Início Site Página 8829

Jogadores que Admiro #6 – Dennis Bergkamp

jogadoresqueadmiro

A primeira vez que vi Dennis Bergkamp jogar foi numa antiga cassete do meu pai. Era muito novo na altura; antes mesmo de ter computador ou acesso à internet, tinha já dentro de mim o dito “bichinho do futebol”. A cassete era uma daquelas antigas, uma compilação dos melhores momentos, golos e jogadas dos Mundiais e Euros até então (e que saudades desses vídeos, ao invés dos clips de baixa qualidade e músicas de fundo manhosas de hoje em dia). Não me lembro contra quem foi – não consegui encontrar o vídeo no Youtube – mas acredito que tenha sido marcado na altura do Euro de 1992 – Van Basten, Gullit e um “jovem avançado”, jogavam todos na mesma equipa. Desde esse momento que posso afirmar que Dennis Bergkamp foi, provavelmente, o jogador que mais gostei de ver jogar até aos dias de hoje.

Dennis Bergkamp – lenda e símbolo do Arsenal / Fonte: www.telegraph.co.uk
Dennis Bergkamp – lenda e símbolo do Arsenal
Fonte: The Telegraph

Agora é a parte em que argumento o porquê da minha escolha. Não o vou fazer. Qual é o propósito de começar para aqui a apresentar palmarés, estatísticas e a história de Bergkamp? Até porque Dennis Bergkamp nunca foi sinónimo de prémios individuais. Não dos grandes, pelo menos – foi duas vezes nomeado o 3.º melhor do mundo. Mas a magia no jogo de Bergkamp nunca foi a de marcar mais golos, ou a de ter mais nomeações para melhor do mundo, ao contrário de hoje, que parece que é a coisa mais importante no futebol moderno. Não. A magia no jogo de Bergkamp residia no pormenor. Na técnica, na classe, na elegância do toque de bola, na visão de jogo superior, na capacidade de execução certeira. Bergkamp era o mago do minimalismo, aquele que, com quase nada, tudo fazia. E é disso que se deve falar.

The Non-flying Dutchman” (alcunha carinhosamente atribuída pelos adeptos do Arsenal devido à sua fobia de voar em aviões) jogou em três posições ao longo da sua carreira. Jogou a médio-ala no seu início de carreira, no Ajax, no Inter de Milão e na Selecção, e jogou como ponta-de-lança nos seus primeiros anos no Arsenal. Mas foi enquanto segundo avançado que Bergkamp mostrou ao mundo do futebol toda a extensão das suas habilidades. Até hoje, não consigo encontrar ninguém que tenha jogado ao nível em que Bergkamp jogou na posição de segundo avançado. Um terror para qualquer defesa, Dennis Bergkamp era o motor ofensivo da equipa do Arsenal na década em que representou as suas cores. As suas combinações, com avançados como Wright, Anelka e Henry, levaram a uma das melhores épocas da história do clube na Premier League.

Marcar um jogador como este é praticamente impossível. Marcação apertada era mentira – Bergkamp era exímio no primeiro toque e bastava um ou dois movimentos para desembaraçar-se de um defesa e arranjar espaço para distribuir jogo. Marcação à zona era suicídio – dono de um remate colocadíssimo, dar espaço fora da área ao holandês era sinónimo de muitos golos sofridos. Dois homens a marcá-lo? Bergkamp era como um maestro que compreendia como ninguém a movimentação dos seus companheiros de equipa. Era capaz de isolar e desmarcar com um simples toque de primeira. Mas desengane-se o leitor se pensa que estas capacidades se deviam ao seu porte físico. Dennis Bergkamp era um jogador franzino, não era possante nem excessivamente rápido. Aquilo que destacava Bergkamp dos outros era, pura e simplesmente, uma capacidade técnica fora-de-série. Há jogadores que utilizam essa dádiva superior para fintar até ao fim dos seus dias, outros que usam e abusam de um dado movimento técnico só porque o sabem fazer melhor do que os outros. Mas Bergkamp era diferente – sabia usar a sua técnica e aplicava-a com uma classe incomparável. Era capaz de receber um balão que vinha do meio-campo, dominar a bola com um toque, tirar o defesa com outro e finalizar ao terceiro – como de resto fez, no mítico golo marcado à Argentina para o Mundial de 1998, que valeu a passagem às meias finais da competição.

