Depois de uma série de cinco vitórias seguidas no campeonato, na terça-feira passada o SL Benfica voltou a escorregar. Numa altura em que parecia que o Benfica estava a consolidar esta nova ideia de jogo, a equipa orientada por Rui Vitória falhou num jogo onde era proibido falhar. Com este empate, o Benfica complica bastante a sua tarefa na corrida pelo 35.º título de campeão nacional.
É imperdoável, numa altura em que se aproxima o clássico Sporting-Porto e onde poderíamos diminuir alguma distância para os nossos rivais, que a equipa encarnada falhe desta forma. Contra o União da Madeira, equipa que nos últimos dois jogos do campeonato tinha sofrido, nada mais, nada menos, do que 10 golos, o Benfica mostrou uma displicência tal que foi incapaz de marcar um golo. Não se viu em campo um Benfica com atitude, com garra. Além da falta de atitude de alguns jogadores, principalmente na primeira parte, juntou-se a forma errada como, na minha opinião, Rui Vitória preparou este jogo.
Num jogo como este, ou seja, contra uma equipa que se fecha bastante, defendendo com todos os seus jogadores atrás da linha da bola, é imperioso ter sempre linhas de passe para desequilibrar, é imperioso ter mais gente na frente. Como é possível o Benfica ter jogado os 90 minutos com quatro defesas? Para quê? Não seria suficiente ter jogado com dois laterais e apenas um central?
Após a exibição e o resultado conseguidos em Setúbal, esperava-se mais do jogo na Madeira Fonte: SL Benfica
Rui Vitória assim não o entendeu. Para além de termos visto um Mitroglou bastante desamparado, vimos novamente um meio campo a trabalhar mal. Deu para perceber durante o jogo que havia jogadores mal posicionados e, acima de tudo, houve diversas vezes em que partes do meio campo não estavam povoadas, o que dificulta a tarefa da equipa no momento de construção de jogo.
Depois deste desaire, os adeptos começam a perder a paciência, e as críticas começam a subir de tom. Como benfiquista, custa-me sempre ver a minha equipa perder pontos, mas consigo digerir melhor essas situações quando percebo que os jogadores tentaram de tudo para que isso não acontecesse, coisa que eu não vi contra o União da Madeira. No domingo, o Benfica joga contra uma boa equipa. O Rio Ave já provou que é uma equipa de qualidade e que tudo vai fazer para dificultar a vida ao Sport Lisboa e Benfica. Assim sendo, espero um Benfica empenhado em conquistar os três pontos e, acima de tudo, espero ver um Benfica com atitude.
A imprensa espanhola noticiou uma nova regra imposta na Real Madrid TV: não filmar a careca de Florentino Pérez. O Presidente do Real Madrid C.F. já conta 68 primaveras, 12 das quais no atual cargo (divididos por dois períodos), pelo que a sua calvície deveria ser encarada de forma natural. No entanto, sabe-se que no Real a imagem conta muito. Aliás, por vezes, parece que a imagem é mesmo tudo o que conta e, por isso, Florentino não quer ficar mal na fotografia.
Sendo assim, prevejo que a próxima medida de Florentino seja a de proibir a transmissão de conteúdos relacionados com a Taça do Rei. É que o Real foi afastado da competição por entrar em campo com um jogador (Cheryshev) que estava castigado. Apesar de Florentino ter feito uma conferência de imprensa a explicar que ninguém avisou o clube e, portanto, ninguém tem responsabilidades, o melhor é que os madridistas não pensem muito nisso, não vá algum descobrir que os dirigentes do seu clube cometem erros que seriam inaceitáveis até a um nível amador. Isso não pode ser, que Florentino não quer que lhe “descubram a careca”.
A seguir, vai proibir que passem imagens de Rafa Benítez. A imagem do treinador espanhol não é a melhor, tanto que se diz que o clube lhe pediu para ter algum cuidado com a linha, mas a principal razão nem será essa. É que, vendo o treinador espanhol a transpirar no banco, algum madridista poder-se-á lembrar de que a escolha do treinador foi muito mal feita. Mas há que evitar isso a todo o custo, que Florentino não quer que lhe “descubram a careca”.
