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Herrera? Para quê, Pedro?

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Na passada segunda-feira, o meu colega Pedro Morais aproveitou a primeira intervenção neste espaço para relembrar a ausência de Herrera. Ora, numa altura em que o FC Porto está em primeiro lugar no campeonato e na Liga dos Campeões e, para além disso, tem um meio-campo com elementos que jogam e fazem jogar… Para quê relembrar Herrera?

Bem, sem dúvida alguma que a ausência de Herrera numa eliminatória da Taça de Portugal contra o Varzim acaba por ser um pouco estranha. Longe de mim menosprezar o Varzim, ora essa! Mas seria de esperar que o treinador português desse minutos a alguns jogadores menos utilizados, como aconteceu com Tello ou Bueno, por exemplo. Mas não foi só a ausência de Herrera que se notou. Sérgio Oliveira também é um caso de estudo depois de ter dado tanto nas vistas durante o verão.

Ora, Herrera? Para quê, Pedro? Deixa estar o mexicano sossegado onde ele joga melhor: no banco ou na bancada. Creio que o facto de ter sido um dos homens-chave da época transata se prende mais com a necessidade de o colocar na “montra” para que algum clube se chegasse à frente. Mas não é de estranhar que tal não tenha acontecido. Mesmo que Herrera continue a evidenciar-se na seleção, pelo que muito se diz por aí.

Posso relembrar, por exemplo, o empate do México contra a Argentina há um mês atrás. Há um lance fabuloso criado pela Argentina em que Herrera faz aquilo que sabe fazer melhor quando se trata de defender: fica a olhar para a jogada à espera do desfecho da mesma. A jogada acaba por não dar em nada, e um minuto depois… Golo de Herrera! E com isto fica-se a pensar que ele protagonizou uma grande exibição!

Num cinema perto de si Fonte: http://adroherrera.blogspot.pt/
Num cinema perto de si
Fonte: adroherrera.blogspot.pt

Já agora, fica também aqui um vídeo de grandes momentos do Herrera, onde se pode apreciar tudo o que de bom o mexicano faz. Talvez o grande problema seja mesmo a bola ser redonda…

Pedro, compreendo quando dizes que o mercado de transferências é um dos grandes fatores que colocam Herrera no banco. Mas, tendo em conta que o homem já leva tantos anos de casa e que se assumia como figura chave do FC Porto de Lopetegui, o mercado de transferências não pode, de forma alguma, servir de base para explicar a ausência de Herrera do onze titular. Herrera está no banco porque é muito mais fraco do que Imbula e André André. E, ao ser fraco, não consegue superiorizar-se a nenhuma destas figuras. No futebol jogado, não são os milhões que falam mas sim o que cada jogador oferece, a cada momento, à equipa.

De forma muito simples é possível dizer que Herrera jogou tantos jogos o ano passado porque era suposto sair neste defeso. Não saiu? Então temos de pensar duas vezes em colocá-lo na equipa neste ano… É que urge ganhar títulos, e com o mexicano estamos sempre mais longe de conseguir. As contas são fáceis de fazer. Coloca-se os melhores jogadores, estamos mais perto de ganhar.

O que seria do FC Porto com Herrera e sem André André? Fonte: Facebook FC Porto
O que seria do FC Porto com Herrera e sem André André?
Fonte: Facebook FC Porto

Mas Herrera é mau? Não… Herrera não é mau. Mas é preciso contextualizar isto! Herrera não é mau num futebol sul-americano de correrias desenfreadas, de futebol vertiginoso e menos pensado. Um futebol onde há mais espaço para jogar, onde as coberturas são poucas. Contra equipas onde tenha espaço para jogar e para dominar a bola ao terceiro toque, Herrera evidenciar-se-á. No futebol europeu? Dificilmente.

Pedro, faz-me um favor e deixa-o estar sossegado. Ou ainda não sabes que os cristãos portuenses já rezam “(…) mas livrai-nos do Herrera, ámen”? Nem faças questão de o voltar a mencionar e deixa-o descansado onde está! Ou então chama-me para o levar ao aeroporto. Sou o primeiro a ir contigo, e depois pago-te uma Super Bock!

Foto de capa: FC Porto

Liga Angolana: Libolo consolida reinado no Girabola

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O Girabola’2015 apenas se decidiu na última jornada, com o Recreativo do Libolo a sagrar-se bicampeão angolano, sob a orientação do português João Paulo Costa. O treinador, de 43 anos, assumiu os comandos do clube em Julho, a meio da prova, guiando o emblema do Cuanza Sul ao seu quarto título nas anteriores cinco temporadas.

Num campeonato marcado pelo equilíbrio, o Libolo até acabou por facilitar, visto que permitiu a aproximação do 1.º de Agosto na recta final, aumentando a emoção desta edição do Girabola. Assente numa defesa sólida – com apenas 20 golos sofridos o Libolo cotou-se como a melhor defesa da liga – os bicampeões angolanos revelaram-se quase sempre um conjunto organizado. Com o guarda-redes Ricardo Batista (ex-Vitória de Setúbal) e com Diawara e Fredy, antigos jogadores do Belenenses, nas habituais escolhas iniciais, a equipa do Calulo bateu a concorrência dos clubes mais poderosos de Luanda e do Kabuscorp.

