Enquanto escrevo estas linhas para vós, a Associação Desportiva Ovarense acaba de conquistar a sexta edição do Troféu António Pratas, vencendo o Sampaense pelo placard finalde 65 – 62. O conjunto de S. Paio de Gramaços já havia derrotado o Benfica na véspera. É um torneio recente (daí ter chegado apenas à meia dúzia de edições), mas nem por isso deixa de ser um marco importante – e por várias razões. Primeiro, porque é oficial. E mal de alguma equipe que entra em competição, seja de que cariz for, se não apenas com o intuito de a vencer. Em segundo lugar, quebrou a hegemonia do Benfica (é tetra nesta taça), atual campeão em título e aparente gigante solitário para lutar pelo mesmo. Depois porque foi a sua primeira conquista; e a primeira vez nunca se esquece. E ainda porque, este ano, a Federação Portuguesa de Basquetebol entregou a responsabilidade da organização da contenda ao dito Sport Lisboa e Benfica, ou seja, venceu na casa do adversário, o que, apesar de passar a campo neutro, é sempre simbólico.
Estes são, julgo, os ingredientes principais para fazermos tal aferição. É claro que, como se costuma dizer na gíria popular, “isto não é como começa, mas como acaba”. Porém, o que este torneio António Pratas veio demonstrar foi a capacidade de a Ovarense se superiorizar e fazer face às suas limitações. Sem grandes nomes e sem um tipo de jogo sonante, os aveirenses foram eficientes e levaram de vencida os preconceitos.
Ovarenses festejam depois da conquista exuberante Fonte: Record
Já ouviram falar no mito do acordar de um gigante? E como isso pode ser perigoso; se pode! O clube já conta com cinco Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal, outras tantas Taças da Liga e oito Supertaças. Possui também vários títulos nas camadas jovens da sua formação. É um palmarés que impõe respeito.
É cedo para fazer conjeturas; parece só haver um único favorito para ganhar a prova maior, mas quando o grande matulão acorda é perigoso. Um grandalhão que já está longe das decisões há muito tempo. E este artigo termina como começou: com uma pergunta. Será que apenas um se sente capaz de caçar o grande tesouro? Até quando?
• Um olhar sobre os ‘’não-grandes’’ que ficaram na metade superior da tabela classificativa na época transata.
A Liga Zon Sagres não se resume apenas aos três ‘’grandes’’. Porto, Sporting e Benfica são, sem dúvida (até ao momento), as equipas mais fortes do campeonato; certo é que todos os anos existem surpresas, pela negativa e pela positiva. Este meu primeiro texto vai dividir-se em duas partes; esta primeira que vos apresento agora focará os clubes que ficaram na metade superior da tabela na época 2012/2013, à exceção dos três ‘’grandes’’ já referidos. A segunda parte sairá na próxima semana e referenciará os clubes que ficaram na metade inferior da tabela e os que foram promovidos da ex Segunda Liga e agora Liga Cabovisão.
Paços de Ferreira: A melhor época de sempre dos castores parece ter deixado marcas na transição para a época 2013/2014. Com a importante saída do ‘’obreiro’’ Paulo Fonseca, aliada às saídas de pedras basilares da equipa como são os casos de Cássio, Vítor Silva, Josué, Luiz Carlos e Cícero, a equipa do Paços ainda não se conseguiu encontrar esta época.
Costinha, que já foi convidado a sair, parece não ter sido a melhor escolha para a cadeira pacense. Herança pesada? Talvez. Certo é que o Paços é último do campeonato, com apenas 4 pontos, e ainda não venceu nas competições europeias, que também parecem ter sido um tiro no pé para a equipa nortenha. O objetivo da equipa para esta época pode e deve passar pela manutenção, tentando angariar alguns euros na Liga Europa para estabilizar o clube financeiramente e poder, daqui a uns anos, quem sabe, fazer outro brilharete.
Costinha, treinador do Paços de Ferreira. Fonte: www.tvi.iol.pt
Sporting de Braga: De há uns anos para cá é considerado um ‘’grande’’, mas certo é que nunca o conseguiu provar objectivamente; apesar de conseguir ficar à frente dos ditos três grandes em algumas ocasiões, o Braga apenas conquistou uma Taça da Liga, e esta época mostra que o seu poderio tem vindo a decrescer.
A acrescentar a isto, a não presença na Liga dos Campeões implica um corte no orçamento, que se traduz em menos capacidade de pagar elevados salários e consequentemente perder jogadores importantes e não conseguir contratar outros que poderiam vir a ser importantes.
Ao perder com o Sporting e com o Nacional, o Braga perdeu posições na tabela classificativa e aparenta ter perdido também o apelido de ‘’grande’’ do futebol português.