Florentino cumprimenta Sérgio Ramos; Fonte: Facebook Oficial do Real Madrid
O problema é que o mundo não é só aquilo que passa na Real Madrid TV, e os erros na gestão desportiva do clube em alguns casos são tão evidentes que os adeptos, além de pedirem a cabeça do treinador, começam também a questionar a gestão de Florentino. O desfecho para a crise em que está mergulhado o Real Madrid já é previsível por esta altura: no máximo até ao final da temporada, Benítez vai ser demitido e vai ser substituído por Zidane. O antigo Bola de Ouro, que treina atualmente o Castilla, era adjunto de Ancelotti quando o clube venceu a décima Liga dos Campeões da sua história, há dois anos, e é bem visto por todos os madridistas (quer adeptos, quer jogadores). Se é bom treinador ou não, ninguém sabe ainda, mas, pelo menos, tem carisma e boa imagem, que parece ser o mais importante no Real Madrid.
Parece, então, que é em Zidane que reside a grande esperança de Florentino para salvar o seu projeto. Uma coisa é certa: Zidane tem muita experiência a lidar com a calvície.
A fábula da rã e do escorpião, cuja autoria é atribuída a Esopo, é o exemplo perfeito para abordar o ainda curto historial de Pedro Proença como presidente da Liga. Para quem não a conhece, vou resumi-la de forma abreviada, numa das suas versões, porque há várias:
Um escorpião, por força de um incêndio de enormes proporções, tem a sua existência ameaçada e vê, no atravessamento de um rio para outra margem, a sua salvação. Mas, após rápida observação, e depois de constatar o afogamento de outros animais imprevidentes, verifica não o poder fazer por meios próprios. Estava prestes a abandonar a ideia, quando avista uma rã, a quem propõe que o ajude a salvar a sua vida, atravessando o rio no dorso do batráquio.
Esta, conhecedora do carácter pérfido do artrópode, recusa liminarmente a associação, por recear que em qualquer momento aquele lhe injectasse o veneno letal que usava indiscriminadamente. Após juras de fidelidade e gratidão do escorpião, a rã assente em conceder-lhe uma oportunidade para refazer a reputação que o precedia. Já no meio da travessia o escorpião acaba por não resistir a ser quem sempre foi e ferra a pobre e incauta rã. Esta, atónita, pergunta ao escorpião:
– És louco, porque fazes isto? Vamos morrer os dois!
– Desculpa-me, rã, mas não consegui evitar, está na minha natureza.
Como é sabido, Pedro Proença foi eleito para o cargo de presidente da Liga com o apoio do Sporting e com o empenho directo e pessoal do presidente Bruno de Carvalho, que incluiu também homenagem institucional. Na ocasião Bruno de Carvalho afiançava que Pedro Proença era “o candidato de um novo caminho“, que representava a possibilidade da impreterível “mudança no futebol, novas ideias, alguém que trouxesse novos paradigmas e modernização“.
Acontece que o Sporting não era o único apoiante de Pedro Proença. Entre outros, partilhou o apoio com o FC Porto de Pinto da Costa. Ora as relações pessoais do actual presidente da Liga e Pinto da Costa confundem-se, entre pródigos e públicos elogios, com as relações institucionais, tendo o clube da Invicta homenageado várias vezes o antigo árbitro. E, mesmo sendo conhecidas as ligações afectivas do árbitro ao SL Benfica, o histórico regista, em momentos determinantes de alguns campeonatos, decisões polémicas em favor dos azuis-e-brancos.
A relação de Pedro Proença e Bruno de Carvalho já conheceu dias melhores Fonte: Facebook Oficial de Pedro Proença
Com este histórico, o apoio do Sporting a Pedro Proença parecia um equívoco. Até porque, enquanto árbitro, sempre fez questão de exibir distanciamento, pelo menos… Das frases de apoio à candidatura em Julho à discórdia agora em Dezembro distam apenas parcos seis meses, prefaciando um divórcio mais do que expectável. Este, a acontecer, foi no entanto precedido de uma rápida dissensão entre as linhas orientadoras preconizadas pelo presidente do Sporting e o já presidente da Liga. Vejamos:
– Foi tema incontornável na campanha o desejo do Sporting de que os árbitros deixassem de ser nomeados, passando a ser sorteados. Enquanto candidato Pedro Proença evitou o assunto, como quem tenta passar pelos pingos de uma chuva incómoda. Ele que sempre defendeu o sorteio sob o argumento de que “não há nenhuma liga evoluída” que use o sorteio.
– Se a possibilidade de Pedro Proença intervir na matéria das nomeações/sorteio era remota, por ser da competência da F.P.F., havia muitas matérias em que poderia intervir directamente. A centralização dos direitos televisivos era uma delas. Não tendo feito nada de muito visível em prol da solução, acaba por elogiar o acordo conseguido por Luís Filipe Vieira. Este pode ser muito bom para o respectivo clube, mas estamos muito longe de vislumbrar benefícios evidentes para a generalidade do futebol português.
