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“Nunca diria que não à Selecção”

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Fernando Santos esteve, ontem, na Escola Superior de Comunicação Social para uma entrevista ao programa “Bola na Rede”, onde abordou vários temas em destaque relacionados com a sua carreira.

O actual selecionador grego reforçou as responsabilidades de treinar uma equipa no Mundial, dizendo mesmo que “a selecção grega leva atrás de si um país, uma bandeira e tem de ter noção dessa responsabilidade”. O objectivo será passar à fase seguinte num grupo que considera “aberto”, onde todos têm chances. A sua aposta para vencedor do Mundial é o Brasil, devido, não só à qualidade dos jogadores, mas também ao factor casa. Ainda assim, a final de sonho seria entre Portugal e a Grécia. Quanto à selecção portuguesa, Fernando Santos, quando questionado sobre a possibilidade de treinar Portugal, afirmou que “nunca diria que não à selecção”, mas que não espera pelo convite e deseja o maior dos sucessos para Paulo Bento e Portugal, selecção, que, para o técnico, está numa segunda linha de favoritos à conquista do Mundial.

Fernando Santos à conversa com o Bola na Rede
Fernando Santos à conversa com o Bola na Rede

A passagem pelos três grandes também foi recordada. Do FC Porto, guarda a memória de um clube organizado, com a melhor estrutura e relembra o fatídico jogo com o Bayern de Munique em 1999 para a Liga dos Campeões. Do Sporting, recorda o “fantástico” grupo de trabalho e o polémico jogo com o Boavista, sobre o qual afirma que “se tivesse ganho, provavelmente teria sido campeão e talvez não estivesse agora na Grécia, mas sim ainda no Sporting”. No Benfica, a grande questão foi o motivo da sua saída à primeira jornada do campeonato em 2007/2008, depois de, na época anterior, ter lutado até ao fim pelo título. Fernando Santos sente que saiu do Benfica quando afirmou “que a saída do Simão era um pesadelo”, tendo-se na altura sentindo bastante magoado com Luís Filipe Vieira.

A conversa focou-se também na sua experiência no campeonato grego, sendo que AEK e PAOK deixaram uma marca especial no seu coração. O adversário do Benfica na Liga Europa (PAOK) é, para Fernando Santos, “a única equipa que consegue fazer frente ao Olympiakos na Grécia” e tem “o pior estádio para se jogar” devido à sua grande massa adepta. O eleito treinador da década na Grécia não se considera idolatrado pelos gregos, mas sim muito respeitado por todos.

Para concluir, Fernando Santos diz que tem saudades de treinar um clube, dos treinos diários, e que tem o desejo de voltar a ser campeão. Em Portugal? “ Porque não?” respondeu.

A entrevista estará disponível hoje, na íntegra, no nosso site
A entrevista estará disponível hoje, na íntegra, no nosso site

A entrevista conduzida por Mário Cagica Oliveira e comentada por Daniel Cachola (SLB), Francisco Manuel Reis (FCP) e Rui Miguel Pereira (SCP) estará disponível ainda hoje no site do Bola na Rede.

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camisolasberrantes

PAOK. É essa a sigla pela qual responde o Panthessalonikeios Athlitikos Omilos Konstantinoupoliton. Não deixando que o supracitado e deliciosamente pronunciável nome nos distraia, é esse o adversário que será servido ao Benfica como appetizer nesta nova caminhada, de faca e garfo, pela Liga Europa. Falta saber se seremos capazes de, em semelhança ao ano passado, chamar “petisco” a todos os emblemas que pela frente nos forem aparecendo. Se dúvidas há, é porque as recentes exibições caseiras vão até agora sabendo a pouco – ou a fuckin’ shit, se formos o Gordon Ramsay e estivermos a falar dos confrontos contra Arouca e Olhanense.

Vale a pena reflectir sobre o que tem falhado? Ou é chover sobre o molhado? Cagar o babete com ainda mais lágrimas e ranho? Já não há serviço de limpeza que nos safe. Nem equipa de desratização que nos valha em tamanho desacerto. Porque quando os tachos, as frigideiras, as facas, os aventais e os serviços de mesa não mudam e o restaurante continua a servir “merdinha”…das duas, uma: ou vem a ASAE e dá a machadada final ou o dono tem o bom senso de não fazer mais ninguém passar a noite junto à sanita. Ou ainda, se quiserem incluir a instituição Sport Lisboa e Benfica na metáfora em causa, inventa-se uma terceira via que se limita a fechar os olhos a toda a matéria fecal que se vai produzindo, reproduzindo e arrastando em campo. Como se, mais tarde ou mais cedo, milhões de fine dinners (aka adeptos encarnados espalhados pelo mundo fora) não deixassem de molhar o pão na sua sopinha quando as águias jogam. Trocando por miúdos: esperem a contínua descida de venda de bilhetes tanto em casa como fora e, com ou sem truques de bastidores – ver o artigo do Francisco Vaz de Miranda –, esperem também que a Benfica TV perca terreno para a anteriormente odiada Sport TV. Neste momento? Neste momento eu até mais rápido via o Clube Desportivo Palhavã a dar tareia no Sporting na final da Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa…na RTP Memória…em 1917! É que este Benfica é tão mau que deu toda uma outra dimensão e força à expressão “muda mas é para a bola”. Façam antes outra coisa: mudem mesmo. Por inteiro.

