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Eficácia

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cabeçalho benfica

A eficácia no futebol é sempre vista como uma coisa positiva por parte dos vencedores, que gostam de ver que a sua equipa sabe o que fazer quando vai lá à frente, e uma coisa negativa por parte dos derrotados, que ficam com um sentimento de injustiça. Para os adeptos do Benfica, clube vencedor do duelo da noite frente ao Vitória sadino, a eficácia que o Benfica teve no jogo não pode ser vista como uma coisa positiva.

Os números não enganam. Zero remates na primeira parte mostram como foi o jogo do Benfica. Pobre, sem ideias, sem construção de jogo, e com o Jesus a continuar num 4-4-2 com Enzo nas alas. Assim se jogou no Bonfim frente a um Vitória que tinha a lição bem estudada. A conseguir fechar bem o caminho para a baliza de Kieszek, os sadinos foram, ao contrário do Benfica, uma equipa sempre com determinação e vontade, com mais garra, aproveitando-se dos seus contra-ataques. Ainda assim, sem o efeito desejado, visto que o estreante Oblak não fez nenhuma defesa.

O empate ao intervalo era um resumo fiel do que tinha sido a primeira parte. Duas equipas encaixadas uma na outra e a gritante falta de ideias ofensivas por parte do Benfica.

Rodrigo golo
Rodrigo abriu o marcador
Fonte: Maisfutebol

Na segunda parte, JJ fez alterações que foram determinantes para o resultado do jogo. Mas não se enganem: apesar de Sulejmani ter entrado e de Enzo Perez ter ido para o centro (quem é que disse ao Jesus que o Enzo devia jogar nas alas?), o jogo do Benfica apenas por breves momentos pareceu ser outro, para melhor, para depois voltar a ser o monótono e sonolento jogo da primeira parte. As duas alterações fizeram bem ao Benfica, que começou a dar um ar da sua graça. Gaitan fez o primeiro remate aos 51 minutos (!!!) e, logo a seguir, assistiu Rodrigo para o primeiro golo da noite. Mais eficaz não podia ser. O Vitória também mostrou os seus argumentos, mas um penalty, na minha opinião bem assinalado a favor dos homens de Jesus, matou o jogo. Depois do golo de Lima, os da casa entregaram o jogo ao Benfica, que voltou à fraca exibição da primeira parte, com os jogadores já a pensarem no borrego e no bacalhau da noite de Natal.

No final, uma vitória por 2-0, onde o que se aproveita é mesmo o resultado. Nenhuma equipa fez por ganhar o jogo. O Benfica soube ser eficaz, mas a falta de capacidade ofensiva e de construção de jogo é alarmante. O que peço para o Natal é um Benfica diferente. Será pedir muito?

Quanto a Oblak, um dos pontos de interesse deste jogo pela sua estreia, não teve uma noite muito difícil; cumpriu quando foi preciso, sendo que necessita de mais jogos para ser avaliado. Contudo, espero que a aposta continue.

Vieira, na mensagem de Natal aos benfiquistas, pediu para apoiarmos os jogadores e fazer com que eles sintam a responsabilidade de vestir o manto sagrado. Nós vamos cá estar, críticos quando necessário, mas a apoiar sempre. E é isso que tem faltado aos jogadores: o amor ao símbolo.

Seedorf perto de regressar a Milão

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Um segundo casamento entre Clarence Seedorf e o Milan parece estar mais perto do que nunca. O ex-internacional holandês, que jogou nos rossoneri durante dez anos, onde conquistou tudo o que havia para ganhar em Itália e ainda se sagrou campeão europeu, pode voltar a San Siro já no próximo ano.

