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Estrelismos de menino ou meninice da comunicação social?

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lanternavermelha

Segundo o Correio da Manhã, ou da Manha, como preferirem, Ivan Cavaleiro não quis renovar com o Benfica.

Ora bem, isto tanto pode ser uma grande manha como uma grande verdade. Mas vindo de onde vem, talvez o importante seja perceber as implicações disto num formato meramente especulativo. E a ideia aqui é essa.

Ivan Cavaleiro tem sido no decorrer desta época um miúdo em destaque na equipa B encarnada, com oportunidades no plantel principal, minutos de jogo e bons apontamentos que o fizeram ser reconhecido como a nova aposta da formação encarnada – esperando eu e muitos adeptos que não seja a única.

Então elucidem-me: o que leva um miúdo que vem da formação, que desponta na equipa B e que até tem oportunidades no principal plantel do Benfica a não querer renovar? É que, por exemplo, o Miguel Rosa (actualmente no Belenenses) é claramente um caso de eternidade secundária (leia-se ‘com Jesus nunca iria ter minutos na equipa principal, ficando para sempre como o capitão da equipa B’), pelo que fez todo o sentido abandonar o clube e procurar, obviamente, uma oportunidade de mostrar o seu valor fora de portas. Já em relação a Cavaleiro, não se aplica o mesmo princípio. Deste modo, estamos na presença de um novo caso Bruma? Espero que não e acredito que não.

É para continuar? Fonte: record.xl.pt
É para continuar?
Fonte: Record

Em primeiro lugar, porque o rumor, que é só isso, vem de onde vem (o respeitado Correio da Manha – sim, da manha); e em segundo lugar porque quero acreditar que temos, enquanto clube, pessoas e uma estrutura competentes para elucidar o jovem menino de que o melhor é estar onde está, sem estrelismos nem peneiras, porque, se analisarmos bem, ainda não mostrou nada.

O Ivan tem tudo para ser a nova pérola encarnada, tem força física, velocidade, técnica, irreverência própria da idade e é acarinhado pelos adeptos. Algo que não acontece com todos. Algo que deve ser valorizado pelo jogador e pelo qual deve estar agradecido. Se existe potencial no menino para voar mais alto do que aquilo que o Benfica tem para oferecer? Com trabalho e a evolução que se espera dele, acredito que sim. Pode ambicionar mais e acho que é inclusivamente legítimo fazê-lo. Contudo, julgo que é necessária alguma água na fervura.

Há que ter noção de que se é jovem, de que não se pode exigir ao clube mundos e fundos sem dar provas concretas para isso.

Em terceiro lugar, não estamos do outro lado da segunda circular.

Portanto, Ivan, se leres isto, agradeço, e peço, enquanto benfiquista, que continues a fazer o teu trabalho, que não te iludas, que despontes, que te mostres, que renoves, que percebas o teu actual lugar mas também aquele que pode vir a ser o teu lugar dentro do Benfica.

Não queiras ser um Bruma, até porque Ivan Cavaleiro soa muito melhor.

Enfim, isto seria o que teria a dizer caso este caso fosse real. Como foi notícia com fundamento no vazio, noticiada no magnífico jornal ao qual não faço mais publicidade, a única coisa que tenho a dizer ao Ivan é:

Jogas muito, meu menino! Por isso continua e nunca te estragues.

Dos graffitis para o Guiness – Entrevista a MrDheo

entrevistas bola na rede

MrDheo, portuense e portista, é um dos mais reputados graffiti writers portugueses. Já trabalhou em dezenas de países, entrou no Guiness World Records e o seu percurso tem uma ligação forte ao futebol. Ganhou protagonismo internacional quando foi à Colômbia retratar El Tigre Falcao ou quando personalizou umas chuteiras para o controverso Super Mario Balotelli. Participou, esta época, na festa de apresentação aos sócios do Futebol Clube do Porto e foi o responsável pelo “fresco” na entrada do Museu do clube recentemente inaugurado. O Bola na Rede foi tentar saber mais sobre o trabalho deste enorme talento.

Bola na Rede: Há quanto tempo fazes graffiti? De onde surgiu o “bichinho”?

MrDheo: Faço graffiti há 13 anos. Desde pequeno que mantenho o gosto pelo desenho. Aos 13/14 anos comecei a ouvir hip-hop, onde o graffiti é uma das quatro vertentes, e quando tive acesso a esta forma de expressão pela primeira vez senti uma identificação imediata, o que me levou a pesquisar informação para perceber o que era e como era. Daí à prática foi um instante. E mantive-me activo até aos dias de hoje.

BnR: Recentemente foste a Abu Dhabi para participar num gigante graffiti colectivo que vai entrar no Guiness World of Records. Conta-nos mais sobre essa experiência.

MD: O “O1NE” é um espaço de diversão nocturna construído este ano em duas cidades: Beirute (Líbano) e Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). O proprietário quis arrancar com um projecto megalómano a todos os níveis e a parte da decoração das fachadas foi adjudicada a um artista holandês, que subcontratou uma equipa de 18 artistas para a executar, onde eu estava incluído. Em Maio, a equipa arrancou para Beirute e eu, infelizmente, não passei do aeroporto por problemas no passaporte. Como estava em Malta quando os restantes artistas lá chegaram e já ia com 3 dias de atraso, o projecto arrancou sem mim. Em Setembro foi a vez de Abu Dhabi. Para que se perceba o processo, posso dizer-te que o planeamento destas duas fachadas demorou cerca de 3 anos, o que significa que, assim que chegamos lá, todos sabíamos o que fazer e onde fazer. Em 15 dias terminámos a pintura, sendo que trabalhámos apenas durante a noite, devido ao calor (tivemos inclusive de assinar um contrato que nos “obrigava” a beber 1L de água por hora), e utilizámos 5500 latas. Comparativamente com o “O1NE” do Líbano, este tinha maior área decorada – 270m de comprimento por 18m de altura – e o Guiness considerou-o o maior graffiti de propriedade privada do mundo. Foi uma experiência diferente, claro, não só pelo projecto em si como pela sua localização. Foi duro, deu muitas dores de cabeça e muito trabalho – inclusivamente, estava a mancar e acabei por ir ao hospital com um problema no pé – mas valeu muito a pena.

