água com espírito vencedor e com vontade de repetir.
É de importante frisar que Nicolau Von Rupp foi destacado num artigo no célebre jornal “The Times” pelo seu feito nas ondas irlandesas.

Nicolau numa bomba na Irlanda Fonte: Surftotal.com
Nicolau numa bomba na Irlanda
Fonte: Surftotal.com

Dia 13 de Janeiro começa o período de espera do “Capítulo Perfeito”, que conta com os melhores surfistas nacionais para aquele que é o primeiro evento do ano em Portugal.

Um clássico que começa de forma triste

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atodososdesportistas

Olá, cara família des(Portista)! Antes de tudo, quero desejar a todos aqueles que acompanham o nosso site um excelente ano 2014, tão bom ou melhor do que aquele que passou! Hoje, pondo de parte o luto que todos os portugueses vivem de momento com a partida de um dos dois melhores jogadores nacionais de sempre, tentarei desenvolver o meu tema de uma forma muito sucinta e clara.

Trago-vos esta semana a minha antevisão do jogo grande da jornada, que opõe dois dos três primeiros classificados do nosso campeonato, com o tónico de estarem em igualdade pontual. Nota ainda para o nível organizativo, com que estou agradavelmente surpreendido: jogo a um domingo (solarengo espera-se) e a uma hora que permite às famílias sentirem aquilo que é a festa do futebol (16h). Vamos, então, comparar as duas equipas.

I) Guarda-Redes: ao que tudo indica, o Benfica voltará a jogar com Artur, relegando Oblak (o melhor guarda-redes da equipa) para o banco de suplentes, ao passo que no Porto Helton voltará a ser dono e senhor do seu templo. Fabiano merecia uma oportunidade? Um dia a baliza será dele, mas não pode ser um grande jogo a fazer sair da baliza aquele que é, de longe, o melhor e mais consistente guarda-redes da Liga (em oito anos ganhou sete campeonatos). Artur é um bom guarda-redes, mas tem o hábito de claudicar em momentos grandes, e para isso nem é preciso um esforço muito grande, basta irmos à época passada… No meio de grandes defesas, ficou ligado a todos os momentos chave do Benfica: empate 2-2 em casa com o Porto (aquele frango, ao dar a bola a Jackson); 2-1 no jogo do ano no Dragão (no primeiro golo, mesmo tendo a bola sofrido um desvio, ele poderia e deveria ter feito mais e no golo de Kelvin não estava bem colocado entre os postes); final Liga Europa (no segundo golo, pese embora a passividade da defesa encarnada, Artur tem de ganhar aquela bola em vez de ficar a meio caminho) e por fim na final da Taça de Portugal com o Vitória, naquele golo do portista Ricardo. Já Helton, embora goste de “inventar” e em todas as épocas dê o seu “franguinho”, mantém-se como um dos esteios do Porto e em momentos chave raramente falha. A experiência é um posto que lhe assegura vantagem sobre Artur.

Helton e Artur deverão ser os eleitos para o jogo da Luz / Fonte: Record
Helton e Artur deverão ser os eleitos para o jogo da Luz / Fonte: Record

II) Defesa: na minha opinião, o Porto tem uma verdadeira defesa, que joga em bloco, ao passo que o Benfica roda demasiados jogadores naquele sector, o que depois denota em campo falta de entrosamento entre eles. Os dragões contam com os dois melhores laterais (de longe!) a actuar em Portugal: Alex Sandro e Danilo. As águias têm aquele que é, para mim, o central mais completo da Liga: Garay. Sem querer ofender os benfiquistas (de todo!) penso que a restante defesa do Benfica é um “furo”. Maxi já não é o que era e, jogo sim, jogo sim, enterra a equipa com sucessivos passes falhados. Luisão é fraco. Pode ser um grande líder mas até no Brasil dizem que foi o pior central que passou na “canarinha” (alguns preferem até Polga, eu não!) e só tenho medo do gigante brasileiro no jogo aéreo… ofensivo! Siqueira, Sílvio e André Almeida são bons mas ao que parece lutam os três por apenas uma vaga. No Porto vemos os dois laterais super envolvidos no jogo ofensivo, permitindo assim que os extremos entrem em zonas interiores para explorar uma possível superioridade numérica nesse espaço, confundindo marcações e abrindo espaços nas defesas opostas. A defender são também muito completos (mais Alex do que Danilo) e, estando em dia sim, são mais as vezes que vemos os extremos adversários a defendê-los que o contrário.

