Nemanja Matic, internacional sérvio, centro-campista de luxo, uma das grandes figuras do meu Benfica. Futebolista portador de um fantástico sentido posicional, com uma condição física invejável, com uma técnica de fazer inveja a muitos pseudo-craques espalhados por essa Europa fora. Tendo em conta que estamos em Portugal, um país com pouco dinheiro, um país que também se ressente disso no futebol, é natural que Matic tenha saído do maior de Portugal. Neste caso foi para o Chelsea de José Mourinho (que médio que tu passaste a ter, caro Zé), mas em contrapartida rendeu milhões e milhões ao Benfica, não rendeu? Pois, parece que afinal foi vendido pela módica quantia de 25 milhões de euros (eu sei que isto é muito dinheiro para 98% dos portugueses, mas neste caso é mesmo pouco). Caro Luís Filipe Vieira, porque é que vendeste esta pérola sérvia pelo valor que correspondia a metade da cláusula de rescisão? O Benfica está nas lonas? Existe o risco de salários em atraso? A “troika” tem de entrar no nosso clube? Eu por acaso nem sou sócio, mas acho que deves uma explicação, pelo menos, a todos aqueles que pagam quotas.
Eu não critico a venda em si, porque todos os clubes portugueses necessitam de vender. É a lei do mercado, é a lei dos mais fortes e dos mais fracos, é a lei da vida. Mas penso que esta vedeta de leste, que muitas alegrias me deu, valia bem mais. Mas pronto, o Benfica já vendeu muita gente e sempre continuou de pé, por isso há que acreditar e pensar que o Benfica continua a ser o principal favorito a conquistar o campeonato. Quanto a ti, Nemanja Matic, desejo-te toda a sorte do mundo, porque sempre deste tudo enquanto vestiste o manto sagrado, porque era uma delícia ver-te jogar, porque eras um jogador que arrastava todo um estádio contigo, porque marcaste um golo do outro mundo ao FC Porto (então portistas, gostaram do jogo de domingo passado?), porque desbloqueaste a partida frente ao Sporting de Braga, já na presente edição do campeonato; porque senti, principalmente durante o último ano e meio, que tinha um médio de topo a alinhar pelo meu clube.
E agora? Como será? Ainda não me refiz completamente desta perda, portanto não vou fazer aqui nenhuma análise táctica daquilo que será o Benfica, no que resta da temporada. Gostei da vitória de ontem frente ao Leixões, com Jorge Jesus a rodar praticamente toda a equipa, com o Benfica a praticar um futebol seguro, com Djuricic a marcar, com Ivan Cavaleiro a provar que está ali um grande potencial. Porém, e infelizmente, JJ tratou de voltar às declarações infelizes, fazendo chacota da formação do próprio clube onde trabalha, o que a meu ver é muito grave e desnecessário.
Ainda no dia 15 de Maio de 2013 defrontavas o Chelsea, caro Matic Fonte: sportsmole.co.uk
Contudo, tenho de confessar que o meu sistema cardiovascular anda a sofrer, e de que maneira, com este mercado de Inverno 2014. Não há dia em que não veja notícias que confirmem as idas de Garay e Rodrigo para o Zenit, de Gaitán para o PSG, de André Gomes para algum clube, a troco de 12 milhões de euros, do roupeiro para o Bétis de Sevilha, da nutricionista para o Celtic de Glasgow, do tratador de relva para o Jardim Botânico de Lisboa. Sim, eu sei que em Janeiro há sempre, por parte da imprensa desportiva portuguesa, um grande alarido em redor do Benfica, mas leiam estas minhas palavras, de um pobre rapaz que não quer enervar-se mais.
Mas atenção: se não joga o Matic, posso jogar eu! Se vão sair mais cinco ou seis futebolistas, eu também posso tentar desenrascar. Senhor Presidente Luís Filipe Vieira, pelo Benfica eu faço tudo. E sendo assim, se se confirmar esta debandada geral, eu sacrifico-me em prol do grupo de trabalho e assumo aqui que estou na disposição de ingressar no plantel. Não tem de gastar dinheiro na minha compra, não tenho de receber salário, contra o Sporting e contra o Porto até me vê a comer relva. Portanto, lanço aqui o repto. Tem aqui um grande talento!
E agora, plantel do Sport Lisboa e Benfica, concentra-te! Ganhem ao Marítimo no próximo domingo, mantenham-se na primeira posição, e dêem umas alegrias aqui ao pessoal. Já eu, vou-me treinando até ao fim do mês, e no dia 1 de Fevereiro já conto estar a trabalhar convosco, caros futuros companheiros de equipa.
O futebol moderno é cada vez mais assente numa globalização dos futebolistas. Quando utilizo o termo globalização, refiro-me à ideia de que o futebol atual raramente tem barreiras geográficas.
De facto, hoje em dia, a probabilidade um jogador de futebol efetuar toda a sua carreira no país de origem é, no mínimo, escassa. O dinheiro, a ambição e mesmo a busca por um maior nível de competitividade leva a que “emigração” seja um termo bastante associado ao mundo do futebol.
Contudo, as ligas de maior dimensão, como a inglesa e a espanhola, ainda conseguem “segurar” os craques.
Em Espanha, existe um caso particular que sempre me causou surpresa: David Villa Sánchez. O jogador em questão, agora com 32 anos, é um dos exemplos mais enigmáticos daqueles que optam por permanecer no “conforto” da liga onde cresceram.
Num curto resumo, exponho aqui o trajeto do avançado: David Villa despontou para o futebol no Sporting Guijón, onde jogou entre 2001 e 2003. Ainda muito novo, transferiu-se para o Real Zaragoza. Em duas temporadas, faturou 38 golos em 73 jogos e conquistou a Copa del Rey e a Supercopa. Os golos e as boas exibições despertaram o interesse do Valência, e, em 2005, David Villa ingressava no clube. Foi precisamente no clube valenciano que o avançado mostrou as suas melhores qualidades: em cinco épocas, num total de 166 partidas, Villa marcou 108 golos e fabricou exibições de luxo. Rapidamente se transformou no ídolo dos adeptos e na maior figura da equipa. Porém, em cinco anos, conquistou apenas (e novamente) uma Copa Del Rey e uma Supercopa – pouco, muito pouco.