Jesualdo Ferreira tem uma vida difícil e é muito pressionado por um presidente e adeptos exigentes. É outro caso de um treinador que pode ter uma herança pesada; ironia ou não, certo é que também a ajudou a construir.
Estoril Praia: Depois da impressionante subida à 1ª divisão e da excelente época conseguida que lhe valeu um lugar na Liga Europa, o Estoril apresenta-se para esta nova época com objetivos bem traçados eum lugar confortável na tabela, nunca desprezando a possibilidade de ascender a lugares que deem acesso a competições europeias.
Com Marco Silva no leme, o Estoril segue em 6º lugar, com 11 pontos, a oito do líder Porto, mas já jogou com quatro dos cinco primeiros classificados, Porto (empate), Braga (derrota), Benfica (derrota) e Nacional (vitória).
Marco Silva, treinador do Estoril Praia. Fonte: www.record.xl.pt
Rio Ave: Uma das principais surpresas da época passada, ficou a apenas três pontos de conquistar um lugar no play-off da Liga Europa e parte para a época 2013/2014 com o mesmo objetivo de sempre: a manutenção. Com orçamento reduzido, como a maioria dos clubes da 1ª divisão, o Rio Ave apresentou bons reforços. Salin, Roderick e Júlio Alves foram os nomes mais sonantes que chegaram a Vila do Conde.
Até ao momento, o Rio Ave apresenta bons resultados, com dez pontos em sete jogos. Nuno Espirito Santo é um treinador certamente satisfeito com o desempenho dos seus atletas.
Nacional da Madeira: A equipa madeirense é uma crónica candidata à presença nas competições europeias, nomeadamente a Liga Europa. O ano passado falhou redondamente esse objetivo.
Manuel Machado é o treinador da equipa madeirense e com 57 anos mostra que a ‘’velha guarda’’ dos treinadores portugueses sabe o que faz, a prova está à vista. Com sete jogos disputados no campeonato, o Nacional é 4º classificado, com 13 pontos, e a apenas seis do líder.
O objetivo da equipa mantém-se intacto de há algumas épocas para cá: conquistar um lugar na Liga Europa – e, com este bom começo, existe uma boa probabilidade de isso acontecer.
Manuel Machado, treinador do Nacional da Madeira. Fonte: irredutivelmaritimo1910.blogspot.com
Para a semana serão tratados os seguintes e restantes clubes: Vitória de Guimarães, Marítimo, Académica, Vitória de Setúbal, Gil Vicente, Olhanense, Belenenses e Arouca.
Terminei o meu texto da semana passada dizendo que o Sporting trava actualmente uma batalha interna de corte com o passado e de reestruturação do clube. E foi justamente este tema que resolvi aprofundar esta semana. Estes quase dois meses de campeonato mostraram-nos claramente que o Sporting está melhor do que no ano passado – pior também era difícil – e deram esperança aos adeptos leoninos de que o passado já tenha sido definitivamente atirado para trás das costas. Mas até onde poderá chegar este Sporting? Esta é a chamada pergunta para um milhão de euros que tem dominado as discussões não só de sportinguistas, mas também dos rivais e dos apreciadores de futebol em geral.
Começo por dizer que a direcção escolheu o caminho que me parece mais lógico e realista, que é afastar responsabilidades de luta pelo título e adoptar o discurso de que o Sporting é “candidato à conquista dos próximos 3 pontos”. Nem podia, aliás, ser de outra forma. É verdade que o Sporting, enquanto grande clube, é, ou deveria ser sempre, candidato ao título, mas não é menos verdade que o clube acabou de sair de um período negro de quase duas décadas e que as feridas daí resultantes precisam de mais do que um par de meses para sarar. Não convém, portanto, que queiramos dar um passo maior do que a perna e que percamos de vista que ainda estamos a uma distância considerável do Porto e do Benfica, quer em termos financeiros quer ao nível da qualidade do plantel. Foi, aliás, o nosso excesso de confiança fruto de um bom arranque de campeonato há dois anos que, em boa parte, contribuiu para um entusiasmo excessivo e consequente desastre. O Sporting não estava, em 2011/2012, pronto para competir com Porto e Benfica, como a meu ver também não está agora – e digo isto numa altura em que até estamos à frente de um deles e podemos ultrapassar o outro na próxima jornada.
Na nossa condição de clube renascido das cinzas, e com o plantel que temos, o objectivo tem de passar por alcançar o terceiro lugar e respectiva qualificação para a Champions. Em condições normais, será isso que vai acontecer em Maio. Mas, da mesma forma que não acho que se possa exigir o campeonato ao Sporting, também não escondo que tudo o que for aquém do pódio será para mim uma enorme frustração. A partir do momento em que uma equipa como o Paços de Ferreira consegue alcançar o terceiro lugar (e digo isto com todo o respeito que o conjunto da Capital do Móvel merece, apesar daquele célebre golo com a mão que nos custou um campeonato…), então será quase inadmissível que o Sporting não o consiga. Porto e Benfica têm mais condições materiais, experiência e estabilidade, o que lhes permite estar alguns passos à frente do Sporting, mas o mesmo se pode dizer do nosso clube relativamente a todas as outras equipas. É por isso que o terceiro lugar é, para mim, simultaneamente o mínimo e o máximo exigível esta época.
