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A anarquia de Guardiola

cab bundesliga liga alema

Desilusão: a palavra com que poderia definir o trabalho apresentado, até ao momento, por Pep Guardiola na liderança dos destinos do Bayern. Na segunda época à frente dos bávaros, o suposto, esperado e obrigatório era que, no mínimo, a equipa se apresentasse melhor do que na época de estreia do catalão. Puro engano, até ver. É certo que a herança de Guardiola era muito pesada: Juup Heynckes fez um trabalho soberbo na equipa alemã, conduzindo-a a duas finais da Liga dos Campeões consecutivas. Tudo isto baseado num futebol vertiginoso, implacável e esfomeado de golos. Uma máquina de golos com todas as peças no devido lugar. Na primeira época, o cinismo de Di Matteo roubou-lhe a merecida vitória em casa. Perdeu o campeonato para um Dortmund que havia saído da Champions na fase de grupos e, com isso, pôde concentrar-se exclusivamente na Bundesliga.

Percebendo que apenas e só o azar foi o  inimigo do conjunto alemão nessa temporada de 2011/12, a direcção do clube bávaro manteve o alemão no banco, reforçou a equipa cirurgicamente (Dante, Javi Martínez, Mandzukic, Shaqiri e Pizarro) e desfez-se dos pesos mortos como Olic ou Pranjic. Resultado no final da época? Triplete com a conquista da Bundesliga, Taça e Liga dos Campeões. Juup Heynckes abandonaria o clube no verão de 2013 e entregava uma super-equipa e perfeitamente mecanizada às mãos de Guardiola. Cedo se percebeu que o catalão, como já se esperaria, queria impor as suas ideias. Despachou Luís Gustavo (um dos pilares da máquina de Heynckes) e Mário Gómez por não encaixarem no futebol de posse que queria implementar e Emre Can sem justificação compreensível. Chegaram Gotze, dito um dos maiores mundiais, e Thiago Alcântara, este com o selo do “tiki-taka” de Barcelona.

Na Bundesliga, o mínimo exigível era vencê-la sem grandes problemas e o objectivo foi largamente conseguido, tal a superioridade e diferença de recursos e investimento para os restantes clubes. Na Champions, a fase de grupos foi um passeio até chegarem os quartos-de-final. Perante um Manchester United patético de David Moyes, o Bayern já havia sentido alguns problemas em ultrapassar a eliminatória. O problema maior estava para chegar: na meia-final, o Real Madrid limpou o Bayern de forma cabal com 5-0 no total da eliminatória e um humilhante 0-4 em Munique, que deixava a nu todas as fragilidades defensivas do clube da Baviera. A adaptação de Lahm a trinco, a embirração com Mandzukic e a incapacidade de retirar o que Shaqiri e Gotze tinham para dar eram, também, sinais preocupantes.

Matraquilhos? Não. O onze do Bayern no jogo frente ao Shakhtar
Matraquilhos? Não. O onze do Bayern no jogo frente ao Shakhtar

Com a época de estreia para errar e adaptar-se às exigências do gigante da Alemanha, a segunda época de Guardiola era (e é) a prova de fogo. Que tem corrido mal. Senão vejamos: Kroos e Manduzkic saíram (dois elementos importantíssimos na máquina de Heynckes) no verão e Shaqiri no mercado de inverno. Bernat chegou para concorrer com Alaba, Xabi Alonso foi gozar a reforma para Munique, Benatia foi um luxo que Heynckes nunca teve e Lewandowski foi o capricho para substituir Mandzukic e dar (mais uma) bicada no Dortmund.

Até ver, Pep Guardiola ainda não conseguiu encontrar a ideia de jogo e o onze-base ideais para o Bayern e as experimentações tácticas têm sido mais do que muitas. Alaba, um dos melhores laterais-esquerdos do mundo, passou a jogar a 10, a central e a 8 para dar espaço a Bernat. O meio-campo, base principal da dita melhor equipa de sempre de Guardiola no Barcelona, apresenta-se totalmente estático e incapaz de oferecer criatividade à equipa – a dupla Xabi Alonso – Schweinsteiger arrasta-se em campo – e apenas o génio de Robben, Ribery e Muller vai disfarçando as enormes deficiências do fio de jogo da equipa. É certo que o grande número de lesões em jogadores fundamentais (Lahm, Alaba, Javi Martínez, …) não tem ajudado mas não é justificação para tão pobre futebol.

Guardiola matou todo o trabalho feito por Juup Heynckes para tentar impor as suas ideias e descaracterizou totalmente a ideia de jogo dos alemães. Até ver, tem sido um fracasso. Talvez  seja cedo para retirar conclusões e este Bayern ainda se torne avassalador nesta temporada mas, neste momento, é uma sombra do que foi há dois ou três anos.

Nadal foi sambar… e fez sucesso

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cab ténis

Rafael Nadal está a participar no Rio Open, um torneio do circuito ATP de segunda categoria (ATP500), que se disputa no Rio de Janeiro. Em boa hora os promotores do evento juntaram o ténis ao maior evento do Brasil, o Carnaval. Rafael Nadal não se fez rogado.

O campeonissímo espanhol não teve problemas em enfrentar uma noite chuvosa e desfilou ao lado de David Ferrer e de Gustavo Kuerten mostrando que os eventos desportivos são também eles um excelente veículo de promoção turística. Infelizmente, a assessoria do evento não parece ter dado grande destaque a esta participação.