Enzo Pérez, um dos poucos com direito a sofrer / Fonte: emjogo.blogs.sapo.pt
Enzo Pérez, um dos poucos com direito a sofrer
Fonte: emjogo.blogs.sapo.pt

A gestão deste meu clube é pior do que a de qualquer restaurante que tenha passado pelo “Kitchen Nightmares”. Valha-nos a Bolsa. Mas a Bolsa não controla um passivo que se arranja e desarranja com a entrada de 22 jogadores em Agosto. Deve ser do calor. E quem saiu para equilibrar as contas? Essa é a melhor parte: Hugo Vieira – o “talento indispensável” que durou época e meia e jogou meia-dúzia de jogos –, Luisinho – coitado que nem teve tempo de conhecer o estádio por inteiro –, Rodrigo Mora – ainda cá andava este?! –, Roderick Miranda – só mesmo para o Kelvin dormir ainda mais contente todas as noites aos pés do Pinto da Costa –, Shaffer – nem comento –, Nolito – és tão inteligente, mister… – e Miguel Vítor, entre outros. Vou optar por nem tecer mais considerações porque para benfiquista desiludido e com temor, meio conjunto de maus jogadores basta.

Aproveitemos então a referência a Miguel Vítor e falemos daquele que será o adversário dos encarnados na Europa: os gregos que habitam em Salónica, na Toumba – nome do seu estádio. Gregos esses que hoje contam com o nosso antigo defesa centro. Defesa esse que, em 27 jogos disputados em todas as competições, entrou num total de 20. E fez ainda 5 golos. Um pouco à frente do português anda normalmente o inesquecível Kostas Katsouranis, que fez 23 jogos e apontou dois tentos. Ora, a primeira pergunta é simples: daqui a umas boas semanas voltamos a cortar os nossos próprios dedos na deslocação à Grécia ou seremos finalmente capazes de pôr a cereja no topo do (sensaborão) bolo? A segunda é preocupante: papamos ou não papamos um clube que não tem sequer hipóteses de ser campeão no seu país? A terceira pode levar à loucura: levamos ou não levamos de/na bandeja uma formação que tem como titulares dois antigos jogadores que o Benfica não teve propriamente grande dificuldade em ver partir?

Sentem-se. A comida está servida.

É época natalícia no Dragão

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A uma semana do Natal, presentes são pensados, idealizados e comprados; no Porto começam a ser dados os primeiros passos para um bom Natal em família.

Começando pela Liga

O Porto não fez um excelente jogo contra o Rio Ave nem está num patamar exibicional brutal, de todo; aquilo que critico mais nos adeptos de outros clubes é a ânsia de começar a achar que as equipas “digivoluiram” de um momento para o outro, e isso não faço. O Porto está fraco ainda, continua a depender em demasia de Danilo e Alex Sandro (os grandes desequilibradores desta equipa), mas pelo menos um outrora peão na equipa B começa a assumir-se no plantel principal do Porto – Carlos Eduardo, um falso 10, que provou numa excelente 2ª parte com o Braga ser uma opção para esta equipa.

O triângulo inverteu? É a pergunta cuja resposta todos os adeptos querem saber. Nunca antes no futebol português se falou tanto de tal figura geométrica; de repente, todos passámos a ser analistas técnico-tácticos de futebol, argumentando factos geométricos para explicar o insucesso do actual Futebol Clube do Porto. Aparentemente sim, inverteu (de 2-1 para 1-2). Fernando foi pivot defensivo e Lucho e Carlos Eduardo os médios interiores, com este segundo a assumir um papel de um falso 10, aparecendo no centro e nas alas com uma polivalência e técnica impressionantes, prometendo muito para esta equipa.

De realçar a ausência na convocatória de Quintero (sendo convocado para o jogo da B contra o Atlético), um elemento que neste “novo” sistema de jogo de Paulo Fonseca poderia lutar pelo lugar com Carlos Eduardo, neste momento assumidamente titular no Futebol Clube de Porto. Realço também a excelente entrada de Kelvin em campo, tendo tido uma entrada gradual no plantel (começou na B, tem sido convocado ultimamente e jogou cerca de 20 minutos contra o Rio Ave) e assumindo-se cada vez mais como uma hipótese (à frente de Ricardo, por exemplo, mas ainda atrás de Licá, que continua a merecer a confiança do treinador – presumo que deva treinar bem e esforçadamente…).

Jackson Martinez tem sido o grande artilheiro do Porto Fonte:Maisfutebol.iol.pt
Jackson Martinez tem sido o grande artilheiro do Porto
Fonte:Maisfutebol.iol.pt

Liga Europa

Entre vários pequenos tubarões da Europa, acaba por calhar ao Porto uma equipa acessível, de seu nome Eintracht Frankfurt. Esta equipa alemã é a actual 15ª classificada da Bundesliga, muito longe do valor das principais equipas alemãs (este ano já perdeu fora por 6-1 com Hertha de Berlim para a Bundesliga e por 4-1 com o Maccabi Tel Aviv), tendo até ao momento oito derrotas, cinco empates e apenas três vitórias na principal liga de futebol alemã.

