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“The Ronnie O’Sullivan Show” e o Haikou World Open

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cab Snooker

Ronnie O’Sullivan é o embaixador do snooker no Eurosport. Imaginem lá a bomba que caiu em minha casa quando soube desta maravilhosa parceria! A partir de dia 25 de março será emitido “The Ronnie O’Sullivan Show”. Soa bastante bem, hum?

Uma grande salva de palmas para o Eurosport, que consegue diminuir assim a ponte entre o desporto e os jogadores de mais alto nível e a Europa e o resto do mundo. A série de meia hora contará com cinco episódios. Vamos poder assistir e perceber como “Rocket” vive o snooker, ver táticas, entrevistas com os mais variados nomes que constam no ranking e ouvir a sua opinião sobre a temporada.

O programa promete tanto dar ao snooker como aos seus fãs uma oportunidade de descobrir o que motiva Ronnie, quais são os jogadores que o inspiram, como é que produziu as famosas vitórias (a minha explicação é talento, principalmente, mas também os genes de outro planeta), e muito mais. Vou roer as unhas até dia 25.

O jogador de 37 anos afirmou: “estou realmente entusiasmado com este novo desenvolvimento na minha carreira e com a oportunidade de trabalhar com o Eurosport, que está a fazer de tudo para gerar interesse internacional no snooker”.

Arnaud Simon, o Diretor de conteúdos do Grupo Eurosport, disse: “Queremos trabalhar com os melhores especialistas em cada desporto. O Ronnie é snooker para milhões de fãs de toda a Europa. É o jogador que veem como a estrela do jogo e temos trabalhado arduamente para criar esta oportunidade com ele, produzir uma série exclusiva de programas para o nosso público apaixonado.”

Isto não fica por aqui. Como embaixador, O’Sullivan tem o papel de contribuir com um blog em eurosport.com durante o Campeonato de Mundo de 2014! O Eurosport Portugal vai reunir os melhores posts e partilhá-los em português. São novidades magníficas, e espero que a Federação Portuguesa de Bilhar comece verdadeiramente a ouvir as necessidades dos jogadores em território luso e que faça um esforço para conceber o que lhe compete: divulgar o desporto em Portugal e investir nele! Continuamos sem júris de mesa e condições nos torneios oficiais.

Contribuindo ainda para a minha felicidade, ontem começou o Haikou World Open, que tem como palco a cidade de Haikou, na Ilha Hainan, no Sul da China. O prize money está avaliado em £478,000 (€573,265.40), mais  £53,000 (€63,557.60) do que a época passada.

 

Conferência de imprensa do Haikou World Open Fonte:  Fotografia de Tai Chengzhe
Conferência de imprensa do Haikou World Open
Fonte: Fotografia de Tai Chengzhe

Dos encontros já disputados, ainda não houve grandes surpresas, além de Stephen Maguire, que perdeu contra Thepchaiya Un-Nooh, um jogador de 28 anos proveniente da Tailândia.

Até dia 16, ainda muita coisa pode acontecer, e eu estou sempre à espera de uma grande reviravolta no marcador. Desde que Judd Trump não saia prejudicado, obviamente.

O verdadeiro desafio começa agora

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portosentido 

Luís Castro teve um bom início naquele que foi o seu primeiro jogo enquanto treinador principal do Porto. Após a previsível saída de Paulo Fonseca, cabe agora ao ex-mister da equipa B pegar nas rédeas e fazer o sprint final do campeonato.

A vitória de ontem frente ao Arouca fica para a história como a primeira  do ciclo Luís Castro. Porém, o verdadeiro desafio começa agora. Sem querer faltar ao respeito ao Arouca, em termos de qualidade a equipa arouquense não se compara com que aí vem no calendário do Porto. Como tal, a dificuldade vai aumentar e a pressão começa a instalar-se.

O jogo com o Arouca deve ser visto como um aumento de confiança. Para além de regressar às vitórias, que escapavam ao Porto há demasiado tempo, foi uma vitória folgada. Marcar quatro golos, com um penalty falhado, dá moral e aumenta a crença nos jogadores e nos adeptos. Mesmo assim, o Porto voltou a sofrer e já vai longe o tempo das “folhas limpas” consecutivas.

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O jogo de ontem foi o primeiro de Luís Castro enquanto treinador principal do Porto
Fonte: Mais Futebol

Na conferência de imprensa, Luís Castro afirmou que, embora tenha gostado da exibição da equipa, a forma como estiveram em campo não foi “linear”. De facto, notaram-se algumas diferenças, mas o estilo de jogo mantém-se semelhante. Isto não é propriamente mau – o Porto é uma equipa que está programada para jogar em 4x3x3, seja com duplo pivot ou apenas com Fernando mais recuado, e nenhum outro sistema iria beneficiar o Porto. A maior diferença pode mesmo ter sido os ares de mudança. Já tinha dito no passado que, nos últimos tempos, existia uma aura negativa à volta de Paulo Fonseca. Com Luís Castro é um novo começo.

Posto isto, o verdadeiro teste de Castro começa já esta semana. O Porto vai receber os italianos do Nápoles em jogo da Liga Europa a meio da semana e depois vai a Alvalade jogar o segundo lugar com o Sporting. Na semana a seguir, novo confronto com o Nápoles. A equipa napolitana é um sério obstáculo na Liga Europa. Como o Porto, foi uma equipa que ficou em terceiro lugar no seu grupo da Champions League. Porém, a sua história é bem diferente. Enquanto o Porto apenas venceu um jogo (frente ao Áustria de Viena), fazendo um total de 5 pontos, o Nápoles foi a equipa com mais azar dos terceiros classificados da Liga dos Campeões – com 12 (!) pontos conquistados, ficou de fora devido à diferença de golos. Na Liga Europa, os italianos são uma das equipas favoritas e certamente uma dor de cabeça enorme para o recém-chegado Luís Castro.