Mas talvez o maior equívoco de todos tenha sido a própria candidatura ao actual cargo e, por consequência, o apoio expresso dado pelo Sporting. Como presidente da Liga não faltariam candidatos que poderiam desempenhar o mesmo papel que Pedro Proença. A aridez do seu mandato só faz aumentar o leque de possibilidades. Mas a sua eleição acabou por obrigá-lo a saltar do cargo que desempenhava na Comissão de Arbitragem da UEFA, onde era residente e podia ser de facto útil ao futebol português, por incompatibilidade com o exercício do cargo de presidente da Liga.
Não creio que Pedro Proença fosse conhecedor dessa incompatibilidade. Ou mesmo Bruno de Carvalho, tendo em conta que a presença na UEFA era então vista por ele como mais um factor de recomendação. As consequências do afastamento do cargo europeu são agora mais evidentes, com os árbitros portugueses a terem que ver o Europeu na televisão, de pouco adiantando as exclamações de espanto e os lamentos. O mesmo se aplica aos erros grosseiros que afectam amiúde o percurso das equipas portuguesas nas provas da UEFA. As vantagens da sua presença na Liga é um longo caminho marítimo ainda por conhecer, onde certamente não faltam muitos adamastores por dobrar.
O Sporting acha-se agora prejudicado pelo facto de não poder inscrever nenhum jogador antes do dia quatro de Janeiro, ficando assim impedido de juntar algum dos jogadores entretanto adquiridos ao leque de opções de Jesus para o clássico com o FC Porto, no dia dois de Janeiro.
Era importante saber se o Sporting aprovou os regulamentos em vigor. Mas, antes de o sabermos, e olhando para os interesses dos clubes, alguém fica surpreendido com o facto de esta decisão prejudicar sobretudo o Sporting? Isto porque, dos três grandes, é, pelo menos até ao momento, o que mais poderia beneficiar da inscrição de jogadores. Em particular de Bruno César, que é quem estaria mais apto para poder dar o contributo imediato à equipa.
Talvez seja excessivo considerar que Pedro Proença esteja trair o apoio prestado por Bruno de Carvalho aquando da sua eleição. Talvez esteja apenas a ser coerente com o seu trajecto, sempre muito próximo de Pinto da Costa. Mas Bruno de Carvalho pode-lhe sempre perguntar: “Porque fazes isto?”. Não deverá estranhar se a resposta for: “Desculpa lá, está na minha natureza.”.
Afinal Pedro Proença cresceu e caminhou sempre ao lado do famigerado “sistema”, de que beneficiou e com que se confundiu. Apesar da valorosa carreira e da notoriedade internacional, não se lhe conhece qualquer frase ou atitude de oposição ou afrontamento. E, como sabemos, quem cala pelo menos consente. Fica sempre por saber se, nesse interim, também retira dividendos.
Não está fácil, a vida de Julen Lopetegui no FC Porto. O acumular sucessivo de erros de gestão do plantel, desportiva e humanamente, esgotou a paciência dos adeptos, e a “travessia no deserto” em termos de títulos é a cereja no topo do bolo… Que tem sabido a amargo para a nação azul e branca.
Esta semana, os dragões eliminaram o Feirense e asseguraram a presença nos oitavos de final da Taça de Portugal. Como seria de esperar, e apesar dos fortes elogios do técnico basco à formação “fogaceira”, a real valia da equipa da Liga 2 exigia rotação de jogadores e minutos para os atletas menos utilizados, algo que se verificou.
No entanto, e aproveitando um tipo de jogo em que a rodagem dos intervenientes foi mais do que justificável, é necessário e fulcral olhar e analisar o tipo de gestão que Lopetegui tem feito ao longo do seu ano e meio de FC Porto, um dos temas centrais de discussão desde a sua chegada à Invicta.
Um dos principais erros de Lopetegui verifica-se ao nível da gestão dos recursos humanos Fonte: FC Porto
Na minha opinião, aquele que tem sido o principal pecado do treinador prende-se com o seu modo de gerir a vertente humana dos jogadores portistas. Acima de tudo, Lopetegui parece-me aquilo que eu costumo classificar como “técnico dos livros”. Passo a explicar.
O espanhol surge como alguém que até sugere ter boas ideias em mente (algo que me levou a apresentar uma postura favorável à sua permanência), mas que falha na gestão dos recursos humanos que tem ao dispor. Se um jogador protagoniza uma exibição menos conseguida, o seu destino acaba por ser, invariavelmente, o banco ou a bancada. Lopetegui trata os jogadores como máquinas, como computadores, sem atentar à vertente psicológica de cada um, e há exemplos disso.