Villa com as cores do Valência. / Fonte: Reuters
Foi então que, em 2010, o Barcelona pagou 40 milhões de euros ao Valência, e, finalmente, David Villa representava um grande clube europeu. Um clube à sua medida.
A verdade é que só assim o avançado foi capaz de juntar ao seu palmarés uma Liga dos Campeões, duas Ligas Espanholas, um Campeonato do Mundo de Clubes e uma Supertaça Europeia. Depois de três anos na cidade condal, a idade e os alegados desentendimentos com Leonel Messi fizeram com que o Barcelona vendesse David Villa ao Atlético Madrid por apenas 5,1 milhões de euros.
Este época o avançado espanhol leva 11 golos e três assistências, em 19 jogos, mas vive muito na sombra do incrível (e jovem) Diego Costa.
No meio de tudo isto, David Villa ganhou com a Seleção espanhola o Campeonato da Europa por duas vezes (2008 e 2012) e o Campeonato do Mundo da Africa do Sul (2010), onde foi o melhor marcador, com cinco golos.
O que torna, então, o caso de David Villa especial? Eu respondo: apesar de toda a qualidade demonstrada desde muito cedo, Villa nunca protagonizou a tão esperada transferência para um grande do futebol europeu. Recordo-me perfeitamente de não haver um verão em que o nome de David Villa não surgisse como alvo de transferência de quatro ou cinco “tubarões”. Felizmente, o Barcelona trouxe algum brilho a uma carreira que seria no mínimo desapontante e injusta, face à qualidade demonstrada. No entanto, foi, na minha opinião, muito tarde. O jogador permaneceu demasiado tempo em Valência – com todo o respeito pelo clube.
Villa foi o melhor marcador do Campeonato do mundo em 2010. / Fonte: The Sun
Obviamente, as razões para permanecer em Espanha podem ter sido muitas: vontade própria, afeto ao Valência e à Liga espanhola, receio na adaptação a uma cultura futebolística diferente ou até questões financeiras. A verdade é que o próprio jogador pode sentir-se perfeitamente realizado com o seu trajeto. O fundo deste texto propõe-se apenas a retratar um caso que foge ao comum e cujo currículo não reflete a qualidade daquele que é o melhor marcador de sempre da Seleção espanhola, com 56 golos.
Rápido e explosivo, David Villa é um avançado versátil com capacidade para jogar entre os centrais ou em qualquer ponto do último terço do terreno. Tem um remate colocado e forte que o torna letal em frente às balizas. Os movimentos em campo demonstram uma inteligência acima da média, que, aliada a uma rápida leitura de jogo, o tornam num dos avançados mais completos do futebol. O elevado número de golos não surpreendem. Contudo, as muitas assistências que sempre fez ao longo da carreira revelam uma tendência para o jogo coletivo – tão amado pelos espanhóis.
Os defeitos são poucos, ou quase nenhuns. Talvez lhe deva apontar a fraca capacidade física devido à baixa estatura e baixo peso. Porém, tudo isso é suplantado pela capacidade natural de marcar golos.
É por estas razões que, sempre que vejo um golo de David Villa, sinto uma espécie de mágoa, como se a história deste avançado não fosse a correta ou tivesse sido alterada. Talvez esteja a ser demasiado dramático, eu sei. Porém, acho que Villa tinha e deveria ter ficado na elite do futebol por mais tempo (e há mais tempo).
Em 2008, ainda antes da conquista do primeiro Europeu de seleções, Cesc Fabregas afirmou: “David é um jogador incrível – ele tem uma enorme mobilidade, faz golos e é raçudo. Eu adorava que ele se juntasse a mim no Arsenal. Ele seria fantástico na Liga Inglesa”.
Ora, caros leitores, eu não podia estar mais de acordo.
Alarmismos? Porquê? Por termos perdido na casa de um rival super-motivado e que só podia ganhar ou… Ganhar?! Eu mantenho-me totalmente tranquilo e a minha opinião sobre o Porto é a mesma que há 3 meses atrás: o treinador não está preparado. Um mega-Porto como aquele que Villas-Boas deixou permitiu (até) a Vitor Pereira ser campeão e eu sou dos que acha que ele não devia ter saído. Depois de herdar um Porto bi-campeão que perde James e Moutinho e para cujos lugares vêm Licá e Josué respectivamente (sem contar com Herrera), o que esperávamos? Milagres?
Meus amigos, a coisa é simples: o pior que podia acontecer no clássico era sairmos a 3 pontos do líder e a 1 do Sporting. Sem problemas. Se me falarem da falta de entrega no jogo, da passividade defensiva, da fraca ou nula prestação dos homens da frente, eu aceito. Mas aceitem também quem dias maus todos têm! E foi claramente um dia péssimo para o clube da Invicta. Foi um jogo disputado até certo momento, onde os contra-ataques fatais do Benfica ditaram o resultado final (e se não fosse o desacerto de Rodrigo seria mais dilatado) e onde pura e simplesmente não vimos um remate digno de registo do Porto. Não falo de arbitragens por principio e nem a fraca (ou horrorosa) prestação daquele senhor de amarelo me vai fazer “desculpar” o meu clube.
Ao contrário do passado mais recente, o FC Porto não foi feliz na Luz / Fonte: JN
Dá-me um certo gozo ver os “vermelhinhos” (carinhosamente falando, nada de se sentirem ofendidos!) a passar por mim e a perguntar-me pelo torcicolo que tenho de olhar para cima. Isto é “só” de rir, pois, se entrarmos por aí, esses mesmos adeptos já devem ter um torcicolo bem calejado de tanto e tanto e tanto que olham para cima. Eu habituei-me a ver um Porto penta-campeão; perder um campeonato; campeão; perder um campeonato; bi-campeão; perder um campeonato; tri-campeão; perder um campeonato e tri-campeão (em titulo). Torcicolos?! Não, a isso se chama “síndrome da pequenez”, muito comum naquele tipo de clubes que são parecidos com o golfinho: sempre lá em baixo e que volta e meia, quando aparecem cá em cima, acham piada e gozam. Isso é bom! É bom saber que em Portugal só existe uma coisa que regojiza mais os adeptos do clube da Luz do que as vitórias do próprio clube: o Porto não estar em primeiro lugar! E é bom porque… É coisa rara!