Seedorf aquando da passagem pelo Milan Fonte: http://theoriginalwinger.com/
Seedorf aquando da passagem pelo Milan
Fonte: http://theoriginalwinger.com/

Depois de ter brilhado a grande nível nos relvados, Seedorf é agora pretendido por Silvio Berlusconi para ocupar o lugar de treinador. De Itália chega mesmo a informação de que Il Cavaliere se encontrou pessoalmente com Seedorf para alinhavar a próxima época do Milan. O holandês é a grande aposta para fazer esquecer a péssima temporada ainda em curso da formação de Massimiliano Allegri. O Milan está já fora da luta pelo título e na Liga dos Campeões sabe que terá a vida muito complicada perante o Atlético Madrid já nos oitavos de final da competição.
Seedorf vai continuar a jogar no Botafogo até Junho do próximo ano, mas a carreira de treinador espera-o já a partir da próxima temporada. A fidelidade ao Fogão, por quem garantiu a qualificação para a Copa Libertadores, tem esse prazo definido e deve ser após a desvinculação ao o clube brasileiro que Seedorf rumará para Itália, mais propriamente para o lugar de treinador do Milan.

Seedorf com a camisola do actual clube, Botafogo Fonte: http://www.falaglorioso.com.br/
Seedorf com a camisola do actual clube, Botafogo Fonte: http://www.falaglorioso.com.br/

O jogador holandês já afirmou que tem como modelo de treinador o americano Phil Jackson, histórico treinador da NBA que conduziu os Los Angels Lakers ao título de campeão da melhor liga de basquetebol do Mundo. Os contactos entre Seedorf e Silvio Berlusconi vêm no seguimento das mudanças na direcção do clube, onde Barbara Berlusconi, filha de Silvio, veio ocupar um cargo de maior importância na estrutura do clube. Barbara é agora directora geral do clube, posição que partilha com o histórico Adriano Galliani. Seedorf está claramente na pole position para vencer a corrida ao lugar de treinador do Milan, e com Silvio e Barbara Berlusconi a empurrar o holandês ainda mais para a frente, é crível que o holandês se sente mesmo no banco de San Siro para orientar os rossoneri na próxima temporada.

JJ, emprestas-me dinheiro?

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Terceiro Anel

Já se sabia que o nosso querido Jorge Jesus auferia um salário anual que rondava os quatro milhões de euros, mas nesta quarta-feira tivemos a confirmação de que o treinador do amor da minha vida ainda mantém esse chorudo ordenado. Porém, o que é que são quatro milhões de euros ao pé daquilo que ganham muitos outros treinadores de futebol por esse mundo fora?

Ora vejamos: tenho a certeza de que Roberto Mancini ganha mais no Galatasaray, não ganha? Olha, afinal recebe menos dinheiro ao fim do mês, mas deve ser porque está no primeiro ano naquele clube turco. Por exemplo, Rafa Benítez tem um salário superior ao JJ, não duvido disso! Esperem, esperem, ligaram-me agora a dizer que o treinador espanhol também não aufere tanta massa quanto o técnico da Amadora. Mas é natural, já que Rafael Benítez está na primeira temporada ao serviço do clube napolitano, sendo que também já foi um treinador mais apreciado na Europa; daí o seu salário não ser tão elevado. Mas esperem: selecionadores como Del Bosque e Scolari e treinadores como Laurent Blanc e Claudio Ranieri, que treinam os milionários PSG e Mónaco, veem mais dinheiro a cair na conta ao fim de cada mês do que o mestre da tática, não veem? Pois, parece que afinal não veem.

Portanto, caro Jorge Jesus, repara lá na análise deste pobre rapaz: ganhas quatro milhões de euros por ano num país onde grande parte dos portugueses nem 800 euros por mês recebe, tens um plantel de luxo à disposição, tens condições de trabalho excelentes, tens um presidente que está e esteve sempre do outro lado, estás a orientar o clube português que é adorado por mais de metade da população, entre muitas outras coisas. Por isso, o que mais é que será preciso para meteres esta equipa do Benfica a jogar bom futebol? Mas será possível que não possa elogiar o meu clube num único artigo que escreva para este site, ao longo desta temporada? Terei de continuar a ver estádios vazios, quando outrora o Benfica até um estádio em Singapura enchia? Terei de continuar a não te ver assumir erros próprios? Terei de continuar a temer jogos do Benfica contra Aroucas e Olhanenses?

