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SPLASH: O Guerreiro do Estado Dourado

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Fora das contas, dado como morto, uma previsão de desgraça após um jogo sem marcar qualquer triplo (depois de 157 jogos sem tal acontecer), Stephen Curry já nem era motivo de atenção e todos os holofotes da liga brilhavam sobre Kevin Durant.

Uma figura humilde, conhecida pela boa disposição, com um nada especial metro e noventa e um, nomeado MVP por duas vezes seguidas e um recordista. Ainda assim, é dificíl encontrar fãs seus que não sejam adeptos da equipa de São Francisco.

Há pouca coisa que me dá mais gozo que ver Curry brilhar. E espanta-me a quantidade de seguidores do desporto que não são capazes de dar o devido e tão merecido valor ao camisola 30 dos Golden State. É quase como negar o talento natural de Messi ou dizer que Hamilton é um mau piloto. Stephen não é moda ou hype, é uma realidade.

E eis que, num momento em que parecia esquecido e a sua equipa precisava de vencer, o MVP mal-amado do mundo do basket volta à vida para mostrar do que é feito. Assim, Curry quebra o recorde de triplos marcados num só jogo, do qual era detentor (surpresa!!!), e estabelece um novo número: 13. 13 triplos é o número que estabelce o mais recente recorde da NBA. Quem o poderá quebrar? Sou obrigada a apostar tudo o que tenho no Splash Brother mais velho.

Steph gonna Steph” e vai continuar a ser o Rei dos Triplos – pelo menos, de momento, não se avista nenhum adversário à altura. Critique-se o jogador, critique-se a equipa, pode criticar-se tudo, mas a verdade é que isso nada alterará.

Curry voltou a quebrar um recorde. Curry voltou a provar que é o homem dos triplos. Mas mais importante: Curry provou que está pronto para o que aí vem.

Eis os 13 triplos marcados pelo jogador:

Artigo revisto por: Francisca Carvalho

E depois do Dragão?

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Há uma espécie de mística, sim vou começar isto logo um termo bem encarnado, à volta das viagens ao Estádio do Dragão. A dificuldade, o ambiente, a quase sempre superação do Porto quando recebe o Benfica, a polémica, tudo, tudo faz com este jogo, lá, seja o grande chamariz do campeonato português.

Desta feita, e ao contrário do ano passado, o Benfica saiu de lá com pontos, neste caso, ponto, depois de uma exibição sofrida onde foi encostado às cordas e pouco jogou. Samaris estava lá, mas era como se não estivesse, Luisão juntou-se aos lesionados, mas em boa hora visto que Lisandro entrou para o seu lugar e marcou aos 92 minutos, Ederson foi capaz do melhor e do pior, Pizzi pouco se viu, enfim, o Benfica não jogou como tem jogado e ter empatado foi muito bom. Mas como é o Benfica depois de uma ida ao Dragão?

Vamos olhar para alguns exemplos. No ano passado, depois de ter ido perder ao Porto, o Benfica venceu o Paços de Ferreira em casa por 3-0. E daí foi sempre a ganhar? Não. Tanto que logo no jogo a seguir perdeu 0-3 em casa com o Sporting. Depois disso é que foi sempre a somar e só parou no tricampeonato.

Temporada 2014/2015, a última de Jesus no Benfica, as águias foram ao Norte derrotar as tropas de Lopetegui por 0-2, com um bis de Lima, numa rara vitória em mais uma pálida exibição do Benfica. Depois disso seguiram-se 4 vitórias seguidas no campeonato e só ao quinto jogo, na Mata Real, é que o Benfica perdeu, por 1-0. O campeonato, esse, voltou a ficar nas vitrinas da Luz.

Lisandro López foi o herói encarnado no último domingo Fonte: SL Benfica
Lisandro López foi o herói encarnado no último domingo
Fonte: SL Benfica

Época 2005/2006, o ano de Koeman no Benfica e de Co Adriaanse no FC Porto. Sim, o mesmo Benfica que ao longo da temporada eliminou o Man.United e o Liverpool na Liga dos Campeões, e que foi ao Dragão vencer por 0-2 com dois golos de Nuno Gomes. Nuno Gomes! Mas nesse ano, ao contrário do último ano de JJ, o Benfica não foi campeão. Quem levou o caneco para casa foi o Porto, que apesar de mal nos clássicos esteve bem no resto da época e foi regular o suficiente para ser campeão. Já este Benfica de altos e baixo ficou-se pelo terceiro lugar.