E se, hipoteticamente, o Porto este ano não for campeão? Sem problemas de maior. Quero ganhar o campeonato e estou plenamente convicto de que, mais uma vez, jogaremos com o Benfica a derradeira jornada e com eles faremos (mais uma…) festa! Não sou adepto de não acreditar. A nossa equipa teve um dia mau e já vai tendo muitos dias maus, é verdade, mas enquanto ganhar, vai sendo menos mal… Não me lembro de ver o Porto sofrer golos esta época em lances como os dois golos de Domingo: um passe a rasgar entre o central e o lateral, onde Danilo não faz o movimento correcto nem existe pressão sobre o portador da bola e outro golo de canto numa zona onde Mangala não costuma vacilar. Correu tudo mal, até as substituições. E nelas, mais um vez, Paulo Fonseca cedeu à pressão dos adeptos. O que foi Quaresma fazer para o campo? Esperava uns minutos de Quaresma num jogo onde ainda fosse possível ganhar ou, estando em vantagem, soltar o Harry Potter para fazer umas diabruras. Mas não, Paulo Fonseca lança o “ciganito” em campo com o jogo já a “ferver” e perdido. Resultado: amarelo, picardias e assobios da bancada. Para mim, não foi uma boa estratégia do timoneiro azul-e-branco.
Paulo Fonseca não usou o “joker” Quaresma da melhor maneira / Fonte: UOL
Mas também se não o pusesse estavam todos a dizer que o devia ter posto. Por que raio não entra Ghilas quando o Benfica faz o 2-0? Josué? Mas afinal o que passou na cabeça da equipa técnica? Querer ter a bola no chão quando a pressão do Benfica nos sufocava? É difícil de entender.
Agora já passou, e com os erros se aprende (Vitor Pereira aprendeu e bem…), espero que Paulo Fonseca também o faça.
A única coisa que não posso admitir é a falta de entrega e de raça que os jogadores tiveram em campo! E aí o treinador não pode ser responsabilizado! Danilo, um fantástico lateral, fez de longe a pior exibição da época e ainda acabou ridiculamente expulso pelo tal senhor de amarelo, que estava desejoso de o fazer. Mangala e Otamendi pareciam nunca ter jogado juntos, tal não foi o desacerto. Varela e Jackson, geralmente decisivos em clássicos, não se viram. E Licá, enfim… sobre este está tudo dito. Exige-se mais e sou adepto de que depois de uma exibição destas o treinador deveria promover 4/5 alterações no próximo jogo do campeonato, como que num “abre-olhos” para quem pensa que existem lugares cativos.
Somos Porto, somos tri-campeões e queremos o tetra! Para lá caminhamos? Sim! Falta disputar uma volta inteira, num total de 45 pontos! Dependemos de nós mesmos e isso é um facto. Não estamos a 7 ou 5 pontos do Benfica como em épocas anteriores, e até aí acreditava! É hora de nos unirmos e sermos adeptos “à inglesa”, apoiar a equipa do primeiro ao último minuto, gostando ou não do treinador e das suas opções. Assobiar, deixar de ir aos jogos ou apupar é a pior coisa a fazer num momento destes. Vamos acreditar, “companheiros”. Unidos somos mais fortes e nada nos tirará aquilo que nós somos: os melhores de Portugal! Deixem outros serem os maiores ou com mais adeptos, nós temos é fome de títulos e estamos de barriguinha (bem) cheia!
Para finalizar, 2 notas:
I- Linda a homenagem a Eusébio sentida no estádio da Luz e respeitada pelos adeptos de ambas as equipas, Ele merece!
II- Depois da homenagem àquele que, para mim, foi o segundo melhor jogador Português de sempre, deixo também o meu apreço àquele que é o melhor de sempre: o vencedor da Bola de Ouro (finalmente fez-se justiça!). As lágrimas escorreram-me pelo rosto e ainda me apeteceu dizer aquela célebre frase: “oh Platini e Blatter, vão para…”, não, não digo. Mas posso pensar nisso, e penso sim!
Saudações e espero que a positividade com que escrevo vos faça também acreditar que nada está perdido, e continuamos no rumo do título, apenas com menor margem de erro!
Se por um lado foi com grande contentamento que a notícia de que o clássico do fim-de-semana passado seria disputado pelas 16h00 foi recebida, é também, por outro, certo que se não for numa jornada europeia, os jogos da Taça da Liga a meio da semana pouco entusiasmam. Sendo a competição nacional menos valorizada, sirva ao menos a Taça da Liga para dar minutos a quem durante toda a época luta por um lugar no onze inicial. Foi o que aconteceu hoje na Luz: nem um titular da partida contra o Leixões ouviu o apito inicial de Artur Soares Dias no Domingo.
A história do jogo é curta. Embora o Benfica não tenha entrado com as armas com que costuma atacar os jogos soube, num terreno que não era propriamente o ideal, circular a bola com qualidade, gerir os objectivos e anular um Leixões que, embora não tenha dado grandes dores de cabeça, veio à Luz com vontade e ambição. O sentido de oportunidade de Djuricic dentro da área, na sequência da marcação de uma bola parada e uma excelente movimentação para dentro da área – e consequente finalização – de Ivan Cavaleiro ditaram um resultado justo e incontestável da partida. Ao minuto 30 um lance de infelicidade de Artur não teve um pior desfecho por falta de engenho de Mailó, que desaproveitou uma má investida do guarda-redes encarnado à bola. Foi um regresso de Artur à baliza ainda com pouca confiança, mas sem erros crassos à excepção do já enunciado.