Sempre fui um grande adepto de jornadas de promoção do ténis junto daqueles que não acompanham regularmente a modalidade, porque só dessa forma é possível “angariar” mais adeptos. Dessa forma olho para estas jornadas de promoção com particular atenção porque considero que noites como as de Nadal no Sambódromo valem por inúmeros jogos disputados pelo espanhol no que toca a mostrar aquilo que é o ténis.

Se é dentro dos courts que se mostra o que é o ténis, é no entanto fora deles que se “agarram” mais pessoas à modalidade, mostrando que as nossas estrelas são bem mais acessíveis do que os futebolistas e mostrando o ambiente dos torneios em todo o mundo.

Neste caso especifico, o Rio Open tem ainda a vantagem de contar com dois dos jogadores mais humildes do circuito, neste caso, Nadal e Ferrer, que são em bom português “uns castiços”, dispostos a participar na maioria das iniciativas que os torneios levam a cabo fora dos courts.

A prova disso é que a dupla espanhola, a par de Gustavo Kuerten, não teve problemas com a chuva, sabendo que um ou dois dias depois teria de se apresentar ao mais alto nível em campo, e passou horas a desfilar no Sambódromo, integrando a 100% a festa dos brasileiros. Nadal cantava e dançava (na medida do possível), e no final da noite disse ainda que só tem a agradecer por “poder ter experiências como esta”.

Já David Ferrer, disse que dançou “mais nesta noite do que em toda a vida”, provando que o facto de ser muita das vezes visto como o “patinho feio” da armada espanhola é uma imagem totalmente errada de um jogador trabalhador e consistente que não sai do top 10 desde Outubro de 2010.

Infelizmente a organização do Rio Open não valorizou da melhor forma esta acção dos tenistas, não havendo referências a tal no site oficial do evento. Boa memória se faça do Estoril Open de João Lagos que anualmente promovia duas ou três iniciativas divulgando-as da melhor forma que conseguia, de onde se destaca o passeio no mítico eléctrico 28 que Roger Federer deu numa das suas passagens por Lisboa.

Já agora, tanto Nadal como Ferrer venceram os seus jogos após a participação no Carnaval do Rio de Janeiro.

Wolfsburgo 2-0 Sporting: Complicado mas não impossível

sob o signo mozos

Ambas as equipas partiam para este encontro com baixas consideráveis. Do lado do Sporting, William Carvalho e Slimani; do lado do Wolfsburgo, Luiz Gustavo e Guilavogui. Se nesta situação ambas as formações têm um ponto em comum, o mesmo não se pode dizer do orçamento de que cada uma dispõe ou do momento de forma que cada equipa atravessa: o Wolfsburgo é a equipa sensação do campeonato germânico, ocupando o segundo lugar e tendo já derrotado o poderosíssimo Bayern de Munique por 4-1; ao passo que o Sporting está a atravessar um mau momento – sobretudo anímico – muito por causa do empate em casa contra o Benfica, concedido já nos instantes finais.

Os leões entraram bem no jogo e os primeiros quinze minutos, embora sem nenhuma ocasião clara de golo, foram dominados pela equipa de Alvalade, que fazia a bola circular com bastante fluidez e tinha a iniciativa do jogo. Ao minuto 16 surgiu o primeiro lance de perigo para o Wolfsburgo, protagonizado por Schurrle, foi Rui Patrício quem esteve em evidência. Os alemães começaram a crescer e poucos minutos depois um cruzamento da direita só não teve melhor fim porque Paulo Oliveira cortou para canto, fazendo a bola passar muito perto do poste do guarda-redes português. O Sporting respondeu e Carrillo, após um excelente passe de Nani, não inaugurou o marcador por milímetros.

A acabar a primeira parte, Vieirinha comete uma grande penalidade escandalosa e o árbitro, bem posicionado, nada assinalou. Os leões podiam ter ido para intervalo a ganhar, com um golo obtido mesmo em cima do intervalo caso o penalty fosse concretizado. Mais uma vez na Alemanha, os árbitros não deixaram que o jogo decorresse de forma limpa.

Marco Silva mexeu bem na equipa, mas as substituições não foram suficientes para melhorar o panorama Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal
Marco Silva mexeu bem na equipa, mas as substituições não foram suficientes para melhorar o panorama
Fonte: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

A segunda parte começa com o golo do Wolfsburgo. Naldo, ante a passividade da equipa leonina, aproveitou o espaço no corredor central para desmarcar Dost, que finalizou da melhor maneira. Estava feito o 1-0. Os alemães galvanizaram-se e sobrepuseram-se aos leões. As oportunidades sucediam-se para o lado germânico e os leões não conseguiam fechar as linhas de passe, como tinham feito de maneira eficaz nos primeiros minutos da partida. Foi, portanto, com naturalidade que Dost bisou na partida aos 63 minutos, após um excelente cruzamento de De Bruyne.

A vida complicou-se para o Sporting e a equipa de Alvalade, apesar de ter crescido no jogo e de ter reagido bem às mexidas de Marco Silva, não foi capaz de diminuir a vantagem dos alemães até ao apito final. Destaque ainda para a excelente exibição de Rui Patrício.

A eliminatória está complicada para os leões, mas uma boa exibição da equipa em Alvalade com todos os trunfos pode ser a catapulta necessária para o Sporting dar a volta e seguir em frente na Liga Europa.