Jorge Jesus é o 11º treinador mais bem pago do mundo / Fonte: jornalacores9.net
Jorge Jesus é o 11º treinador mais bem pago do mundo
Fonte: jornalacores9.net

O Benfica é uma entidade privada, e como tal paga aquilo que quiser ao fim do mês aos seus funcionários, apesar de o passivo ser cada vez mais assustador, sendo que estes avultados encargos não devem ajudar, propriamente, a que as contas do clube estabilizem um pouco. Mas que diabo, começa é a não haver pachorra para tanto desleixo da equipa de futebol em campo, num campeonato em que temos obrigação de sermos campeões! O Sporting joga bem, mas tem um plantel limitado; o FC Porto é sempre muito temível, mas não tem muitas soluções à altura do seu onze inicial; e sendo assim o Benfica tem de carburar muito mais, tem de deixar a pele em campo, porque se o fizer…será campeão nacional!

JJ, tu até podias ganhar mais do que o Belmiro de Azevedo ou do que o Jerónimo Martins, desde que eu visse que o Benfica estava transformado num clube vencedor. Assim, com apenas um campeonato ganho em quatro anos, e com o maior clube do país a jogar de uma forma paupérrima, acho que não justificas o dinheiro que levas para casa. E por isso, peço-te encarecidamente: oleia a máquina, refresca a mentalidade dos jogadores, mete o Benfica no trilho do sucesso…e já agora, empresta-me uns trocos, porque, no meio de quatro milhões, um pequeno empréstimo a este jovem que tanto ama o Benfica não há-de fazer mossa na tua conta bancária.

Fanning, o justo campeão…?

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cab Surf

Na rubrica de hoje não vou estar para aqui a falar de notas ou de nomes mais técnicos. Vou fazer um pequeno apanhado do que se passou no Hawai, uma vez que este acolheu, nos últimos 30 dias, o Vans Triple Crown.

As ondas entravam na costa havaiana com cerca de três metros, e faziam um tubo tão perfeito e largo que muitos surfistas entravam lá dentro completamente esticados e de braços abertos. Já um amigo meu dizia: “oi, o meu carro cabia lá dentro”.

Com os dois únicos candidatos ao título mundial, Mick Fanning e Kelly Slater, ainda em prova, tudo estava em aberto. Por um lado, Slater tinha a vantagem de estar nos quartos finais, enquanto Fanning ainda precisava de passar o round 5 para chegar aos quartos; mas, ao mesmo tempo, Fanning apenas precisava de chegar às meias-finais para somar os pontos necessários para se tornar campeão do mundo. Deste modo, mesmo que Kelly Slater ganhasse a prova era impossível ser campeão mundial. Mas pronto, vamos voltar então ao round 5.

Round 5 a decorrer e Mick entrava dentro de água contra CJ Hobgood, um perito em tubos. O mar não ajudava mas, com algum esforço, Mick Fanning conseguiu bater CJ, passando assim aos quartos-de-final. E pronto, mais uma vitória, e iríamos ver Fanning a pegar no grande, pesado e prestigioso troféu.

Os quartos-de-final só começaram passados três dias, e agora sim, entravam umas bombas com três metros ou mais.

Fanning a encaixar nu tubo perfeito Surftotal.com
Fanning a encaixar nu tubo perfeito
Fonte: Surftotal.com

Mick Fanning foi o primeiro a entrar dentro de água, contra Yadin Nicol, mas o que muitos não sabem é que Fanning fez de propósito para competir nos quartos-de-final contra Yadin. Como é que isso é possível? Eu explico. No round 4, Mick Fanning tinha pela frente John John Florence e Nat Young. Com a bateria a chegar ao fim, Mick Fanning encontrava-se na segunda posição e, uma vez que neste round ninguém é eliminado, o surfista australiano até estava tranquilo, uma vez que ainda iria competir no round 5. Mas Fanning começou a pensar e reparou em que, se ficasse em segundo lugar, iria enfrentar o difícil Julian Wilson, e, caso ganhasse, iria debater-se contra John John Florence no derradeiro heat (quartos-de-final). Esse seria o caminho mais difícil, pois John John surfou a onda de Pipeline toda a sua vida, uma vez que esta mora mesmo em frente àquela assustadora onda. Portanto, se Mick ficasse em 2º lugar, iria pelo caminho mais árduo e improvável para ser campeão, enquanto que, se ficasse no 3º posto, apanharia CJ Hobgood no round 5 e Yadin Nicole nos quartos-de-final – um caminho bem mais fácil. Não ponho a hipótese de ele passar o heat em primeiro, porque naquela altura já era impossível passar à frente de John John. Entao Mick jogou com a cabeça e não com as “skills” e apanhou propositadamente uma onda em que não tinha prioridade, o que fez com que ficasse sem metade da pontuação da sua melhor onda. Assim passou para 3º lugar no heat.
Agora sim, voltemos aos quartos-de-final.