A primeira mão joga-se no Dragão e talvez seja essa a única desvantagem para este Porto, que é, a meu ver, a par de Benfica, Juventus, Nápoles e Tottenham, um dos favoritos para sair de Turim com o troféu. De salientar ainda que, ao passar estes dezasseisavos de final, o Porto irá apanhar o vencedor do jogo entre Nápoles e Swansea City, sendo que para muitos a equipa italiana é a grande favorita a vencer a Liga Europa (não esquecer que Nápoles fez doze pontos na fase de grupos da Champions e mesmo assim não passou) e a grande fava que poderia calhar às equipas portuguesas.

 

A passagem de ano não chega depois do Natal

Depois do Natal há Sporting-Porto, todos sabemos. Eu sou um apologista de que esta competição está claramente a mais no panorama nacional de futebol, daí querer uma equipa constituída por jogadores menos regulares no Porto contra um Sporting que aparenta ser grande mas que está a competir unicamente em duas frentes.

Não vai acontecer, mas gostava de ver finalmente Ghilas a jogar mais de 10 minutos, Kelvin a ter uma oportunidade clara de mostrar o seu valor, de ver Quintero a poder finalmente provar o seu talento, e até, quem sabe, de ver Reyes a marcar Montero.

Para a semana irei falar dos presentes que o Porto irá receber, assim como dos presentes que vai (ou devia) vender ou emprestar a outros clubes. Até lá, esperar que no fim-de-semana se cante no estádio do Dragão “A todos um bom Natal”, com uma boa exibição para adeptos que não estão de todo habituados a derrotas nem empates – se possível com triângulo 1-2 com Fernando, Lucho e Carlos Eduardo, e com Kelvin em vez de Licá.

Notas Soltas

internacional cabeçalho

1. Hart e Casillas são suplentes em vésperas do Mundial 2014.
Quem diria. Depois de, na última época, Mourinho ter abdicado do titular da selecção espanhola, nesta temporada foi Pellegrini a prescindir do dono da baliza inglesa. Contudo, parece-me que há uma grande diferença. Diego López é um guarda-redes à altura do Real Madrid, mas tenho sérias dúvidas de que Pantilimon – muito limitado, como se viu no jogo com o Arsenal – seja o guardião de que o City precisa. A grande questão é saber o que farão Hodgson e Del Bosque. Não creio que, a tão pouco tempo do Mundial, alterem as respectivas opções.

2. Giuseppe Rossi, “o renascido”.
Regressado de lesão (esteve de fora durante toda a época passada), o avançado italiano da Fiorentina está a realizar uma temporada excepcional, sendo neste momento o melhor marcador da Serie A, com 13 golos apontados. É um jogador extremamente astuto na desmarcação, com um excelente sentido de baliza e uma tremenda eficácia na finalização, sobretudo com o seu pé esquerdo. Está a voltar ao nível que exibiu no Villarreal e, com apenas 26 anos, tem ainda muito para dar.

Rossi não pára de facturar / Fonte: liberofootball.co.uk
Rossi não pára de facturar / Fonte: liberofootball.co.uk

3. Bayern passeia na Bundesliga.
Nada que surpreenda, tendo em conta a evidente superioridade em relação aos restantes adversários. Ainda antes do Natal, os bávaros têm o título praticamente na mão. A equipa de Guardiola tem uma confortável vantagem de 7 pontos para o segundo classificado, o Bayer Leverkusen, que sofreu uma inesperada derrota na recepção ao Ein.Frankfurt. O Dortmund tem desiludido e está a 12 pontos do líder. À partida, a tarefa do Borussia na luta pelo título já era extremamente complicada, mas agora é quase impossível. Apesar das contratações de Mkhitaryan e Aubameyang, o plantel que Klopp tem à disposição – que tem sido bastante afectado por lesões – não chega para ombrear com o Bayern, sobretudo por falta de qualidade no banco.

4. Finalmente, James!
O colombiano começa a justificar o valor de 45 milhões de euros investidos pelo Mónaco na sua contratação. “El Bandido” está claramente em subida de forma, somando boas exibições e aproveitando a ausência de Falcao para se assumir como a principal referência da equipa. Na última jornada foi o melhor em campo na vitória do emblema do Principado no terreno do Guingamp (0-2), assistindo para os golos de Martial – jovem avançado de apenas 18 anos – e Kurzawa. Quem está longe daquilo que pode render é João Moutinho. Na sua primeira experiência no estrangeiro, o médio português ainda não conseguiu atingir a regularidade exibicional que o caracterizava.

James está finalmente a mostrar o seu futebol / Fonte: zimbio.com
James está finalmente a mostrar o seu futebol / Fonte: zimbio.com

5. Davy Klaassen e Lucas Piazón.
Os dois jogadores têm sido as principais figuras de uma Eredivisie recheada de talentos. O médio holandês do Ajax, de apenas 20 anos, nem começou a época como titular, mas rapidamente ganhou o seu espaço na equipa orientada por Frank de Boer. É, neste momento, o melhor marcador dos lanceiros, com o excelente registo de 7 golos em 9 jogos. Para além da capacidade de aparecer em zonas de finalização, o jovem que tem vindo a actuar como interior direito tem surpreendido pela qualidade técnica e por um poder de decisão muito acima da média. Ainda com uma margem de progressão enorme, Klaassen pode ser mais um craque a sair da escola de formação do Ajax. No surpreendente líder do campeonato holandês, o Chelsea B… perdão, o Vitesse, vai brilhando Lucas Piazón. Emprestado pelos blues (como Atsu, Van Aanholt, Cuevas e Hutchinson), o brasileiro está a aproveitar da melhor maneira a oportunidade, contribuindo com golos – já são 10 – e muitas assistências. Embora seja um médio ofensivo de origem (também pode actuar como segundo avançado), tem jogado descaído sobre a ala esquerda, destacando-se pela qualidade no transporte de bola e pela facilidade de remate. Dono de um potencial enorme, veremos se conseguirá conquistar um lugar no plantel londrino para a próxima temporada.