O 1.º de Agosto, segundo classificado e melhor ataque da prova com 51 golos, realizou uma segunda metade de campeonato de excelente nível, culminada com vitórias nas seis derradeiras rondas. Os militares acabaram com os mesmos pontos do Libolo, mas o confronto directo negativo ditou a vice-liderança. Mateus, ex-jogador do Gil Vicente, Boavista e Nacional da Madeira, Gelson e Ary Papel foram as figuras numa formação que deixou boas indicações para o futuro, procurando um título que lhe foge desde 2006.

João Paulo Costa conduziu o Libolo ao bicampeonato Fonte: Sapo Desporto
João Paulo Costa conduziu o Libolo ao bicampeonato
Fonte: Sapo Desporto

Já o Benfica de Luanda , que durante grande parte do Girabola foi o maior rival do Libolo, apagou-se na fase decisiva do campeonato, quedando-se pelo terceiro lugar, sendo assim uma das decepções. Também o Kabuscorp ficou aquém das expectativas, não indo além da quarta posição, salientando-se o instinto matador do veterano Meyong, melhor marcador do campeonato português em 2005-2006, e que voltou a provar toda a sua qualidade ao apontar 13 golos, insuficientes para bater Yano, avançado do Progresso, que com o mesmo número de tentos mas com menos jogos realizados se sagrou o artilheiro do Girabola.

Petro de Luanda e ASA, dois dos mais titulados clubes do futebol angolano, afundaram-se na oitava e nona posição, respectivamente, numa liga que condenou à descida de divisão o Domant, Sporting de Cabinda e Bravos do Maquis, que serão substituídos no próximo ano pelos promovidos Porcelana, 1.º de Maio e 4 de Abril.

Veremos então o que sucederá em 2016, numa altura em que o Libolo é claramente o alvo a abater, sendo que o seu presidente, Rui Campos, já prometeu esforços na tentativa de efectuar uma boa campanha na Liga dos Campeões Africanos. Fica também a curiosidade para saber se mais uma vez assistiremos à contratação de vários futebolistas a actuar em Portugal, algo que tem acontecido nas épocas transactas. Uma coisa é certa: a qualidade de jogo, segundo a opinião de vários especialistas, tem subido em Angola, o que tem contribuído para uma valorização do Girabola, um campeonato que cada vez vem justificando mais atenção.

Foto de Capa: Rede de Angola

Galatasaray 2-1 Benfica: Bola cá, bola lá mas os pontos ficaram em Istambul

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No caldeirão turco, o Benfica jogava para escrever mais dois feitos históricos no livro de recordes do clube: a terceira vitória seguida numa fase de grupos da Champions e o primeiro triunfo de sempre em solo turco. Mas mais importante que estas marcas, eram os três pontos, que ficaram em Istambul por causa da derrota por 2-1 e que tanta falta faziam para ficarmos às portas do apuramento.

Não fosse a infeliz lesão do prodígio Nélson Semedo e Rui Vitória teria feito alinhar o mesmo onze que na jornada anterior havia ganho em Madrid. Logo a começar, um livre batido rapidamente, com a bola a ir parar aos pés de Gaitán. E então, eis que a magia nasce: o argentino tira um adversário do caminho já dentro da área (até parece fácil) e pica a bola, com uma classe quase desconcertante, por cima de Muslera. Aos 2 minutos a bola estava outra vez no centro do campo. Os primeiros dez minutos foram totalmente dominados pelo Benfica, que explorava as fragilidades da descoordenada defesa dos turcos. Pouco depois, Jiménez seguia isolado para a baliza mas a jogada acabou anulado por suposto fora-de-jogo, que não existia.

A ameaça de um possível segundo golo encarnado acordou o Galatasaray. Primeiro Júlio César ainda evitou o golo mas já não conseguiu parar o castigo máximo exemplarmente convertido por Selçuk Inan, à passagem do quarto de hora. André Almeida, em queda, tinha cortado um remate com o braço. Nada a dizer. O jogo foi sempre muito equilibrado, com períodos em que se assistiam a jogadas de perigo junto das duas balizas. No segundo golo da equipa turca, ficaram bem visíveis as dificuldades de Eliseu em fechar ao meio. Já não era a primeira vez que um passe vindo da defesa turca entrava no espaço entre Jardel e Eliseu. Os jogadores da casa já sabiam o truque (o Galatasaray praticamente só forçava o ataque pelo lado esquerdo da defesa do Benfica, pois no lado direito Sílvio deu bem conta do recado) ou, se não sabiam, rapidamente o descobriram. Podolski aproveitou e deu a reviravolta no marcador, num remate sem hipóteses de defesa.

Com as suas deconcertantes mudanças de velocidade, Gaitán abriu espaços na defesa dos turcos Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Com as suas deconcertantes mudanças de velocidade, Gaitán abriu espaços na defesa dos turcos
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

A segunda parte abriu com dois grandes sustos, que foram momentos de sorte para a equipa portuguesa. Sneijder, num remate à partida inofensivo, vê a bola bater no poste da baliza do Benfica (o remate sofreu um desvio e quase que traia Júlio César). O guarda-redes brasileiro, impede, logo a seguir, o 3-1 com uma defesa espantosa, daqueles “por instinto”, ao parar um remate à queima-roupa já dentro da pequena área. É verdade que já tem 36 anos, que o salário é muito elevado. Mas é um guarda-redes que vale pontos (como se viu no jogo com o Atlético) e em quem Vieira acreditou depois de uma passagem pelo Canadá e do trauma do Brasil- Alemanha, no último mundial. Um dos melhores da história, sem dúvida.

