A notícia da transferência de Lewandowski para o Bayern de Munique não foi propriamente uma novidade. Há muito que se sabia que o avançado deixaria o Dortmund no final da temporada para se juntar a Götze na Baviera. Será uma baixa de peso para o Borussia, que assim se vê obrigado a ir ao mercado para contratar um goleador. Não é tarefa fácil, uma vez que Lewandowski é um dos melhores do mundo na sua posição, mas, na minha opinião, Edin Dzeko pode ser um substituto à altura.
O bósnio foi muito feliz com a camisola do Wolfsburgo / Fonte: http://i.telegraph.co.uk
Depois de ter dado nas vistas no Wolfsburgo, onde foi o melhor marcador do campeonato alemão, Dzeko rumou ao Manchester City, clube que pagou 35 milhões de euros pela sua contratação. Não foi, de todo, a melhor opção para a sua carreira. Nunca foi um indiscutível em Inglaterra – muito por culpa da enorme qualidade da concorrência –, isto apesar de ser um dos avançados mais eficazes do futebol europeu (na relação minutos-golos). Se estivesse num clube onde tivesse mais tempo de jogo, não tenho dúvidas de que o bósnio estaria ao nível dos melhores do mundo. É rara a ocasião em que entra em campo e não marca. Com Agüero lesionado, Pellegrini tem lançado Dzeko a titular e, para não variar, o ponta-de-lança não tem desiludido. Marcou ao West Ham para a Taça da Liga – prova em que é o melhor marcador – e voltou a fazê-lo no jogo com o Newcastle, para a Premier League. Apesar desta titularidade (provisória), penso que a saída do City é a decisão mais acertada para a carreira do goleador.
Dzeko é sinónimo de golos, mas não só. O bósnio é um ponta-de-lança extremamente completo, que não se limita a esperar pela bola. Joga muito bem de costas para a baliza e tem uma técnica invulgar para um jogador da sua envergadura (1,92m). Na grande área não costuma perdoar, seja com o pé direito, com o pé esquerdo ou de cabeça. Comparando-o com Lewandowski, ganha no jogo aéreo – capítulo em que é um dos melhores do mundo –, mas perde por não ser tão rápido e ágil como o polaco. Ainda assim, penso que, em termos globais, são avançados que têm muito em comum.
Dzeko em duelo com Kuba / Fonte: spox.com
Se o Dortmund quiser dar luta ao Bayern, vai ter de investir a sério. O Borussia terá obrigatoriamente de abandonar a política que vinha seguindo nos últimos anos, até porque a chegada à final da Liga dos Campeões deu ao clube o estatuto de uma das melhores equipas da Europa. A contratação de Mkhitaryan por valores a rondar os 30 milhões de euros pode ser um indicador de que o emblema alemão está finalmente disposto a contratar jogadores “feitos”, que representem uma mais-valia no imediato. Nesse sentido, a aquisição de Dzeko seria perfeita. O avançado de 27 anos certamente veria com bons olhos um regresso ao campeonato alemão – que já conhece bem – e o Dortmund ganharia um ponta-de-lança que encaixa no modelo de jogo da equipa e que seria garantia de muitos golos. Se o negócio acontecer, arriscaria dizer que, em pouco tempo, o bósnio será capaz de fazer esquecer Lewandowski. Para já, Pellegrini sabe que tem um jogador que, quando entra em campo, é para fazer a rede balançar.
PS – Fez-se justiça. Cristiano Ronaldo é o vencedor do prémio para o melhor jogador do mundo no ano de 2013, conquistando a segunda Bola de Ouro da carreira. Parabéns, campeão!
Numa próxima Era, quando uma qualquer nova espécie de Ser que habite este Planeta sentir curiosidade em descobrir o que a antecedeu, inevitavelmente constatará que esta nossa espécie humana, num determinado período de tempo, se entretinha e divertia – entre outras coisas – com algo aparentemente tão banal quanto vinte e dois homens a correr atrás de uma bola a saltar num campo relvado. E se essa curiosidade for tão extrema quanto a paixão que a actual Sociedade tem por este Desporto, de forma simples esses novos arrendatários da Terra concluirão que era, então, na Europa que o Futebol tinha a sua maior expressão. E se forem minuciosos, olhando o mapa, não deixarão de reparar no país mais a ocidente do continente europeu – então, vasculhando no baú do futebol português, a curiosidade irá redundar num nome: Mário Jardel. Ou, simplesmente, Golo.
Como todas as lendas, por debaixo do nome e de entre a poeira, emergirá o registo: 24 títulos, entre os quais uma Taça Libertadores, uma Supertaça Europeia, quatro Ligas Portuguesas, três Taças de Portugal, quatro Supertaças de Portugal, uma Liga Argentina e um Campeonato Brasileiro. E no meio de tanto título, ainda mais golo: cinco vezes Melhor Marcador do Campeonato Português e duas vezes Bota de Ouro (Melhor Marcador dos Campeonatos Europeus), para além de outros prémios individuais.
Só que se para os actuais nativos da Terra os números ganharam uma dimensão quase incomensurável, dentro da minha ingenuidade vou crer que a nova espécie vai gostar mais de História e emoção. E então terei pena de não lhes poder explicar, contar e partilhar algo tão simples quanto isto: Jardel foi a maior máquina de fazer golos que este país já viu!