BnR: Quando e como é que decidiste juntar a paixão pelo graffiti com a paixão pelo futebol pela primeira vez?

MD: A arte e o futebol estiveram lado a lado em toda a minha vida. O meu grande objectivo quando era novo era, claro, ser jogador profissional. Joguei 11 anos como federado e deixei de o fazer, primeiro porque me detectaram um problema de saúde que podia fazer com que caísse para o lado a qualquer momento, depois porque apanhei um treinador nos júniores que bebia mais do que eu jogava à bola e que por algum motivo me fez a vida negra a época toda. Nessa altura já fazia graffiti e também já começava a ser difícil conciliar as duas coisas, por isso abandonei uma e abracei a outra por completo. Mas quis sempre voltar a juntar essas duas paixões de alguma forma e isso surgiu pela primeira vez a sério em 2010, com a personalização das chuteiras para o FC Porto-Arsenal.

BnR: Como é que surgiu a ideia de personalizar chuteiras?

MD: Nessa altura, em 2010, já estava em contacto com o FC Porto e com alguns projectos em cima da mesa. O FC Porto ia receber o Arsenal em casa para a Champions e, como eu já personalizava sapatilhas da Reebok, lembrámo-nos de que seria interessante fazer o mesmo numas chuteiras que seriam oferecidas aos Gunners. O Porto entregou-me umas chuteiras brancas e uma caixa feita à medida e deixou o resto à minha criatividade. Felizmente correu bem e uns meses mais tarde fizemos o mesmo para oferecer a um dos patrocinadores do clube.

BnR: Para que jogadores já personalizaste chuteiras?

MD: Há trabalhos que não podem ser tornados públicos. Não só pela questão dos contratos dos jogadores com as marcas, mas também porque há clubes que gerem a imagem dos jogadores e que não permitem que nada que não seja elaborado por eles seja publicado. Portanto, apesar de ter feito já várias coisas nesta área, o que é público são as chuteiras para FC Porto, Emmanuel Frimpong, Mario Balotelli, Gokhan Inler e Paulo Machado.

BnR: As chuteiras que personalizaste para o Mario Balotelli (AC Milan) ou para o Gokhan Inler (Nápoles), por exemplo, não podem ser usadas em campo – são um mero elemento decorativo. No entanto, as que personalizaste mais recentemente para o Paulo Machado (Olympiacos) já podem ser utilizadas durante os treinos e os jogos. O que mudou na tua técnica de personalização?

MD: A ideia inicial sempre foi mantê-las como um elemento decorativo – os jogadores terem as chuteiras e a caixa personalizada para guardarem como recordação, assim como guardam camisolas, taças e medalhas. O material que utilizo normalmente era suficiente para esse efeito e não precisava de explorar outros materiais e outras técnicas. O que aconteceu foi que alguns jogadores entraram em contacto comigo, dizendo-me queriam jogar com elas, mas eu sabia que as personalizações que fazia não garantiam a resistência e durabilidade suficientes para jogos de alta competição. Tive de “suspender” de alguma forma o projecto até conseguir dar resposta a esses pedidos e estive cerca de 4 meses a fazer pesquisa e a testar novas tintas e novas técnicas que me dessem uma garantia total de que as chuteiras pudessem ser utilizadas em campo. Acho que essa fórmula está encontrada.

Chuteiras personalizadas para Paulo Machado
Chuteiras personalizadas para Paulo Machado

BnR: Quanto tempo demoras a personalizar umas chuteiras?

MD: Depende sempre do nível de detalhe de cada personalização. Em cada projecto há pesquisa, preparação, isolamento, várias camadas de tinta, acabamento, etc. Diria que, em média, uma personalização completa leva uma a duas semanas.

BnR: Tens tido muita procura? Achas que dentro de uns anos poderemos ter dezenas de jogadores a disputar a Liga dos Campeões com chuteiras personalizadas por ti?

MD: Acho que tenho tido a procura suficiente e possível, sem englobar jogadores não profissionais ou pessoas que nem jogam mas que querem ter umas chuteiras personalizadas. São pedidos que recebo com alguma regularidade de todo o mundo mas que neste momento descarto por querer focar-me no mercado de jogadores profissionais. E essa é uma decisão arriscada, que torna as coisas um pouco mais difíceis. Não só porque é um projecto inovador – e isso é sempre um factor de risco -, mas também porque, como deves imaginar, não é fácil chegar ao contacto com os jogadores. Principalmente para mim, que durante toda a minha vida achei que, se trabalhasse, as oportunidades haveriam de chegar. Ou seja, não sou apologista de andar a bater às portas e a dizer que faço isto e aquilo, mas sim de trabalhar no duro e de procurar evoluir até baterem à minha porta. E sinto-me bem por hoje ter contacto com vários jogadores e terem sido eles a procurar-me pelo trabalho que tenho vindo a fazer. Mas as coisas vão acontecendo, não acontecem todas de uma vez. Agora, em relação à segunda pergunta, obviamente que gostava mas devo dizer-te que talvez seja algo irrealista. Não só porque tenho de manter os pés assentes na terra e dar um passo de cada vez, mas também porque há contratos com as marcas que impossibilitam que muitos jogadores possam utilizar umas chuteiras personalizadas em campo. As marcas pagam-lhes para eles usarem um modelo que seja vendável. Um jogador de topo usa as Mercurial porque milhares de pessoas em todo o Mundo vão comprá-las para ser como ele. Se esse jogador usar um modelo exclusivo meu e a marca não as tiver para venda, como é? O meu trabalho cai bem aos jogadores mas nem sempre cai bem às marcas. Não é nada que me preocupe, mas é algo que me leva a encarar este projecto como um jogo de possibilidades: há coisas possíveis e há outras que nunca serão uma hipótese 100% viável.

Chuteiras personalizadas para Gokhan Inler
Chuteiras personalizadas para Gokhan Inler

BnR: O que representaria para ti ver, por exemplo, Cristiano Ronaldo com umas chuteiras personalizadas por ti no Mundial 2014?

MD: Neste momento é algo impensável, diria até impossível. Ainda para mais numa competição desse tipo. Mas estamos a falar do melhor jogador do Mundo, de uma máquina autêntica e de um símbolo do nosso país, portanto seria obviamente muito bom a todos os níveis.