Mundial 98 – Bergkamp elimina Argentina com um golo de antologia / Fonte: www.operationsports.com
Mundial 98 – Bergkamp elimina Argentina com um golo de antologia
Fonte: operationsports.com

Dennis Bergkamp foi um jogador como nenhum outro. Foi líder e general de campo em grande parte da sua carreira. Tratava a redondinha como ninguém na sua geração e produziu vários momentos dignos de serem vistos, uma e outra vez, por verdadeiros amantes do futebol. À semelhança de muitos outros, acredito em que o seu génio nunca tenha sido realmente reconhecido e o seu talento suficientemente valorizado. Era um jogador prático e objectivo, senhor do minimalismo, mas que espalhava classe com o mais pequeno toque na bola. Para quê fazer trinta por uma linha para fintar um único defesa, quando um simples domínio e passe curto à esquerda libertam o ala que pode assim finalizar? Quando discuto com amigos e conhecidos sobre quem figuraria num melhor onze de sempre, Bergkamp era titularíssimo na minha equipa. Não só jogava, e muito, como conseguia pôr toda uma equipa a jogar. Se alguma equipa se esquecesse da sua presença durante meros minutos, normalmente acabava a ir buscar a bola ao fundo das redes, sem saber bem o que tinha acontecido. Nesses momentos, lá aparecia o nome de Bergkamp no placard electrónico, o suspeito do costume. Só depois, à terceira repetição, é que lá se via o holandês, com um passe magistral, uma tabelinha mortífera, um chapéu sublime, um remate que passou meio despercebido mas que tinha as coordenadas correctas. Felizmente, existem provas das “maldades” do “Non-flying Dutchman”. Basta ver as gravações dos jogos.

Nunca vi ninguém aproveitar espaços tão pequenos como Bergkamp. Dá impressão de que a jogar dentro de um armário e às escuras saía de lá com a bola controlada. Foi o jogador que provavelmente marcou ou criou os melhores golos que já vi. Uma classe de senhor, dono de um toque de génio e de uma visão a roçar o sobrenatural. Não tenho qualquer dúvida de que Dennis Bergkamp é, para mim, um dos melhores de sempre. E posso estar aqui a noite inteira a falar da pura magia que aqueles pés produziam. Melhor mesmo é ver alguns destes momentos.

Gil Vicente 0-2 Sporting: A (des)ilusão a evitar

A palavra desilusão depende de uma outra como o fumo depende do fogo. E da mesma forma que do fumo não nos conseguiremos livrar se não evitarmos o fogo, a desilusão também só aparecerá depois do surgimento de uma… ilusão. Por essa, sim, seremos todos responsáveis. E digo todos porque os adeptos são cada vez mais preponderantes nas suas equipas, para o bem ou para o mal.

O Sporting arrancou hoje uma vitória importantíssima. No campo do 4º classificado (então ultrapassado pelo Estoril), os leões entraram com a possibilidade de chegar ao topo da tabela de forma isolada. Se era um cenário típico o acusar de pressão aquando das melhores oportunidades, hoje o que se viu foi uma equipa tranquila e consciente das suas reais capacidades. A vitória, no final, foi justíssima perante o que se passou em Barcelos. Talvez o resultado pudesse ter sido diferente, sendo que tanto o Gil como o Sporting poderiam ter marcado mais do que o fizeram.

O contexto em que se jogava era, também ele, revelador da importância desta partida. Com o empate do Benfica, mas principalmente a derrota do Braga, teoricamente o rival directo nos objectivos desta liga, o Sporting ganha uma vantagem considerável para as próximas 18 jornadas. São já 14 os pontos que separam os dois candidatos ao 3º lugar que dá acesso à Liga dos Campeões no próximo ano. E sim, foi a isso que a equipa orientada por Leonardo Jardim se candidatou. Nada mais, nada menos. Independentemente do sucedido, o planeamento de uma época decorre antes do início da mesma. Aí, são definidos objectivos e, depois, tomadas decisões que tornem esses objectivos possíveis. E o objectivo não era ser campeão, pelo que não será a meio da época que isso irá ser alterado. Muito embora haja uma pressão daqueles que mais têm a perder se o Sporting conseguir superar o esperado.

Sporting gastou um sexto de Benfica e Porto para construir o seu plantel / Fonte: Abola
Sporting gastou um sexto de Benfica e Porto para construir o seu plantel / Fonte: Abola

É aí que pode surgir uma ilusão em tudo desnecessária. Não me entendam mal: nada disto tem a ver com falta de ambição. A ambição é sempre a maior possível. Mas não podemos deixar que daí nasça uma responsabilidade pejorativa que, por sua vez, poderá trazer ansiedade e pressão adicionais à equipa, jovem, que se vai construindo de forma exemplar.