“Conheci poucos avançados como Jardel. Naquela final do Mónaco, eu e o Helguera sentimos que poderíamos dar em loucos” (Iván Campo, ex-Real Madrid) / Fonte: www.lancenet.com.br
Refinando o toque pessoal, Super Mário assinou momentos da minha infância com a mesma assiduidade que os meus pais ou os meus amigos de então. Alto e espadaúdo, chegado do Brasil e do Grémio de Porto Alegre (67 golos em 73 jogos), aterrou na Europa para, felizmente, actuar no meu clube… O primeiro capítulo desta bonita história coincide com um dos meus primeiros dias de escola: Milan-Porto, em San Siro (Setembro de 1996). No meio dos Maldinis, Desaillys, Bobans, Weahs e Baggios desta vida, lá entra um tipo meio desengonçado com o 16 nas costas. Lançado por António Oliveira, em meia hora Jardel rubrica dois golos, deixa o seu primeiro cartão-de-visita na Europa (e na Liga dos Campeões), o FC Porto vira o jogo e vence em Itália por 2-3. Nessa mesma época, na Luz, mata no peito e fuzila Preud’homme – tudo sem deixar a bola tocar no solo. Primorosamente assistido, os golos acumulam-se (como aqueles sete diante da Juventude de Évora em apenas 45 minutos, um recorde!), os momentos brilhantes sucedem-se e a História faz-se. Como naquela minha primeira tarde nas Antas, em que fui para o ver jogar. Só.
Verdadeiramente, Mário Jardel nunca foi um fenómeno com a bola nos pés – por incrível que pareça, não era um jogador rápido nem especialmente móvel; não era sequer forte no drible ou na finta; em suma – ainda que tendo evoluído desde a sua chegada ao futebol europeu –, a sua relação pura com o esférico nunca foi a mais íntima. Porém, como todos os génios, tinha um dom: um jogo de cabeça letal e um posicionamento dentro de área fora-de-série. E soube aproveitá-lo como ninguém. A sua imagem de marca, aliás, constrói-se mesclando estas duas características: cruzamento de um dos seus pares – e Jardel tem tanto que agradecer a Drulovic, Capucho, Hagi ou João Vieira Pinto –, Super Mário dá um passo em frente, baralha o seu marcador, dá dois passos atrás, (re)posiciona-se, tempo de salto exacto, gesto técnico de cabeceamento perfeito, … Golo! Muito Golo! E 168 golos depois, como Melhor Marcador da Champions 1999/2000, deixa os Dragões e ruma à Turquia.
Atravessa a Europa mas a veia goleadora é inabalável: na estreia, bisa frente ao Real Madrid e oferece ao seu novo clube, Galatasaray, o mais importante título da sua história: a Supertaça Europeia. Marca em catadupa (22 golos em 24 jogos e 2º Melhor Marcador dessa edição da Champions), mas pela primeira vez é afectado por lesões e começam a surgir problemas extra-futebol. Com a possibilidade de regressar ao país que o havia consagrado, chega a surgir no Aeroporto Francisco Sá Carneiro de cachecol azul e branco ao pescoço, com inúmeros adeptos à sua espera – era Verão e tempo de praia mas o meu foco era aquela imagem. Até que assoma uma das figuras mais patéticas do futebol português: Octávio Machado, então treinador do FC Porto, veta a contratação de Super Mário por não tencionar construir uma equipa em torno de um jogador. Como se uma máquina que garante 50 golos por época não o justificasse… Mais perspicazes, Bölöni e o Sporting albergam Jardel e eis que este volta mais Super do que nunca: 42 golos em 30 jogos no Campeonato, mais seis em seis na Taça UEFA (2º Melhor Marcador) e decisivo no título dos Leões. Por que será?
Perante tamanha monstruosidade de época e com o Mundial à porta, os sonhos são mais do que muitos. Não vai com a Selecção Canarinha (17 internacionalizações e 8 golos) ao Coreia-Japão 2002 e a ansiada transferência para um “tubarão” do Futebol Europeu nunca se concretiza… Sem saber lidar com a dupla decepção, de forma irónica ou não, Jardel acaba por ser traído pela ferramenta que melhor utiliza em campo: a cabeça. Ao contrário de até então, a grande área deixa de ser o seu habitat natural e o golo o seu modo de vida. A noite de Lisboa é profunda e Super Mário passa a Vilão. Sem saber, a sua carreira termina pouco antes dos 30 anos.
Recuando no tempo e desprezando o seu comportamento out of the box, Jardel foi o jogador que mais admirei. Por me ter dado incontáveis alegrias com a camisola do meu clube, é certo. Mas, verdadeiramente, por muito mais do que isso. Alargando o horizonte futebolístico, nunca testemunhei um ‘9’ puro com tanto golo no seu respirar: Jardel transformava cada bola metida na área num potencial golo. Vi-o marcar de cabeça – quase sempre –, de pé direito, de pé esquerdo, de meia distância, de letra ou de pontapé de bicicleta. Vi-o marcar a FC Porto, Sporting ou Benfica, mas também a Barcelona, Real Madrid, Bayern Munich, Milan, enfim, a todo e qualquer um. E ainda que nunca possa ser desmentido, acredito que a sua lista de vítimas poderia ter sido muito mais extensa, assim a cabeça o tivesse querido. Porque cabeça tinha ele. Ou um dom: o de ser um extraterrestre dentro da área.
Tu querias perceber os pássaros
Voar como o Jardel sobre os centrais
Saber por que dão seda os casulos
Mas isso já eram sonhos a mais
Conta-me os teus truques e fintas
Será que os ‘Nikes’ fazem voar
Diz-me o que sabes não me mintas
Ao menos em ti posso confiar.
O Benfica recebeu e venceu o FC Porto por 2-0 na última jornada da primeira volta. Num jogo intensamente disputado, Rodrigo (13m) e Garay (53m) fizeram os golos que valeram os três pontos e a liderança isolada da Liga aos encarnados.
Em tarde de homenagem a Eusébio, Rodrigo abriu o caminho para o triunfo Fonte: Lusa
Sport Lisboa e Benfica
Era tarde de emoções fortes e ninguém o negava. Os benfiquistas responderam à chamada que Eusébio involuntariamente deixou e quiseram estar presentes naquele que seria, teoricamente, e até ao momento, o jogo mais difícil do campeonato…também ele a encerrar a primeira parte do mesmo. Igualdade pontual no pódio com os três grandes a mostrarem como se dá de comer (bom futebol) ao povo português, se bem que pelas 16h00 de Domingo já o Sporting tinha empatado na Amoreira e tremia com a possibilidade de ver um dos seus dois adversários directos distanciar-se. O que veio mesmo a acontecer.