Garay e Mangala, os dois melhores centrais da Liga / Fonte: Mirror
Garay e Mangala, os dois melhores centrais da Liga / Fonte: Mirror

III) Meio-campo: É no meio-campo que surgem as maiores dúvidas quanto a ambas as equipas: jogará o porto de forma mais defensiva com Defour no lugar de Carlos Eduardo? Jogará o Benfica com Enzo mais encostado numa linha e Matic e Fejsa no corredor central? Ou ambos os treinadores serão coerentes com os seus discursos e entrarão com as suas melhores peças no xadrez? O meio-campo benfiquista tem vantagem naquilo que é a coesão que existe entre Matic-Enzo – são um complemento muito bom um do outro, funcionam como “pêndulo-único” num meio-campo que já joga junto desde a época passada. Do lado dos portistas, a vantagem é que jogam com mais um elemento no centro do terreno e daí podem tirar partido. Temos também o melhor trinco da Liga (Fernando), mas isso não tira o “incómodo” que tem causado nos portistas o facto de Moutinho ainda não ter substituto: podemos defender muito bem mas falta-nos a peça que faz as transições rápidas, que espero ser Carlos Eduardo! Já no Benfica, para combater o elemento extra do Porto, não me admirava a inclusão de Ruben Amorim no onze, tal como sucedeu na Luz com o Sporting.

O meio-campo é o sector onde há maior equilíbrio entre os rivais / Fonte: Sapo
O meio-campo é o sector onde há maior equilíbrio entre os rivais / Fonte: Sapo

IV) Ataque: é neste sector que acho que, a nível do “11 base”, o Benfica tem grande vantagem sob o Porto. Os encarnados têm 3/4 extremos de enorme qualidade, sendo que o Porto tem apenas um jogador que é extremo de raiz: Varela! Sim, é verdade que com Quaresma passamos a ter mais um e não tenho dúvidas de que terá uns minutos no clássico, mas ainda é cedo para falar sobre o nosso Harry Potter. Também na frente de ataque, o Benfica tem 3 avançados muito bons (Cardozo, Lima e Rodrigo), enquanto o clube militante no Dragão tem “apenas” um excepcional ponta-de-lança (Jackson), pois Ghilas, talvez por falta de oportunidades, ainda não justificou os milhões gastos na sua contratação.

Cardozo e Jackson são os matadores de Benfica e FC Porto, respectivamente / Fonte: TVI
Cardozo e Jackson são os matadores de Benfica e FC Porto, respectivamente / Fonte: TVI

Se analisarmos tudo o que disse anteriormente, percebemos que, do meu ponto de vista, o Porto tem mais equipa do que o Benfica. Sobre isso não existem dúvidas! Mas o clube da 2ª Circular tem mais opções! E isso pode ser o suficiente para decidir um campeonato. Se Varela se lesiona, quem joga? Não temos ninguém com as suas características. Salvio lesionou-se… jogam Ola John, Cavaleiro, Markovic, Sulejmani, etc. Se Alex se lesiona? Vai o adaptado Mangala. O Benfica tem opções como Sílvio, Siqueira, André Almeida ou até mesmo o flop Cortez. Não falo de qualidade, falo de opções! Se jogassem 11 contra 11, com os mesmos do início ao fim, e não existissem lesões (sim, no mundo da fantasia.), em cada 10 jogos o Porto ganhava 8. É mais consistente, tem mais fio de jogo a partir de trás, não vive tanto da inspiração individual como o Benfica (até porque não tinha jogadores para isso, tem agora Carlos Eduardo e Quaresma), procura sempre ter um triângulo de jogadores sob o portador da bola, desdobra-se muito mais facilmente nas acções ofensivas, etc…

Sabemos que a consistência do Porto tem dado campeonatos e a (falta) de explosividade do Benfica nas rectas finais os tem feito perder. Mas num jogo tudo pode acontecer… Espero um clássico muito disputado, sem casos de maior e que no final ganhe o Porto e nos dê mais uma alegria!