Os encarnados entravam na segunda parte como os turcos tinham começado a primeira, perdidos no campo. Mas foram-se reencontrando. Em 6 minutos, quatro ameaças à baliza de Muslera: Jonas, ao lado; Gaitán, também ao lado; Jiménez, para defesa do guardião uruguaio; e Gonçalo Guedes, que só não festejou porque Sanoglu fez um corte milagroso. E os turcos ficaram em sentido. Nesta fase, o golo podia cair para qualquer um lados e Podolski mostrava que o seu pé esquerdo ainda é o que era, com um remate forte e colocado aos 65 minutos.

Um treinador mais conservador, com duas vitórias em dois jogos, teria apenas refrescado o meio-campo e o ataque. Mas Rui Vitória não. Pizzi entrou para o lugar de Eliseu e Sílvio deu o lugar o Mitroglou. Era o tudo por tudo, e o resultado ficou mesmo em aberto até ao fim. Nos últimos dez minutos, o grego, em boa posição, atirou à rede lateral e já nos descontos um livre ainda causou algum frisson. Pelo meio, o jogo podia ter ficado sentenciado mas nem Sneijder nem Ilmaz conseguiram marcar.

O que mais negativo ficou do jogo foi mesmo a prestação do árbitro, que não agiu contra a excessiva agressividade dos jogadores do Galatasaray, que com faltas duras, não punidas com o respetivo cartão amarelo, foram parando jogadas de perigo. A derrota acaba por não ser preocupante. A qualificação continua bem encaminhada, sendo que uma vitória na próxima jornada torna tudo mais simples. E há quanto tempo não temos uma fase de grupos tranquila, sem calculadora…

A Figura:
Gaitán – Já é um hábito nomear o argentino “homem do jogo”. Dentro da elevada qualidade do plantel, ele ainda consegue estar num nível superior. Hoje marcou, levou a equipa para a frente (quando recuávamos em demasia) e ainda levou muita pancada. Merece.

O Fora-de-Jogo:
Eliseu
– Cada vez me convenço mais que Eliseu é mais um extremo esquerdo do que um lateral. Tem dificuldades em acompanhar o movimento da defesa em linha (comprometendo a armadilha do fora-de-jogo), não fecha ao meio quando a bola entra no espaço, está sempre demasiado adiantado no terreno. Para as despesas domésticas é quanto baste mas quando sobe a parada, é muito pouco.

Derby é derby! – Mais de 100 anos de História e Estórias

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E pronto, o tão ansiado dia está aí: “O” derby dos derbies está a chegar.

Como é que eu sei isto? Porque já tudo aponta para ele! Os bilhetes voam na bilheteira, as discussões começam a ser tidas, o friozinho na barriga começa a sentir-se e vem aí tudo o que é inerente às grandes batalhas. Vão-se buscar estatísticas, casos polémicos, erros de arbitragens, discussões de quem tem os adeptos mais arruaceiros, vão-se discutir em “n” programas de televisão e fóruns na net, táticas de jogo, jogadores-chave… Vai-se cair no jogo psicológico: vêm aí processos em tribunal, mensagens de telemóvel, fugas de informação, football-leaks, drafts de contratos, jogadores a fazerem juras de amor eternas aos clubes e a dizer que sempre preferiram um em prol do outro.

Vêm os jornais colocar mais achas na fogueira, vêm jogadores castigados pelo clube dizerem que têm medo do clube e dos adeptos… Vai-se recuar no tempo e falar de very lights, jaulas, incêndios, “porrada” entre adeptos e jogadores.

A jaula foi uma das inúmeras estórias que causaram polémica. Fonte: bancadadeleao.blogspot.com
A jaula foi uma das inúmeras estórias que causaram polémica
Fonte: bancadadeleao.blogspot.com

Vai-se falar de quem afinal tem a melhor academia, de quem foram os melhores jogadores, de treinadores, de traições, de presidentes incompetentes e adeptos, de quem tem os maiores bêbados no clube, de quem tem mais adeptos, de quem tem mais sócios, de quem tem as contas em melhor estado.

Discute-se quem mente mais, quem não engana no ano da fundação, de quem tem ligações obscuras no mundo de futebol, de fruta, de ofertas de “caixas”, de “não se respeitar a memória do Eusébio”.

Debate-se quem tem as maiores vitórias, as maiores derrotas, as maiores humilhações, os jogadores mais “trauliteiros”, dos mais manhosos… Comparam-se títulos, modalidades, maiores amores e traições aos clubes! Comentam-se “Inácios”, “Guerras”, “Barrosos”, “Carvalhos”, “Vieiras”…

Mas vamos ao que interessa…

E agora que já falamos de (quase) todas as polémicas de futebol… vamos ao que interessa! O jogo em si:

– No total, entre amigáveis e jogos oficiais, foram 415 batalhas entre os leões e a turma dos encarnados desde 1 de Dezembro de 1907.

No primeiro jogo, começou a rivalidade… Pouco antes da partida, oito jogadores do Sport Lisboa trocaram o clube pelo Sporting Clube de Portugal em busca de melhores condições de trabalho. 108 anos depois acontece o mesmo, mas desta feita, com um treinador a optar pelos verde-e-brancos. Que o desfecho seja o mesmo, a vitória da turma leonina (em 1907 por 2-1…sendo que um dos golos foi auto-golo de um dos fundadores do Sport Lisboa, Cosme Damião). Venham as cervejas, os tremoços ou qualquer outro tipo de petisco… e essencialmente venha a vitória do Sporting Clube de Portugal!

“Tu vais vencer, porque a nossa força é brutal!”