Hoje, André Martins foi o melhor em campo. Móvel, confiante e a assumir as despesas do jogo ofensivo do Sporting, foi sempre capaz de, umas vezes, fazer entrar a bola em espaços abertos e, noutras, de ser ele próprio a ocupar as zonas do terreno mais despovoadas. Jogou, como se pede, entre linhas mas nem por isso se escondeu da bola. Cobrido por um Adrien que confere cada vez mais segurança e intensidade ao meio-campo leonino, e acompanhado pelo elevado nível de William Carvalho, dispôs talvez de mais condições para fazer o jogo para que já tinha mostrado potencial. Depois, na frente, Fredy Montero foi o homem golo necessário para desbloquear o marcador. Continuo, contudo, com a opinião de que ele é bem mais do que isso e por essa razão não depende dos golos para realizar boas exibições: baixa no campo, cria superioridade numérica e segura muito bem a bola, dando tempo para a equipa subir e respirar em momentos de maiores dificuldades. Um avançado é muito isso, e Fredy é muito avançado.

Seguem-se, agora, dois jogos em casa e uma deslocação ao recinto da 4ª melhor equipa do campeonato, o Estoril. Para já, o exigido são os mesmos índices de concentração que até agora têm vindo a ser apresentados. Belenenses, primeiro, e Nacional, a seguir, são adversários que podem colocar dificuldades se o Sporting não estiver no seu melhor. Depois, a ida ao Estoril em jornada de Benfica-Porto. Sobre essa, teremos tempo para pensar. Até lá a ilusão é apenas uma: vencer os dois jogos da 13ª e 14ª jornadas.

Paz aos seus golos

0

benficaabenfica

Nunca foi tão difícil começar um texto. Não por falta de ideias, mas por excesso delas. Entre os três em Tel-Aviv, quatro em Anfield, os cinco no Dragão, o murro do Kelvin com direito a joelhos e choro, agressões a jogadores e polícias e trocas de Aimar pelo Djaló, a oferta jesuíta é muita. Seria preciso não um texto, mas uma tese para mostrar todas as humilhações oferecidas por Jorge Jesus. Os mesmos erros ontem, hoje e amanhã. Dói vê-lo dizer que a prioridade é o campeonato e depois lançar um dispensado a jogo para poupar o André Almeida para a Champions. Só um visionário consegue ver em Cortez um jogador de futebol e em Gaitán um lateral-esquerdo. Errar uma vez, todos erram. Errar duas, desculpa-se. Errar três é burrice e quatro é demência. Até a demência o Jesus já conseguiu passar. Lamento, porque este narcisista podia ser bom treinador, mas a sua arrogância cega-o e cinge-o às suas ideias e preconceitos. E o resultado disto é o que já todos conhecemos.

Procura-se este clube
Procura-se este clube

Foi-se a exigência e com ela levou o Sport Lisboa e Benfica. Paz à alma deste clube, paz aos seus golos e eterno descanso para o suor das papoilas saltitantes. O clube já não tem alma, os golos já não entram e muito menos as papoilas saltam. Os adeptos soltam um sorrateiro “é uma vergonha” e reiteram assertivamente que “isto tem de mudar”, enquanto o Cortez anda por ali a fazer-nos corar de vergonha e implorar pelo Melgarejo. Bem vistas as coisas, o Cortez não é mais do que o espelho de quem nos lidera para o abismo: burro e não sabe mais. Este clube está a deixar-se arrastar numa morte lenta e agoniante. Outrora o mais democrático em Portugal, hoje está sujo por imberbes que nem saberão quem foi Cosme Damião. Imberbes que reprimem a voz contestatária (au-to-ri-ta-ris-mo) e ofendem os próprios sócios que os elegeram.
Há uns dias vimos os adeptos do Porto a contestar a equipa que tinha voltado a perder um jogo no campeonato, ao fim de quase dois anos. Agressividade excessiva? Talvez. Mas estavam lá, há exigência e cultura de vitória. Tudo corpos estranhos ao Benfica, que prefere emaranhar-se em escutas, arbitragens e má sorte. O benfiquista acomodou-se, fica contente por estar nas decisões sem as ganhar, porque antes nem lá estávamos. Afinal, o nosso estimado Presidente dizia há uns meses que estávamos “perto de ter a hegemonia do futebol português”. Todo o mérito a ele, já que o primeiro lugar no campeonato da vergonha ninguém nos tira. Só vão mesmo acordar quando o Sporting acabar à nossa frente.