Com Yadin Nicole a dominar a bateria, o público na praia já não acreditava que Mick Fanning pudesse ganhar, mas, a 1.30 minutos do fim, Fanning apanha umas das maiores ondas do heat, e manda um tubo super perfeito, conseguindo assim a nota para ganhar. Deste modo, Mick Fanning tornou-se campeão Mundial pela terceira vez.

Mas o campeonato continuava, pois ainda só ia nos quartos-de-final. Kelly Slater não conseguiu tornar-se campeão mundial, mas, ainda assim, descarregou toda a sua raiva nas ondas e ganhou o Pipe Masters. Mas quem é que Slater enfrentou na final? Pois, foi John John Florence, o miúdo tão temido por Fanning. Por isso, será que a vitória do australiano foi justa? Kelly limpou tudo e todos e deu um grande espetáculo a todo o público. O que é facto é que não se pode ver apenas o que foi feito nesta prova, mas sim ao longo de todo ano.

O Meu Grande Amor

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Núcleo Semanal
Amores há muitos. Tenho a certeza de que todos amam o seu, e nós até podemos amar outros, mas Grande Amor, o Grande Amor, só há um. Porém, é perigoso. Creio que os grandes amores são muito mais fáceis de perder que os pequenos amores. Os grandes amores cegam. Passamos a ver coisas distorcidas, completamente pintadas da cor do nosso Grande Amor. Não há mais nenhuma – é aquela cor e pronto. A melhor, a única, a tal.

Quando vivemos o Grande Amor por muito tempo, a proximidade é tanta que acabamos por não olhar para o que está à nossa frente. Habituamo-nos a ter o Grande Amor connosco e a tê-lo como parte da nossa vida. Está ali, sempre ali, tão perto, e assim continuará a estar. “Hoje talvez não tenha de ver o meu Grande Amor – afinal, ainda cá estará amanhã, à espera que eu o ame. Hoje estou cansado do trabalho, das aulas, dos problemas. Amanhã eu demonstro o quanto amo o meu Grande Amor.”

E enquanto se deixa para amanhã, o Grande Amor pode perder-se. Pode danificar-se, partir-se, quebrar-se. Pode sofrer golpes tão profundos que mais nenhum amante irá conseguir juntar os pedaços e amá-lo da mesma forma que outrora havia sido amado.

Foi isto que nos aconteceu: saltámos reuniões, perdemos militância, deixámos para amanhã. Permitimos que outros interferissem naquilo que ninguém deveria interferir, que alguém estragasse o que ninguém poderia estragar. Que usasse o Grande Amor como se fosse seu. E quase nos esquecemos que é nosso.

Hoje, posso dizer, está salvo. O Sporting, o amor de milhões, está salvo. Faltas agora tu. O meu Grande Amor.

Do Céu ao Inferno num ápice

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brasileirao

Desilusão, desilusão

Danço eu, dança você
Na dança da solidão…

Como em tudo na vida, há sempre altos e baixos. Os clubes não fogem a essa regra. Momentos bons são fáceis de serem falados. Mas abordemos os maus: pois é com os erros que se aprende, para fazer do futuro um lugar melhor.