No dia em que foi oficializada a venda de Matic ao clube de onde veio quando chegou ao Benfica, não deixa de ser curioso a quantidade de “segundas-opções” a jogarem hoje frente ao Leixões. Isto porque as soluções para as eventuais saídas seriam sempre compensadas internamente. De resto, foi apenas a confirmação de algo em que já acreditava: o Benfica tem um bom banco e tem soluções. Naturalmente que têm que ser considerados os minutos de competição e os índices de confiança, mas a equipa encarnada tem, no seu cômputo geral, um bom plantel. Falando em concreto do lugar que Matic deixa, Ruben Amorim será, a meu ver, quem melhor poderá ocupar esse cargo. Por estar no Benfica há mais tempo e por ter características que o tornam mais completo que Fejsa neste momento e naquilo que é o sistema de Jesus. Seja como for, Matic desempenhava um papel importantíssimo no actual modelo do Benfica e se há coisa que o meio-campo vai dar a Jesus agora é aquilo que Rúben Amorim disse que ia dar ao “mister”: dores de cabeça.
Este poderia ser o nome de um clube de futebol de intelectuais, gente das artes ou outros produtores culturais. Alguém de extrema inteligência e que fosse o pináculo da criação. Dificilmente um clube poderia ter este nome. A não ser que houvesse um bairro chamado Bom Senso, ou houvesse uma cidade com este índice onomástico.
Nada disso. Foram os próprios jogadores do Campeonato Brasileiro que se uniram e deram a cara por esta causa. Medidas concretas? Lutar por um futebol de Vera Cruz mais justo e mais solidário. Aspetos contra? Desde logo, o número excessivo de jogos que as equipas se veem obrigadas a fazer, o curto período de transição do campeonato nacional para os estaduais (começam agora nos finais de janeiro) e vice-versa, a exaustão de jogos a que os jogadores estão submetidos, salários em atraso e ainda o preço dos bilhetes para os adeptos. Assim, foi possível observar em alguns jogos do Brasileirão 2013 cenas caricatas. Por exemplo, os jogos começavam e havia cinco ou dez minutos de inatividade pura. Inércia total. Jogadores a trocar simplesmente a bola amigavelmente entre si, como numa rabia. Isto para provar que eles são os titãs mais importantes do espetáculo.
Vénia. Aplausos. Completamente de acordo. É deste tipo de movimento que a sociedade precisa. Encontrar formas de associativismo. Se se associa, algo está mal. Mas, ao associar-se, algo poderá melhorar. É absurdo o número de partidas disputadas por um “bom” clube brasileiro. Coloco bom entre aspas não por desdém a outros, menos tradicionais. Mas caracterizo um bom clube como estando na Série A, disputando a Copa do Brasil e ainda jogar a Libertadores. Ora, os encontros do campeonato são ao sábado ou domingo e à terça ou quarta-feira. Ou seja, duas vezes por semana. Quem diria que no Brasil o futebol é lento? É um ritmo alucinante. Com Copa do Brasil a meio da semana e mais Libertadores, quando é que os atletas descansam? E treinam?
Este exemplo, simples, poderá ser copiado por outros quadros da sociedade. A união faz a força, já diz o lugar-comum. Mas é bonito ver jogadores de clubes que, desculpem, mas é verdade, se odeiam abraçados. Para grandes males, grandes remédios. A greve ainda não foi uma dessas curas. Porém, se a CBF persistir no erro de ignorar as chamadas de atenção, só um poderoso antídoto poderá parar um mal tão severo.
Escreveu-se ontem mais uma página na longa História da fábrica de extremos de Alvalade. Ano após ano verificamos a excelência da formação leonina, com esta posição do terreno a receber um especial destaque.
Comecemos pela época de 1983/1984, ano da estreia profissional de um menino formado na cantera do Sporting, um menino que se transformaria num dos melhores extremos da sua era e que viria a ser segundo classificado na eleição da Bola de Ouro de 1987. Este jogador, que infelizmente teve os melhores anos da sua carreira no rival Porto (clube pelo qual, de forma atribulada, trocou o Sporting) e no Atlético de Madrid, inaugurou, a um nível superior, a magnífica fábrica de extremos do Leão. Falo-vos, obviamente, de “El Portugués”, Paulo Futre, um dos melhores jogadores portugueses de sempre, craque da conquista da primeira Taça dos Campeões Europeus por parte dos portistas.
O jovem Futre de leão ao peito Fonte: Record
Cinco anos passados, a fábrica cria outro protótipo letal de um super-extremo ao nível planetário. Classe para dar e vender, velocidade, visão de jogo, finalização apurada: estas características fizeram dele um ídolo em três dos maiores clubes do mundo – Barcelona, Real Madrid e Inter de Milão – e levaram-no a erguer com toda a justiça e legitimidade a Bola de Ouro do ano 2000. Luís Figo, uma lenda viva, o grande capitão da selecção nacional, odiado por uns e amado por outros; porém, de uma excelência indiscutível. Quem não se lembra do “golão” a Inglaterra no primeiro jogo do Euro 2000? E daquele golo marcado a Schmeichel, num Portugal vs Dinamarca? Que recordações! Um dos melhores jogadores de futebol que o planeta Terra conheceu.
Luís Figo: Um dos melhores de sempre Fonte: Blog Tribunal do Futebol
Na época de 1996/1997 nasce mais um produto de qualidade extrema pelos lados de Alvalade. Um jogador de qualidade inegável, velocidade estonteante, com uma técnica não alcançável por qualquer atleta, bastante acarinhado durante a sua caminhada de Leão ao peito. Completou uma transferência de sonho para o gigante Barcelona, e por conseguinte adivinhava-se uma carreira magnífica para este jovem extremo. Tal facto não se viria a verificar, pois pouco tempo após a sua chegada à Catalunha este jovem voltou a Portugal para envergar as cores do rival eterno do seu clube de formação. Esta traição nunca foi perdoada a Simão Sabrosa, que se tornaria num símbolo de um Benfica completamente desprovido de classe. Apesar de tudo, foi sem dúvida um grande futebolista, passeando os dotes que absorveu em Alvalade por vários e importantes palcos mundiais.