Contudo e, tendo apenas como exceção o ano passado, ir ao Dragão é sinal que a seguir, pelos é assim que a regra tem funcionado, há vitórias. A história tem uma forma peculiar de se repetir, e quando nesta altura a vantagem para os dois maiores rivais é de 5 pontos, era de bom tom que a história fizesse isso mesmo, um replay.

Este empate soube bem, foi saboroso, mas só foi tudo isso porque o Benfica pouco jogou e viu jogar. Não devíamos ficar contentes como ficámos com um empate depois de um banho de bola, mas foi o que aconteceu. Apesar de tudo, e sabendo que ainda é cedo, talvez esta felicidade a troco de pouco, possa ser maior em Maio, porque afinal de contas, muitas vezes, são estas pequenas “vitórias” que trazem campeonatos.

A surpresa Zeegelaar na seleção da Holanda

Durante esta semana, grande parte das ligas nacionais de todo o Mundo param na sua totalidade para que os jogadores dos mais variados clubes possam ir disputar os respetivos encontros amigáveis e de qualificação para o Mundial 2018 com as suas seleções.

Obviamente, a seleção holandesa não foge à regra e, por isso mesmo, o treinador Danny Blind divulgou, na passada sexta-feira, a sua convocatória para a dupla jornada contra a Bélgica – jogo amigável – e o Luxemburgo. Durante os últimos anos, a Holanda tem tido uma quebra de qualidade nos seus jogadores, algo que culminou na ausência do último Europeu de futebol onde Portugal foi campeão, um desfecho previsível face à ausência da magia e competência de outros tempos e que há largos anos assombrava a laranja mecânica. Longe vão as competições internacionais em que esta seleção era uma das mais respeitadas da Europa e desfilava no campo com uma verdadeira chuva de estrelas como Van der Sar, Ruud Van Nistelrooy, Edgar Davids ou Clarence Seedorf, só para enumerar alguns.

Ao recebermos a notícia desta última convocatória, a grande surpresa foi Marvin Zeegelaar, um jogador conhecido de todos os portugueses por atuar no nosso campeonato e, também, por estar longe de ser selecionável, pensávamos nós. Esta chamada à seleção vem acender ainda mais a discussão sobre as eventuais hipóteses da Holanda na procura de um lugar no próximo Mundial, mas também sobre o futuro, onde parece não haver à vista jogadores jovens de peso que possam sustentar o projeto futebolístico a longo prazo.

Pela primeira vez, Marvin Zeegelaar foi chamado à seleção principal holandesa Fonte: Sporting CP
Pela primeira vez, Marvin Zeegelaar foi chamado à seleção principal holandesa
Fonte: Sporting CP

Foquemo-nos apenas no caso de Zeegelaar: era mais fácil entender esta chamada à seleção holandesa se ela tivesse ocorrido no período em que este ainda jogava no Rio Ave – onde não brilhava mas também não defraudava expectativas – ou até mesmo na época passada quando já estava ao serviço do Sporting e a equipa era uma máquina de jogar futebol onde ele se inseria como regularmente utilizado. Neste momento, Zeegelaar está longe de conseguir atingir um patamar satisfatório para quem joga numa equipa grande e, arrisco-me a dizer, está a passar o seu pior momento de forma desde que chegou a Portugal. Acredito que a presença do Sporting na fase de grupos da Liga dos Campeões e a titularidade dada por Jorge Jesus ao lateral holandês contra os dois ‘tubarões europeus’ Real Madrid e Borussia Dortmund tenham sido fatores que impulsionaram a escolha do selecionador holandês.

Na laranja mecânica, Daley Blind será o principal concorrente de Marvin Zeegelaar por um lugar no onze titular. O jogador do Manchester United parte, obviamente, em vantagem, não só pela experiência que já acumulou na seleção principal ao longo dos últimos anos, mas também porque vem de um campeonato mais competitivo, o que lhe permite ter outro ritmo de jogo.