 Fonte da foto de capa: cabelodoaimar.blogspot.pt

Shanghai Masters: Continua a época de sonho de Novak Djokovic

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Se alguém pensava que Novak Djokovic poderia descomprimir após a sua vitória no US Open, as últimas duas semanas provaram exactamente o contrário. O número 1 mundial venceu em Pequim, não perdendo mais de 3 jogos em qualquer set ou 5 jogos em qualquer encontro, e continuou a sua forma devastadora em Shanghai: Tomic foi quem mais oposição lhe fez, ganhando… 7 jogos ao sérvio. Djokovic venceu Murray nas meias-finais 6-1 6-3 e Tsonga na final 6-2 6-4 para conquistar o seu 5.º título do Masters 1000 do ano e 25.º da sua carreira.

Djokovic confessou que considera estar a jogar o melhor ténis da sua carreira neste momento e os resultados falam por si. Se conseguir manter esta forma e vencer o torneio de final de época em Londres, muitos considerarão a época de 2015 de Djokovic como a melhor da história do desporto.

Por falar no World Tour Finals, Berdych e Nadal carimbaram o seu passaporte esta semana, juntando-se assim aos já qualificados Djokovic, Murray, Federer e Wawrinka. Berdych desceu muito de rendimento após um início de época muito forte, mas ainda assim conseguiu qualificar-se pelo 6.º ano consecutivo; no século XXI, apenas Federer (14), Nadal (11), Djokovic (9), Murray (8) e Roddick (8) conseguiram terminar no top 8 por mais anos consecutivos do que a série actual do checo, que continua a exibir a consistência inacreditável ano após ano, faltando-lhe “apenas” os títulos.

Nadal, por seu turno, deu alguns sinais de estar a voltar à sua melhor forma nestas duas últimas semanas, com algumas vitórias muito bem conseguidas. A derrota nas meias-finais de Shanghai contra Tsonga, num encontro muito disputado, não o deixará satisfeito mas o progresso no seu nível de jogo é evidente.

As últimas duas vagas em Londres serão quase certamente para Kei Nishikori e David Nishikori. Tsonga tem algumas possibilidades de ultrapassar Ferrer, mas teria de manter a forma que exibiu em Shanghai nas próximas semanas em Viena e Paris Bercy, o que se afigura improvável conhecendo a inconsistência do Francês.

Foto de Capa: Facebook Oficial de Novak Djokovic

Olheiro BnR – Galatasaray

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olheiro bnr

Galatasaray, o maior clube da Turquia. Ainda que os adeptos do Beşiktaş ou do Fenerbahçe não queiram aceitar esse facto, o nosso sucesso na Turquia e na Europa é maior do que o deles. Somos o clube que torna o futebol turco reconhecido na Europa. Quando se fala em Turquia, automaticamente se pensa em Galatasaray. Para nós, não se trata apenas de um clube; acordamos com Galatasaray, vivemos com ele, dormimos com ele. Por vezes nem dormimos, porque o clube perdeu um jogo ou ganhou uma importante partida. Talvez seja um pouco cliché afirmar que não é justo comparar o futebol na Turquia com o dos outros países, visto que os adeptos turcos são bastante fanáticos, mas a verdade é que a paixão é imensa, a atmosfera é diferente e os fãs são incríveis. O nosso estádio, Türk Telekom Arena Ali Sami Yen Spor Kompleksi, o inferno na terra para os adversários, é a casa do Galatasaray e da sua maior claque de adeptos, ultrAslan.

UltrAslan são os melhores adeptos do mundo, os mais audíveis (de acordo com o Guinness World Records), os fãs com as maiores e mais inovadoras demonstrações de amor ao clube: o verdadeiro 12.º jogador da partida. Apoiamos a nossa equipa em todo o lado e fazemos de cada lugar um inferno. Impossível é não ficar impressionado com os adeptos no nosso estádio. Fazem os adversários perder a sua concentração. Mesmo grandes jogadores tiveram de reconhecer que os nossos fãs são extraordinários. Como disse Maldini, “ninguém conseguirá fazer-me acreditar que estão lá 23 mil apoiantes” (o nosso estádio antigo tinha capacidade para acolher 23 mil pessoas, e o de agora 52500). Também Edgar Davids se pronunciou: “se tivéssemos adeptos como estes, seríamos campeões todos os anos”. É difícil explicar quão fantásticos são os nossos adeptos. Mas acreditem em mim, caros portugueses: na quarta-feira vão ver e experienciar o inferno na terra.

Como disse, o futebol é diferente na Turquia. Quando uma pessoa conhece alguém, perguntar-lhe-á de que clube é, antes mesmo de querer saber o seu nome. Quando o meu clube perde, por exemplo, não saio de casa no dia seguinte nem vejo notícias. Deixo-me ficar irritado em casa. O clube que apoiamos pesa também ao nível dos relacionamentos. Eu, tal como muitos outros, nunca irei casar-me com uma rapariga que não seja adepta do Galatasaray. É impossível. Quando morrer, quero ser enterrado com uma camisola do meu clube vestida, tal como muitos outros fãs pretendem fazer. Dizemos sempre que podemos mudar de mulher, de família, de religião, de namorada, mesmo de vida, mas nunca poderemos mudar o clube que apoiamos. Ainda que muita coisa possa terminar ao longo da nossa vida, a paixão pelo nosso clube vai manter-se. O teu clube é algo que sempre te fará feliz e te fará esquecer os teus problemas.