O Nápoles é o próximo adversário do Porto na Liga Europa  Fonte: Record
O Nápoles é o próximo adversário do Porto na Liga Europa
Fonte: Record

Segue-se, então, o Sporting de Leonardo Jardim. Em Alvalade vai estar em causa o segundo lugar da classificação e o possível acesso directo à Liga dos Campeões. Sem jogo a meio da semana, o Sporting tem mais tempo para se preparar e para descansar. No jogo de Alvalade, tanto Sporting como Porto vão tentar levar a melhor sobre o rival. Ambas as equipas têm demasiado a perder em caso de derrota, uma vez que o segundo lugar dá direito à entrada directa na Champions League, o que significa um bom encaixe financeiro.

O calendário destas duas semanas não é fácil. Os jogos que se seguem vão ser decisivos e podem ditar o pouco que resta da época. Se com o Arouca Luís Castro se deu bem, é seguro dizer que neste momento de necessidade a aposta num treinador da equipa B é uma jogada muito arriscada. Luís Castro tem, no entanto, uma estrelinha da sorte. O Porto B lidera a Segunda Liga. Após a saída do treinador teve um primeiro deslize perante o Chaves. Se este “desaire” se deve à falta do treinador é pura especulação; no entanto, a Segunda Liga e o Porto B são um desafio muito diferente da Primeira Liga e da Liga Europa. Luís Castro foi chamado ao palco principal. Está na hora de mostrar o talento que possui, até porque o seu verdadeiro desafio começa agora.

P.S.: Penso que deveríamos ver o cargo de Luís Castro como uma oportunidade. Surgiram há relativamente pouco tempo notícias que avançavam nomes como Jorge Jesus ou André Villas-Boas para a próxima época no comando do Porto. Por que não, caso Luís Castro se mostre competente e adequado ao lugar, manter o treinador actual? É apenas uma questão que exponho. No Porto todos recebem as mesmas oportunidades. Devem, no entanto, mostrar que as merecem.

Basquetebol: A sexta do CAB

cab basquetebol feminino

Pois é, parece que este vosso amigo acertou nas suas previsões para a final four da Taça de Portugal. O CAB Madeira é o vencedor da Taça de Portugal desta temporada, ao derrotar o Vagos na final por 73-66.

Mas comecemos pelas meias finais. Ontem, no jogo de abertura, o CAB derrotou os C.U.S por 89-75. Foi um jogo muito emotivo, apesar da diferença de 14 pontos no final. A equipa madeirense foi uma justa vencedora da partida, tendo estado, a partir de meio do terceiro tempo, sempre na frente do marcador. Taj Williams foi eleita a melhor jogadora da partida, tendo marcado 29 pontos, ganhado 12 ressaltos, feito cinco assistências e dois roubos de bola. Sempre bom recordar que esta atleta, de 43 anos, esteve durante 13 temporadas na WNBA, a principal liga americana de basket feminino. Do lado da equipa açoriana, Jhasmyn Player foi a mais inconformada com o resultado.

No outro encontro das meias finais, o Vagos bateu o Boa Viagem. A equipa aveirense ganhou por apenas cinco pontos, 67-62. Apesar do resultado mais próximo, este foi um jogo muito menos disputado do que o da primeira meia final, sendo que apenas no último quarto a equipa do Vagos passou para a frente, tendo entrado neste tempo a dois pontos das açorianas. A melhor jogadora do encontro pertenceu à equipa derrotada, tendo sido eleita Eetisha Riddle, ao marcar 22 pontos, conseguir 11 ressaltos, tendo feito duas assistências, dois roubos de bola e ainda um desarme de lançamento.

Jogadoras do CAB festejam Fonte: Facebook do CAB Madeira
Jogadoras do CAB festejam
Fonte: Facebook do CAB Madeira

Este domingo disputou-se, então, a final. A equipa da casa, tal como tinha previsto, saiu vencedora, ao derrotar o Vagos por 73-66. As madeirenses entraram muito melhor na partida e, no fim do primeiro quarto, venciam por 27-11. As aveirenses responderam no segundo tempo e conseguiram reduzir para oito pontos de diferença, 36-28, resultado com que chegaram ao intervalo. Depois deste, o CAB voltou a aumentar a diferença a seu favor e entrou para o quarto final a ganhar por 12 pontos, 55-43. Neste último tempo, as madeirenses tiveram sempre o jogo controlado, obtendo assim a sua sexta Taça de Portugal. A MVP do encontro foi novamente a norte americana Taj Williams.

Sobre este fim de semana é importante ainda destacar a excelente organização por parte do CAB Madeira e da Associação de Basquetebol da Madeira. O pavilhão do CAB contou com muito público nos três jogos, principalmente na final. É importante ainda falar na transmissão televisiva. Os jogos apenas foram transmitidos nos dois canais regionais da RTP, algo muito negativo a meu ver, pois todos os portugueses merecem ver estas partidas.

Mais uma jornada de futsal: o poderio dos grandes

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cab futsal

A jornada 21 do Campeonato de Futsal terminou e poderiam ter surgido algumas mudanças na dianteira da prova, porém os dois grandes, Benfica e Sporting, não facilitaram.

O Benfica defrontou e venceu o Braga por 6-1, num jogo de sentido único em que o Braga nada conseguiu fazer para se impor. Os encarnados entraram bem na partida e, logo no primeiro minuto, inauguraram o marcador por intermédio de Paulinho. A partir deste golo, o Benfica impôs todo o seu poderio defensivo e ofensivo, e os arsenalistas não conseguiram alterar o rumo do encontro.

Depois da goleada sofrida frente ao Sporting por 3-6, esperava-se uma equipa mais organizada e mais aguerrida, mas defrontar o Benfica é sempre complicado. Os encarnados souberam aproveitar as fragilidades do adversário para construir um resultado positivo.

