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O melhor campeão de sempre

O Bayern München é, na minha opinião, o melhor campeão da história do futebol. Nunca nenhuma equipa lhe conseguiu fazer frente, e prova disso são as 25 vitórias em 28 jogos, tendo como resultados menos favoráveis três empates (um deles já como campeão, contra o Hoffenheim).

Pep Guardiola levou o tiki-taka a um outro nível, fazendo com que este se tornasse não tão enfadonho como no Barcelona, mas mais vertical e mais ofensivo, com jogadores muito mais fortes fisicamente, como Javi Martínez, Thomas Muller ou Thomas Müller.

O técnico catalão mal chegou à Baviera e fez com que Philipp Lahm deixasse a lateral direita, e tornou-o no único pivot defensivo, desfazendo a táctica anterior de Jupp Heynckes, que apostava em dois jogadores para a posição. Lahm foi fundamental no relógio da equipa, fez com que surgisse um equilíbrio ainda maior entre a defesa e o meio campo, e, ainda mais importante, libertou um jogador, Schweinsteiger, para se juntar ao carrossel ofensivo.

Mas, se a época passada já tinha sido brilhante, com a chegada de Thiago Alcântara e Mario Götze, a presente teria tudo para ser ainda melhor, e a verdade é que, pelo menos internamente, está a ser. Estes jogadores foram fundamentais, e os responsáveis do clube não devem estar nada arrependidos de gastar uma fortuna neles.

Götze chegou do Borussia Dortmund por 37 milhões de euros, enquanto Thiago Alcântara deixou o Barcelona por 25 milhões Fonte: Fmkorea.net
Götze chegou do Borussia Dortmund por 37 milhões de euros, enquanto Thiago Alcântara deixou o Barcelona por 25 milhões
Fonte: Fmkorea.net

Thiago Alcântara trouxe com ele o perfume, a velocidade, a imprevisibilidade e a técnica do tiki-taka catalão. Apesar da sua aparente fraqueza física, é mais forte do que muitos alemães na disputa pela bola. É dono de um remate de elevado recorte técnico e faz do seu passe longo uma das suas maiores qualidades. Esta época foi importante, não só como uma aposta vinda do banco, mas surgindo muitas vezes a titular no centro do terreno, com Schweinsteiger, Kroos ou Muller. O ‘Golden Boy’ de 2011 não parecia estar satisfeito com os minutos que estava a ter em Barcelona, portanto reencontrou-se com Guardiola em München. Não podia ter decidido melhor – leva três golos em 25 jogos.

Mario Götze já vinha rotulado como grande jogador mundial, e não apenas ainda uma promessa, como o seu colega de equipa. Era uma pedra fulcral no Borussia Dortmund, clube pelo qual venceu por duas vezes a Bundesliga e ainda o carregou às costas. Guardiola usa-o várias vezes na posição mais avançada do terreno, mesmo sendo ele um 10 puro. Quer fazer dele uma espécie de Messi do Bayern München, um falso 9, que troca muitas vezes com Thomas Müller e que vai muitas vezes à ala, permitindo a deslocação de Robben, Ribéry ou Shaqiri para o centro. Até à data, participou em 34 partidas, tendo marcado 12 golos, um deles em pleno Signal Iduna Park à sua antiga equipa.

Com jogadores goleadores como este, e falando ainda de outros, como Müller, Robben, Ribéry, Schweinsteiger e Kroos, quase não era preciso haver pontas de lança nesta equipa, mas eles existem e também marcam que se fartam. Mario Mandzukic é o melhor marcador da Bundesliga, com 17 golos marcados, e o melhor marcador da equipa, com 23 em 39 jogos. Há espaço ainda para o veterano Claudio Pizarro – o peruano de 35 anos soma 396 minutos na Bundesliga, o suficiente para marcar cinco golos.

A baliza está entregue ao melhor guarda-redes do mundo. Manuel Neuer provou-o mais uma vez esta época, tendo sofrido apenas 13 golos em 2340 minutos, tendo três deles sido sofridos no mais recente empate do Bayern München, frente ao Hoffenheim, tendo o Bayern já garantido o título na jornada anterior, em Berlim.

A defesa é provavelmente o sector menos forte da equipa. Dante, Badstuber, Boateng, van Buyten e Javi Martínez, que também faz a posição, são bons mas não parecem ter a mesma qualidade do ataque e do meio campo. São suficientes, sim, mas, num plantel destes, um jogador da qualidade de Mats Hummels, David Luiz ou Thiago Silva não caía nada mal.

Os anos não parecem passar por Lahm e Schweinsteiger Fonte: Bilder.de
Os anos não parecem passar por Lahm e Schweinsteiger
Fonte: Bilder.de

O meio campo é, sem qualquer dúvida, o melhor, o mais polivelente e o que mais soluções apresenta no mundo inteiro. É quase um pecado ter Kroos, Javi Martínez, Schweinsteiger, Götze, Thiago e Müller, tendo de deixar quase sempre, pelo menos, dois destes de fora. Fazem da posse e da verticalidade o seu modo de jogo, e que bem que o fazem. Quando estão inspirados, fazem arte, dão um espetáculo melhor que ópera.
Estão com uma equipa excelente, não deverão ter nenhuma saída relevante no Verão e ainda vem Robert Lewandowski, um dos melhores avançados do Mundo. Se esta equipa já faz o que faz, como será com mais este nome?

Guardiola é fantástico, os jogadores são os melhores, o estádio é assombroso, o ambiente é frenético, a mentalidade é excelente. Tudo isto fez do Bayern München o melhor campeão de sempre.

Nacional dá passo de gigante rumo à Liga Europa

futebol nacional cabeçalho

A cinco jogos do final da Liga Zon Sagres, o Nacional da Madeira está cada vez mais perto de garantir o apuramento para a Liga Europa. A vitória sobre o campeão em título Porto valeu-lhes não só três pontos como também um avanço de seis sobre os lugares que não dão acesso à Europa. Recorde-se que os madeirenses não estão numa competição europeia desde 2010/2011.