A equipa tem alguns bons jogadores, como Podolski, Fernando Muslera, Burak Yılmaz e, claro, Wesley Sneijder. Não fizemos grandes transferências esta época, à exceção de Podolski, e penso que isso seja a justificação dos nossos maus resultados na Liga dos Campeões. Os jogadores da equipa estão a habituar-se uns aos outros, e isso é visível nos resultados alcançados na Turquia. A boa notícia é que todos os atletas, excluindo o lesionado Hamit Altıntop, podem jogar contra o Benfica.

"O inferno na terra"; Fonte: Facebook oficial dos UltrAslan
“O inferno na terra”
Fonte: Facebook oficial dos UltrAslan

O melhor jogador da equipa é Sneijder, definitivamente. Não creio que precise de falar muito sobre ele. O Benfica deve ter receio. Antes de chegar ao Galatasaray, todos dizíamos que ele vinha apenas pelo dinheiro, mas a paixão que tem demonstrado pelo clube é algo maravilhoso de se ver. Ele ama o clube e joga cada partida com o seu coração. Mesmo quando houve um problema com o pagamento do seu salário ele continuou a lutar como um soldado. Não interessa para ele se a equipa está a ganhar por 3-0 ou a perder pelo mesmo resultado. Ele estará 100% concentrado e sempre a jogar na ofensiva. Acreditem em mim: ele será o homem do jogo contra o Benfica.

A última vez que o Benfica defrontou o maior clube da Turquia foi na Liga Europa de 2008. Ganhámos a partida por 2-0 (Emre Aşık, Ümit Karan). Dessa altura, preservámos dois jogadores: Sabri Sarıoğlu (será provavelmente um substituto na quarta-feira) e Hakan Balta. Este é um importante defesa quer para o Galatasaray quer para a Turquia. Ele é crucial em muitos momentos da partida, é muito calmo e racional.

Ao olhar para as equipas, as probabilidades talvez rondem os 50/50, mas é sempre preciso lembrar que o Galatasaray vai jogar com 12 homens. Os grandes adeptos vão ser, definitivamente, o grande motivo da nossa glória esta quarta-feira.

Artigo traduzido por Gonçalo Coelho

Futsal: Joel Queirós histórico em particular na Holanda

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cab futsal

Passado que está mais um fim-de-semana, e já dissecado o grande derby na Liga Sport Zone de Futsal entre Sporting CP e Benfica, é agora tempo de analisar os outros jogos do nosso principal escalão. Obviamente que, tendo um clássico entre as duas grandes potências nesta jornada, é difícil escolher um outro para o secundar; no entanto, opto por começar com o triunfo por 2 bolas a 0 do Belenenses em Porto Salvo, frente aos Leões locais, acentuando o mau arranque da equipa caseira, que em sete jogos apenas soma uma vitória e seis derrotas, somando assim 3 pontos e estando consequentemente na zona de descida de divisão.

Leões de Porto Salvo vs Belenenses Fonte: Facebook Leões de Porto Salvo
Jogo entre os ‘Leões de Porto Salvo’ e ‘Os Belenenses’
Fonte: Facebook Leões de Porto Salvo

O Sporting de Braga não passou do nulo frente ao CS São João, em Coimbra, falhando a oportunidade de igualar o Sporting CP no 2.º lugar, ficando com 13 pontos em seis jogos. O Fundão, por seu turno, cumpriu a sua missão ao derrotar a Quinta dos Lombos na beira baixa por 3-1 e mantém o seu 7.º lugar na tabela classificativa, agora com outra folga. O SL Olivais empatou a 2 bolas na deslocação a Vila do Conde, para defrontar o Rio Ave, e mantém o 4.º lugar apesar de ter deixado 2 pontos no Norte do país. No jogo com mais golos da jornada, a Burinhosa venceu em casa o Boavista por 7-3, confirmando o seu excelente arranque, somando 13 pontos em seis jogos, podendo matematicamente atingir o 2.º lugar em caso de vitória no seu jogo em atraso. Finalmente o Modicus venceu o Gualtar por 6-3, em Sandim, e ganhou outra margem de conforto em termos pontuais para garantir um lugar entre os 8 primeiros no fim da época.

Terminada esta análise à jornada, é hora de olhar para os particulares da seleção, que jogou esta semana dois amigáveis contra a Holanda, em solo holandês, que tiveram desfechos bastante díspares. No primeiro jogo, vitória por 4-2, num jogo histórico para Joel Queirós, que marcou um golo e igualou um dos históricos da seleção nacional, André Lima, como melhor marcador da história, com 107 golos. O golo abriu o marcador no Topsportcentrum, em Roterdão, antes do golo de baliza a baliza de Victor Hugo e do ampliar do marcador para 0-3 por Miguel Ângelo, numa boa primeira metade da seleção portuguesa, que viria a sofrer o golo holandês, por Tevfik Ceyar, sendo 1-3 o resultado ao intervalo.

El Morabiti reduziu à entrada do segundo tempo, antes de Tiago Brito encerrar assim o placard final, que assinalava 4-2 para Portugal. No dia seguinte as equipas voltaram a encontrar-se, desta feita com 2-1 favorável à equipa da casa, com golos de El Ghanoutti e Mohammed Darri, levando o 2-0 para o intervalo. Na etapa complementar, Bruno Coelho marcou o único golo, ficando assim 2-1 para a congénere holandesa. Estes particulares serviram sobretudo para preparar a qualificação para o mundial 2016, cuja primeira fase para Portugal se disputa em Dezembro, tendo como adversários a Polónia, a Roménia e a Noruega.