A segunda parte das evidências

0

eternamocidade

No futebol, como em muitas outras áreas da vida, a solução mais fácil está mesmo à frente dos nossos olhos, mesmo que não a consigamos ver. Este FC Porto de Paulo Fonseca é talvez um dos exemplos maiores desta teoria. Não é preciso ser um grande entendido em termos táticos para perceber que o Porto mudou o seu sistema de jogo, de um 4-3-3 para um 4-2-3-1. Bom, é certo que a mudança até parece não ser muito significativa, mas na verdade a dinâmica altera-se por completo.

Com o trio de meio campo apenas com Fernando como médio defensivo, e depois Moutinho e Lucho como dois médios interiores, o FC Porto sempre se pautou por uma equipa de tração à frente, de pressão forte, e de uma intensidade que ia correndo de acordo com as exigências do próprio jogo. Saiu Moutinho, o pêndulo do meio campo, mas o que é facto é que não foi só o atual jogador do Mónaco que abandonou o miolo portista: a dinâmica e a agressividade também. Colocando Herrera ou Defour junto a Fernando, o “polvo” perde autonomia; Lucho atua como número 10 que se encosta demasiado a Jackson e que deixa um autêntico buraco nas suas costas. Para uma equipa que saiba jogar em espaço curto e entrelinhas, não há melhor solução para desmontar este Porto. Apesar das falhas individuais que tiraram nas últimas jornadas pontos aos dragões, era no “coração” da equipa que residiam os maiores problemas.

Carlos Eduardo foi o impulsionador da equipa na segunda parte. / Fonte: controlinveste.pt
Carlos Eduardo foi o impulsionador da equipa na segunda parte. / Fonte: controlinveste.pt

Este sábado, frente ao Sp. Braga, não houve Fernando e Paulo Fonseca juntou Herrera e Defour no duplo pivô defensivo, deixando Lucho entregue à sua própria sorte nas costas de Jackson e dando o meio campo no primeiro tempo à equipa de Jesualdo. Com uma primeira parte desgarrada e triste (como em tantas outras ocasiões), a lesão de Lucho foi a “melhor” coisa que podia ter acontecido ao FC Porto e a Paulo Fonseca. Com Quintero no banco, talvez se pensasse que podia ser a opção para ser lançado logo no início do segundo tempo. No entanto, P. Fonseca deixou-se levar pelas evidências, colocando um verdadeiro “box-to-box” em campo, chamado Carlos Eduardo, e, principalmente, decidindo finalmente inverter o trio do meio campo, voltando à fórmula de anos anteriores, apenas com Defour como médio defensivo.

Herrera subiu no terreno na segunda parte, funcionando como um "box to box". / Fonte: zerozero.pt
Herrera subiu no terreno na segunda parte, funcionando como um “box to box”. / Fonte: zerozero.pt

Quem viu a segunda parte do FC Porto deverá ter duvidado como eu se era a equipa de Paulo Fonseca que estava a jogar no relvado do Dragão. Com arte, inteligência e momentos de verdadeiro bom futebol, os dois golos de Jackson foram só o resultado dos melhores 45 minutos até agora do tricampeão nacional. A solução estava no banco e sobretudo na fórmula mais fácil, que estava à vista de todos, menos de Fonseca.

Jornada de Sonho

0

cab andebol

Depois dos últimos resultados do andebol português, é justo que se fale sobre a modalidade. O último fim-de-semana foi histórico para as equipas portuguesas nas provas europeias.
Na Champions, o Porto fez um grande jogo no Dragão Caixa, onde derrotou o Kolding por 27-24. É um resultado surpreendente, pois falamos de uma equipa que está em segundo no seu grupo e que tem aspirações à final four. O Porto entrou muito concentrado, muito preocupado com o seu trabalho defensivo, tentando anular os ataques dos dinamarqueses. Fruto desse trabalho, o Porto conseguiu chegar à frente no marcador e ir mesmo para intervalo a vencer por 15-11.

Pedro Spínola
Pedro Spínola foi um dos destaques do jogo. / Fonte: record.pt

Na segunda parte, graças a Pedro Spínola e a João Ferraz, o Porto chegou a estar a vencer por 20-13, mas uma forte reacção do Kolding fez com que o resultado ficasse em 21-18. Mas a noite era do Porto, que, graças a Hugo Laurentino, conseguiu aumentar a vantagem no marcador. No final, a segunda vitória do Porto na Champions é justa pela garra, organização e determinação que o Porto apresentou. Os campeões nacionais continuam a alimentar o sonho de se apurarem para a próxima ronda. Para tal, é preciso ganhar frente ao Kielce para conseguir o 4º lugar.