O rei dos empates na Liga (11) teve um começo de época nada promissor. Em quatro jogos somou apenas quatro pontos, o que deixou o Nacional um pouco aquém do esperado para uma equipa que tem sempre como objetivo a presença na Liga Europa. Com o experientíssimo Manuel Machado ao volante, o Nacional conseguiu melhorar o seu futebol. A equipa de Machado tem o terceiro melhor registo de derrotas, apenas cinco (Sporting e Benfica têm menos).

Apesar da boa campanha para a Liga, o Nacional não se saiu nada bem nas outras competições internas. Na Taça de Portugal caiu logo na 3ª eliminatória diante do Santa Maria, clube de Braga que milita no Campeonato Nacional de Séniores. A saída precoce deixou descontentes os representantes do clube e o cargo de Manuel Machado ainda andou tremido.

Nacional na fatídica derrota com o Santa Maria.  Fonte: Cdnacional.pt
Nacional na fatídica derrota com o Santa Maria
Fonte: Site Oficial Nacional da Madeira

O técnico natural de Guimarães manteve sempre a calma e, com o seu habitual discurso cauteloso para com os media, conseguiu apaziguar toda essa polémica, dando resposta com o crescente exibicional e consequente aumento pontual na principal competição do futebol português, o campeonato.

Na Taça da Liga, o grupo não foi o mais acessível. A derrota com o Benfica (1-0), o empate com o Gil Vicente (2-2) e a vitória sobre o Leixões (2-0) de nada valeram sobre o poderio das águias que venceram o grupo com nove pontos e sem golos sofridos. Menos uma competição para Manuel Machado e para o Nacional, que agora se agarram com unhas e dentes à Liga Zon Sagres.

Apesar dos seis pontos de avanço sobre a Académica e o Braga, não se avizinha fácil a tarefa dos madeirenses. Nestes últimos cinco jogos têm três fora (Gil Vicente, Setúbal e Paços de Ferreira) e dois em casa (Sporting e Marítimo). Se fizermos as contas tendo em vista a primeira volta, nestes cinco jogos, o Nacional conquistou nove pontos. Se fizer o mesmo registo ou melhor, está na Liga Europa.

Os problemas agora residem em diferentes áreas. O Paços de Ferreira ainda não garantiu a salvação, o Sporting ainda sonha com o título (muito difícil) e o Marítimo ainda não está fora da Liga Europa. Portanto, podemos concluir que a tarefa dos pupilos de Machado será árdua até meter os pés na Europa.

Quanto às individualidades dos madeirenses, Rondón com nove golos e Djaniny com sete são os principais artilheiros a fazer balançar as redes adversárias.

Mário Rondon é o melhor marcador do Nacional Fonte: Cdnacional.pt
Mário Rondon é o melhor marcador do Nacional
Fonte: Site Oficial Nacional da Madeira

O próximo jogo pode deixar já quase tudo decidido. Os madeirenses vão a Setúbal e em caso de vitória podem tirar partido de eventuais deslizes do Braga,  contra o aflito Olhanense, e da Académica, no Porto.

Até à Páscoa saberemos certamente se, três épocas depois, o Nacional da Madeira volta a marcar presença numa competição europeia.

Alta intensidade e uma segunda mão que promete

Os quartos-de-final da Champions League tiveram um início prometedor. O Atlético de Madrid conseguiu empatar em Camp Nou (1-1) e leva uma vantagem importante para o Calderón, onde o Barça terá uma missão muito complicada. Em Old Trafford, o Manchester United dificultou a vida ao Bayern mas o empate a 1 golo deixa o conjunto de David Moyes a precisar de uma exibição épica na Alemanha para seguir em frente.

No duelo entre 1º e 2º da liga espanhola aconteceu o resultado habitual: o empate. Este foi o quarto jogo da temporada entre Barcelona e Atlético, e ainda nenhuma das equipas conseguiu vencer. O resultado em Camp Nou agrada particularmente ao conjunto de Simeone, que sofreu para aguentar o forcing final dos catalães. O Barça acordou na última meia hora – período em que encostou os colchoneros à sua grande área -, mas na maior parte do encontro os madrilenos conseguiram anular o ataque da turma de Tata Martino. O Atlético impôs novamente a sua estratégia defensiva, com duas linhas de 4 e um bloco muito agressivo (até em demasia) na pressão e na recuperação. No entanto, com a saída de Diego Costa, que se lesionou ainda na primeira parte, a equipa recuou em demasia e perdeu capacidade de chegar à área contrária. Simeone tem uma grande dor de cabeça para a segunda mão.

Com menos Messi do que aquilo que seria de esperar, foi Iniesta quem carregou o Barça. O médio, com uma segunda parte fantástica (na primeira perdeu muitas bolas), foi protagonista no lance do golo do empate, com um passe genial para Neymar – bem melhor na esquerda do que na direita – bater Courtois. Antes, Diego, que tinha entrado para o lugar de Diego Costa, marcou um golaço de fora da área. O brasileiro fez um excelente jogo e mostrou novamente que a sua carreira poderia ter tido outros voos. Do lado do Atlético, o colectivo é mesmo a maior força. Ainda assim, destaque para Courtois, decisivo na manutenção do empate; para a dupla de centrais composta por Godín e Miranda, que fez uma exibição irrepreensível; e para o português Tiago, que apresentou uma intensidade incrível e recuperou inúmeras bolas. Na equipa do Barça, ficou claro que Pinto – ofereceu duas ocasiões ao Atlético – está muito longe do nível de Valdés. Bartra, que entrou para o lugar do lesionado Piqué, fez um jogo extremamente competente e provou que, se houver aposta, pode ser um central de categoria. Busquets foi enorme no meio-campo, tanto na recuperação como na saída para o ataque (notável a forma como percebe quando deve meter um passe vertical ou lateralizar), ao contrário de Xavi e Fàbregas, que estiveram muito apagados.