BnR: Há algum jogador em particular que gostarias de ver com umas chuteiras personalizadas por ti?

MD: Não gosto de pensar muito nisso, porque inconscientemente posso estar a colocar metas intangíveis e quero concentrar-me no presente, naquilo que é possível fazer. O que tiver de acontecer acontece.

BnR: Já estudaste a possibilidade de personalizar calçado para outros desportos? É absurdo imaginar, por hipótese, um jogador da NBA com calçado personalizado por ti?

MD: Já pensei, apesar de o futebol ser o “meu” desporto e de me dar muito prazer trabalhar neste meio. A NBA seria uma montra incrível e obviamente que seria muito interessante. Mas sim, parece-me um pouco absurdo neste momento e acho sinceramente que a questão dos contratos dos jogadores ainda deve ser mais limitativa do que no futebol.

BnR: Já tiveste algum trabalho relacionado com outra modalidade que não o futebol? Pensas nisso?

MD: A nível de personalização não, tirando uma ou outra prancha de surf que fiz para não-profissionais. Não penso nisso mas pode acontecer. Aliás, tudo pode acontecer.

BnR: No ano passado foste à Colômbia pintar um enorme mural dedicado a Radamel Falcao e o próprio jogador partilhou o teu trabalho nas redes sociais. Como surgiu o convite? Estavas à espera de tamanho impacto?

MD: Fui convidado para participar na primeira Bienal de Arte Pública em Cali. O meu mural era no Estádio Pascual Guerrero, estádio do América de Cali, e lembrei-me de o homenagear. Felizmente, saí nos jornais todos, fui capa do El País, apareci nas televisões, o presidente do Alcadia quis conhecer-me pessoalmente… Enfim, correu bem, mas claro que não esperava que tivesse esse impacto todo!

Mural com Radamel Falcao, em Cali (Colômbia)
Mural com Radamel Falcao, em Cali (Colômbia)

BnR: Já este ano, pintaste o tecto da entrada do Museu do Futebol Clube do Porto. O que sentiste ao olhar para o teu trabalho depois de o museu estar aberto?

MD: Eu sou muito auto-crítico, demasiado até. Por um lado é bom porque me obriga a querer ser melhor, a aprender e a trabalhar cada vez mais; por outro leva-me a pensar no cliché “se não te valorizares, quem é que te vai valorizar?”, o que não deixa de fazer sentido. Isto para explicar que não consigo parar à entrada do Museu, olhar para cima e pensar “Grande trabalho, pá!”. Não consigo. O que sinto verdadeiramente é orgulho por ter chegado ali, por ter tido a honra de ser convidado pelo meu clube para fazer parte da sua história, por todas as dificuldades que enfrentei sozinho durante anos e anos e pelos riscos que corri ao assumir que era do meu trabalho que queria viver, numa altura em que qualquer pessoa se iria rir com isso. Quando olho para cima, penso na pessoa, não no artista. Penso no percurso e não propriamente na obra final. O melhor exemplo disso é que só fui ver essa obra uma vez mas penso nela várias vezes. Vejo este e outros trabalhos que tenho a oportunidade e a honra de fazer como uma recompensa por tudo o que passei para chegar até aqui, de forma a perceber que valeu e continua a valer a pena.

BnR: Tiveste dificuldades em escolher o desenho? Havia outras hipóteses? A decisão foi exclusivamente tua?

MD: Tenho a sorte de o FC Porto ser um cliente fantástico porque me valoriza como ser humano e como artista. Isso faz com que me dê total liberdade criativa em tudo aquilo que faço para o clube. Quando se pensa numa obra desta envergadura e desta importância, há sempre mil e uma dificuldades e mil e uma hipóteses, portanto é sempre um processo longo e de trabalho exaustivo. Gosto de partilhar as minhas ideias com aqueles que me estão mais próximos, de saber a opinião deles, de ouvir os seus conselhos, e isso também é extremamente importante nesse processo. Com as cartas todas na mesa, achei que faria todo o sentido, por todos os motivos e mais algum, pintar um Dragão. Desenvolvi o projecto e, assim que o terminei, apresentei-o ao FC Porto. O feedback foi rápido e 100% positivo e passados uns dias estava a começar a obra.

BnR: Antes do jogo de apresentação do FCP, este ano, pintaste um grande mural com um pedaço da história do clube. O que sentiste ao estar ali? Qual foi a reacção das pessoas?

MD: Pintar em pleno relvado, com o Dragão completamente cheio, é uma experiência única. Acabas por te sentir parte da festa. Mesmo sabendo que nem de perto és uma figura central, sentes uma responsabilidade muito grande de fazer o melhor trabalho possível, porque tens a consciência de que tudo é preparado ao milímetro por profissionais dedicados que fazem parte de uma estrutura impressionante. Eternizei três símbolos do FC Porto [n.d.r.: Aloísio, Vítor Baía e João Pinto], três jogadores que vi jogar e que fizeram parte da minha infância e adolescência, e foi um prazer enorme poder representá-los ali e vê-los a ser homenageados em frente ao meu trabalho. Na minha perspectiva, pelo que me apercebi, tanto eles como o público em geral gostaram e isso é a maior recompensa que poderia ter.

BnR: Estás, neste momento, a trabalhar em mais algum projecto ligado ao futebol?

MD: Neste momento não estou a trabalhar em nada ligado ao futebol mas tenho algumas encomendas de chuteiras que espero que se concretizem em breve.

BnR: Tens algum sonho profissional ligado ao futebol que ainda não tenhas cumprido?

MD: Como já referi, não sou muito de sonhos. Acho que devo estar grato por aquilo que já fiz e não pensar naquilo que gostaria de fazer.

BnR: Alguma vez foste convidado por uma claque do Futebol Clube do Porto para pintar uma tarja gigante de apoio à equipa?

MD: Já falaram comigo duas ou três vezes, mas foram coisas pontuais que não se concretizaram.

BnR: O que é que te dá mais gozo – imaginar/planear, executar ou apreciar o trabalho concluído?

MD: Acho que o que dá mais gozo é o processo em si, mas há coisas difíceis de explicar: quando estou a executá-lo, sinto-me ansioso para ver como vai resultar no final. Quando vejo o resultado final, penso em como estava a ser fixe fazê-lo.

