A Fórmula E (F.E) é o mais recente campeonato da FIA (Federação Internacional do Automóvel) e, como é descrito por vários dos pilotos participantes, é quase como esquecer tudo o que foi visto no mundo das corridas de carros até agora.
Esta nova competição marca a diferença por ser a primeira com carros elétricos e apresentará algumas novidades nas corridas de fórmulas. A principal novidade é que durante as provas os pilotos precisam de trocar de monolugar devido à capacidade de bateria dos carros não dar para a corrida toda; todos os circuitos (10 na temporada inaugural) serão urbanos, uma tradição mais americana e que é muito boa para chegar ao público, algo que também é uma novidade; por fim, nas principais alterações ao que estamos habituados a ver temos um dia de prova em vez do habitual fim de semana. Nesse mesmo dia temos um treino, a qualificação e a corrida.
São 20 pilotos – entre eles o nosso António Félix da Costa – divididos por 10 equipas, que competirão na estreia desta competição que começou no passado sábado em Pequim. Sendo esta uma competição totalmente nova, os carros são todos iguais, estando previsto que na próxima temporada cada equipa já possa fazer mudanças em alguns componentes. Desta forma vão ser a qualidade da equipa a nível de mecânicos e a mais valia dos seus pilotos que vão ditar os resultados. Outra ajuda para a luta pelas vitórias será a do FanBoost. Esta é uma particularidade desta competição, em que os três pilotos mais votados no site ou na aplicação para dispositivos móveis da F.E terão ao seu dispor durante cinco segundos mais 50 cavalos de potência.
No início do ano escrevi um texto em que mostrava o meu desagrado com o barulho que os carros de F1 faziam com os novos motores; também já disse aqui num texto que me tinha “apaixonado” pelo barulho dos novos Peugeot T16, e, como devem imaginar, nesta competição o barulho dos carros é menor, sendo mais fraco do que uma camioneta. Como tal, só por aí já é um fator que me faz perder um pouco o interesse na competição, apesar de reconhecer que esta pode vir a ser muito importante para o futuro das competições motorizadas.
Para ver o vídeo do acidente entre Nick Heidfeld e Nicolas Prost carregue AQUI
Quanto à corrida de Pequim, que aconteceu no passado fim de semana, o vencedor foi Lucas di Grassi, que apenas obteve a vitória depois do acidente entre Heidfeld e Prost (vídeo acima). A acompanhar o brasileiro no pódio estiveram Montagny e Bird; Félix da Costa não esteve nesta corrida por estar a fazer uma do DTM. É de destacar ainda que aqui a volta mais rápida e ficar em primeiro na qualificação dão pontos.
Com duas surpresas no onze titular (Quaresma e Adrián) e uma nuance táctica pouco vista esta época (Adrián jogou como segundo avançado, e Brahimi foi o elo de ligação entre Herrera e a última linha ofensiva do conjunto de Lopetegui), viu-se o melhor FC Porto de toda a época!
Ainda alguns adeptos estavam a entrar no Estádio do Dragão quando Brahimi deu início a (mais) uma exibição de gala, finalizando com classe depois de um erro tremendo do guarda-redes do BATE. Numa exibição imaculada em toda a primeira parte, os azuis e brancos dominaram a frágil equipa bielorrussa e só não chegaram ao segundo golo mais cedo porque tanto o poste como o guardião adversário não o permitiram. Esse momento chegou apenas aos 31 minutos, quando Brahimi fez o golo da noite, num lance “Maradoniano”: recebeu a bola ainda antes do meio-campo, passou pelos adversários como se eles fossem pinos de treino e largou a “redondinha” para o fundo das redes. O intervalo não chegaria sem que o inevitável cha cha cha Martinez fizesse o seu golinho, a responder de cabeça a uma “bala” de Danilo. Uma primeira parte de luxo.
Com uns confortáveis 3-0, era de esperar que Lopetegui pedisse para os jogadores apenas gerirem esforço na segunda parte e retirasse do xadrez de jogo algumas das suas peças fundamentais (o “Rei” Brahimi, a “Torre” Jackson e o “Cavalo” Alex Sandro). Mas hoje a equipa recusou-se a tirar o pé do acelerador, e Brahimi, dois minutos antes de sair, completou um hat-trick com uma fabulosa cobrança de um livre directo. Saiu e recebeu a ovação da noite. Brilhante. Tudo correu na perfeição, e a cereja no topo do bolo foi a entrada de Aboubakar, que se estreou a marcar de dragão ao peito. Pelo meio também Adrián fez um golo – o primeiro com a camisola do Porto.