O Benfica abriu as portas a uns 63 mil espectadores – naquela que foi, de longe, a melhor assistência do ano – e preparou coreografia, homenagem, minuto de silêncio, vídeo…tudo para lembrar e relembrar o Rei que partiu há ainda menos de uma semana. Estar no estádio – e posso afirmá-lo sem precedentes porque fui um dos privilegiados – foi como ir ao céu e voltar. Poucas coisas sabem assim, daquela maneira única que todas e nenhumas palavras servem para explicar. Arrepiante.
Apito inicial e a equipa da casa a querer ir para cima do adversário. Mais bola, mais atrevimento e o lado esquerdo a funcionar on wheels, proporcionando alguns sustos a Paulo Fonseca e seus pupilos. Mas cedo o FC Porto se recusou a abandonar o jogo e guardou para si a bola. Ainda só íamos com dez minutos de jogo e já se percebia que as bancadas queriam ver mais Benfica, ou o mais normal seria voltar aos tempos em que nem pintados de ouro os jogadores de encarnado conseguiam vencer o clube nortenho. Nem de propósito e sem muitos o conseguirem prever, Rodriguito, numa perfeita e oportuna homenagem ao Pantera Negra, faz o primeiro da noite: um remate vistoso e indefensável pela esquerda, ao minuto 13…o mesmo número que Eusébio envergou ao serviço da Selecção Nacional no Mundial de 66. Respira fundo, Jesus. Ficou mais fácil.
Sabemos é que, quando fica mais fácil para o Benfica, abre-se lugar ao disparate. Ora, sem tirar nem pôr: os azuis e brancos foram ganhando espaço e mais espaço e quando se dava por eles estavam em cima da área encarnada a tentar bombear bolas para a baliza de um Oblak que entrou em campo como o terceiro mais novo guarda-redes de sempre a enfrentar o FC Porto no eterno clássico. Com uma exibição segura e sem grandes preocupações, o jovem alcançou perante o rival nortenho o sexto jogo consecutivo sem sofrer golos tornando-se no melhor guarda-redes estreante da história do clube. Com ou sem coincidências, a defesa do Benfica mostrou-se também ela segura – ainda que com linhas muito baixas – e assim fomos para intervalo. O FC Porto não era preciso, mas estava mais forte.
Voltou-se para aquela que seria uma segunda parte sem muita história. O Benfica entrou pesado e sem vontade de ver o seu adversário jogar e as bancadas deliciaram-se com o festim de bola que iam vendo. Passes acertados, iniciativas de se lhe tirar o chapéu, espaço para chegar ao meio e uma defesa irrepreensível. Ia-se notando, por esta hora, a importância de Matic e Enzo neste esquema habitual, e depois a importância de Maxi e Siqueira na quebra das laterais do FC Porto. Como se não bastasse, os centrais ainda subiam e, numa dessas ocasiões, Garay – de canto – meteu a cabeça à bola e bateu um Helton pouco inspirado e relativamente nervoso. Estava feito o segundo da noite e nem a entrada de Quaresma serviria para pôr água na tépida fervura que era o jogo de Paulo Fonseca. Foi um jogo bonito e simples, muito disputado, mas que teve um justo vencedor: o que realmente venceu.
A assinalar ainda que Artur Soares Dias tem falhas relativamente estranhas e critérios que deixam um pouco a desejar. Entra em campo com o objectivo de não amarelar desnecessariamente os jogadores de ambos os conjuntos, mas consegue – já na segunda parte – atribuir cinco cartolinas em menos de dez minutos. A isto junte-se uma mão de Mangala na área que o juiz da partida não conseguiu ver – minuto 52 – e um “chega-para-lá” perfeitamente escusado de Garay sobre Quaresma que poderia ter valido grande penalidade para os azuis e brancos – minuto 80. Vale a pena deixar bem explícito que não foi um jogo propriamente fácil para o árbitro que, para além de ter 63 mil pessoas à sua volta, teve ainda de lidar com a agressividade excessiva dos jogadores do FC Porto na primeira parte…tendo essa mesma agressividade sido retribuída em alguns poucos lances por parte dos jogadores do Benfica.
Campeões de Inverno. “Só” falta o resto.
Rodrigo e Garay foram os autores dos golos na vitória encarnada Fonte: Lusa
Classificação dos Jogadores:
Oblak (9) – Tudo o que havia para fazer, ficou feito. Com segurança e determinação. E não precisa de mais do que 21 anos de vida e outros tantos de treino e experiência para provar que tem pela frente uma brilhante carreira.
Garay (7) – Não se pode exigir perfeição a nenhum ser humano, mas quando se é realmente perfeito exige-se que tal dom se mantenha, propague e exalte dia após dia ou, neste caso, jogo após jogo. Ora, se Garay é perfeito…para quê uma ou outra entrada fora de tempo e plena de agressividade? Quaresma tem razão de queixa.
Luisão (7) – Em dia de homenagem ao Rei, o rei da defesa encarnada puxou da coroa, ocupou o habitual trono e, ainda que o turbo de Jackson tenha em alguns momentos metido medo, o brasileiro não se deixou ofuscar. Fácil.
Maxi (8) – Portentoso. E pouco mais há a dizer. Tirando o facto de ter feito o jogo da época e de ter estado bem ao ponto de lembrar os anos em que (nos) deslumbrou. “El Cantiflas” ainda terá jogo em si?
Siqueira (7) – Não sou apreciador do estilo, revejo nele inúmeras falhas que ocuparam o lado esquerdo da nossa defesa desde a saída de Coentrão, mas não posso deixar de tirar o chapéu a esta bem conseguida exibição. Forte fisicamente e com a capacidade para anular completamente Varela e não se deixar assustar pelas arrancadas do recém-chegado Quaresma.
Matic (8) – Dá vontade de lhe comprar um estádio e uma bola e pagar bilhete só para ver o raio do homem jogar e deslumbrar sozinho. Só falhou no minuto 10 quando Helton ofereceu uma prendinha de Natal atrasada e o passe não lhe saiu bem. De resto? Não só mandou no meio-campo encarnado, como no azul. Vai deixar saudades…
Enzo Pérez (6) – Consistente e presente. É uma luz que na Luz (e fora dela) não se apaga. Só que não tão brilhante como em outras alturas.