Ao intervalo, o Benfica vencia por 4-1, demonstrando toda a sua superioridade. Para a segunda parte previa-se uma equipa do Braga mais ofensiva e à procura de uma reviravolta e uma equipa do Benfica dominadora e a controlar o jogo e o resultado. O Braga fez um jogo muitíssimo fraco, tendo o Benfica aproveitado para marcar mais dois golos e estabelecer o resultado final em 6-1. De realçar a má exibição do Braga e a belíssima exibição da equipa liderada por João Freitas Pinto.

Equipa do Benfica foi muito forte Fonte: Abola
A equipa do Benfica foi muito forte
Fonte: Abola

Em Loures, jogou-se um derby entre o Sporting e o Belenenses, que o primeiro venceu de forma avassaladora, por 10-0. Devido a esta goleada, não há muito a dizer sobre o jogo. Mais uma vitória da equipa leonina diante de um adversário com uma equipa jovem, que não foi capaz de travar esta perfeita exibição do Sporting.

O ano de 2014 está a correr de feição à equipa verde e branca, que tem feito grandes exibições, fazendo relembrar a época passada. Com este resultado, o Sporting mantém-se na liderança da prova, com três pontos de avanço sobre o eterno rival, o Benfica.

 

Deo, Pedro Carry e Caio Japa a festejar mais um golo do Sporting. Fonte: Svpn.blogspot.com
Deo, Pedro Carry e Caio Japa a festejar mais um golo do Sporting.
Fonte: Svpn.blogspot.com

Quem aproveitou este deslize dos azuis foi a equipa de Vila do Conde, que, ao vencer o Fundão fora de casa, ascendeu ao 7º lugar, remetendo o Belenenses para o 8º.

O Póvoa Futsal venceu o Boavista por uns consideráveis 5-1, alcançando os 21 pontos, num jogo dominado pela equipa da casa. O 5º lugar, Boavista, e o 6º, Fundão, ao perderem, permitiram que o Rio Ave se aproximasse, estando apenas a um ponto do 6º e a dois do 5º, tornando a luta por estes lugares muitíssimo interessante.

A equipa dos Leões de Porto Salvo, quando entrou em campo, já sabia que o Braga tinha sido derrotado no Pavilhão da Luz, ou seja, ao vencer o Modicos ficaria a um ponto do 3º lugar. E assim foi. A equipa de Porto Salvo entrou muito bem na partida, praticou um bom futsal, como é habitual, e venceu na casa do adversário por 1-5, realçando toda a sua confiança e qualidade. Com este resultado, qualquer escorregadela do Braga pode lançar os Leões de Porto Salvo para o pódio.

O Dramático de Cascais goleou, em Coimbra, a Académica por 2-8, e assim subiu para o 9º posto. O Olivais aproveitou mais um desaire da Briosa, ao vencer o último classificado, Vila Verde, por 3-2. Jogo difícil para a equipa da casa, que, com esta vitória, soma três importantes pontos para solidificar o seu posto acima da zona de despromoção.

A qualidade imposta pelos dois grandes sobrepôs-se aos adversários, que transformaram uma jornada supostamente difícil em duas grandes goleadas. De realçar o grande resultado obtido pelos Leões de Porto Salvo, que estão a realizar uma fantástica época, estando, obviamente, acima das expectativas.

FC Porto 4-1 Arouca: o regresso às vitórias!

Pronúncia do Norte

Três semanas depois, o FC Porto voltou às vitórias. Na estreia de Luís Castro ao leme da equipa, os azuis e brancos tinham pela frente um Arouca com muita vontade de somar pontos para fugir à despromoção, mas a responsabilidade de regressar aos triunfos era enorme e nada mais do que uma resposta cabal às dificuldades sentidas nos últimos tempos passava pela cabeça dos adeptos portistas.

O novo timoneiro viu-se obrigado a utilizar Mangala como lateral-esquerdo, uma vez que Alex Sandro estava castigado e não havia outra opção disponível (Quiñones tinha jogado poucas horas antes em Chaves pela equipa B e Rafa, que até treinou com a equipa principal durante a semana, está concentrado no Nacional de Júniores). Além desta alteração forçada, registo para o regresso de Defour à equipa, mais de um mês depois da sua última aparição, e para as reentradas de Jackson e Varela no onze, depois de terem começado no banco em Guimarães.

O FC Porto entrou fortíssimo na partida, empurrando o adversário para trás, circulando a bola com dinâmica e velocidade e criando inúmeras ocasiões de perigo para a baliza de Cássio. O caudal ofensivo do FC Porto acabou por materializar-se em golo logo aos 10 minutos, quando Ricardo Quaresma converteu uma grande penalidade cometida por André Claro sobre Varela. A meio da segunda parte, Mangala vestiu a pele de Alex Sandro, tabelou com Carlos Eduardo, cruzou para a área e o brasileiro, depois do amortie de Defour, disparou para o fundo das redes. Estava feito o 2-0 e tudo parecia bem encaminhado. Depois do golo, uma série de circunstâncias voltou a fazer tremer os dragões e reinstalou a desconfiança na cabeça dos atletas: primeiro, a mudança táctica do Arouca, que havia começado em 4-4-2 e passou a dispor-se no seu habitual 4-3-3, fechando melhor os caminhos aos portistas; segundo, o golo do Arouca, que saiu dos pés de Rui Sampaio na sequência de uma bola prensada pela barreira do FC Porto num livre aparentemente inofensivo; terceiro, o facto de, cinco minutos depois desse golo, Ricardo Quaresma ter desperdiçado a possibilidade de aumentar a vantagem ao falhar o segundo penalty do jogo.