Um onze que fica para a história por ter consumado a maior goleada portista na Champions League Fonte: zerozero.pt
6-0, número bonito na noite em que o Porto celebrou 200 jogos na competição mais importante da Europa. Nota também para a grande gestão feita por Lopetegui, a demonstrar que não existe um “caso Quaresma” e a deixar o Mustang 90 minutos em campo. Para finalizar, e por falar em Quaresma, é doloroso vê-lo continuar a bater (e a falhar) pontapés de canto; não houve um único que tenha levado perigo à baliza adversária, e isso já não é de agora.
A Figura
Brahimi/Maicon – O argelino, que trata a bola por “tu”, continua a demonstrar o porquê de ser considerado o melhor reforço deste Verão no campeonato português: a sua qualidade técnica é de um jogador acima da média. Maicon tem sido um autêntico muro na defesa azul e branca: finalmente impôs-se no plantel.
O Fora-de-Jogo
Casemiro/BATE – Continuo a ter dificuldades em apreciar o tipo de jogo de Casemiro, mesmo sabendo que é um jogador útil. Entre ele e Rúben Neves continuo a preferir o jovem português. A equipa do BATE é demasiado fraquinha, não tem estofo para estar nesta prova.
A UEFA Youth League está de volta e nesta segunda edição conta com a presença dos “três grandes” de Portugal. Na primeira temporada desta competição para as camadas jovens europeias sub 19, o título foi para o FC Barcelona, após uma final discutida com o SL Benfica. O Benfica realizou um percurso prestigiante, tendo deixado para trás equipas como o PSG, o Olympiakos, o Anderlecht, o Áustria de Viena, o Manchester City e o Real Madrid, colocando-se entre os dois melhores clubes da Europa em sub 19.
Este ano, os encarnados lidam, simultaneamente, com o peso da responsabilidade do percurso do ano passado e com a vantagem da experiência adquirida. Embora o primeiro embate tenha terminado num empate sem golos frente ao Zenit (equipa que esteve no grupo do FC Porto na edição anterior), os vice-campeões criaram mais oportunidades de golo. Destaque para duas situações claras de golo, uma de Diogo Gonçalves, internacional português sub 18, com um remate que foi desviado pelo adversário e ainda chegou à trave, e outra de Romário Baldé, que surgiu isolado e consumou o golo, sendo este depois invalidado pelo árbitro por pretenso fora de jogo. A equipa portuguesa esteve, por isso, mais perto do golo mas faltou sorte e eficácia.
O grupo C já é liderado pelo Mónaco, que bateu o Bayer Leverkusen por 3-1. Na próxima jornada, a 1 de outubro, o Benfica desloca-se a Leverkusen (Alemanha) para defrontar o Bayer local.
O FC Porto, tal como os encarnados, beneficia da experiência do ano passado, embora o percurso não tenha sido de sucesso. Iniciou este ano a competição com o pé direito, tendo vencido por 2-0, em casa, o primeiro adversário, BATE Borisov. Apesar de ambos os golos terem sido de grande penalidade, o marcador não espelha a diferença de valor das equipas em confronto. A equipa portuguesa mandou em todos os capítulos do jogo, dando provas de ter um bom coletivo, que privilegia a posse de bola. Contudo, este não foi um jogo que desse para testar a qualidade do plantel azul e branco em termos internacionais, visto que a equipa bielorrussa não apresentou grandes argumentos ofensivos, preocupando-se, fundamentalmente, em defender. Destaque para a ala direita dos dragões, onde Fernando Fonseca e Ruben Macedo (autor do primeiro tento) conduziram a maior parte dos ataques da sua equipa.
Ainda no grupo H, o Atlético de Bilbau perdeu por 2-0, em casa, frente ao Shaktar Donetsk, equipa que irá receber o FC Porto no dia 30 de setembro.
O Sporting CP, caloiro nesta competição, foi à Eslovénia vencer por 3-1 o Maribor. Os leões assumiram cedo o comando do jogo e durante a primeira parte poderiam ter sentenciado a partida, tal foi o domínio e as oportunidades criadas. A vencer por 1-0 ao intervalo, a equipa portuguesa foi gerindo o tempo e o ritmo de jogo na segunda parte, parecendo estar já com o pensamento no duelo do fim de semana com os eternos rivais (Sporting-Benfica, sábado pelas 17h na Academia de Alcochete). O adversário apresentava-se aguerrido, mas sem grande qualidade técnica, o que poderia ter levado os verde e brancos a uma melhor circulação de bola e a um claro ascendente no marcador, o qual só viria a acontecer no período de descontos. O adversário não colocou à prova a capacidade desta equipa sub 19 do Sporting C. P., aguardando-se com enorme expetativa a visita do Chelsea à Academia no dia 30 de setembro.