Desde 2010, nada parecia parar o Fluminense no comando do Futebol Brasileiro. Venceu dois campeonatos em três (2010 e 2012) e aparentava ter uma solidez financeira pouco comum para o Brasil; e também pouco corriqueira nos clubes do Rio de Janeiro. O contrato com a Unimed – a maior cooperativa de serviços médicos no mundo – tinha dado os seus frutos. Bons jogadores, boa rotatividade e, sobretudo, salários razoáveis e regulares. Tudo bem. “Tudo jóia” para os tricolores!

Porém, no final de 2012, já depois da consagração de campeão, alguma coisa aparentava mudar para os lados das Laranjeiras, o bairro do Fluminense Football Clube. Já não se sentia aquela força e segurança de outrora. O campeonato começou tímido. E depois ficou francamente mal. Tanto que do objetivo Libertadores se passou para o objetivo manutenção na Série A. Às tantas o Fluzão já havia perdido identidade. Os jogos eram fracos. As oportunidades de descolar dos lugares baixeiros eram perdidas de forma infantil. E aos trancos e barrancos foi ficando, foi ficando… ficando no lodo. Só na última jornada teve a infeliz notícia do rebaixamento de divisão, acompanhando o seu rival Vasco da Gama a uma visita nada agradável ao segundo escalão nacional de futebol. Se a campanha do Vasco da Gama não deixa de ser traumática por se tratar de um colosso, pelo menos já era esperada. Como fomos referindo e resumindo: crise diretiva, crise financeira e monetária. Sobretudo isto. Com reflexos na prestação da equipe em campo. Só que com o Fluminense pouco ou nada fazia prever esta performance.

Desilusão para o Fluminense / Fonte: oquartozagueiro.blogspot.pt
Desilusão para o Fluminense / Fonte: oquartozagueiro.blogspot.pt

Agora é tarde para lamentações. Não adianta chorar sobre leite derramado. É preciso reflexão no seio das gentes do tricolor carioca. A única coisa que salvou, para já, o Fluminense de tal descalabro é a perda de pontos por parte da Portuguesa e/ou do Flamengo por utilização indevida de jogadores castigados. O Supremo Tribunal de Justiça Desportiva condenou a Lusa com perda de quatro pontos. O mesmo pode suceder ao Flamengo mais para a frente, mas não terá qualquer repercussão no que toca à descida de divisão dos rubro-negros cariocas. Porém, os paulistas ainda podem protestar em segunda instância na mesma entidade. Caso isso aconteça, estaremos aqui para debater essas e outras questões.

No desespero é sempre bom agarrar-se ao pouco que se tem. Poderá ser uma ajuda. Mas o que quer que aconteça, nada poderá apagar o fracasso de um clube tetracampeão do Brasil.

Quaresma e Anderson, a fazer lembrar Lucho e… Janko?

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atodososdesportistas

Ora viva, meus caros (des)Portistas. Esta semana escrevo sobre um assunto que certamente interessa a todos: os ecos de mercado. E, com eles, existem dois nomes que se dizem praticamente certos já para Janeiro: Ricardo Quaresma, que já rescindiu com o Al Ahli, e Anderson, jogador que disse publicamente aceitar baixar o elevado salário para regressar à casa que o lançou no mundo do futebol. Seria o retorno de dois meninos que sempre tiveram o carinho dos adeptos. Seria uma forma de “apaziguar” o ambiente entre massa associativa e equipa técnica. E isso faz-me lembrar a primeira época de Vítor Pereira, em cuja reabertura do mercado o Porto assegurou o regresso de Lucho González e a chegada de um tão aclamado “pinheiro” de área, que era um Janko meio… Manco!

A confirmar-se a entrada destas duas caras, o que Porto podemos esperar? Um Porto mais esclarecido. Um Porto que mesmo teimando em não mudar o duplo pivô defensivo (o que me parece inevitável) terá uma consistência muito maior. Vejamos.

Anderson é um jogador que se “estragou” no Manchester United. Tinha tudo para ser o melhor 10 da Europa e o Sr. Ferguson quis adaptá-lo a médio de transição. Neste Porto, é isso mesmo que faz falta! O fabuloso 10 é agora um muito bom médio de transição, posição que no 2+1 do meio campo portista se sente cada vez mais não existir. Josué só consegue jogar em posições mais adiantadas e a sair das alas para “rasgar” no meio; quanto a Herrera, ainda não se percebeu bem onde se sente mais confortável; Defour decide bem mas é muito lento; e Lucho tem o seu lugar cativo no vértice ofensivo, pois a idade já não permite as correrias de outrora. Anderson encaixa que nem uma luva no esquema. Fernando destrói, Anderson leva a bola (como fazia Moutinho) e Lucho ou os alas decidem.