A Figura:

Bas Dost – O holandês está a atravessar um excelente momento de forma: depois de marcar quatro golos no passado fim-de-semana, o avançado bisou na partida e foi o homem do jogo.

O Fora-de-Jogo:

Jefferson – Nada correu bem ao lateral esquerdo do Sporting. Executou um sem número passes sem critério, foi muito perdulário em lances que seriam de fácil resolução e comprometeu muitas vezes a defesa leonina devido a graves falhas de marcação. Perdido e irreconhecível.

Foto de Capa: Facebook Oficial do VfL Wolfsburgo

Quem tem medo de gigantes o melhor é nem sair de casa

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a norte de alvalade

O Sporting vai ter um osso duro de roer na Alemanha, encontrando aí um adversário poderoso e moralizado. Ao invés, a equipa vem de resultados decepcionantes, o que pode indicar estar agora a fazer um caminho inverso aos adversários no que à moral diz respeito. Adicionando a estes ingredientes nosso histórico de resultados com equipas alemães, está criado um espectro digno dos maiores receios. Este será precisamente a pior das atitudes a ter na hora de encarar o jogo. Respeito q.b. sim, medo não.

O problema da falta de jogo interior

Muito se falou, na sequência dos recentes derbys, do problema da falta de jogo interior, estabelecendo-o como causa determinante para o insucesso no respectivos jogos. Com algum exagero, quanto a mim, atendendo à forma fortuita como se perderam os pontos, resultantes de lances de muito maior grau de aleatoriedade do que de sapiência adversária. A intenção deliberada de não se expor contra o SLB parece ter ficado e ter produzido os mesmos efeitos no Restelo, mas tal só é verdade se esquecermos os primeiros 25 minutos da última partida, onde a abordagem foi muito diferente do jogo de Alvalade. Duvido que essa fosse a intenção do treinador, falta saber se a equipa cumpriu o seu plano de jogo ou preferiu de forma automática aquele que treinou para o dérby. Reconheço a importância do plano táctico mas o futebol, quando o árbitro apita para o inicio do jogo, é muito mais do que o treino e as ideias do treinador. Como é bom de ver o Sporting não irá jogar na Alemanha a centrar bolas para a área

Saber sofrer e saber fazer sofrer

Não esperando um jogo fácil é admitir que vai ser necessário saber sofrer. Mas sempre sem abdicar da imprescindível inteligência. Não creio que o Sporting vá recuar em demasia, ficando com isso permanente exposto às cargas da cavalaria alemã, especialmente à sua superioridade no jogo aéreo. Já bastará o sofrimento das bolas paradas. Mas também não me parece que registaremos os mesmos problemas com o controlo de profundidade de que tanto se falou no inicio de época. É a diferença que existe entre defesas centrais de nome e defesas centrais de formação e que percebem o jogo. A actual dupla de centrais dá muito mais tranquilidade, e muito mais daria se jogasse junta desde o inicio.

Se vamos a Alemanha “apenas” para não sofrer golos ou sofrer poucos, mais valia poupar na viagem. Não conheço o suficiente sobre o adversário para apontar os seus pontos fracos, daí que fique por uma consideração genérica. Mais uma vez a inteligência terá que ser chamada para gerir os momentos em que disporemos da bola. O Sporting tem jogadores tecnicamente capazes para impor algum sofrimento aos alemães. Estou a lembrar-me de Montero, Nani, Carrilo, João Mário, por exemplo, desde que a opção seja manter a bola o mais tempo possível colada à relva, onde a altura dos alemães deixa de ser uma vantagem. Sorte e eficácia também dariam uma importante ajuda se se aliassem a nós. Convenhamos também que, depois de 2 jogos a sofrer golos estúpidos, já estava na altura de se lembrarem de nós também.

Foto de Capa: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal

Basileia 1-1 FC Porto: A ilusão que só a estatística provoca

dosaliadosaodragao

Basileia, capital da ilusão portista, primeiro degrau para a construção do FC Porto europeu, voltou a testemunhar um jogo dos dragões, trinta e um ano depois. Tal como em 1984, tal como naquela final (perdida) diante da Juventus, o FC Porto apresentou-se em campo igual a si próprio, com personalidade e uma clara ideia de jogo. Para a primeira mão dos oitavos-de-final da Champions, o onze escalado por Lopetegui diferiu apenas num nome em relação àquele que venceu (e convenceu) o Vitória de Guimarães, por 1-0: Tello rendeu Quaresma, procurando previsivelmente o maior espaço que existiria nas costas da defensiva helvética. Puro engano, contudo!

E podemos começar já por aqui. Quando as expectativas eram as de que o Basileia tomasse conta da bola e do jogo, assistiu-se a um dragão impositivo, que quis ter, mais do que o controlo, o domínio do jogo desde o apito inicial e, por e para isso, tentou pressionar a todo o terreno. Do outro lado, a equipa de Paulo Sousa também tentou fazer uma pressão médio-alta mas o FC Porto, ainda que com dificuldades, soube sempre lidar melhor com esta contingência do que o seu adversário. De todo em todo, a equipa suíça tem princípios defensivos sólidos e sempre que esta pressão não resultava, recuava, organizava-se e “apertava” com critério o portador da bola – Brahimi foi o que mais sofreu com esta estratégia, algo ainda mais agudizado pela excessivo apego à bola por parte do argelino.