Neste grupo G, o Chelsea venceu o Schalke 04 por 4-1.
Corria o ano de 1949. O Mundo recuperava ainda dos traumas da II Guerra Mundial. Nos Estados Unidos da América a vida voltava à normalidade, e na Base da Força Aérea Edwards decorria um estudo concebido para apurar qual a máxima súbita desaceleração a que uma pessoa pode ser exposta num acidente aéreo. O responsável por tal hercúlea tarefa era o capitão Edward A. Murphy.
Senhor dedicado a tal projecto e compenetrado em aprimorar a tecnologia aeroespacial, Murphy era também um tipo cheio de sorte. Tanta que a falta de resultados das suas experiências se justificava muitas vezes com erros técnicos ridículos. Por isso decidiu, certo dia, e depois de dar de caras com um transdutor mal ligado, bradar aos sete ventos que o técnico que trabalhava com ele era um homem capaz de encontrar sempre uma maneira de fazer mal as coisas, desse por onde desse. Vale ainda a pena referir que Murphy morreu atropelado…por um turista britânico que conduzia na via contrária…depois do seu carro ficar sem gasolina. Ou assim reza a lenda.
Em dois parágrafos está contada também a lenda que foi o jogo de ontem do Benfica: “qualquer coisa que possa dar errado, vai dar errado”. Com um pequeno, mas pervertido twist: tudo deu errado! A equipa da casa não conseguiu sequer mostrar as pratas no espaço de 90 minutos e, logo à entrada, vê Jardel tropeçar nos seus muitos nervos e dar a bola a Shatov que, fazendo jus ao seu muito propício nome, entrega de forma subliminar a Hulk. O brasileiro trouxe os fantasmas de volta à Luz e picou por cima de Artur para um golo igual àqueles que se fazem na escola. Se é de facto difícil gostar do brasileiro, é ainda mais difícil não gostar. Ainda não tinham aquecido as gargantas no Inferno e já se ouviam os russos no topo norte a festejar. Cinco minutos de jogo.
Eram tão poucas as saudades… Fonte: AP (Francisco Seco)
Ora, se a tela não se pintava bonita, só o improvável poderia borrar ainda mais a pintura: Jardel – que imbecilidade na noite de ontem – repetiu a gracinha e colocou um recorrentemente nervoso Artur no caminho de um artista Danny. O português estatelou-se ao comprido e o árbitro, Oddvar Moen, nada pôde fazer a não ser mostrar o vermelho ao redes do Benfica. Um golo e um jogador a menos. Bonito.
Talisca foi chorar a sua estreia na Champions para o banco e Paulo Lopes veio festejar a sua para a baliza, aos 36 anos de idade. E a coisa correu tão bem, mais uma vez, que nem cinco minutos depois o nosso carequinha estava já a defender bolas para lá da linha. Golo caricato de Witsel, que não festejou. Era o mínimo.
Tudo o que poderia correr mal, correu pior ainda. O Benfica estava destroçado logo aos 22 minutos de jogo perante um conjunto russo cheio de capacidades, fruto dos pozinhos de perlimpimpim característicos de Villas Boas. O técnico português limitou-se, daí para a frente, a tentar manter a sisudez dos azuis – onde é que já vimos tal coisa?.. – e conseguiu-o na perfeição até ao apito para o descanso.
Depois disso entrou em campo uma qualquer força milagrosa e indescritível que arrebatou os aplausos das decepcionadas gentes na bancada e a paciência do banco russo. Enzo voltou à partida depois de uma primeira parte a jogar ao berlinde, Salvio continuou a decidir mal mas veio imprimir uma capacidade de reacção única no conjunto da casa, Gaitán tomou ainda mais na perfeição as rédeas da equipa e Lima lá conseguiu reagir à frustração que lhe vai tirando horas de sono, sem fazer, no entanto, qualquer golo. Ele e o Benfica. Não se trata de tentos. Trata-se de atitude. E o Glorioso soube tê-la como só ele. Os minutos 59, 66, 72 e 76 provam-no. Valeu o perde-tempo Lodygin na baliza russa, um considerável azar e as decisões apertadas do juiz norueguês que conseguiu não ver – é mesmo essa a expressão – duas bem possíveis penalidades na área do visitante (uma sobre Salvio aos 52 minutos, outra sobre Enzo lá para os 88).
