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Libertadores: surpresas e previsões

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Com uma fase de grupos bem mediana e sem nenhum clube se apresentando de forma espetacular – muito pelo contrário -, clubes importantes nos seus respectivos cenários nacionais, como Flamengo, Botafogo, Universidad de Chile, Newells Old Boys ou Peñarol, nem sequer passaram para o mata-mata.

Tudo se levava para o óbvio: os maiores ganhando aos menores e assim por diante, mas como estamos falando de futebol as coisas mudam. Os clubes ditos como “pequenos” bateram de frente com as grandes forças do continente e não se amedrontaram: os “pequenos” derrubaram os “gigantes”. Um bom exemplo disso foi o confronto entre Nacional (PAR) e Vélez (ARG). O Vélez, clube da melhor campanha na fase de grupos, foi eliminado pelo pior da fase de grupos – o clube paraguaio venceu o confronto agregado por 3-2 (1-0 / 2-2). Outra grande zebra foi a queda do atual campeão da Copa, o Atlético Mineiro (BRA) de Ronaldinho Gaúcho e companhia, que foi eliminado pelo bom time do Nacional de Medellín (COL), com um agregado de 2-1 (1-0 / 1-1). Este jogo foi este marcado por uma polêmica: o gol do time colombiano no final do jogo, que definiu a classificação, foi irregular, mas isso não tira os méritos do Nacional na sua classificação e o péssimo desempenho do atual campeão. O San Lorenzo (ARG), famoso time do Papa Francisco, também aprontou para o tradicional clube do Grêmio (BRA), empatando a partida no agregado de 1-1 (1-0 / 1-0) e ganhando nos pênaltis por 4-2.

O San Lorenzo eliminou o Grêmio nos penalties  Fonte: lancenet.com.br
O San Lorenzo eliminou o Grêmio nos penalties
Fonte: lancenet.com.br

Fora esses jogos, não destaco nenhuma outra zebra, mas ressalto o grande esforço do Cruzeiro (BRA), atual campeão do campeonato brasileiro, para passar o Cerro Porteño (PAR). Outra equipe que posso destacar é a equipe do Bolívar (BOL), que vem se mostrando muito aguerrida na competição e que pode dar trabalho aos seus adversários.

Os confrontos das quartas de final ficaram assim:

Nacional (PAR) Arsenal (ARG)
Nacional (COL) Defensor (URU)
San Lorenzo (ARG) Cruzeiro (BRA)
Lanús (ARG) Bolívar (BOL)

 

 

 

Do modo como as coisas andam, fica muito difícil prever algo para as quartas de final.

Vejo o Cruzeiro como grande favorito, não só no duelo com o San Lorenzo, mas também à conquista do título. A equipe brasileira tem seu elenco muito bem reforçado e também não tem nenhum grande adversário pela frente, caso passe às próximas fases.

O confronto que destaco é o Lanús-Bolívar. Acho é uma eliminatória com um desfecho muito difícil de prever: ambas equipes mostram um futebol bem aguerrido e batalham muito dentro de campo. Outro fator de igualdade entre ambas as equipes é o facto de ambas as equipas serem muito fortes em casa. Se tivesse que apostar numa classificação, apostaria na do Bolívar.

O Bolivar ultrapassou o Club León e pode chegar às meias-finais  Fonte: globoesporte.globo.com
O Bolivar ultrapassou o Club León e pode chegar às semi-finais
Fonte: globoesporte.globo.com

O Nacional-Arsenal também é difícil de prever: o Nacional vem de uma grande classificação –  eliminou um dos favoritos a conquista do titulo, o Vélez Sarsfield – e o Arsenal – tem como técnico o ex-jogador Martin Palermo – mostra um futebol um tanto quanto irregular. Apostaria na classificação do Nacional.

E, por último, mas não menos importante, o Nacional de Medellín-Defensor. Aqui eu vejo um pouco de vantagem para o time colombiano, o Nacional, que eliminou o atual campeão da competição e mostra um bom futebol desde a fase de grupos. O Defensor é um time que joga um futebol típico do Uruguai – muita garra, mas muito pouca qualidade técnica. Apostaria numa classificação do Nacional.

 

Texto de Mateus Andrade, redactor externo brasileiro

Um dos melhores do Mundo

cab desportos motorizados

O SATA Rallye Açores afigura-se cada vez mais como uma prova de topo a nível europeu e mesmo a nível mundial. O rali, que se disputa na ilha de São Miguel, é cada vez mais reconhecido como uma prova de excelência e tem ganho a olhos vistos um lugar de destaque no mundo dos ralis, sendo que muitos dizem que esta é uma versão melhorada da prova da Nova Zelândia.

A edição de 2014 da prova açoriana vai para a estrada nos próximos dias 15 a 17 de maio, e, apesar de ainda não ter saído a lista de inscritos – o Autosport fala em 55 –, já se vai sabendo que muitos dos principais nomes do Europeu vão estar presentes, o que está a causar muito interesse. Um bom exemplo disso é o facto de os hotéis da ilha já estarem praticamente cheios para a altura. Se me permitem um desabafo mais regional, só não vem mais gente porque as viagens de barco entre as ilhas apenas começam na semana seguinte.