Anderson / Fonte: photos1.blogger.com
Anderson / Fonte: photos1.blogger.com

No que diz respeito a Quaresma, e mesmo sendo uma incógnita a sua condição física e mental (está há alguns anos arredado dos grandes palcos europeus), será sempre o nosso mágico, aquele que num minuto decide um jogo com uma trivela, uma finta impossível um golo, quando ninguém pensa ser já possível. É o extremo que nós não temos! No passado tivemos Drulovic, Sektioui, Hulk, James e demais jogadores com características explosivas. Este ano falta-nos essa peça no xadrez. Varela é competente, não falha nos momentos chave, mas não é aquele extremo em quem possamos confiar o último lance do jogo ou de quem possamos esperar que “carregue” a equipa às costas. Será Quaresma.

Há, depois, a questão de saber como jogará o Porto caso se confirmem estas duas aquisições. Numa curta resposta acaba-se com a conversa: jogará como o treinador sempre idealizou mas como nunca conseguiu por falta de “mão-de-obra”!

Sendo assim, hipoteticamente falando, teremos um “onze base” perto deste: Helton; Danilo, Mangala, Otamendi/Maicon e Alex Sandro; Fernando, Anderson e Lucho; Quaresma, Varela/Josué e Jackson, contando que Paulo Fonseca não abdicará do seu esquema 1-4-(2+1)-3. Ganha forma, ganha conteúdo, ganha opções! Podemos mudar a forma de jogar simplesmente com a troca entre Varela ou Lucho por Josué, por exemplo. Foi graças à entrada de Lucho há dois anos atrás (sim, também por imenso demérito do Benfica de Jesus) que conseguimos ascender à liderança. Espero não chegar a Janeiro em 2º ou 3º, muito menos espero vir a ter 6 pontos de desvantagem em relação a Benfica ou Sporting, mas a verdade é que precisamos mesmo de um extremo e um médio de transição realmente bons! Chega de “mini-Messis” e “mini-Moutinhos”. Queremos, dentro do financeiramente possível, um Messi e um Moutinho! E esses dois seriam Quaresma e Anderson.

Contudo, sei que não podemos esperar que estes dois façam milagres e achar que por virem já somos campeões. Não, longe disso! Apenas seria uma enorme alegria ter dois filhos pródigos de regresso a casa e certamente veríamos mais qualidade no nosso futebol!

Queremos voltar a ver o nosso ADN em campo, aquele que passou de treinador em treinador: o futebol rápido, curto, de pé para pé, em que, de repente, um mágico vai à linha e mete no avançado ou “rasga” para dentro e dá… GOLO!

Isto é poesia, e nós estamos habituados aos melhores poetas!

Será que o virar do ano será também o virar de um ciclo de exibições menos conseguidas? Esperemos que sim!

Até à próxima, saudações (des)Portistas.

[box type=”info”] Este texto não foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico[/box]

Balanço final

futebol nacional cabeçalho

A Liga Europa terminou e com ela a participação das equipas portuguesas presentes na fase de grupos. Este ano, Portugal fez representar-se nesta fase por dois estreantes, Estoril e Paços de Ferreira, e por um regressado, Vitória SC. Nenhum conseguiu passar a fase de grupos e podemos dizer que a última jornada resume um pouco o que foi a campanha de cada um.

