À passagem da oitava jornada começa a ser exequível realizar as primeiras análises do que foi a temporada até este ponto. Com, praticamente, três meses de campeonato jogados, já foi possível assistir a golos memoráveis, jogos electrizantes e arbitragens gritantes. Mas é igualmente factível fazer um balanço da perfomance de cada equipa, apontando quais poderão figurar no lote de possíveis vencedores.
No rescaldo da derrota no Dragão, o discurso tido face ao Sporting mudou de rumo. Os leões abandonaram o estado de graça e colocaram os pés na terra, no dizer da maior parte da imprensa especializada. Demagogias de quem não parou um momento que fosse para fazer uma análise justa da época leonina até ao momento.
O Sporting tem vindo a surpreender pela positiva nestes meses de competição iniciais. Com oito jornadas jogadas, o Sporting ocupa o terceiro lugar da tabela – em igualdade pontual com o Benfica. Com oito jornadas jogadas, o Sporting já jogou contra Porto, Benfica e Braga, tendo feito 5 pontos em 10 possíveis. Com oito jornadas jogadas, o Sporting já se deslocou aos redutos de Braga e Porto. Com oito jornadas, o Sporting tem nas suas fileiras o melhor marcador da Liga Portuguesa, com 9 golos apontados.
No que toca à Taça de Portugal, a posição leonina é, igualmente, prometedora. No único jogo realizado até ao momento, os leões cilindraram o modesto Alba, fixando o placard em 8-1. Na próxima ronda teremos um escaldante Benfica-Sporting que deixará pelo caminho um “mítico” da prova rainha do futebol português.
Com efeito, o Sporting está a realizar, até ao momento, uma época dentro das expectativas que gerou. No campeonato nacional, o objectivo passa por garantir a presença na Liga dos Campeões do próximo ano e está numa posição que garante a qualificação. Já na Taça de Portugal, apesar da imprevisibilidade da competição, erguer a Taça é a palavra de honra.
Uma coisa é certa, se o Sporting mantiver os níveis de qualidade até agora apresentados, os propósitos leoninos iniciais podem ser largamente ultrapassados! Oxalá.
Nuno Marques substituiu Pedro Cordeiro no comando da selecção nacional de ténis. Pedro Cordeiro era o seleccionador masculino e feminino desde há nove atrás, tendo sido afastado de forma polémica e pouco clara por parte da Federação.
Para os que estão fora do ténis, a escolha de Nuno Marques é aplaudida por ser um dos embaixadores do ténis português e um dos tenistas mais talentosos do mundo. Para mim, também é sem dúvida uma boa escolha. No entanto, é importante analisarmos a forma como esta troca foi feita.
Maria João Koehler anuncia o fim da sua parceria com Nuno Marques a 25 de Outubro. Dia 28, Vasco Costa anuncia então o fim do contrato de Pedro Cordeiro, e dia 29 apresenta Nuno Marques como o novo seleccionador português.
As trocas de acusações de parte a parte fazem-se a partir do anúncio da Federação Portuguesa de Ténis. Vasco Costa, presidente da FPT, afirma então que “a federação decidiu mudar o ciclo nos selecionadores nacionais, nomeadamente nos seniores”, garantindo que a mudança não está “relacionada com questões desportivas”. Pedro Cordeiro reagiu assim: “[recebi a notícia] de uma forma inesperada. O Vasco [Costa, presidente da federação] veio falar comigo e disse-me que a direcção tinha decidido que o meu ciclo com as selecções tinha acabado”. Pedro Cordeiro rejeitou assim completamente este argumento e acrescentou que foi “despedido”.
Pedro Cordeiro Fonte: agentedesportivo.com
Pedro Cordeiro esteve nove anos à frente da selecção masculina e feminina, tornando-se o seleccionador com mais vitórias, e de todos os quadrantes surgem mensagens de apoio ao treinador. Rui Machado diz que Pedro Cordeiro será sempre o seu capitão, e até Frederico Gil, que está concentrado no seu regresso, veio a público deixar um agradecimento ao agora ex-seleccionador.