Courtois salvou o Atlético Fonte: AFP
Courtois salvou o Atlético
Fonte: AFP

Apesar da época menos conseguida do Manchester United, a deslocação do Bayern de Munique a Old Trafford não foi o passeio que se esperava. Os bávaros foram naturalmente superiores, mas tiveram dificuldades para ultrapassar o bloco defensivo dos red devils. Robben foi o elemento mais activo da equipa de Guardiola e aquele que mais desequilíbrios criou. O holandês esteve, porém, bastante desacompanhado. Ribéry esteve apagado, Kroos não teve a influência que teve no Emirates contra o Arsenal e Müller foi anulado pelos centrais contrários. Schweinsteiger concluiu um belo lance de ataque para fazer o empate, mas foi expulso já na recta final do encontro e é baixa para a segunda mão, tal como Javi Martínez. Destaque ainda para a excelente exibição de Alaba, muito dinâmico e a fazer valer a sua polivalência (jogou a lateral, médio e extremo).

O conjunto de Moyes reconheceu as suas limitações e tentou não se expor demasiado. A equipa cumpriu defensivamente – Vidic e Ferdinand estiveram em bom plano -, mas ofensivamente, para não variar, só deu Rooney (o golo de Vidic surgiu na sequência de um canto). O craque do United deu continuidade ao grande momento em que se encontra e fez mais uma exibição excepcional, mostrando toda a sua qualidade técnica e intensidade. No extremo oposto, Fellaini esteve simplesmente terrível. O belga, desde que se mudou para Old Trafford, ainda não conseguiu convencer e nesta fase parece um jogador banal, tal é a lentidão e displicência que apresenta. Nota ainda para o falhanço incrível de Welbeck, que certamente terá consequências na eliminatória. É pouco provável que o conjunto de Moyes vá vencer à Allianz Arena, mas está tudo em aberto e no futebol não há impossíveis.

Dar o corpo às balas

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Há muito que o futebol português vive num clima absurdo de facciosismo, fruto de termos uma população onde todos somos treinadores de bancada formados pela grande universidade que é o Football Manager. Não é preciso ser um doutorado em Desporto para saber comentar futebol mas daria jeito se as pessoas conseguissem fazê-lo sem utilizar os filtros dos seus respectivos clubes.

Há facciosos em todos os clubes, não é por eu ser do Porto que alguma vez diria que só os há nos clubes de Lisboa, porque estaria eu mesmo a ser absurdamente faccioso. Tenho amigos benfiquistas, portistas e sportinguistas que sabem ver e comentar futebol, como tenho amigos benfiquistas, portistas e sportinguistas que de futebol sabem zero, e a sua opinião futebolística remete-se àquilo que são as conversas de café ou os discursos dos seus adorados e idolatrados presidentes.

Falar de Quaresma é falar de um caso ideal na abordagem deste tema. Muitos querem-no na selecção – benfiquistas, portistas e sportinguistas sabem ver que de momento a lista de bons extremos portugueses convocados habitualmente começa e acaba em Cristiano Ronaldo (sendo que Nani é uma incógnita). Outros recorrem a factos passados e actuais para negar a sua chamada, afirmando que, independentemente de quem seja chamado para a sua posição, Quaresma jamais/nunca/só-por-cima-do-meu-cadáver deverá ir ao Brasil.

Longe de mim chamar faccioso a quem não quer a chamada de Ricardo Quaresma para o Brasil. Muitos terão razões fortes o suficiente que sustentem a argumentação de uma não chamada do segundo melhor extremo português da actualidade (e não, não é por ser portista que o digo) e eu terei pelo menos que as ouvir. Agora, o primeiro caso em que Quaresma age mal, a primeira controvérsia desde o seu regresso ao Porto, o primeiro “ataque” de temperamento que o Mustang tem serve de argumento para não ir ao Mundial? O que ele fez foi errado pois, ainda que o tenham insultado ou picado o jogo todo, ele não pode e não deve reagir assim, claro que não… Mas é mesmo isso que que pesará numa balança de prós e contras relativamente à sua chamada? Ou serão as excelentes exibições que tem vindo a fazer no Porto nestes últimos três meses?

A atitude de Quaresma não foi a melhor, mas jamais deverá ser motivo para este não ir ao Brasil  Fonte: Mais Futebol
A atitude de Quaresma, não sendo a melhor, jamais deverá ser motivo para o afastar do Brasil
Fonte: Mais Futebol

 

O número 7 portista nunca tomou as melhores decisões na sua carreira, excepto as suas vindas vindas para o Porto, e o próprio já o admitiu. Mas até quando deverá ser punido por isso? Se no dia que voltou estava gordo e lento, agora está o quê, demasiado magro e rápido? Porque, se abordarmos apenas questões de temperamento, teríamos de ir mais longe e falar de quando Pepe andou a pontapear jogadores em Espanha, por exemplo, e aí não me parece que tenha havido grande pressão para o jogador nunca mais voltar a ser convocado para a selecção (sim, não esquecer que Quaresma não foi expulso porque efectivamente nada fez, só nosso país há todo um burburinho numa situação destas).

Custa-me que para muitos o real problema de Quaresma não seja o seu talento, o seu temperamento, a sua perda de bolas, ou o seu individualismo. Quaresma tem o problema de ser do Porto, como tantos outros que só foram aceites a nível nacional depois da sua saída para fora. Quando num país a maior discussão sobre extremos convocáveis engloba Ivan Cavaleiro e Carlos Mané, parece-me claramente que se trata de uma questão de facciosismo. Oxalá Quaresma vá ao Mundial e marque um golo decisivo; oxalá, porque, quando o fizer, quero que não se levantem das cadeiras a festejar, engulam em seco, peguem no telemóvel e façam scroll no Facebook até o jogo recomeçar.