O Benfica ficou-se sem se ficar. E tinha todos os argumentos para mostrar que é superior ao Zenit. Tal não aconteceu. Mas a vontade e o benfiquismo que vieram do balneário fizeram lembrar os tempos de glória do ano passado…e o público percebeu. Tanto que os últimos 15 minutos foram de ininterrupto clamor. Amor. Fervor. Cânticos, palmas e vénias. Sem cessar. Os benfiquistas a dizerem que não faz mal perder em casa depois de 51 jogos a vencer muitas vezes e a empatar pouquíssimas. Não faz mal entrar com o pé esquerdo na Liga dos Campeões. Não faz mal tentar e não conseguir. Porque mesmo no desaire, estamos juntos como nunca. E mesmo que Murphy nos venha lixar a cabeça, somos malta para o pintar todinho de encarnado.
Troca de carinhos entre um público e um plantel únicos Fonte: http://aspapoilasdobiscaia.blogspot.pt
A Figura Os Benfiquistas – Fiquei sem palavras. Estando no estádio, só me consegui levantar e participar daquela enchente de aplausos. Foi dos momentos mais bonitos que ali passei. Os nossos jogadores bem que o merecem. Isto é o Benfica.
O Fora-de-Jogo Jardel – É um jogador que sinceramente aprecio, mas a falta de empenho e de cabeça na noite de ontem levou-me ao desespero. A mim e a outros tantos milhões. Por falar nisso: será jogador para a Liga dos Milhões? Que dê a volta por cima. Tem o apoio para tal.
Era uma noite fria no meio de um mês de maio abrasador. As gotas de chuva intensas caíam pelos vidros da minha janela e os céus cada vez mais cinzentos ameaçavam fazer-nos passar por uma tempestade como de há muito não havia memória. Na verdade não me lembro, mas se escrevesse o guião do filme daquela vitória começaria assim: comigo sentado entre o barulho da chuva e o sofrimento.
Tudo começou com amor à primeira vista. Naquela noite, eu sentava-me com o meu pai e via a final da Liga dos Campeões. Eram dois colossos do futebol europeu, sim, mas só isso. Sem preferências, sem nada que me levasse a torcer mais por um do que por outro. Até que aconteceu. Foi amor à primeira vista. Vi, apaixonei-me e não mais quis outra. Não pensei sequer noutra equipa. A partir daquele momento o meu coração ganhou o único vermelho que tem até hoje: o do Liverpool Football Club.
Apaixonei-me pela equipa que regressou do intervalo, por aqueles quinze minutos e, a partir daí, por tudo o que isso envolvia: os adeptos, a história, a filosofia. Simplesmente apaixonei-me. Sabem do que falo – por vezes é difícil explicar. Tentamos escolher um momento e um gesto, algo que ‘fez o clique’. Para mim, foram aqueles quinze minutos.
Dudek, o derradeiro herói. O bailarino da linha de baliza, o extravagante. O salva-tudo naquela série de penalties. Fonte: www.sikids.com
Hoje, longe de pela primeira vez (houve uma final disputada depois disso, entre outras edições que se sucederam), o Liverpool Football Club regressa ao maior palco do futebol europeu. O palco onde já celebrou por cinco vezes; o palco onde nunca um emblema inglês foi tão feliz. Foi preciso lutar muito, sofrer muito e até chorar. Foi preciso ver partir, chegar e não gostar; foi preciso duvidar e criticar; mas, acima de tudo, foi preciso ter paciência. Aceitou-se, reconheceu-se, elogiou-se. Cresceu-se. Anfield cresceu, os adeptos cresceram, a equipa cresceu.
O Liverpool está de volta e com ele uma das mais bonitas histórias de amor. Não apenas a do clube e a da Europa, que já por tantas vezes o trocou, mas entre os adeptos e a competição. Essa, nunca a trocámos. Sempre sonhámos com ela e sempre nos declarámos. Hoje, voltamos com esperança renovada. Ela é nossa e não a queremos ver partir.