Bruno de Carvalho é a face do novo leão / Fonte: SuperSporting
E por que não sonhar com metas mais ambiciosas? É verdade que a diferença do futebol praticado pela equipa relativamente aos anos anteriores é gritante: a defesa está mais estável e dinâmica (destaco aqui as exibições de Jéfferson, um autêntico dínamo no apoio ao ataque), a afirmação de William Carvalho equilibra a equipa, os extremos chegam mais vezes a zonas de finalização, há uma gestão satisfatória da posse de bola em progressão, a equipa surge mais pressionante e com uma nova atitude e, claro, há ainda Fredy Montero. Mas, por outro lado, é preciso não esquecer que a mesma equipa que nos fez voltar a sentir orgulho no nosso clube tem as suas limitações, e a meu ver precisaria de um ou dois jogadores de nível internacional para poder ombrear com Benfica e Porto – sendo que, para isso, é preciso dinheiro… O Sporting tem um bom conjunto de jovens promissores, que estão agora a despontar para o futebol e que finalmente puderam conquistar o seu espaço. Mas duvido que seja o suficiente para manter a forma inicial ao longo de uma época que ainda vai no início e que trará algumas deslocações complicadas. Com efeito, e apesar das vitórias, nestes últimos jogos já se notou uma certa quebra, visível sobretudo na incapacidade do meio-campo se impor e abrir espaços contra equipas mais defensivas e com aquele sector bem povoado.
Antes de terminar, peço apenas que não se confunda este meu texto com uma vontade encapotada de ver o Sporting falhar, porque nada me faria mais feliz do que ver o meu clube novamente no topo. Mas, uma vez mais, é importante que mantenhamos os pés assentes na terra. Esquecer a realidade e assumir a candidatura ao título é algo sem dúvida tentador, sobretudo quando quase todos os dias alguns sectores da imprensa impelem os responsáveis do Sporting a declararem-se candidatos (a mesma imprensa que depois nos atacaria caso falhássemos o título). O clube pouco ou nada tem a ganhar em seguir por esse caminho. A esta “nova moda” de querer colocar a todo o custo o Sporting a lutar pelo campeonato, porém, contraponho uma outra, advogada pelo treinador Leonardo Jardim: o objectivo para este ano é, com humildade e realismo, “fazer o Sporting crescer”.
Saudações leoninas
P.S.: Pouco me interessa a selecção. Mas o erro de Rui Patrício no último jogo fez com que muitos esfregassem as mãos com a oportunidade de poderem “desancar” simultaneamente nele e no clube que o formou. Lembro apenas que, se Portugal não tivesse empatado jogos que não devia, não estaríamos agora de calculadora na mão. Se Paulo Bento (por quem sempre tive alguma estima mas cuja seriedade começo a pôr em causa) não desse cega primazia aos atletas de um certo traficante, aliás, empresário de futebol, talvez não estivéssemos nesta situação. Se o Nélson Oliveira tivesse dado a bola ao Ronaldo em vez de se pôr a inventar, provavelmente Portugal tinha ganho o jogo. E se o Sporting não fosse o abono de família desta selecção há várias décadas, provavelmente aqueles que apontam o dedo a Patrício e criticam Ronaldo nunca teriam tido a oportunidade de ver o seu país disputar um Europeu ou Mundial, e teriam uma selecção ao nível de uma Albânia ou Macedónia.
Ainda antes do início do jogo, comecei a pensar no que poderia escrever neste artigo. Sem Cristiano Ronaldo e Pepe, Varela e Neto assumiram os lugares, Josué estreou-se a titular no lugar de Ruben Micael e Fábio Coentrão regressou ao lugar que lhe pertence. Não seria difícil acertar naquilo que foi o desenrolar dos primeiros 30 minutos de jogo, até à expulsão de Joachim, jogador luxemburguês. Oportunidades de golo desperdiçadas com a trave à mistura, passes falhados e sem nexo e um futebol desgarrado, como vem sendo habitual nos últimos jogos da Selecção. A expulsão fragilizou ainda mais o Luxemburgo, a quem a bola parece sempre ser um objecto estranho que por ali anda. Varela disfarçou mais uma exibição fraca (como, Paulo Bento, como?) e inaugurou o marcador após um bom passe de João Moutinho. Poucos minutos depois, em nova combinação com João Moutinho, Nani fez o segundo e deu alguma cor a um jogo sem ideias. Boa resposta do jogador do Mónaco após o mau jogo frente a Israel: sim, o João Moutinho fez um mau jogo.