FC Porto 2-0 Maccabi Tel Aviv: Sem sobressaltos

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O F. C. Porto cumpriu a sua obrigação e ganhou em casa ao Maccabi Tel Aviv, num jogo em que o resultado acaba por pecar por escasso, apesar de os Dragões terem jogado sem grande intensidade.

Lopetegui não fez mexidas em relação ao último jogo da liga portuguesa mas assim que Martins Indi ocupou o lugar do lesionado Maicon fez-se história na Liga dos Campeões: Rúben Neves com apenas 18 anos tornou-se no jogador mais jovem de sempre a envergar a braçadeira de capitão na competição, ascensão astronómica do craque português, que é dono de um posicionamento e colocação de bola invejável.

Os adeptos portistas sentaram-se (sem contar com as claques) nas cadeiras como quem vai assistir a mais um episódio de uma série policial – um pouco de acção e história para encher o tempo no meio e, no fim, os maus são presos. Este sentimento pareceu igual ao dos jogadores nos primeiros 25/30 minutos. Um jogo de baixa rotação à espera do golo, mas este não aparece sem que alguém faça por isso e quando foi preciso o herói entrar Aboubakar assumiu o protagonismo.

Não esteve sozinho o avançado camaronês, o jogo reclamava mais protagonistas, que apareceram na figura de André André, Layún, Maxi e, principalmente, Brahimi. O extremo argelino parece uma enguia que rodopia no meio dos adversários, às vezes perde a noção do colectivo mas o que é certo é que se lhe sai bem o bailado faz muito perigo.

A bola circulou sempre à volta da defensiva dos israelitas, que pareciam frágeis. No entanto, a inércia portista era evidente, daí que houve oportunidades repartidas para ambas as equipas pois os Dragões também estavam macios na recuperação e no corte. Exemplo disso são os lances aos 13’, 16’ e 23’, em que os visitantes podiam ter inaugurado o marcador não fossem os centrais da casa e a fraca pontaria do Maccabi.

Do Porto apenas uns cantos e a ameaça sempre presente de que o golo poderia vir a qualquer altura… bastava que alguém acelerasse. Aos 37’ Layún acelerou e cruzou para um bom golo de Aboubakar, de cabeça – estava inaugurado o marcador e descansavam os adeptos, que após 30 minutos de enredo já estavam a ficar sem paciência. Aos 41’ Aboubakar arrastou meia defensiva consigo e isolou Brahimi que com categoria aumentou a vantagem para 2-0. O Porto atacava com poucos homens e mesmo assim em poucos passes o extremo esquerdo aparecia isolado na cara do guardião forasteiro.

Rúben Neves é o capitão mais novo de sempre da história da Liga dos Campeões Fonte: FC Porto
Rúben Neves é o capitão mais novo de sempre da história da Liga dos Campeões
Fonte: FC Porto

O Maccabi, adversário frágil, só conseguia criar perigo através da velocidade dos extremos e quando se aventurava no ataque consentia sempre o contra-ataque! O jogo podia ter acabado aqui pois a segunda parte trouxe pouca história.

No segundo tempo continuaram as dificuldades de posicionamento de Imbula (continua a precisar de “lições” de posicionamento) e uma certa inércia portista e o treinador basco só esperou 10 minutos para tirar o franco-belga e também Corona, que esteve mal nesta partida. Entraram Danilo, para a posição de médio defensivo (subia Rúben Neves no terreno), e Tello, para extremo direito, embora tivesse havido trocas de posição entre extremos ao longo da partida.

Os primeiros 15 minutos foram controlados pelo Porto mas a entrada de Rikan fez acordar os israelitas e, logo a seguir, os portugueses, já que depois de dois lances perigosos aos 64’ e 65’ do Maccabi o Porto enviou uma bola ao poste (67’) e no canto subsequente Martins Indi tem uma grande perdida na pequena área.

A segunda parte prosseguiu sem sobressaltos, sempre com a ideia de que o terceiro podia surgir num lance qualquer, até porque havia bons apontamentos dos protagonistas já nomeados e também com o esforço do “por vezes trapalhão” Tello.

Aos 84’ entrou Herrera para segurar o meio-campo e ainda houve tempo para uma defesa de Casillas aos 87’. Também era noite de bater recorde para o espanhol, uma vez que somou o seu 51ª jogo na liga milionária sem sofrer golos.

Foi com naturalidade e sem grandes sobressaltos que o Porto fez 7 pontos na fase de grupos. A equipa pareceu desconcentrada (talvez devido à paragem) mas fez o que lhe competia. Resta agora descansar e preparar o jogo difícil de Domingo frente ao Sporting de Braga.

A leste nada de novo, o Chelsea empatou frente ao Dínamo e veio confirmar que neste grupo vai haver luta até ao fim. A vitória no próximo jogo põe o Porto com um pé nos oitavos embora não garanta a passagem.

A Figura:

Aboubakar – Mereceu pelo que batalhou, pelo golo e pelo passe para golo. Fica uma menção honrosa também a Brahimi e Maxi, que mereciam a distinção.

O Fora-de-Jogo:

Corona – Inconsequente e trapalhão, procurou a finta e os caminhos mais dificeis. Entregou-se ao jogo mas estava desconcentrado.

Foto de Capa: FC Porto

Bruno, obviamente demite-te!

porta

23 de Março de 2013: um dia marcado pela infâmia e pelo horror. Milhões de portugueses (catorze, talvez) irão recordar este dia para o resto das suas vidas, porque neste dia tudo mudou para grande parte deste povo à beira-mar plantado com a eleição de Bruno de Carvalho como Presidente do Sporting Clube de Portugal.