Terminaram as grandes voltas e, este ano, não há dúvida nenhuma: a Vuelta foi a prova mais espectacular do ano. O elenco, à partida, já prometia muito e, felizmente, estiveram todos à altura. Até Quintana, que até ao momento da queda (sim, mais uma vez uma queda levou-nos um dos mais fortes candidatos à vitória final) vestia de vermelho. Acabámos com um top 5 de LUXO: Contador, Froome, Valverde, Rodriguez e Aru. Todos em grande forma, todos com vontade de vencer, todos separados por menos de 5 minutos. Houve muita montanha, houve muitos ataques, houve muita emoção e houve muito equilíbrio. Repetidamente, nas mais duras montanhas, o pelotão ia sendo reduzido por eliminação e sobreviviam os mesmo cinco. Lado a lado, a fazerem marcação apertada uns aos outros. Vários episódios da mesma história, que terminou com dois vencedores: Contador e o público.
Alberto Contador venceu a sua terceira Vuelta! Fonte: roadcyclinguk.com
OS DESTAQUES
Alberto Contador – Obviamente. O “pistoleiro” foi olhado com muita desconfiança no início desta Vuelta. Afinal de contas, vinha de uma lesão muito grave, resultante de uma queda no Tour, e dificilmente alguém apostaria nele para vencer a prova. Provou a todos que estavam enganados. Venceu e convenceu. Claramente o ciclista mais forte da edição deste ano.
Alejandro Valverde – Foi apontado como uma das maiores desilusões do Tour 2014. Pela primeira vez, vinha para esta Vuelta para trabalhar para Quintana em vez de ser o líder. Eu previ que Valverde vinha com vontade de mostrar que as notícias da sua “morte” tinham sido manifestamente exageradas. Venceu uma etapa, andou vestido de vermelho e fez mais um pódio numa grande volta. Ainda temos Valverde!
Fabio Aru – Finalizou a prova dentro do top 5, venceu duas etapas e atacou que se fartou. Um ciclista do futuro que cada vez é mais o presente.
John Degenkolb – Numa prova tão voltada para as montanhas, não podemos ser injustos e esquecer quem também brilhou a alto nível na baixa altitude. Degenkolb foi o homem mais forte nas chegadas rápidas. Venceu quatro etapas e trouxe para casa a camisola verde. Excelente prova do alemão.
Degenkolb a festejar uma das suas quatro vitórias Fonte: eurosport.com
A SURPRESA
Alberto Contador – É verdade, tenho de repetir o espanhol. Como já tinha dito, ninguém esperava que Contador se apresentasse nesta forma. Numa prova que não teve grandes surpresas, a maior acabou mesmo por ser o vencedor final.
AS DESILUSÕES
Froome e Rodriguez – Na realidade, a prova foi tão boa que não houve grandes desilusões, mas, apesar de ser estranho colocar dois ciclistas que fizeram 2º e 4º, respectivamente, nesta categoria, a verdade é que Froome e Rodriguez acabaram por ser as maiores desilusões da prova. Não por terem estado em mau nível (longe disso!), mas por terem sido os únicos do top 5 que não conseguiram conquistar uma etapa na Vuelta deste ano. Eles bem tentaram, mas nunca foram os mais fortes do dia.
A queda de Quintana – Não há muito a dizer. Mais uma vez, uma queda retira precocemente da prova o principal favorito à vitória final numa grande prova. Ano desgraçado, este!
De outra forma não poderia ser, está destinado: a fase de grupos da Liga dos Campeões regressa esta quarta-feira ao Estádio do Dragão e com ela o aumento de ritmo e exigências competitivas e as ambições azuis e brancas. Os nervos (de ferro), esses, também crescem, mas nós – portistas – gostamos de os ter.
Desde pequenino que estou habituado à melhor competição do mundo de clubes. Cresci a ver o Porto jogar encontros europeus; cresci com o Porto a ganhar a competição. Para mim, época portista que é época portista joga-se na Champions, ou… Ganha-se na Liga Europa!
Tenho saudades do hino. Daquele hino que nos arrepia e faz sonhar com a final. Tenho saudades de ver o Dragão ‘vestido’ com as estrelas da UEFA e de gritar “golooooo!” num encontro europeu – tem outro encanto, por todo o percurso que foi necessário até chegar àquele momento. Mais do que isso, tenho saudades (e fome) do ‘mata-mata’.
Herrera e Brahimi – os comandantes da armada portista frente ao conjunto francês Fonte: ZeroZero
Este ano, o Futebol Clube do Porto dá indícios de ter uma equipa claramente mais equilibrada e forte do que no último par de épocas. Como tal, e depois de uma boa eliminatória frente ao Lille, não se pode esperar outra coisa que não a passagem da fase de grupos. É esse o nosso objectivo; é esse o nosso dever enquanto equipa habituada a ganhar. Porque só assim pode ser: ganhamos porque somos ambiciosos e sancionamos quando não cumprimos as metas delineadas.