Simão e a mudança para Barcelona Fonte: Revista Mundial
No início do milénio nasce um novo filho, com um trajecto infelizmente parecido com o último atleta descrito. Pessoalmente, este extremo foi um dos jogadores que mais prazer me deu ver jogar em Alvalade. Valia bem o preço do bilhete! Uma técnica impressionante, fintas que eram novidade e que cortavam a respiração a qualquer adepto de bom futebol. Irreverente, foi lançado pelo treinador romeno Laszlo Boloni, que lhe deu a alcunha de “Mustang”, por ser uma força da natureza difícil de domar. Campeão nacional na sua primeira época de sénior, ainda jogou a temporada seguinte de leão ao peito, tendo viajado na época seguinte para Barcelona. Anos mais tarde, serve de moeda de troca no “negócio Deco” e assina pelo FC Porto, onde voltou a mostrar toda a sua magia: velocidade, técnica, finta, remate fácil, finalização apurada – o extremo com que todos os treinadores sonham. Apesar de todas estas qualidades, Ricardo Quaresma não está a ter a carreira que se esperava: entre a partida e o regresso ao Porto passou por clubes como Inter de Milão, Chelsea, Besiktas e Al Ahli do Catar, com pouco ou nenhum sucesso.
Ricardo Quaresma e mais um golo pelo Sporting Fonte: Blog Futebol Mais
Uma época depois do aparecimento do “Mustang” nasce o expoente máximo, a “jóia rara” desta fábrica de talentos. Quando um jogador, no seu primeiro jogo como sénior (um amigável frente ao Bétis), faz um golo daquele calibre, algo de especial se passa. Mais um tremendo velocista, sempre com uma finta fantástica na manga; porém, no caso deste menino, a técnica e a velocidade aliavam-se à força e poder de choque de uma forma estranhamente harmoniosa. Só jogou uma época de leão ao peito, pois, quando estava para começar a segunda temporada como profissional leonino, resolveu deslumbrar o mundo com uma exibição de sonho frente ao Manchester United, na inauguração do novo Estádio José Alvalade. Dias mais tarde viaja para Old Trafford, onde acabaria por se tornar um deus e cumprir um dos sonhos da sua carreira: vencer a Liga dos Campeões. Foi um deus em Old Trafford e viria a sê-lo também em Madrid, onde alcançou números sobre-humanos e onde se viria a afirmar de uma vez por todas como o melhor jogador do mundo. Cristiano Ronaldo: duas Bolas de Ouro, o atleta mais mediático do planeta, o futebolista mais bem pago do mundo. CR7, pelo seu esforço, dedicação, devoção e glória já alcançada, personifica o mítico lema leonino, sendo o maior símbolo da “cantera” verde-e-branca. A meio da carreira, tem a possibilidade de se tornar no melhor jogador de futebol de todos os tempos, se é que ainda não o é…
CR7 com Boloni, o técnico que o lançou. Fonte: World Soccer Talk
E quando se pensava que, após tanto craque seguido, dificilmente apareceria outro extremo de nível mundial, como que surge mais uma pérola. De origem cabo-verdiana, este menino aparece com pêlo na venta, jogando com qualidade e facilidade em qualquer uma das alas e até no centro do terreno. Mais um autêntico sinónimo de rapidez, técnica e visão de jogo, cedo se afirmou de leão ao peito, tendo feito duas temporadas de grande qualidade até protagonizar o maior encaixe de sempre para os cofres leoninos. Nani seguiria o caminho de Cristiano Ronaldo, rumando a Old Trafford para representar o Manchester United, onde proporcionou aos adeptos ingleses grandes momentos de magia. Há vários anos nos “Red Devils”, e apesar de alguns altos e baixos, Nani é dono de uma grande carreira futebolística e um alvo bastante apetecível para qualquer emblema europeu. O actual técnico do United, David Moyes, não conta com ele, e já se fala num possível regresso ao Sporting por empréstimo, ficando o clube inglês com o direito de opção de compra de William Carvalho.
Os festejos de Nani no seu ano de estreia. Fonte: Site Super Sporting
No mesmo ano do lançamento de Nani, e depois de um empréstimo ao Casa Pia, surge outro grande extremo, nunca aproveitado pelos lados de Alvalade. É difícil descrever a sua história de leão ao peito, pelo simples motivo de que quase tudo se resume a empréstimos: duas épocas consecutivas no Vitória de Setúbal e uma temporada em Espanha, no Recreativo de Huelva. O desejo de voltar ao Sporting não se cumpriria, pois Paulo Bento (técnico do Sporting na altura) viria a dispensá-lo no ano de 2008. Silvestre Varela assinaria pelo Estrela da Amadora, onde brilhou, chamando a atenção do FC Porto, que o contratou na época seguinte. Varela construiu uma bela carreira de dragão ao peito, onde já milita há cinco temporadas, tornando-se num dos grandes jogadores da Liga Portuguesa e da Selecção Nacional.
Varela brilhou no Estrela da Amadora, após ser dispensado por Paulo Bento Fonte: Futebol Mundial
Na época transacta, assistimos ao nascimento, pelas mãos de Jesualdo Ferreira, de mais um extremo tremendamente promissor. Numa época terrível para o Sporting, os rasgos desta pérola luso-guineense arrancaram alguns sorrisos aos milhares de adeptos verde-e-brancos orgulhosos com a qualidade da sua formação. Depois de diversos jogos brilhantes na equipa B, e de outras tantas jogadas memoráveis na equipa profissional do leão, Bruma explode e mostra ao mundo toda a sua magia num mundial sub-20 onde foi considerado o segundo melhor jogador da competição. Percorrido este ainda curto caminho, o jovem jogador foi mal aconselhado por advogados, tutores, empresários, e acabou por protagonizar uma novela que terminou na sua venda aos turcos do Galatasaray, onde tem dado boas indicações, apesar das escassas oportunidades de jogar os 90 minutos. Se trabalhar arduamente e tomar as decisões certas, acredito que possa chegar ao nível de, pelo menos, um Nani.