Gaitán (7) – Desengata sempre e em qualquer situação. Faz lembrar aquele amigo que todos nós temos que é sempre capaz de meter o carro a pegar. Dá uma confiança tenebrosa ao ataque do Benfica e isso viu-se num lado esquerdo sempre muito criativo e maroto.
Lima (5) – Continua à procura do seu espaço na equipa. Ninguém esquece as suas capacidades nem o que deu ao Benfica numa só época. Mas pede-se mais. E ele é capaz.
Rodrigo (8) – Desbloqueou o jogo e quebrou o medo. Funcionou não como timoneiro – papel mais natural -, mas sim como farol. Aguentou o ataque com a classe de um jogador que já faz isto há muitos, muitos anos. Não é o caso. Mas parece.
Jardel (-) – Registei uma intervenção poderosa, mas nada mais.
Rúben Amorim (-) – Sem tempo para mostrar serviço.
Melhor em Campo: Markovic (9) – Brilhou de forma curiosa, tal como as estrelas mais bonitas o fazem no céu: nem sempre de forma consistente e escondendo-se por uma ou outra vez. Mas ainda assim capazes de nos alegrar e embelezar a noite. Ou, neste preciso caso, o final de tarde. É um caso a ter em conta. Arrancada pela esquerda, arrancada pelo meio. Passe aqui, passe acolá. Luta pelo chão, luta pelo ar. Foi pau para toda a obra e, ainda que tenha caído a meio da segunda parte, merece o prémio de jogador do clássico. É para manter.
Tiago Martins
Futebol Clube do Porto
O FC Porto continua a desiludir. Contra onze “Eusébios” em campo e mais uns quantos milhares na bancada, num Estádio da Luz apinhado para se despedir do Pantera Negra, os pupilos de Paulo Fonseca nunca fizeram o suficiente para merecer os três pontos e voltaram a revelar sérias fragilidades. Há uma série de críticas recorrentemente apontadas ao FC Porto ao longo desta época e que ganharam ainda mais consistência após o jogo de ontem: a apatia de vários jogadores em vários momentos, a falta de dinâmica colectiva, a incapacidade para trocar a bola no meio-campo adversário, a dificuldade em sair em transições rápidas e eficazes, a escassez de situações de golo verdadeiramente perigosas, a lentidão de processos e a inoperância dos extremos teimam em manifestar-se e impedem o FC Porto de se apresentar ao seu nível habitual.
Durante toda a primeira parte, o Benfica foi mais forte do que o FC Porto. Ao contrário do que anteviu publicamente Paulo Fonseca, o Benfica apresentou-se com dois avançados de início mas acabou por não sentir a inferioridade numérica no miolo. Rodrigo colocou os anfitriões em vantagem logo no primeiro quarto de hora e a pressão alta e forte do Benfica impediu, quase sempre, o FC Porto de sair com segurança da sua primeira fase de construção. Não houve uma resposta efectiva e o meio-campo portista nunca conseguiu impor-se na partida. Lucho não foi capaz de fazer a diferença, Carlos Eduardo teve novamente dificuldades em assumir o jogo nas zonas mais nevrálgicas e Jackson foi muito pouco (e mal) servido. Os dois extremos, muito bem vigiados pelos médios ala do Benfica, foram extraordinariamente inconsequentes.
Na segunda metade, que praticamente começou com o 2-0, a toada manteve-se. O Benfica, um pouco mais cauteloso, geriu a preciosa vantagem que tinha, nunca permitiu grandes veleidades aos nortenhos. O FC Porto tinha mais bola mas desprotegia demasiado a retaguarda, permitindo aos benfiquistas alguns contra-ataques perigosos. A entrada de Quaresma logo após o golo de Garay surtiu muito poucos efeitos e, ao contrário do que é comum na equipa dos dragões, já nem os próprios jogadores acreditariam que fosse possível inverter o rumo dos acontecimentos depois de Danilo ser (mal) expulso.
Da mão de Mangala ao empurrão de Garay a Quaresma nas respectivas áreas, passando pelo empurrão de Jackson a Maxi, pela lei da vantagem que ficou por dar quando Jackson se isolava e pelas inúmeras faltas no meio-campo, serão vários os casos de arbitragem discutidos durante a semana, como é quase inevitável nos clássicos. Certo é que o árbitro acabou por não influenciar o resultado: o FC Porto perdeu e perdeu justamente. Após o empate sofrido em Alvalade (que só não deu em derrota por acaso), uma derrota na Luz. Ainda falta muito campeonato (metade, na verdade), mas a inconsistência da equipa não deixa antever um desfecho muito favorável para os azuis e brancos. Para já, segue atrás dos outros “grandes” na classificação. Ou melhora ou esta poderá vir a ser a pior época dos últimos anos…
Paulo Fonseca continua a desiludir e já vai em 3.º lugar Fonte: Lusa
Classificação dos Jogadores:
Helton (6) – Inventou logo no início, dando uma bola ao adversário num mau alívio. Não teve qualquer hipótese no primeiro golo e saiu-se mal no segundo. De resto, correspondeu sempre que foi chamado a intervir.
Danilo (5) – Teve algumas desconcentrações defensivas, como no primeiro golo do Benfica. Soltou-se muito pouco no ataque e, na única vez que foi à linha, caiu na área e acabou expulso por Artures Soares Dias. Longe do que já o vimos fazer nesta época.
Alex Sandro (6) – Teve pela frente um super-Markovic, que lhe deu muito trabalho a defender e o fechou muito bem quando atacava. Procurou envolver-se no ataque mas ontem foi travado pela defesa benfiquista.
Otamendi (6) – Voltou a assumir a titularidade, mas não esteve particularmente seguro, cometendo alguns erros que poderiam ter custado caro.