Imbula, o senhor 20 milhões, que passou de titular para a bancada do Dragão e que depois voltou a assumir a titularidade frente ao Chelsea, em Stamford Bridge, e Herrera, afastado das opções durante um período consideravelmente alargado e, subitamente, de regresso à titularidade e com a braçadeira de capitão.
Assim sendo, é urgente que Lopetegui seja capaz de reconhecer a sua fraca capacidade de gestão e possa começar por aí a mudança de rumo que se vai afigurando como imperativa. Tenho para mim que a sua saída no final da época será uma inevitabilidade, mas, seguindo esta ideia, pode ser que consiga adiá-la até lá, pelo menos, multiplicando os triunfos e, quiçá, a qualidade exibicional.
Só existe um adepto de futebol que compreende melhor o Benfica, em todas as suas dimensões, que os próprios benfiquistas; falo, como já perceberam, do adepto sportinguista. Por isso, leio e ouço sempre com a devida atenção as opiniões daqueles que, nos espaços dedicados a um clube rival, se desdobram em explicações sobre a nossa realidade, mesmo conscientes de que – pobres de nós! – sejamos por regra incapazes de a descortinar. Aproveito, pois, este prelúdio para em meu nome deixar os mais sinceros agradecimentos a todos aqueles que, de forma amadora ou profissional, dedicam tanto do seu precioso tempo oferecendo, desinteressadamente, ao leitor benfiquista comum um pouco mais de luz.
Livres dos grilhões da paixão, estes comentadores explicam-nos objectivamente – se ao menos a maioria os ouvisse! – as causas e suas consequências. De resto, é preciso guardarmo-nos para reflectir: o espaço e o tempo são fundamentais e não é com festas no Marquês de Pombal até às tantas, com o sono perdido e o copo na mão, que se chega a conclusões sábias, tendo em vista o presente e o futuro. O caminho para o Nirvana faz-se no recato e no silêncio do lar, o que, por si só, explica o estado celestial alcançado recentemente pelo Sporting. A crise do Benfica, essa, estava há muito prevista: como a impedir perante a intranquilidade que dez títulos e duas finais europeias, em apenas seis anos, sempre acarretam? A ingenuidade colectiva, por vezes, envergonha-me.
No meu último texto, fiz o balanço, definindo o actual ponto de situação do Benfica e do seu universo físico e humano. Quem o quiser ler ou reler obterá, gratuitamente e sem esforço, um exemplo muito completo da capacidade que o vulgar benfiquista (neste caso, eu próprio) tem em produzir ignorância pueril. Elogiar o estádio e o centro de estágios do clube – considerando-os modelares a nível mundial –, as receitas provenientes da quotização, dos patrocínios, da venda dos direitos televisivos e de jogadores e, ainda mais gritante, uma tal de geração de (alegados) craques que o Seixal tem vindo a produzir – e que valeu, ainda esta semana, o provavelmente forjado Globe Soccer Awards, para melhor Academia do mundo – é, confesso por agora o saber, matéria irrisória.
Portugal ansiava (e desesperava) pela coerência e elevação de um grande dirigente desportivo Fonte: Sporting Clube de Portugal
Pego num relatório e contas e, como benfiquista que sou, não percebo patavina. Conto os títulos; e não percebo patavina. Olho o cimento; e não percebo patavina. Vejo a Europa a espiar o próximo a ser comprado; e não percebo patavina. Percorro as ruas, na hora de festejar; e não percebo patavina. Vou ao pavilhão (a um de cada vez), onde o domínio é aparentemente – e certamente por qualquer ilusão de óptica – tão avassalador; e não percebo patavina. Deparo-me com os números das receitas; e não percebo patavina. Não faz mal, penso com os meus botões. Não tarda, alguém às riscas me explicará que, afinal, o Benfica está bem pior do que se julga e que a palavra “patavina” é agradavelmente foleira. Graças a esses angelicais leões, a parte consciente deste louco mundo da bola, alcancei a verdade. Os números valem tanto como o amontoado de terra revirada disforme que se acumula para além do prazo num descampado para os lados de Telheiras.
Felizmente, existem neste país adeptos que não caem facilmente no lado obscuro da realidade, coagidos pelo populismo presidencial. Mas alguém imaginaria aficionados tão iluminados a sujeitarem-se a ouvir, dia após dia, o máximo dirigente do seu clube a despejar onde pode, em qualquer contexto ou situação, todo o seu complexo de inferioridade em relação a um clube rival, com recurso a repetitivas e cansativas e desonestas alegações? Jamais, digo eu. Essa é matéria que, infelizmente, nos é exclusiva.