As paisagens fazem deste um rali especial  Fonte: www.satarallyeacores.com
As paisagens fazem deste um rali especial
Fonte: www.satarallyeacores.com

Na apresentação ao público, feita na passada terça-feira, foram apresentadas várias novidades. A mais importante é que a prova se mantém no ERC (campeonato europeu de ralis) pelo menos até 2016. A nível promocional dos Açores no estrangeiro – um dos grandes objetivos da prova – também foram anunciadas as transmissões em direto na Eurosport das duas passagens pelas Sete Cidades e pela Tronqueira, assim como a transmissão em direto no site do ERC das duas passagens pelo troço das Feteiras. Também os canais portugueses, especificamente RTP Açores, RTP 2 e RTP Internacional, irão transmitir algumas especiais.

Os canais nacionais e o canal internacional da RTP irão transmitir as especiais que vão estar disponíveis também na Eurosport. O canal público açoriano irá transmitir igualmente todas as da Eurosport, assim como a super especial Grupo Marques, que este ano foi revista e aumentada, incrementando assim a sua espetacularidade. Estas transmissões serão muito importantes para dar a conhecer a região, assim o tempo ajude.

moura
A nova máquina de Moura ainda em Inglaterra
Fonte: Autosport

Quanto a pilotos, a principal novidade vai para Ricardo Moura, atual campeão nacional e açoriano de ralis, que vai passar a contar desde esta prova com um Ford Fiesta R5. Moura passa assim a ser o terceiro piloto com este novo carro em Portugal, esperando que este ainda lhe dê as condições de chegar ao título, num campeonato que está a ser dominado por Pedro Meireles, com três vitórias em outros tantos ralis. Com este novo carro, o açoriano vai tentar melhorar o terceiro posto alcançado o ano passado.

Esta edição ganha um novo slogan – “For the Braves” –  pois esta é uma prova difícil, havendo alguns troços em que o mínimo erro pode ditar um acidente grave. O SATA Rallye Açores é assim cada vez mais uma prova de destaque mundial, seja pelos seus fantásticos troços, seja pelas paisagens que acompanham estes mesmos troços.

O Passado Também Chuta: Hilário

o passado tambem chuta

Moraes, Alexandre Batista, José Carlos e Hilário. A meu ver, depois da célebre linha avançada dos cinco violinos, esta linha da defesa foi a mais célebre linha que teve o Sporting Clube de Portugal. Todos eles «Magriços», conformaram a defesa mais temida do futebol português dos anos 60. Além disso, Moraes, no tempo em que jogava a extremo-esquerdo, foi o autor do celebérrimo golo olímpico que deu ao Sporting a Taças das Taças. Poderia, portanto, dedicar a vários destes defesas leoninos esta crónica. Alexandre Batista, por exemplo, era um defesa-central fino, elegante, com uma técnica excelente na linha dos grandes centrais portugueses como Francisco Ferreira, Germano ou mais tarde o Humberto Coelho – poderia ser, portanto, a estrela desta crónica. José Carlos era um excelente quarto-defesa, ainda que talvez o mais normal deste quarteto defensivo. No entanto, o Sporting Clube de Portugal tinha um defesa-esquerdo que superava tudo e todos, que se chamava Hilário Rosário da Conceição.

O Sporting encontrou-o e foi buscá-lo no final da década dos 50 ao Sporting de Lourenço Marques. No princípio da seguinte década, o seu clube pretendeu utilizá-lo, sem êxito, para que o mítico Eusébio assinasse pelo Sporting. Era, tal como Coluna, considerado um jogador com peso. Mal chegou, apropriou-se do lugar e foi convocado de imediato pela seleção. Sendo lateral-esquerdo, era um jogador que não era propriamente exímio com o pé esquerdo; no entanto, tinha um grande poder de concentração e um enorme sentido do corte. Sendo contemporâneo do benfiquista Fernando Cruz, o seu lugar fixo na seleção nacional era inquestionável. Foi repetidamente campeão nacional com o seu clube, vencedor de Taças de Portugal e vencedor da Taças da Taças, ainda que uma grave lesão o tenha impedido de jogar a final.

Lesionado, beija a Taça das Taças  Fonte: sportingvintage.blogspot.com
Lesionado, beija a Taça das Taças
Fonte: sportingvintage.blogspot.com

Temos de remarcar bem que este excelente Sporting teve a pouca fortuna de conviver com o melhor Benfica de todos os tempos e com a linha avançada mais temível que floresceu em Portugal. Muitas vezes, os famosos duelos entre os dois grandes rivais do futebol português, eram publicitados por adeptos ou comentaristas como o jogo da melhor defesa contra o melhor ataque. O Benfica-Sporting era, e a meu ver ainda é, o verdadeiro duelo do Campeonato. Qualquer amante do futebol festeja a evidente recuperação do Sporting porque sentar-se nas bancadas da Luz ou de Alvalade durante um dérbi é uma sensação única.