Mangala (6) – Esteve ao seu nível ao longo de um jogo em que teve muito trabalho. Apesar do lance do segundo golo – em que foi superado por Garay – registou uma exibição positiva.
Lucho (5) – Demasiado preso. A classe e o espírito de liderança continuam lá, mas a idade já pesa e tende a ser pouco lesto a executar. Ontem viu-se isso: pedia-se-lhe mais nervo e mais rotação. Acabou por sair, precisamente por isso.
Carlos Eduardo (6) – Tal como contra o Sporting, teve dificuldade em aparecer no meio, onde é mais preponderante. Tentou pegar no jogo, mas só teve a oportunidade de desequilibrar nas bolas paradas, onde esteve particularmente desinspirado.
Varela (6) – É um jogador dedicado e que nunca vira a cara à luta, mas mais uma vez foi incapaz de criar perigo. Não conseguiu ganhar um único duelo individual com um lateral adversário e isso diz tudo. Ainda assim, dos mais inconformados.
Licá (5) – De facto, só joga porque não há outra solução. Depois da entrada fulgurante, logo no início da época, na Supertaça, nunca mais voltou a evidenciar qualidade suficiente para fazer parte das opções individuais. Muito empenho, pouco desempenho. Saiu aos 55.
Jackson (6) – Desastrado na única real oportunidade de que dispôs, já no final da primeira parte. Batalhou muito com os centrais do Benfica, mas teve muito pouco espaço para se movimentar. A bola raramente lhe chegou em condições e, por conseguinte, esteve muito apagado.
Quaresma (6) – Entrou logo a seguir ao 2-0 para substituir Licá, procurando desestabilizar a defesa encarnada, mas revelou-se aquilo que os portistas mais temiam: para já, não passa de um jogador talentoso muito longe da sua melhor forma. Ainda tem tempo para se encontrar, mas ainda não foi neste encontro que surtiu o efeito desejado pelo treinador.
Josué (-) – Rendeu El Comandante aos 70 minutos, mas também veio acrescentar pouco ao jogo, até porque o FC Porto se viu em inferioridade numérica poucos minutos depois da sua entrada em campo.
Melhor em Campo: FERNANDO (7) – Não consegue jogar mal. É dos poucos que tem uma postura irrepreensível em todos os jogos, independentemente das competições ou do adversário. Ao longo de toda partida, desdobrou-se a acudir os colegas, foi o líder do meio-campo a partir de trás mas esteve pouco participativo nas missões ofensivas. Apenas o menos mau num colectivo demasiado fraco.
Reina um sentimento de inevitabilidade em Itália, desde o último fim de semana, de que o título de campeão nacional está já atribuído. É certo que até ao último minuto da derradeira jornada tudo pode acontecer, mas as probabilidades de a Juventus não se sagrar campeão pela terceira vez consecutiva são diminutas.
Em noite de dia de reis, a formação bianconera deu mais uma prova da sua clara superioridade em território nacional ao bater a Roma sem apelo nem agravo por 3-0. Naquele que foi o embate entre primeiro e segundo classificados, sendo que a Roma até estava invencível, não se esperava uma décalage tão grande entre as duas equipas.
O sentimento de impotência giallorossi veio da voz do capitão romano, Francesco Totti, que dizia no final do encontro que “a Juventus nem precisou de nenhuma ajuda para nos ganhar facilmente”.
Foi o décimo triunfo consecutivo da equipa de Antonio Conte, que permitiu alargar a liderança na Serie A para oito pontos. Se pensarmos que a formação de Turim apenas cedeu cinco pontos em dezoito jogos, é fácil perceber que só uma hecatombe poderá retirar o tricampeonato à Juve.
Vitória incontestável frente à Roma, com uma demonstração de maturidade incrível por parte dos comandados de Antonio Conte. A acelerar quando deviam, a acalmar o jogo, com posse de bola, nas alturas certas e a juntar a isso um futebol de elevada nota artística. Vidal, Bonucci e Vucinic foram os autores dos golos, num embate que ficou ainda mais desequilibrado após as expulsões de Castan e De Rossi.
Vidal continua em grande forma e marcou mais uma vez / Fonte: soccerball365.com
Entrar na segunda volta do campeonato com uma demonstração de superioridade pontual e exibicional tão grande é fantástico para a Juve, mas retira, e muito, a emoção da Serie A, que terá como maiores pontos de interesse a luta pelos lugares de Champions.
É de tirar o chapéu a Antonio Conte e à direcção da Juve por, após a passagem pela segunda divisão e a perda de jogadores nucleares, terem reabilitado o clube, construindo um novo estádio e um plantel com marca vencedora.
Hoje, Itália veste-se de preto e branco e os grandes adversários da Juve têm de melhorar e muito para evitar um domínio de anos da equipa de Turim.
Acabou há pouco o jogo que fecha a primeira volta do campeonato entre Estoril Praia e Sporting. Num António Coimbra da Mota esgotado apesar dos “preços de Mundial em estádio de Distrital”.
No Sporting, a novidade (se é que lhe podemos chamar assim) foi Ivan Piris a substituir Jefferson, suspenso por um jogo. Havia muita expectativa para o jogo de hoje, pelo desempenho das duas equipas na corrente época.
O jogo começou durinho e durinho se manteve durante os 90 minutos. Muito batalhado no centro, com William pelo Sporting e Gonçalo Santos pelo Estoril, numa autêntica batalha campal no meio campo que ficou congestionado e sem espaço para Andrien e Martins distribuírem para a frente de ataque.
No segundo quarto de hora de jogo, vimos as duas últimas oportunidades da primeira parte. Primeiro, o remate de Wilson a passe de André Martins e depois a defesa do enorme Patrício que acabaria por cumprir mais um jogo sem sofrer qualquer golo.