Falamos de gente que luta honestamente pela verdade desportiva e se recusa a vencer a todo o custo, desejando, sempre em primeiro lugar, o progresso do futebol português. Que se indigna com sucessivos erros de arbitragem: os dos lançamentos laterais dentro do campo, dos penáltis em catadupa, dos “empurrões” nos descontos ou das expulsões perdoadas a um, dois ou três jogadores, em apenas noventa minutos. São adeptos que sabem para onde vão e o que têm; e, se não têm (as receitas, os títulos e a notoriedade a nível nacional e internacional), então, é porque simplesmente não querem. Resumindo: são adeptos com noção.
Foram 255 jogos com o símbolo dos Estados Unidos ao peito – mais precisamente 18 363 minutos jogados. Ao ocupar zonas ofensivas do relvado, quis assegurar-se de que ficaria na história do Futebol como a avançada que deve ser temida por qualquer guarda-redes. Em 2012 foi considerada Bola de Ouro pela FIFA e neste momento detém o recorde internacional de golos marcados ao serviço de uma selecção, seja masculina ou feminina, com uma modesta marca de 184 golos. Para além das conquistas individuais, regista no seu currículo duas medalhas de ouro olímpicas e um título de campeã mundial. Podem aplaudir e curvar-se perante a atleta que desafiou todos os estereótipos patentes no futebol: Abby Wambach.
Catorze anos depois da sua primeira aparição na selecção nacional dos Estados Unidos, uma das melhores jogadoras de futebol de sempre decidiu pôr fim à sua carreira. Aos 35 anos, Abby Wambach aproveitou o jogo particular frente à China, inserido na digressão da selecção norte-americana como forma de celebração da conquista do campeonato mundial, para se despedir dos relvados. Apesar do resultado final ter sido favorável à selecção chinesa (0-1), na noite de 16 de Dezembro pouco importava ganhar ou perder, uma vez que estava em causa a homenagem a uma jogadora de excelência.
A capitã da formação americana fez-se acompanhar por 32 950 (!) adeptos que se deslocaram até ao estádio situado em New Orleans para tornar a sua despedida inesquecível. Mais do que as marcas no corpo como resultado de uma vida preenchida pelo desporto-rei, ficam as recordações.
Wambach despediu-se dos relvados, esta quarta feira, perante quase 33 mil espectadores. Os Estados Unidos saíram derrotados frente à China, por 0-1 Fonte: Facebook do US Soccer
Abby Wambach vestiu as cores do Washington Freedom, do MagicJack e do Western New York Flash. No entanto, e ainda de forma amadora, foi a passagem pela equipa da sua faculdade (Florida Gators) e o consequente título nacional que a catapultou para uma vida que estava destinada ao sucesso na prática do futebol. Seis vezes vencedora do prémio “Atleta do Ano” nos Estados Unidos, foi chamada a comparecer nos trabalhos da selecção nacional, pela primeira vez, em 2001. A 27 de Abril de 2002, teve o primeiro momento de explosão de alegria aquando da marcação do primeiro dos seus 184 golos com a camisola dos Estados Unidos, frente à Finlândia. Depois deste momento, a conquista da medalha de ouro nos jogos olímpicos de 2004 e de 2012, a par da atribuição do prémio de melhor jogadora do mundo e da mais recente conquista do campeonato do mundo frente ao Japão, foram as maiores conquistas da jogadora.
Dotada de uma grande qualidade técnica e de finalização, na qual utiliza a cabeça como a sua arma letal, Wambach desenhou um percurso invejável e que dificilmente vai ser apagado pelo tempo. Ainda que apele para que o seu nome seja esquecido em prol de um legado constituído pela próxima geração, ainda que a sua humildade lhe permita pensar já no futuro do futebol feminino americano, ainda que não tenha medo de ser esquecida, Abby Wambach não pode nem deve ser esquecida agora que diz adeus ao futebol.
José Mourinho foi despedido do comando técnico do Chelsea FC. Chega, assim, ao fim o segundo período do português no clube londrino, depois de a direção ter acordado o seu afastamento (por acordo mútuo), após o terrível início de época na Barclays Premier League. Apesar do acordo mútuo, Mourinho afirmou por diversas vezes que não queria abandonar o clube e, por isso, deduzo que é uma simples aceitação por parte do treinador da decisão da direção.
O Chelsea ocupa, à 16.ª jornada, o 16.º lugar na liga inglesa, com apenas 15 pontos. Ou seja, a um da linha de água e a 20 do primeiro classificado. Somam quatro vitórias, três empates e nove derrotas, têm 18 golos marcados e 26 sofridos. Além disso, já foram eliminados da Capital One Cup, nas grandes penalidades, frente ao Stoke City FC. A acrescentar a isso, o escândalo com Eva Carneiro, membro do staff médico do clube. No entanto, estão nos oitavos de final da Liga dos Campeões, depois de terem passado, em primeiro lugar, a fase de grupos.