Nota: No último artigo disse que esta semana falaria sobre a época à Di Matteo que se poderia dar no Porto este ano, mas pela vontade de escrever sobre tudo o que se tem falado sobre Ricardo Quaresma, decidi adiá-lo por uma semana.

Surpresa nos quartos-de-final

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Os quartos-de-final da Taça de Portugal em Futsal realizaram-se no passado fim-de-semana, ocorrendo intensos e muito bem disputados jogos.

O Benfica viajou até à cidade de Braga, onde conquistou uma importantíssima e motivadora vitória. A equipa encarnada venceu por 2-1, num jogo em que se superiorizou face ao adversário. Entrou pressionante e ciente de que esta era uma equipa a eliminar, ou seja, não poderia de todo facilitar. Aos cinco minutos, e fruto desta boa entrada na partida, o Benfica inaugurou o marcador, por Rafael Henmi. Até ao intervalo, o resultado não sofreria quaisquer alterações. Este resultado era justo, mas relativamente perigoso devido à qualidade do adversário.

No segundo tempo, o Braga entrou muito bem e, logo no primeiro minuto, Tiago Brito estabeleceu a igualdade no jogo, relançando-o. A partir do golo da equipa da casa, o Benfica teve de correr atrás do resultado, e, aos 29 minutos, o capitão Gonçalo Alves coloca novamente os encarnados na frente da partida.
Até ao final, houve algumas oportunidades de golo, mas nenhuma se concretizou. Vitória da melhor equipa em campo, que demonstrou espirito de sacrifício, inteligência e união. Com este resultado, a equipa liderada por João Freitas Pinto está na Final Four da competição.

Festejos da equipa encarnada após marcar golo. Fonte: Slbenfica.pt
Festejos da equipa encarnada após marcar golo.
Fonte: Slbenfica.pt

O encontro entre Cascais e Modicus antevia-se muito difícil e equilibrado, não havendo nenhum favorito à vitória. O Cascais encontra-se em 10º lugar, com 22 pontos, enquanto o Modicus está em 9º, com 25 pontos (três de avanço).
Antes deste jogo, o Modicus venceu por 10-2 o Vila Verde, enquanto o Cascais perdeu em casa do Fundão, por 3-2. Sendo este um jogo a eliminar, os resultados anteriores não têm tanta relevância, contudo, vencer é sempre favorável. O Modicus venceu bem, estando entre os quatro apurados para a Final Four. Em consequência desta conquista, a equipa do Modicus está muito motivada e poderá até ser uma agradável surpresa.

A equipa do Fundão sentiu inúmeras dificuldades na sua visita a Gondomar, mais precisamente ao terreno do Unidos Pinheirense. A equipa da segunda divisão impôs muitas dificuldades à equipa de Fundão, todavia, a superioridade da equipa visitante sobrepôs-se à garra, coração e entrega da equipa da casa. O jogo terminou 2-3, com o Fundão a carimbar um lugar na elite da Taça de Portugal.

Para mim, a grande surpresa destes jogos foi a derrota dos Leões de Porto Salvo, no terreno do Arsenal Clube Parada, por 5-3. Recordo que a equipa da casa compete no terceiro escalão nacional, contrariamente aos Leões de Porto Salvo, que estão no quarto lugar do Campeonato Nacional de Futsal.
Ao intervalo, a equipa da casa vencia por uns surpreendentes 3-0. Grande jogo da equipa da casa contra uma péssima exibição da equipa visitante.

O grande finalizador Ré ainda reduziu para a diferença mínima (3-2), mas o Arsenal Parada tinha a lição muito bem estudada, e o sonho de estar na Final Four foi superior à qualidade que o adversário tinha na teoria, porque na prática não a demonstrou. A equipa da casa fez o 4-2; contudo, uma boa reação dos Leões permitiu-lhes fazer o 4-3, relançando novamente o jogo.
Em seguida, o Arsenal Parada estabeleceu o 5-3, mas os Leões de Porto Salvo voltaram a reduzir, ainda que este golo tenha vindo numa altura tardia. Vitória surpreendente da equipa da Maia, que alcançou um enorme feito que tem de ser obviamente enaltecido. Fica na retina uma enorme atitude dos rapazes da casa e uma boa segunda parte da equipa de Oeiras.

Resultados dos Quartos-de-final da Taça de Portugal Fonte: Zerozero.pt
Resultados dos Quartos-de-final da Taça de Portugal
Fonte: Zerozero.pt

Estão conhecidos os quatro finalistas da Taça de Portugal. A Final Four será disputada em Oliveira de Azeméis, no início de Maio, e atrevo-me a dizer que poderemos ter algumas surpresas, não tirando obviamente o favoritismo à equipa do Benfica.
São resultados como a vitória do Arsenal Clube Parada que fazem com que o Futsal se desenvolva, cresça enquanto modalidade e mude a mente de muita gente em relação à qualidade das equipas de escalões inferiores.

Quintero precisa de mais tempo

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Juan Quintero é um craque, um agitador de jogo e um jogador fantástico. É também jovem, imaturo e tem a cabeça quente. O colombiano tem potencial para ser um dos melhores jogadores da Liga Portuguesa e tem, seguramente, lugar na selecção da Colômbia. No Porto, é uma luz intermitente que até agora tem sido difícil de controlar. Uma coisa é certa: Quintero está a subir de forma e está a tornar-se o jogador de que o Porto precisa.

Após o desaire de ontem frente ao Nacional ficou patente que o Porto com Quintero consegue mais; consegue jogar melhor. Com uma primeira parte em que, tirando os primeiros dez minutos, quase não houve Porto, sentiu-se a falta de um médio criativo como Quintero. Foi apenas na segunda parte que Quintero foi lançado e o Porto cresceu no jogo. Num meio-campo que esteve muitos furos abaixo daquilo que é capaz de fazer, o colombiano foi, potencialmente, o melhor do miolo do Porto.