O equilíbrio táctico e intenso contacto que marcaram a primeira parte, continuaram após o intervalo até Jardim mexer no jogo. Com a saída do Wilson e do Carillo (com o entusiasmo do costume) e entrada de Capel e Slimani, a equipa ganhou mais corpo no último terço mas acabou por não ter sido suficiente para fazer a diferença prática no que diz respeito ao jogo
Mais uma oportunidade clara de golo de cada lado pincelaram a segunda parte dum jogo meio abrutalhado que era importante ter ganho – não pela circunstância de amanhã haver clássico, mas por ser mais um jogo onde os golos e os 2 pontos que fugiram fazem sempre falta.
Pedro Proença (o “so-called” melhor do Mundo) não esteve particularmente bem, a contribuir para o ritmo baixo da partida. Com o sorrizinho desconcertante do costume, decisões tardias e critério incompreensível num jogo de choque, Proença conseguiu aquilo que sempre gostou muito. Aparecer.
Começa, no dia 14 (terça-feira), a temporada deste ano do WRC, com o Rally de Monte Carlo.
Esta temporada fica marcada pelo regresso da Hyundai (do qual já aqui se falou – http://www.bolanarede.pt/?p=4361), e, pelo primeiro ano, sem qualquer participação de Sébastien Loeb, agora dedicado ao WTCC (Campeonato do Mundo de carros de turismo).
Analiso agora as quatro equipas presentes, começando pela Campeã do Mundo de construtores e vencedora por pilotos, a Volkswagen (VW).
A equipa alemã segue a máxima de que em equipa que ganha não se mexe. A VW mantém os seus três pilotos, Sébastien Ogier com o 1, Jari-Matti Latvala com o 2 e Andreas Mikkelsen com o 9, na segunda equipa alemã. Para mim, esta equipa é, tal como o ano passado, a grande candidata à vitória, quer por pilotos quer por construtores, e eu acredito que o próprio Mikkelsen pode começar a discutir pódios, pois, apesar de ser um piloto novo, tem muita qualidade.
Seguindo agora para a Citroën, que sofreu grandes mudanças depois de um ano negativo, esta temporada vai ser atacada por Kris Meeke e Mads Ostberg. O inglês tem muita qualidade, mas, nas duas últimas temporadas, apenas fez três ralis, sendo que desistiu em dois. Quanto ao norueguês, espera-se que tenha uma temporada mais positiva do que a que teve no ano passado, em que competiu pela M-Sport (Fiesta WRC) e terminou apenas no sexto posto. Também como piloto oficial, mas no WRC-2, vamos ter a nova esperança francesa, Sébastien Chardonnet, a volante do novo DS3 R5 em, pelo menos, seis provas. Também Khalid Al Qassimi vai fazer quatro provas com o DS3 WRC a nível oficial, em troca do patrocínio da Abu Dhabi. No caso do piloto dos Emirados Árabes Unidos, as provas em disputa são as da Suécia, Portugal, Itália e Espanha. A equipa gaulesa deve lutar a par com a Hyundai para ser a segunda força no ano de 2014.
A M-Sport também sofreu grandes mudanças. Mikko Hirvonen regressou à equipa de Malcolm Wilson, após duas temporadas na Citroën. Elfyn Evans foi promovido à equipa principal, depois de no ano passado ter corrido no WRC-2. Por falar em WRC-2, o vencedor do ano passado também vai correr de Fiesta WRC este ano. Falo, claro, de Robert Kubica, que participa numa equipa semi-privada. Também em alguns ralis a M-Sport irá ter pilotos convidados; no caso da prova monegasca, o piloto foi Bryan Bouffier, antigo vencedor. Numa equipa privada, mas conduzindo o Fiesta, estarão o checo Martin Prokop e o eslovaco Jaroslav Melicharék. Esta, para mim, deve ser a equipa mais fraca desta temporada, e digo isto com muita pena, já que é a minha favorita.
Nova decoração do Fiesta WRC oficial Fonte: facebook.com/photo.php?fbid=635770059813218&set=a.256289554427939.67120.246082642115297&type=1&theater
Chegando, finalmente, à formação estreante, a coreana Hyundai, penso que vai ser um bom ano para a equipa, que pode lutar já por vitórias. Os pilotos serão Thierry Neuville (para o campeonato todo), Dani Sordo (para as provas de asfalto, e talvez Portugal e Argentina), Juhu Hänninen (para as de terra) e Chris Atkinson (para o rali do seu país, Austrália).
Termino o artigo com o calendário deste ano do WRC, desejando que este seja um campeonato bem disputado. Aproveito ainda para responder à pergunta do título: sim, o vencedor, para mim, vai ser o mesmo.
Calendário WRC 2014. Rally de Monte Carlo – 14 a 19 de janeiro
Rally de Suécia – 5 a 8 de fevereiro
Rally do México – 6 a 9 de março
Rally de Portugal – 3 a 6 de abril
Rally da Argentina – 8 a 11 de maio
Rally da Itália – 30 de maio a 1 de junho
Rally da Polônia – 27 a 29 de junho
Rally da Finlândia – 1 a 3 de agosto
Rally de Alemanha – 22 a 24 de agosto
Rally da Austrália – 12 a 14 de setembro
Rally da França – 3 a 5 de outubro
Rally da Espanha – 24 a 26 de outubro
Rally da Grã Bretanha – 14 a 16 de novembro
O ano de 2013 foi difícil para a Selecção Nacional. Os Lobos colocaram em risco o seu lugar no Mundial de 2015, ao conseguirem apenas uma vitória e um empate nos cinco jogos disputados. No entanto, a selecção nacional é já conhecida pela sua persistência e continua na luta pelo seu lugar, estando já a preparar a segunda volta do apuramento, que começa em Fevereiro.
Já a selecção de Sevens conseguiu assegurar a manutenção como “core team” no circuito mundial, tornando possível a participação em todos os torneios de 2013-2014. É também necessário destacar que Pedro Leal entrou no top dos 10 melhores marcadores de sempre nesta competição.
Mas 2013 terminou, e o novo ano apresenta-se exigente e desafiante para a modalidade do Rugby.
A qualificação para o Mundial é um dos desafios de 2014, e traz consigo a necessidade de recuperar sete pontos para a Selecção russa, sua rival na luta pelo 3º lugar.
