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Horribilis ou Mirabilis?

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dosaliadosaodragao

Quando a rainha Isabel II de Inglaterra descreveu 1992 como o seu ano horribilis, teria motivos para isso. Desde divórcios na família real, passando por um incêndio no Castelo de Windsor até a um crescente desgaste, junto da opinião pública, da imagem da coroa britânica em virtude de casos de privilégios fiscais, muitos foram os acontecimentos que marcaram esse ano. Salvas as devidas distâncias, Março de 2014 bem que pode ser o mês horribilis do FC Porto.

Se Fevereiro terminou mal, Março começou ainda pior: com um empate em Guimarães e, em consequência, com a saída do treinador. E por mais que o abandono de Paulo Fonseca possa ser visto como o primeiro passo para a solução do problema (que, na realidade, vai muito para além do treinador…), a verdade é que ele não significa mais do que a assunção do fracasso de um projecto (seja lá isso o que for) como ele era perspectivado pela tríade Paulo Fonseca, Antero Henrique e Pinto da Costa.

Porém, voltando as atenções para o futuro e para o que este mês nos reserva, o cenário, para esta espécie de FC Porto, não é animador. Os Dragões têm pela frente Arouca (Campeonato, casa), Napoli (Liga Europa, casa), Sporting (Campeonato, fora), de novo Napoli (Liga Europa, fora), Belenenses (Campeonato, casa), Benfica (1ª mão da Meia-final da Taça de Portugal, casa) e, finalmente, Nacional (Campeonato, fora). Em suma, sete jogos importantíssimos (principalmente os próximos quatro) e que podem definir o rumo da época – mais ainda, sete jogos, dos quais apenas dois (Arouca e Belenenses) apresentam um nível de exigência menor.

Perante este quadro, o FC Porto parte, no entanto, com uma pequena vantagem em relação aos mais recentes encontros. A saída de Paulo Fonseca e a promoção de Luís Castro – um homem sério, competente e há muito tempo ligado ao futebol e ao FC Porto, pelo que perfeitamente identificado com a casa e, igualmente, com a causa Porto – representa um novo ânimo para a equipa. A chegada de um novo treinador, per si, daria sempre aos jogadores um novo estímulo, ao mesmo tempo que permitiria que voltassem a sentir-se cómodos a jogar, agora que o foco dos adeptos não é a contestação a Paulo Fonseca, que acabava inevitavelmente por fragilizar e inibir ainda mais a equipa, redobrando-lhe os índices de pressão. Todavia, a essa chicotada psicológica terá sempre de se seguir uma mudança dentro da lógica da própria equipa. Mais do que enveredar (de novo) por discussões meramente teóricas como o duplo pivot, importa que Luís Castro faça algo que Paulo Fonseca nunca (?) conseguiu fazer: passar a mensagem. Quer a nível interno, tornando a equipa mais organizada, confiante, segura de si e crente no processo, permitindo que os jogadores cresçam dentro dela; quer a nível externo, com um discurso mais consentâneo com aquilo que é a realidade do FC Porto.

Luís Castro. O novo timoneiro do Dragão  Fonte: A Bola
Luís Castro. O novo timoneiro do Dragão
Fonte: A Bola

Por outro lado, a transição de Luís Castro da equipa B para a equipa principal poderia representar algo que, todavia, parece não estar para acontecer, olhando para aquilo que é a lista de convocados para o jogo frente ao Arouca: a capitalização do trabalho feito na equipa B. Não é, certamente, por acaso que a equipa secundária do FC Porto está no topo da 2ª Liga; aliado ao bom trabalho levado a cabo pelo agora treinador do conjunto principal, emergem jovens com grande potencial, como são os casos de Rafa, Mikel, Tozé, Ivo, André Silva ou Gonçalo Paciência. Se assim quisesse, Luís Castro teria aqui uma dupla oportunidade: ao mesmo tempo que capitalizaria o trabalho que desenvolveu na equipa B do Dragão, promovendo alguns jovens com valor, isso constituiria um desafio às estrelas do plantel principal, algumas das quais notoriamente acomodadas e em sub-rendimento. A título de exemplo, obviamente que não se está a pensar numa troca directa e imediata de Alex Sandro por Rafa; mas até que ponto não seria útil Luís Castro dar oportunidade a jovens com imenso futuro e já com algumas provas dadas – para mais, todos eles com enorme vontade de envergar o manto azul e branco –, e que tão bem conhece, para espicaçar as maiores vedetas do plantel principal?

As mais recentes notícias dão conta de que Luís Castro é aposta da SAD do FC Porto para o que resta da temporada. Uma época que, na verdade, está ainda muito longe de terminar. Se a possibilidade de renovar o título nacional surge já muito longe, a realidade é que sobram duas Taças e uma Liga Europa para disputar. Ninguém pode exigir a Luís Castro que as vença. Mas o que qualquer adepto portista espera do novo timoneiro é que este seja capaz de agarrar o barco, catapultar a equipa e colocar em campo um FC Porto seguro de si, um FC Porto que volte a ser ameaçador a atacar e impermeável a defender – talvez, então, este Março de 2014 se transforme, afinal, num mês mirabilis.