Após um período mau sob a orientação de Paulo Fonseca, em que não jogava, não era convocado e quando jogava não convencia ninguém, Quintero parece ter alterado o rumo dos acontecimentos. Com Luís Castro no comando técnico, a importância de Quintero aumentou. Começou a ser utilizado e a fazer o Porto crescer. Chegou até a ser decisivo como no jogo da passada jornada frente ao Belenenses em que, para além do golo, fez uma exibição de encher o olho e mostrou que é uma força a ter em conta.

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Ontem, voltou a ser renegado para o banco de suplentes, tendo apenas a sua oportunidade no segundo tempo. Tendo em conta os momentos de forma de Josué e Carlos Eduardo, sabendo que Defour e Fernando têm lugar garantido no onze, está na hora de o colombiano subir ao posto de titular. O Porto só tem a ganhar ao jogar com Quintero a titular. Na verdade, a única desvantagem pende sobre o facto de, quando entra, Quintero mexer no jogo. Porém, se o médio jogar de início têm a hipótese de mexer no jogo logo de início. Seja como for, Quintero mostrou que se está a tornar num jogador que merece mais do que apenas 45 minutos por partida.

Num ponto à parte, o jogo de ontem mostrou que o Porto precisa, muito, de melhorar os parâmetros defensivos para o resto desta época e para a próxima. Ontem deu para ver que Abdoulaye não está preparado para jogar pelo Porto e que Reyes tem o potencial para ser alternativa a Maicon e Mangala. No entanto, esta última dupla não tem, actualmente, ninguém com capacidade para lhes roubar o lugar.

Na verdade, não faz sentido que o Porto defenda tão mal. A equipa tem dois laterais incríveis, muito ofensivos mas que não comprometem na componente defensiva (Danilo e Alex Sandro), uma dupla de centrais fortes e experientes – incluindo aquele que é, para mim, o melhor central da Liga, Mangala – e, para além disso, tem Fabiano Freitas, que tem mostrado ser um grande guarda-redes, com ou sem a sombra de Hélton.

A derrota de ontem terá determinado definitivamente o terceiro lugar no campeonato para o Porto. A razão é simples: o ataque ganha jogos mas é a defesa que ganha campeonatos. Este ano, a defesa do Porto está abaixo daquilo que tem sido.

O talento é a cor da visibilidade – Entrevista a Ricardo Horta

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Ricardo Horta tem estado nas bocas do Mundo. Recentemente, foi nomeado para a lista do Sindicado de Jogadores Profissionais de Futebol para Melhor Jogador do mês de Março da Liga ZON Sagres. O internacional português, que marcou presença no Europeu Sub-19, na Lituânia, tem sido escolha habitual de José Couceiro e já soma seis golos nesta temporada pelo Vitória de Setúbal. Apesar do sucesso actual do avançado sadino, o caminho que traçou nem sempre foi rectilíneo. Mas, já dizia o provérbio, “a verdade e o azeite vêm sempre ao de cima”.

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Golo frente ao Paços de Ferreira
Fonte: Facebook – Ricardo Horta Fãs

Durante sete anos, vestiu e defendeu a camisola encarnada de águia ao peito. Porém, depois de uma época nos Juvenis A, foi dispensado. Quando fui dispensado do Benfica fiquei muito triste, mas mantive uma atitude optimista. Sabia que a vida não acabava ali e, no dia seguinte, procurei um clube para continuar a fazer aquilo de que mais gostava – jogar futebol. Nunca pensei, nem por um segundo, em desistir do meu sonho e pude contar com o apoio da minha família, em especial do meu irmão, que nesse momento também jogava no Benfica, e dos meus amigos. Até alguns treinadores que acharam que eu não tinha condições para continuar no clube me apoiaram. A dispensa tornou-me ainda mais forte psicologicamente e incentivou-me a trabalhar ainda mais”, sublinha.

O jovem jogador de 19 anos confessou que se sentia mais próximo de realizar o sonho de ser jogador de futebol profissional quando jogava no Benfica mas, ao mesmo tempo, desabafa que é também mais difícil porque se trata de  um clube onde estão concentrados os melhores jogadores, onde é preciso alcançar a excelência para fazer parte do lote de jogadores que vingam na equipa principal.

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O primeiro ano de Ricardo Horta no Benfica
Fotografia gentilmente cedida pelo entrevistado

Na época seguinte, chegou ao Vitória de Setúbal como júnior de primeiro ano. Refere que encontrou uma realidade completamente diferente e adianta: tive como único objectivo jogar o melhor possível para poder evoluir, mas só no final da época é que me afirmei como titular.”

Recorda sem amargura o seu primeiro jogo contra o Benfica. Nunca senti vontade de me vingar. Quando joguei contra eles pela primeira vez, estava muito motivado para mostrar que tinha valor para estar do outro lado, e queria provar aos dirigentes que tinham tomado uma má decisão ao me terem dispensado, conta.

Relembra o segundo ano de júnior, que diz ter sido o seu melhor, pois teve a oportunidade de marcar 22 golos num campeonato bastante competitivo. No Vitória, foram-me dadas oportunidades que não tinha tido e que me permitiram provar todo o meu valor; foi assim que assinei o meu primeiro contrato profissional. Chegar à primeira equipa do Vitória, ainda júnior, foi muito bom, deu-me mais maturidade para a transição formação/séniores, que avalio como sendo muito difícil para todos os jovens, remata. Agora, ao jogar na equipa profissional do Vitória, tenho a consciência de que todo o esforço que investi no meu percurso, lembrando-me dos bons e dos maus momentos, está a ser recompensado e estou extremamente feliz. Só tenho a agradecer aos dirigentes do Vitória de Setúbal, que apostaram em mim e que reconheceram o meu trabalho, acrescenta.

 

Agora, ao olhar para trás, com menos emoção e mais racionalidade, que factores achas que motivaram a tua dispensa?