O golo do Basileia surgiu à passagem do décimo minuto do jogo, num lance em que o passe de Frei é primoroso, a recepção e finalização de Derlis Gonzalez são de categoria, mas em que a defensiva portista poderia ter feito mais, sobretudo Alex Sandro que deveria ter oferecido outra cobertura ao eixo defensivo. Ainda na madrugada do jogo, o golo apareceu como elemento-surpresa, principalmente porque era o FC Porto quem tinha maior iniciativa atacante.

Perante o sismo no plano de jogo portista, os dragões demoraram 10/15 minutos a reassumir a partida. Procuraram criar e gerir a bola com segurança, sem arriscar em demasia – afinal, o segundo golo poderia ser mortífero. Com uma pressão cada vez mais eficaz e constante, os dragões recuperaram muitas vezes a bola em terreno subido mas um toque a mais, um passe mal medido ou, sobretudo, a inépcia na hora do remate não permitiram ao FC Porto materializar o ascendente que teve em toda a primeira parte. Por outro lado, ficou um penalty por assinalar, por falta (ostensiva) de Samuel sobre Jackson (30’). Antes disso, Danilo e Casemiro estiveram muito perto do empate – e seria esse o resultado mais justo, a coroar uma primeira parte em que os dragões reagiram à adversidade e foram tão empreendedores quanto calculistas.

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Óliver rubricou uma exibição estrondosa na noite de Basileia
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

A 2ª parte arrancou na mesma toada e com mais uma decisão pouco compreensível por parte Mark Clattenburg: o golo de Casemiro, depois de muito festejado, foi anulado por – suponho eu – fora-de-jogo de Jackson Martínez, que terá perturbado o keeper contrário, Tomas Vaclik (exibição segura com um par de belas defesas).Como até aqui, os dragões foram impondo uma pressão constante sobre o seu adversário, impedindo a equipa de Paulo Sousa de explorar a transição ofensiva – Fabiano não fez uma única defesa em todo o jogo.

Com Óliver a encher o campo, com Herrera mais inteligente do que o habitual e com o intervalo a servir de bom conselheiro a Casemiro (a primeira parte foi simplesmente horrível!), o meio-campo do Dragão engoliu os suíços e o placard só não mexeu mais cedo porque tanto Tello como Jackson não souberam ser mais eficazes. A saída de Brahimi para a entrada de Quaresma foi natural mas a lesão de Óliver (68’) foi o pior que aconteceu a este FC Porto na noite helvética – ainda assim, a saída do espanhol (para a entrada de Rúben Neves) não abalou sobremaneira a capacidade ofensiva do FC Porto, ressentindo-se, porém, a equipa no momento em que se propunha pressionar o adversário a toda a largura do campo. Quando os portistas já suspiravam por Quintero em campo, o golo haveria de surgir em mais uma incursão de Danilo pela direita que culminou num cruzamento cortado pela mão de Samuel (e que merecia o segundo cartão amarelo), com a respectiva grande penalidade a ser assinalada. O #2 portista não acusou o peso do momento e colocou (alguma) justiça no marcador, igualando a partida a 10 minutos do fim da mesma.

Lopetegui ainda voltou a mexer, colocando, finalmente, Quintero (por troca com Tello), derivando Herrera para extremo esquerdo, previsivelmente para travar as investidas do lateral Safari e também para dar a possibilidade do colombiano aparecer pelo meio e gerir os tempos de jogo do conjunto azul e branco. Creio, no entanto, que a melhor solução teria sido retirar Herrera, até porque o mexicano estava desgastado, algo ainda mais notório nos momentos finais em que o FC Porto pareceu abdicar da busca pelo segundo golo, resguardando-se e assegurando um resultado que, no fundo, é pior do que a exibição. Mas que não deixa de ser um empate que abre boas perspectivas para o jogo da segunda mão, num terreno de uma equipa que, nos últimos 22 jogos europeus em sua casa, apenas perdeu por uma vez, diante do Real Madrid. Mas que hoje até só rematou uma vez à baliza.

 

A Figura
Óliver – Palavras para quê? Tem pouco mais de 1.70 de tamanho mas a alma de um dragão e a qualidade de um gigante. Encheu o campo em St. Jakob Park – jogou e fez jogar, com passes a curta, média e longa distância, demostrando uma capacidade de decisão fora do comum, no timing certo para o local exacto. Além disso, entende como poucos os terrenos que deve pisar a cada momento em que a equipa não tem a bola, pressionando e recuperando bolas sem fim. O menino do ‘Atleti’ é o motor do Dragão.

O Fora-de-Jogo
Fabiano – Só porque tem de ser. O espectador mais afortunado do jogo: viu-o de perto sem ter de pagar bilhete.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Obra de Espírito Santo

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cab la liga espanha

Com ou sem críticas, há algo a destacar na temporada 2014/2015 da Liga BBVA. Nuno Espírito Santo, ex-jogador de futebol e atual treinador do Valência, conseguiu contrariar as expetativas iniciais dos analistas e voltou a restabelecer as esperanças dos adeptos “Che” numa qualificação da sua equipa para a Liga dos Campeões.