O Passado Também Chuta: José Travassos

o passado tambem chuta

O meu Pai, conhecido por José Ilha, era sportinguista. Falava-me de Azevedo; Jesus Correia; Vasques; Peyroteo; Travassos e Albano. Mais tarde, conheci de vista um tal Manolo e rezava a lenda que era muito bom, mas tivera o azar de estar tapado pelo grande Albano. Este Sporting entrou na lenda e na mitologia do futebol português. Na época dos contos paternos sobre o seu Sporting vivia-se a irrupção do Eusébio no futebol português. O meu Pai, orgulhoso do seu clube e admirador do Travassos, dizia-me: ”tal como o Eusébio, o Travassos também foi raptado e escondido. O Porto queria ficar com ele e levou-o para o norte; escondeu-o porque o rapaz era leão. Davam-lhe muito dinheiro e emprego, mas o Travassos conseguiu enganá-los; regressou a casa dos pais e assinou logo pelo Sporting. Também lhe deu muito dinheiro e montou-lhe um negócio com outro violino; com o Vasques: a Cofril que se dedica ainda hoje aos frigoríficos”.

Nesse tempo, muitos futebolistas praticavam várias modalidades. O Travassos não era um desses e, na CUF, clube onde se estreou sendo bem menor de idade, praticava, além do futebol, o atletismo. Era um grande velocista e chegou a fazer os cem metros em onze segundos. Mas, o futebol é o futebol e ganhou a partida. Fazendo, finalmente, parte do Sporting Clube de Portugal chegou a hora da estreia. Chegou a hora de enfrentar o máximo rival: Sport Lisboa e Benfica. Batia à porta a época 46/47. José Travassos fez nada mais, nada menos do que três golos; o Benfica saiu com a pesada carga de 6-I. A seleção não se fez esperar; realizou trinta e seis jogos e corria o ano I955 quando recebeu um telefonema que encolhe e não deixa acreditar: estava convocado para defender a Seleção de Europa contra Inglaterra. A Federação inglesa comemorava o seu septuagésimo quinto aniversário.

O "Zé da Europa" era um dos "cinco violinos"  Fonte: novafloresta.blogspot.com
O “Zé da Europa” era um dos “cinco violinos”
Fonte: novafloresta.blogspot.com

O meu Pai relatava a convocatória pela Seleção de Europa como se tratasse de um feito próprio de um génio: ”jogou pela Seleção de Europa; foi o primeiro português a jogar com os melhores jogadores de Europa e não só jogou, como fez um grande jogo e depois deu-se ao luxo de criticar o comportamento de estrelas como Kopa e do Puskas. Quando regressou foi aclamado e automaticamente lhe puseram um nome especial: Zé da Europa. Era um centrocampista resistente que metia a bola para um companheiro pelo cu da agulha. Era fino e marcava grandes golos; um deles chama-se «roda de moinho»”.

O Zé da Europa ganhou mais de dez títulos com o Sporting, sendo oito deles campeonatos nacionais. O Sporting jamais teve tanta glória e jamais forjou tanta lenda. Hoje não se pode ver o Sporting sem ter em conta essa equipa fabulosa. O Sporting que venceu a velha Taça das Taças pode ser uma referência mas jamais terá a aura mítica que alcançou o Sporting dos cinco violinos comandados pelo José Travassos. As lesões produto da beligerância dos adversários foram uma constante; dos quatro meniscos, ficou sem três. Bateu o ano de I958 e disse adeus ao futebol. Nesse dia foi-se um dos quatro mitos do futebol português; primeiro foi o Azevedo; depois o Zé da Europa; seguidamente o Matateu e finalmente o Eusébio. Posteriormente, chegaram os Figos e os Ronaldos, mas esses não tiveram que passar além da Taprobana.

Novos motores, novos líderes

cab desportos motorizados

É verdade, a Red Bull não está a conseguir testar o carro desta temporada devido a problemas de motor, e esperam-se tempos negros para os lados da formação austríaca, que tem dominado nos últimos anos a F1.

Os motores Mercedes parecem estar melhor preparados à nova realidade do que os restantes, estando a própria Mercedes e a Williams, um saudoso regresso ao pelotão da frente, a ser as melhores equipas nesta pré-temporada. De facto, e apesar de os testes não serem totalmente conclusivos, parece que vamos ter os motores alemães que equipam as duas equipas já citadas, a McLaren e a Force India, a dominar o princípio da temporada.

É uma grande novidade, que só pode ser vista com bons olhos, pois o domínio da Red Bull era por demais evidente e, com os novos regulamentos, vai existir mais diversidade de equipas a poder lutar por vitórias nas provas, algo muito positivo.

Num plano intermédio estão os motores da Ferrari. A scuderia fornece motores às equipas Sauber e Marussia, além de à sua própria equipa, e pode dizer-se que estão num plano intermédio quando comparados com a Mercedes e Renault. Esta é uma temporada muito importante para a Ferrari, que vai contar com Alonso e Räikkönen. Os italianos querem regressar ao topo da modalidade, e este ano zero para todas as equipas é visto com grande interesse, visto que todos vão partir para algo novo, anulando assim as vantagens que existiam anteriormente.

A Martini regressa esta ano à F1 com a equipa Williams.