Posto isto, Marvin pode nem sequer vir a jogar pela sua seleção, mas a convocatória está feita e ele está nos 25 eleitos. É quase absurdo mas é caso para dizer que, ao contrário de outros tempos, é cada vez mais fácil ser-se chamado a uma seleção principal de um país, e que nem é preciso ser-se bestial para isso. A surpresa é ainda maior se tivermos em conta que esta é a primeira chamada à seleção principal holandesa, pois até agora só tinha jogado pelas camadas jovens.

Artigo revisto por: Francisca Carvalho

Domínio Total, Estrela de Campeão… E um Pequeno Gigante

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Neste domingo disputou-se no Estádio de Dragão, acima de tudo, uma grande partida de futebol. Não uma grande partida sob o ponto de vista tático, isto é, na ótica do treinador, mas um jogo vertiginoso, daqueles que conseguem empolgar o mais enfadonho dos adeptos de futebol.

Taticamente o jogo esteve longe de ser perfeito, na medida em que este se encontrou “partido” durante longos períodos de tempo. Consequentemente, existiu com frequência a sensação de que nem o FC Porto nem o SL Benfica estavam verdadeiramente a controlar o jogo. Ainda assim, foi evidente o domínio do FC Porto ao longo de grande parte do encontro, domínio esse que se manifestou quer sob o ponto de vista individual quer sob o ponto de vista coletivo.

O 4-4-2 de Rui Vitória inclui um médio de cobertura defensiva e um box-to-box responsável pela organização ofensiva. O 4-4-2 de Nuno Espírito Santo tem precisamente as mesmas características. O meio-campo do SL Benfica, com Samaris e Pizzi, tende a ser pouco sólido, limitação também partilhada pelo meio-campo do FC Porto. Porém, foi na interpretação das dinâmicas do sistema que o FC Porto se destacou do seu adversário.

Foi com tremenda facilidade que, ao longo de todo o jogo, o FC Porto ultrapassou a primeira fase de construção. Danilo esteve sistematicamente marcado por Gonçalo Guedes ou Mitroglou, mas Óliver Torres teve sempre a inteligência de baixar para terrenos mais recuados para pegar no jogo. Óliver acabou por ter sempre muita liberdade e tempo para pensar o jogo e colocar a bola a circular. O pequeno gigante espanhol teve ainda oportunidade de surgir em zonas mais adiantadas do terreno de jogo e de, nessas ocasiões, aparecer entre linhas e acelerar o ritmo do FC Porto (quase sempre por via de passes em busca da subida dos laterais).

A tendência foi a de juntar Óliver a Diogo Jota e Alex Telles no corredor esquerdo, mas fica sempre a dúvida sobre como poderia ter sido se a opção fosse massacrar o corredor oposto, onde estaria Eliseu ao invés de Nélson Semedo. É certo que Rui Vitória começou a perceber a influência de Óliver no jogo da equipa azul e branca e este começou a dispor de menos espaço, mas foi aí que Nuno Espírito Santo, claramente, indicou a Otávio que em alternativa ao espanhol deveria ser ele a pegar no jogo em terrenos mais recuados. Assim sucedeu, e o SL Benfica continuou a ser totalmente incapaz de travar a primeira fase de construção do FC Porto.

No cômputo geral, o SL Benfica esteve francamente mal sob o ponto de vista tático. André Silva foi jogando de costas para a baliza e soltando a bola para Diogo Jota, que, movendo-se sempre em alta rotação, baralhou por completo as marcações da defesa encarnada. O SL Benfica foi encostado às cordas durante toda a primeira parte, com um trabalho de transição defensiva absolutamente notável por parte do FC Porto (asfixiante, quase a fazer lembrar o FC Barcelona de Pep Guardiola), e acabou por ir recuando cada vez mais a sua linha defensiva. Já o FC Porto teve tudo no seu jogo: largura, profundidade, reação à perda da bola rápida e agressiva.

Diogo Jota e Óliver Torres são duas das figuras do FC Porto Fonte: FC Porto
Diogo Jota e Óliver Torres são duas das figuras do FC Porto
Fonte: FC Porto

Ao longo da partida Pizzi foi sendo marcado com rigor e, em resultado desse trabalho dos jogadores do FC Porto, o SL Benfica foi apresentando um futebol muito menos criativo do que é habitual. Otávio merece uma nota de destaque neste particular, na medida em que trabalhou arduamente para impedir a ligação entre o meio-campo e o ataque do SL Benfica.