O Sporting também entrou para a história como a primeira equipa portuguesa a apurar-se para a Taça EHF. Depois do empate em casa dos croatas do RK Porec a 24 golos, o Sporting foi superior e venceu por 30-25. O resultado mostra a superioridade dos leões, que estiveram sempre no controlo do jogo. O destaque vai para Fábio Magalhães, com oito golos, e Pedro Portela, com sete golos.

A mesma sorte não teve o Benfica, que foi eliminado da mesma prova ao perder na Hungria, por 31-25, frente ao Pick Szeged, depois de ter perdido na Luz por 24-25. Mas no Dragão Caixa a sorte foi diferente. Num sempre intenso clássico, as duas equipas equilibraram-se, com um Benfica a aproveitar as constantes inferioridades numéricas do Porto para anular a vantagem azul e branca. Ainda assim, era o campeão nacional que ia para o intervalo a vencer por 12-10.

Cláudio Pedroso ajudou o Benfica a quebrar o enguiço. / Fonte: SL Benfica
Cláudio Pedroso ajudou o Benfica a quebrar o enguiço. / Fonte: SL Benfica

Na segunda parte, o Porto entrou adormecido, permitindo ao Benfica dar a volta ao resultado e controlá-lo. Os dragões ainda conseguiram o empate a 20 golos, mas o Benfica foi mais forte e conseguiu voltar a estar na frente do marcador. O Benfica venceu por 25-23 e alcançou uma vitória histórica. Há 23 anos que os encarnados não venciam em casa do Porto. O Benfica volta à liderança do campeonato.

Carta ao Pai Natal

0

cab futsal

Ora, aposto que já tinham algumas saudades; parecendo que não, já lá vai um tempinho desde que escrevi a última vez para o Bolanarede. Sem grandes demoras, deixo-vos a minha carta para o Pai Natal.

Boas! Já há uns anos que não te escrevia, pelo que ouvi dizer engordaste uns quilinhos; lembro-me de ti magrinho, a correr a maratona de 76… Desleixaste-te, pá.
Eu não sei se tens acompanhado o futsal português – pela classificação actual dos leões de Porto Salvo, aposto que tens. Quantas cartas é que recebeste do plantel? Pois… Bem me parecia, só o Ré deve ter-te escrito umas três para se certificar de que mantinha o primeiro lugar no pódio de melhores marcadores. Por acaso era uma coisa engraçada de se saber, oh papi (importas-te que te chame papi? Acho que depois daquele filme com a mãe natal e com o Leonardo Jardim tenho o direito de te chamar o que quiser): a quantidade de cartas que recebeste dos jogadores e staff das equipas do campeonato. Quem é que se portou bem e quem é que se portou mal este ano? Quem é que merece o título no final do filme de 2013/2014?

Vá, larga lá as cartas, não vais estar a ler uma a uma à procura de quem é que tem mais razões para ser feliz, lê só esta e deixa as outras para o próximo ano, também não é por aí.
Então é o seguinte: se tu deixares o Benfica em primeiro agora pela altura do Natal, eu prometo que te deixo leite e bolachas no dia 24, prometo que sim, eu sei que é sempre a mesma desculpa e que quando chegas não há bolachas nem leite, mas o problema é teu. Eu esforço-me e não vejo nem carinho nem dedicação da tua parte; o Benfica até pode ficar em primeiro no Natal, mas depois na hora da verdade não deixas, o que é que nós te fizemos? Estás a ser má onda, espero que tenhas noção. Tu até te vestes de vermelho e branco, não sei qual é a tua, o nariz do Rudolfo é de que cor? Pois… Acho que está na altura de nos deixares ser felizes; está bem que tu tens o teu poderio todo agora no Natal, mas faz um esforço e guarda uns pózinhos mágicos para o final da época, o que é que me dizes?

Então o que é que já temos na lista? O Benfica a ser campeão, check. Saúde, check. Agora até dou uma de miss-mundo e peço paz mundial, já que estou a sonhar pode ser… e um pónei, vá, era porreiro ter um pónei como meio de transporte.