(Vejam a decoração da marca: http://autosport.pt/williams-martini-racing-revela-decoracao-para-2014=f119100)

Apesar de tudo, os motores Renault não são só problemas. A Caterhan tem conseguido rodar com o carro e tem evoluído em relação aos últimos tempos, algo não muito difícil, é certo. O problema tem sido as restantes três equipas: além da já citada Red Bull, a Renault equipa ainda a Torro Rosso e a Lotus. Estas equipas vão ter a vida muito difícil e não é de esperar grandes resultados na Austrália, estando mesmo no ar a dúvida sobre se os monolugares vão conseguir aguentar toda a corrida.

Dia 16 abre a nova temporada na Austrália, como habitual, e esperam-se muitas mudanças em relação ao passado recente. As mudanças nos regulamentos estão, para já, a surtir efeito.

Querido mês de Março

nascidonafarmaciafranco

Março chegou e com ele o sol por que todos ansiavam. As cidades enchem-se aos poucos de alegria, os sorrisos começam a rasgar as caras de quem sonha, de quem acredita que vai ser feliz. Mas o sol vai e volta sem que demos conta: assim são as desilusões. Quem me lê sabe que não deve confundir o meu fanatismo com o meu realismo. Eu sonho, é certo, acredito também, mas sei que a recta final pode levar outra vez o sol se o fôlego acabar antes da linha da meta.

Assim será Março:

Para o campeonato, começamos por receber em casa o Estoril. A equipa de Marco Silva, depois da excelente campanha que realizou no ano passado, chega este ano à Luz num merecido 4º lugar. Apesar de ter sido despida de jogadores como Steven Vitória, Luís Leal, Jefferson ou Licá, a equipa do Estoril traz mais do que um bom futebol ao Estádio da Luz. Traz o mediatismo daquilo que é o futuro de Marco Silva e traz o fantasma do ano passado (aconselho a leitura do artigo de ontem, escrito pelo João Rodrigues). Logo a seguir, uma deslocação genericamente difícil à Choupana para um embate com a equipa que morde os calcanhares ao Estoril-Praia. O Nacional da Madeira vem de uma série de empates mas tem um futebol coeso que não deixa a equipa madeirense perder para o campeonato desde que jogou, precisamente, contra o Benfica, em Outubro do ano passado. Os encarnados recebem depois a Académica em casa e fecham o mês em Braga.

O Benfica carimbou, frente ao PAOK, a passagem aos oitavos de final da Liga Europa Fonte: Maisfutebol
O Benfica carimbou, frente ao PAOK, a passagem aos oitavos de final da Liga Europa
Fonte: Maisfutebol

Fora do âmbito do campeonato, o Benfica vai jogar ainda mais duas competições: a Taça de Portugal e a Liga Europa. Apenas quatro dias antes do jogo contra o Braga, o Benfica disputa no Dragão a 1ª mão da Taça de Portugal frente ao FC Porto. Para além disso, depois de receber o Estoril, o Benfica vai a Londres defrontar o Tottenham e recebe os ingleses depois de vir da Madeira. São três jogos extra-campeonato que exigem saúde mental e física por parte dos encarnados. Aqui a balança vai sentir pela primeira vez este ano o peso de não deixar, por um lado, de parte aquilo que são os objectivos do Benfica – que é ganhar todas as competições em que está inserido – e, por outro, não deixar que esta ambição nos penalize, especialmente no que ao campeonato diz respeito.

Tenho, como já referi anteriormente, o plantel do Benfica como o mais forte do campeonato e o que oferece mais soluções. Sem querer ser pretensioso, chego até a crer que os encarnados têm quase dois “onzes” de raiz para atacar aquilo que são as suas ambições. A gestão, essa, cabe ao senhor de sempre. É São Pedro que nos dá este sol de Março, mas o sol de Maio, esse, terá de ser dado por Jesus.

A força Roja

Na passada quarta-feira disputaram-se grande parte dos últimos jogos de preparação para o Mundial de 2014 no Brasil. Portugal teve uma vitória convincente frente aos Camarões, e provou assim que é um candidato à final do Maracanã. Mesmo aqui ao lado, em Espanha, mais precisamente em Madrid, jogou-se uma partida entre dois dos mais fortes candidatos à tal final.

A seleção espanhola e a seleção italiana mediram forças no Vicente Calderón, num jogo que serviu para homenagear Luis Aragonés e, ainda, para oficializar Diego Costa como jogador da Espanha.

A Roja, como lhe gostam de chamar os espanhóis, fez um jogo à sua imagem: posse, controlo e circulação. Perante uma Itália “tímida”, a solidez defensiva e a mobilidade atacante da Espanha mostrou ser mais do que suficiente para ganhar o jogo, sem ser necessário “jogar a sério”. O extremo do Barcelona Pedro Rodriguez foi o autor do único golo da partida, aos 62 minutos, que ditou a justa vitória da Espanha.

A equipa comanda por Vicente del Bosque deixou boas sensações aos adeptos espanhóis, que aguardam com expetativa a conquista de mais um Mundial de Seleções. Na verdade, o otimismo dos nuestros hermanos tem muita razão de ser. Para além de evidenciar evidenciar um futebol extremamente eficaz –como prova está a conquista de dois Campeonatos da Europa e um Campeonato do Mundo, em 6 anos – e de grande personalidade, bebendo muito do perfume do futebol made in Barça, a Roja tem uma imensidão de jogadores de enorme talento. A lista é de tal forma extensa que até provoca inveja.