Embora Espírito Santo tenha caído nas graças de todo o adepto português do desporto rei pela sua campanha com o Rio Ave, foi com tamanha surpresa que surgiu como treinador principal do Valência para a temporada 2014/2015. Tal foi o espanto que prontamente a imprensa e os amantes de futebol espanhóis apontaram Nuno como o primeiro treinador que iria sofrer o despedimento no presente ano na La Liga.

Ainda assim, com tudo o que o técnico português tem conseguido realizar no decorrer da temporada, seguramente que esses “apostadores” se arrependem de ter feito tal escolha. E todo o português tem orgulho nisso. É, evidentemente, agradável ver um de nós triunfar lá por fora e, literalmente, “calar” os críticos que não se importam com o trabalho e esforço que têm que ser empreendidos para ter sucesso no “mundo” que é o do futebol.

O Verão de 2014 viu a equipa do Condado Valenciano sofrer uma tremenda mudança no que a jogadores diz respeito, pois após a aquisição de Nuno Espírito Santo para o comando técnico da formação, foram várias as saídas e entradas no plantel. Nesta “revolução”, muitos jogadores que outrora tinham sido considerados fundamentais no seio do grupo viram o seu passe ser negociado: de referir, entre outros, Juan Bernat, Adil Rami, Jérémy Mathieu, Ricardo Costa, Ever Banega ou Andrés Guardado. A venda do passe de alguns destes jogadores permitiu aos “Che” um razoável encaixe financeiro, o que permite entender o propósito das suas transferências.

Nuno Espírito Santo teve, então, que encontrar jogadores que suprimissem as perdas no plantel e que acrescentassem algo mais à equipa, de modo a que esta atingisse os seus objetivos. E fê-lo com grande astúcia. Não só viu chegar ao emblema valenciano atletas de elevado nível, como reforçou todos os seus setores. Também é sabido que a conta bancária de Peter Lim, que após meses de incerteza foi declarado como novo proprietário do clube, ajudou e muito nesta investida pelo mercado de Verão.

A defesa do Valência viu-se reforçada com as aquisições do argentino Lucas Orbán (lateral-esquerdo/defesa-central), do alemão Shkrodan Mustafi (defesa-central/lateral-direito) e com o empréstimo de João Cancelo, jovem lateral-direito português com grande margem de progressão. No meio-campo, o maior destaque foi dado a André Gomes, que tem vindo a justificar a aposta, com inúmeras exibições de alto nível, provando todo o potencial que lhe tinha sido atribuído. No que toca ao ataque, a aquisição do passe de Rodrigo Moreno e o empréstimo de Álvaro Negredo, que se juntaram a Paco Alcácer, vieram fornecer o poderio atacante necessário para o “assalto” ao apuramento para a Champions.

O Valência deu muitos reforços a Nuno Fonte: Facebook do Valência
O Valência deu muitos reforços a Nuno
Fonte: Facebook do Valência

Mas uma equipa não é só feita de nomes. É necessário alguém que tome os jogadores individualmente e os faça jogar em prol do conjunto, de uma forma coesa e objetiva. E é aí que entra Nuno Espírito Santo. A maior parte dos atletas que por ele já foram treinados concordam que, no que concerne a termos motivacionais, Nuno é, de facto, um mestre. Para além disto, os anos em que praticou futebol permitiram-lhe adquirir uma absoluta cultura tática e entendimento do jogo. Exemplificando, tal é visível no facto de o treinador português conseguir variar o esquema tático da equipa em conformidade com o adversário ou, até mesmo, com as características dos jogadores. Já vimos o Valência variar entre o 3x5x2 e o 4x4x2 inúmeras vezes, sem se ressentir a nível exibicional.

Porém, não tem sido sempre um passeio para o treinador luso. As exibições da equipa fora do Mestalla e, principalmente, os resultados negativos aí alcançados têm gerado contestação nos media valencianos. Em 11 partidas fora de portas, os comandados de Nuno registam apenas 4 vitórias, ao invés do que acontece em sua casa, onde venceram 10 dos 12 encontros disputados.

Mais recentemente tem surgido outro tipo de contestação no seio dos meios de comunicação de Valência, relacionada com a contratação de um jogador por parte do emblema “Che”. Em pleno mercado de Inverno, o clube conseguiu a tão desejada aquisição do médio Enzo Pérez por uma quantia situada nos 25 milhões de euros. Tendo apresentado um elevado nível exibicional na posição “8” ao longo dos últimos dois anos, Pérez assumiu desde logo um lugar no onze inicial.

Mas a verdade é que não está fácil a vida do médio argentino em Espanha. Em 7 jogos realizados desde que chegou ao país vizinho, está claro que ainda não conseguiu atingir o patamar futebolístico que apresentou outrora. No Benfica, o jogador da seleção das “pampas” atuava como médio de transição num esquema de dois médios-centro, ao contrário do que acontece em Valencia, onde assume uma posição claramente mais recuada e divide o setor central da sua equipa com mais dois jogadores, o que lhe retira espaço para progredir verticalmente com bola, como tanto gosta. A juntar a isto, o nível disciplinar de Pérez também não tem sido o melhor, pois já viu o cartão amarelo por 5 vezes, numa quantia de jogos que não é razoável para tal. Esta situação tem que ser pronta e devidamente tratada por Nuno Espírito Santo, de modo a não prejudicar os objetivos da sua formação, pois a imprensa e até os adeptos começam a questionar o elevado investimento feito no médio.