O Benfica, sendo um clube de elite e um dos melhores clubes de formação na Europa, destina-se aos melhores jogadores e aos que dão mais garantias de futuro a um nível profissional. No meu caso, penso que a dispensa se deveu ao facto de ser um jogador baixo, franzino e com pouca massa muscular. Estas características iriam influenciar muito a minha utilização na época seguinte, como júnior de primeiro ano.

Que conselhos dás aos jovens atletas que passam pela mesma situação?

Nunca desistam dos vossos sonhos e nunca deixem de lutar e de trabalhar para os atingir! Não se deixem ir abaixo com uma dispensa ou empréstimo de um clube grande. Se continuarem sempre focados no vosso sonho, ele vai concretizar-se, independentemente de ser num clube com maior ou menor visibilidade desportiva. Sabemos que para ser jogador profissional é preciso ter alguma sorte, mas essa sorte é fruto de muito esforço e suor e, muitas vezes, temos de abdicar de coisas que fazem parte do processo normal da nossa juventude, mas acreditem que vale a pena. Nunca desistam dos vossos sonhos por maior que seja o obstáculo, é esse o meu conselho final.

Que leitura fazes do campeonato português?

A Liga Portuguesa é um campeonato muito competitivo, apesar de não o parecer. Mas o que é certo é que todas as equipas disputam os jogos como se fossem finais. Todos sabemos que o foco principal são os três grandes, pois são as equipas que dão mais visibilidade à Liga a nível internacional. Mas, na minha opinião, temos um campeonato com surpresas em termos de resultados desportivos, conseguimos assistir a jogos com uma qualidade de futebol muito boa e, por vezes, com os teóricos “perdedores” a ganhar aos favoritos. Falando um pouco no nosso caso específico, o Vitória é um clube com bastante história no futebol português e que já alcançou grandes feitos a nível nacional. Neste momento, não temos os mesmos objectivos que os três grandes, e até mesmo que o Braga ou o Estoril, mas procuramos sempre alcançar a melhor posição possível para dignificarmos ao máximo o clube.

Quais são os maiores desafios que um jovem jogador português atravessa actualmente?

Penso que os jovens portugueses, em alguns clubes, sofrem do síndrome de “estrangeirismo”. Efectivamente, há clubes que preferem apostar em jovens de outros países, contratando-os aos 16/17 anos, para um plano de longo prazo, ao invés de acreditarem nos jogadores da nacionalidade portuguesa. Mas, com o passar dos anos, creio que esta política tende a desaparecer e espero sinceramente que os clubes apostem na formação portuguesa. Portugal é um país onde há muita qualidade e isso nota-se nas selecções nacionais, que têm sido sempre muito fortes. A aposta na juventude não deve ser só ao nível do futebol de formação, tem de se estender ao futebol sénior. Não pode haver medo de lançar os jovens talentos, pois isso só valoriza os jogadores, os clubes e, num futuro próximo, a qualidade do futebol português, que, apesar de já ser muita, pode ainda ser melhorada com essa aposta no produto nacional.

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Horta continua a brilhar no Estádio do Bonfim
Fonte: Facebook de Ricardo Horta

Ricardo conhece o sabor da reconquista, aquele que faz parecer qualquer conquista pequena; soube agarrar o sonho que parecia cair e elevou-o, fortalecendo o seu crescimento como profissional e, sobretudo, como pessoa.

Nacional 2-1 FC Porto: Burro velho não aprende línguas

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O FC Porto perdeu esta noite, no Estádio da Madeira, pela sexta vez no campeonato nacional, ao ser derrotado pelo Nacional, por 2-1. Com este desaire, o apuramento direto para a Liga dos Campeões é agora uma miragem para uma equipa que está a 15 (!) pontos do primeiro lugar. Na partida de hoje, Luís Castro alterou o onze, colocando Abdoulaye no lugar de Mangala, com Licá a ocupar o lugar de Varela na ala direita da equipa portista. Na equipa local, Manuel Machado colocou João Aurélio no meio-campo, com Gomaa e Aly Ghazal, remetendo Diego Barcellos para o banco de suplentes.

Com uma atitude positiva nos primeiros 10 minutos, o FC Porto foi conseguindo chegar com perigo à baliza de Gottardi. Ainda assim, foram os madeirenses a marcar o primeiro golo da partida, à passagem do minuto 19, com um bom remate de Candeias de pé direito. Ainda assim, realce para a irregularidade do lance, pois é precedido de fora-de-jogo.  A resposta veio por parte de Jackson Martinez, que teve nos pés uma soberana oportunidade para empatar, não tendo, no entanto, conseguido desfeitear Gottardi. Com o golo marcado, o Nacional cresceu no jogo e foi criando sucessivos lances de perigo, perante um FC Porto amorfo, previsível e completamente displicente, tantos foram os erros e perdas de bola nos primeiros 45 minutos. A equipa madeirense foi, por isso, para o intervalo com uma vantagem justa.

Ao intervalo, Luís Castro retirou Licá e Defour de campo, lançando Ghilas e Quintero para o segundo tempo, e a verdade é que, logo no primeiro minuto, Jackson Martinez fez o golo do empate. Contudo, este durou pouco tempo, pois, aos 48 minutos, o Nacional, com um belo contra ataque liderado por Candeias, fez o segundo golo no jogo, marcado por Mário Rondón.  O FC Porto, que parecia ter conseguido o mais díficil, estava novamente em situação de derrota, e os fantasmas voltaram a aparecer na equipa portista. Com inúmeras precipitações, passes errados e com um futebol muito pouco desenvolto no ataque, os portistas ainda poderiam ter empatado o jogo numa grande penalidade mal assinalada por João Capela, por suposto desaire de Ali Ghazal sobre Ricardo Quaresma. O extremo portista não aproveitou a oportunidade e falhou uma chance soberana para colocar os portistas ainda com o sonho de alcançar os três pontos.