Em momentos de pressão… O Porto diz presente

0

portosentido

Paulo Fonseca está em risco. Os recentes resultados meteram o treinador do Porto numa situação de espada contra a parede. Pinto da Costa e a direcção do Porto não aceita treinadores que não apresentem resultados. Como tal, Paulo Fonseca partia “em bicos de pés” para o jogo com o Braga. 12ª jornada, Braga. Não é um jogo fácil, embora o Braga de Jesualdo aparente ser muito frágil. O Braga tinha mostrado bons indícios no jogo com o Benfica. Na verdade, foi até injusto não ganhar, pelo menos, um ponto. No entanto, Porto não é Benfica…

À partida, sem Fernando no meio campo qualquer jogo é mais complicado. Já disse mais do que uma vez que o brasileiro é fundamental no jogo do Porto. Paulo Fonseca apostou (novamente) em dois pivôs no meio-campo: Herrera e Defour. À frente, Josué continua a fazer a posição de falso extremo que, como já disse no passado, não dá grande vantagem à táctica do Porto.
Na primeira parte do jogo com o Braga parecia que o Porto se encontrava num estado de inércia desportiva no qual nada corre bem e tudo parece fraco. O início do Porto deu o controlo do jogo ao Braga. Os homens de Jesualdo não conseguiram, porém, aproveitar a fragilidade azul e branca. Uma primeira parte dividida sem grandes oportunidades. Nem uma única ocasião, verdadeira, de golo para os dois lados. Um desperdício de tempo no que toca a um jogo do campeão nacional. Apenas perto do fim da primeira parte é que o Porto pareceu querer jogar futebol.

O intervalo fez maravilhas à equipa do Porto. A segunda parte mostrou, por fim, o que todos os adeptos portistas ansiavam há já alguns jogos: Qualidade!
Mesmo com a saída de Lucho logo nos primeiros minutos o Porto subiu a parada e dominou. O regresso de Jackson aos golos também ajudou no aumento da moral do Porto. O golo do colombiano, após um bom centro de Alex Sandro, foi o tónico que levou o jogo do Porto ao próximo patamar. Após o golo a equipa estava confiante e isso reflectiu-se na forma como os jogadores interagiam entre si. Com o primeiro golo marcado o Porto pude fazer o tipo de jogo que mais gosta, o jogo de posse e controlo.

Sem surpresas, Jackson volta a facturar. Que o colombiano é craque não há dúvida. Esteja num bom, ou mau, momento nunca se pode por de parte um jogador como Jackson. Hoje, voltou a mostrar que é um jogador incrível. Um matador com faro de golo.

O avançado colombiano voltou aos golos contra o Braga Fonte:http://www.jornalacores9.net/
O avançado colombiano voltou aos golos contra o Braga
Fonte:http://www.jornalacores9.net/

No final, dois a zero, quase três, não fosse a brilhante defesa de Eduardo no minuto 88’. No jogo da pressão, após ter perdido a liderança, contra um adversário complicado, o Porto disse “presente”. Ainda é muito cedo para dizer se é o final do mau momento de forma do Porto. A segunda parte do jogo de hoje foi um indício muito bom de retoma. Agora, Atlético de Madrid no último esforço da passagem da fase de grupos. No porto é preciso sempre mais. Porto é pressão, de vitória, de títulos e de domínio. E nos momentos de pressão, o Porto diz, sempre, “presente”.

O Passado Também Chuta: George Best, o feiticeiro da noite

o passado tambem chuta

A década de 1960 foi um prodígio de acontecimentos, novidades, mudanças e ruturas. A música floresceu em Liverpool e Woodstock; a poesia viu como a Geração Beat rasgava comportamentos; o futebol sentiu como um irlandês se apoderava de Manchester. George Best arribou para maravilhar e para despedaçar esquemas. O mítico Manchester United, entre a brusquidão de Stilles e a souplesse de Bobby Charlton, contemplou a aparição de um jogador que, para além de arrasar adversários, arrasava as noites entre o prazer de beber e a sedução. O Benfica sentiu nas suas carnes a forma como Best, na final da Taça de Europa de 1968, fazia o 2-1, entrando pela defesa como quem entra por uma casa aberta. O mergulho de José Henriques na sua própria baliza, depois de ser fintado, foi um grito de desespero. Uma das suas famosas frases é o que melhor o define dentro e fora do campo: “gastei muito dinheiro com bebidas, mulheres e carros rápidos. O resto esbanjei-o”.