6. Dois laterais-esquerdos em grande forma: Ricardo Rodríguez e Alberto Moreno.
Numa posição em que as opções de qualidades não abundam, os jogadores de Wolfsburgo e Sevilha, respectivamente, são valores seguros para o futuro. Aos 21 anos, o suíço apresenta uma maturidade impressionante. É um lateral moderno e muito completo: competente defensivamente, dá muita profundidade ao flanco e mostra inteligência no capítulo da decisão; para além disso, é exímio na cobrança de bolas paradas. O espanhol, de 20 anos, está a confirmar as boas indicações que deixou no último Europeu de Sub-21. É mais forte em termos ofensivos (dá bastante apoio ao extremo), mas raramente compromete a nível defensivo. A curto prazo, ambos deverão estar nos grandes palcos do futebol europeu.

O Bom, o Mau e os Cães

cab futebol feminino

O campeonato nacional feminino de futebol vai sensivelmente a dois terços da fase regular. Esta é aquela infame altura em que, por muito que ninguém queira fazer quaisquer comentários ou previsões, há coisas que começam a evidenciar-se. Como não temo quaisquer represálias por me enganar, avanço aqui com algumas opiniões/conclusões/previsões sobre aquilo que tenho acompanhado do campeonato nacional feminino desta temporada:

A supremacia do A-dos-Francos

Só muito dificilmente é que as atletas das Caldas da Rainha não se sagrarão campeãs femininas na presente época. Com uma estrutura impecavelmente montada, a equipa recém-promovida, treinada por Paulo Sousa, não tem dado hipóteses no seu assalto ao título. Os números falam por si. Onze vitórias em 12 jogos, defesa menos batida do campeonato, com apenas oito golos sofridos, segundo melhor ataque, com 36 golos marcados (o Ouriense tem 37). Assim fica difícil. É que poderia dar-se o caso de o A-dos-Francos apenas demonstrar consistência em termos de resultados, e mostrar sinais de cansaço físico ou incapacidade de gerir a liderança. Mas não. Líderes praticamente desde o início, esta equipa tem provado a tudo e todos que está aqui para vencer, não obstante a sua condição de recém-promovida. À passagem da 12º jornada, um encontro no mínimo especial – A-dos-Francos contra 1º Dezembro. O presente líder contra o antigo gigante, agora moribundo. Aceitam-se apostas? Vitória por 4 a 0 da equipa da casa, depois de uma primeira meia hora algo equilibrada, mas que depressa se tornou numa goleada. Tirar esta equipa do poleiro torna-se cada vez mais uma tarefa hercúlea; desconfio sinceramente de que ninguém a vai conseguir concretizar. E convenhamos que, a confirmar-se esta teoria, pelo que se viu até agora, o A-dos-Francos é um justíssimo campeão.

A-dos-Francos segue imparável – nova goleada, frente ao lanterna vermelha 1º Dezembro Fonte: http://futebolfemininoportugal.com/
A-dos-Francos segue imparável – nova goleada, frente ao lanterna vermelha 1º Dezembro
Fonte: http://futebolfemininoportugal.com/

1º Dezembro com um pé fora da 1º Divisão

“Mas, espera lá, esta não era aquela equipa que tinha sido campeã por 11 épocas consecutivas?”, pode pensar o leitor mais distraído. Era, pois. Mas o tempo verbal é mesmo esse – era. Uma verdadeira sombra daquilo que em tempos foi. Com 12 jornadas passadas, a equipa de Sintra ainda não conseguiu vencer um único encontro. Apostar que um antigo titã do futebol feminino vai descer de divisão pode parecer arriscado, em especial quando ainda tem 16 jogos pela frente (seis da fase regular, mais 10 da fase de manutenção, assumindo que fica nessa fase). No entanto, volto a repetir – 12 jogos e zero vitórias é mau de mais. Aqui, convém relembrar que esta equipa do 1º Dezembro não é a mesma que a de épocas transactas. Como afirma o Presidente do clube, as dificuldades financeiras e a saída de muitas jogadoras para outras equipas condicionaram – e de que forma – a prestação do antigo gigante feminino nesta temporada. No entanto, e ainda que tudo seja possível, a haver um candidato à despromoção, o 1º de Dezembro é, nesta altura, o top contender.