O que parecia um sonho mau em 2011 confirmou-se um pesadelo volvidos dois anos; desta vez sem a presença do herói paladino Godinho Lopes, sem a esperança da credível nobreza leonina de Soares Franco, “Nobre” Guedes ou Bettencourts, o clube por qual 14 milhões de adeptos simpatizavam tornava-se num grande e grave problema. Que futuro iria ter o Sporting?

Mais de uma dezena de milhões de simpatizantes ficaria desgostosa com o resultado das eleições no clube de Alvalade e afinal de contas não seria para menos; para grande parte deles, o Sporting Clube de Portugal tinha deixado de ser o maior rival há décadas, passando a ser visto como um mero bombo da festa pessoal que foi criada (em parte com mérito) durante os últimos seis anos. O Sporting não fazia mal a ninguém, ficava em sétimo lugar no campeonato e perdia derbies atrás de derbies frente ao clube da Luz; por isso até ficava bem a um benfiquista dizer: “Eu até simpatizo com o Sporting, mas…”. Tudo isto para agora vir um tal de Bruno de Carvalho a querer romper com normas estabelecidas e afirmar que queria um Sporting diferente, vencedor, e acabar com quase vinte anos de vassalagem e mediocridade? Com que autoridade?

Mas – porra, Bruno! – quem és tu para vires estragar um futebol português tão harmonioso e livre de conflito?

Por que raio és tu um presidente que, apesar de ter tido (ou talvez não) negócios menos bons fora do futebol, nunca esteve preso 20 meses? Vai lá assaltar um camião, por favor, assim quem te vir até pensa que a tua idoneidade pode ser posta em causa. Ou então sê gerente da Cimovenda, da Ediverca, da Fipar, e leva cada uma destas à falência, ou sê sócio de alguém que já faleceu…

Por falar em sócio, porque não és sócio dos clubes rivais? Só demonstraria a tua paixão pelo jogo e pelo futebol nacional no seu todo.

Porque não falas em cafés, leites e fruta ao telefone com o Pedro Proença?

Onde estão as promessas de três centenas de milhares de sócios, do maior clube do mundo, das Champions ou da espinha dorsal da selecção?

Que porcaria de presidente és tu, Bruno, que se preocupa com passivos e com dívidas? Se ouviste tão bem como eu o Senhor Pedro Guerra, paga o valor da Supertaça ao Jesus – não ligues é ao ordenado em falta que o antigo clube lhe deve – e paga as dívidas que tens ao pobre Godinho Lopes; não vás pelo caminho do Benfica e devas dinheiros a fantasmas como o Brasa F.C.

Os conselhos do respeitoso Pedro Guerra não deveriam ser descartados Fonte: TVI
Os conselhos do respeitoso Pedro Guerra não deveriam ser descartados
Fonte: TVI

Por que raio não fazes umas chamadas para o teu amigo Vítor Pereira e escolhes uns árbitros para uns jogos da Taça? E que tal falar com o José Eduardo e oferecer uns vales de refeição para a Casa XXI? Acho que só te faria bem..

Que raio de moral tens tu, Bruno, para achares que podes chegar aqui e pedir sorteios nas arbitragens, em vez de serem os do costume a nomear? Mais, quem pensas que és para pôr em causa a competência dos árbitros portugueses e pedires o vídeo-árbitro? Põe os olhos nos Paixões, Motas, Benquerenças ou Capelas desta vida (peço desculpa a todos os muitos árbitros que podiam ser nomeados, mas não queria encher este texto com muitos nomes), e orgulha-te de teres estes senhores nos relvados portugueses todas as semanas.

Porque tens a mania de explicar tudo aos sócios, de emitir comunicados e de fazer as coisas às claras? Que piada tem isso? Põe os olhos nos outros, Bruno; a piada está em fazer as coisas sem dizer nada à CMVM ou aos sócios, o bom está em vender jogadores em modo “empréstimo”, e todos pelo mesmo valor simbólico: um euro por adepto. Ou então, vender o mesmo jogador mais do que uma vez a clubes diferentes.

Deixa de ser incendiário, e delega essas funções para os adeptos. Não legalizes as claques, não te preocupes com pirotecnia atirada para adeptos dos clubes rivais, por assobios a simularem verylights ou por tarjas a relembrar um assassínio no Jamor.

Por fim, que desplante tens tu de roubar o treinador que o Presidente encarnado quis por nas Arábias? Até me apetecia chamar-te um nome injurioso agora, mas vou-me conter. Então o Benfica queria acabar um ciclo, mandar Jesus para fora de Portugal e tu contrarias essa decisão? Agora é bem feito que toda a justiça, imparcialidade e clareza que existe em Portugal se vire contra ti. Espera lá pelos processos, pelas notícias falsas, pelo mau clima que existe no balneário e pela saída de Carrillo, maior ídolo dos adeptos e melhor jogador verde e branco desde Peyroteu ou Yazalde. Tudo isto é karma, sabes isso?