Bruma joga agora no Galatasaray Fonte: Futebolportugal
O mais recente capítulo desta bela História foi escrito ontem, no Sporting – Marítimo a contar para a Taça da Liga, quando um menino de 19 anos assina uma obra de arte fenomenal, abrindo caminho à contundente vitória leonina. Um dos mais influentes em todas as camadas jovens que percorreu, integrou a equipa de juniores com idade juvenil, integrou a equipa B com idade júnior, e mais recentemente tem sido lançado, jogo após jogo, por Leonardo Jardim, demonstrando sempre um toque de bola fora do comum. Carlos Mané demonstrou de uma vez por todas, ontem, que merece a oportunidade proporcionada pelo “Mister” Jardim, e mesmo depois do golo não se deslumbrou, jogando com responsabilidade, pondo a equipa sempre à frente do seu benefício pessoal. Este “puto” tem tudo para ser como todos os outros jogadores que referi anteriormente, e não tenho dúvidas de que dentro de alguns meses passará de uma promessa a uma clara afirmação.
É impressionante o reportório de extremos de nível mundial saídos da fábrica de Alcochete. Enumerei nove, mas podiam ter sido mais, não fossem algumas decepções como Fábio Paím, Edgar Marcelino, Vasco Matos, David Caiado ou Diogo Salomão. Espero e acredito que esta saga em busca do extremo perfeito não termine, e aposto em Iuri Medeiros como protagonista do próximo capítulo.
“Não podemos ter receio de lançar os nossos talentos” – concordo com o mister. Afinal são eles que têm escrito a História do futebol…
O FC Porto recebeu e venceu o Penafiel por 4-0, saltando, assim, para a liderança do grupo B da Taça da Liga. O jogo foi marcado por uma interrupção no início da segunda parte provocada pelo mau tempo que se abateu sobre o Dragão. Quaresma, Jackson (2) e Varela foram os autores dos golos azuis e brancos.
Paulo Fonseca promoveu oito alterações em relação ao último jogo, na Luz, para o campeonato: Fabiano assumiu a baliza, Maicon voltou ao eixo da defesa, Ricardo jogou no lugar do castigado Danilo, Josué e Defour voltaram ao onze, Kelvin teve mais uma oportunidade a titular, Ghilas foi o ponta-de-lança e Quaresma regressou à competição no Dragão, cinco anos depois. Mangala, Alex Sandro e Fernando foram os únicos resistentes da última batalha.
O Penafiel foi a terceira equipa da Segunda Liga que o FC Porto enfrentou este ano. Ao contrário de Trofense e Atlético, equipas do fundo da tabela, que optaram por jogar “na retranca” e que acabaram eliminadas na Taça de Portugal, o Penafiel, que ainda sonha com a promoção ao primeiro escalão do futebol português, apresentou-se no Porto com uma postura bem diferente, jogando um futebol positivo, no campo todo, pressionando bem à frente e causando ocasiões de perigo. Além dessa nota, digna de registo, convém realçar a enorme falange de apoio que o Penafiel arrastou até ao Dragão.
Quaresma, num toque de génio de cabeça, abriu a contagem para os portistas / Fonte: MaisFutebol
Apesar da postura agressiva e da competência táctica do adversário, o FC Porto dominou a partida e foi um justo vencedor. Na primeira parte, destacaram-se Quaresma e Josué. O primeiro golo – o único marcado nos primeiros quarenta e cinco minutos – foi da autoria de ambos: Josué fez um passe longo para Quaresma, que, de cabeça e de costas para a baliza, fez um chapéu de belo efeito ao guarda-redes. Josué, com o papel de maestro, foi pautando o jogo do FC Porto e exibiu-se ao seu melhor nível, pese embora alguns passes menos bem medidos; Quaresma destacou-se pelos toques de génio que prometem fazer as delícias dos azuis e brancos na segunda metade da temporada. Desde trivelas a passes de letra, o Mustang contribuiu decisivamente para a vitória portista e, embora tenha sido displicente numa ou noutra situação, trabalhou muito e bem, mostrando ao treinador que pode ser uma opção bastante válida.
Na segunda parte, já depois da paragem motivada pela chuva intensa que alagou o relvado e pelo vento forte que arrastou alguns painéis publicitários para dentro das quatro linhas, o FC Porto entrou ainda mais agressivo e o Penafiel nunca mais conseguiu apresentar a fluidez que evidenciou quando o tapete do Dragão estava ainda próximo das condições ideais. Jackson e Varela – dois jogadores fortes fisicamente – substituíram Kelvin e Quaresma – dois fantasistas – e o jogo do FC Porto melhorou substancialmente. Neste caso, o mérito tem de ser dado a Paulo Fonseca, que lançou as peças certas na altura certa. Tanto um como outro foram fundamentais para vencer os duelos corpo a corpo no meio-campo do Penafiel.
Com Josué sobre a esquerda, Varela sobre a direita e Jackson a reforçar a presença na área, junto a Ghilas, o FC Porto arrancou para a goleada. Primeiro, Jackson correspondeu da melhor maneira a um surpreendente e espectacular cruzamento de letra do argelino; depois, já com Carlos Eduardo em campo, na sequência de um canto, Cha Cha Cha bisou com um cabeceamento fulminante. Ainda antes do final, também depois de um pontapé de canto, Varela haveria de dilatar o marcador, permitindo ao FC Porto ultrapassar o Sporting no número de golos marcados e atirando os dragões para a liderança do grupo. Varela parece estar em posição irregular quando recebe a bola de Mangala, após uma jogada de grande confusão na área penafidelense.
Jackson saltou do banco aos 58 minutos para bisar na partida / Fonte: FCPorto.pt
De resto, mais algumas notas: Fabiano voltou a mostrar todos os seus dotes e voltou a não sofrer golos; Ricardo esteve novamente em bom plano na posição de lateral direito; Defour demonstrou que está em melhor forma do que Lucho, pese embora tenha tido o falhanço mais escandaloso do jogo, na cara do guarda-redes Coelho; Kelvin mostrou que é mais jogador do que Licá… novamente; e Ghilas fez, porventura, a melhor exibição ao serviço do FC Porto – finalmente teve bola, ao contrário do que aconteceu nos outros jogos, como o contra o Sporting, e aquele cruzamento de letra para o primeiro golo de Jackson foi a cereja no topo do bolo.