No entanto, Hilário atingiu o zénite da sua carreira ao serviço da seleção que disputou o Mundial de Inglaterra. Foi titular indiscutível e considerado o magriço mais regular durante o Mundial. O reconhecimento internacional ficou patente e posteriormente chegou a formar parte de uma Seleção de Europa, seguindo a senda do Travassos. Era um atleta aplicado e essa condição levou-o a representar o Sporting durante quinze épocas. Este mito do futebol sportinguista, para adaptar-se a jogar com botas, de que passar pelo basquetebol para adaptar-se primeiro a algum tipo de calçado. Tal como tantos outros, a sua escola de futebol era o ar livre, descalço. No entanto, nada disso impediu que Hilário fosse o que foi: um jogador com um rigor tático invejável.

Descanso? Longe disso!

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milnovezeroseis

Caro leitor,

Com a conquista, há cerca de duas semanas, do Campeonato Nacional por parte do Benfica, facilmente se cai na falácia de pensar que a principal competição de clubes em Portugal teve um termo, que deixou de interessar. A juntar a esta realidade advém o facto de, para as hostes leoninas, estar, também, tudo decidido – o 2º lugar já não foge, assim como a entrada directa na Liga dos Milhões. É inexequível refutar que tudo o que atrás foi dito é a mais pura das verdades – é o real -, mas, a meu ver, as duas jornadas que restam jogar, assim como o tempo que ainda vai até ao início do Mundial do Brasil, ainda trazem alguns aliciantes para o Sporting Clube de Portugal.

Em primeira instância surge o facto de o clube do leão ainda defrontar dois emblemas do top five da presente edição do Campeonato. Estoril e Nacional realizaram um campeonato exímio, com destaque óbvio para a equipa de Marco Silva, que se afirmou como uma certeza do futebol português. Um nome e uma equipa definitivamente a ter em conta. Se atendermos ao facto de que, na primeira volta, quer contra o Nacional,de Manuel Machado, quer contra o Estoril, o Sporting não conseguiu alcançar os 3 pontos (empate a zero na Amoreira e em Alvalade, no jogo que representou o cume da obra-prima de Manuel Mota), levar de vencidas ambas as equipas ganha um significado especial.

Na primeira volta, Estoril e Nacional representaram duas pedras no sapato do leão  Fonte: zerozero.pt
Na primeira volta, Estoril e Nacional representaram duas pedras no sapato do leão
Fonte: zerozero.pt

De seguida, importa dizer também que a alguma “folga” com que o Sporting pode encarar os dois jogos que se avizinham – apesar de a vitória ter de ser um objectivo, é inegável que o Sporting, à partida, entrará em campo sem nervosismos – benefeciaalguns jogadores menos utilizados e de valores em possível ascenção na equipa B. Jogadores como Iuri Medeiros, Ricardo Esgaio ou até Wilson Eduardo podem aproveitar da melhor forma os jogos com Estoril e Nacional para mostrar serviço. Quem sabe se futuras boas exibições de Medeiros, Esgaio ou Dramé (em evidência nos bês) não abrem caminho a uma integração na equipa principal já na próxima temporada.

Por fim, mas não menos fulcral, as partidas com canarinhos e insulares servirão indubitavelmente para “pôr a limpo” que jogadores leoninos poderão marcar presença no Campeonato do Mundo, que se aproxima. Do lado português estão na calha Rui Patrício (uma certeza), Cédric Soares (uma possibilidade relativamente forte), Adrien Silva (uma possibilidade em que Paulo Bento teima em não apostar), William Carvalho (uma forte possibilidade), André Martins (uma fraca possibilidade) e Carlos Mané (uma possibilidade, também, e que tem vindo a ser notícia precisamente devido a uma possível eleição para os 23). Do restante plantel leonino restam Marcos Rojo (uma certeza, ao serviço da selecção das pampas) e Islam Slimani, que marcará certamente presença na equipa da Argélia.

O repórter de Figo Maduro

nascidonafarmaciafranco

Quando Mark Clattenburg apitou para o final da partida, Portugal e o Mundo voltaram a eclodir. Não foi apenas um jogo que se ganhou, não foi sequer apenas uma eliminatória ou até o facto de o Benfica ter alcançado, pela segunda vez consecutiva, uma final europeia – da grandeza e da capacidade do meu clube de coração nunca duvidei eu nem qualquer adepto que se assuma verdadeiro. O que se alcançou foi a glória de uma batalha que nos colocou tudo como nos foi retirado indevidamente no ano passado. Contra uma Europa cada mais desacreditada, com a força da qualidade e não da quantidade, com o querer de fazer justiça, o Benfica gelou Turim e o 4º anel voltou a acenar. Os heróis de Turim não tiveram menos do que mereceram: uma recepção apoteótica.