BnR: Cada obra que fazes é única e especial. No entanto, se tivesses de escolher duas ou três que representassem a tua carreira até agora, quais escolherias e porquê?

MD: É difícil e acho que não consigo catalogá-las por importância, porque há obras que me dizem mais pelo que representam em termos de conceito e pelo momento em que as fiz e há outras que se calhar não me dizem tanto mas que me trouxeram uma projecção e um retorno maiores. Gosto de olhar para a minha carreira como um todo, agradecer por ter conquistado aquilo que já conquistei e por ter tido as oportunidades que já tive. Quero continuar a olhar para o meu trabalho e nunca sentir que sou especial por ter feito isto ou aquilo, mas sentir que todos os dias dou o meu melhor no que faço, com a consciência de que há sempre muito para aprender, muito por onde evoluir e muito por fazer.

BnR: Quais são os próximos trabalhos que tens em agenda? MD: Tenho coisas em cima da mesa que ainda não estão confirmadas, todas no estrangeiro e para os próximos meses. Quero “fechá-las” para me poder concentrar em outras coisas e descansar um pouco porque este foi um ano em que praticamente não parei. Houve um momento em que dei por mim a pensar que nos últimos 3 meses tinha pintado todos os dias, excepto naqueles em que estava a andar de avião de um lado para o outro, a fazer escalas e em “modo zombie”. Percebi que precisava de descansar a cabeça, as pernas e principalmente os pulmões, que, com tanta tinta, começavam a implorar por umas férias.

Se quiser saber mais sobre o vasto trabalho de MrDheo, aceda à sua página oficial ou à sua página de Facebook.

Mudança de protagonistas

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Neste fim-de-semana, os protagonistas mudaram. Numa liga onde Porto e Benfica são quase sempre os destaques, este fim-de-semana foi a vez de outras equipas. Mas quem são as outras equipas? O HA Cambra, que conseguiu um grande resultado frente ao FC Porto, e o fantástico AD Valongo, que está a ter uma época fantástica. Duas equipas com objectivos diferentes, mas que, este fim-de-semana, tiveram os seus destinos ligados.

Bruno Fernandes foi a grande figura do jogo  Fonte: www.record.pt
Bruno Fernandes foi a grande figura do jogo
Fonte: Record

Em Vale de Cambra, ocorreu a primeira grande surpresa da liga. Humildade, entrega e raça podem resumir a grande exibição do HA Cambra frente ao campeão nacional. Sem vitórias até este jogo, o Cambra derrotou o FC Porto por 7-4, fazendo os azuis e brancos cair com estrondo num terreno onde a vitória parecia ser fácil. Talvez por excesso de confiança, talvez por terem acusado a ausência de Reinaldo Ventura, o Porto nunca se encontrou no jogo. O Cambra chegou a estar a ganhar por 4-1 e conseguiu impedir as tentativas de empate do Porto, que reduziu para 4-3 e depois 5-4. No entanto, os portistas nunca conseguiram estar à frente no resultado e sofreram uma surpreendente derrota, que, para quem tenha visto o jogo, nada teve de surpresa, pois os homens da casa deram uma grande lição ao campeão. O grande destaque vai para Bruno Fernandes, que marcou cinco golos na noite histórica. De lembrar que os jogadores do HA Cambra são amadores. Bruno, quando foi trabalhar de manhã, mal imaginava que umas horas mais tarde iria marcar todos esses golos ao FC Porto.

Paulo Pereira é um dos obreiros da grande época do AD Valongo http://www.advalongo.pt
Paulo Pereira é um dos obreiros da grande época do AD Valongo
Fonte: advalongo.pt

Quem agradeceu foi o Valongo. Os homens do distrito do Porto não podiam pedir melhor temporada. Aliada a uma fantástica campanha na Europa, sendo o primeiro no grupo, com três vitórias em três jogos, o Valongo é líder no campeonato. Aproveitando a derrota do Porto, o conjunto liderado por Paulo Pereira venceu o Sporting de Tomar por 5-2. Este já é o melhor Valongo de que há memória. Com um orçamento de 120 mil euros, o Valongo vai mostrando que o amor à camisola também joga. Ainda é cedo para se dizer se este clube é ou não candidato ao título; a época será longa e os grandes jogos ainda não chegaram, mas a dupla liderança (no campeonato e no grupo A) não é fruto da sorte, mas sim de um projecto sustentável, que tem vindo a crescer. E são projectos destes que fazem bem ao hóquei português.

O que falhou?

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Poderia começar este texto de várias maneiras, pois há muito por abordar. O que falhou na Champions, a incompetência de Jorge Jesus ou mesmo da atitude dos jogadores, mas vamos por partes.

A vitória do Benfica é justa. Foi o regresso às boas exibições e o Artur esteve lá quando foi preciso. Destaco também o Sílvio. Mas o engraçado é que as boas exibições têm acontecido quase sempre na Champions (tirando o jogo em casa com o Olympiakos e em Paris). Depois de uma exibição muito má frente ao Arouca, os jogadores apareceram dispostos a voltar a fazer as pazes com os adeptos. Terá sido o aperto do Luís Filipe Vieira? Talvez. Mas para mim foi o facto de terem jogado na montra milionária. Quando os milhões acenam, quando os tubarões estão a observar, os meninos já jogam como loucos. Quando se está na liderança e o adversário é o ultimo classificado, a coisa vai-se resolver portanto não é preciso correr muito. Esta falta de atitude em certos jogos não pode acontecer, é assim que se perdem campeonatos.

E o que falhou nesta Champions? Muita coisa. Um Roberto no jogo da sua vida e um Benfica demasiado fraco na Luz contra o Olympiakos. Se na Grécia podíamos estar ali até os gregos saírem da crise que a bola nunca ia entrar, na Luz a história foi outra. É certo que na segunda parte o tempo não ajudou e há um penalty por marcar, mas na primeira parte não houve esses condicionantes e o Benfica fez mais uma vez uma exibição deplorável. Jorge Jesus apostou em Ivan Cavaleiro quando Lisboa estava à beira de um dilúvio e o jogador não conseguia correr durante o aquecimento devido ao estado do relvado. Foi neste jogo que o Benfica perdeu a grande oportunidade de dar um passo importante rumo à próxima fase. Em casa temos de dominar, temos de ser favoritos. Tirando os tubarões europeus, temos de dominar o adversário e não ter atitudes passivas.