Carlos Eduardo, num remate em volley fez o segundo golo do FC Porto  Fonte: Zero Zero
Carlos Eduardo, num remate em volley, fez o segundo golo do FC Porto
Fonte: Zero Zero

Na segunda metade, o Arouca continuou a procurar chegar ao golo através de lances de contra-ataque e voltou a dificultar a vida ao FC Porto, pressionando ligeiramente mais à frente e obrigando os dragões a praticar um inconsequente jogo directo em demasiadas situações. A intranquilidade no momento defensivo voltou a fazer-se notar: foram inúmeras as bolas “despachadas” pelos centrais para a bancada a fim de evitar males maiores. Cerca da hora de jogo, Pedro Emanuel arriscou: tirou do campo um desinspirado Salim Cissé para lançar Roberto, o melhor marcador da equipa, na frente de ataque; e substituiu André Claro pelo experiente e irrequieto Pintassilgo. Luís Castro respondeu cinco minutos depois, dando uma oportunidade a Quintero, que rendeu Carlos Eduardo. A equipa serenou e aproveitou o maior balanceamento ofensivo do Arouca – claramente à procura do empate – para voltar a chegar à baliza adversária com mais frequência e com mais perigo. A entrada de Ghilas para o lugar de Varela, que hoje muito trabalhou, contribuiu para o acentuar dessa tendência. Haveria mesmo de ser o argelino a fazer a assistência para o bis de Quaresma, que fuzilou Cássio num remate de primeira sem deixar o esférico bater no solo. Entretanto, ainda houve tempo para Jackson Martínez voltar a assinar a folha dos marcadores, depois de cinco jogos em branco, carimbando o 4-1 final num remate desviado por Tinoco.

Não posso terminar sem fazer uma avaliação sumária dos jogadores do FC Porto neste “primeiro dia do resto da época”. Na defesa: o capitão Helton esteve igual a si próprio e não teve muito trabalho, embora tenha libertado uma bola que poderia ter segurado e que originou uma das jogadas mais perigosas dos visitantes ao longo de todo o encontro; Mangala, confiante pela grande exibição que protagonizou ao serviço do seu país, esteve em bom plano como lateral esquerdo, surpreendendo pela facilidade com que se envolveu no ataque; Danilo voltou a fazer um bom jogo, procurando, como sempre, os espaços interiores a atacar; Abdoulaye e Maicon foram dos menos seguros de toda a equipa e tremeram em algumas circunstâncias, mas acabaram por não “enterrar”.

Mangala cumpriu a sua função de lateral-esquerdo com facilidade  Fonte: Zero Zero
Mangala cumpriu a sua função de lateral-esquerdo com facilidade
Fonte: Zero Zero

No meio-campo: Fernando fez um jogo discreto mas muito positivo, voltando a chamar a si a responsabilidade de ocupar toda a área à frente dos centrais; Defour surpreendeu pela capacidade de chegar à frente, pela espontaneidade nos remates e pela alta rotação que apresentou – continuando a ser o jogador “certinho” e cerebral que sempre foi, soltou-se como nunca havia conseguido soltar-se com Paulo Fonseca; Carlos Eduardo foi dos melhores em campo enquanto por lá andou, procurando, como sempre, os melhores espaços para receber a bola e entendendo-se quase na perfeição com o Mustang; Quintero entrou muitíssimo bem, voltando a demonstrar uma qualidade técnica assombrosa, especialmente ao nível do drible curto e do passe, e ajudando decisivamente o FC Porto a agarrar-se ao jogo.

No ataque: Jackson Martínez voltou às boas exibições e aos golos – um prémio justo face ao que produziu em campo, tanto no que diz respeito às oportunidades que teve (só no primeiro quarto de hora, foram três!) como ao trabalho que desenvolveu em prol do colectivo; Ghilas imprime força, velocidade e agressividade em todos os lances que disputa e isso acaba quase sempre por beneficiar a equipa – hoje jogou como extremo e jogou muito bem; Licá não teve tempo de se mostrar ao novo treinador; Quaresma foi a figura do jogo.

Uma mensagem que traduz o estado de espírito dos adeptos portistas  Fonte: Zero Zero
Uma mensagem que traduz o estado de espírito dos adeptos portistas
Fonte: Zero Zero

O regresso às vitórias é fundamental. Com o deslize do Sporting, um triunfo em Alvalade na próxima jornada garante, desde já, a passagem para o segundo posto da Liga. Entretanto, ainda há um adversário dificílimo para derrotar na Liga Europa, o Nápoles. Vamos ver como evolui a equipa com o novo treinador. Uma coisa é certa: ainda há 24 pontos para disputar no campeonato e três Taças para vencer até ao final da temporada.

Figura: Ricardo Quaresma
Oscilou entre o bom e o mau, entre o necessário e o supérfluo, entre penalties marcados e falhados, mas fez dois golos e mostrou a raça que lhe é característica. Mostrou a influência que tem na equipa e voltou a ser decisivo.

Fora-de-Jogo: Insegurança defensiva
Depois do golo sofrido, a equipa voltou a mostrar muita instabilidade. Tanto Maicon como Abdoulaye vacilaram por mais do que uma vez. O jovem senegalês revela muito potencial mas continua a revelar também alguma imaturidade; precisa de tempo e de espaço para crescer.

V. Setúbal 2-2 Sporting: O desprezo pela justiça

Permitam-me um ponto prévio: o jornalista, agente activo no fulcral meio que é a comunicação social, tem a responsabilidade de relatar o sucedido sem omitir fracções essenciais ao desenvolvimento da história que conta, não é? Pois bem, assim será. Ouve-se muito dizer que os jornalistas e/ou comentadores desportivos devem centrar-se no ocorrido dentro das quatro linhas, nomeadamente no que os jogadores das duas equipas fazem. E era, de facto, assim que devia ser. Se o futebol se centrasse no que se passa nas quatro linhas e se fosse exclusivamente o trabalho dos jogadores que influencia o resultado. Hoje, não foi. Hoje, é impossível escrever sobre o Setúbal vs Sporting sem nos centrarmos no trabalho da terceira equipa, que provavelmente não o sabe, mas é mesmo a terceira. Aos consagrados e acomodados jornalistas que escrevem sobre o futebol sob o romântico lema de que apenas as tácticas influenciam os resultados finais: cabe a nós este exercício de denúncia, sempre que ele se justifica.