Após 11 anos enquanto campeão, o 1º de Dezembro arrisca-se a descer de divisão Fonte: www.futebolfemininoportugal.com
Após 11 anos enquanto campeão, o 1º de Dezembro arrisca-se a descer de divisão
Fonte: www.futebolfemininoportugal.com

Clube Albergaria, the King Slayer

A única equipa que até à data conseguiu derrotar o A-dos-Francos recebeu o Atlético Ouriense e… voltou a fazer das suas. Vitória por 3 a 1 frente ao segundo classificado, que não conseguiu desta forma aproveitar a escorregadela do líder. As atletas do Albergaria estão a 11 pontos do A-dos-Francos, é certo, mas, se continuarem a impor derrotas aos primeiros classificados, podem muito bem vir a surpreender na fase de apuramento de campeão. Isto, é claro, se lá chegarem, tarefa que se adivinha bastante difícil…

Fase de apuramento de campeão – sete cães a um osso

Vá, não são sete cães nem é apenas um osso – era só uma força de expressão. No máximo, seriam quatro cães a três ossos. Passo a explicar: apenas quatro equipas vão disputar a fase de apuramento de campeão. E, se o A-dos-Francos parece já ter bilhete reservado, o mesmo não se pode dizer de qualquer outra equipa. Clube Albergaria e Vilaverdense têm neste momento 22 pontos cada, e seguem respectivamente no 4º e 5º lugar da tabela classificativa. Com 24 e 23 pontos, ainda que com um jogo em atraso, estão o Atlético Ouriense e o Futebol Benfica, na 2º e 3º posição. Não é preciso ser um predestinado matemático para chegar à seguinte conclusão – as últimas seis jornadas vão ser uma autêntica disputa por um lugar ao sol. Que é, como quem diz, um lugar que permite jogar a fase de apuramento de campeão. E atenção – ainda que um pouco mais atrás, Boavista e Valadares Gaia ainda podem ter uma palavra a dizer nesta luta pelos lugares cimeiros. Nenhuma destas quatro equipas quer ser o patinho feio que fica fora da corrida, aquele que morre na praia. A competição vai ser renhida, isso é garantido. Se, depois, qualquer uma destas equipas ainda tiver fôlego para tentar destronar o A-dos-Francos, isso é outra conversa.

Vilaverdense soma a quinta vitória consecutiva ao bater o Cesarense por 4 a 1, e afirma-se como uma das equipas a abater na luta pelos lugares cimeiros da tabela Fotografia: Luís Ribeiro
Vilaverdense soma a quinta vitória consecutiva ao bater o Cesarense por 4 a 1, e afirma-se como uma das equipas a abater na luta pelos lugares cimeiros da tabela
Fotografia: Luís Ribeiro

O Futebol não é matemática, sempre ouvi dizer. E, no campeonato nacional feminino, essa máxima não poderia estar mais presente. Vejamos como correm as últimas seis jornadas da fase regular. Porque se há coisas que começam a ser evidentes, outras são quase impossíveis de prever.

Andebol: O regresso do grande Sporting

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cab andebol

Este título podia destinar-se ao futebol leonino, mas não. Hoje vou falar sobre o andebol do Sporting, que tem vivido tempos conturbados, pelo menos no que toca a ser campeão nacional. Os leões, de resto, não são campeões desde 2000/2001, e os cinco títulos seguidos do Porto fizeram com que os dragões ultrapassassem o Sporting no que a títulos toca nesta modalidade, 18-17.

Depois de vários anos em que se via que a equipa tinha qualidade, mas em que faltava experiência e intensidade, o andebol leonino parece ter atingido os níveis de maturidade necessários para lutar pelo título. Depois de ser terceiro classificado nos últimos três anos, a equipa mostra capacidades para lutar de igual com Porto e Benfica, pelo menos numa prova de regularidade, pois em provas a eliminar não tem havido este problema, como mostram as duas últimas Taças de Portugal, ou a Supertaça conquistada no início deste ano.

Plantel 2013/2014 do Sporting.  Tirado do facebook do clube
Plantel 2013/2014 do Sporting.
Tirado do Facebook do clube

Quarta-feira foi dia de derby, em que Benfica e Sporting defrontaram-se pelo 1º lugar, pois caso o Sporting vencesse ia roubar a liderança às águias, e foi precisamente isso que aconteceu. Depois de três derrotas nos últimos três jogos na Luz, os leões venceram por 30-25, mostrando toda a sua qualidade perante um Benfica muito motivado, pois vinha de uma vitória no Dragão Caixa, algo muito difícil de acontecer, seja em que modalidade for.

Ontem realizou-se a 16ª jornada e o Sporting recebeu o Águas Santas, que apesar de ser 5º classificado, estava apenas a 3 pontos do Sporting. Os leões venceram 31-24 a formação da Maia, mantendo assim a liderança com 43 pontos Com menos um ponto seguem o Benfica e ABC que venceram o Avanca e o Fafe respectivamente. O Porto também venceu no Faial e segue a três pontos, mas com menos um jogo.

A evolução dos leões é clara e todos – mesmo os mais desatentos da modalidade – podem ver, se compararem jogos desta equipa com jogos de temporadas passadas. É também de realçar que o orçamento foi diminuído, tal como em todas as modalidades do Sporting.

Mas não é só nas competições internas que o andebol leonino anda a dar cartas. Depois do brilhante feito do Porto no início do ano, o Sporting conseguiu o feito inédito de uma equipa portuguesa se qualificar para a Fase de Grupos da Taça EHF. Vai ser mais um grande desafio para os verde-brancos, mas que vai servir para os jogadores continuarem a evoluir. Por outro lado, devido ao curto plantel, esta fase de grupos vai acarretar à equipa uma grande sobrecarga de jogos, o que pode prejudicar o campeonato, tal como está a acontecer com o Porto.

É portanto de esperar que o andebol leonino continue o seu desenvolvimento e que continue a dar alegrias aos sportinguistas.