Certo é que com 23 jornadas disputadas na principal divisão espanhola, os valencianos estão situados no 4º lugar da classificação e mantêm bem desperta a esperança de conseguir o apuramento para a Liga dos Campeões da próxima época, objetivo que foi o inicialmente proposto pela equipa técnica “Che”. Seguramente a luta não será de cariz fácil até ao final da liga, pois o Sevilha encontra-se a uma distância relativamente curta do apetecível 4º posto e promete não ceder. No entanto, o Valência de Espírito Santo já demonstrou e deixou claro que é bem capaz de conseguir atingir os seus propósitos.

Foto de Capa: Facebook do Valência

Pizzi ao comando

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paixaovermelha
Ao segundo jogo como titular, Pizzi convenceu a grande maioria dos adeptos (e talvez até Jorge Jesus) de que é o homem certo para substituir Enzo Pérez – isto, claro, dentro das soluções do plantel. Se por um lado não me espanta que tenha demorado vários meses a mostrar qualidade na posição 8, também não me surpreende a recente quebra de rendimento de Talisca. Defendi várias vezes, aqui neste espaço, que Talisca dificilmente alcançaria o nível desejado por Jorge Jesus para aquela que é indiscutivelmente uma posição fulcral no sistema tático do Benfica. Talisca tem obrigatoriamente de ser um homem próximo da área de finalização, de forma a que se retire toda a excelência e eximia capacidade de remate do brasileiro.

Já Pizzi tem tudo para ser, pelo menos, um bom 8. Está, efetivamente, longe dos melhores índices de Enzo Pérez. Ainda que seja impossível fugir às habituais comparações, parece-me injusto confrontar as prestações de ambos, uma vez que, para os mais esquecidos, Enzo demorou vários jogos até adquirir os processos ofensivos, defensivos e, principalmente, de equilíbrio tático a que a posição obriga.

O internacional português encontra-se exatamente a meio desse processo. No passado domingo, frente ao Setúbal, Pizzi demonstrou que a nível ofensivo jamais terá problemas em oferecer um alto rendimento, fruto de vários anos a jogar em posições atacantes. Apesar dos dois golos marcados por Lima, Pizzi foi eleito homem do jogo frente aos sadinos por vários jornais e sites desportivos. As razões são óbvias: com uma assistência e vários passes para ocasiões de golo, o português demonstrou uma capacidade técnica altíssima e uma visão de jogo exemplar. A nível de passe, Pizzi acertou 85% dos 65 passes realizados, o que demonstra bem a qualidade do internacional português neste capítulo. O mais notável, porém, foi a forma imperiosa como assumiu o jogo e a responsabilidade de empurrar a equipa para a frente. Assumiu o jogo e foi feliz.

Pizzi começa a mostrar serviço na Luz Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Pizzi começa a mostrar serviço na Luz
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

A nível defensivo, o rendimento foi menor ou, pelo menos, não tão exuberante. É certo que o adversário raramente causou problemas ao conjunto benfiquista, e, quando o fazia, utilizava as alas para progredir no terreno. Ainda assim, Pizzi terá forçosamente de impedir desequilíbrios na zona central e impedir transições adversárias. A assimilação destes processos requer tempo e, especialmente, minutos de jogo. Por muito que Jorge Jesus e Pizzi estejam em sintonia nos treinos, é no relvado, com um adversário pela frente, que o ex-jogador do Atlético Madrid irá criar as rotinas necessárias para se tornar um médio à altura das exigências do Benfica.

Perante isto, os adeptos do Benfica não devem esperar a garra e a intensidade de Enzo Pérez. Podem é ter a certeza de que há, indubitavelmente, um jogador com talento para ser um caso singular (mais um) criado por Jorge Jesus.

Na Terra de Ninguém

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tinta azul em fundo brando pedro nuno silva

Há uma guerra de palavras no futebol português – e não, o Porto não está metido nessa confusão! Não querendo entrar profundamente num assunto que não me diz respeito directamente, parece-me que há razões para alguma indignação da parte do Sporting mas – tal como na guerra (perdoem-me a tendência belicista) – disparando a primeira bala, recebem-se duas em troca e voltam-se a disparar três de seguida.

O facto de o Porto entrar cada vez menos nestes joguinhos de palavras demonstra também uma mudança de estratégia na nossa comunicação: estamos mais tolerantes, o que traz pontos positivos e negativos.

As polémicas que existiram devido ao Apito Dourado sempre serviram de desculpa e de moeda de arremesso para muitas polémicas no putebol português. Serviram ainda para desculpar as fracas prestações e insucessos de alguns adversários. Bastava um rastilho para incendiar as relações entre Porto e Benfica ou Sporting, mas devido a alguns castigos de dirigentes, desgaste pessoal e colectivo (um clube perde também apoio dos adeptos caso esteja em contante revolta) e mudanças estratégicas, a verdade é que estamos mais calmos no que diz respeito às nossas relações inter-clubes e à comunicação social. Não me parece que seja um tratado de paz; apenas uma guerra fria em que há desconfiança.