A segunda parte nada trouxe de novo. Mais 45 minutos de um longo bocejo aqui e ali interrompidos pelo atrevido Luxemburgo, que com dez elementos conseguia chegar à baliza de Rui Patrício a seu bel-prazer. Hélder Postiga acabou por fixar o resultado final após um ressalto na grande área, aos 80 minutos. Resultado final porque Hugo Almeida decidiu rechear ainda mais a sua conta de golos-inexplicavelmente-falhados-à-frente-da-baliza-deserta.
Nani fez o melhor golo do jogo após passe genial de Moutinho / Fonte: Renascença
Os níveis de concentração e de atitude de Portugal deixaram, uma vez mais, muito a desejar. Parece que nos consideramos bons demais para enfrentar selecções amadoras. Para quem nunca ganhou qualquer título em toda a história, revela-se, jogo após jogo, uma atitude arrogante e sem razão de ser.
Esta Selecção portuguesa parece aqueles autocarros apinhados de gente: há sempre lugar para mais um e devagar, devagarinho lá chegam ao seu destino. Há sempre espaço para Paulo Bento nos surpreender nas convocatórias, com a chamada de jogadores completamente desfasados da realidade da Selecção ou sem qualidade para sequer a integrar. Só para José Fonte, Manuel Fernandes ou Vaz Tê é que o autocarro está mesmo cheio. Mas continua tudo Sereno, ninguém levanta ondas e a coisa vai Rolando. Até há espaço para dois guarda-redes no banco deixarem Cédric e Nélson Oliveira na bancada.
Estamos no play-off e nada de novo aqui, visto que se trata de um cenário recorrente desde Scolari. Vamos lá agora quebrar tradições tão portuguesas, deixar tudo para a última é o nosso nome do meio! Portugal colheu aquilo que semeou em toda a fase de apuramento, quando não teve vontade de correr um pouco mais e mostrar que merecia (já) estar no Brasil. Quem empata com a Irlanda do Norte em casa (em rugby seria um feito) e repete a proeza duas vezes(!) com Israel, tem de se dar por contente com esta segunda “vida”.
Esta é uma história com pontos de convergência e de afastamento. Uma espécie de sensação sombria, uma comichão na nuca em reflexo de desapontamento. Há coisas que não se explicam, desaparecimentos de futuros, aparentemente glórias do presente em que actuaram, craques da bola – pensemos em nomes como Quaresma, Sahin, Drenthe, Freddy Adu, Keirrison, Giovani dos Santos, Downing, já para não falar daqueles clássicos do futebol português – são fenómenos recorrentes. E desde já quero afirmar que não é por esse caminho pelo qual me vou debruçar. Mas antes pela estranheza de dois casos bem actuais no Benfica. Um custou quase 10 milhões, outro custou cerca de 6. Falo de Ola John e de Rodrigo.
Primeiro que tudo: parece-me evidente que qualquer pessoa admite que são dois exemplos de muita qualidade, quer técnico-táctica, quer de potencial futuro. Não falamos de coxos, claramente não. O holandês impressionou qualquer um naquela eliminatória de apuramento para a Champions, com a sua explosão na finta e cruzamentos teleguiados. Mesmo para quem já tivesse visto jogos anteriores do Twente, ou dos sub-21 da Holanda, percebia-se a olho nu que se tratava de um miúdo com fome de bola e que, decerto, daria o salto para outro campeonato. Um agitador portanto. E foi assim que chegou à Luz. Com vontade de ouvir os adeptos gritarem por si, com rasgos de génio e, quase sempre, exibições constantes. Com o acumular de jogos, percebeu-se que Ola é um jogador que nem sempre entra bem, que precisa de tempo em campo para que a sua movimentação saia mais fluída, mas nem assim deixou de jogar relativamente bem, já não era o puto convicto e aguerrido, mas acrescentava qualidade, a bola na cabeça do ponta-de-lança, ora a linha ora o meio como habitats naturais. Veja-se hoje o jogador que existe. Não corre absolutamente nada, chega à linha e devolve a bola para o lateral, não tem atitude, chega a ter menos que o soneca Geovanni. É um claro exemplo, não só de insolência, pense-se no que ganha e nas oportunidades que tem tido em relação a outros jogadores do plantel A e B, até dos juniores, e, isto é que é mais estranho, medo. Não tem a coragem que nos habituou de agarrar a bola e partir para cima da defesa, não tem a velocidade com a bola no pé, não tem quase nenhum factor, actualmente, que o façam jogar constantemente pelo Benfica.