Nas imediações do Aeroporto Militar de Figo Maduro, a massa benfiquista começou a reunir-se logo por volta da meia-noite. Aos poucos foram chegando, de cachecol ao peito ou de bandeira na mão, mas carregando as cores que não os deixavam mentir: vinham abrir espaço para “deixar passar o maior de Portugal”. As horas que se esperaram, bem mais tranquilas do que os minutos que sucederam a expulsão do motor Enzo, fizeram-se de festa, de cânticos e de alegria sem fim. Ainda assim, estavam todos cientes de que a taça ainda morava em Turim e não na Luz, embora a morada já fosse conhecida dos encarnados. O fumo de uma ou outra tocha que se acendia enquanto o autocarro ainda fugia de vista não podiam, de forma alguma, fazer prever o inferno que ali se iria instalar quando a comitiva benfiquista se encontrasse enfim com a multidão.

A festa encarnada no aeroporto de Lisboa
A festa encarnada no Aeroporto Militar de Figo Maduro

E o inferno aconteceu. Por volta das quatro horas da madrugada, o autocarro encarnado abraçou os adeptos, em êxtase. As cerca de duas a quatro mil pessoas foram incansáveis e, abrindo caminho, acompanharam o autocarro enquanto as forças policiais permitiram. O que ali se viveu foi inexplicável, alcançável apenas por quem seja capaz de sentir assim. Não se confunda o leitor, ou não confunda o leitor a essência daquilo que escrevo. Estou lúcido, como qualquer benfiquista que tenha acompanhado o descalabro final da época passada, e sei, melhor do que nunca, que os festejos devem ser guardados para depois das conquistas. O que aqui estou a ressalvar é a unicidade, a magia e a magistralidade do fenómeno benfiquista. Quando um jogador faz 10 temporadas ao serviço do Benfica e é capitão da equipa e ainda é surpreendido pela massa adepta, pouco fica por dizer. “Nossa Senhora”, não conteve Luisão.

Estamos de novo a 90 minutos de conquistar as taças que vêm com um ano de atraso, com um extra: a Taça da Liga. Depois do indiscutivelmente merecido campeonato, Leiria, Jamor e Turim têm de ser epicentros de pelo menos mais três sismos vermelhos. Que haja terra para tanto tremor.

Em defesa do Cha Cha Cha

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dosaliadosaodragao

Quando André Villas-Boas decidiu emigrar e deixar para trás a ‘cadeira de sonho’, os então pupilos do jovem técnico encontraram-se nos olhares e nas angústias e questionaram-se: “se depois de nos ter guiado e ajudado a ganhar tudo, ele nos deixa, que vamos ficar nós aqui a fazer?”. Da inquietação à acção, Falcao partiu para Madrid para ajudar à construção deste, hoje, super-Atleti, e outros, por entre desconforto e declarações menos próprias, desceram de rendimento ou acabaram por sair, com, aqui ou acolá, pequenas excepções.

Se para Vítor Pereira, a herança, per si, já era estrondosamente pesada, mais ficou com a saída do colombiano e perante a ausência de uma verdadeira alternativa. Nessa época, o FC Porto viveu com Kléber ou Hulk, primeiro, e com Janko, depois, como ‘9’. Por diferentes motivos, nenhuma das soluções era uma verdadeira garantia, ainda para mais quando o portista se habituara ao voo e à classe de El Tigre.

Percebendo-o, o Dragão atravessou o Atlântico e fez um périplo até à cidade de Chiapas, no México, buscando a sua nova galinha dos ovos de ouro. Vindo do Jaguares e com nome de estrela pop, Jackson Martinez aterrou no Porto com a promessa de ter a camisola ‘9’ à sua espera – aquela que fora de Gomes, Domingos, Lisandro ou … Falcão. E com um enorme selo de garantia, daqueles simbólicos mas impagáveis: a companhia de Pinto da Costa, num enorme depositar de confiança e expectativas.

E Jackson não desiludiu. Numa altura em que tanto se critica o colombiano, é bom ter memória: Cha Cha Cha, como lhe chamam, no primeiro jogo que fez com a camisola azul-e-branca já estava a marcar e a dar títulos ao FC Porto (1-0 contra a Académica, Supertaça 2012); depois disso – e na época de estreia no futebol europeu, não esquecer! – foi o rei dos marcadores no campeonato (26 golos), com a melhor média (0.87 golos/jogo), e ainda facturou 3 vezes em 8 jogos na Champions. Mais do que isso, ajudou, de forma incontestável (30 presenças em 30 jornadas, 2685 minutos em 2700 possíveis) a equipa a revalidar o ceptro de campeão nacional e, ao todo, em 43 jogos, facturou 31 vezes. Nada mau para um rookie

Faça sol ou chuva, Jackson é a referência do ataque portista  Fonte: A Bola
Faça sol ou chuva, Jackson é a referência do ataque portista
Fonte: A Bola

E, ainda que vivamos numa ditadura dos números, o futebol continua a ser bem mais do que isso. Jackson é o protótipo do ponta-de-lança moderno: forte e imponente fisicamente, com poder de choque, é perito em recuar e dar apoio central ao jogo da equipa, endossando depois para as laterais, permitindo a exploração da largura de jogo do colectivo. Mais do que isso, tem grande qualidade técnica (é incrível, principalmente, a forma como recepciona a bola, tornando-a desde logo jogável em óptimas condições), é relativamente rápido e tem boa impulsão, à qual alia um jogo aéreo bem interessante. Apesar da sua densidade corporal, sabe cair nos flancos e, mais importante para um ‘9’, posicionar-se na área. Junta à sua enorme eficácia um dom natural para assinar golos e jogadas recheadas de ‘nota artística’, como o tento diante do Sporting, no Dragão, na época passada.