Qual será a lista final de Vicente del Bosque? Fonte: La Voz de Galicia
Qual será a lista final de Vicente del Bosque?
Fonte: La Voz de Galicia

Separando essa lista em dois grupos, num lado temos os convocados por Vicente del Bosque para o jogo frente à Itália, e no outro temos os jogadores que não foram convocados mas que são, claramente, opções de grande qualidade . Ora, vejamos:

Titulares/convocados:

Guarda Redes: Casillas; Valdés; Reina

Defesas: Sergio Ramos; Javi Martinez; Raul Albiol; Jordi Alba; Azpilicueta; Juanfran;

Médios: Busquets; Thiago Alcântara; Iniesta; Fàbregas; Pedro Rodriguez; Xabi Alonso; Navas, David Silva; Koke; Xavi; Cazorla;

Avançados: Diego Costa; Negredo

Não convocados:

Guarda redes: Diego Lopez; De Gea

Defesas: Piqué; Arbeloa; Carvajal;

Médios: Juan Mata, Isco; Javi García; Jesé Rodriguez; Illaramendi; Gabi;

Avançados: Soldado; Fernando Torres; David Villa; Rodrigo;

A primeira lista tem um total de 22 jogadores e a segunda contém apenas 15. O que perfaz um total de 37  atletas com capacidade para representar a Espanha ao mais alto nível.

Sabendo de antemão que Vicente del Bosque está limitado à escolha de 23 jogadores para levar ao Brasil, os critérios de seleção serão muito apertados. Como é óbvio, a experiência e maturidade de um determinado núcleo de jogadores, habituado à dinâmica da Roja, irá pesar na hora do técnico decidir a lista final.

O que é certo é que, aconteça o que acontecer, uma parte destes jogadores vão ficar de fora do Mundial do Brasil. É realmente espantoso e reflete bem a qualidade da geração de ouro da seleção espanhola.

Dito isto, acredito que, apesar do Brasil jogar em casa, da Alemanha ser um enorme potência futebolística, de Portugal ter Ronaldo e da Argentina ter Messi, a Espanha continua a ser a mais forte candidata à conquista do Mundial. Até porque, haverá alguma outra seleção no mundo com tamanho poder?

Uma verdadeira Taça de Portugal!

cab basquetebol feminino

Disputa-se este fim de semana, dia 8 e 9, a final four da taça de Portugal feminina. Na Madeira vão encontrar-se a formação da casa, CAB Madeira, as duas equipas açorianas da Liga, Boa Viagem e União Sportiva, e a equipa do Vagos.
A grande novidade desta fase final é a transmissão em direto do primeiro jogo entre CAB e União Sportiva e da final. Os jogos serão transmitidos em três canais da RTP, nos canais das duas regiões autónomas e na RTP2. Uma grande aposta do canal público, que, assim, cumpre o seu dever de serviço público, pois desporto não é só futebol.
A principal candidata à vitória é, para mim, a formação da casa, precisamente por ter este fator a seu favor. Numa fase em que as quatro equipas são muito equilibradas, jogar perante o seu público pode ser fundamental. Logo de seguida, colocaria a formação continental. A equipa da zona de Aveiro é forte e tem todas as condições para obter o triunfo. As duas equipas mais fracas acabam por ser as açorianas. Ambas perderam no passado fim de semana em casa com a equipa madeirense, mas não se pode excluir estas duas equipas, de forma alguma, da luta pela vitória.

Esperam-se jogos muito disputados na Madeira, que, juntamente com a transmissão da RTP, prometem oferecer um espetáculo muito bom, pois a modalidade precisa de visibilidade. Caso contrário, continuará no seu lento caminho para a morte, em Portugal.

 

Que sejam grandes jogos e que façam com que a televisão aposte mais nas ditas modalidades amadoras, quer sejam em masculinos, quer sejam em femininos.

 

O calendário dos jogos é o seguinte (horas do continente e Madeira):

Sábado, dia 8

CAB Madeira vs CUS – 15h, com transmissão em direto

Boa Viagem vs Vagos – 17h

 

Domingo, dia 9

Final – 15h, com transmissão em direto

 

P.S. Se me permitem, que seja uma final entre as duas equipas açorianas e com vitória da União Sportiva.

A alegria de Sampras, Agassi, Cash e Lendl

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cab ténis

Pete Sampras, André Agassi, Pat Cash e Ivan Lendl juntaram-se no dia 3 de Março para comemorar o Dia Mundial do Ténis. É incrível ver como todos estes anos depois de terem abandonado o ténis a magia ainda está toda lá.

André Agassi, que há uns tempos atrás lançou um livro polémico acerca da sua carreira e de como foi feliz e infeliz em certos momentos a jogar ténis, colocou no passado dia 3 de Março em campo tudo aquilo que é a sua magia.

E o serviço de Pete Sampras. Sim, o serviço que é a imagem do ATP é o de Pete Sampras, aquele que no dia 3 ainda arrancou uns bons pares de ases a Agassi. Esta é a magia do ténis e o dia 3 de Março de 2014 exemplificou-a da melhor forma.

Ao todo estavam 22 títulos do Grand Slam em campo, só nesse encontro. Há melhor promoção do ténis que isto? Aposta ganha da ITF ao promover este Dia Mundial do Ténis, e porque pelo mundo tem promovido diversas iniciativas, muitas delas simbólicas, de clubes espalhados pelas pequenas cidades deste mundo – mas que nos fazem a nós, adeptos do ténis, relembrar a magia deste desporto.