Rui Miguel foi o autor do único golo pacense na Liga Europa http://pt.uefa.com
Rui Miguel foi o autor do único golo pacense na Liga Europa
Fonte: UEFA.com

Paços de Ferreira – O Paços de Ferreira calhou num grupo difícil. Fiorentina e Dnipro eram os favoritos à passagem do grupo, sendo muito mais fortes do que Paços e Pandurii. Aos castores restava deixarem uma boa imagem na Liga Europa. O último jogo, um empate a 0-0 no terreno do Pandurii, resume a campanha europeia do Paços de Ferreira: um Paços de Ferreira fraco, sem ideias, que foi dominado pelo adversário, o Pandurii, que está à altura da maioria das equipas portuguesas, à imagem dos outros jogos. Apesar de ter acabado em 3º lugar, os números mostram como foi a participação pacense. Com apenas 3 pontos e um golo marcado, o Paços tem como ponto positivo o facto de não ter acabado em último lugar. Para esta fraca campanha muito contribuiu o complicado início de época. Um calendário onde jogou com Zenit, SC Braga, Benfica, Porto, e que abalou e muito a confiança da equipa. A juntar a isto, um treinador sem experiência, desde cedo sem o apoio dos adeptos e um plantel quase novo. Se a missão já era difícil, ainda mais ficou. Ao Paços pedia-se mais a nível exibicional, principalmente nos jogos com o Pandurii.

Estoril – Outro estreante, o Estoril tinha um grupo um pouco mais acessível, com Sevilha, Freiburg e Slovan Liberec. A boa forma que o Estoril mostrava dentro de campo fazia prever que seria possível lutar pela próxima fase. No final, os canarinhos acabaram com 3 pontos e em último lugar, mas saíram de cabeça erguida. O que falhou? A pouca experiência a este nível e algum azar. O Estoril teve jogos onde fez boas exibições mas pecou na finalização, sendo o jogo em casa com o Freiburg (jogo decisivo para a qualificação) o maior exemplo disso, tantas foram as oportunidades falhadas. Ficou a faltar uma vitória, mas fica a certeza de que os canarinhos têm condições para voltar e fazer melhor.

O conjunto treinado por Rui Vitória esteve próximo de passar a fase de grupos http://cdn.controlinveste.pt
O conjunto treinado por Rui Vitória esteve próximo de passar a fase de grupos
Fonte: controlinveste.pt

Vitória SC – O Vitória foi a equipa que mais prometeu nesta Liga Europa. Depois de um bom arranque (uma goleada ao Rijeka e um empate em Lyon), o Vitória parecia bem encaminhado para o apuramento. Mas o duplo confronto com o Bétis comprometeu a qualificação. Em Sevilha, os minhotos realizaram uma boa exibição mas perderam, num jogo onde Rui Vitória pode queixar-se de um penalty não assinalado, quando estava 0-0. Em Guimarães, um golo dos espanhóis no último minuto deitou por terra as aspirações dos vimaranenses, que, no jogo a seguir, no terreno do Rijeka, empataram e confirmaram o adeus à Liga Europa. No último jogo, o Vitória esteve a ganhar ao Lyon, mas perdeu por 2-1. Um jogo que mostra como foi a aventura europeia: os vimaranenses tiveram na mão tudo para serem bem-sucedidos mas, por imaturidade e ainda pouca experiência a este nível, falharam.

Nenhuma das três equipas conseguiu passar, mas conseguiram ganhar experiência e obter alguns bons resultados. Que seja um “até já” à Liga Europa, pois ficou provado que, com mais experiência europeia, estas equipas poderiam fazer mais.

A vez das flechas

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De acordo com o nosso exercício mental de percorrer as posições dos atletas em campo, só nos faltava uma colocação: o ala. Rápidos como setas disparadas por arcos, estes são – regra geral – os jogadores mais céleres na quadra.

Voluntariosos e altruístas, os extremos (outro nome possível para a posição) jogam mais nas pontas. Podem ajudar o base noutro tipo de tarefas, quer defensivas quer ofensivas, mas também podem ter um papel mais proativo no ataque, desempenhando a vez de marcadores de cestos importantes: duplos e triplos. Autênticos ratinhos atómicos, pede-se sabedoria na hora da decisão e a não precipitação em lances de velocidade corrida, pois o espaço é pequeno e ao mínimo erro a bola pode passar para mãos alheias, sempre indesejáveis na procura da vitória.