Para finalizar, deixo uma nota de apelo a quem se deslocar ao estádio: respeitem a memória de Eusébio e aplaudam o “minuto de silêncio” do King, que foi tanto para nós portugueses! Perdemos uma Lenda. Relembro o que uma outra lenda, José Mourinho, disse: “Pelo que fez, Eusébio nunca morrerá”. E é mesmo isso que penso. Nunca o vi jogar mas o seu palmarés diz tudo. Ajudou o Benfica a ser o que é e cativou meio mundo com as suas delícias futebolísticas. “Ninguém parte inteiramente”, já dizia Manuel Cruz, dos Ornatos Violeta. Um voto de grande pesar da minha parte a todos os que sentem a perda deste senhor, em particular à família benfiquista. R.I.P. KING.

Alô, Paços de Ferreira, está alguém por aí?

futebol nacional cabeçalho

A equipa sensação da época passada, o Paços de Ferreira, vive este ano tempos difíceis. A equipa está afundada no último lugar do Campeonato Português, foi eliminada na Taça de Portugal e a Taça da Liga também está complicada. Nem a troca de Costinha por Henrique Calisto no comando técnico se traduziu em melhorias.

Voltemos atrás no tempo: Costinha foi despedido do cargo de treinador do Paços com oito jogos decorridos no campeonato. O jovem treinador tinha apenas quatro pontos, o Paços já era último e o presidente Carlos Barbosa demitiu o treinador. O escolhido para o substituir foi Henrique Calisto. Passaram de um jovem para um idoso, se é que nos podemos referir assim a Calisto, com quase tantos anos de futebol como os anos de idade de Costinha. Só que mais uma vez fica provado que nem sempre a chicotada psicológica se traduz em melhorias na equipa. Com Henrique Calisto no comando, em seis jogos o clube conquistou cinco pontos. Uma prestação parecida à de Costinha, que não conseguiu tirar os pacenses do último lugar.

Não é de prever uma nova chicotada psicológica na equipa da Capital do Móvel; o que é certo é que se o Paços não acordar para a vida, neste caso para o campeonato, será difícil escapar à despromoção. Também um dado adquirido é que está a apenas três pontos da zona de manutenção, mas, analisando os dados, o Paços de Ferreira precisa de três a quatro jogos com derrotas para conseguir conquistar um ponto. O próximo jogo contra um adversário direto pode ser determinante para as ambições da equipa de Henrique Calisto – isto porque o Olhanense defronta o Arouca e um deles, ou os dois, terão de perder pontos. Importantes porque são dois adversários diretos do Paços que estão separados por poucos pontos. As competições extracampeonato têm piorado ainda mais a situação pacense. Para a Taça da Liga, a equipa perdeu diante do Rio Ave e ficou com a qualificação para a próxima fase em dúvida. Relembremos que o Paços está inserido no grupo teoricamente mais acessível dos quatro. E, para a Taça de Portugal, a eliminação ainda deixou mais mossa nos castores; para além de ter sido em casa foi contra o Aves, da Segunda Liga, e os golos da equipa de Vila das Aves foram obtidos por Poulson. O jovem português de 24 anos foi emprestado pelo Paços ao Aves, neste mercado de transferências. ‘’Fraco’’, disse Calisto, mas este ‘’fraco’’ serviu perfeitamente para deixar o Paços fora dos quartos-de-final.

Poulson festeja um dos seus dois golos frente ao Paços.   abola.pt
Poulson festeja um dos seus dois golos frente ao Paços.
abola.pt

A uma jornada do final da primeira volta e com o mercado de transferências aberto, o Paços aproveitou para arrumar a casa e contratar mais-valias para a equipa. Henrique Calisto escolheu alguns jogadores. Entrou o defesa Jaílson vindo do Grémio Anápolis. E, para o ataque, duas contratações: Bédi Búval (ex Académica) e Del Valle (ex Rio Ave).

Búval directofutebol.com
Búval
directofutebol.com
Jaílson  vavel.com
Jaílson
vavel.com
Del Valle abola.pt
Del Valle
abola.pt

O mês de janeiro é importante para as ambições de manutenção do Paços; veremos se Henrique Calisto e os seus novos três reforços conseguem salvar o clube da despromoção.

P.S: Temos saudades do Paços do ano passado, que ficou no pódio do campeonato.

Simply the Best

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brasileirao

Mas que voz tem Tina Turner. Então quando canta este tema parece que as suas cordas vocais se quadruplicam. Ela foi, sem sombra de dúvidas, uma das melhores.