André Agassi acabou por vencer Pete Sampras por 6/3 e 7/6 com 7-1 no tie-break. No histórico de confrontos oficiais, Sampras tem mais seis vitórias do que Agassi. A história ficou um bocadinho mais equilibrada e os fãs ficaram a ganhar.

Pete Sampras e André Agassi Fonte: Dailymail.co.uk
Pete Sampras e André Agassi
Fonte: Dailymail

No entanto, não foram só Pete Sampras e André Agassi que se defrontaram na noite de 3 de Março em Londres. Pat Cash e Ivan Lendl também jogaram um set de exibição, com Cash a vencer por 8/6. Ivan Lendl, para além de ser detentor de oito títulos do Grand Slam, é também treinador de Andy Murray, que participou também nesta iniciativa.

Um pouco por todo o mundo, multiplicaram-se as iniciativas pelo Dia Mundial do Ténis, em mais uma demonstração clara do quão apaixonante se torna este desporto na vida de cada um.

Nem sempre é fácil conseguir fazer os outros gostar de ténis, admito. Ao início a bola passa mais tempo no chão do que a passar de um lado para o outro da rede, mas quem não gosta da sensação de um belo winner e de cerrar o punho e festejar a vitória? A magia do ténis é que dependemos só de nós e da nossa capacidade, não só técnica, mas muitas vezes física e psicológica para alcançar resultados, para as grandes conquistas e para a mais dura das derrotas.

Nem sempre é fácil passar fins-de-semana em torneios, de manhã à noite, e gastar rios de dinheiro em material e inscrições, para às vezes chegar lá e em pouco mais de uma hora sair derrotado por 6/0 e 6/0. A magia é sair, chorar cinco minutos e querer voltar lá dentro para servir, bater uma direita cruzada, conquistar o ponto, cerrar o punho, levar a mão ao bolso, pegar numa nova bola e querer repetir a cena!

Nota: O Dia Mundial do Ténis comemora-se a 4 de Março, no entanto estas iniciativas foram levadas a cabo no dia 3.

Estoril-Praia, o meu terror nocturno…

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Terceiro Anel

Cá estou eu, acordado depois de mais uma noite, para voltar a desabafar convosco, caros leitores deste magnífico site desportivo. Porém, encontro-me sobressaltado, em pânico, com suores frios, às voltas pela casa. E isto porquê? Porque acabei de ter um pesadelo. Um pesadelo horrível, um pesadelo abominável! E que pesadelo foi esse? Pois bem, este momento lamentável (que durou duas horas!) e que me retirou anos de vida fez-me recuar até ao dia 6 de Maio de 2013.

E que dia foi esse? Bem, foi o dia do Benfica – Estoril, a contar para a 28ª jornada da Liga Zon Sagres 2012/2013, uma segunda-feira. Antepenúltima ronda do campeonato, Benfica isolado na primeira posição da tabela, cenário de sonho na catedral, bancadas repletas. Eu ali, às 20 horas, num café em Sete Rios apinhado de adeptos benfiquistas, acompanhado de um cachecol e de uma camisola berrante, completamente compenetrado nesta partida. O clima estava excelente para a prática do futebol, típico final de tarde primaveril. Sentia-se uma grande euforia benfiquista.

A bola começou a rolar; o Benfica entrou muito forte, ficando logo a adivinhar-se um golo para o maior de Portugal. O número de oportunidades de golo desperdiçadas por Lima, nos primeiros minutos, logo me fez agredir brutalmente a mesa que estava à minha frente. Mas pronto, ainda estávamos no madrugar da partida, havia muito para jogar; aquela vitória, e consequente título praticamente garantido, não poderiam fugir. Contudo, sensivelmente a partir da meia-hora da primeira parte, o Estoril começou a assustar o último reduto do Benfica, com excelentes jogadas. De uma postura feliz e excitada por aquilo a que estava a assistir via tv passei a ter uma postura apreensiva, um pouco mais moderada.

O intervalo chegou, mantinha-se o nulo, estava tudo em aberto, mas mesmo assim nem sequer me passava pela cabeça que pudesse ocorrer alguma hecatombe.

Minuto 58, momento de terror supremo, golo de Jefferson Fonte: Record
Minuto 58, momento de terror supremo, golo de Jefferson
Fonte: Record

A segunda parte começou; o Benfica não entrou com aquela acutilância esperada, o ambiente no Estádio da Luz tornou-se progressivamente mais pesado. Até que aos 58 minutos, surgiu o momento que me fez gritar de raiva, explodir de fúria, vociferar até mais não!!! Jefferson, o tal homem que está a fazer uma bonita temporada em Alvalade, gelou a Luz, com um golo de livre directo que contou com a grande colaboração de Artur Moraes, guarda-redes que já na altura se encontrava num péssimo momento de forma.

E do nada, ali estava eu, completamente empedernido, sem reacção. Num jogo em que a vitória era imprescindível, o Benfica estava à beira do colapso, sem chama, a perder em casa frente a um Estoril-Praia de valor, excelentemente orientado por Marco Silva, mas que, com todo o respeito, não podia roubar pontos ao Benfica na Luz, numa partida tão importante!