O seu Manchester United era um clube marcado pela tragédia, tal como o Torino. A maior parte dos seus jogadores perecera no desastre aéreo de Munique. Matt Busby começou a reconstrução, paciente. Bobby Charlton era um sobrevivente. Entorno à sua figura e à de Denis Law foi levantando o grupo onde George Best fantasiou sobre os relvados do mundo. Os campeonatos de Inglaterra começaram a cair e, dez anos depois da Tragédia de Munique, a Taça da Europa rendeu-se e entrou na sala de troféus do Manchester United. Best entrara no novo Olimpo. A sua vida penetrara no corredor da fama e a alta boémia sorria quando sentia a presença do mago da bola. George Best refletiu-se nesta frase: ”já cheguei a parar de beber quando estava a dormir”. Teve um prémio de melhor jogador. Teve, ainda, situações únicas, mas a sua vida começara uma aventura bem diferente. Como tantos outros da década de 1960, deixara-se atrapar pelo sonho infinito e apressurado. As curvas perigosas jamais o abandonariam.

Best e os seus castelos / Fonte: doentesporfutebol.com
Best e os seus castelos / Fonte: doentesporfutebol.com

Hoje, seria impensável ver, numa segunda-feira, pela manhã, ao abrir o jornal, uma fotografia de qualquer craque baixando champanhe por uma torre de taças. Há pouco tempo, o jogador português Fábio Coentrão festejou o seu aniversário entre colegas e amigos. Através de uma janela ou porta inimiga, um fotógrafo captou a imagem do jogador a fumar… O eco que tal feito provocou em Espanha condenava, praticamente, o jogador ao patíbulo do enforcado. Hoje, seria inverosímil a lenda do diálogo entre Fernando Cruz e Bella Gutman: “- quantas vezes fazes o amor por semana?/ – Uma, Mister…/ – Não pode ser; um jovem como tu tem que fazer o amor mais vezes!“ Esta lenda aconteceu quando Fernando Cruz subiu para a primeira equipa e o Benfica ganhou a segunda Taça da Europa. Presentemente, as lendas e os mitos nascem de uma espécie de vida monacal cheia de suor e de exigências doutorais como as de Mourinho: comes, dormes, sonhas e recuperas a pensar no próximo jogo ou na próxima taça. Não são pessoas que praticam um desporto; são robots que correm e correm com uma obsessão: a vitória.

A delicadeza / Fonte: tamieadaya.com
A delicadeza / Fonte: tamieadaya.com

George Best, no entanto, era capaz de atrasar a sua incorporação no estágio e primeiros jogos do ano porque o sol de Espanha exercia mais bondades. O seu clube gritava; o seu treinador chamava; o seu clube perdia. Finalmente, Best regressou. Começou a jogar e a marcar, e o Manchester United subiu como a espuma. A magia e a criatividade deste poeta da bola geraram mais músculo e resultado do que o método. Bella Gutman também não queria castos e sem eles derrotou todo um Real Madrid cheio de estrelas. George Best foi um Garrincha, que brincava com a bola; e, se o futebol é jogo, Best teve muita razão: o futebol é bom e bonito quando se brinca.

(Quase) todas as opções

0

milnovezeroseis
Caro leitor,

Ser sportinguista é maravilhoso. Proclamar-se um íntegro leão é motivo de regozijo e vanglória, em qualquer que seja a situação ou ocasião. Naturalmente esta condição é, ainda mais, reforçada quando o Sporting Clube de Portugal se encontra no 1º lugar da Liga Portuguesa. Desde Domingo que qualquer sportinguista pode afirmar, taxativamente, ser líder do campeonato. Hoje todos somos um pouco líderes, quer sejamos adeptos, dirigentes ou jogadores.

O Sporting nunca foi (nem é) candidato a nada. O propósito leonino restringe-se, apenas e só, a tentar alcançar a melhor classificação possível. Sem ambições quimeras. O plantel à disposição de Leonardo Jardim é espelho desta política. No seu aglomerado, a equipa leonina custou cerca de 16 milhões de euros, quantia bastante parca. Esta semana, um jornal desportivo de referência lançou uma peça onde abordava o preço dos plantéis dos três grandes. O Sporting detém, como era expectável, o montante mais baixo. A prova de como com pouco se pode fazer imenso está à vista.