De facto, esta tem sido uma época completamente atípica para os londrinos (pelo menos desde que Roman Abramovich adquiriu o clube, em 2003) e para José Mourinho. Com um plantel praticamente igual ao que foi campeão no ano passado, a equipa e o futebol praticado por ela estão irreconhecíveis. As estrelas que tanto brilharam o ano passado apagaram-se por completo e aquela solidez defensiva, a que tanto nos habituou Mourinho, desapareceu.
Mas será que a culpa é do treinador? Muitos dirão que sim, mas eu (e pelos vistos a maioria dos adeptos do Chelsea) digo que não. Não concebo, de todo, que um treinador “desaprenda” como treinar uma equipa de um ano para o outro. Não acredito que um profissional, que é dos melhores do mundo na sua área de trabalho, e com o histórico de José Mourinho, seja o principal responsável por uma queda de rendimento tão abruta como esta.
A verdade é que os jogadores não estão a colocar em campo toda a sua qualidade, todo o seu brilhantismo e, acima de tudo, todo o seu profissionalismo. Jogadores como Eden Hazard, Nemanja Matiç, Cesc Fábregas, Branislav Ivanoviç, Diego Costa e John Terry não têm demonstrado, de todo, o que demonstraram na última época. O belga, por exemplo, que foi considerado o melhor jogador do campeonato passado, tem sido um dos piores este ano e perdeu toda a espetacularidade que tinha vindo a revelar. Hazard deambula pelo campo completamente perdido, não ajuda a defender e, quando é necessário atacar, falha passes e perde bolas com uma regularidade assustadora.
José Mourinho venceu o seu terceiro título de campeão inglês ao serviço do Chelsea Fonte: Chelsea FC
Vou ser sincero, tinha o sonho de ver José Mourinho tornar-se o Sir Alex Ferguson do Chelsea. Mas para isso era necessário que Roman Abramovich fosse dotado da linda virtude que é a paciência. Mas, como todos sabemos, essa não é uma das qualidades do russo. Relembro que Ferguson chegou a registar um 13º lugar na liga, mas recebeu um voto de confiança da direção. De que serviu isso? O Manchester United é, hoje em dia, o clube inglês com mais campeonatos e um dos maiores clubes do mundo. O ex-treinador do FC Porto e do Real Madrid CF tinha todas as condições para fazer o mesmo. O seu palmarés ilustra a sua capacidade, os seus feitos no clube são notáveis (três títulos da Barclays Premier League, três taças da liga, uma FA Cup e uma supertaça) e o seu amor declarado ao clube. Além disso, é adorado pelos adeptos! Prova disso é o apoio incontestável que a equipa, apesar de tudo, tem recebido em todos os jogos em Stamford Bridge. Antes de Mourinho chegar ao Chelsea os londrinos não viam um título da liga há 50 anos!
Estou, por isso, muito desapontado com esta decisão da direção dos Blues, por muito mal que o clube estivesse, Mourinho merecia mais tempo, mais uma oportunidade. Infelizmente, o dinheiro e as decisões não estão nas minhas mãos e agora, como tudo, é necessário seguir em frente.
Mas o que se segue? Qual a próxima paragem do treinador? Quem o próximo timoneiro do Chelsea? Perguntas que ficam por responder, mas a segunda será respondida mais rapidamente – a Sky afirmou que a direção deverá apresentar um novo treinador até ao fim-de-semana. Quanto ao próximo destino de Mourinho, esse é uma incógnita. Rumores têm-no apontado ao PSG, mas devido ao atual momento do clube parisiense, e dado a fraca qualidade da liga francesa, tenho dificuldade em acreditar que o português assine. Quanto à minha opinião, o destino mais provável é Itália. Mourinho teve um sucesso fantástico no Inter de Milão e o futebol italiano assenta bem nas suas ideologias de jogo. Não sei para que clube irá, mas arrisco apontá-lo ao AC Milan (as rivalidades em Itália não põem entraves a este tipo de situação), o clube da capital italiana continua longe do sucesso de outros tempos e parece ser um desafio à imagem do antigo campeão europeu pelo Inter. Muitas são as hipóteses, demasiadas as indefinições. Até tomadas as decisões resta-nos esperar…
Já o disse, não sou de valorizar muito as vitórias ou derrotas na Taça, uma vez que não lhes dou grande importância, e por isso não costumo fazer comentários e apreciações aos jogos do Sporting para esta competição.