E o que dizer do Campeonato Brasileiro? Dos seus jogadores, técnicos, ambiente…? Vamos por partes, para podermos compreender onde quero chegar e como argumentarei.

Primeiro: atmosfera. Muitos poderão achar despiciente este tema. Não penso assim. Quem já teve oportunidade de ver um jogo no estádio, no Brasil, saberá que as torcidas são muito animadas: com escolas de samba, coreografias, mil e muitos cânticos e movimentos. É claro que pela caixinha mágica dá para perceber alguma coisa, mas só uma visita a uma arena do futebol tira qualquer incerteza existencial que possa haver. É verdade que os templos onde se desenrolam os jogos hoje estão mais vazios para os lados de Vera Cruz. Os estádios mais modernos do mundial tiraram algum do folclore popular que existia. Houve uma elitização. Mas a alegria continua. E que alegria!

Torcida brasileira ao rubro / Fonte: varejototal.zip.net
Torcida brasileira ao rubro / Fonte: varejototal.zip.net

Segundo: competitividade. É verdade que o país é do tamanho de um continente. Tem muita extensão. Mas tem, igualmente, cidades altamente concentradas. Por exemplo, só no eixo Rio – São Paulo – Minas Gerais vivem cerca de 80 milhões de pessoas, quase metade da população total. Portanto isso não justifica tudo. Ao todo, são 17 clubes, representando sete Estados. O Brasil tem mais de vinte Estados. Há muita concentração, de facto. Poucos campeonatos têm tantos campeões como este.

Terceiro: treinadores. T de terceiro, de técnico, de treinador. Não deu o Brasil dos melhores treinadores do planeta? Recentemente Scolari e Carlos Alberto Parreira. Mas também Zagalo, Otto Glória, que a nós muito nos diz, entre outros. Seleção canarinha sempre e somente com treinadores brasileiros. Seleção mais vezes campeã do mundo e com o seu hino tocado em todos os mundiais.

Quarto: vencer. Que chamo a isto? O que acabaram de ler. Os clubes brasileiros venceram os europeus por oito vezes na Intercontinental, contra apenas 4 dos “bonzinhos” do velho continente. Então mas o futebol brasileiro não é lento? Que se passou? Uma hecatombe? Uma catástrofe acontece poucas vezes, não oito. No futebol moderno, qualquer clube campeão europeu tem, pelo menos, um ou dois brasileiros a jogar nas suas fileiras. São 10 os times que venceram a coroa de campeão sul-americano. Pouquinho…

Zico levanta a Intercontinental, depois de “destruir” o Liverpool por 3-0 / Fonte: flamengodvd.blogspot.com
Zico levanta a Intercontinental, depois de “destruir” o Liverpool por 3-0 / Fonte: flamengodvd.blogspot.com

Demos mérito aos que merecem. E, já agora, falemos na nossa língua tão bela. A mim me contradigo. Futebol brasileiro não é simply the best, mas será simplesmente o melhor do mundo.

Perdoe-me pela ironia, mas há verdades que têm de ser ditas. Num país de estatísticas, lancei aqui algumas, que, porventura, podiam não saber. Em semana de luto queria deixar as mensagens de paz a todos e relembrar a amizade do nosso rei com o rei brasileiro (Pelé). Para mim, os dois melhores que alguma vez existiram.

Deixem o Rei morrer

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Glóbulos Vermelhos

Já há muito tempo não escrevia por estas bandas. Ossos do ofício que impedem à criação criativa, com efeitos severos de asfixia da escrita mais pessoal e criativa. Espero que as desculpas sejam aceites por todos os membros desta comunidade. Mas agora é tempo de impor um manifesto, com a minha simples assinatura por baixo, sem grande pesquisa científica, antes com o dever de crítica e responsabilização da minha profissão, e, como consequência da sociedade corriqueira que existe neste país.