Nuno Marques foi o melhor tenista da geração anterior e como treinador já deu provas também, ao “criar” Maria João Koehler. O seu legado será pesado, como afirmou Hugo Ribeiro (Eurosport) no seu Facebook; no entanto, Nuno Marques tem o carisma e a tranquilidade necessários para levar a cabo esta missão. É um ícone do ténis português e sem dúvida a melhor escolha para assumir este cargo.
Nuno Marques Fonte: Expresso
Pessoalmente, “cresci” no ténis a ver Pedro Cordeiro como seleccionador português. Sou defensor em toda a linha de que nove anos é tempo a mais em qualquer lugar que seja, e acredito que na parte técnica um ciclo superior a cinco anos acaba por se tornar naquilo a que vulgarmente se chama “chover no molhado”. No entanto, Pedro Cordeiro merece o nosso respeito e merecia o respeito da Federação Portuguesa de Ténis, por aquilo que deu ao ténis. Pena é que os que muito deram à modalidade saiam e os que não fazem lá falta por lá continuem…
Do Pedro guardo a imagem de alguém leal, afável, criador de consensos e acessível. Do Nuno espero uma dinâmica diferente, de alguém que esteve ao mais alto nível, aguardando assim ver na equipa portuguesa uma motivação especial.
Entretanto, no plano internacional, Serena Williams venceu o Masters de final de ano em Istambul, sem grande surpresa, e Roger Federer garantiu a qualificação para o Masters masculino, garantindo assim a sua 12ª presença em doze anos consecutivos. Um recorde apenas ao alcance de “senhores” como King Roger.
Luís Filipe Vieira, 64 anos de idade, o líder da nau encarnada. Desde 2003 como Presidente do Sport Lisboa e Benfica, LFV tem reestruturado o clube de uma forma notável e indiscutível. Há dez anos atrás, o Benfica ainda se encontrava nos cuidados intensivos. Fruto de uma gestão danosa e irresponsável do auxiliar do padre da prisão da Carregueira, o clube quase se foi abaixo. Eu sei bem aquilo por que passei, na escola, na rua, no clube de futebol onde jogava. Os adeptos não-benfiquistas não perdiam uma oportunidade para gozar comigo, para troçar, ainda para mais vendo o meu desânimo perante uma equipa que eu amava, mas que se arriscava sempre a levar cinco batatas de um Farense ou de um Salgueiros.
Luís Filipe Vieira Fonte: Record
Porém, e felizmente, as coisas foram mudando! Ok, o Benfica não ganhou assim tantos títulos desde 2003, mas é impressionante a forma como o clube se reergueu. Temos um estádio de sonho, que irá receber a final da Liga dos Campeões desta temporada, construído em tempo recorde; temos um centro de estágios formidável, elogiado por todos; temos dois pavilhões de primeira categoria; somos o clube com mais sócios no mundo inteiro (eu não me esqueço da forma como foi gozado LFV, quando anunciou que queria chegar aos 300 mil sócios, quando realisticamente estamos a caminho de atingir essa marca); tivemos, e ainda temos, jogadores de altíssimo nível naquilo que ao futebol diz respeito (ainda me lembro de pontapear o sofá da minha sala, nesses idos anos de 1998 ou 1999, quando tínhamos como centrais esses portentosos Paulo Madeira e Ronaldo Guiaro); temos um museu arrepiante; temos um canal televisivo próprio.
E podia estar aqui muito mais tempo a enumerar grandes feitos de LFV, nos aspectos que se reportam a toda a logística e estrutura do Benfica. Por vezes sou um crítico feroz das atitudes ou não-atitudes tomadas pelo nosso presidente, sobretudo em relação ao futebol, e mais especificamente em relação aos treinadores, mas não posso ter uma visão curta demais.
Com passivo gigante ou sem gigante passivo, a verdade é que o Benfica voltou a ser um clube temido, que arrasta milhares, que enche estádios em França e na Alemanha, que é uma marca comercial fortíssima, que é falado constantemente por tudo e por todos, que me coloca doido e fora de mim sempre que joga.