O Sporting não fez o melhor dos seus jogos. Que daqui não se retire que não merecia ganhar. Porque quem faz três golos legais e não sofre nenhum passível dessa legalidade, nunca merece qualquer outro resultado que não a vitória. Entrou com algumas surpresas no 11; entrou, diria eu, com um grito de igualdade e confiança de Leonardo Jardim para com dois substitutos que justificaram esta titularidade com uma exibição sólida na anterior partida. Falo, claro está, de Slimani e Gerson Magrão, titulares nos lugares de Montero e André Martins. Slimani tem justificado esta titularidade quase sempre que é chamado, tendo a desvantagem de existir uma outra boa e diferente opção para o seu lugar. Gerson beneficiou da descida gradual de rendimento de André Martins.

Slimani respondeu com mais um golo à titularidade  Fonte: Zerozero
Slimani respondeu com mais um golo à titularidade
Fonte: Zerozero

No jogo, o Setúbal apresentou, através dos seus dinâmicos e jovens jogadores, um futebol fluído e que dificultou ao Sporting a imposição do seu tipo de jogo habitual. Quando com bola, João Mário – o melhor em campo, para mim -, Zequinha e Ricardo Horta deram muitas dores de cabeça aos jogadores leoninos. Sem ela, toda a equipa orientada por Couceiro exerceu uma pressão assinalável, nomeadamente na primeira fase de construcção que passa muito, como se sabe, por William Carvalho. Assim, o Sporting foi forçado a optar por um jogo mais directo que, no fim de contas, até beneficia as características de Islam Slimani, mas que impossibilita o controlo que por certo Leonardo Jardim esperaria.

Muito embora o rendimento do Setúbal estivesse a ser bastante positivo, foi o Sporting o primeiro a chegar ao golo. Heldon cruzou, muito bem, para a área onde Slimani respondeu com um excelente cabeceamento defendido por Kieszek que, no entanto, largou a bola e possibilitou a Adrien a recarga para o fundo das redes. Foi ridiculamente invalidado um golo onde Adrien está bem atrás do último defesa no momento do remate de Slimani. Primeiro erro gravíssimo da equipa de arbitragem a prejudicar os leões.

Pareceu ser, ainda assim, esse o momento de viragem na primeira parte. O Sporting acordou e, pouquíssimo tempo depois, foi a vez de Cédric executar um cruzamento milimétrico de pé esquerdo a que Slimani respondeu com mais um grande remate de cabeça. Foi novamente defendido pelo guardião contrário, mas o fiscal de linha entendeu que já o fez dentro da baliza. As imagens impossibilitam quaisquer certezas pelo que tem de ser dado o benefício da dúvida. 0-1, mas devia estar 0-2.

João Mário,emprestado pelo Sporting, foi um dos melhores em campo  Fonte: Zerozero
João Mário,emprestado pelo Sporting, foi um dos melhores em campo
Fonte: Zerozero

Com o intervalo pouco mudou. Slimani voltou a estar perto do golo, depois de um canto batido por Adrien, mas foi a equipa de José Couceiro quem chegou ao golo, através de Rafael Martins. O avançado estava em fora-de-jogo aquando do passe e, por isso, o golo deveria ter sido anulado… pelo mesmo fiscal que anulou mal o tento de Adrien na primeira parte. 1-1, mas devia estar 0-2. O encontro prosseguiu dividido, com muito recurso ao jogo aéreo e directo, que me parece beneficiar pouco a formação leonina excepto quando nos últimos 30 metros, onde Slimani faz a diferença. Talvez por isso, considero que a junção de Montero e Slimani, se bem trabalhada, pode ser uma solução a ter em conta no futuro.

Leonardo Jardim não demorou a reagir e colocou o avançado colombiano em campo. Talvez por consequência directa ou não, o Sporting esteve perto do golo por várias vezes. Foi ele próprio, Montero, quem quase marcou um golaço depois de um chapéu ao guarda-redes polaco do Setúbal e, mais tarde, Capel que proporcionou uma grande intervenção ao mesmo Kieszek. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura, e o Sporting acabou por chegar ao 1-2, depois de Adrien converter uma grande penalidade bem assinalada sobre Capel. 1-2, mas devia estar 0-3.

O jogo parecia terminado, mas a equipa de arbitragem considerou ter ainda pernas para o que restava dos 90 minutos. Só assim se explica a marcação do penalty de Cédric depois de um mergulho de Zequinha, mesmo em frente ao árbitro principal. Na conversão, Ricardo Horta não tremeu e bateu Rui Patrício. 2-2, mas devia estar… 0-3. Dito isto, que mais há a dizer?

A Figura – João Mário: O jovem médio da formação leonina esteve em grande frente ao clube com o qual tem contracto. De capacidade técnica bem acima da média e com uma mobilidade e poder de choque muito assinaláveis para quem tem tão pouco tempo de primeira liga, foi ele quem pautou todo o jogo do Vitória de Setúbal. Para o ano ficará no plantel do Sporting e será uma forte possibilidade para o 11.

O Fora-de-jogo – Equipa de arbitragem: Nem sequer é justo individualizar o árbitro principal ou qualquer dos fiscais de linha porque houve tantos erros que é fácil dividi-los por todos eles. O Sporting tem várias partidas em que é justo o seu direito à indignação, mas esta foi aquela em que existiram mais lances que merecem críticas.