Já (te) vimos melhor, Rodrigo? Fonte: spiny-norman.blogspot.com
Rodrigo é detentor de um pé-esquerdo fantástico, de uma finta curta invejável e de um enorme toque de bola. Joga em qualquer posição do ataque, talvez menos a 10, e por norma, executava-o com muita qualidade, ou pelo menos esforço. E nisso não sou injusto, Rodrigo, apesar de nunca mais ter sido o jogador que era desde aquela lesão do atrasado mental Bruno Alves, não deixa de ter atitude, de querer mostrar ao Jesus que lhe deve dar mais uma oportunidade. E diga-se, se corre e se mata em jogos, deve fazê-lo também nos treinos. Mas quem se recorda do brilhantismo com que, depois daquela época de empréstimo no Bolton, se afirmou na Luz com golos e assistências, toques deliciosos e alegria no jogo. Hoje, o avançado espanhol não passa de mais um exemplo de jogador esforçado, aparentemente pouco dotado, e que oferece muito pouco ao jogo do glorioso. E aquele empate em Old Trafford a 2 bolas? Não me vou esquecer de como se matou a incomodar gigantes como Ferdinand, Vidic e Evra. A questão é que, no caso dele, a atitude não pode chegar nem justificar consecutivas oportunidades para tão pouco aproveitamento. Nélson Oliveira teve muito poucas e parece que vai continuar a ter, Rodrigo Mora idem, Nolito foi de vela e é senhor do Celta. E isso parece-me injusto.
São, pois claro, dois casos diferentes. Mas com uma conclusão mais ou menos idêntica: não duvido que se devem tornar dois jogadores de muita classe – se assim o quiserem e não tiverem muitas lesões – mas, tal como o seu treinador, são casos de insucesso actual no nosso Benfica. Quando não dá, não dá. Há mais quem queira, há mais quem faça. E o Benfica bem precisa.
Em Hamlet, escrito por William Shakespeare, é o próprio Hamlet que segurando uma caveira pronuncia a célebre frase “To be or not to be, that is the question”, Em português, Ser ou não ser, eis a questão. No Porto, Jackson Martinez faz o papel de Hamlet e a caveira transformou-se num contrato com o F.C.Porto.
Tanto Jackson Martinez como o seu empresário, Luís Manso afirmam que o desejo é renovar com os azuis e brancos. Manso disse ainda que Jackson está focado no Porto e que não há intenção do avançado colombiano mudar o emblema que representa. Os factos são claros. O contrato de Cha Cha Cha Martinez liga o jogador ao Porto até 2016 com uma cláusula de rescisão fixada em 40 Milhões de Euros. Tanto o avançado e o agente como os dirigentes do Porto confirmam que é um objectivo comum manter Jackson no Porto. Jackson Martinez é, actualmente, dos activos mais, senão o mais, valiosos do plantel portista. Em caso de renovação, o contrato de Jackson, de que o Porto detém todos os direitos, vai passar a ter uma cláusula de rescisão de 60 Milhões de Euros. Mais 20 Milhões do que actualmente estão estipulados.
No mundo do futebol nada se pode dar por certo até estar certo. Caso mais recente foi a contratação de William, que rumou a Stanford Bridge em vez de White Hart Lane. Isto é, embora haja o compromisso, falado, de que há interesse de ambas as partes numa renovação, são muitos os rumores que apontam Jackson a outro grande emblema europeu. O mais recente é o colosso Real Madrid. Por terras espanholas Jackson faz capas de jornais e é apontado como o “novo número 9” da equipa de Madrid. Desde a saída de Gonzalo Higuain para o Nápoles que o Real Madrid se encontra no mercado à procura de um novo ponta-de-lança para fazer concorrência a Benzema. Falou-se em Falcao (AS Mónaco) que se dizia “insatisfeito” com o projecto do Mónaco, Luis Suárez (Liverpool), jogador mal-amado e contestado em Inglaterra, Robert Lewandowski (Borussia Dortmund), jogador que tem, consistentemente, aumentado de valor devido à sua qualidade e boas exibições. A estes colossos da grande área junta-se… Jackson Martinez.
Jackson Martínez / Fonte: http://cdn.controlinveste.pt/
O Porto de Paulo Fonseca é mais forte com com Jackson. O avançado colombiano é uma peça fundamental da forma de jogar do Porto. Com a sua grande mobilidade, que lhe permite surgir em qualquer parte da área para fazer o golo, e a grande capacidade de finalização (tanto de cabeça como com os pés), Jackson é um jogador que faz a diferença e que não pode ser deixado de parte. Mas Jackson Martinez nasceu para estar só. O colombiano é um jogador que joga sozinho na área, sem companheiro. As tentativas de Paulo Fonseca em colocar um homem ao lado de Jackson foram ,sempre, mal executadas.