Top 10: Grandes Clubes Adormecidos

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É sempre um desafio com elevado grau de subjectividade tentar compilar num Top 10 aqueles que são os 10 clubes de maior expressão que atravessam correntemente um ciclo de marasmo e de recuperação desportiva.

Essa dificuldade advém, e advirá sempre, de uma questão de priorização hierárquica de competições, quer por haver clubes que se destacam a nível nacional, outros a nível doméstico, outros em ambas as dimensões, sendo a nós, amantes do Desporto Rei, que nos caberá atribuir maior protagonismo a uma ou outra dimensão.

Na minha modesta opinião, não só de redactor, mas de adepto de futebol, um clube grande terá sempre de conter no seu palmarés títulos internacionais, ainda que mais ou menos recentemente, sejam os seus êxitos no futebol nacional aqueles que mais preenchem os seus respectivos museus.

Por mais objectivo que seja o critério que se pretende traçar, esse critério estará sempre sujeito à opinião pessoal de cada um, deixando ao entendimento de cada um os clubes que deviam, ou não, constar da lista que ora se segue.

É tempo de tratar dos vivos

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Estas três semanas de interrupção competitiva – entre selecções e taça – são ideais para se fazer um balanço do que foi, até ao momento, este campeonato, cumpridas que estão dez jornadas; e perspectivar o que ainda pode ser, a partir deste ponto e até ao final.

Ao olharmos a classificação, concluímos fácil e rapidamente que seria difícil, para já, pedir mais e melhor. O Benfica segue em primeiro; lidera isolado com cinco pontos de vantagem sobre os seus adversários; com o melhor ataque e a melhor defesa da prova. Um arranque que assenta em factos que se tornam, ano após ano, cada vez mais usuais – o domínio do Benfica é, agora sim, a regra; as vitórias e a liderança são, agora sim, naturais e convincentes. Este discurso pode até parecer arrogante. De resto, essa é sempre, e invariavelmente, a leitura de quem discorda. No entanto, nada condiz melhor com a actual realidade: onde o Benfica é tricampeão e tem a hipótese de alcançar, no imediato, a plena e incontestável hegemonia no futebol português.

Para já, o Benfica ainda não ganhou nada e, comparando com aquilo que fez na época passada – quando alcançou uns notáveis 88 pontos –, soma, na prática, somente mais dois pontos, contabilizando os quatro a mais (vitória com Arouca e empate com FC Porto) e os dois a menos (empate com V. Setúbal). Um balanço extremamente positivo até ao momento.

Para mais, por ser impossível ignorar as circunstâncias condicionantes que, desde o início, têm afectado a evolução da equipa. A ferida das lesões que se alastrou (e que tarda em sarar) ganhou contornos limitadores impossíveis de ignorar, e muito menos de contornar, boicotando, jornada após jornada, aquelas que seriam as opções (teoricamente) mais fiáveis ao dispor de Rui Vitória. Ainda assim, a equipa continua a somar bons resultados, demonstrando superioridade sobre os seus rivais. Imagine o leitor, se quiser e conseguir, a prestação de Sporting e FC Porto neste período, sem cinco ou seis dos seus habituais titulares, somando vitórias e pontos, conseguindo uma liderança confortável, com o melhor registo de golos da prova e cumprindo, com sucesso, uma visita ao Estádio da Luz (ou ao estádio do outro “grande” que resta). O mérito do Benfica é, por isso mesmo, enormíssimo e indiscutível.

Dínamo espanhol

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Quando se soube do regresso do pequeno génio espanhol à cidade Invicta, os adeptos suspiraram pelo pequeno jogador que viram a jogar na primeira época de Lopetegui ao serviço do FC Porto mas que, depois de uma excelente época, sobretudo devido a uma soberba campanha na Liga dos Campeões, foi resgatado por Diego Simeone e a estrutura colchonera. Estes, quando o emprestaram, sabiam que o potencial e o talento estavam lá: toque de bola, controlo e recepção, visão de jogo, domínio dos momentos de jogo. Ou seja, tudo aquilo que caracteriza os médios de classe espanhóis e, quando chegou Oliver Torres, ele vinha sem opção de compra, para assim o Atlético ter uma palavra a dizer.