Contudo, aos 68 minutos Maxi Pereira restabeleceu a igualdade, colocando a catedral ao rubro. Ainda havia muito tempo para jogar e a esperança reacendia-se. Só que, quando nada o fazia esperar, Carlos Martins (sim, esse mesmo atleta que agora alinha pela equipa B do Benfica), numa atitude disparatada, viu o segundo cartão amarelo, recebendo a consequente expulsão. A partir daí, os últimos minutos de jogo foram um suplício, com o Estoril perto de chegar à vitória. E eu ali, naquele café, não dizendo uma única palavra, apenas abanando a cabeça, como que pressentindo o pior.

Só que o desgraçado deste pesadelo ainda quis levar-me mais ao desespero, recordando-me assim a forma como voltei para casa, completamente devastado, com vontade de me esconder do resto do Universo. E depois, pronto…seguiu-se aquilo que se sabe (vá lá, o pesadelo terminou aquando da minha entrada em casa, nesse 6 de Maio de 2013).

Já recomposto deste episódio cruel, afirmo agora que tenho total confiança no meu Benfica – mas claro, estando ciente das dificuldades que o Estoril irá causar no Estádio da Luz, no próximo domingo. Por isso, Sport Lisboa e Benfica, apruma-te! Seja com fato de gala, seja com fato-macaco, seja como quiserem! Jogadores do Benfica, treinador do Benfica, médicos do Benfica, roupeiro do Benfica, psicólogo do Benfica: ganhem-me este jogo! Depois daquilo que se passou nas duas últimas temporadas, só acredito num Benfica campeão quando me aperceber de que estão milhares e milhares de adeptos eufóricos, festejando o título. Pés bem assentes na terra, nada de euforias, e nada de excessos de confiança, que resultaram, por exemplo, numa segunda parte muito fraca, no desafio disputado frente ao Belenenses, no último domingo.

Ah, e já agora, gostava de pedir uma coisinha: se pudesse ser, dava para sonhar com o Benfica vs Rio Ave, da 30 ª jornada do campeonato 2009/2010? É que pronto, sempre sofria menos, sempre gritava menos, sempre me alegrava mais, e sempre evitava uma ida para um hospital psiquiátrico, num colete-de-forças, que é precisamente o que me está a acontecer agora.

Vai-te, Satanás, que é como quem diz…Estoril-Praia!

Acabou o duplo pivô, e agora?

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eternamocidade

5 de março de 2014 será com certeza um dia relembrado pelos portistas durante os próximos tempos. Afinal de contas, o desejo de muitos realizou-se. Perto das 12h30, era comunicado à CMVM a saída de Paulo Fonseca enquanto treinador do FC Porto. Para muitos, finalmente chegou ao fim o pesadelo de ver Fonseca no comando dos portistas. Para tantos outros, nos quais eu me incluo, a saída do ex-treinador do Paços de Ferreira só veio resolver parte do problema instalado nas hostes azuis e brancas.

Confesso que antes do início da pré-época, quando Paulo Fonseca foi apresentado como novo treinador do FC Porto, soltei um sorriso. E acredito que agora que Fonseca já não estará no banco no domingo frente ao Arouca posso deixar-lhe estas palavras para a posteridade. O meu sorriso naquele momento simbolizou o pensamento que tive ao saber que o treinador revelação do campeonato, ao alcançar um impensável terceiro lugar no Paços de Ferreira, iria treinar o tri-campeão nacional. Depois dos dois anos de Vítor Pereira – que culminaram ao minuto 92 com o remate de Kelvin no Dragão – considerei que Fonseca era o homem certo no sítio certo porque parecia um treinador cheio de competências, o que fazia com que a chegada a uma equipa grande parecesse natural para si.

Durante a pré-época, os resultados e as exibições iam agradando aos adeptos, que em cafés e tertúlias iam debatendo aquela que era a grande novidade apresentada por Fonseca: o duplo pivô. Confesso-lhe que não sou um “catedrático” da tática, mas depois de cada jogo gosto de analisar como as equipas se comportaram dentro de campo, destacando principalmente o papel dos verdadeiros artistas, os jogadores, dentro daquilo que é modelo da equipa.

Por essa razão, a questão do duplo pivô foi sempre uma temática que me acompanhou na análise a este FC Porto de Fonseca, uma equipa necessariamente diferente com esta alteração no meio-campo. Com a saída de João Moutinho para o AS Mónaco no final da temporada, penso que é justo dizer que o “coração” do tri-campeonato abandonou o Dragão. Bem sei que jogadores como Hulk, James e Falcao foram determinantes na conquista do tri-campeonato, mas, para mim, que dou importância a bem mais do que os golos num jogo de futebol, sempre tive a ideia de que o FC Porto tinha deixado sair a sua pedra mais preciosa para o clube monegasco. Já sei que o mercado não dá tréguas quanto aos grandes jogadores, mas o futuro desportivo portista depois daquela saída parecia prever um caminho difícil de percorrer por quem quer que fosse o técnico que tivesse que pegar num FC Porto “sem coração”.