Jorge Jesus devia trabalhar mais e falar menos / Fonte: controlinveste.pt
Jorge Jesus devia trabalhar mais e falar menos
Fonte: controlinveste.pt

Falando em Jorge Jesus, a sua ambição desmedida paga-se caro. Falou-se muito sobre uma possível ida à final, disputada na Luz, sobre esse sonho que Jorge Jesus tinha. Também eu tenho muitos sonhos, mas para os concretizar tenho de trabalhar para tal. Se o Jorge Jesus fosse de menos conversa e mais acção, talvez agora estivéssemos a ver possíveis adversários na Champions. E, claro, uma final da Champions é um sonho difícil. É preciso ter muita sorte nos sorteios e na fase crítica da época, onde se joga 3 vezes por semana e ter a equipa sempre em forma e fora de lesões. Agora é jogar na Liga Europa. Na Liga Europa, os grandes portugueses podem sonhar com a final e, sendo o Benfica o finalista, é legítimo. Mas isso é para ser falado lá mais para Fevereiro. Até porque esta Liga Europa tem bastantes equipas fortíssimas.

Uma última palavra para o golo do PSG. De nada vale sermos fortes ofensivamente, quando da primeira vez que o adversário vai à nossa baliza a defesa tem uma atitude passiva, a ver jogar o adversário.

Liga dos Campeões ou Liga Europa?

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dragaoaopeito

Em semana fulcral para o Futebol de Clube do Porto na Europa, um jogo em Madrid ditará o futuro da equipa campeã nacional na Europa. O Porto está neste momento em 3º lugar no grupo G com menos um ponto que o 2º classificado, o Zenit. Existe um cenário para o apuramento para os oitavos-de-final:

– O Porto ganha e o Zenit não ganha (empata ou perde) – ficando o Porto com mais pontos.

A passagem aos oitavos-de-final da Champions renderia ao Porto cerca de 3,5 milhões de euros (além do milhão ganho em caso de vitória ao Atlético de Madrid, ou 500 mil euros em caso de empate). A descida à Liga Europa significaria um acréscimo de 200 mil euros pelos dezasseis avos, sendo que nos oitavos o valor seria de 350mil, na final de 450mil, e, se saísse vencedor, cerca de 5 milhões mais (valores bastantes mais baixos do que na Champions).

A questão que é levantada no título deste artigo baseia-se num critério que penso mostrar realisticamente o valor deste Porto para a maior prova de clubes da Europa. Será que uma equipa que em três jogos em casa faz um ponto merece passar aos oitavos da Liga dos Campeões? Não será mais benéfico para o clube passar para uma prova em que tem todas as condições para vencer?

Esquecendo por minutos o factor económico, a Liga Europa proporciona uma grande dose de favoritismo a este Porto. Não há vergonha nenhuma em ir a uma final desta competição, ganhando-a ou não. Competição secundária? Sim, mas uma competição que acaba por ser justa ao serem analisados os orçamentos dos plantéis envolvidos (um Porto na Champions é classe baixa, na Liga Europa é média-alta).

Pessoalmente prefiro ver o meu Porto na Champions, quem sabe a jogar contra um Real, um Barcelona ou Bayern, do que passar a ver jogos à 5ªfeira contra equipas médias da Europa. Sem dúvida que me daria maior prazer chegar às meias-finais da Champions do que vencer uma Liga Europa novamente, porque Champions – Champions é outra coisa.

O capitão do Porto será uma peça importante no jogo de Madrid Fonte:http://www.maisfutebol.iol.pt/
O capitão do Porto será uma peça importante no jogo de Madrid
Fonte:http://www.maisfutebol.iol.pt/

Desde o hino, passando pelo simples autocolante estampado nas camisolas, até ao jogo em si, 90 minutos de tremendo futebol praticado pelas melhores equipas do Mundo, a Champions é para mim o melhor que o futebol tem, e, sendo assim, seria ignorante se não quisesse que o Porto lá estivesse, mesmo como o underdog da competição.

Quero acreditar que em Janeiro vai haver mudanças; se não sai treinador, entra plantel. Um bom Quaresma pode fazer muito bem ao Porto, um excelente Quaresma pode transformá-lo. Não minto, por muitos jogadores que entrem, este Porto nunca se irá transformar numa surpresa como em 2003/2004 e festejar no sítio do costume. No entanto, acredito que com algumas mexidas e com mais minutos para jogadores como Quintero, Kelvin e Ghilas, assim como maior entrosamento entre treinador e plantel, o Porto pode chegar a uns quartos-de-final.

90 minutos separam a continuação de um sonho de um contentamento europeu; seja por vontade de levarem o Porto mais longe ou de simplesmente se quererem mostrar na maior montra europeia, este é o jogo que todos querem jogar. E se ganharmos mas não passarmos, pelo menos fizemos a nossa parte…

Que Nova Pele Para o Leão?

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Verde e Branco à Risca
Há muito que estamos habituados a observar o puma rompante no lado direito do peito dos nossos jogadores, visto que o Sporting mantém um contrato com a gigante desportiva alemã desde o ano de 2006. Porém, esta longa ligação, como é do conhecimento público, termina no final da presente época, depois de ter sido renovada há duas temporadas atrás. Posto isto, parece-me pertinente começar a matutar em qual será a próxima aliada dos “Leões” no que toca ao equipamento desportivo, e principalmente em quais serão os benefícios da mudança.

Equipamento Nike “À Sporting”/ Fonte: Site Sports & Leisurewear
Equipamento Nike “À Sporting”/ Fonte: Site Sports & Leisurewear

Normalmente, pela altura de Janeiro, os equipamentos para a temporada seguinte começam a ser elaborados, pelo que deveremos ter novidades em breve, por parte da direcção. Uma coisa é certa: excluindo as últimas duas temporadas e a presente, a Puma não tem feito um bom trabalho, ao demonstrar alguma apetência para descaracterizar o que é a camisola pura e dura do Sporting Clube de Portugal. Para além das questões meramente “fashionistas”, o Sporting é, dos três grandes (de longe), o que lucra menos com patrocínio das marcas desportivas: recebemos cerca de um milhão de euros por ano para vestir Puma, e apenas 10% do valor da venda de merchandising, o que me parece completamente desrespeitoso, tendo em conta a grandeza do clube. Conclusão? Exige-se mudança.