Quaresma, longe do seu nível, terminou da pior maneira  Fonte: A Bola
Quaresma, longe do seu nível, terminou da pior maneira
Fonte: A Bola

Aos 78 minutos, Jackson Martinez ainda introduziu a bola na baliza de Gottardi, mas João Capela assinalou de forma errada uma falta do colombiano sobre Marçal, anulando mal o golo do empate aos portistas. Até ao final do encontro, Ghilas e Jackson poderiam ter feito o gosto ao pé, mas, no meio de um futebol pouco incisivo e muito tristonho, a sexta (!) derrota no campeonato acabou por acontecer. O Nacional acabou com a corda na garganta mas conseguiu segurar uma importante vitória na luta pela Europa. Quanto ao FC Porto, fica com cinco jornadas por disputar e sem nenhum objetivo visível por alcançar, pois o segundo lugar já é meramente uma miragem. Os fantasmas do mau e displicente futebol voltaram e tiveram o seu momento mais alto na tentativa de agressão de Quaresma, já depois do final da partida. De cabeça perdida, o extremo portista foi apenas o rosto da equipa portista nesta noite.

Duas semanas depois da derrota em Alvalade, novo desaire fora de portas para a equipa portista. Já são seis as derrotas no campeonato, quando nos últimos três a equipa tinha tido apenas um desaire. São números para refletir e para pensar no que vai mal dentro da estrutura azul e branca. No fim de contas, o apuramento em Nápoles e a vitória contra o Benfica pareciam ter sido o clique de mudança para o resto da temporada. Do que se viu de hoje, foram apenas más memórias que o tempo ainda não conseguiu apagar, porque, tal como diz o povo, “burro velho não aprende línguas”. O FC Porto parece ainda não ter aprendido.

A Figura: Candeias
O extremo português fez uma belíssima exibição e trocou as voltas à defensiva portista durante todo o jogo. Um golo e uma grande exibição.

O Fora-de-jogo: Quaresma
Estive indeciso entre Abdoulaye e Quaresma, mas vou pelo extremo. Falhou um penálti, abusou do individualismo e ainda quis entrar numa cena de pugilato no final do jogo. Esta noite vimos aquele Quaresma que o fez desaparecer dos maiores palcos do futebol europeu.

 

Braga 0-1 Benfica: O título já ali

benficaabenfica

Apesar da razia de lesões da equipa bracarense, o Benfica tinha hoje um jogo de grau de dificuldade elevada para seguir na estrada do título nacional e manter a confortável vantagem face ao Sporting, que ontem vencera. Com 9 jogadores indisponíveis, Jorge Paixão montou um Braga que apresentou pouca dinâmica em razão das escassas rotinas que o onze inicial tinha entre si. Do lado do Benfica, Jorge Jesus montou a equipa de gala habitual, algo que já esperava face à rotatividade que fez no Dragão, a meio da semana.

 Fonte: AP
Lima inaugurou o marcador no Estádio Axa
Fonte: AP

Entrada a todo o gás do Benfica na partida e Gaitán deixou o primeiro aviso: após um passe soberbo de Enzo Pérez, o camisola 20 atirou às malhas laterais da baliza de Eduardo. Estava dado o primeiro aviso e não tardaria a chegar o golo. Perda de bola de Dabó (como é que este jogador joga na primeira divisão?) para Gaitán, que serviu Rodrigo, dizendo este um “até já” a Aderlan Santos antes de cruzar paro remate certeiro de Lima. Foi a terceira jornada consecutiva do brasileiro a marcar para o campeonato. O Braga tentava reagir ao golo madrugador, pressionando surpreendentemente alto na saída de bola encarnada. Por Pardo e Rusescu, a equipa da casa espreitava timidamente uma oportunidade para ser feliz. A tal rotatividade imposta por Jesus no jogo da Taça de Portugal pareceu ter tirado alguma dinâmica ao principal motor da equipa. Enzo Pérez fez um jogo muito abaixo daquilo que pode e sabe e a sua intranquilidade alastrou-se ao resto da equipa. Fejsa faltoso, Gaitán impreciso no passe, Markovic inconsequente frente ao debilitado Núrio. Apenas o sector defensivo passava incólume perante este adormecimento generalizado e Siqueira fez um corte providencial quando Pardo se isolou para bater Oblak.

No segundo tempo, pouco se alterou o figurino do jogo e até iam pertecendo ao Braga as melhores chances de golo, apesar de o verdadeiro perigo apenas ter aparecido quando Piqueti espreitou um toque de calcanhar para encaminhar a bola para as redes. A ansiedade do Benfica em fazer as coisas depressa e bem acabou por retirar algum discernimento em momentos importantes da partida. Felizmente, do lado bracarense eram evidentes as limitações e a menor qualidade em relação ao que é habitual.

E se os adeptos encarnados estavam com o credo na boca, mais ficaram quando Rodrigo (porquê ele e não Lima?!) desperdiçou a grande penalidade por falta sobre ele cometida, aos 91 minutos. Grande defesa de Eduardo mas fica a dúvida se a infracção foi cometida dentro ou fora do terreno de jogo. Dúvidas não ficam sobre a cada vez mais proximidade do Benfica em relação ao campeonato nacional. Com 15 pontos por disputar, o Benfica já “só” necessita de vencer os jogos em casa (Rio Ave, Olhanense e Setúbal) para ser feliz. E sê-lo-emos, que merecemos.

 

A Figura
Sílvio – Mais um excelente jogo do lateral português emprestado pelo Atlético de Madrid. Competente no ataque e seguríssimo na defesa.

O Fora-de-Jogo
Enzo Pérez – Em baixa rotação, ficou tempo a mais em campo. Por ele passa muito do jogo encarnado e a equipa ressentiu-se disso mesmo.

Pesadelo em Milão

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Os dois clubes de Milão estão actualmente a atravessar uma fase menos boa da sua existência. Ambos estão completamente afastados da luta pelo título e neste momento encaram a qualificação para a Liga Europa do próximo ano como uma vitória. Como chegámos a isto?