Não sei quanto tempo mais estarás no poder, Luís Filipe Vieira, e eu próprio, como já anteriormente escrevi neste site, acho que estás numa posição delicada, mas, independentemente daquilo que acontecer no futuro, já entraste na história do Sport Lisboa e Benfica. Resgataste uma das coisas que mais amo na vida, e isso…não tem preço.
Portanto, boa sorte para ti, porque a tua sorte…é a sorte de milhões e milhões espalhados por aí.
Não sei se já repararam, mas, à vontade, para aí 70% dos filmes de acção têm um argumento muito semelhante. Especialmente aqueles filmes mais manhosos, que passam geralmente domingo à tarde e que praticamente toda a gente já viu pelo menos uma vez. É claro que as histórias divergem bastante, mas, no fim-de-contas, todos estes filmes vão eventualmente desaguar ao mesmo tipo de situação. O herói encontra-se numa desvantagem esmagadora, e logo quando está prestes a ser aniquilado pelo terrível vilão, eis que a surpresa acontece – um golpe de génio à mistura com uma “caga” descomunal e bang, o mundo foi salvo, a princesa resgatada e podemos todos assistir ao telejornal muito mais descansados da vida.
Não sei se já repararam, mas quase sempre que vemos um filme de acção, assistimos ao velho conto bíblico “David e Golias”. Excepção feita aos filmes do Chuck Norris, é claro. Quando o Chuck Norris entra em cena, já se sabe que vai ser sopa de porrada para todos aqueles que tenham a infeliz ideia de se meter no seu caminho, seja enquanto Ranger do Texas ou mesmo na sua versão indiana (obrigatório fazer uma pesquisa no YouTube para ver a pinta do homem e a completa inexistência de leis da física). Nunca gostei muito destes filmes de domingo à tarde, mas consigo perceber o entusiasmo em torno da demanda do pequeno David. É uma estória sobre ultrapassar as adversidades, o triunfo do underdog, o superar de todas as expectativas. É bonito, convenhamos, quase poético. E quando a estória se passa na vida real – sim, porque filmes de acção e Bíblia estão mais no patamar da ficção – então aí é mel.
A estória do campeonato feminino de futebol português do ano passado dava um filme. E bem melhor que esses rascas de acção que por aí andam, visto que aconteceu mesmo na realidade. De um lado, o grande Golias – o 1º de Dezembro, vencedor do campeonato por 11 épocas consecutivas, não perdia um jogo para esta competição desde Maio de 2006! Não sei quanto ao caro leitor, mas eu não conheço nenhuma equipa em nenhuma modalidade que tenha atingido semelhante feito. Apelidado de “eterno campeão”, o 1º de Dezembro era de longe a maior força do futebol feminino português, e nada fazia prever que na temporada passada isso fosse mudar. Mas mudou, e de que forma.
1º de Dezembro, o “campeão eterno” do futebol feminino nacional www.maisfutebol.iol.pt
Do outro lado, um pequeno David – o Atlético Ouriense, equipa recém-promovida ao campeonato nacional feminino, um estreante absoluto no escalão máximo da modalidade. Primeiro jogo para o campeonato de 2012/2013? 1º de Dezembro vs. Atlético Ouriense. Há coisas que estão destinadas a acontecer. Vitória do eterno campeão contra o recém-promovido por duas bolas a uma. Nove jornadas depois voltam a encontrar-se, agora em Ourém, e o impensável acontece. Flávia Fartaria marca o único golo do jogo para as atletas do Ourém, e põe termo a um “reinado” de 140 (!!) jogos sem perder para o campeonato. Depois do desaire o 1º Dezembro ainda permaneceu como líder da tabela, mas em segundo lugar, a apenas 3 pontos, estava a equipa que viria a sagrar-se campeã nacional e quebrar a hegemonia do eterno campeão … o Atlético Ouriense.