No entanto, negócios com valores, tanto de 40 como 60 milhões, é algo que o clube azul e branco não pode deixar passar. Pinto da Costa é conhecido por fazer grandes negócios com grandes retornos financeiros para o Porto. Pois, como portista que sou, que o nosso presidente se despache a renovar. O comboio Cha Cha Cha está na estação do Porto mas aproxima-se a partida para uma outra estação. Há apenas uma hipótese: Jackson renova, fica até ao final do ano e, só então, sai pela cláusula de rescisão estipulada no contrato. É audaz, sim. Mas o Porto também sabe fazer negócios audazes.
Se vamos falar da Bundesliga, podemos até nem começar pelo Bayern de Munique de Pep Guardiola. Os 3,31 golos marcados por jogo permitem considerar o campeonato alemão o melhor do Mundo. A Taxa de Ocupação assusta o adepto português e os índices de competitividade não se reflectem apenas nos 17 cartões vermelhos já exibidos. Calma! Não precisam de ir para o Münster Arkaden agredir árbitros.
Para além dos estádios a rebentar pelas costuras, dos resultados imprevisíveis e dos autênticos 90 minutos de jogo jogado, existe uma orgânica em torno de um espectáculo que mantém o equílibrio já há vários anos.
O factor económico é, indubitavelmente, o motor da Bundesliga: as grandes assistências são motivadas por preços razoavelmente acessíveis, ao cidadão alemão. Ainda assim, a influência demográfica terá naturalmente algum peso nas bancadas, não apenas por haver alemães à brava: na Alemanha existem várias cidades com mais habitantes do que Lisboa e – todas elas equipadas com as melhores infra-estruturas – são terreno fértil para germinar o espírito bairrista. Sim, um bairrismo sofisticado! Não se pode ignorar a história germânica nem o impacto que teve (e que continuará a ter) no desenvolvimento natural das cidades, dos grupos sociais e de outros conceitos de Max Weber, dos quais agora não me recordo. As razões históricas sustentam a paixão pelo nosso bairro, pela cidade em que se vive e esse sentimento é fortalecido pelas longas distâncias entre cidades, uma vez que um cidadão de Dortmund está a 600 km de Munique; distância perpetuada na injecção de pertença que se dá aos recéns-nascidos de Stuttgart e o mesmo acontece em Nürnberg. Por isso, o teu nome é Schweinsteiger, nasceste na Baviera e agora defende o teu bairro.
E se este modelo de reprodução social não chega, surge uma indústria televisiva alienada às receitas de bilheteira, a venda de merchandising abraçada ao patrocínio de Multinacionais. A Bundesliga é fortemente caracterizada pela publicidade enquanto fonte de rendimento para os clubes. Deutsche Telekom, Gazprom, Volkwagen, Emirates, Mercedes são algumas das marcas que escalam montanhas de dinheiro para colocar o nome ou numa camisola ou num estádio, exceptuando casos de compra directa, como a Allianz, ou até de fundação, como a Bayer.
Relativamente ao produto propriamente dito, isto é, a qualidade futebolística, esta tem evoluído ao longo dos tempos. Muito embora elogíe a macro-ciência do campeonato, consigo inclusive identificar erros vitais na gestão desportiva de alguns clubes alemães, que cegam ao olhar de frente para um Bayern: muitas contratações falhadas, jogadores desperdiçados e salários milionários que contradizem o culto pela racionalidade germânica. Porém, este handicap tem sido trabalhado através da aposta constante nos talentos nacionais que, antes dos 20 anos, já estão a ser projectados nas equipas principais, tendo a oportunidade de ser – uma vez mais – lançados na equipa nacional, que funciona paralelamente à performance dos clubes. Aliás, a selecção alemã só beneficia os clubes, valorizando potenciais jogadores e, portanto, atraindo colossos europeus.
Algumas equipas são ainda alimentadas com muitos jogadores estrangeiros no plantel, mas verifica-se a tendência descontínua para contratar no mercado externo ou – pelo menos – jogadores já ultrapassados e que auferem salários astronómicos. É claro que a equipa de Guardiola é um caso à parte e é um assunto que costuma gerar conversa entre mim e o meu avô, mas ficará para a próxima.
Sabia que o bilhar já foi mais popular na Índia do que em Inglaterra? Pois é verdade. Há quem defenda que o bilhar era um jogo muito conhecido e o mais jogado entre o Exército Britânico quando este estava na Índia Britânica, no séc. XIX. A partir daí começaram a surgir variantes, chegando hoje àquilo a que chamamos snooker. Quase século e meio depois, este “romance” entre a Índia e este desporto volta a ter história.
Pela primeira vez, Nova Deli é palco de um evento para o ranking mundial. O Indian Open iniciou-se ontem, segunda-feira, e decorrerá até dia 18 de Outubro. Tem como prize Money um total de £300,000 (ronda os 353 000€), dos quais £50,000 (mais de 58 000€) vão para o vencedor.