Ficam sete Selecções por apurar para os jogos de Londres, estando na luta os Estados Unidos, Japão, Portugal, Namíbia, Chile, Roménia, Geórgia, Rússia, Fiji, Uruguai e Espanha. Dia 1 de Fevereiro, Frederico Sousa lidera os Lobos em Bucareste, regressando depois a Portugal para jogar com a Geórgia. Resta-nos torcer para que Portugal entre em força em 2014 para manter acesa a esperança de alcançar este objectivo.
Outro desafio diz respeito à Selecção de Sevens, que procura garantir a manutenção no circuito mundial da International Rugby Board, na próxima época. O alcance deste desafio será fundamental para garantir a procura da qualificação, no ano que vem, para os Jogos Olímpicos de 2016.
A 4ª etapa do Circuito Mundial realiza-se já de 24 a 26 de Janeiro, em Las Vegas, nos Estados Unidos. A equipa das Quinas defrontará o Uruguai, Inglaterra e Samoa na fase de grupos.
No entanto, é de referir que, desde que Frederico Sousa acumulou as funções de seleccionador dos Sevens e de seleccionador da Selecção de XV, Portugal parece estar mais focado nos seus objectivos. Os Sevens têm demonstrado que continuam ambiciosos e que não perdem de vista o objectivo de estar presentes nos Jogos Olímpicos, e a Selecção de XV parece ter encontrado o seu rumo. Os Lobos apresentaram-se como uma equipa mais coesa, mais concentrada e mais forte nos jogos de preparação já realizados e nas quatro jornadas da Amlin Cup.
Frederico Sousa tem apostado em jogadores mais jovens mas também em manter os mais experientes, resultando numa equipa que procura aproveitar o melhor dos atletas do nosso país. Aos adeptos resta continuar a apoiar os Lobos nesta luta e torcer para que esta aposta na jovialidade e na experiência portuguesa traga melhores resultados e a superação dos desafios que este novo ano traz à modalidade.
“Então é
Isto.
Este estádio, esta gente, esta força, este amor:
Um mar vermelho em suspenso…
Deixa tombar o corpo sobre as pernas
Cansadas de glória
Tua,
Nossa,
Em suspenso…
Em surdina calam-se os gritos
De um clímax anunciado
De novo nosso, para sempre teu,
Em suspenso…
Explosão.
Com as redes ainda inquietas, este mar rasga peito fora o que o coração ainda consegue pulsar de benfiquismo sem fim
E canta e sonha e chora e enche a nossa casa do que nos faz maiores do que os outros.
Sorrisos mil, abraços tantos,
Estádio fora, alma dentro,
Soltem-se em fúria as carnes que nos enchem o corpo
Por um golo que é de todos
Como um Eusébio que de todos é
Desde o relvado até ao
Céu,
Onde está a olhar por nós.
Para ti, caro Eusébio,
Deus desta arena,
Para ti.”
Baixando a cabeça do céu e olhando para as bancadas, Lima vê a colossal família benfiquista, a sua família, a família de Eusébio, a minha família e quiçá a sua, caro leitor, a vibrar como nunca deixou de fazer pelo eterno glorioso. Abraçado aos companheiros, o número 11 festeja efusivamente o que hoje é e sempre será do Pantera Negra. Mais um golo para ti, Rei.
(Esta é, naturalmente, uma recriação minha daquilo que pode – ou deve – passar pela cabeça de quem no próximo Domingo e em todos os Domingos marcar golo de águia ao peito. Entenda-se por isso, nesta minha simbólica homenagem a Eusébio, Lima como qualquer jogador do Benfica.)
Roger Federer e Stefan Edberg são agora pupilo e treinador. O tenista suíço anunciou esta parceria no início desta temporada, juntando assim Edberg a Severin Luthi, técnico que o acompanha desde há sete anos.
O nº1 suíço anunciou no entanto que Stefan Edberg o acompanhará, para começar, em apenas dez semanas por ano, numa parceria que começa no Australia Open e que deve ter os pontos altos nos Grand Slams e em alguns torneios Masters 1000. Federer admitiu que “Edberg é um dos meus heróis de infância”, procurando assim “aprender muito com ele”.
Ainda assim, Roger Federer irá manter o seu técnico de sempre, que se mostrou feliz por ter Edberg na equipa e disse que “o facto de Federer ter um calendário muito preenchido leva a que a sua equipa técnica tenha que ser mais sólida de forma a acompanhar da melhor forma o Roger”.
O tenista suíço já disse também que desta relação não procura melhorar tecnicamente nenhum ponto do seu jogo, mas que pretende “passar bom tempo em court” com alguém que considera uma “fonte de inspiração”.
Actualmente no nº6 do ranking mundial ATP, Roger Federer tem em comum com Edberg o facto de terem ganho o prémio fair-play do circuito diversas vezes, sendo ambos dois tenistas que passeiam classe pelo campo. Edberg esteve em Portugal a última vez para o jogar o Vale do Lobo Grand Champions, um torneio de glórias do circuito mundial.
Roger Federer e Stefan Edberg Fonte: The Slice
Entre todos os tenistas, alguns destacavam-se por serem completamente “malucos” em campo, como nos casos de Henri Leconte, Fernando Meligeni e Mansour Bahrami, mas Stefan Edberg destacou-se pela classe do seu jogo. Alinhando na maioria das brincadeiras, o tenista sueco não deixou de mostrar o porquê de ter sido o nº1 mundial e de ter conquistado 41 títulos, entre eles o US Open, Wimbledon e o Austrália Open.
Depois da parceria com Paul Annacone ter falhado, ou de o tenista suíço ter entendido que não era frutífera para as suas pretensões, Stefan Edberg terá a “responsabilidade” – e coloco responsabilidade entre aspas porque não depende apenas dele – de colocar Federer com um estilo de jogo que não só se adapte ao seu ritmo actual mas também faça mossa no jogo dos seus adversários mais directos.