Quarta-feira, quando o hino tocar em pleno Dragão, começa uma nova etapa. A nossa etapa. E todos juntos venceremos.
O FC Porto deixou cair os primeiros pontos na Liga Portuguesa, ao não ir além de um empate a 1 golo, esta tarde, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães. Do lado portista, mais do mesmo: Julen Lopetegui voltou a não repetir o onze da jornada passada, na vitória em casa frente ao Moreirense, e para além da troca de Óliver por Herrera, decidiu colocar de início Ruben Neves e Quintero nos lugares de Quaresma e Ádrian López. Do lado do Vitória de Guimarães, destaque para as entradas de Bruno Gaspar para o lado direito da defesa e de David Caiado para o ataque, por troca com o castigado Nii Plange e o lesionado Alex.
Os primeiros minutos da primeira parte trouxeram um Vitória muito atrevido em campo, com André André a pautar os ritmos de jogo de um meio-campo que tinha em Cafú, jogando à frente do quarteto defensivo, o elemento equilibrador e em Bernard o homem que fazia a transição com o tridente ofensivo vitoriano. Nos primeiros trinta minutos da partida, o FC Porto nunca conseguiu entrar no último terço do terreno, pois Jackson Martinez estava muito desapoiado no ataque e Quintero, descaído para a ala direita, nunca conseguiu criar desequilíbrios na defensiva contrária. No primeiro terço do encontro destaque, por isso, apenas para um remate fraco de João Afonso que permitiu a defesa de Fabiano e para um remate de Brahimi que acabou nas mãos de Douglas. Depois da interrupção de jogo de sete minutos, motivada por confrontos entre a claque vitoriana e a PSP no topo sul do D. Afonso Henriques, os portistas entraram melhor e até final Brahimi podia ter colocado os portistas em vantagem. Nos últimos 10 minutos do primeiro tempo, dois lances polémicos na área vitoriana: Brahimi, na melhor oportunidade portista na primeira parte, foi puxado pelo braço antes do remate; enquanto Hernâni tocou com o braço na área de Douglas, já bem perto do intervalo.
Jackson Martínez voltou a marcar – com 5 golos, continua no topo da lista dos melhores marcadores Fonte: zerozero.pt
Na segunda parte, tudo foi diferente, com o FC Porto a ser muito mais rápido e incisivo: Danilo e José Angel incorporaram-se muito mais no jogo ofensivo, enquanto Herrera dinamizou mais o meio-campo. Com a entrada de Evandro para o lugar do apagado Rúben Neves, a equipa de Lopetegui soltou-se mais no terreno e não foi de estranhar a chegada do golo, numa grande penalidade apontada por Jackson Martinez que deixou os portistas em vantagem na cidade-berço. Contudo, quando o FC Porto se preparava para baixar as linhas e controlar o jogo, à semelhança do que tem feito esta época, o Vitória acabou por chegar ao golo no primeiro remate da segunda parte: novamente da marca dos 11 metros, Bernard assinou o seu quarto golo no campeonato e empatou a partida no D. Afonso Henriques. Até ao final, a equipa de Rui Vitória limitou-se a defender, enquanto o FC Porto continuou a esbarrar na defensiva contrária sem criar verdadeiro perigo. Ainda assim, um golo mal anulado a Brahimi (o argelino estava em linha com o último defesa vitoriano) e uma oportunidade escandalosamente perdida por Jackson levaram o FC Porto a não conseguir mais do que um empate, deixando-se apanhar pelo Benfica na liderança e não conseguindo colocar em 6 pontos a diferença para o Sporting. Quanto ao Vitória de Guimarães, uma exibição com muita garra e alma foi decisiva para o conquistar de um precioso ponto, num jogo onde os vimaranenses aproveitaram um erro contrário para marcar o primeiro golo e tirar os primeiros pontos à equipa de Julen Lopetegui.
A Figura
Brahimi – O argelino foi, de longe, o melhor em campo no D. Afonso Henriques. Sempre o mais desestabilizador no ataque portista, Brahimi ganhou o penalty convertido por Jackson, sofreu outro no primeiro tempo e ainda fez um golo limpo que Paulo Baptista anulou.