Fez uma época 2015/2016 mediana, com 33 jogos, 19 deles como suplente utilizado, o que perfaz 14 jogos a titular e um total de 1337 minutos jogados, dando o valor médio de 40 minutos por jogo, ou seja, nem uma parte completa efetuada, em média, e com um golo marcado. A sua habilidade de aparecer na área a finalizar tem de melhorar, e na época transata faturou por uma vez, na Liga dos Campeões, contra a equipa do Astana na fase de grupos.

Mas, deixando o passado e analisando a presente temporada, Oliver Torres vem por empréstimo mas com uma cláusula de compra de aproximadamente 20M € e é um empréstimo de época e meia, ou seja, até dezembro de 2017, o que mostra uma mentalidade diferente do Atlético e, ao mesmo tempo, apesar de ser um valor muito elevado para o panorama português (e para o FC Porto, que tem como obrigação melhorar as contas), se tornará um valor ativo e poderá significar uma boa venda no futuro, já que a qualidade do jogador é comprovada por todos (infelizmente, os dragões continuam a ser um clube que necessita de vendas elevadas).

Analisando até agora o reforço portista, vemos que tem sido uma aposta constante a titular por parte de NES, somando já quase 1000 minutos de utilização e faturando um golo. Mas, neste jogo com o SL Benfica, Oliver fez, provavelmente, a melhor exibição de dragão ao peito e foi fundamental para o recital de futebol que foi a primeira parte portista. Ora vejamos:

– 91% de precisão de passe;

– 4 desarmes de bola;

– 8 duelos ganhos;

– 3 passes decisivos;

– 2 dribles conseguidos

Números muito interessantes para um médio centro do FC Porto que, para além do transporte de bola e qualidade de passe, conseguiu contribuir decisivamente para o excelente comportamento defensivo da equipa. Analisando agora o heatmap do jogador:

heatmap

Vemos que a sua ação se verificou maioritariamente no flanco esquerdo do ataque portista e consequente faixa direita da defesa encarnada. E aqui estava a dor de cabeça, porque neste flanco caíam Alex Telles, Diogo Jota e Oliver, o que obrigava Salvio a resguardar-se no apoio a Nelson Semedo e este (o melhor elemento ofensivo do Benfica na primeira parte) a ter cuidados redobrados. Oliver Torres apareceu sempre entre Salvio e o médio centro do SL Benfica, oferecendo sempre linha de passe e conseguindo receber e poder olhar de frente para a baliza e para o jogo e, oferecendo ainda, superioridade numérica porque à sua frente estavam os avançados do FC Porto e Oliver a aparecer entre a linha defensiva e média dos encarnados. Foi um jogo em cheio do jovem espanhol pelo FC Porto que, com a sua saída, começou a perder a luta a meio campo, tendo menos critério na saída, menos desequilíbrios e capacidade de resguardar a bola quando assim tinha de ser. Um jogo excelente em todos os pontos e que faz o seu passe valer os 20M € da sua cláusula.

Artigo revisto por: Francisca Carvalho

Jogadores que Admiro #59 – Islam Slimani

jogadoresqueadmiro

Slimani é porventura o jogador que mais admirei no Sporting Clube de Portugal na última década. Não é português e chegou como um perfeito desconhecido, corria o verão de 2013, com o Sporting da altura a lutar contra inúmeros problemas internos. O clube atacava o mercado da melhor forma que conseguia e Slimani é uma das provas disso, custou cerca de trezentos mil euros.

Entraram cerca de dez atletas e Islam foi sem dúvida o que menores expectativas causou. A época teve início e Fredy Montero era dono e senhor do lugar de ponta de lança. Rápida e fundamentalmente em momentos de maior aperto, Slimani começou a usufruir de algumas hipóteses de mostrar o seu valor. Marcou o seu primeiro golo ao serviço do Sporting Clube de Portugal em jogo da Taça de Portugal, frente ao Alba, corria então o mês de outubro. Doze dias depois, marcou o seu primeiro golo na Liga Portuguesa, em jogo frente ao Marítimo, golo esse que iniciou uma reviravolta no marcador.