Dez anos de presidência em 4m24s

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benficaabenfica

Atingiu-se o ponto mais baixo do Vierismo. Entre os compadrios, os negócios estranhos, os ex-funcionários do FC Porto na estrutura do clube e os Cortezes desta vida em campo, a coisa sempre foi andando. Com a conivência e o desleixo dos 83%, claro. Porque os restantes já vêm alertando para esta pouca vergonha há muito tempo atrás. Adiante. No “Benfica 10 horas” (programa do canal do clube) da passada quinta-feira, ligou para lá um sujeito de seu nome Fernando Santos. Num discurso incrivelmente semelhante ao do Pedro Guerra – qual é a função deste escroque no Benfica, mesmo? – começou a lançar para o ar uma série de baboseiras e elogios ao trabalho do Grande Líder. Já não bastava haver um Pedro Guerra, tínhamos ainda de levar com mais lambe-botistas satisfeitos com este estado de coisas? Não, puro engano. O Fernando Santos e o Pedro Guerra não são mais do que a mesma pessoa.

Admito, porém, que os largos traços estéticos do escroque em causa possam levantar dúvidas sobre esse facto. Mas é mesmo isso. Não satisfeito com o excessivo tempo de antena que tem na Benfica TV, onde tão bem exibe a sua subserviência e vazio intelectual, utilizou os nomes do meio – o que o torna ainda mais patético – para se fazer passar por outra pessoa e continuar o seu puxa-saco Vierista. Importa ainda destacar que o senhor Fernando Santos foi o último ouvinte do referido programa. São tudo puras coincidências, com certeza. Qual a credibilidade da Benfica TV depois disto? Quantas e quantas vezes não terão já sido feitas coisas semelhantes? Como as palavras nunca chegarão para classificar este escabroso episódio, aqui fica, antes que a censura tome conta dele:

Poderia dizer que esta situação me mete nojo, mas não seria suficiente. Nem os dicionários se prepararam para a possibilidade da existência e do mediatismo dos Pedros Guerras. Que Benfica é este? É por estes caminhos obscuros, por estes tachos e com estas atitudes desta gentalha que desgoverna o clube que queremos ir? Se nada for feito, se sócios e adeptos continuarem a compactuar com esta lama que gravita em torno do Benfica, onde é que vamos parar? É puro contra-senso falar do Querido Líder e dos Pedros Guerras que invadem o Benfica diariamente num espaço chamado “Benfica à Benfica”.

Mas 83% escolheram este caminho, resta lutar contra isso. A carneirada Vierista guardará este episódio bem longe dessa valiosa coisa que é a memória, com certeza. De resto, isso vem sendo um episódio recorrente da memória selectiva de quem elege e admira gente desta estirpe. Salve-se o betão, “as contas em dia, que nem parecem de um clube português” e as casas do Benfica “de-di-ca-díssimas”. Tendo isso, temos tudo e estaremos cada vez mais perto  de deixar o Benfica apenas para quem o viu antes de 1994. Porque isto é tudo menos Benfica.

Jackpot ou Nada

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verdebrancorisca
É sem dúvida espantoso ver uma equipa em primeiro lugar, com o melhor ataque e a melhor defesa do campeonato, com tantos jogadores oriundos da formação dentro das quatro linhas, com a sua “espinha dorsal” formada por filhos da casa.

São nove os jogadores formados no Sporting que fazem parte, neste momento, da equipa principal leonina: Rui Patrício, Eric Dier, Cédric Soares, Rúben Semedo, André Martins, William Carvalho, Adrien Silva, Wilson Eduardo e Carlos Mané – seis deles completamente fundamentais na manobra da equipa de Leonardo Jardim (Patrício, Cédric, André Martins, William, Adrien e Wilson). São nove no plantel, mas podiam ser mais, não fosse a opção do técnico leonino de manter um plantel curto, com o apoio da equipa B, por sua vez composta por quase 100% de jogadores formados no clube (ao contrário do que acontece com outros emblemas). Isto é realmente um motivo de extremo orgulho para todos os sportinguistas, e deveria ser, igualmente, para todos os portugueses amantes do “desporto rei”.

Eric, Wilson, André Martins, Rui Patrício, Cédric, Adrien e William / Fonte: Blog “O Adjunto d’ Alvalade”)
Eric, Wilson, André Martins, Rui Patrício, Cédric, Adrien e William / Fonte: Blog “O Adjunto d’ Alvalade”)

Tem-se assistido, por conseguinte, a uma clara aposta na formação ao longo das últimas décadas leoninas. Porém, é raro ver os bons jogadores manterem-se muito tempo de leão ao peito. Na minha opinião, isto é algo que tem de mudar urgentemente. Assista-se ao caso, por exemplo, do Barcelona, do Borussia Dortmund, ou do Arsenal: clubes que detêm bastantes jogadores da formação no seu plantel, e que se passeiam pela Europa do futebol com o rótulo de “grandes do futebol mundial”. Possuem plantéis fortíssimos que juntam gerações de jogadores formados no clube, exactamente porque evitam vendê-los (apenas saem pelas cláusulas de rescisão), para assim criar máquinas de jogar à bola. Imaginem se tivéssemos feito isto nos últimos anos… que plantel teríamos? Rui Patrício, Cédric, Eric Dier, Ilori, Miguel Veloso, William Carvalho, João Moutinho, Adrien, André Martins, João Mário, Nani, Bruma, Wilson Eduardo, Quaresma, Varela e Cristiano Ronaldo juntos? Estaríamos claramente a lutar pelo troféu da Liga dos Campeões, e já teríamos sido campeões por diversas vezes nos últimos anos. Infelizmente nada disto tem acontecido.
Por um lado compreendo as razões pelas quais os jogadores não se têm mantido em Alvalade: precisamos obviamente do dinheiro. Porém, dar jogadores (Varela) e vender jogadores ao preço da chuva (Quaresma, Moutinho, Ronaldo, Bruma) não me parece ser uma boa solução. A melhor solução é colocar cláusulas com alguma margem entre o valor real e o valor potencial do atleta e aguentá-los até alguém bater o valor da rescisão. O caminho tem de ser esse, se queremos ter, daqui a uns anos, uma “super-equipa” capaz de se bater por troféus nacionais e europeus, tal como José Alvalade um dia sonhou.