E não o faria hoje, não fosse a tamanha simpatia que – aqueles identificados no título deste texto – quiseram partilhar com todos os Sportinguistas.
Quero portanto, com esta carta, dirigir-me com especial carinho para os supra identificados, que ontem, após um excelente jogo de futebol em Braga, vieram desejar um Feliz Natal aos Sportinguistas (ou lagartos, segundo os mesmos) em geral.
A esses, e porque não quero passar por mal-educado ou mal-agradecido, quero também desejar e retribuir um Feliz Natal com muitas prendinhas no sapatinho.
Quero agradecer-vos, por isso, as prendinhas que já vós nos destes.
Agradeço os 7 pontos de vantagem no campeonato, que tão benevolentemente nos destes, e com os quais estamos muito agradecidos e esperamos conseguir guardar com muito carinho o restante da época em curso (ou capitalizá-los se possível).
Agradeço ainda as 3 vitórias que nos oferecestes com tamanha delicadeza e amor, uma das quais acompanhada com uma taça decorativa bastante jeitosa e que fica muito bem na nossa vitrina.
Agradeço-vos tudo isso, e principalmente por existirem, porque se não existissem, nada disto seria possível.
Vou confessar uma coisa: Ele deu uma ajuda a enfeitar as vossas prendas Fonte: Sporting CP
Quero no entanto dizer-vos que poderiam ser simpáticos com o nosso rival de ontem, e, com esses sim, trocar presentinhos, uma vez que eles já vos presentearam (ontem), com a vossa única vitória (sim vossa) sobre o Sporting desde Agosto deste ano. Sim, porque para vós foi uma vitória segundo me constou. E por isso deveriam ir agradecer-lhes.
Por falar em vitória, também o vosso treinador deveria estar agradecido pelo jogo de ontem, uma vez que, com isso talvez tenha ganho mais uns tempos no poleiro. Pelo menos vocês vão-lhe dar umas tréguas. (Felizmente também para nós.)
E não querendo alongar-me muito, porque esta carta deveria ser mais um cartão de Boas Festas, deixo aqui mais uma vez um Feliz Natal para vós, e desejo que o próximo natal seja, pelos menos, tão bom como o deste Ano. E para vós, que seja só tão bom como o deste ano também.
Para vós, alguns dos 14 milhões, um Feliz Natal de 2015, com muito amor e derrotas, que vitórias já la têm duas, e chega-vos.
P.S: Relativamente ao jogo de ontem, só dizer ao Sr. Árbitro que entendo o facto de querer oferecer um presentinho nesta quadra (aos rivais de ontem, e também aos rivais de sempre), mas ter que tirar (um golo limpo) a uns para oferecer (a vitória) a outros é muito feio. Devo avisar que esse tipo de comportamento não se enquadra nesta quadra de amor e partilha.
Com um registo imaculado de três vitórias em tantos outros jogos (perante Noruega, Polónia e Roménia), a seleção portuguesa de futsal vê assim as portas do play-off abrirem-se. Para chegar até ao Mundial de 2016, “só” falta ultrapassar este pequeno grande obstáculo, valendo-nos a grande prestação na Póvoa de Varzim no passado fim-de-semana, em que nos qualificámos em 1.º lugar e consequentemente evitamos os grandes tubarões a nível continental. Para agarrar um dos sete bilhetes disponíveis, Portugal vai disputar, a duas mãos, uma eliminatória decisiva, tendo como possíveis adversários a Hungria, a Bielorrússia, a Sérvia, a Holanda, a Eslováquia e a Eslovénia.
A Polónia também terminou em segundo, mas uma das restrições para o sorteio é que as equipas que estiveram no mesmo grupo na Ronda Principal não se podem encontrar nesta fase. A liderança no grupo de apuramento permite, desde logo, duas grandes vantagens, uma das quais eu já citei anteriormente: evitamos por conseguinte os outros líderes, os conjuntos mais fortes do “Velho Continente”, tais como a Itália, a Espanha ou a Rússia. Em segundo lugar, jogamos a segunda e decisiva mão em solo português; pode não parecer muito importante mas numa eliminatória decidida por detalhes este pode efetivamente fazer toda a diferença.
Fábio Cecílio, um dos jogadores mais talentosos da nova geração Fonte: Futsal Global
Olhando para a lista de possíveis adversários, da qual só teremos certezas absolutas no dia do sorteio (12 de Fevereiro de 2016), não há nenhum adversário a evitar, especialmente se jogarmos como há poucos dias; isto porque as melhores formações europeias cumpriram o seu papel e passaram na respetiva liderança do grupo, não podendo calhar em sorte a Portugal.