Na sua primeira época, Slimani deixou imediatamente indícios da sua aptidão para aparecer nos jogos grandes, marcando ainda em novembro, frente ao velho rival Benfica. Islam deixou excelentes indicações na sua primeira época, tendo então, em trinta jogos, marcado dez golos.

Slimani tinha um gosto especial em marcar aos grandes rivais do Sporting Fonte: Sporting CP
Slimani tinha um gosto especial em marcar aos grandes rivais do Sporting
Fonte: Sporting CP

Iniciou a segunda época em pé de igualdade com Montero na disputa por um lugar no onze. Na terceira jornada, na Luz frente ao SL Benfica, voltou a fazer o gosto ao pé, marcando dessa feita o seu primeiro golo da época. Slimani demonstrou ao longo das três épocas em que actuou de leão ao peito uma extraordinária aptidão para evoluir o seu futebol, táctica e tecnicamente.

Islam teve sempre o mérito de aliar às suas capacidades enquanto jogador, a sua raça e o seu querer. “Sli”, como era carinhosamente tratado em Alvalade, nunca desistia de uma bola, era sempre o primeiro homem da equipa a executar uma pressão alta e sempre demonstrou ser leal com o clube que lhe deu a oportunidade de jogar no futebol mais competitivo do Mundo, o europeu.

Carta Aberta a Bruno de Carvalho

Sr. Bruno Miguel de Azevedo Gaspar de Carvalho,

Se me permite, vou dirigir-me a si apenas por Bruno de Carvalho, como toda a gente o conhece. Não sei se é a altura certa ou não para lhe escrever uma carta aberta, mas, como sportinguista, sinto-me um pouco preocupada.

Quando começou o seu mandato pelo Sporting Clube de Portugal, percebi que viria alguém que protege os valores e os interesses que se levantam no e pelo clube. Compreendi, apesar de estar um bocado receosa no início, que queria o melhor para as nossas equipas, que queria fazer chegar o nome do Sporting Clube de Portugal mais alto, além-fronteiras e com a dignidade que se merece. Por isso, na verdade, endereço-lhe já os meus mais sinceros parabéns. Outra coisa que me agrada em si é a sua vontade de lutar, como um pai que protege um filho nos apuros em que este se mete. Durante todo o seu mandato, houve brincadeiras sobre certas atitudes que tinha, certos comentários que fazia, tudo por parte de adeptos de outras equipas, algo que é de conhecimento público. Não sei se era por estarem receosos que viesse daí um leão mais forte, mais aguerrido e mais perigoso para a tentativa de monopólio que se estava a construir, mas que fez mossa nos outros, isso fez.

No entanto, há uma coisa que sempre disse acerca de si, sobre a comunicação do clube: é um ótimo presidente-gestor, mas deveria trabalhar o seu lado de presidente-adepto. Todos nós precisamos de alguém que mostre que está a lutar pelo futuro melhor do clube, é verdade e aí está a cumprir bem o seu papel. Mas há certas situações em que se peca por comunicação a mais, por se fazer ver que estamos cá e estamos para durar. Podemos bater o pé a tudo e todos com a seriedade que o clube merece. Há batalhas que se lutam fora da comunicação social, sem desempenhos públicos de demonstração de poder. Está a fazer bem ao clube, agora porquê deixar essa veia e ânsia de adepto falar mais alto, quando na verdade ocupa um cargo tão superior e de responsabilidade como o de Presidente do Sporting Clube de Portugal? Há guerras que se devem deixar fora da esfera pública e travá-las nos locais específicos, porque a melhor chapada é aquela que é dada de luva branca.