Cristiano Ronaldo e Quaresma nos tempos do Sporting / Fonte: Site A Football Report
Cristiano Ronaldo e Quaresma nos tempos do Sporting / Fonte: Site A Football Report

Bruno de Carvalho já tomou atitudes no que a este processo diz respeito, ao colocar cláusulas bastante chorudas (30/ 45/ 60 milhões de euros) em todas as pérolas da formação leonina. Metade do caminho está completado; falta agora aguentá-los, não vender um jogador como Ronaldo (com toda a qualidade e potencial que já na altura tinha) por 15 milhões de euros, Quaresma por 6 milhões, ou um Moutinho por 11 milhões, e ver o Porto e Benfica a enfiar barretes como Anderson por 30 milhões, Seitaridis por 10, Coentrão por 30, Melgarejo por 5, Roberto por 8,6, e, ficava aqui o dia todo a referir alguns casos. Não podemos vender por “dar cá aquela palha”! Investimos na criação de atletas espectaculares e não temos o retorno? Não pode acontecer mais.

Querem levar os nossos putos? Batam as cláusulas. Até lá vamos receber o retorno da sua formação, em forma de golos, alegrias e títulos.

Rio Ave 1-3 FC Porto: Exibição Q.B.

portosentido

O Rio Ave é uma daquelas equipas que me põem sempre nervoso. No ano passado, o Rio Ave foi, a par do Paços de Ferreira, a equipa revelação da Liga Portuguesa. De cada vez que o Porto recebe ou visita o Rio Ave, as contas não são fáceis para o Porto. Para além de perder pontos, faz exibições que não representam a qualidade da equipa do Porto. Para além disso, neste momento o Porto não está na máxima força…

Em Vila do Conde, o Porto entrou bem na partida. Dominou, teve a bola e teve o comando do jogo. No banco, faltava Quintero. O menino prodígio colombiano ficou de fora por opção de Paulo Fonseca. No entanto, a verdadeira surpresa estava no onze inicial: Carlos Eduardo. O médio brasileiro foi o grande impulsionador da equipa do Porto. Com grande qualidade de passe, boas movimentações e uma grande entrega, o médio mostrou serviço com a camisola azul e branca. Sem dúvida um caso de um jogador a mostrar que tem lugar no onze inicial.

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Carlos Eduardo pode ser uma opção para o onze / Fonte: JN

Começa a tornar-se um hábito para o Porto sofrer pelo menos um golo. Embora tenha entrado bem (com o golo de Maicon logo a abrir a partida), acabou por sofrer um golo de Edimar, naquela que foi a melhor jogada do Rio Ave durante o jogo todo. A partir daí, o Porto voltou a impor o seu jogo, confinando o Rio Ave à sua grande área. A resistência vila-condense durou até Jackson Martinez dar um ar da sua graça.

O colombiano continua a facturar e leva já 11 golos no campeonato (menos dois do que Montero, do Sporting). Começa a surgir, no Porto, a tendência para “quando é preciso um golo, Jackson marca”, uma tendência demasiado vincada no jogo da equipa. A cada jogo que passa, nota-se, cada vez mais, o início de uma “Jackson-dependência”. De facto, quando Jackson não marca a equipa emperra sem soluções. Até porque no banco está Ghilas, que ainda tem de provar que é uma alternativa a Jackson. O argelino, no pouco tempo que teve de jogo, não mostrou grandes indícios de ser matador.

Paulo Fonseca continua a não tomar decisões, a meu ver, certas. O treinador portista mexeu tarde e as substituições não foram as mais acertadas. A troca de Lucho por Herrera, devido ao desgaste do argentino, até se entende. Porém, a troca de Kelvin por Licá é algo que me deixa grandes dúvidas. Numa altura em que o jogo está 2-1 para o Porto, com o domínio da posse de bola e o controlo do jogo, é fundamental que o meio-campo não vacile. Kelvin é um bom jogador: rápido, com um bom toque de bola, capaz de mexer num jogo. No jogo com o Rio Ave, o Porto acabou por perder com a entrada do extremo.

No final, uma vitória sólida do Porto. Ainda não está na forma máxima mas as vitórias, após um mau resultado como o de Madrid, são fundamentais para uma evolução positiva. O Porto não está excelente, está médio. O nível médio é suficiente para manter a corrida a três, mas será preciso mais para conquistar o campeonato.

Jogadores que Admiro #7 – Javier Zanetti

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Zanetti é talvez o jogador que mais admiro no futebol, a par de Paul Scholes. E porquê? Porque, com 40 anos (feitos a 10 de Agosto), ainda corre como “miúdos” de 20. É um líder-nato e joga cada partida como se fosse a última da sua carreira.