Posto isto, continuo a acreditar piamente que estaremos presentes na Colômbia e que esta geração que tanto tem contribuído para o crescimento da modalidade no nosso país irá continuar a dar muitas alegrias a todos os portugueses num ano tão decisivo como aquele que está já ao virar da esquina. Afinal, volto a lembrar, em 2016 há Campeonato da Europa e Campeonato do Mundo.
“Özil é único. (…) É o melhor n.º 10 do mundo”. Estas são palavras de José Mourinho sobre o jogador que treinou no seu tempo no Real Madrid. Deveras, Mesut Özil é absolutamente fantástico e este ano está em grande forma; já leva 13 assistências em apenas 15 jogos na Premier League, ao serviço do Arsenal F. C., e tem retirado protagonismo a Alexis Sanchéz, que foi o grande destaque da equipa na temporada passada.
Este início de época da Premier League tem sido repleto de surpresas (boas e más). Temos um Leicester City F.C. a surpreender tudo e todos; Jamie Vardy bateu o recorde de Ruud Van Nistelrooy; o campeão Chelsea está mais perto da descida do que da Europa, e por aí adiante. No meio de tudo isto, surge Mesut Özil. O médio do Arsenal está a fazer um início de temporada absolutamente fantástico e é um dos responsáveis pela excelente prestação da equipa, que já venceu a Supertaça, está em segundo no campeonato, a dois pontos do primeiro, e nos oitavos da Liga dos Campeões.
Em 2013, Arséne Wenger decidiu investir cerca de 40 milhões de libras (cerca de 55 milhões de euros) para contratar o médio do Real Madrid, por forma a acrescentar qualidade e experiência ao plantel, na luta pelo título de campeão inglês. O enorme talento do médio internacional pela Alemanha é inegável, mas as duas primeiras épocas em Inglaterra foram difíceis e ficaram, infelizmente, marcadas por lesões (é um problema comum nos jogadores do Arsenal, vá lá saber-se porquê…). Nesses dois anos, Özil disputou apenas 48 partidas no campeonato (26 em 2013-2014 e 22 em 2014-2015), fez 14 assistências e marcou nove golos. Números que, embora aceitáveis, não exprimem a qualidade do número 11 da equipa londrina, nem justificam a coroa de “melhor número 10 do mundo”.
O alemão assume-se como uma pedra fulcral no jogo do Arsenal Fonte: Arsenal FC
Numa equipa em que abundam médios de grande calibre (Tomáš Rosický, Mikel Arteta, Jack Wilshere, Aaron Ramsey, Santi Cazorla, Mathieu Flamini e Francis Coquelin), não há indiscutíveis. Assim, para assumir um lugar no onze é preciso dar provas, em campo, de que se é verdadeiramente merecedor desse lugar. É necessário mostrar qualidade, vontade, determinação, tenacidade e, acima tudo, fazer a diferença.
É precisamente isso que Mesut Özil tem feito esta época. O ex-Real Madrid está finalmente a demonstrar porque é que Wenger apostou nele e está a liderar os Gunners na corrida ao título da Barclays Premier League, que foge há 11 anos. Com as já referidas 13 assistências em 15 jogos e ainda dois golos, o alemão contribuiu para mais de metade dos golos da sua equipa (têm 29 na liga) e assume-se, finalmente, como uma pedra fulcral no jogo do Arsenal. O estilo de jogo de Wenger é claramente benéfico para o jogador formado no Schalke 04; a rápida circulação de bola, as corridas dos extremos para as costas da defesa e a presença de Giroud na área permitem ao médio distribuir a sua magia e oferecer golos aos seus companheiros. A facilidade com que coloca a bola onde quer não é novidade mas não deixa de ser notável. Dificilmente manterá esta média (0,87 assistências por jogo) durante toda a época, mas se continuar a este nível tem grandes hipóteses de bater o recorde de passes para golo no campeonato inglês, pertencente à lenda do clube, Thierry Henry (20).
Deste modo, pode ser que esta seja a época em que Mesut Özil deixa a sua verdadeira marca na Premier League e assume o seu estatuto de maestro no Arsenal. A continuar assim, fá-lo-á certamente e conduzirá a equipa a uma temporada de sucesso. O desejo de conquistar o 14.º título de campeão inglês está bem presente nos adeptos e só com o esforço de todos – jogadores, treinador, direção e adeptos – é que os Gunners conseguiram conquistá-lo. Para isso é necessário que Özil e companhia mantenham a forma. Isso, e que haja menos lesões…