Sei que, tal como a ligação Sporting/Puma, a ligação FC Porto/Nike também termina no final da presente época, e que o FC Porto passará a ser patrocinado pela norte-americana Warrior, que rubricou um contrato milionário com o Liverpool há duas temporadas. Posto isto, a, também americana Nike ficará sem representação nacional a nível de clubes (Académica, Vitória de Guimarães e Belenenses não possuem patrocínio da Nike, apesar de vestirem equipamentos da marca). Poderá esta ser uma boa oportunidade para “passarmos de burro para cavalo” e rubricarmos um contrato mais proveitoso com uma das marcas mais prestigiadas do mundo? Adorava, mas não é disso que se fala na blogosfera.
Nos blogues sportinguistas e desportivos no geral, fala-se de uma suposta visita de dirigentes leoninos a Bolonha, com o objectivo de negociar contrato com a marca italiana Macron. Esta marca tem tido um “hype” considerável nos últimos anos, aliando-se a clubes em voga, como o Mónaco ou o Nápoles, para além da Lazio, Aston Villa, Bétis, AZ ou mesmo o SC Braga. Se me parece uma boa opção? Bem, não é uma Nike nem uma Adidas, nem até mesmo uma Puma; porém, as marcas têm de ter oportunidade de crescer para poderem ombrear com marcas de nível teoricamente superior.

Equipamento Macron com listas verde-e-brancas/ Fonte: Site Oficial da Macron
Equipamento Macron com listas verde-e-brancas/ Fonte: Site Oficial da Macron

A questão da Macron, no meu entender, depende muito dos valores em questão: os valores pagos pela Puma nos últimos anos têm de ser batidos obrigatoriamente, porque, como é óbvio, precisamos de equilibrar as contas, e o patrocínio da marca desportiva de um clube tem de ser uma fatia importante do lucro da instituição. Porém, esta questão, por si só, pode não chegar. Imaginemos que a Macron oferecia ao Sporting um contrato de dois milhões por ano e que a Nike se chegava à frente com 1,5 milhões/ano. Deveríamos aceitar a proposta da Macron por ser mais choruda, certo? Errado. Neste caso, a meu ver, a proposta da Nike deveria ser aceite sem pensar duas vezes, devido ao simples facto de que, sendo o Sporting equipado pela gigante norte-americana, o número de equipamentos vendidos tanto na Loja Verde como em todo o mundo iria disparar, tendo em conta o prestígio, variedade e qualidade dos produtos da marca. A margem de lucro das vendas dos equipamentos leoninos iria superar, claramente, o dinheiro a mais que a Macron pagaria ao Sporting pelo contrato de patrocínio, para além de que uma marca como a Nike traria ainda mais visibilidade por esse mundo fora ao nosso amado clube, algo que a marca italiana não conseguiria fazer, pelo menos actualmente.

Que nova pele teremos? Não consigo responder a essa pergunta com certezas. Apenas peço três coisas: equipamentos que respeitem a história centenária do clube, um contrato vantajoso e qualidade do material desportivo -três questões que o presidente Bruno de Carvalho, certamente, não permitirá que sejam ignoradas.

Confronto Helénico-Alemão: Fantástico!

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Foi uma guerra. Melhor: uma batalha, porque a guerra só se vence no fim. O encontro entre o Bayern de Munique e o Olympiakos Piraeus teve de tudo um pouco: emoção, incerteza no resultado e o mais importante – muitos e muitos cestos. Muitos e bonitos, que isto da quantidade sem qualidade tem que se lhe diga.

É sempre um prazer ver um jogo a altas horas da noite – não foi o caso deste, pois o fuso horário germânico é de apenas mais uma hora que o nosso – comentado pelo professor Carlos Barroca. A sua alegria é contagiante. E as contendas tornam-se ainda mais emotivas.

Ao olharmos para o quadro de resultados desta jornada da Euroliga de Clubes, vemos que este jogo se destaca dos outros, de longe, pelos pontos obtidos por uma e outra equipa. Pelo resultado robusto de 103-105, até parece um autêntico jogo da NBA. Os gregos, favoritos, cedo impuseram o seu jogo, mas os alemães, muito ao seu estilo, diga-se, nunca baixaram os braços e quase chegavam à reviravolta inesperada no marcador. O triplo falhado já perto do término da partida permitiria ao Bayern vencer, mas tal não aconteceu. É curioso verificar o poderio do Olympiakos. Oito vitóras em outros tantos desafios. Lidera o grupo C com 100% de aproveitamento. Só o Real Madrid, do vizinho grupo B, consegue igualar este registo. E com mais pontos marcados. Parece que, este ano, tudo se resolverá entre estas duas equipas. Porém, pode ser ainda cedo para se fazer este tipo de conjecturas, antes de se iniciarem os play-offs.

Bicampeões europeus nas duas últimas temporadas, os Olímpicos do Pireu tentam agora revalidar os dois títulos alcançados. Seria um feito histórico tremendo, caso o conseguissem. Os dados estão lançados. As peças do jogo e da guerra posicionadas. Só falta esperar para ver quem será, de facto, o melhor do velho continente.

E para os madrugadores ou notívagos, como diria o professor Barroca, aqui vai disto: a continuação de um dia ou de uma noite fantásticos!

Onze ideal dos não ‘’grandes’’ na 12ª jornada.

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Guarda-Redes: Cássio – Arouca. O guardião brasileiro de 33 anos defendeu tudo o que podia contra o Benfica; apesar de ter encaixado dois golos, salvou o Arouca de uma derrota pesada, conquistando um empate no Estádio da Luz.

Defesa Direito: Zainadine – Nacional da Madeira. O lateral moçambicano conseguiu quase em cima do apito final o golo que permitiu ao Nacional empatar no reduto do Marítimo. Ponto este precioso para manter o Nacional perto dos lugares europeus.