Benfica 2-0 Estoril: O fantasma morreu cedo

benficaabenfica

Jogo previsivelmente complicado na Luz, onde 56 mil almas marcaram presença para ajudarem o Benfica a arrumar o fantasma de Maio passado. À semelhança do que aconteceu nesse jogo, o Benfica iniciou o jogo em alta rotação, ciente da importância do jogo e da qualidade do adversário – afinal, o Estoril é a segunda melhor equipa a jogar fora de casa no campeonato português. Mas a diferença e o início do enterro do fantasma começou logo aos 6 minutos: canto de Gaitán e Luisão cabeceou certeiro para o fundo da baliza de Vagner. O mais difícil estava conseguido. Pouco tempo depois, Rodrigo finalizou de primeira após cruzamento de Siqueira em vinte minutos já se registava 2-0 no marcador. Enorme suspiro de alívio para os adeptos benfiquistas, bem recordados da também boa entrada no jogo em Maio passado mas não materializada em golos.

Na primeira parte, pouco perigo a equipa visitante criou. Não obstante a maior posse de bola (40% contra 60%), o Estoril não fez um único remate nos primeiros 45 minutos. Esse só veio aos 51, por Bruno Lopes, com Oblak a controlar o lance. Lima fez o 3-0 após excelente envolvimento atacante do Benfica mas o auxiliar de Paulo Baptista viu um fora-de-jogo inexistente e anulou. Daí para a frente, o Benfica, como tem sido sua marca esta época, controlou o jogo de forma exemplar, não permitindo grandes aventuras aos estorilistas. Num remate fora da área, Lima testou a atenção a Vagner, que pouco depois responderia com uma excelente defesa a boa jogada de Rodrigo, concluída com pé direito.

Apenas nos últimos quinze minutos o Estoril voltou a incomodar a defensiva encarnada. De livre directo, e após ressalto em Garay, Evandro atirou ao poste da baliza de Oblak. Estrelinha de campeão? Talvez. Mas para a história fica um jogo de grande qualidade do Benfica, que cedo aproveitou as oportunidades que criou e assim facilitou a árdua tarefa que teve pela frente. Assente na segurança defensiva – 1 golo sofrido nos últimos 16 jogos – e no excelente controlo de jogo, os 7 pontos de vantagem para o Sporting são a luz ao fundo do túnel do título. Está mais perto do que antes desta jornada? Sem dúvida. Mas na próxima temos um jogo de elevada dificuldade na Choupana, que só um resultado favorável no Sporting – Porto poderá atenuar.Estamos perto do 33º, mas ainda falta. Antes, visita a White Hart Lane, onde se pede a Jorge Jesus uma gestão inteligente e ponderada, como tem feito até agora.

Luisão apontou o primeiro golo do Benfica Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Luisão apontou o primeiro golo dos encarnados
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

A Figura
Gaitán – Esta águia agradece voar nas asas de Nico Gaitán. Em momento de forma assombroso, joga, desequilibra e faz a equipa jogar. É dele a assistência para Luisão no primeiro golo.

O Fora-de-Jogo
Estoril – Não retirando mérito à extraordinária temporada que tem feito, esperava mais do Estoril hoje. Boa circulação de bola mas que não foi concretizada em verdadeiros lances de perigo.

Jogadores que Admiro #15 – Ronaldinho Gaúcho

jogadoresqueadmiro

Desde pequenos que aprendemos que em desporto o mais importante, para além de participar, é divertirmo-nos. Nos dias que correm, olhamos para a televisão e raramente vemos sorrisos sinceros no futebol. Aliás, quase que aposto que poucos são os jogadores que se divertem. Uma vez que a modalidade tende a ser vista cada vez mais como um negócio, a felicidade deixa de ser um factor de escolha. Por exemplo, Assou-Ekotto já disse que não “adora” o desporto. Contudo, um dos jogadores que mais admiro é a personificação da alegria no futebol.

Quando li os textos anteriores desta rubrica, apercebi-me de que muitos deles começavam com o autor a escrever, num tom nostálgico, sobre o momento em que viram o atleta a jogar primeira vez. No entanto, não me lembro muito bem de quando é que vi este homem a jogar pela primeira vez. Muito sinceramente, por mais que me esforce, simplesmente não consigo. Sei que foi muito graças a Ronaldinho Gaúcho que comecei a gostar mais de futebol.

Com um dos sorrisos mais conhecidos do mundo, o astro brasileiro foi o atleta que melhor representou o estilo de jogo do “joga bonito”. O futebol de bairro que Ronaldinho praticava é, até hoje, inigualável. Centenas tentam imitá-lo e as mesmas centenas falham.

Não sei como nem quando, mas lembro-me de estar sentado na minha sala a ver um jogo do Paris Saint-Germain e de ver um jogador magrinho com os dentes tortos que se estava sempre a rir. Sem tocar na bola, Ronaldinho, limitava-se a acompanhar as jogadas de ataque. De repente tocou no esférico. Perdi-me ao ver o seu toque de bola.

Pouco tempo depois foi o Mundial de 2002. O Brasil venceu a final por 2-0, com dois golos de outro grande “fenómeno” do futebol brasileiro, Ronaldo. Contudo, o jogador que mais me fascinou foi mesmo aquele que tinha o número 11 na camisola. O seu número (10) estava então ocupado por Rivaldo.

Ronaldinho Gaúcho recebeu a Bola de Ouro em 2004 e 2005  Fonte: UOL
Ronaldinho Gaúcho recebeu a Bola de Ouro em 2004 e 2005
Fonte: UOL

Até então, ver o PSG era raro para mim. Foi aí que Ronaldinho se apercebeu das minhas dificuldades para ver os seus jogos e acabou por se transferir para o Barcelona. É indiscutível que foi no “Barça” que a estrela brasileira realmente brilhou. Ganhou a Bola de Ouro por duas vezes, ganhou o campeonato e também a “Supercopa”.

Mas chega de títulos porque o que Ronaldinho fez, pelo menos no meu ponto de vista, transcende qualquer taça levantada. O brasileiro apaixonou milhões e, acima de tudo, mostrou que o futebol pode ser vivido com a mesma alegria com que as crianças jogam diariamente à frente das nossas casas. Aquela inocência que os mais novos trazem quando fazem uma peladinha é a mesma que o antigo número 10 do Barcelona demonstrava jogo atrás de jogo.