Foi uma exibição francamente positiva do FC Porto, frente a uma equipa cujo bom trabalho do treinador é bem evidente, e uma boa resposta à derrota infligida pelo Benfica no Domingo passado. O jogo da última jornada da Taça da Liga, no Dragão, frente ao Marítimo, será decisivo (assim como a recepção do Penafiel ao Sporting). Para já, tudo em aberto: dragões e leões discutirão a presença nas meias-finais da Taça da Liga à beira Douro, presumivelmente jogada contra as águias (que, em caso de vitória, se apuram desde já).
A primeira volta do campeonato chegou ao fim. Com a afirmação do Sporting como candidato ao título, os clubes ‘’não-grandes’’ perderam espaço para poderem lutar pelos lugares de acesso à Liga dos Campeões. Com isto, temos quatro equipas (por enquanto) a lutar pelos lugares da Liga Europa. Na parte de baixo da classificação temos também quatro equipas em dificuldades, duas das quais que foram promovidas da Segunda Liga na época transata. Este texto fará uma análise à forma como as equipas se bateram nesta primeira volta da Liga Zon Sagres.
Estoril-Praia, 4º classificado – Com 25 pontos, a equipa de Marco Silva continua a mostrar que a época passada não foi um acaso. Com muitos jogadores perdidos na transição de épocas, os canarinhos têm mais sete pontos do que tinham no ano passado na altura em que terminou a 1ª volta. Com apenas quatro derrotas (Braga, Benfica, Setúbal e Guimarães), a equipa segue com dois pontos de avanço sobre os adversários diretos na luta pela Liga Europa. Curiosamente, 16 dos 25 pontos foram conquistados fora de casa. A equipa da Linha continua em prova nas duas taças internas.
Nacional da Madeira, 5º classificado – A equipa da Madeira é sempre uma crónica candidata aos lugares europeus; contudo, nem sempre é feliz. Este ano apresenta um conjunto forte, bem comandado por Manuel Machado, que já não perde há sete jogos (cinco empates e duas vitórias). Roubou pontos ao Porto e ao Sporting e tem apenas uma derrota em casa. Comparativamente ao ano passado, tem mais nove pontos, o que deixa bons indicadores de poder ser este ano que o Nacional seja feliz e consiga aceder à Liga Europa. Já foi eliminado da Taça de Portugal e a Taça da Liga (com Benfica no grupo) está complicada.
Vitória de Guimarães, 6º classificado – Tal como os dois clubes anteriores, também o Guimarães tem mais pontos do que a época passada por esta mesma altura: são mais três. A equipa de Rui Vitória sofreu uma pesada derrota no derby do Minho, o que pode abalar a confiança, não só pela derrota mas também por ter visto interrompida uma série de quatro jogos sem perder (três vitórias e um empate). O objetivo dos vimaranenses é a Liga Europa e está perto; apenas um ponto separa a equipa dos lugares. Arredado da Taça de Portugal e da Taça da Liga, a não conquista desse objetivo pode ser um fiasco para a equipa.
Treinador do Guimarães, Rui Vitória. diariodigital.sapo.pt
Sporting de Braga, 7º classificado – É a principal desilusão da época: menos sete pontos do que o ano passado (meio da época) e já com sete derrotas, quase tantas como a época passada inteira (dez). Jesualdo Ferreira tem a vida complicada no Minho; apesar de ter vencido e convencido no derby, as coisas no campeonato não têm corrido nada bem. Aquando das cinco derrotas consecutivas da equipa, o presidente, António Salvador, decidiu manter a confiança no experiente treinador. O plantel melhorou o seu futebol e tem conseguido melhores resultados, mas ainda é pouco para uma equipa com expetativas tão altas no futebol português. A Taça de Portugal e Taça da Liga têm assumido um papel importante esta época, em termos motivacionais – e, com os sorteios favoráveis, os bracarenses podem mesmo aspirar à conquista de ambas as provas.
Gil Vicente, 8º classificado – Uma época tranquila é sempre o desejo dos sócios e do presidente do Gil Vicente e João de Deus (treinador) não quis desiludir ninguém e é o que está a fazer; tem 18 pontos mais do que os 15 da época passada na mesma altura e ainda está na luta pela passagem na Taça da Liga. A Taça de Portugal já não é possível, mas também nunca foi um objetivo. Após o melhor arranque de sempre da equipa de Barcelos, o Galo parece não ter mais voltado a cantar, isto porque já lá vão seis jogos consecutivos sem ganhar em que a equipa apenas tem um ponto. Com um arranque tão auspicioso esperava-se mais deste Gil, mas com um orçamento tão reduzido e tão poucas ambições a nível europeu, podemos e devemos dizer que a prestação de João de Deus no comando dos gilistas é satisfatória.
Treinador do Rio Ave, Nuno Espírito Santo. rioave.net
Rio Ave, 9º classificado – Nuno Espírito Santo continua a demonstrar que é um ótimo treinador para o Rio Ave; apesar de estar uns furos abaixo do que tinha conseguido na época passada (menos três pontos), o técnico está a fazer um campeonato tranquilo e mantém a equipa longe da zona de despromoção. A grande deficiência da equipa de Vila do Conde têm sido os jogos em casa, apenas quatro pontos dos 18 conquistados. Os últimos dois confrontos para a Liga resultaram em dois empates e a equipa quer regressar às vitórias já este fim-de-semana diante do Belenenses, para se afastar ainda mais dos lugares de despromoção. A Taça de Portugal e a Taça da Liga têm corrido bem e o sorteio foi favorável aos vila-condenses, que evitaram as equipas grandes e podem assim sonhar mais alto nestas competições.
Aqui vamos nós! Com as finais de conferência marcadas para sábado, aproximamo-nos cada vez mais do mediático Superbowl. E que playoffs têm sido estes… Jogos renhidos, com recuperações incríveis, jogadas de cortar a respiração. Mas, no fim de tudo, volto a reafirmar aquilo que disse aqui há umas semanas: os Seattle Seahawks são os melhores da liga.