O plantel do Sporting apresenta (quase) todas as opções necessárias. / Fonte: forumscp
O plantel do Sporting apresenta (quase) todas as opções necessárias.
/ Fonte: forumscp

Ao alcançar o topo da tabela classificativa é premente redobrar esforços. O plantel oferece (quase) todas as opções. Os quatro sectores da equipa estão (quase) completos. Uma equipa que figura em 1º lugar precisa de ter opções viáveis para todas as posições. Todavia, o Sporting, a meu ver, padece de uma pequena lacuna no plantel – o centro da defesa. Leonardo Jardim tem apostado na dupla Rojo-Maurício, que oferece algumas garantias. Contudo, foi percetível em jogos como o do Dragão, que Maurício, apesar de cumprir o seu papel, tem, por vezes, erros cruciais. Veja-se o jogo no Dragão.

No banco figura Eric Dier que, após um punhado de boas exibições na época passada, tem tido um rendimento aquém das expetativas. E as opções ficam-se por aqui. É, portanto, importante que se encontre uma outra opção para o centro da defesa, seja com a promoção, a tempo inteiro, de Rúben Semedo ou com a compra de um central no mercado de inverno.

Bem sei, e já o referi, que o Sporting não luta para ser campeão nacional mas, alcançado o lugar mais cimeiro da tabela, é legítimo lutar pela defesa deste. Por conseguinte, urge que se faça o possível para que lá para Maio possamos estar no estádio, no café ou em casa a festejar o título do nosso Sporting. Vamos acreditar!

Toyota: finalmente o regresso?

cab desportos motorizados

Há cerca de três semanas, a Toyota anunciou o desenvolvimento do TMG GT86 CS, para a categoria de R3, que, em 2014, passará a chamar-se RC3. Uma notícia recebida com muito agrado por todos os amantes de ralis. Mas uma ainda melhor chegou ontem: a marca japonesa vai construir um Yaris WRC, o que indica que o regresso ao WRC pode estar para breve. Para já, apenas está confirmada a construção do carro e os respetivos testes para o próximo ano, o que garante que apenas em 2015, na melhor das hipóteses, a formação nipónica voltará à elite dos ralis mundiais.

Mas, afinal, qual o porquê de toda esta satisfação com o regresso da Toyota? Basicamente porque foi, muito provavelmente, a equipa mais marcante da década de 1990; os amantes da Subaru e Mitsubishi que me perdoem, pois foram também equipas muito marcantes.

A Toyota, quando, em 1988, apostou no Celica GT-Four, deu um passo que mudou para sempre a sua relação com os ralis. A primeira geração do carro, o ST165, estreou-se nesse mesmo ano no Tour de Corse. Foi preciso esperar mais de um ano para a primeira vitória, que aconteceu em 1989, no Rali da Austrália, por Juha Kankkunen. Depois deste triunfo, a Toyota conseguiu mais 29 vitórias com as três versões do Celica, até 1995. Além destas conquistas em ralis, conseguiu quatro títulos de pilotos por Carlos Sainz (1990 e 1992), Juha Kankkunen (1993) e Didier Auriol (1994), assim como o título de construtores de 1993 e 1994.

Carlos Sainz no Rally de Portugal 1992. A versão ST 185 “deu” três titulos de pilotos e dois de construtores à Toyota. http://rallyazores.blogspot.pt
Carlos Sainz no Rally de Portugal 1992. A versão ST 185 “deu” três titulos de pilotos e dois de construtores à Toyota
Fonte: rallyazores.blogspot.pt

Em 1996, a equipa nipónica foi impedida de correr, por ter sido apanhada com um restritor de ar não permitido no Rali da Catalunha de 1995. Na temporada de 1997, no Rali da Finlândia, a Toyota voltou ao Mundial, entretanto denominado WRC, com o Corolla WRC.

Este carro não teve tanto sucesso como os anteriores mas, ainda assim, venceu mais quatro ralis até à retirada e o título de construtores de 1999, o último ano em que a Toyota correu de forma oficial no WRC, pois abandonou a modalidade nessa altura para apostar na Fórmula 1.

Matos Chaves no Rali de Portugal de 1999 http://ralifoto.blogspot.pt
Matos Chaves no Rali de Portugal de 1999
Fonte: ralifoto.blogspot.pt

Também em Portugal a Toyota esteve presente nos ralis. A marca nipónica foi campeã, e falando apenas nestes dois modelos, em 1992, com Joaquim Santos, e em 1999 e 2000, quando Pedro Matos Chaves venceu já com o Corolla WRC.

Também Rui Madeira correu pela Toyota, em 1996 e 1998, fazendo algumas rondas do WRC.

Que seja um regresso forte da Toyota, e que seja apenas mais uma das muitas equipas cujo regresso seria fantástico. É aquilo que todos os amantes dos ralis desejam.