Eusébio morreu. Não queria mais ouvir falar deste tema porque o meu luto é silencioso, mas vi-me obrigado a fazê-lo – uma exigência intrínseca à minha pessoa – porque exijo respeito por um dos grandes astros nacionais de todos os tempos. Bem sei que nunca vi o jogar, nem em directo, nem ao vivo, e por isso muito me lamento. Mas sempre vi os vídeos, as representações de alguém sem limites, com potência ao alcance de poucas defesas e colectivos. Parece-me que o futuro do Benfica, do meu clube, está hoje aos tremeliques, com a perda da maior referência desta nação, com o esgotamento da qualidade futebolística e da empatia com o treinador, com as directrizes de interesse próprio levadas a cabo por esta direcção. Uma vitória contra o Porto impõe-se, se bem que não me parece que isso vá apagar todos os problemas do passado recente. Mas impõe-se, porque é, a única e possível maneira de homenagear um homem quase maior que este clube, do tamanho do planeta. Costumo dizer que ninguém gosta do Benfica tanto como eu e, se esse alguém existir – sim, porque não deixou de existir – essa pessoa é o King, o único a quem admito tal afirmação.

Que as lágrimas de hoje mostrem o mesmo respeito que as lágrimas do Rei mostraram no passado Fonte: asbeiras.pt
Que as lágrimas de hoje mostrem o mesmo respeito que as lágrimas do Rei mostraram no passado
Fonte: asbeiras.pt

É por isso que é lamentável ver a forma como os meios de comunicação social, com as televisões bem no topo desta hierarquia, acompanharam o dia do funeral do Pantera Negra. Não digo que não seja digno de todas as horas que as televisões dedicaram a isto tudo, não digo que não se siga atentamente as homenagens, as flores, os cachecóis, porque, de facto, o país parou. Mas não vamos exagerar ao ponto de mostrar a cara do corpo no caixão, a sua missa que em pouco acrescente ao deu descanso e, muito mais grave ainda e grande motivo da minha indignação, o enterro, literal, do caixão. Não é que a sua família tenha tido grande direito a privacidade com todo o tributo e mar de gente que quis estar presente, mas daí a todos os canais de televisão e alguns jornais – aqui se inclui aquele a que pertenço – mostrarem imagens do caixão a descer para o buraco cavado na terra. É triste que se chegue a este ponto, de falta de consciência e princípios, mesmo pensando que as pessoas estiveram sentadas na televisão a ver, que queriam, efectivamente, assistir a esse momento.

Eusébio deu tudo e mais alguma coisa a este país. Não merece que a sua morte seja fomento de polémicas em torno de cachecóis e da quantidade de whiskey que bebia por dia. Foi Eusébio, como sabia, como pôde e quis ser. Foi Eusébio em 66, foi Eusébio em todas as conquistas. Deixem o King morrer, deixem-no ser Eusébio no seu desaparecimento. E, sobretudo, não venham agora levantar poeiras do passado. Houve mais que tempo para o fazer. Agora dêem-lhe o mínimo, o descanso devido. Obrigado.

Agora é estudar para o exame…

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dragaoaopeito

Paulo Fonseca tem neste momento uma semana para preparar o grande clássico do futebol português, dia 12 à tarde (uma excelente notícia no futebol português), com o Benfica na Luz. Após uma goleada esclarecedora contra o 21º classificado da 2ª Liga, é tempo de estudar um bocadinho para o primeiro exame do ano.

Não deixa de ser curioso que tal como muitos estudantes, Paulo Fonseca tenha neste momento o seu primeiro exame, naquela que é a ultima jornada da 1ª volta do campeonato. O Porto está em primeiro lugar em conjunto com Sporting e Benfica com 33 pontos, e, na pior das hipóteses, Domingo pelas 18h o Porto pode estar muito bem a 3 pontos dos dois clubes da 2ª Circular.

2014 começou bem. 10 mil corajosos marcaram presença no primeiro treino do Porto no Estádio do Dragão (eu próprio tentei estar presente mas não o ano novo não deixou). Acredito que muitos deles foram para ver Ricardo Quaresma treinar pela primeira vez e lá ficaram cerca de 1 hora, à chuva, a ver o plantel treinar. O voto de confiança foi dado a Paulo Fonseca e o treinador sentiu a presença e o apoio dos adeptos, que mesmo num início de ano novo, lá estiveram com a equipa.