Numa altura em que tanto (ou quase tudo) se coloca em causa no FC Porto, o colombiano não está imune às críticas. É até natural que assim seja, tamanha é a incredulidade portista com a falta de qualidade e personalidade que o Dragão passeou por tantos e tantos campos esta época. De facto, o penalty falhado (e a forma como o falhou) diante do Benfica, no último Domingo, levou a um explodir de frustração sobre Jackson, que, em abono de verdade, é exagerado e injusto – é certo que o actual ‘9’ do FC Porto, por vezes, diz o que pensa e não pensa no que diz, tal como claro é que o rendimento do colombiano desceu uns furos este ano, em comparação com a temporada transacta. Ainda assim, tendo isso como um dado óbvio, parece-me indesmentível que, como outros, Jackson foi muito vítima da forma como o FC Porto (não) jogou, da maneira como a equipa e o modo de jogar foram pensados principalmente por Paulo Fonseca, deixando não raras vezes Cha Cha Cha como uma verdadeira ilha (ou com um Lucho inadaptado como companheiro).

O golo diante do Sporting foi um dos momentos mais altos de Jackson com a camisola do FC Porto  Fonte: www.jornalacores9.net
O golo diante do Sporting: um dos momentos mais altos de Jackson ao serviço do FC Porto
Fonte: www.jornalacores9.net

O desgaste emocional – para além do físico – que muitos jogadores do plantel deste FC Porto foram acumulando ao longo destes meses – agravado de forma evidente após a derrota e consequente eliminação da Liga Europa às mãos do Sevilha –, com evidentes repercussões ao nível da performance dentro das quatro linhas, não deve nem pode servir como uma enorme pala para avaliar e julgar determinados jogadores que, num passado recente, já tanta qualidade demonstraram e tantos títulos assinaram. Como é o caso de Jackson.

Porque se assim for, lá terei de recorrer aos números novamente. É que, apesar de tudo, Jackson só depende de si para ser novamente o melhor marcador do campeonato (para já, 19 golos em 28 jogos), detém, de novo, a melhor média golos/jogos e, ao todo, já festejou 28 vezes em 49 jogos em toda esta sofrível temporada. E não foi com este FC Porto que o conseguiu; foi apesar deste FC Porto.

Tivesse eu a possibilidade e o atrevimento de mandar um pouco que fosse e Jackson seria o meu ponta-de-lança. E, com 27 anos, sê-lo-ia por muitos e bons anos. Até já não poder ou não saber mais dançar o Cha Cha Cha perante os centrais adversários. Se tal não for realisticamente possível, que vá ser feliz num destes tubarõ€s que por aí agora pululam. Porque qualidade para isso não lhe falta. Jackson é top. E eu sou fã.

La Masia: o espelho do futebol espanhol

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O futebol espanhol está, nos dias de hoje, na moda. Anda nas bocas do mundo desde a última década, quer pelo seu futebol, quer pela qualidade dos recursos humanos que cria e lança em catadupa, quer pela dinâmica de vitórias que tem vindo a apresentar. Mas até chegar a este patamar nem tudo foi um mar de rosas.

Desde que as competições de seleções existem – Mundial, desde 1930, e Europeu, desde 1960 -, até há oito anos atrás a história do futebol espanhol era pouco mais do que pobre, sobretudo para um país que, com 47 milhões de habitantes e dois dos maiores colossos do futebol mundial, Real Madrid e Barcelona, deveria competir com as grandes potências europeias como são Itália, Alemanha ou França. A verdade é que desde 1964, quando conseguiu o seu primeiro título no Campeonato da Europa com os saudosos Amaro Amancio, Luis Suarez, Iribar ou Marcelino Martinez, o desempenho da seleção espanhola tinha variado entre o suficiente e o paupérrimo até ao novo triunfo de 2008.

Em 1979 nasceu um projecto que permitiria ao futebol espanhol viver actualmente o período mais bonito da sua história: La Masia. La Masia existe desde 1702 – albergava arquitectos e homens da construção civil, servindo basicamente como casa de campo – mas em 1957, quando o Camp Nou foi inaugurado, passou a servir de sede social do FC Barcelona. Em 1979, mais precisamente a 20 de Outubro, tornou-se o quartel-general da formação do clube. Intimamente ligada à escola holandesa, através dos ensinamentos do homem que levou a Holanda à glória europeia (Rinus Michels) e de um dos seus pupilos nessa mesma seleção e no Barcelona (Johan Cruyff), La Masia foi criada a pensar nesse modelo, com o objectivo de formar e moldar os jovens com potencial para fornecer o clube e para criar uma base que possibilitasse também municiar a seleção, carente de grandes talentos e sobretudo de resultados.