A partida que melhor recordo aconteceu em 2005 contra o Real Madrid. O Barça venceu 3-0 com dois golos carimbados pela maior estrela, na altura, do futebol brasileiro. Ronaldinho Gaúcho conseguiu o impensável e foi aplaudido de pé pelos adeptos da equipa rival.

Ronaldinho Gaúcho é, sem dúvida, um dos jogadores que mais admiro, por tudo o que representou e ainda representa.

Lyon: Les Gones

ligue 1

O Olympique Lyonnais tal como o conhecemos hoje é um clube relativamente novo, criado apenas em 1950. Antes disso era conhecido como Lyon Olympique Universitaire, tendo este aparecido em 1899.

Admito que o Lyon é um clube que sempre me fascinou. Muito antes da compra do PSG e do Mónaco por magnatas estrangeiros, num curto espaço de tempo o Lyon apareceu, cresceu e floresceu dentro da Ligue 1. A nível europeu, alcançou um sucesso moderado: não tendo nunca conquistado nenhuma prova internacional, foi durante muitos anos uma presença assídua na Liga dos Campeões, tendo mesmo chegado por três vezes aos quartos-de-final da competição e sendo eliminado nas meias-finais pelo Bayern de Van Gaal na época de 2009/2010, que acabou por cair na final contra o Inter do nosso José Mourinho.

Muito do sucesso do clube deve-se ao seu dono e presidente Jean-Michel Aulas, que desde que adquiriu o clube em 1987 fez um trabalho de gestão fenomenal, transformando o Lyon, clube de divisões inferiores até então, num sério candidato ao título francês ano após ano. O clube atingiu o seu momento mais alto no início deste novo milénio, quando foi heptacampeão de 2002 a 2008, um recorde da Ligue 1. Destes fabulosos sete títulos, quatro foram conquistados por Paul Le Guen (2002-2005), dois por Gérard Houlier (2006-2007) e o último por Alain Perrin (2008). Além dos campeonatos, o Lyon conquistou cinco Taças de França, uma Taça da Liga e oito Supertaças – nada mal para um clube criado em 1950 que, antes de subir à Ligue 1 definitivamente, conquistou por três vezes a Ligue 2 (segunda divisão francesa).

Mas Aulas fez muito mais que do isto: tornou o Lyon no segundo clube com mais adeptos de França, juntamente com o PSG e apenas atrás do Marselha. Cerca de 11% da população francesa torce pelo Lyon. Mais uma vez, nada mal para um clube com apenas 64 anos. Além disto, em 2009, devido a Aulas o Lyon foi considerado o clube mais rico de França – ninguém tinha mais lucro que o Lyon na Ligue 1, então considerado o clube mais valioso do país e o décimo terceiro mais valioso do mundo, estando avaliado em aproximadamente 257,6 milhões de euros. Com a compra do PSG e do Mónaco esta alterou-se, mas o Lyon faz claramente muito mais com muito menos, preferindo formar os seus próprios jogadores ou comprar barato para eventualmente vender caro a gastar balúrdios em transferências.

Foram muitos os grandes talentos que o Lyon desenvolveu e que ajudaram ao crescimento do clube, tanto a nível nacional como internacional. Para nomear alguns apenas, temos Essien, que custou ao clube aproximadamente 8 milhões de euros e acabou por render mais de 30 quando se transferiu para o Chelsea de José Mourinho; Mahamadou Diarra, que fazia parelha com Essien no meio-campo do Lyon campeão e foi vendido ao Real Madrid por 26 milhões de euros; Tiago, que custou 10 milhões de euros quando foi comprado ao Chelsea e após ser bicampeão em França rendeu 13 ao transferir-se para a Juventus. Mais: temos o exemplo de Benzema, Abidal, Malouda, Coupet ou Gouvou como jogadores franceses que despontaram no clube, tendo rendido ao Lyon aproximadamente 70 milhões de euros. Talvez o jogador que melhor represente os anos dourados desta equipa seja Juninho Pernambucano, um jogador fabuloso que esteve no Lyon durante a conquista dos sete títulos e é considerado por muitos como o melhor marcador de bolas paradas da história. Juninho não foi o único internacional brasileiro a passar pelo Lyon. Cris, Nilmar, Fred e Sonny Anderson jogaram lá e todos conquistaram títulos no clube.

Grenier e Gourcuff formam uma dupla invejável no actual meio campo do Lyon Fonte: leprogres.fr
Grenier e Gourcuff formam uma dupla invejável no actual meio campo do Lyon
Fonte: leprogres.fr

Estes jogadores são apenas alguns de muitos que passaram pelo clube e que ajudaram ao seu desenvolvimento e crescimento. Sendo que o Lyon não é campeão desde 2008 e não se tendo conseguido apurar para a Liga dos Campeões na época passada, a equipa continua recheada de talento – jogadores como Grenier, Gourcuff, Gonalons ou Gomis fazem parte do plantal principal – mas com a introdução dos “novos-ricos” PSG e Monaco na luta pelo título o Lyon tem agora a tarefa muito mais dificultada, tendo de assumir como principal objectivo a qualificação para a Liga dos Campeões e não a conquista do campeonato francês, pelo menos na época que decorre.

Os maiores rivais do Lyon são o Saint-Etienne (derby du rhône) o Marselha (choc des Olympiques), o Bordéus, o PSG e o Lille. Tirando o PSG, estes clubes encontram-se todos mais ou menos ao mesmo nível, lutando apenas por um lugar na Liga dos Campeões do ano que vem, não tendo capacidade para competir com jogadores como Ibrahimovic, Cavani ou Lavezzi. Se bem que conhecendo o Lyon e Aulas não demorará muito até que encontrem uma resposta para este problema e voltem a discutir a tão cobiçada Ligue 1, voltando a ser presença assídua nas edições anuais da Liga dos Campeões. Talvez isto aconteça a tempo da mudança do clube para o novo estádio, em 2015, quando trocarem o velinho Stade de Gerland pelo moderno Stade des Lumières, um recinto com melhores condições e com uma capacidade muito maior para acomodar as necessidades de um clube como o Lyon.