Quaresma e Kelvin, dois nomes a ter em conta para o clássico na Luz / Fonte: MaisFutebol
Quaresma e Kelvin, dois nomes a ter em conta para o clássico na Luz / Fonte: MaisFutebol

O jogo com o Atlético marcou a maior goleada da época, 6-0. Em 90 minutos sem muito para contar, com um guarda-redes infeliz a acusar a pressão de jogar contra um grande e com uma equipa liderada pelo Professor Neca, que nunca conseguiu sequer estar perto de fazer uma surpresa, o Porto aproveitou para dar minutos a jogadores menos utilizados. Ricardo fez um excelente jogo a lateral-direito, mostrando ser uma boa alternativa em caso de lesões ou castigos de Alex Sandro e Danilo; Reyes esteve bem, ainda que sem muitas ocasiões para fazer frente aos temíveis avançados lisboetas; Josué fez um bom jogo naquela que é efectivamente a sua posição; e Kelvin mostrou novamente estar apto para ser titular nesta equipa, alternando entre momentos técnicos brilhantes e exageros que só com o tempo conseguirá evitar.

Ricardo Quaresma não pôde ainda jogar nesta eliminatória da Taça e, ainda que pelas imagens pareça um pouco mais largo do que nos anos em que esteve no Porto, a verdade é que à primeira vista apresenta uma estrutura idêntica àquela com que se apresentava no Besiktas e no Al-Ahli. De resto, é impossível avaliar pelo treino realizado à porta aberta qual a sua forma e condição física e de que forma poderá ou não estar disponível para o jogo na Luz. Presumo que se estava apto para fazer minutos contra o Atlético, também os poderá fazer contra o Benfica, naquela que poderia ser uma estreia de sonho (a correr bem ao jogador, esta seria a melhor alavanca motivacional para o resto da época na equipa). Não tenho dúvidas de que será convocado e certamente jogará alguns minutos.

Paulo Fonseca terá  o primeiro grande exame do ano / Fonte: Record
Paulo Fonseca terá o primeiro grande exame do ano / Fonte: Record

Acredito que Paulo Fonseca não vá ter grandes dúvidas ao consultar os seus apontamentos. Helton na baliza; Alex Sandro, Maicon, Mangala e Danilo na defesa; Fernando, Lucho e Carlos Eduardo no meio-campo (triângulo 1-2, esperemos), sendo que a única duvida residirá em qual o jogador que fará a posição de ala-direito/esquerdo, fazendo companhia a Varela e a Jackson no ataque portista. O facto de Licá (sendo que até Herrera e Danilo entraram durante o jogo) não ter tido minutos no último jogo poderá evidenciar que outra solução seja equacionada. Talvez Josué seja a hipótese mais provável, não me parecendo que Kelvin entre no 11 inicial (apesar de toda a carga emocional que o jogador tem, sobretudo contra a equipa de Jorge Jesus), mas sim ao longo do jogo.

O Porto já esteve pior, diria até que está como muitos comentadores dizem que está o nosso país: está mal, mas já muito trabalho foi feito e começa a apresentar bons resultados, nem que seja num ou outro indicador. Paulo Fonseca estará nesta semana a estudar como nunca estudou antes. O clássico da Luz tem tanta importância nesta 1ª volta como terá na 2ª volta. Se por um lado poderá ser o mote que a equipa precisa para enfrentar o resto da época de uma forma grandiosa (em 4 competições que tem clara possibilidade de vencer), com a confirmação de Carlos Eduardo num grande jogo e o regresso de Ricardo Quaresma, por outro, poderá empurrar o Porto para mais uma crise que neste momento seria catastrófica para o clube (como referi no início do artigo), ficando a 3 pontos de Benfica e Sporting e em desvantagem directa com a equipa da Luz na eventualidade de no último jogo da Liga estarem com os mesmos pontos.

Paulo Fonseca não pode usar cábulas. Mesmo que as tivesse não as usava, mas pode muito bem pedir apontamentos a quem os tenha porque precisa e muito. Herrera no meio-campo, Defour a falso ala, Licá a ala, substituições inoportunas, triângulo invertido… enfim, espero honestamente que este seja o grande jogo de viragem para o clube e para o treinador…

Eusébio ao lado de Pinto da Costa / Fonte: A Bola
Eusébio ao lado de Pinto da Costa / Fonte: A Bola

Por fim, aproveito para dizer que numa semana emotiva para todo o país, e em especial para a massa adepta benfiquista, com o infeliz falecimento de Eusébio, um dos melhores jogadores portugueses de sempre, espero honestamente que o ambiente para este clássico não seja marcado por um clima agressivo e de hostilidade entre adeptos de ambos os clubes, e que na Luz se realize um excelente jogo, daqueles que o Pantera Negra tanto amava jogar (mas que, obviamente, neste saia o Porto vencedor).