Johan Cruijff e Pep Guardiola: dois responsáveis pelo sucesso de La Masia  Fonte: Vavel.com
Johan Cruijff e Pep Guardiola: dois responsáveis pelo sucesso de La Masia
Fonte: Vavel.com

A ideia foi posta em marcha e os talentos começaram a aparecer. Foi pelas seleções mais jovens que começou a aparecer a mudança de paradigma futebolístico espanhol. Em 1991 apareceria a primeira Taça dos Campeões Europeus vencida pelo Barcelona com os canteranos Pep Guardiola e Albert Ferrer, e em 1992 a Espanha seria campeã olímpica com os mesmos. A partir daí, não mais parou de crescer a fábrica de talentos culé e, por consequência, o futebol espanhol.

Em 1998, Espanha vence o Europeu sub-21 com Arnau e Roger em destaque – sobretudo o primeiro, que é eleito o jogador do torneio – e em 1999 vence o Mundial de sub-20, com Xavi e Gabri como os baluartes do meio-campo. A partir de 2002 surge a hegemonia espanhola, com a cantera culé à cabeça: vence seis Campeonatos do Mundo de sub-19 (2002, 2004, 2006, 2007, 2011 e 2012), com Iniesta e Sergio Garcia (2002), Piqué e Jefrén (2006), e mais recentemente Sergi Gomez, Deulofeu ou Denis Suarez (2012); e conquista, em 2011 e 2013, o Europeu de sub-21 com os culés Thiago Alcantara, Montoya, Bojan Krikic e novamente Jefrén (2011) e com os mesmos Thiago e Montoya, aos quais se juntam Bartra e Tello em 2013.

Thiago, Tello, Bartra, Muniesa and Montoya - vencedores do Euro sub-21  Fonte: fcbarcelona.com
Thiago, Tello, Bartra, Muniesa and Montoya – vencedores do último Euro sub-21
Fonte: fcbarcelona.com

Em La Masia cresceu uma ideia, cresceu uma maneira de interpretar e jogar futebol, que atinge o seu auge no Europeu de 2008, quando a seleção espanhola vence o torneio com Xavi, Iniesta, Reina, Puyol, Sergio Garcia e Cesc como representantes da escola fantástica. A partir daí, a história tem sido sempre dourada. O clube vence três Champions (2006, 2009 e 2011) e a seleção atinge o máximo que um país pode ambicionar, o Mundial de Futebol, com nada mais, nada menos do que nove canteranos! Os já anteriormente citados (exceptuando Sergio Garcia) em 2008, mais Piqué, Valdés, Pedro e Busquets.

Hoje elogiámos uma fantástica geração, mas a verdade é que esta não nasce por acaso. O sucesso de nuestros hermanos surge de uma ideia cujas bases demoraram praticamente uma década a ser criadas e que permite que hoje haja um leque de estrelas que não pára de crescer ano após ano. La Masia é, muito provavelmente o expoente máximo da formação de jovens futebolistas em todo o mundo, e é o principal pioneiro no crescimento futebolístico de jovens no país vizinho, tendo levado outros clubes a investir e aproveitar mais e melhor a sua formação.

Hoje olhamos para o Barcelona e, por consequência, para a Seleção Espanhola, e vemos uma base de futuro que parece não parar de regenerar-se. Ainda há duas semanas venceu a Youth Champions League com duas novas estrelas que poderão dar que falar nos próximos tempos: El Haddadi e Adama Traoré.

Será este um modelo viável de seguir em Portugal?

Surf, uma mais-valia para a economia

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cab Surf

Com as competições paradas para descanso, esta rubrica semanal cobrirá alguns temas menos vulgares mas igualmente interessantes.

Sabias que o surf já contribuiu com cerca de 400 milhões de euros para a economia portuguesa? Exactamente! Devido ao crescimento deste desporto no nosso país, os políticos que estão lá a fazer o seu trabalho (ou não) bem podem agradecer a todos os surfistas. Mas com o que é que será que estes 400 milhões de euros estão relacionados, mais concretamente? Pois bem: por um lado, temos as competições nacionais e internacionais que são realizadas no nosso país e que atraem milhares de turistas. Por outro lado, temos as marcas de surf, que são vendidas a cerca de três milhões de portugueses, o que gera muito lucro. Mas não acaba aqui. Portugal tem um clima bastante bom e excelentes ondas, o que atrai milhares de turistas, principalmente do norte da europa, onde o frio se faz sentir com mais força. Ainda para acrescentar a isto, Portugal é visto e conhecido no mundo do surf como a “Califórnia da Europa”, atraindo ainda mais turistas. Deste modo, percebemos que o factor principal é o turismo, que é proporcionado pelo clima, condições do mar e eventos de surf.