Como um colega meu de profissão escreveu, passas “grande parte do dia a delinear estratégias para atacar o Benfica”. Se quiseres eu dou-te uma ajuda, mas não digas que vais daqui: coloca pessoas influentes nos lugares certos das organizações competentes; quando precisares de favores de outros clubes, empresta talentos sul-americanos a essas instituições. Usa os jornais para criar notícias falsas, usa argumentos como o envio de SMS ou Football Leaks para “destabilizar” os rivais, e faz isto de preferência antes de jogos importantes, sejam eles para Supertaças ou apuramentos europeus. Coloca pessoas em tribunal – ainda que tenhas contratado treinadores ao Braga em moldes idênticos – só porque sim; não tentes fazer como fizeste com o Marco Silva: essa coisa de acordos amigáveis é para parvos e o que é bom é assobiar para o lado. Pronto, acho que tens aqui já umas quantas dicas úteis.

Um criança moçambicana, de Nampula, em Junho de 2011 Fonte: Foto de Vítor Miguel Gonçalves
Um criança moçambicana, de Nampula, em Junho de 2011
Fonte: Vítor Miguel Gonçalves

Mais de dois anos passaram desde este período negro da história do futebol português, mas os medos e o terror ainda assolam as mentes de milhões; cada vez mais este demónio causa uma urticária imensa na freguesia de São Domingos de Benfica e um pouco por todo o mundo, porque, para quem fala na baixa de Malabo, esquecendo-se a reunião do angelical LFV em Dezembro de 2014 com o beato presidente Teadoro Mbasogo, não deve ter visto certamente a festa de arromba do Benfica campeão que aconteceu em Marissol, cidade do Estado de São Paulo, com milhares de adeptos benfiquistas envolvidos, não obstante a ligação entre o maior clube da cidade, o Brasa F.C. Lta. e o clube de São Domingos de Benfica.

Um pequeno aparte: engraçado é que, para todos aqueles que falam das festas em cidades como Newark ou Díli, eu prefiro os prazeres de saber que posso andar pelas ruas de terra batida de Nampula e encontrar jovens com camisolas do meu Sporting e até casas pintadas com as cores e símbolo do clube, daqueles adeptos do dia a dia e não só das vitórias, jovens com dez anos que nunca viram um jogo do Sporting ao vivo mas que se orgulham das camisolas que vestem a dizer Ronaldo, Figo ou Nani.

Domingo há derby; vamos ver quantas notícias sobre o Sporting aparecem nestes dias. Mas nunca te esqueças, Bruno: a culpa é tua…

Liga Inglesa: Há dias em que vale a pena sair de casa

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Há dias em que vale a pena sair de casa. Aqueles em que tudo parece estar alinhado para que o dia, a noite ou ambos nos agraciem com boas surpresas, em que nos sentimos no topo do mundo, contagiando quem nos rodeia a desfrutar do momento que atravessamos.

As dificuldades e os entraves à felicidade não deixam de existir mas passam a ser, apenas e só, oportunidades de nos superarmos, motivos para nos sentirmos orgulhosos no final do dia, porque, independentemente do que façamos, tudo correrá magicamente bem – deadlines cumpridas, projectos aprovados, aquela lasanha que sai, finalmente, bem, ou o simples reconhecimento social … e amoroso (nem que seja só por aquele dia, a rapariga/rapaz que queremos/temos, faz exactamente aquilo que andávamos à procura que fizesse – seja um olhar, uma mensagem ou uma foto indiscrecta/gesto carinhoso… só para nós).

Sentimo-nos bem connosco, e nada nos parece travar. Sentimo-nos perfeitamente capazes de entrar num campo de futebol, alinhar num jogo da Premier League e ser o herói da partida, marcando quatro golos na baliza contrária e salvar um na própria.

No fundo, ser o Georginio Wijnaldum de 18 de Outubro de 2015. O holandês, recentemente contratado pelo Newcastle, que não vinha a fazer uma época extraordinária, à semelhança (e em consequência) da sua própria equipa, assinou uma exibição soberba na tarde do último domingo e, nem que fosse pelos números acima mencionados, mereceu, com toda a justiça, o prémio de homem de jogo na goleada do Newcastle sobre o Norwich (6-2).

Porém, ao contrário do que acontece um pouco com todos nós, não parece ser obra do acaso esta exibição. É certo que arranha patamares de excelência que muito poucos conseguem alcançar, mas há um aspecto que pode ter muita influência no desempenho do holandês – o encosto à linha.

Wijnaldum viveu noite histórica Fonte: Newcastle United
Wijnaldum viveu noite histórica
Fonte: Newcastle United

À semelhança do que aconteceu no jogo contra o Chelsea, que o Newcastle empatou a dois golos, Wijnaldum partiu do lado direito do meio-campo, ao invés do centro do terreno. Deixou de jogar de dentro para fora, e, quando em posse, alterava “a diagonal” de progressão para zonas mais “críticas” do terreno do jogo, apoiado pelo regresso de Colback ao centro do terreno, que lhe guardava as costas para eventuais desposicionamentos, por Sissoko, que lhe deu dois golos e encheu o campo, e pelo irrequieto Ayoze Pérez, que jogou mais “colado” a Mitrovic, no eixo do ataque e baralhou marcações entre a defesa do Norwich.

Uma simples mudança foi suficiente para poder inverter o rumo de várias vidas: a do Newcastle, virgem de vitórias na Premier League e com um registo ofensivo envergonhado (5 golos) até então; a de Steve McClaren, que tem agora uma ideia do alinhamento óptimo da sua equipa;  e claro, a de Wijnaldum, que tem, agora, uma oportunidade de ouro para, finalmente, sair do espectro de esperança e se afirmar, em pleno, como certeza no panorama europeu de futebol.

Um dia bom, daqueles em que vale a pena sair de casa, pode fazer maravilhas pela vida de uma pessoa. Basta agarrá-lo.

Foto de Capa: Newcastle United