Atlético Ouriense ditou o fim da hegemonia do 1º de Dezembro http://visaodemercado.blogspot.pt/
Pena que nem todos têm a noção daquilo que aconteceu a época passada no escalão máximo do futebol feminino português. A nível pessoal, acho que o Atlético Ouriense fez algo simplesmente extraordinário. Imaginem como seria se, na Primeira Liga Portuguesa, o Arouca desatasse a jogar futebol e ganhasse o campeonato. Era bonito, não era? Aposto que a imprensa desportiva não descansava enquanto não fizesse mil entrevistas a todos os jogadores e equipa técnica do Arouca. Só que no campeonato masculino português não há nenhuma equipa que tenha sido campeã por 11 épocas seguidas, nem que tenha atingido um recorde de 140 jogos sem perder. Isto é, o eterno campeão era um gigante, um Super-Golias, e o feito do Ouriense, esse pequeno David, ainda foi maior.
Não sei se já repararam, mas aquilo que aconteceu no campeonato feminino nacional do ano passado foi algo inédito no futebol nacional, e desconfio também que em todo o desporto português.
Depois perguntem-me porque é que acompanho futebol feminino.
Costumam dizer-me que sou fanático pelo Sporting. Fanático no sentido pejorativo, é claro. Fanático no sentido de ser doente, de não ver mais nada à frente, de só conseguir falar sobre esse tema e de não pensar em absolutamente mais nada. Tudo isto não é totalmente verdade, mas também não é mentira. No que toca ao Sporting, sou realmente um fanático. Aquilo de que eu discordo é que isso seja algo negativo.
Fanatismo: paixão cega que leva alguém a cometer excessos em favor de algo. Dedicação excessiva.
Vamos por partes: todas as paixões são cegas. Todas! Afinal, paixão é um sentimento intenso que possui a capacidade de alterar o comportamento. E quantas vezes não alteramos esse comportamento sem qualquer razão lógica para o fazer? Quantas vezes não fazemos algo que não deveríamos fazer ou que, noutras circunstâncias, não faríamos? Quantas vezes, por paixão, não cometemos… excessos?
E será que todos os excessos são errados? É um excesso para qualquer adolescente sair de madrugada pela janela, sem fazer barulho, para ir ter com a namorada. Não o deveria ter feito? Talvez não. Fê-lo feliz? Sim! Precisou desse excesso para crescer. Só o fez porque a namorada era suficientemente importante para o adolescente correr o risco de ser apanhado pelos pais e ficar trancado no quarto até atingir a maioridade.
Torna-se então óbvio que fazemos mais pelas nossas paixões. A preguiça e a inércia são substituídas pela vontade de fazermos algo, quando estamos apaixonados. Não existe tal coisa como “dedicação excessiva”. O próprio país precisa de pessoas que se dediquem “excessivamente”! E se é mais fácil fazerem-no por aquilo que amam, porque não?
Por isso digo: sejam fanáticos. Sejam apaixonados por um clube, uma banda, uma pessoa, uma causa, o que for. Saltem pela janela, de madrugada. Façam algo pela vossa paixão. Tanto como eu já fiz pelo Sporting. E, quando tiverem retorno, quando se sentirem bem com a vossa paixão, quando se sentirem felizes por gostarem tanto de algo, voltem a chamar-me fanático. Será, como sempre, um prazer. Porque fanáticos, infelizmente, há cada vez menos.
Começou mais um campeonato nacional de hóquei. A emoção sobre rodas está de volta aos pavilhões.
FC Porto e Benfica voltam a apresentar-se como os grandes candidatos ao título, num campeonato que é cada vez mais uma luta a dois.
O FC Porto apresenta a mesma estrutura do ano passado, que se sagrou campeã, e mostra estar em grande forma. Em Braga, o campeão nacional mostrou os seus argumentos ao golear o HC Braga por 13-1. Os destaques vão para Vítor Hugo, Barreiros e Jorge Silva, que fizeram um hat-trick cada.
Jorge Silva foi um dos destaques do jogo Fonte: media.indoor.pt
Também no Minho, o Benfica também entrou com o pé direito. Um Benfica com algumas mudanças para esta época, a começar pelo novo treinador, Pedro Nunes, ex-Paço de Arcos, que sucede a Luís Sénica. De saída está Luís Viana, que volta à Juventude de Viana. No sempre difícil ringue do Óquei de Barcelos, o Benfica não vacilou e venceu por 3-0, com dois golos de Carlos Lopez.