Estamos a pôr-nos a jeito

Topo Sul

Hoje, na véspera de um entusiasmante Benfica vs Estoril, aproveito a oportunidade de escrever sobre o meu Benfica para lançar um repto ao plantel encarnado.

Ao contrário de alguns benfiquistas, que legitimamente se atormentam com os fantasmas do passado, eu não sou daqueles adeptos que dão elevada importância ao passado, às estatísticas ou aos números. Sou mais de valorizar o momento actual das equipas e a sua performance nos últimos jogos. Olhando para aquilo que o Benfica tem vindo a demonstrar neste últimos jogos, é justo elogiar as prestações da equipa, sobretudo pela sua consistência, confiança e assertividade defensiva. Este Benfica, como já se percebeu, não está em campo para dar espectáculo, mas sim para amealhar pontos, e eu não condeno esta postura. De todo. Os adeptos querem vitórias que consequentemente lhe dêem títulos. São esses que ficam para a História do nosso grandioso clube. Aliás, no futebol actual o pragmatismo é um conceito cada vez mais valorizado pelas grandes equipas e parte dos melhores (veja-se Mourinho) é guiada por esse chavão.

Quem me conhece sabe que sou fã incondicional do futebol de posse. Delicio-me a ver o Barcelona a jogar e passei a idolatrar o Bayern de Guardiola. São equipas que, na grande maioria dos jogos, não tremem em campo. Não se sentem vulneráveis, pressionadas e sem confiança. A naturalidade com que os golos vão aparecendo faz com que os adversários se vão resignando aos poucos e que desejem que o massacre termine. Como já se percebeu, era um rapaz inteiramente feliz se o Benfica praticasse tal futebol. No entanto, sou consciente ao ponto de saber que tal desejo é utópico. Não porque o nosso plantel não tenha qualidade, mas porque não temos jogadores suficientes com essas características.

Benfica procura amanhã, diante do Estoril, a quinta vitória consecutiva para o campeonato Fonte: ZeroZero
Benfica procura amanhã, diante do Estoril, a quinta vitória consecutiva para o campeonato
Fonte: ZeroZero

Contudo, o facto de o Benfica não poder implantar tal futebol não significa que não possa ter a personalidade que está inerente a essas equipas. Esta personalidade a que me refiro não se prende com a gestão de jogo que a equipa tem feito nos últimos jogos, e que tem resultado, mas sim à forma como essa mesma gestão não é feita da forma mais correcta e ajustável.

Qualquer que seja, o adepto encarnado não pode aceitar que um clube como o Benfica se acomode com a vantagem mínima em quase todos os jogos, mesmo que seja em casa ou contra adversários visivelmente mais débeis. Enquanto o 1-0 se mantiver, os tais fantasmas do passado vão estar sempre presentes na mente dos adeptos e dos próprios jogadores e esse é um factor sempre prejudicial. Analisando, por exemplo, os últimos jogos para o campeonato- frente a Guimarães e Belenenses-, essa gestão de que falava foi cegamente seguida e as coisas poderiam ter seguido outro rumo. A justiça dos resultados é inquestionável, mas no mundo do futebol nem sempre é ela que impera. Como se diz na gíria popular: “estamo-nos a pôr a jeito” e só os benfiquistas sabem como é perigosa uma escorregadela nesta fase da temporada.

Assim sendo, aqui vai o meu apelo para as hostes encarnadas: meus amigos, não tirem o pé do acelerador. A jogar constantemente para segurar a vantagem, os empates vão acabar por aparecer e as possibilidades de entramos numa espiral recessiva são elevadas. A gestão dos jogos também se faz com investidas ofensivas que resultem em golos e que por sua vez garantam vantagens folgadas. Com as devidas diferenças, temos sempre o exemplo da época em que vencemos o último campeonato nacional. Os massacres que o Benfica impunha aos adversários deixavam-nos completamente de rastos e desacreditados. Hoje em dia, o contexto é diferente e, por isso, não estou a apelar a goleadas consecutivas. Estou sim a pedir vantagens mais folgadas e uma gestão do jogo baseada nos golos e não numa posse de bola muitas vezes desgarrada e periclitante. O pragmatismo a que me refiro também se aplica a esta filosofia. Uma equipa pode perfeitamente estar a controlar o jogo, mas ao mesmo tempo ganhar metros no terreno e assustar o adversário, sobretudo quando este é bem mais fraco que o Benfica. Naturalmente, quando faço este apelo não espero que seja aplicado em jogos contra oponentes da mesma valia que os encarnados, mas sim em jogos contra equipas de quem não se esperam grandes dificuldades.

Quem vê alguns do Benfica fica com a ideia de que se o adversário fosse mais forte poderia ter roubado pontos aos encarnados. De facto, essa análise não me parece tão descabida, sobretudo se recordamos alguns jogos desta temporada. Se é certo que o desacerto do adversário é muitas vezes motivado pela excelente organização defensiva da equipa – e esse  é um factor a ter em conta-, também é correcto afirmar que a equipa do Benfica têm de ser mais incisiva ofensivamente e criar mais oportunidades de golo que evitem o sobressalto constante em certos momento do jogo. Na verdade, Jorge Jesus parece partilhar desta mesma opinião e já alertou a equipa para o excesso de confiança, esperando que a mensagem tenha chegado ao jogadores.

Deste modo, e para terminar, espero este repto seja considerado já no jogo de amanhã com o Estoril e que o resultado seja uma vitória justa, mas simultaneamente convincente e autoritária para mostrar aos nossos perseguidores que este é o ano do glorioso.