João Moutinho era o "coração" da equipa  Fonte: Mirror
João Moutinho era o “coração” da equipa
Fonte: Mirror

Paulo Fonseca foi incumbido de resolver um problema que não criou. Chegaram Herrera, Josué, Quintero e Carlos Eduardo, mantiveram-se Defour, Lucho e Fernando, e perto do início da época André Castro foi emprestado. Com tantas alterações, questionava-se a capacidade do FC Porto de Fonseca para ser dominador como sempre foi, e principalmente de ser vencedor como tem sido. A questão era pertinente, o caminho parecia difícil e a solução para o problema parecia complexa. Com a implementação do duplo pivô, Paulo Fonseca acabou por apresentar um 4-2-3-1 “à moda do Paços de Ferreira” num FC Porto que, a julgar pelos primeiros ensaios da época, parecia estar à altura do novo desafio tático.

A vitória clara na Supertaça frente ao Vitória de Guimarães e os 19 pontos em 21 possíveis alcançados nas primeiras 7 jornadas do campeonato, que davam 5 pontos de avanço para os mais diretos rivais na Liga Portuguesa, faziam de Paulo Fonseca um fenómeno de sucesso nos azuis e brancos pela audácia que parecia estar a ter à frente de um clube vencedor por natureza. As derrotas caseiras na Liga dos Campeões frente a Zenit e Atlético de Madrid, que acabaram por hipotecar a campanha europeia na maior prova de clubes da UEFA, pareciam apenas areia numa engrenagem que para consumo interno parecia chegar e sobrar.

Caro leitor, acredito que já não se lembrasse de alguns destes pormenores do percurso de Fonseca. Bem sei que o futebol é o momento, e por isso muitas das vezes a memória é muito curta e seletiva. No caso de Paulo Fonseca, apenas os últimos assobios e más exibições parecem vir à memória de comentadores e adeptos. Como pretendo sempre ser justo, pareceu-me correto recordar o princípio deste caminho que terminou ontem.

Depois de três meses de sucessos a nível interno e de boas exibições a nível europeu, a 2 de novembro de 2013, o empate no Restelo foi o princípio do fim para Fonseca. O 1-1 insuficiente frente ao Belenenses, assim como o empate que se seguiu em casa com o Nacional e a derrota em Coimbra, fez despoletar o primeiro foco de tensão para o técnico. Os assobios e a “espera” feita pelos adeptos portistas ao autocarro onde vinha a equipa depois do desaire na cidade dos estudantes fez Fonseca render-se pela primeira vez. Ao que constou, aquela derrota em Coimbra foi o mote para o primeiro pedido de demissão de Fonseca. A partir daqueles três resultados negativos na Liga, o FC Porto havia cedido a liderança do campeonato, enquanto a Liga dos Campeões estava perdida com os empates com o Zenit, na Rússia, e com o Áustria de Viena, em casa.

A campanha europeia do FC Porto foi desastrosa  Fonte: MSN
A campanha europeia do FC Porto foi desastrosa
Fonte: MSN

Com apenas 1 ponto conquistado em 3 jogos disputados no Estádio do Dragão na Liga dos Campeões e com o segundo lugar no campeonato, a tensão atingiu o segundo ponto máximo após a derrota, no início de Janeiro, no Estádio da Luz perante o Benfica. A má exibição e, sobretudo, a incapacidade da equipa para demonstrar a fibra de campeão faziam de Fonseca, ao olhar do comum adepto, o principal responsável pela inconstância e pela falta de ideias dos portistas em campo. No início da segunda volta, a derrota por 1-0 no Estádio dos Barreiros originou a terceira derrota na época para o FC Porto, algo impensável até ao fim de Outubro, principalmente porque durante as três épocas anteriores os portistas apenas haviam perdido apenas um jogo no campeonato.

Por entre os maus resultados e as exibições inconstantes, saltava à vista a incapacidade de se ter uma equipa sólida em campo. A cada Domingo que passava, era quase impossível antever o onze titular do FC Porto, tantas eram as alterações jogo após jogo. Ou era Otamendi ou Maicon como companheiro de Mangala; ou então jogava Defour, ou Herrera, ou Carlos Eduardo ou Josué no meio-campo. E sim, não foi por acaso que me esqueci de Lucho nesta equação. No mercado de Inverno, o “Comandante” foi embora e um vazio no balneário parece ter ficado a pairar no Dragão.

A saída de Otamendi para o Valência fez regressar Abdoulaye de Guimarães e, quando nada o fazia prever, o central senegalês pegou de estaca no FC Porto. Impensável para muitos, quando Maicon parecia o sucessor natural. No meio-campo, Herrera, depois de estar afastado dos relvados por opção durante meses, regressou como titular indiscutível. Carlos Eduardo, que chegou a ser comparado a Deco, foi aparecendo e desaparecendo do onze e oscilando na qualidade exibicional. No ataque, a chegada de Quaresma trouxe maior magia ao onze, mas a intermitência de Jackson e a não afirmação de Ghilas faziam deste FC Porto uma equipa menos perigosa no ataque.

Quaresma foi o único reforço de Inverno  Fonte: fcporto.pt
Quaresma foi o único reforço de Inverno
Fonte: fcporto.pt

Cinco anos e quatro meses depois, a derrota em casa frente ao Estoril era o regresso dos desaires do FC Porto no Estádio do Dragão para Liga Portuguesa. A contestação subiu novamente e Fonseca rendeu-se pela segunda vez, pedindo novamente a demissão. Pinto da Costa não aceitou e Fonseca manteve-se para a reviravolta de Frankfurt, num resultado que parecia fazer antever uma recuperação anímica da equipa. Foi pura ilusão, porque três dias depois o empate em Guimarães fez hipotecar de vez a possibilidade da conquista do tetra, e, depois de estar em vantagem por 0-2, o FC Porto perdeu novamente uma vantagem. O presente era um tormento para os adeptos e o treinador, que no último Domingo se rendeu pela terceira vez, pediu novamente para sair.