Defesa Esquerdo: Rúben Fernandes – Estoril-Praia. O lateral de 27 anos que veio do Portimonense ajudou o Estoril a ter uma falange ofensiva enorme, o que permitiu a vitória avolumada diante do Paços de Ferreira.

Defesas Centrais: João Afonso – Belenenses e Rúben Vezo – Vitória de Setúbal. A escolha dos centrais deve-se ao facto de João Afonso, estreante na primeira liga apesar dos 31 anos, ter conseguido segurar o gigante vimaranense Maazou, ajudando a conquistar um ponto importante para a manutenção do Belenenses. Rúben Vezo foi escolhido pela maturidade que tem demonstrado neste seu segundo ano enquanto sénior; pegou de estaca e é dono e senhor do lugar no centro da defesa setubalense. As prestações dos dois jogadores foram seguras e combinaram com resultados importantes tanto para os jogadores do Restelo como para os de Setúbal.

Médios Centro: David Simão – Arouca, Diego Barcellos – Nacional da Madeira. Ambos os jogadores conseguiram marcar golos que ajudaram as equipas no bom desempenho e na conquista de pontos. O jogador do Arouca marcou à equipa que o formou e fez um golo histórico para a equipa que já se tem vindo a habituar a marcar aos ‘’grandes’’. O brasileiro do Nacional jogou como bem sabe, pautando o jogo no meio-campo sempre com vista na baliza adversária.

Médio Ofensivo: Héldon – Marítimo. Num jogo entre eternos rivais, o maritimista Héldon fez uma exibição de gala, marcando dois golos contra o Nacional e criando muitas dores de cabeça à defensiva nacionalista. Já leva oito golos no campeonato.

Extremo Direito: Ukra – Rio Ave. A justificação da escolha do jovem jogador que já esteve no Futebol Clube do Porto é simples: fez o golo que deu a 11 minutos do fim três pontos preciosos à sua equipa, que luta pela manutenção ou quem sabe por um lugarzinho na Liga Europa.

Extremo Esquerdo: Ricardo Horta – Vitória de Setúbal. A aposta de José Couceiro no jovem Ricardo Horta está a surtir efeito; o miúdo tem jogado bem e nesta última jornada marcou um golo preciosíssimo que mantem o Setúbal numa excelente série de resultados: 11 pontos conquistados nos últimos cinco jogos.

Ponta de Lança: Bruno Lopes – Estoril-Praia. Entrou e marcou o 3-0 que sentenciou o jogo contra o Paços de Ferreira, fazendo assim os canarinhos ascenderem ao quarto lugar.

Treinador: José Couceiro – Vitória de Setúbal. 11 pontos em 15 possíveis nos últimos cinco jogos são justificação mais do que suficiente para merecer a cadeira de treinador da semana. Não fossem estes 11 pontos e os setubalenses teriam apenas cinco.

Afinal, qual a finalidade das equipas B?

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atodososdesportistas

Ora viva, caros (des)Portistas! Antes de começar propriamente a minha publicação, gostava de dizer que o que me levou a escrevê-la prende-se com dois factores. O primeiro é o facto de este fim-de-semana ter sido altamente proveitoso para mim a nível da Liga II (e I também…): não só o meu FC Porto B ganhou com grande justiça ao Sporting B, com fantásticos golos de Iuri Medeiros e Tóze, como o clube da minha cidade universitária, SC Farense, deu um “banho de bola” ao Benfica B, que saiu derrotado por 3-1. E não foram pelo menos 5 porque o guarda-redes benfiquista carimbou uma exibição de luxo. Em segundo lugar, o meu primeiro texto no Bola na Rede espicaçou-me a escrever sobre este tema.

Fazendo um exercício de retrocesso, chego ao 3º parágrafo da minha publicação anterior [n.d.r.: “Fim de linha para Paulo Fonseca? Teremos nós no natal uma prenda “vinda das Arábias”?!”], no qual escrevi: “Equipa B – É curta. Para quê uma equipa B quando, quando sentimos necessidade de ter jogadores de posições raiz, não aproveitamos…? Ghilas lesionou-se. Na B temos Kleber (sim, esse mesmo, que até tem feito golos), Vion, Caballero e a nova coqueluche André Silva, ainda júnior. Mas não, vamos optar pelo Licá. Isso leva-me a questionar se é a equipa B que serve a A ou o contrário (talvez assunto para uma outra rubrica…).”

Pois bem, vou hoje abordar esse tema porque me parece que realmente tem sido a equipa A a servir a B, quando os pressupostos são precisamente os opostos. Vejamos, o plantel do FC Porto tem um total de 48 jogadores inscritos nas ligas profissionais de futebol, repartidos da seguinte forma: 25 na equipa A + 23 na equipa B (dados obtidos no site oficial do clube).
Continuando nesta matemática futebolística, chego ainda a mais uma conclusão: temos um total de 6 guarda-redes, 14 defesas, 15 médios e 16 avançados (embora, para mim, existam jogadores ditos avançados que são médios, mas enfim…)! Como é possível, com tanto jogador, falarmos em falta de opções?! Por que é que Bolat, Fabiano, Fucile, Reyes, Herrera, Carlos Eduardo e Kelvin jogam sucessivamente na equipa B (com o intuito de “ganhar ritmo”, coisa que até percebo) quando ainda não vimos nenhum jogador da B saltar para a equipa principal? Não existe alternativa a Alex Sandro? Temos Quiñonez e, acima de tudo, Rafa na segunda equipa. Não existe alternativa a Fernando? Temos Mikel. Não existe alternativa a Lucho? Temos Tozé. Estamos sem um segundo Ponta-de-lança? Temos André, Kleber, Vion, Caballero, Paciência… Quando se lembrará Paulo Fonseca de inverter o triângulo (e não falo do meio campo!) e passar a utilizar os “B” como uma alternativa realmente consistente em vez dos “adaptados”?

Não me interessa ter um Porto B em primeiro lugar. Não me interessa ter um Tozé como melhor marcador da segunda liga e muito menos me interessa que nos jogos complicados “enviem” 5 ou 6 jogadores da A (como este fim-de-semana) para ganharem e assim se manterem nos lugares cimeiros Liga2. Ainda me lembro do tempo em que da equipa B do Porto “saltaram” jogadores como Bruno Vale, Gualter Bilro (que marcou ao Benfica B!), Ricardo Carvalho, Paulo Machado, Vieirinha, Ivanildo, Postiga, Hugo Almeida… E porquê?!