O Inter comandado por José Mourinho ganhou o primeiro e único treble na história do futebol italiano em 2009/2010, conquistando a Serie A, a Taça de Itália e a Liga dos Campeões. Na época seguinte, Mourinho assumiu o comando técnico do Real Madrid e as rédeas deste Inter fabuloso que conseguiu manter a equipa intacta de um ano para o outro foram dadas a Rafael Benítez.

Benítez, por despeito a Mourinho ou por burrice apenas, decidiu tentar construir um Inter à sua imagem em vez de aproveitar uma equipa feita e com rotinas que tinha acabado de atingir o título máximo do futebol europeu. Os efeitos foram imediatos e, apesar da conquista do Mundial de Clubes, da Supertaça Italiana e da Taça de Itália (esta por Leonardo e não por Benítez), o Inter perdeu o seu primeiro título em seis anos, curiosamente para o seu rival da cidade, o Milan, que não ganhava a Serie A desde a época 2002/2003.

O dominio do Inter em Itália na era pós CalcioCaos acabava, então. Pior do que isso, no espaço de dois anos o clube deixou de ser um candidato sério à conquista do título e não se qualifica para a Liga dos Campeões desde a época 2010/2011. Benítez nem seis meses esteve à frente do clube, tendo sido substituido por Leonardo em Dezembro. Foi o brasileiro que veio a ganhar a Taça de Itália no final da época e foi ele que levou o Inter ao segundo lugar na tabela depois de um mau arranque com o espanhol no comando. Depois de Leonardo, o Inter ainda teve Gasperini, Ranieri, Stramaccioni – nenhum deles por mais de um ano – e tem agora Walter Mazzarri, treinador responsável pelo ressurgimento do Nápoles, à frente da equipa.

Mazzarri, juntamente com o novo dono do Inter, o indonésio Erick Thohir, espera restaurar o estatuto do Inter tanto a nível interno como europeu, o que neste momento está complicado, pois o plantel não tem opções sérias para competir pela Serie A e muito menos para fazer boas figuras na Europa. Mas, com o dinheiro que Thohir disponibilizou para a próxima janela de transferências, o clube pode reforçar-se e voltar a ser competitivo em Itália e na Europa. Fala-se de Vidic, Evra, Sagna, Torres, Dzeko, entre muitos: tudo jogadores que representariam uma melhoria em relação ao plantel actual. Há alguma luz ao fim do túnel.

Ao contrário do Inter, no futuro do Milan não há luz nenhuma. Pelo menos nenhuma que se veja de momento. O clube despediu Massimiliano Allegri, o arquitecto do título de 2010/2011, e decidiu oferecer o lugar a Clarence Seedorf, que na altura era ainda jogador do Botafogo. Isto tinha tudo para dar certo. O Milan é um habitué na Liga dos Campeões, competição que já ganhou por sete vezes, apenas sendo ultrapassado pelo Real Madrid, que leva nove, mas este ano ocupa o “modesto” décimo segundo lugar na Serie A a oito jornadas do fim, estando mais perto de descer de divisão do que do título. Desde o inicio do novo milénio, o Milan foi apenas campeão por duas vezes: em 2003/2004 com Ancelotti e em 2010/2011 com Allegri. São apenas dois títulos em catorze anos mas, apesar deste “insucesso” interno, o clube esteve sempre, ou quase sempre, na corrida pelo título e conquistou duas Ligas dos Campeões, em 2002/2003 e 2006/2007, ambas com Ancelotti.

Os tempos de glória do AC Milan, actualmente, não passam de uma miragem Fonte: AP
Os tempos de glória do AC Milan, actualmente, não passam de uma miragem
Fonte: AP

Com a saída de Ancelotti para o Chelsea em 2009/2010, o clube decidiu então apostar em Leonardo, que fazia parte da direcção do Milan. A experiência fracassou e o clube foi então buscar o treinador do ano em Itália em 2008/2009: Allegri, que tinha feito um trabalho fantástico à frente do Cagliari. Allegri assumiu o comando de uma equipa que tinha Thiago Silva, Pirlo, Pato ou Ibrahimovic e levou o Milan à conquista do scudetto logo no seu primeiro ano, tendo feito um trabalho fabuloso no ano e meio que se seguiu, conseguindo apurar um Milan “mediano” para a Liga dos Campeões e passando sempre a fase de grupos.

Pois bem, o Milan passou anos e anos sem renovar o plantel, sem apostar no futuro, confiando em grandes jogadores como Maldini, Nesta, Gattuso, Pirlo, Rui Costa, Kaká, Seedorf, Inzaghi ou Shevchenko. Estes jogadores deram tudo o que tinham ano após ano até serem vendidos ou até se retirarem, mas o Milan não soube colmatar essas perdas. Não sei se a culpa é de Silvio Berlusconi, da sua filha Barbara ou de Galliani, mas um deles fez um buraco no barco do Milan e aquilo agora mete água por todos os lados: foram más decisões atrás de más decisões, desde deixar sair Andrea Pirlo a custo zero para a Juventus até à venda de Ibrahimovic e Thiago Silva ao PSG, depois de terem sido os jogadores mais importantes da equipa durante dois anos seguidos. Pior que deixá-los sair é não preencher o vazio deixado por esses jogadores, o que explica a viagem do Milan para a terra da mediocridade. E, pelos vistos, não compraram o bilhete de volta. Venderam os ovos a Allegri e só depois lhe pediram para fazer uma omelete; quando ele não conseguiu foram buscar Seedorf, um homem da casa sem experiência alguma como treinador, o que, repito, tem tudo para correr bem; como se isso não bastasse, o plantel continua velho, cheio de arruaceiros e preguiçosos. Ou o clube muda o seu rumo rapidamente ou arrisca-se a passar uns anos negros até conseguir voltar a fazer barulho em Itália.