Um dos sítios preferidos dos turistas em Portugal. Fonte:Badalonasurfers.com
Um dos sítios preferidos dos turistas em Portugal.
Fonte: Badalonasurfers.com

Depois de ter feito história na Nazaré ao ter apanhado a maior onda do mundo, Garrett McNamara volta a surpreender. Desta vez, deixou as ondas gigantes para surfar uma onda de meio metro. Mas não é uma onda qualquer. Chama-se gasoline, é formada pelos catamarãs que passam no rio Tejo e pode atingir os 150 metros de comprimento.

José Ferreira a descolar alto. Fonte: Mbasic.facebook.com
José Ferreira a descolar alto
Fonte: Mbasic.facebook.com

É já este sábado que Carcavelos volta a receber o “Cascais surf à noite”. Com novas aquisições, esta edição tem tudo para ser a melhor desde que se iniciou. Desfiles de moda, competições de skate e demonstrações de slackline são algumas das novidades. Mas focando agora o evento principal, o “Cascais surf à noite” é no fundo uma demonstração de tow-out onde surfistas como Vasco Ribeiro, Zé Ferreira e Frederico Morais vão dar um espetáculo de aéreos. O essencial nesta noite serão os holofotes gigantes, para iluminarem as ondas de Carcavelos e proporcionarem a melhor sessão de surf à noite de sempre.

Juventus 0-0 Benfica: 1 de Maio de 2014, Epopeia de Turim

Terceiro Anel

Simplesmente incrível aquilo que o Benfica fez esta noite. No terreno de uma fortíssima Juventus apoiada pelo seu público, num ambiente tremendamente adverso, acabando a partida com nove unidades em campo, a equipa portuguesa logrou atingir, pela segunda época consecutiva, uma final da Liga Europa.

O Benfica entrou muito bem no desafio, conseguindo trocar a bola com qualidade, pondo assim em respeito a equipa da Juventus, que encarou esta eliminatória como se de favas contadas se tratasse. Porém, com o decorrer da primeira parte, o conjunto italiano foi empurrando os encarnados para o seu último reduto, mas mesmo assim não conseguia criar grandes oportunidades de golo. Foi à beira do intervalo que a Juventus esteve mais perto de marcar, mas Luisão (mais uma enormíssima exibição do capitão do Benfica!) salvou a equipa com um excelente corte de cabeça, em cima da linha de golo. De referir algum desacerto defensivo de Markovic, nos primeiros 45 minutos, desacerto esse que acabou por causar acrescidos problemas a Maxi Pereira, que teve pela frente um sempre explosivo Pogba.

A chuva apareceu na segunda parte, e em grande quantidade, mas o estoicismo e garra encarnados não desapareceram. Bem pelo contrário! Exceptuando um livre directo de Pirlo, raramente a Juventus criou oportunidades para marcar. E, de facto, o que torna ainda mais épica esta exibição do Benfica é a forma como o conjunto se aguentou, depois da expulsão de Enzo Pérez aos 67 minutos. Com uma total coesão e grande capacidade de entreajuda, a equipa orientada por Jorge Jesus foi sustendo os ataques da equipa bianconera.

Nos últimos minutos, e quando os nervos já imperavam, Ezequiel Garay teve de sair de campo, depois de ser violentamente atingido na face por Pogba, de uma forma involuntária. Benfica com nove jogadores, nove heróis, nove guerreiros. Compensação quase interminável, adeptos italianos incrédulos, elementos da Juventus a pagar bem caro a arrogância evidenciada ao longo dos últimos dias. E depois, enfim, o momento mais ansiado: apito final, 10ª final europeia da história do Sport Lisboa e Benfica, festa entre toda a equipa e os cerca de dois mil adeptos encarnados que marcaram presença em Turim.

Jornada de sonho do Benfica, em Turim. Fonte: Abola.pt
Jornada de sonho do Benfica, em Turim
Fonte: Abola.pt

Como marca negativa, o facto de o Benfica não poder vir a contar com Enzo Pérez, Salvio e Markovic, para a final de 14 de Maio, neste mesmo estádio. Contudo, uma final é sempre uma final, e a equipa portuguesa é a favorita para o jogo decisivo, que será disputado frente a uma boa equipa do Sevilha.

Uma coisa é certa: este Benfica está a viver uma das mais bonitas fases do seu historial. Está em três finais, pode ganhar tudo, tem encantado milhões de adeptos, e merece ser feliz, depois de tanto azar vivido nos últimos anos. E depois temos este lado mágico do futebol que o torna um desporto tão apaixonante: a poderosa Juventus, do alto do seu pedestal, a ser eliminada por um transcendente Benfica, que conta com um plantel de sonho, mas que afinal de contas é uma equipa de Portugal, país sempre demasiadamente desrespeitado pelas instâncias futebolísticas internacionais.

Parabéns, Sport Lisboa e Benfica; parabéns, nação benfiquista; parabéns, Portugal.

A Figura
Jorge Jesus – Depois da contestação de que foi alvo na época passada, o técnico amadorense está a viver uma temporada de sonho, e com todo o mérito. Superou várias tormentas, más exibições, lesões, vendas, e acabou por guiar o Benfica a uma fantástica temporada, independentemente daquilo que aconteça nas três finais que aí vêm.