Desde o tempo de Jesualdo Ferreira que grande parte da nossa defesa pública e indignação tem a voz dos nossos treinadores. Não tem o mesmo efeito do que se fosse um dirigente ou mesmo um comunicado oficial no site do clube, mas é a estratégia adoptada. Um exemplo claro são os erros de arbitragem que têm beneficiado o Benfica esta época. Estes seriam suficientes para uma comunicação mais agressiva e, portanto, para prevenir que ocorressem mais casos polémicos, que teimam em acontecer quando nada se diz. No entanto, tais erros apenas têm sido apontados timidamente por alguma comunicação social e, aqui e ali, por Lopetegui. É notório que algumas respostas a provocações têm sido comunicadas internamente ao treinador basco, que personifica, então, a indignação do clube. Mas o carácter aparentemente pacífico do nosso técnico não tem o impacto que causa um Mourinho, por exemplo.

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Vítor Pereira foi um dos técnicos que defendeu o FC Porto com firmeza
Fonte: Página de Facebook oficial de Vítor Pereira

Hoje em dia, há formas inovadoras de marcar a nossa posição sem ser através da agressividade que caracteriza um comunicado oficial. Estamos presentes nas várias redes sociais e temos de as usar para lançar alguns lembretes e brincadeiras sobre o que se passa nas diversas jornadas. Quem não se lembra da perseguição de que o Porto foi vítima por parte da imprensa sulista durante os anos em que ganhámos diversos campeonatos sucessivos? Quem não se lembra das diversas polémicas lançadas por clubes rivais para minar a nossa credibilidade? De repente, desapareceram. Porquê? Pois, um clube que ganha incomoda e, se para o Porto se faz uma tempestade num copo de água, penso que ultimamente têm sido feitos copos de água de tempestades de forma repetitiva. É demasiado visível que temos uma comunicação social avessa ao nosso clube: estamos sempre sozinhos na defesa do Porto – nada de novo, portanto.

Por enquanto, estamos muito neutros, na terra de ninguém, enquanto alguns adversários gladiam (embora nunca com a agressividade que utilizam para com o Porto; acho até que é um arrufo de amigos). A nossa neutralidade e aparente pacifismo não podem ser entendidos nunca como passividade, sob pena das arbitragens se tornarem ainda mais erróneas. Não quero com isto defender um ambiente podre no nosso futebol; apenas dizer que temos o direito de, por vezes, relembrar o que se tem passado dentro das quatro linhas. Afinal, também temos direito, não temos?!

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

 

Wayne Rooney: À procura do lugar perfeito

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cab premier league liga inglesa

A renovação no Manchester United, que se fez com as entradas de Van Gaal, Falcao e Di María, entre outros, era obrigatória, depois do desastre que foi a última temporada. David Moyes não conseguiu lidar com a pesada herança de suceder a Ferguson, e percebeu-se finalmente que o plantel não tinha a qualidade necessária. Wayne Rooney era um dos poucos elementos de classe mundial, mas estava muito desacompanhado, precisava de outros jogadores de valia semelhante. O que é certo é que, ao contrário do que se perspectivava, o craque não beneficiou nem de perto nem de longe com a chegada de reforços. Viu o seu espaço de eleição – segundo avançado – ameaçado pelo colombiano voador, o que levou Van Gaal a recuá-lo para o meio campo, e tem perdido protagonismo na equipa.

26 de Dezembro de 2014.  A data em que marcou pela última vez para o campeonato. O bis contra o Newcastle é o último vislumbre da veia goleadora de Rooney. A sua colocação em campo é o principal obstáculo. A equipa ressente-se da falta de um patrão – Di María tem oscilado o seu rendimento e afasta-se cada vez mais daquele vaivém que o caracterizava – e os goleadores de serviço, Falcão e Van Persie, estão numa relação de amor/ódio com as redes.

O inglês de vinte e nove anos acaba por ser a maior vítima das suas características. Um dos jogadores mais possantes do futebol mundial é alguém a quem sempre se viu capacidade para ter um papel de relevo fora da linha avançada. A visão de jogo e capacidade de passe permitem-lhe servir na perfeição os colegas e o pontapé canhão é controlado com mira certeira. O problema nisto tudo é que o papel de médio centro obriga-o a ter outras amarras tácticas, que não lhe permitem a chegada às imediações da baliza adversária (nos últimos 5 jogos, sem contar com o encontro com o Preston, fez 0 remates!).

Rooney tem estado desinspirado a jogar como médio Fonte: Facebook de Wayne Rooney
Rooney tem estado desinspirado a jogar como médio
Fonte: Facebook de Wayne Rooney

As críticas estão a começar a aparecer e Van Gaal vai afastando de si as responsabilidades, dizendo que “Rooney está a jogar no meio campo porque não temos mais ninguém”. O experiente treinador holandês não deve ter olhado para o seu próprio plantel quando disse tamanha barbaridade. É certo que as opções não abundam, mas quando se gasta 36 milhões em Ander Herrera não se pode apresentar esta justificação. O treinador holandês, que tem desdobrado a equipa num 3x5x2, 4x4x2 losango ou no mais recente 4x3x1x2, parece convicto na intenção de sacrificar o melhor jogador da equipa nos últimos anos para apostar numa dupla de avançados que pouco ou nada tem feito.

Apesar da unicidade de Rooney, é notório que esta aposta tem sido infrutífera. O seu futebol não sai favorecido e os Red Devils, que com muitos jogadores acima da média exigiam outra nota artística, vão praticando um futebol medíocre. Estamos a falar do capitão e do terceiro melhor marcador de sempre do clube, mas a sua saída é uma opção que já devia estar a ser equacionada. O clube e o jogador parecem não ter mais nada a dar um ao outro e, à beira dos malditos trinta, o camisola dez não devia descurar a saída para outro campeonato.