Antes de mais, temos de olhar para o alinhamento de domingo. Os Seahawks vão receber os San Francisco 49ers para reeditar uma rivalidade bem acesa, ao passo que, no outro lado, os Denver Broncos enfrentam os New England Patriots. Só os 49ers me surpreendem de alguma forma, embora a falta de experiência dos Carolina Panthers em jogos de playoff pudesse – como se viu, aliás, na derrota por 10-23 – estar em evidência.
Os Seahawks foram mais fortes e acabaram a derrotar os Saints por 23-15 nas meias-finais de conferência Fonte: gannett-cdn.com
Os Patriots têm Tom Brady como figura, enquanto nos Broncos é Peyton Manning. Já nos 49ers, Colin Kaepernick é a estrela. Tudo quarterbacks. Então e nos Seahawks? É por não definir um só jogador que os atiro para a conquista no Superbowl. Como ouvi alguém dizer, hoje, os Seahawks “são um exército”.
É fabuloso ver o QB Russell Wilson manejar o ataque, com Marshawn Lynch e Golden Tate como armas. Depois há a defesa, absolutamente sufocante, a melhor da liga em termos estatísticos. Secaram Drew Brees, contra os New Orleans Saints, sem pedir licença. Suspeito de que Kaepernick vá padecer do mesmo mal, já que Richard Shearman e Earl Thomas são dois dos melhores defesas da NFL.
Bestiais
Como já destaquei os Seattle Seahawks aqui, vou dar o protagonismo aos New England Patriots. É certo que, em casa, os Pats sentem-se como peixes na água, mas a forma dominadora como despacharam os Indianapolis Colts impôs respeito (43-22). Tom Brady controlou, a defesa acabou com a sorte de Andrew Luck, dos Colts, e marcou embate com os Broncos de Peyton Manning. É desta que os Patriots regressam ao Superbowl?
Bestas
Oh Cam, oh Cam… No último texto que aqui escrevi, disse que os teus Panthers queriam chegar ao topo às tuas custas. Nada feito. A estrear-se nos playoffs, Cam Newton não conseguiu resolver a dura defesa dos 49ers e acabou por nem sequer conseguir cheirar o triunfo (10-23). Ainda assim, cuidado. Os Panthers são jovens, vão ter esta experiência para o ano e vão voltar mais fortes. Candidatos.
Cereja no topo do bolo
Broncos-Patriots na final da AFC. Peyton Manning vs Tom Brady. Se nunca viram futebol Americano, é uma boa oportunidade, já que o jogo até começa cedo, às 20 horas de domingo. Tem tudo para ser absolutamente épico, e confesso que estava a torcer para que este cenário acontecesse. Agora… que haja muitos pontos e muita emoção.
Quando ouvimos “amarelo” no desporto e usando, como exemplo, o futebol, é sim considerado um “aviso”, mas o destino do jogador já está neste momento muito mais instável, colocando-o numa “corda bamba” no papel das infrações: mais um amarelo significa também uma expulsão, que advém do cartão vermelho que é imediatamente mostrado.
Ora, no caso do voleibol, o cartão amarelo até hoje era considerado «penalização» – na medida em que significava a perca de um ponto para a equipa cujo cartão fora atribuído a determinado jogador e a consequente perca do direito a servir.
Na mais recente alteração das regras do voleibol internacional – as quais já estão em vigor na competição nacional, regional e local – o amarelo passou a funcionar como uma simples advertência ou, dito por forma mais simples, um “aviso”.
Nas regras antigas isto seria uma penalização. Agora é só uma advertência que não afeta o resultado do jogo. Fonte: melhordovolei.com.br
Se imaginarmos uma hierarquia, no voleibol das regras antigas tínhamos amarelo, vermelho e os dois em simultâneo (mostrados sempre com a mesma mão): penalização, expulsão (saída da área de jogo durante apenas durante o set e permanência na área de penalização) e desqualificação (abandono total da área de jogo e para a sua total duração), respetivamente.
Ora, numa tentativa de controlar as sanções a cometer (espelhando o caso das maiores competições nacionais – 1ª Divisão – não é usual haver comportamentos grosseiros, ofensivos ou mesmo agressivos), em vez do habitual aviso verbal que se fazia, o cartão amarelo passa a ter esse valor. Temos neste caso um vermelho que passa a ser penalização e os dois cartões em simultâneo na mesma mão são a expulsão – basicamente é um lugar abaixo na hierarquia que referi. O caso da desqualificação – e como as novas regras não apresentam novos cartões – passa a ser também os dois cartões mas um em cada mão, mostrados simultaneamente, claro.
Sou árbitro. A minha visão bem direta desta alteração é a de que neste momento, e maioritariamente nos escalões de formação e em competições de cariz mais amador (onde é mais importante cumprir regras de sancionamento e fomentar a cultura do “fair play”), muito mais dificilmente haverá sanções de cariz de penalização (antigo amarelo). Os árbitros continuarão a fazer constantes advertências verbais sem ter noção de que, por vezes, quando “a conversa já é muita”, o cartão amarelo “avisa”, e não posso discordar disto – mas é um aviso já “sério” e que obriga o interveniente a tomar precauções para que da próxima não aconteça uma penalização (vermelho); e aqui a equipa toda será afetada.
De uma forma geral, estando no papel do jogador ou outro membro da equipa técnica, a mentalidade será: “bem, posso refilar porque o árbitro ainda há de me avisar uma vez ou outra vez, e só depois me mostra um ‘amarelinho que não conta para nada’, e depois… Aparece o vermelho!”.
A questão principal e que conclui a minha reflexão desta semana é que tanto a equipa de arbitragem como quem está em campo ou no banco tem de ter noção dos comportamentos que tem e das penalizações que advêm desses comportamentos – se estes não coincidirem com a conduta correta a ter segundo a regulamentação imposta.
A nova alteração impõe que o árbitro tenha de tomar um papel mais decisivo e momentâneo na aplicação de sanções, de forma a dar o devido ao valor ao cartão amarelo, que prevê um conjunto de sanções que nenhuma equipa deseja. É um aviso, mas nunca poderá ser o simples aviso que na regulamentação antiga se dava antes da penalização. Agora o amarelo significa para o árbitro: “não preciso de dizer mais nada – não se passa nada com este cartão, mas na realidade pode passar-se tudo se não te portares bem.”