O Fora-de-Jogo
Rúben Neves – Uma exibição muito apagada do jovem jogador portista, sempre longe daquilo que o jogo pedia. Começa a ficar curto o espaço para a contínua titularidade de Rúben no onze portista.
Talvez te tenham dito demasiadas vezes que o Sporting é um clube grande. Que há outras expectativas; que agora todos os olhos se colaram a ti, sem pestanejar, durante dias, semanas, meses ou o tempo que o insucesso demorar a aparecer. Esquece tudo isso. Sê tu mesmo e confia nas convicções que te fizeram cá chegar. Maurício e Sarr?
Nem tu acreditas nisso, Marco.
O jogo de hoje foi, se quiseres ser optimista, um abre-olhos. À 4ª jornada não há mundos perdidos mas pode haver muitas lições aprendidas. Depende da forma como se encaram as derrotas. Afinal, sempre ouvi dizer que o prazo do insucesso é determinado pelos derrotados. E assim será com o Sporting que, neste momento, se encontra derrotado.
“Não fomos eficazes, é a ilação que tiramos da partida”
Já depois de ter escrito os primeiros parágrafos deste artigo, li as tuas declarações que coloquei em cima. Se a única ilação é que a tua equipa não foi eficaz, mais derrotas virão. Vejamos:
Patrício; Esgaio, Maurício, Sarr, Jefferson; William, Adrien, André Martins; Carrillo, Nani e Slimani. Foi assim que começou o Sporting frente ao Belenenses. No corredor central, Patrício, Maurício, Sarr, William, Adrien, André Martins e Slimani. À excepção de William e André Martins e, com muita bondade à mistura, de Adrien, nenhum dos outros cumpre o bê-á-bá exigível para se ser jogador de futebol, ou seja, a capacidade de receber, enquadrar, progredir e passar a bola jogável. E tu, melhor do que qualquer um dos adeptos, sabes o quanto isso é importante, ainda por cima no mais importante dos corredores do jogo, não sabes? Sabes. Mas por alguma razão ainda tentas(te) ganhar jogos de futebol sem atletas que o pratiquem. Explica-me, Marco.
E o jogo até começou favorável. Na verdade, foi-o até final. O Belenenses é para lá de fraquinho, e digo-o com a tristeza de quem cresceu a simpatizar com o clube. Foi anedótico o número de vezes que entregaram a bola no segundo ou terceiro passe da sua construcção, bem dentro do próprio meio-campo. Numa dessas vezes, Carrillo aproveitou e marcou. Nas outras, não foram eficazes. Ou competentes? Para além dos erros de palmatória que a equipa de Vidigal foi tendo o luxo de poder cometer, o Sporting deparou-se com um cenário raro no futebol dos nossos dias: jogou com 10 de campo mas o adversário só se importava com 8. Sarr e Maurício podiam ir quase até à área contrária sem oposição… mas não queriam. Ou não sabiam? O futebol não se esgota num momento do seu jogo e os defesas não servem só para defender nem os avançados só para atacar, Marco. Mas tu sabes disso.
Provaste-o no Estoril, lembras-te?
Pelo meio, no único ataque do Belenenses que assim pode ser apelidado, Maurício decidiu ir pressionar quem faz o cruzamento à linha, concedeu esse cruzamento e, no momento em que a bola acabou por chegar ao espaço de finalização – já depois de outro cruzamento!! -, ele ainda lá estava a recuperar, ou fora da área ou muito perto disso. Como vais abordar este lance durante a semana sem que o teu central não deixe de se sentir jogador de futebol, Marco?
Quando a bola chega ao avançado do Belenenses, Maurício nem sequer aparece perto do adversário
A primeira parte terminou ainda com dois lances em que Slimani finalizou diante de Matt Jones (grande jogo, rapaz!) quando tinha um colega – em cada uma das jogadas – sem qualquer tipo de oposição ao lado. O bê-á-bá que referi também contempla a capacidade de fazer todo o mencionado mas de cabeça em cima. Faltou-lhe isso nesses momentos como faltam tantas outras coisas em tantos outros momentos ao ponta-de-lança argelino. A finalização no ar é só um ínfimo momento de tudo o que o jogo requer. Não te esqueças do Montero nem te esqueças que a equipa é refém das ideias dos seus praticantes. E as ideias de Montero em nada se comparam às de Slimani. O Sporting ganha quer os golos sejam do avançado ou do lateral.