Carlos Lopez bisou na partida Fonte: slbenfica.pt
Outros destaques vão para a Oliveirense, que derrotou o Carvalhos por 6-2, e para os resultados desnivelados que ocorreram na primeira jornada.
Parece que poderá haver um hiato entre dois grupos de equipas distintos. Um lutará pelo título/provas europeias e outro pela manutenção. Os resultados assim o mostram, ao serem bastante desnivelados. Mas vamos esperar para ver o que aí vem no mundo do hóquei.
Depois de uma semana com muita chuva, o sol voltou a espreitar no fim-de-semana e foi o suficiente para o público encher a praia de Carcavelos para assistir às finais do Cascais Billabong Pro 2013. Jadson André é o nome do surfista brasileiro que ganhou a etapa portuguesa do WQS. Depois de um ano bastante complicado no WCT em que os resultados foram bastante fracos, o surfista de Ponta Negra conseguiu finalmente sair vitorioso numa etapa mundial. Numa final bastante disputada entre Jadson e Conner Coffin, o zuca foi o grande protagonista, acabando a sua beteria com um score total de 16.50 em 20 pontos possíveis, sendo que uma das notas foi um 10 (nota máxima) num belíssimo tubo para a esquerda. Deste modo, o vencedor ganhou 6500 pontos, pontos estes que lhe devem chegar para garantir mais um ano no World Championship Tour.
Jadson André a celebrar a sua vitória no Cascais Billabong Pro Fonte: Surftotal.com
Mas as novidades não ficam por aqui. Portugal anda nas bocas do mundo,desta vez não pelas provas mundiais em águas lusitanas, mas sim pelas ondas gigantes que têm rebentado no famoso canhão da Nazaré. Dia 28 de Outubro entrou a primeira grande ondulação na costa portuguesa, com principal destaque para a praia da Nazaré, local onde foi batido o actual recorde mundial da maior onda surfada. O dono deste record é o americano Garrett Mcnamara, que fez história em Janeiro de 2013, ao ter apanhado uma onda com cerca de 30 metros. A sessão de surf da passada segunda-feira ficou marcada por vários motivos. A surfista brasileira de ondas grandes, Maya Gabeira, foi de urgência para o hospital, depois de ter caído numa onda com uma altura entre os 20 e os 25 metros e de ter sido resgatada pelo seu colega Carlos Burle. Deste modo, foi nomeada para o wipeout do ano, no Billabong XXL Awards. Precisamente Carlos Burle foi o homem do dia, ao ter “dropado ” a maior onda; mas o que muita gente não sabe é que também o britânico Andrew Cotton dropou a onda do dia. Mas assim, em que ficamos? Burle ou Cotton? A resposta a esta competição só se vai saber em Maio, na gala da Billabong XXL Awards.
Carlos Burle Fonte: redbull.com
Para acabar esta rubrica, fica a estranha decisão tomada pelo recordista Garret Mcnamara. Quando todos pensavam que o surfista americano era o homem mais destemido para enfrentar as ondas da Nazaré, eis que ele preferiu ficar a dar apoio na mota de água, recusando assim as monstruosas ondas portuguesas por uma questão de segurança.
10 anos da Catedral, dia bonito, pois claro. Vai daí e chovem bilhetes a 5€ para sócios e a 15€ para simpatizantes, para qualquer bancada. Bem bonito, diga-se. A isto há que juntar os bilhetes família, pacotes promocionais com miúdos ao barulho, primos, afilhados e sobrinho: tudo à bola.
Ora não seria de esperar uma casa consistente? Não. A imprensa falou em números a rondar os 40 mil, ou até a superar essa barreira que muitas vezes faz a diferença. A verdade é que a Luz recebeu 35 mil espectadores, suficiente para ser a melhor casa da época. Por esta altura, ou talvez um pouco mais à frente, o Benfica jogava à bola, dava goleadas e espectáculo aos adeptos, os jogadores corriam todos para o mesmo lado, havia alegria, a expressão denominada ‘carrega Benfica’ era o pão nosso de cada dia. Não venho aqui exigir goleadas e vitórias expressivas, e se continuarem sem jogar nada até ao final do campeonato e vencermos, calo-me já. Mas as coisas não parecem seguir nesse rumo, Jesus não é Trapattoni, com uma ideologia de jogo propositadamente cautelosa. A equipa não responde. E isso reflecte-se nas bancadas.