Durante os dias 11 e 12 de Agosto, 128 jogadores estiveram nas qualificações em Doncaster Dome, South Yorkshire, Inglaterra, de onde se apuraram 64 para a fase final, no hotel Le Méridien, em Nova Deli. (siga o link para ver os jogadores apurados: http://livescores.worldsnookerdata.com/RoundList/Tournament/13539)
Com o início de uma maior deslocalização dos torneios, é dada a oportunidade a todos os fãs de snooker de estarem mais perto dos melhores jogadores do mundo e de assistirem a um verdadeiro cenário de sonho. Uma decisão acertada, a meu ver, visto que a Índia é o segundo país com mais população, contando com mais de 1.21 bilhões de habitantes. Recordo que a maioria dos torneios tem lugar no Reino Unido e na China.
Os jogadores indianos Pankaj Advani (nº 70 no ranking mundial) e Aditya Mehta (nº 72) ficaram qualificados para este evento; não poderiam estar mais entusiasmados por jogar em casa e por ter como adversários nomes como Mark Selby, Stuart Bingham, Ding Junhui, Neil Robertson e John Higgins. Ter um torneio desta magnitude no seu país é um verdadeiro incentivo a todos os jogadores e um “gatilho” para os mais novos e inexperientes. Advani disse mesmo que “o cricket será sempre o número um na Índia (…), mas nós estamos agora à espera de construir uma cultura de snooker”.
Aditya Mehta no Indian Open
A Billiards and Snooker Federation of India (BSFI) assinou um contracto de três anos com o World Snooker para sediar o campeonato na Índia.
Primeira Guerra Mundial: os militares americanos trazem à Europa pela primeira vez o voleibol. O que é menos conhecido pela grande maioria dos portugueses é que uma parte importante dessa divulgação do desporto, ainda numa fase primária, foi feita através de Portugal ou dos Açores e das bases militares americanas de apoio à 1ª Guerra Mundial.
Este facto, tão desconhecido numa realidade geral, reflete-se no fator de desconhecimento da modalidade e da repercussão que esta tem nos dias de hoje também.
O destaque da Federação Portuguesa de Voleibol esta semana dá-se com Alexandre Ferreira e a sua estreia pelo Diatec Trentino, o campeão italiano e tetracampeão mundial de clubes (competição anual organizada pela Federação Internacional).
Integrando o seis inicial da Supertaça Italiana 2013, o internacional português pontuou 8 vezes e cativou o público italiano, que se mostrou surpreendido. A imprensa italiana refere o mesmo.
Alexandre Ferreira Fonte: fpvoleibol.pt
Estamos a falar de uma competição mundial e de um jogador formado no país – só isto já é de louvar. Hoje em dia, creio que é mais que visível a importância dada à formação, facto que não me canso de repetir e que marca toda a diferença. As seleções portuguesas mostram-se interessadas na competição internacional, na performance dos seus atletas desde as camadas mais jovens e na sua inclusão nos maiores projetos do voleibol português, tomando, mais tarde, outros projetos fora do país como opção pessoal.
Portugal está cheio de bons exemplos do bom voleibol que se faz, e a internacionalização do nosso trabalho cada vez mais nos dá frutos.
Esta é uma lista da Federação Portuguesa dos portugueses atualmente a militar noutras formações europeias de algum renome:
Alexandre Ferreira – Diatec Trentino (A1, Itália)
Filipe Pinto – Itely Milano (A2, Itália)
Nuno Pinheiro – Tours VB (Pro A, França)
André Lopes – AS Cannes (Pro A, França)
Carlos Teixeira – Tourcoing VB Lille Métropole (Pro B, França)
Valdir Sequeira – SK Posojilnica Aich/Dob (SuperLiga da Áustria)
Tânia Duarte – Wiwa Hamburg (Regional Norte, Alemanha)
Keyla Ramos – Pays D’Aix Venelles (Regional, França)
Sofia Santos – Team South Wales (Inglaterra)
Quélia Monteiro – Polonia IMKA London (Inglaterra)
E ainda mais recentemente:
Marcel Gil – RWE Volleys Bottrop (Bundesliga1, Alemanha)
Idner Martins – Tyumen (Superliga da Rússia)
Rui Santos – Chênois Genève Volleyball I (Liga da Suíça)
Renata Guerreiro – Asul Lyon Volley (França)
Cláudia Rodrigues – Play Volley School (Malta)
Há Cristiano Ronaldo ou Pepe em Madrid, mas também é pertinente considerar relevante o percurso do voleibol no país, o progresso que vai alcançando e as fronteiras que vai ultrapassando.
Para já, vamos ficar de olhos postos na participação da Seleção Nacional de Seniores Masculinos na Poule J da 3.ª Ronda Europeia de Qualificação para o Campeonato do Mundo de 2014, que está agendada para Janeiro de 2014 e conta com adversários prendados, com historial de títulos europeus e bons rankings nos últimos anos.