Foto de Capa: Facebook de Wayne Rooney

Regresso a Basileia

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a minha eternidade

Esta quarta-feira, dia 18 de Fevereiro, o Futebol Clube do Porto irá deslocar-se à Suíça para defrontar o Basileia, numa eliminatória a contar para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Este é o primeiro embate entre estas duas equipas, embora não seja a primeira vez que os portuenses se deslocam a Basileia para uma partida europeia relevante.

Na temporada de 1983/1984, o Porto realizou uma excelsa prestação na sua quinta participação na Taça das Taças, prova que jogou graças à sua presença na final da Taça de Portugal do ano anterior.

A campanha azul e branca rumo à final iniciou-se a 14 de Setembro de 1983, na Jugoslávia, com uma derrota por 2-1 frente ao Dínamo de Zagreb. No jogo de volta, nas Antas, numa eliminatória muito sofrida, os portistas conseguiram vencer pela diferença mínima (1-0), o que lhes permitiu seguir em frente. O triunfo foi conseguido através de um golo do inevitável Gomes, que furou as redes depois de uma assistência de Jaime Magalhães, a poucos minutos do final do encontro.

A 19 de Outubro de 1983, mais uma saída de sabor amargo – desta feita até à Escócia, para enfrentar o Glasgow Rangers (derrota por 1-2). No encontro da segunda mão, os portistas conseguiram nova reviravolta, vencendo os protestantes por 1-0, com o Bi Bota a marcar de novo e a chorar de emoção, sendo aclamado por todo o estádio, originando um clima de comunhão e fraternidade (jogador/público) que rareia na contemporaneidade futebolística.

Já no decorrer de 1984, nos quartos-de-final, o sorteio instituiu o embate com os soviéticos do Shakhtar Donetsk (Ucrânia). A 7 de Março, na cidade Invicta, os portistas conseguiram uma magra vitória por 3-2, levando uma curta vantagem para o jogo da 2ª mão em Donetsk. Nesse jogo, duas semanas depois, o FC Porto sobrevive em prova devido a um empate a um golo, sendo Mike Walsh o herói, cabeceando para golo já perto do final do jogo.

Nas meias-finais, os dragões tiveram pela frente os escoceses do Aberdeen. A 11 de Abril, perante um estádio das Antas completamente preenchido e motivado, os portuenses ganharam pela margem mínima (1-0), levando assim uma preciosa vantagem para o segundo jogo. Em terras escocesas, no dia 25 de Abril, os azuis e brancos venceram pelo mesmo resultado. Vermelhinho, o marcador solitário, executou um chapéu tecnicamente refinado e assegurou o embate na final contra a magnífica Juventus de Turim.

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Platini era a figura maior da Juventus que derrotou o FC Porto, em 1984
Fonte: wikipedia.org

Nessa final de Basileia, disputada no dia 16 de Maio de 1984, o Futebol Clube do Porto defrontava as “velhas senhoras” italianas, orientadas pela ancião Trapattoni e comandadas em campo pelo organizador mágico Michel Platini. Perante 60000 espectadores (na sua maioria tiffosi), os portuenses enfrentavam um enquadramento muito doloroso devido ao gravíssimo estado de saúde de José Maria Pedroto. Apesar de ser difícil focalizar e centralizar os atletas exclusivamente no encontro futebolístico, os comandados de António Morais (anterior adjunto) fizeram uma exibição tecnicamente muito confiante e tacitamente muito correcta e organizada. Embora a Juventus se tenha superiorizado por 2-1 no final da partida, os portuenses foram superiores em termos qualitativos, demonstrando um futebol mais atraente. O golo de Sousa foi insuficiente para os portistas, que ficaram irados com o árbitro da partida (o alemão Adolf Prokop). Alguns jogadores não se contiveram e confrontaram o juiz germânico e restante equipa de arbitragem em pleno relvado (o guarda-redes Zé Beto terá tirado a bandeirinha ao auxiliar do árbitro para o agredir…). O motivo da fúria seriam dois penalties que o alemão terá perdoado aos italianos: o primeiro, um empurrão sem margem para dúvidas sobre Vermelhinho dentro da área; o segundo, uma mão de Scirea indubitável. Terá o árbitro prejudicado deliberadamente o Porto? Os seus jogadores não tiveram dúvidas sentindo-se espoliados. No rescaldo destes acontecimentos, o guardião Zé Beto seria suspenso por um ano pela UEFA, o que ditou o seu afastamento do Euro- 84.

No fim da partida, Michel Platini, estrela mais reluzente dos italianos, reconheceu o grande mérito dos portuenses. Rendido ao jogo do FC Porto, afirmou que era pena não haver duas taças (uma para cada instituição). Esta ideia humilde foi o mote para os adeptos portistas empreenderam uma recolha de fundos para encomendarem uma réplica da Taça das Taças, que posteriormente oferendaram ao clube para exposição pública. Este misto de emoções, entre uma revolta e desilusão inflamantes e um orgulho confiante pela fantástica exibição, fez com que o Futebol Clube do Porto conseguisse criar, enraizar e difundir um estado de espírito conquistador, uma crença combustível inabalável, que originou um “focus glória”, uma força de perseguição predatória que se consubstanciou, três anos volvidos, em Viena.

Foto de capa: wikipedia.org