É também verdade que a relação de Roger Federer com os seus técnicos nunca foi muito duradoura, com o tenista suíço a atribuir pouca importância aos treinadores no seu modo de jogo. No entanto, podemos ver a situação actual de Andy Murray, acompanhado por Ivan Lendl, e retirar daí um caso de sucesso para aquilo que se pretende que seja a parceria entre um tenista de sucesso e um ex-tenista de topo mundial como é Stefan Edberg.
Dos Clássicos que a História foi formatando ao longo do seu curso, o Benfica-Porto dos nossos dias, mais do que qualquer outro, paralisa um país apaixonado por futebol. E logo às quatro da tarde de um Domingo – o espaço, por natureza, do Desporto-Rei, roubado nos últimos anos por imperativos comerciais. Sejam, por isso, bem-vindos ao maior espectáculo do Mundo!
Para os portistas, o Estádio da Luz transformou-se, nos mais recentes anos, num recinto confortável. Se olharmos para os dados estatísticos, nos últimos dez encontros aí disputados, em todas as competições, o Benfica venceu três, o FC Porto quatro, somando-se por empates as restantes três partidas. Mais do que isso, o Clássico dos Clássicos, nas recentes temporadas, tem proporcionado jogos absolutamente espectaculares, repletos de golos, intensidade e emoção. E ainda exibições de grande personalidade dos Dragões! Talvez por isso a ida à Luz não seja, actualmente, encarada como o regresso a um terreno tão hostil quanto já foi; tem sido claro nos mais recentes confrontos a superioridade ao nível emocional do FC Porto face aos seus maiores rivais.
Porém, Domingo a história reescrever-se-á. O FC Porto 2013/2014 está longe de emanar a confiança e o à-vontade (e mesmo a qualidade de jogo) que os anteriores conjuntos azuis e brancos demonstraram aquando das idas à Luz. É certo que a equipa deu sinais positivos nas últimas semanas mas mantém-se, ainda, muito longe da estabilidade desejável para um confronto desta dimensão.
Entrando nas quatro linhas, surgem, claramente, duas dúvidas: quem fará companhia a Fernando e Lucho no meio campo e, por outro lado, quem ocupará a posição de extremo para além de Varela. Se há algo que a história recente tem demonstrado – até por contraponto com o seu rival – é que o FC Porto não se deve condicionar a si próprio nem a sua estratégia (dentro de um limite de razoabilidade) só por defrontar o Benfica. Deve ser convicto de si, fiel aos seus princípios e não mudar por mudar.
FC Porto a festejar no Estádio da Luz – o que se espera (repetir) no próximo Domingo. Fonte: http://imagem.band.com.br/zoom/f_147803.jpg
Partindo deste pressuposto, acredito que a melhor solução passe, então, por oferecer a Carlos Eduardo o espaço de playmaker da equipa, depois de tão boas indicações dadas. Não apostar nele (e antes em Defour ou Herrera) seria, simultaneamente, um sinal de temor dado ao seu adversário e um descrédito ao ex-Estoril com implicações na sua confiança. Relativamente ao extremo, todos podemos ansiar por Quaresma. Parece-me, no entanto, precipitado apostar no ‘Mustang’ desde já; será, pois, realista pensar em Licá (apesar dos desempenhos menos conseguidos nos últimos tempos) como uma opção mais válida para entrar como titular. Será, contudo, inevitável que o novo nº 7 dos Dragões surja em campo independentemente do curso do jogo, até pelo upgrade psicológico que isso pode dar à equipa.
Independentemente dos nomes, Paulo Fonseca deve perceber por que o FC Porto tem sido tão competente nos últimos anos na Luz. Para além do claro demérito do Benfica em determinados momentos, a equipa – com Villas-Boas ou Vítor Pereira – nunca se amedrontou, soube ser personalizada, muitas vezes pressionando e surpreendendo o Benfica. É certo que não há hoje craques tão fabulosos como Falcão, Hulk ou James que decidam um jogo num pormenor; no entanto, todos os que entrarem com o Dragão ao peito têm de ser capazes de perceber a dimensão deste jogo e encarnar aquilo que continua a ser a maior das vantagens: ser Porto! Exactamente aquilo que os nossos rivais mais receiam; exactamente aquilo que faz uma convicta benfiquista, imediatamente antes do 2-3 de há duas épocas, questionar-me desconfortavelmente (como que dando a resposta) sobre se achava que o FC Porto vai vencer; exactamente aquilo que tem feito da Luz, nos últimos anos, o nosso espaço mais predilecto de saborosas vitórias.
Rei
Para quem gosta de Futebol, a última semana foi dolorosa. Não vi jogar Eusébio para além dos vídeos e clips disponíveis no mundo da Web. Todavia, consigo descortinar o que representou e representa para uma geração, para um clube, enfim, para um país triste como era o Portugal dos anos 60.
Eusébio até na hora da morte soube ser grande: faleceu no dia do futebol por excelência, um Domingo, horas depois de um Benfica 5-0 Gil Vicente – exactamente o mesmo resultado que se verificou no dia em que a sua estátua foi inaugurada, a 25 de Janeiro de 1992 – e foi sepultado no dia que todos denominam por Dia de Reis, quando ele era o King;
Eusébio e Pinto da Costa. Homens maiores do que o Tempo. Fonte: Público
Acrescentar adjectivos à sua qualidade futebolística seria, hoje, um exercício pouco original, dado o manancial de declarações chegadas de todos os cantos do Mundo, aferidoras da sua grandiosidade. O meu desejo – agora dirigindo-me aos adeptos que apoiarão o FC Porto no próximo Domingo, na Luz – é que saibam, nesta hora, ser tão grandes quanto Eusébio. Esqueçam a camisola vermelha que envergou vezes demais, desprezem a quantidade de golos que nos marcou também vezes demais, omitam a quantidade de vezes também demais que nos infligiu a dor da derrota. Se forem apaixonados pela bola e um bocadinho por este país, relembrem o monstro que foi em campo e a forma como levou o nome de Portugal a todos os recantos deste Planeta. E homenagem-no. Com aplausos ou com silêncio – mas com todo o respeito. E, depois, com uma vitória.