Fora-de-Jogo
Arrogância italiana – Completo mau perder da Juventus, que nunca esperou não disputar a final da Liga Europa, que ainda para mais se irá realizar no seu estádio. Análise de jogo simplesmente patética de Antonio Conte, que parece ser a única pessoa neste planeta que acha que a sua equipa foi prejudicada pela arbitragem durante esta eliminatória.

O segundo melhor jogador português

Ze Pedro Mozos - Sob o Signo do Leao

William Carvalho é, na minha modesta opinião, o melhor jogador a jogar em Portugal neste momento. Não será difícil de reconhecer, caro leitor, a legitimidade desta afirmação. Pode concordar-se ou não, mas é fácil de entender que esta distinção que livremente atribuí ao jogador do Sporting tem fundamento. Se alguém duvidar basta ir consultar o número de prémios individuais que o jovem de 22 anos já recebeu no decorrer da presente temporada. Para além disso, a regularidade apresentada pelo médio é algo de louvar: não há nenhum jogo em que não tenha sido eleito ou reconhecido como um dos melhores em campo, chegando por inúmeras vezes a ganhar mesmo essa distinção. Mas a regularidade não é o único factor que o distingue dos restantes jogadores do nosso campeonato: a qualidade técnica e a simplicidade com que resolve cada lance são admiráveis para qualquer jogador, sobretudo se o jogador que as possui tiver apenas 22 anos; o posicionamento táctico é irrepreensível e quase incomparável a nível nacional; o seu estilo de jogo, sempre pautado pela calma e segurança com que disputa cada partida sem nunca fraquejar, faz de William Carvalho um jogador de características peculiares e únicas no nosso campeonato.

William Carvalho é também o segundo melhor jogador português actualmente. Fácil será perceber que o primeiro lugar é defendido pelo melhor jogador do mundo. No entanto, pode não ser tão simples reconhecer que o segundo lugar pertence ao médio-defensivo do clube leonino. Mas repare, caro leitor, não só nas características que em cima enunciei, mas também nos outros possíveis candidatos a ocupar esta vaga. Olhemos para Pepe, Fábio Coentrão ou Tiago, por exemplo. Escolhi estes três jogadores por serem, para além de Cristiano Ronaldo, aqueles que estão a jogar futebol profissional ao mais alto nível nesta altura da temporada. A meu ver, apesar de reconhecer que são todos jogadores de altíssima qualidade, nenhum destes três profissionais tem tantas qualidades reunidas como tem William Carvalho. Nenhum deles fará uma diferença tão grande em nenhuma equipa como faz e fará o jovem jogador leonino.

William Carvalho, formado no clube, é o melhor jogador da equipa e só deve sair pelo valor da cláusula de rescisão  Fonte: ZeroZero
William Carvalho, formado no clube, é o melhor jogador da equipa e só deve sair pelo valor da cláusula
Fonte: ZeroZero

Posto isto, qual deverá ser a posição do Sporting perante as eventuais investidas por William Carvalho ao longo do próximo Verão? Pois bem, aquilo que eu acho que Bruno de Carvalho, cujo trabalho tem sido impecável e incontestável, deverá fazer é tentar segurar o médio português, só o deixando sair caso o clube que o quiser levar esteja disposto a pagar a cláusula de 45 milhões que blinda neste momento a jovem promessa do Sporting. Bruno de Carvalho sempre se pautou por um enorme rigor financeiro, por isso não me admiraria que o presidente do clube leonino seguisse a posição de que sou defensor.

E perguntará o meu leitor por que razão ou razões defendo esta opção. E a resposta mais simples é: porque é aquela que traz mais benefícios. Não acredita? Então veja: se o Sporting vender William Carvalho pela cláusula de 45 milhões de euros, o benefício económico é evidente, sobretudo se se tiverem em conta os mais de oito milhões de euros com que o Sporting já vai contar devido ao facto de ter garantido o acesso directo à fase de grupos da Liga dos Campeões; se o clube leonino segurar o astro português (sim, já o considero um astro) não tenho dúvidas de que a próxima época terá um Sporting a praticar um futebol de uma qualidade extraordinária, sendo William Carvalho um dos principais rostos, senão mesmo o principal, desse Sporting 2014/2015.

Seria para mim uma honra poder contar com William Carvalho no clube do meu coração por mais uma temporada, mas sei que se houver uma decisão em sentido contrário, essa terá sido sempre a melhor solução para o Sporting. Nesse caso, a substituição do médio português seria algo que me preocuparia, mas confio no trabalho de Bruno de Carvalho e de Leonardo Jardim e acredito que o Sporting terá um substituto que, ainda que não seja tão bom jogador como William Carvalho, seja um bom trinco e que imprima uma qualidade necessariamente diferente ao futebol dos leões.

Será inevitável vermos, daqui a poucos anos – ou até, quem sabe, meses -, este jovem médio português a jogar e a encantar nos principais clubes europeus. Por tudo isto, o meu caro leitor não achará estranho que eu sonhe com a possibilidade de ver William Carvalho a jogar e encantar durante mais um ano mas, desculpem-me o egoísmo, no meu clube.