“Na segunda parte foi mais do mesmo…dominámos o jogo mas jogámos com mais ansiedade e…com o coração…”
E dizes isso com a consciência de que o jogo se joga com a cabeça, não dizes? Desculpa-me a ousadia – não duvides de que sou admirador de tudo o que tens feito -, mas onde estava a tua quando tiras o que estava a ser o teu melhor médio? Desafio o mais paciente ao exercício de contar as perdas de bola que Adrien teve ou proporcionou aos colegas. E saiu o André Martins? Marco, Marco, esquece que o Sporting é um clube grande e que nos clubes grandes os egos e os estatutos têm de ser respeitados.
A segunda parte foi como dizes: mais do mesmo. Mais de más decisões, de más ideias, da falta de qualidade quando a bola chegava ao nosso avançado, da falta de qualidade quando a bola passava pelos nossos centrais que, sem recurso a estatísticas, diria que foram quem mais teve a bola nos pés. E assim é complicado. Pelo meio ainda deu para o Sarr fazer um balão desde o meio-campo para o Patrício ou para o mesmo proporcionar a melhor oportunidade da 2ª parte ao avançado do Belém. Tu, que estás com eles todos os dias, não achas que o Oriol daria (e mereceria!) um lugar no eixo da defesa? Tem o bê-á-bá, pelo menos. E parece-me inteligente: faria tudo o que entendes que um central deve fazer. E os que jogaram não fazem, pois não?
No fundo, quem tem razão é o Nani. “Temos de fazer muito melhor e ganhar experiência em campo”. Têm de fazer mesmo muito melhor, mas não te assustes. Tudo melhora assim que passes a praticar aquilo que fez com que todos te admirassem. O colectivo acima dos estatutos, os melhores a jogar e as ideias correctas. Não vão ganhar sempre, mas vão estar sempre mais perto de ganhar. Pensa nisso, Marco. À 4ª jornada não há mundos perdidos.
No derby de Madrid surgiram duas equipas que estavam mais concentradas em não perder do que em ganhar, sobretudo o Atlético de Madrid, que se apresentou com uma linha intermédia inteiramente formada por médios centros de raiz. No Real Madrid, CR7 surgiu mais móvel do que o habitual, tentando aproveitar a maior propensão ofensiva de Siqueira. Até ao golo de Tiago, as duas equipas pouco tinham feito por merecer o golo. O Real fez pouco por culpa da constante pressão do Atleti, enquanto aos homens de Simeone parecia faltar um elemento mais móvel que ligasse meio-campo e frente de ataque. No entanto, num lance de bola parada – um dos pontos fracos dos blancos -, Tiago respondeu da melhor forma ao cruzamento de Koke. Aos 24 minutos, pouco após uma grande defesa de Moya a um livre de Bale, Ronaldo surgiu na direita, pedalou em frente a Siqueira e sofreu grande penalidade. Ronaldo não desperdiçou a oportunidade e o jogo ficou empatado. Os homens de Ancelotti cresceram após o golo, com Ronaldo a surgir frequentemente com perigo pela direita. Aos 33 minutos os merengues podiam mesmo ter chegado ao golo, não fosse a perdida de Benzema.
O golo de Ronaldo foi insuficiente para dar a vitória ao Real Fonte: cuatro.com
Jogo empatado ao intervalo e um Real Madrid muito inferior a si mesmo no reatar da partida: mantendo o domínio na posse de bola, foi falhando progressivamente mais passes. James manifestava clara dificuldade em ser o elo de ligação entre o setor intermédio e a frente que era Di Maria na época passada. Até aos 65 minutos o jogo decorreu em lume brando. Mas o Atlético mexeu bem, ao contrário do Real, e isso viria a decidir o jogo. Griezmann e Arda Tura agitaram o jogo e conquistaram eles próprios a vantagem para o Atleti, num lance em que Isco ficou francamente mal na fotografia. Com o decorrer dos minutos, Tiago permanecia incansável e bloqueava a maioria das tentativas do Real Madrid para chegar ao golo, e por isso para mim é o homem do jogo. O Real voltou a perder, não só por culpa de Griezmann e Arda mas também porque baixou a intensidade de jogo quando a devia ter mantido ou até subido.
A Figura
Tiago – O médio português parece não demonstrar sinais de envelhecimento. Trabalhou por 3 ou 4 jogadores e mostrou, mais uma vez, que a idade não é tudo.
O Fora-de-Jogo
Raúl Jimenez – O avançado mexicano pouco se notou em jogo e quando teve a bola em seu poder não demontrou a mobilidade necessária para compensar a falta de ligação entre defesa e ataque.