A casa encarnada a rebentar pelas costuras Fonte: apanhadosquanticos.blogspot.com
Em 2012/2013 a média de espectadores foi de 42 365. Este ano ainda nem chegámos a essa meta. È certo que ainda faltam os clássicos, mas não são dois ou três jogos que fazem disparar a média, já para não falar das assistências na Champions, que está visivelmente condenada. Os responsáveis do clube da Luz desculpam-se com a crise que assola o nosso país, com as condições climatéricas que têm afectado alguns jogos do Benfica em casa, entre outros aspectos. Claro, como se no ano passado os portugueses vivessem à grande, com putas e vinho verde e, como tal, esbanjavam dinheiro a ir ao estádio apoiar a sua equipa, uma espécie de vício de gente rica. É isso? Parece-me que o esforço que muitos adeptos faziam o ano passado para ir à bola era claramente recompensado, dentro de campo. Confesso, fui à Luz este domingo, dos três jogos que vi do Benfica este ano, um deles na Amoreira, não paguei nenhum, foram todos bilhetes oferecidos. Não deixei de gritar, nem de levantar o cachecol para cantar o hino, mas desculpem-me, não pago. Não nado em dinheiro e para ver um jogo mediano ou sofrer porque vencemos a ferros, tenho uma tv em casa ou vou ao café beber umas jolas com os amigos, sofrer em conjunto e à distância custa bem menos. Mas sim, isto é da crise, as pessoas não têm poder de comprar, além disso já viram como anda o tempo? Talvez assim consigam dormir descansados.
Certamente que este tema de Zeca Afonso – que por sinal está muito na moda – se aplica ao futebol brasileiro. Para cantarmos Grândola, Vila Morena temos de fazer um exercício de memória. Para cantarmos uma ode merecida ao Clube de Regatas Flamengo também. E ver o poder que a massa tem, não só dentro da cidade como num país inteiro.
Zico pega na bola, passa um, dois, três, e golo magistral. O Maracanã ao rubro já estava, pois é a cor da maior torcida do Brasil. Negro tem muitos. Nas listras da camisa e nas arquibancadas. É a cerveja gelada que fica por beber, o encontro de amigos e o almoço de família desmarcados, e até os filhos podem esperar. Hoje não dá para isso. Hoje só dá Flamengo. Se houver um livre para bater dentro da área, é Jorge Bem quem canta: “É o camisa 10 da Gávea”.
Se a década de 80 foi de Michael Jackson, dos cabelos estouvados, da ilusão do poder de compra, de Regresso ao Futuro e outros filmes – em suma, do mundo moderno que hoje conhecemos -, foram também tempos de fim de ditadura no país irmão. Mas com o fim da ditadura uma outra se instalava. Esta boa. Foi a hegemonia dos flamenguistas no panorama nacional e extra muros. O nome do Urubu (mascote do clube) ficou inscrito na lista dos vencedores do campeonato por quatro vezes: 1980, 1982, 1983 e 1987. Venceu ainda a Libertadores em 1981. No mesmo ano, esmagaria o Liverpool em Tóquio por três a zero, na Taça Intercontinental. Liverpool foi a cidade dos Beatles, mas o Rio de Janeiro é a cidade Maravilhosa, abençoada por Deus, ou deuses, como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade ou Chico Buarque. O samba venceu o Rock.