Ala, um velocípede desportos.colorir.com
Ala, um velocípede
desportos.colorir.com

Como num concurso de tiro com arco na Idade Medieval; os alas são assim mesmo. Com uma velocidade Furiosa (onde é que já ouvi este nome antes?), são lestos na direção dos pontos. Também tal e qual como na Idade Média, a que muitos historiadores insistem em chamar Idade das Trevas, são guerreiros incansáveis, de armadura, escudo e sica.

Dizem que o período compreendido entre a queda do Império Romano do Ocidente, no século V, e o início da Idade Moderna (século XV) foi uma noite de dez séculos. Não creio. Aliás, nem partilho da ideia. Se houve a (dura) Inquisição, os três males – “da fome, da peste e da guerra, Livrai-nos, Senhor!” – e tantas outras coisas, também houve uma luz nesta noite escura. Inspirou Tolkien com a sua Terra Média. Havia as Romarias e Confrarias, Cantigas de Amigo e Trovadores, mas… muito mais importante foi a musa para este artigo que tive o prazer de escrever para vós. Vivam os alas!

“Nunca diria que não à Selecção”

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Fernando Santos esteve, ontem, na Escola Superior de Comunicação Social para uma entrevista ao programa “Bola na Rede”, onde abordou vários temas em destaque relacionados com a sua carreira.

O actual selecionador grego reforçou as responsabilidades de treinar uma equipa no Mundial, dizendo mesmo que “a selecção grega leva atrás de si um país, uma bandeira e tem de ter noção dessa responsabilidade”. O objectivo será passar à fase seguinte num grupo que considera “aberto”, onde todos têm chances. A sua aposta para vencedor do Mundial é o Brasil, devido, não só à qualidade dos jogadores, mas também ao factor casa. Ainda assim, a final de sonho seria entre Portugal e a Grécia. Quanto à selecção portuguesa, Fernando Santos, quando questionado sobre a possibilidade de treinar Portugal, afirmou que “nunca diria que não à selecção”, mas que não espera pelo convite e deseja o maior dos sucessos para Paulo Bento e Portugal, selecção, que, para o técnico, está numa segunda linha de favoritos à conquista do Mundial.

Fernando Santos à conversa com o Bola na Rede
Fernando Santos à conversa com o Bola na Rede

A passagem pelos três grandes também foi recordada. Do FC Porto, guarda a memória de um clube organizado, com a melhor estrutura e relembra o fatídico jogo com o Bayern de Munique em 1999 para a Liga dos Campeões. Do Sporting, recorda o “fantástico” grupo de trabalho e o polémico jogo com o Boavista, sobre o qual afirma que “se tivesse ganho, provavelmente teria sido campeão e talvez não estivesse agora na Grécia, mas sim ainda no Sporting”. No Benfica, a grande questão foi o motivo da sua saída à primeira jornada do campeonato em 2007/2008, depois de, na época anterior, ter lutado até ao fim pelo título. Fernando Santos sente que saiu do Benfica quando afirmou “que a saída do Simão era um pesadelo”, tendo-se na altura sentindo bastante magoado com Luís Filipe Vieira.

A conversa focou-se também na sua experiência no campeonato grego, sendo que AEK e PAOK deixaram uma marca especial no seu coração. O adversário do Benfica na Liga Europa (PAOK) é, para Fernando Santos, “a única equipa que consegue fazer frente ao Olympiakos na Grécia” e tem “o pior estádio para se jogar” devido à sua grande massa adepta. O eleito treinador da década na Grécia não se considera idolatrado pelos gregos, mas sim muito respeitado por todos.

Para concluir, Fernando Santos diz que tem saudades de treinar um clube, dos treinos diários, e que tem o desejo de voltar a ser campeão. Em Portugal? “ Porque não?” respondeu.

A entrevista estará disponível hoje, na íntegra, no nosso site
A entrevista estará disponível hoje, na íntegra, no nosso site

A entrevista conduzida por Mário Cagica Oliveira e comentada por Daniel Cachola (SLB), Francisco Manuel Reis (FCP) e Rui Miguel Pereira (SCP) estará disponível ainda hoje no site do Bola na Rede.