É um versátil jogador que actua preferencialmente a lateral direito. Mas já o vi jogar a central, médio defensivo, médio centro e até a interior, quando o Inter jogava numa espécie de losango, onde Zanetti e Cambiasso ocupavam as posições mais interiores do meio-campo. É um prazer ver este “menino” jogar. Faz lembrar quando estávamos na escola e tocava para sair: corríamos todos em direcção ao campo, as equipas já estavam feitas do dia anterior e só queríamos divertir-nos… É isso que Javier faz: diverte-se a jogar futebol e diverte o público que o vê!

Penso que falar em palmarés é totalmente dispensável, embora deva dizer que o ponto alto da sua carreira foi a vitória na Champions contra o Bayern de Munique, por 2-0, em que capitaneou a equipa (na altura de Mourinho, só podia…) numa grande vitória. Vê-lo segurar a taça foi algo emocionante, erguê-la com um orgulho do outro mundo, qual criança quando recebe algo que sempre quis. Se existiram momentos no futebol que fizeram vir as lágrimas aos olhos do telespectador, esse foi um deles…

Zanetti pertence a uma “geração de ouro” da selecção argentina. Jogou com Batistuta, Crespo, Ayala, Aimar e Véron, assim como joga actualmente com Messi, Agüero, Tévez, Cambiasso e Dí Maria. São duas gerações totalmente distintas que só têm um elo de ligação: Zanetti. De referir também que é um jogador respeitado por tudo e por todos – ninguém pode apontar o dedo a qualquer atitude do jogador, é um Senhor do futebol.

Embora não seja tecnicamente o jogador mais evoluído da sua equipa, é tacticamente um dos melhores do mundo (a experiência também pesa). Adequa-se perfeitamente a qualquer sistema de jogo: desde o 1-4-(1+2+1)-2 – ou 1-4-4-2 losango – , passando pelo género de 1-4-3-3 de Mourinho e terminando no actual sistema habitual do Inter, 1-3-5-2. Nunca vemos o seu lado descompensado, assim como podemos observar que a maioria dos golos das outras equipas nasce em zonas onde Zanetti não está. Coincidência? Pois…

Se defensivamente é perfeito, a atacar também não fica atrás. Não tem medo de ter a bola nos pés e gosta de assumir o jogo em momentos chave. Convém dizer que não é um Roberto Carlos a nível técnico, nem sequer um Marcelo, mas tem a “técnica q.b.” para as suas funções. É o típico lateral que ganha a linha e cruza a bola direitinha para os colegas. Daqueles pés só sai poesia. E se tiver de bater? Bate. Se tiver de levar um vermelho para parar um contra ataque, em prol da equipa, leva…

Zanetti na conquista da Liga dos Campeões / Fonte: http://blogs.reuters.com
Zanetti na conquista da Liga dos Campeões / Fonte: http://blogs.reuters.com

Com a idade, embora continue a ser uma autêntica “motinha” nos flancos, começou a “proteger-se” e já não se aventura a subir tantas vezes no terreno, isto é, procura ser mais um jogador de equilíbrios e compensações tácticas. Num dos poucos jogos que vi o Inter fazer no pós-Mourinho e antes da lesão de Zanetti, pude observar que quase sempre Álvaro Pereira subia no terreno e Zanetti baixava e juntava aos três centrais (fazendo assim uma linha de 4 defesas quando assumidamente jogam com 3), permitindo à equipa uma maior consistência defensiva e uma segurança muito maiores em caso de contra-ataque.

Não existem palavras que realmente possam descrever a magia de Zanetti, uma magia que não é a de Aimar, Messi, Rui Costa, Figo ou Ronaldo… É mais uma magia do estilo Paul Scholes, Giggs, Beckenbauer, Roy Keane ou Ambrosini. São os chamados de “carregadores de piano”, que permitem depois a alguém que tenha mãos o possa tocar em condições, passe-se a analogia futebol-musica!

Numa palavra descrever Javier? Classe. Acrescento: muita classe!

Um dia poderei, orgulhosamente, dizer aos meus filhos e netos que vi jogar uma panóplia de enormes futebolistas, mas, se me perguntarem quais aqueles que mais me emocionaram ao ver jogar, responderei: Ronaldo “Fenómeno”, Paul Scholes e… Zanetti. É uma estranha paixão esta que nutro pelo futebol dele e não consigo transmitir por palavras aquilo que é olhar para a história deste senhor e ver o que passou. Ainda agora regressou de período de 6 meses de lesão devido a uma rotura do tendão de Aquiles, e quando todos pensavam que seria o momento de retirada, ele renovou e já voltou aos relvados por pelo menos mais uma época! Se isto não é amor ao futebol, o que é? Põe em risco o próprio bem-estar físico (uma rotura aos 40 anos não é igual a uma aos 25) porque não consegue dizer “basta!”, prefere continuar a fazer aquilo que lhe dá real prazer: 22 jogadores, 3 árbitros e 50 mil espectadores: a arte do futebol!

Convém também lembrar que Mourinho disse que Zanetti é um dos seus “eternos jogadores”, tal como Drogba, Lampard ou Ricardo Carvalho.

Espero que ainda o vejamos jogar por muitos anos e que seja o jogador profissional mais velho do planeta!
Em jeito de final, e de forma muito pessoal, obrigado, Javier Zanetti, por teres sido um dos responsáveis por eu me tornar um “football’aholic”!