O ambiente tornou-se insustentável e oito meses depois de ter chegado ao Dragão, Fonseca finalmente saiu. Não me esqueço das exibições paupérrimas em muitas ocasiões, mas também é claro que o plantel deste ano é um dos piores dos últimos anos. Não me esqueço da campanha horrível na Liga dos Campeões, mas também é importante destacar que nunca vi o FC Porto com tantos problemas durante uma temporada. Não me esqueço que Paulo Fonseca terá sido um dos maiores erros de casting dos últimos anos do presidente Pinto da Costa, mas acho justo que se reflita sobre o que se passa no clube, onde parece haver uma real falta de liderança, dentro e fora de campo.

Como em outras ocasiões no futebol, o treinador foi o primeiro a sair. Fonseca não resistiu aos maus resultados e acabou por ser o primeiro a abandonar o barco. Foi o elo mais fraco que saiu, dizem uns. Para mim, foi apenas o princípio porque não acho que Fonseca tenha sido o único responsável. Longe, bem longe disso. E isso preocupa-me.

Zenit: dar um passo em frente

internacional cabeçalho

O Zenit é, actualmente, o clube mais poderoso do futebol russo. Todos os anos o emblema de São Petersburgo investe muitos milhões de euros no reforço do plantel, que tem cumprido com a obrigação de, pelo menos, lutar pelo título. No entanto, o conjunto orientado por Luciano Spalletti ainda não conseguiu dar um passo em frente a nível internacional, não só em termos de resultados como também no que toca às exibições. Apesar de estar pela segunda vez na sua história na fase a eliminar da Champions League – na primeira defrontou o Benfica -, depois da derrota por 2-4 na recepção ao Dortmund muito dificilmente a equipa dos portugueses Neto e Danny conseguirá evitar o afastamento da prova.

Desde 2005, ano em que a Gazprom iniciou o investimento no clube, o Zenit teve um crescimento notório. Em 2008 venceu de forma surpreendente a Taça UEFA e, na época seguinte, viria a conquistar a Supertaça Europeia. Os dois títulos continentais marcaram o princípio da afirmação internacional do emblema de São Petersburgo, que desde então tem sido presença assídua na Champions League. Contudo, apesar da enorme qualidade do plantel, ainda não é desta que os russos vão ultrapassar a barreira dos oitavos-de-final. Depois do fracasso que foi a última temporada, onde a equipa não conquistou qualquer título, o fim da linha para Spalletti parece estar próximo.

Um dos factores que certamente terá prejudicado o Zenit no confronto com o Dortmund foi o facto de o campeonato estar parado desde Dezembro. A equipa acusou a falta de competição e não conseguiu manter a intensidade e a concentração ao longo dos 90 minutos. Mas os problemas já vêm de trás: na fase de grupos as exibições não foram melhores – especialmente frente ao Áustria de Viena – e em condições normais os russos nem teriam conseguido apurar-se.

Em 2008, o Zenit surpreendeu com a conquista da Liga Europa  Fonte: UEFA
Em 2008, o Zenit surpreendeu com a conquista da Liga Europa
Fonte: UEFA

A nível interno, o campeonato vai recomeçar nesta semana e o conjunto de Spalletti chega a esta segunda metade da temporada com possibilidades de recuperar o título. O emblema de São Petersburgo está no primeiro lugar, em igualdade pontual com o Lokomotiv, tendo uma vantagem de 1 ponto para o Spartak, 5 para o Dínamo e 6 para o campeão CSKA. Ainda nada está decidido.

A política de mercado do Zenit deu sempre prioridade à contratação de jogadores que actuam no próprio campeonato, aproveitando para enfraquecer os rivais. O último exemplo desta situação é Rondón, avançado que chegou do Rubin Kazan por 18 milhões de euros e que preenche uma das principais lacunas do plantel. Ainda assim, o emblema de São Petersburgo é um cliente habitual do futebol português. Hulk e Witsel foram os últimos jogadores a rumar à Rússia. Depois de ter passado por alguns problemas de adaptação na última temporada, o “Incrível” tem feito uma época positiva e é um dos elementos mais influentes da equipa. Em relação ao belga, que podia ser um dos melhores médios da Europa, não evoluiu e nesta fase parece óbvio que tomou uma péssima decisão para a carreira. No que diz respeito aos portugueses, Danny continua a ser uma das principais figuras do conjunto de Spalletti; pelo contrário, Neto tem somado erros nos últimos encontros.

Apesar da capacidade financeira do Zenit, o plantel não é tão completo como poderia ser. Na defesa falta um central de topo – não surpreende o interesse em Garay – e no meio-campo, onde a idade avançada de elementos como Zyrianov ou Tymoschuk não ajuda, existem poucas opções. Com a contratação de Rondón, o ataque está bem servido. O principal problema, porém, está no banco. Spalletti já não consegue passar as suas ideias para os jogadores, tanto a nível técnico-táctico como em termos de entrega ao jogo. A saída do treinador italiano poderá ser a solução para que os russos consigam dar o tal passo em frente.