O Futsal é uma paixão. Para jogar não há melhor – e apresento depois umas pequenas justificações para isso -, e para ver também não. Talvez, e digo talvez porque, de facto, não estou decidido nesse ponto, seja tão bom ver um jogo de Futsal como um jogo de Futebol. Mas para jogar, não há comparações.
O Futsal é um desporto com muita história e muitas estórias, ao contrário do que muita gente pensa. Há quem diga que surgiu no Uruguai por volta dos anos 30, há quem defenda que surgiu no Brasil na década de 40… No fundo, pouco importa. Importante mesmo é que continue a nascer no coração de cada praticante, que se continue a difundir, a profissionalizar-se e a dar as emoções que dá.
Futsal é ataque contra ataque. E isto diz tudo: envolve táctica e técnica como poucos desportos e implica uma intensidade estrondosa por parte dos intervenientes. Basta um segundo para perder um jogo e é impressionante como uma equipa pode estar a perder por vários golos e ainda assim não desanimar. Porquê? Porque Futsal é ataque contra ataque e dois minutos num jogo dá para muita coisa, acreditem.
E isto é simplesmente mágico.
Fora clubismos, fora doenças (sim, doenças, porque há gente que não tem clube, é simplesmente doente, e tudo o que cai no fanatismo torna-se simplesmente deprimente), o Futsal é o desporto pelo qual me apaixonei.
É exigente; há jogadas ensaiadas para um canto, para um fora (lançamento lateral), para uma saída de bola do guarda-redes, para livres, para jogo corrido; há saídas de pressão (quando temos a bola e a equipa adversária se encontra a jogar em pressão alta); há uma panóplia de ensaios que teriam tudo para tornar o jogo mecanizado. E não tornam.
O Futsal é um desporto onde os chamados ‘grandes’ não desiludem, um jogo onde a nossa selecção é de facto uma potência, um jogo onde temos um Bola d’Ouro (Ricardinho – o mágico), um jogo que, pela velocidade, dinâmica e troca de bola, se torna, para mim, um desporto de eleição.
O Futsal é um desporto que não desilude
Só há uma coisa que me irrita, uma coisinha pequenina que me enerva no que toca ao Futsal: os falsos fãs. Aqueles que, se for preciso, até vão ver um jogo a um pavilhão, mas apostam constantemente na descredibilização da modalidade numa comparação incessante com o Futebol – situação que me faz saltar a veia da testa, que me iriça os pelos do braço, que me dá um nó na garganta. Porquê? Porque é injusto. Se é verdade que um jogador de Futsal se sente ‘perdido’ num campo de Futebol, também não é menos verdade que um jogador de Futebol não rende o mesmo num jogo de Futsal.
Parem com essas comparações. Não é verdade que os jogadores de Futsal, no fundo, queriam ser todos jogadores de Futebol. Não é verdade. Não é verdade que quem joga Futebol sabe jogar Futsal. Não é verdade, lamento. E, para que conste, muitos dos jogadores de Futebol começaram a jogar precisamente Futsal, algo que acontece principalmente no Brasil.
Em defesa dos jogadores de Futsal – sim, porque os de Futebol não precisam, uma vez que recebem muito mais, são muito mais conhecidos, acarinhados, apoiados, valorizados, entre muitas outras coisas -, eu digo que essa comparação é injusta. Como dizia, em defesa do Futsal e dos seus jogadores, o Futsal desenvolve muito mais a técnica de um jogador. Quem joga Futsal sabe dominar a bola no pé, em espaço curto, sair em finta curta, passar de forma precisa, decidir em pouco espaço (e tempo), rematar de forma fácil… E acreditem que tudo isto não é fácil. Futsal é ataque contra ataque.
Não quero desvalorizar o Futebol, os seus praticantes e apaixonados, até porque não iria conseguir fazê-lo. Quero apenas valorizar o Futsal, porque é um desporto que merece respeito. Um desporto com uma exigência cada vez mais elevada, onde um jogador ficar em campo toda a partida é praticamente impensável, dados o desgaste físico e a intensidade que o jogo impõe; um desporto que, tal como o Futebol, obriga a muita dedicação, muito trabalho e, obviamente, muita qualidade.
Se praticam ou já praticaram Futsal, continuem a fazê-lo. Se assistem ou já assistiram a partidas profissionais, continuem a fazê-lo. Se nunca o fizeram, tanto jogar como assistir, façam-no!
Ganham todos. Vocês, os intervenientes, os clubes, as audiências e, acima de tudo, o Futsal, o desporto.
Futebol é Futebol; feliz ou infelizmente, é rei. Mas sem misturas ou comparações, dêem uma oportunidade ao Futsal, não se vão arrepender…