Arthur Antunes Coimbra, filho de portugueses, mais conhecido por Zico. Um vulto do Futebol / Fonte: blog.opovo.com.br
Só no Mundial de´82 de Espanha o futebol ofensivo que os flamenguistas (em maior número na canarinha) imprimiram numa das grandes seleções de sempre não vingou. O cinismo italiano venceu a espetacularidade brasileira. No jogo, que ficou conhecido como o desastre do Sarriá – estádio na Catalunha onde foi jogada a partida -, o mundo viu o futebol negativo vencer. Um dos maiores crimes, quiçá, dos velhos tempos da história de toda a humanidade. O mal venceu o bem. E para a história ficou um conjunto fortíssimo. Possivelmente o melhor de todos os tempos. Não venceu. Mas por isso mesmo talvez tenha sido o melhor.
Quarenta milhões de adeptos, segundo estatísticas da FIFA. Maior torcida do mundo. Clube hexacampeão brasileiro. Escusa-se de apresentações. É samba e folclore. É clube do povo e alegria. É negro com branco. Empresário e canalizador. É massa ancestral e indistinta. Arrepiante. O seu hino diz: uma vez Flamengo, sempre Flamengo. O povo escolheu. E o povo escolheu Flamengo.
Gosto do sol. Dos seus movimentos. Do seu amarelo. Do seu alaranjado. De quando se levanta e de quando se põe. Da forma como nos toca. E até da sua ausência. Só os notívagos não apreciam uma boa dose de luz da grande estrela fulva. Os finais são bons. Mas o princípio… bom, o princípio é isso: onde tudo começa.
Recentemente vi um filme romeno com esse nome. Chamava-se Aurora. Não entendi nenhuma relação do título com a história nem compreendi, tampouco, a narrativa em si. Mas percebi que talvez o problema fosse meu. Quando saí da sala de exibição entendi que não era só meu, mas de muitos mais. Fiquei chateado. Aquele deveria ser o meu enigma. Não dos outros. É com este egoísmo que tenho de me confrontar: o saber tem de ser só meu. Mas as dúvidas também, caramba! Transformemos a ignorância ociosa numa utilidade (prática, de preferência). O raiar de uma coisa. É o seu início. E, falando em início, o basquetebol português está aí para quem o quiser ver. Ou para quem quiser participar.
Fonte: caramelorepetido.blogspot.com
É que os árbitros ameaçaram levar a cabo uma interrupção nesta primeira Liga, depois de um alegado atraso nos prémios de jogo. Atente-se na expressão “prémios de jogo”, porque os ditos juízes não são profissionais. É uma benesse de final de semana, no fundo. Já a Associação Académica de Coimbra – este é mesmo um clube, não um sentenciador das leis de jogo – também roçou uma Auto votação ao ostracismo e não chegou mesmo a participar no encontro com o Lusitânia, numa contenda a que estava destinada. Este é o momento de a briosa apostar nos seus petizes, para que se tornem graúdos precoces.
Contactados pelo Bola na Rede, Carlos Lisboa, treinador do Sport Lisboa e Benfica, bem como o gabinete para a comunicação das modalidades do clube, não quiseram prestar declarações sobre o assunto. Benfica, campeão em título, esmagou autenticamente o Galitos, da margem sul do Tejo, num encontro em que os atletas da turma da Luz não precisaram de usar o diminutivo do nome do clube rival para o esfrangalharem. Foi um real atropelo. Igualmente não houve surpresas nas vitórias do homónimo Vitória minhoto e da Ovarense. O Sampaense – finalista vencido do Troféu António Pratas – perdeu com o Barcelos, mas não se pode dizer que seja efectivamente surpresa.
Sérgio Leone realizou a primeira das suas trilogias do Once Upon a Time (“Era uma vez”) com o filme Aconteceu no Oeste. Uma coboiada das antigas, com uma sonoridade fora do comum e uma ação peculiar. Certamente que o nome de Erich Maria Remarque não será familiar à primeira vista, mas se nos lembrarmos de A oeste nada de novo rapidamente saberemos de que se trata. E é disso que esta Liga Portuguesa de Basquetebol se trata: de uma série de factos positivos e negativos repetidos em cadeia, no país mais ocidental da Europa, à beira-mar plantado. O sol nasce para Leste, mas é aqui que ele se põe. O gigante áureo é inexorável quando quer. Ele dita a sua lei, qual xerife implacável, num poderoso xeque-mate.