Bruno de Carvalho reergueu o clube das cinzas, após ter sido eleito em 2013 Fonte: Sporting CP
Bruno de Carvalho reergueu o clube das cinzas, após ter sido eleito em 2013
Fonte: Sporting CP

O caso mais recente de que lhe falo é o que se passou na jornada número dez, frente ao Arouca. Veio falar-se para a comunicação social sobre a postura menos correta tanto sua como do seu congénere arouquense. Até à data da escrita deste texto não se apuraram culpados nem vítimas, apesar de serem muito graves as acusações que fazem ambas as partes. Como sportinguista, espero que se apure a verdade. No entanto, são estas exposições mediáticas que desestabilizam tudo e todos, deixando adversários a rir de situações bastante gravosas. Não somos uma piada e não acredito que tome o Sporting Clube de Portugal como tal. Com isto, não estou a dizer que a sucessão de resultados menos positivos que tivemos até à data do jogo com o Arouca foi sua, apenas que suscita várias formas de desestabilização por parte dos meios de comunicação, que parecem cada vez mais instigar para as intrigas entre clubes, quando deveria ser algo que nos unisse a todos. Não lhes dê motivos para continuar o burburinho sobre o Sporting. Não deite achas para a fogueira.

Se é possível pedir-lhe isto, um pouco de comedimento beneficiará a todos, principalmente àqueles que tanto podem sofrer com a pressão que lhes metem em cima. Se consegue aparentar ter tanta sobriedade para uns assuntos, como é a gestão financeira do clube, aproveite e mantenha-a também nos outros assuntos que possam gerar notícias sobre o clube. Em março, haverá nova eleição para a presidência. Seria justo que tivesse atenção aos assuntos realmente importantes e não respondesse a todas as provocações que lhe fazem. Sim, mostre que o Sporting é importante, não desça ao nível que querem. Mostre que é comedido nas palavras, não acuse tudo e todos como forma de desestabilização. A melhor forma de desestabilizar os outros é mantermo-nos estabilizados e focados. Deixemo-nos de rodeios e de responder a provocações, porque, venha quem vier, o Sporting Clube de Portugal será sempre um clube grande e com história. Não se manche com coisas que não merecem consideração.

Espero que continue connosco em março,

Marta Reis

Foto de capa: Facebook oficial de Bruno de Carvalho

Artigo revisto por: Francisca Carvalho

Dost, Slimani e a vã tentativa de comparar o incomparável

Que fique claro que, na minha opinião, Bas Dost é, em termos individuais, melhor ponta de lança do que Islam Slimani. Finaliza melhor com a cabeça e com os pés, é melhor tecnicamente, tem mais faro de golo, distribui melhor jogo e tem superior capacidade de passe. Ou seja, o holandês supera o argelino em quase tudo o que define um “nove”, mas será isso suficiente para se dizer que o ex-jogador do Wolfsburgo é melhor futebolista e se tornará automaticamente numa mais-valia no esquema de Jorge Jesus?

É aqui, afinal, que se entra num carácter mais subjectivo da análise de dois futebolistas. E se já muitas vezes se cai na tentação de comparar um Jonas (avançado-centro) com um Mitroglou (ponta de lança) só porque actuam ambos no centro do ataque, a verdade é que muitas vezes é igualmente complicado comparar dois pontas de lança de raiz.

É certo que Bas Dost, pelas suas qualidades intrínsecas, vai ser tendencialmente mais eficaz do que era Islam Slimani, mas é igualmente verdade que o argelino, pelas suas características, tem tendencialmente mais oportunidades para visar a baliza e isso acaba por diminuir a vantagem que o holandês apresenta por ser mais letal.

Depois, em termos colectivos, o atacante do Leicester City, fruto da sua mobilidade, poder físico e inesgotável pulmão, era importantíssimo no início do processo defensivo, sendo curiosamente aqui que o Sporting mais vezes parece mais órfão de Slimani (e até de Teo Gutiérrez, diga-se). Sendo igualmente de realçar que as constantes movimentações do argelino beneficiavam e muito a dinâmica ofensiva do sistema de Jorge Jesus, que, lembre-se, assenta imenso em frequentes trocas de posição entre os jogadores.

Mesmo que seja provável que nunca atinja o nível de Islam Slimani nas valências supracitadas, é certo que Bas Dost terá capacidade de evoluir ao nível da sua mobilidade e capacidade defensiva, algo que permitirá que se aproxime mais daquilo que o técnico do Sporting certamente pretenderá para um “nove” do seu esquema. Ainda assim, é certo que Jorge Jesus terá igualmente necessidade de calibrar o seu pensamento ofensivo (e defensivo) para a realidade de que agora dispõe de um ponta de lança mais “matador”, mas ao mesmo tempo menos “trabalhador”.