Simples: na altura não fazíamos negócios milionários, éramos obrigados a recorrer aos recursos que já tínhamos internamente… E com resultados! Se olharmos para o lado, o Sporting fez uso daquilo que cultivou e está na liderança do campeonato (por enquanto…)! Foi tão lindo, no Euro 2004, ver um onze da selecção composto quase em exclusivo por jogadores do Porto (Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Deco e, por vezes,Postiga). Hoje em dia isso já não se vê. Porquê? Por causa da falta de aposta no “PIB” do clube. Posso garantir que na nossa formação, e mesmo na equipa B, temos jogadores portugueses que poderiam facilmente fazer parte do plantel principal e jogar regularmente. Não é jogando na Taça da Liga uma vez por mês e com um onze totalmente sem rotinas que poderemos ver o potencial de certos craques, que, infelizmente, costumam acabar por se perder nas divisões inferiores até irem para o Chipre ou para a Grécia…

Amigo Paulo Fonseca (se ainda aí está): tem 48 jogadores, por favor não me diga que não existem alternativas. Podem não ter a qualidade dos principais, aí concordo. Jogadores como Alex Sandro, Lucho, Fernando, Mangala ou Jackson não têm substituto à altura (e não, não me estou a contradizer)! Mas, vamos lá ver, têm alternativa… Certo? E é isso o que nós, (des)Portistas, gostaríamos que entendesse! Chega de passar o Natal a ir a mercados estrangeiros!

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Vamos, num ano que seja, apostar na formação! Se não resultar, depois falamos… É bom lembrar que Mourinho chegou ao Porto e, do nada, fez… Tudo!

Por último, e passando por uma parte táctica, a prova de que equipa A não está em sintonia com a B: Paulo Fonseca joga num claro 1-4-(2+1)-3, ao passo que Luís Castro nunca abdicou de iniciar os jogos com o clássico 1-4-(1+2)-3. Não acham isto um pouco estranho, tendo em conta que a equipa B é uma dita “extensão” da A? Pode um jogador como Herrera adaptar-se à forma de jogar do Porto se quando joga pela equipa secundária a posição e a função não são as mesmas? Só se o único objectivo for ganhar ritmo, mas isso é pouco para aquilo que são as equipas B.

Costuma ser nos momentos de crise que se recorre àquilo que geralmente se põe de parte, espero que no meu Porto isso aconteça…

Bruno Fernandes, um talento que não engana

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Do Boavista para a Udinese em apenas duas épocas. Bruno Fernandes, médio ofensivo português, dificilmente imaginaria que, ao mudar-se para o Novara, teria uma ascensão tão rápida. Depois de uma grande temporada na Serie B, o jovem de 19 anos despertou a atenção dos principais emblemas italianos – estranhamente, a sua qualidade passou ao lado dos clubes portugueses –, mas optou por mudar-se para Udine (transferência no valor de 2,5 milhões de euros). Uma decisão que mostra que Bruno Fernandes, apesar de estar a mostrar um talento enorme de forma precoce, mantém os pés bem assentes na terra.

Bruno Fernandes teve uma ascensão meteórica / Fonte: cdn.record.xl.p
Bruno Fernandes teve uma ascensão meteórica / Fonte: cdn.record.xl.p

As boas exibições do português ao serviço da Udinese estão finalmente a dar-lhe o merecido protagonismo. O jovem já conquistou a titularidade – tem actuado como interior esquerdo, embora seja um 10 de origem – na equipa de Francesco Guidolin, estreando-se a marcar na última jornada da Serie A (empate a 3 no terreno do Nápoles). Fala-se inclusive no interesse de emblemas como a Juventus e o City, o que diz bem do potencial de Bruno Fernandes. É um jogador muito frágil fisicamente, mas com uma qualidade técnica espantosa. É rápido, tem uma excelente visão de jogo e destaca-se sobretudo pela facilidade com que cria desequilíbrios. Ainda assim, e apesar da sua juventude, mostra maturidade e inteligência táctica, cumprindo defensivamente. Aliás, a hipótese de no futuro vir a jogar um pouco mais recuado (como 8) não está, de todo, descartada.

Comparado com Pastore e com Rui Costa, Bruno Fernandes recebeu na temporada passada a alcunha de “Maradona de Novara”. Encantou tudo e todos (ignoremos os exageros), excepto os seleccionadores nacionais. Como se explica que não tenha sido opção para o Euro Sub-19 ou para o Mundial Sub-20? Parece óbvio que deveria ter sido convocado para, pelo menos, uma das competições. Numa fase em que a selecção principal não tem uma solução válida para a posição 10, podemos acreditar numa ida de Bruno Fernandes – que nem sequer é internacional sub-21 – ao Mundial do Brasil (isto se continuar a jogar com regularidade)? Sabendo da fraca aposta de Paulo Bento nos jovens, dificilmente isso acontecerá. Aproveitando esta questão, vejo, a médio prazo, jogadores com capacidade para colmatar a lacuna no meio campo ofensivo, órfão de um criativo desde a saída de Deco. Bruno Fernandes é um deles; Bernardo Silva, se o Benfica o permitir, é outra forte hipótese, tal como Rony Lopes (os dois últimos estão em clubes onde poderão ter poucas oportunidades). Ainda há Rafa, Tiago Silva e Tozé, que, não sendo um criativo, é um jogador dinâmico e com qualidade de passe e de remate.

É certo que Bruno Fernandes correu um risco quando decidiu sair para o estrangeiro tão cedo. No entanto, se tivesse ficado em Portugal muito provavelmente não teria a projecção que tem actualmente (e nada nos garante que não seria apenas um desconhecido). Graças ao seu talento e a boas opções de carreira, está no clube certo
para desenvolver o seu potencial. A Udinese dá bastante espaço aos jovens e, nos últimos anos, valorizou jogadores como Alexis Sánchez, Inler, Handanovic, Asamoah, entre outros. Esperemos que, para bem do futebol português, Bruno Fernandes seja o próximo.