Apesar de haver muitas coisas das quais eu poderia falar, nenhuma notícia abalou mais o mundo do basquetebol – sim, eu disse basquetebol e não só NBA – como a mais recente lesão de Derrick Rose. Uma rotura de ligamentos no joelho direito do antigo MVP acabou com mais uma época inteira da estrela dos Bulls e, provavelmente, com as aspirações de serem campeões. É uma pena sim senhor, mas a liga não pára e as equipas continuam a jogar.
A ausência do base da equipa de Illinois e de Rajon Rondo dos Celtics, ambas por lesão, abriu uma vaga no trono de melhor base da conferência Este. Se analisarmos as competências dos jogadores do hemisfério mais próximo de Portugal, existem 4 bons bases que podem disputar o título de melhor base do lado oriental: Brandon Jennings, Deron Williams, Kyrie Irving e John Wall. Neste conjunto podia incluir George Hill e Mario Chalmers, mas estes não possuem um trabalho fundamental, deixando o principal para as estrelas das suas equipas, Indiana Pacers e Miami Heat respectivamente. Só coloco nesta lista verdadeiros bases porque se não, de acordo com as estatísticas, Paul George e até o próprio Lebron James poderiam estar aqui.
Antes de mais, devo relembrar que isto é uma opinião minha e que muito provavelmente algum dos nomes acima referidos pode não ter o talento necessário para ser coroado. Porém, são jogadores que admiro bastante. Neste seguimento, tenho quase a certeza de que quando Rajon Rondo voltar o lugar será seu, mas neste momento há um défice de qualidade assumida.
Começo por fazer uma análise a Brandon Jenning. Este atleta foi recentemente trocado para os Detroit Pistons e, apesar do início de época abrupto da equipa, tenho um pressentimento de que o grupo tem potencial para ir aos playoffs se conseguir ajustar o poder físico e o talento de Josh Smith, Andre Drummond e Greg Monroe. Se isso acontecer, Brandon Jennings tem um trabalho relativamente fácil. Se agregarmos a sua capacidade inata de juntar assistências à de pontuar com regularidade, Brandon Jennings pode rapidamente tornar-se no melhor base da costa atlântica.
Deron Williams é um jogador deveras interessante de se analisar. Ora faz um jogo em que bate recordes de triplos numa parte e distribui a bola muito bem, ora faz constantemente asneiras e dá o esférico à equipa adversária. Ninguém nega que Deron tem um talento fora do comum. No entanto, é um jogador muito inconstante. Quem sabe se quando ele recuperar da lesão no tornozelo, com ajuda do treinador Jason Kidd – isto, se o último aguentar até lá – Williams poderá florescer e voltar aos tempos que o colocaram na elite, quando este estava nos Utah Jazz. Com um plantel tão experiente como o dos Nets, Deron só terá de fazer o mínimo para conseguir um bom trabalho. Com atletas como Joe Johnson, Paul Pierce e Brook Lopez ao seu lado, o base de Brooklyn tem um trabalho facilitado.
Quando penso no próximo atleta de que vou falar, não me vem à cabeça o seu nome, mas sim a alcunha que este recebeu com um anúncio para a Pepsi, aquela marca que nenhum português deseja ouvir falar agora. Estou a falar de Uncle Drew. Aliás, Kyrie Irving. O base da equipa de Ohio rapidamente conquistou o coração dos fãs. Com a sua reconhecida “ginga” e qualidade de manusear a bola, Irving demonstrou uma maturidade além da expectável, o que poderemos dizer que surpreendeu os críticos. Este, ao contrário dos referidos anteriormente, não está num plantel fabuloso, nem muito bom sequer. Como tal, tem sobre si a batuta de tentar levar os Cleveland Cavaliers ao título, ou pelo menos aos playoffs. Uncle Drew, como já foi imortalizado pela Pepsi, é capaz de humilhar por completo os seus oponentes directos com umas fintas de corpo e com cross-overs gigantes, e fazer grandes assistências. Necessita agora de o fazer com uma maior consistência e de marcar mais pontos. Se Andrew Bynum alcançar a forma que já teve antes das suas constantes lesões, se Anthony Bennett se entender com a competitividade da liga e se Mike Brown se aperceber de como pôr esta equipa a jogar de acordo com o seu potencial, os Cavaliers podem muito bem chegar aos playoffs.
Na minha opinião, actualmente, estes dois são os melhores bases da conferência Este Fonte:kcmsports.com
Em último lugar, vou falar sobre aquele que para mim se tem mostrado em melhor forma, John Wall. O base dos Washington Wizards está numa forma impressionante, marcando imensos pontos, fazendo inúmeras assistências e roubando bolas. Enfim, Wall está a fazer de tudo. Ele não esta incluído num plantel equilibradíssimo, mas joga com um conjunto bastante coeso, com um base-lançador muito eficiente, Bradley Beal, com o brasileiro Nenê também a realizar um início de época muito interessante e com a adição do polaco Marcin Gortat que tem ajudado bastante a defender o cesto.
Para finalizar esta ideia, devo afirmar que John Wall tem o potencial e o talento para se tornar no melhor base da conferência Este da NBA na ausência de Rajon Rondo. No entanto, se Kyrie Irving começar a entrar nos eixos, pode fazer uma luta muito competitiva por esse trono. Brandon Jennings e Deron Williams são incógnitas que não dependem só de si mesmos para entrarem na luta, mas possuem um plantel completo o suficiente para se tornarem muito importantes e poderem ter uma palavra.
Digam o que disserem, qualquer competição é mais apelativa, interessante, emocionante, electrizante, “gusti”, prazerosa, bonita, cativante, viciante, entusiasmante (pausa para respirar)… quando é renhida. Não, nem me venham com coisas, toda a gente sabe que esta é a mais pura das verdades. Sim, é claro que dominar um campeonato ou uma partida por larga margem é porreiro para a equipa que o consegue fazer. Mas, em qualquer batalha, partida, combate ou simples corrida, o mundo é um lugar melhor quando a competição é renhida.
Agora que penso nisso, faz um pouco lembrar aquela altura na escola primária em que todos fazíamos birras porque não queríamos jogar a alguma coisa que sabíamos que iríamos perder. Uns não queriam jogar cartas porque havia sempre algum marmanjo com um super-deck, uns não queriam jogar à bola porque tinham maus pés (e acabavam sempre na baliza a levar com as clássicas “bujas”), outros recusavam-se a jogar ao “ganhas” nos tazos porque não os queriam perder. Os baixinhos diziam sempre não ao basquetebol, os gordinhos a jogos de corrida, os pequenos a zaragatas. Agora que penso mesmo bem nisso, já passei por cada uma destas fases, ainda que em momentos sempre diferentes. Foi uma bela infância, tenho de admitir.
Gallas amua por não o terem deixado marcar um pénalti Fonte: www.telegraph.co.uk
Mas, voltando ao assunto em epígrafe, e antes que comece aqui com nostalgias infindáveis, todos nós não gostamos de brincar quando sabemos que, à partida, vamos levar na boca. É a natureza; ninguém gosta de levar no “totiço”. Só que enquanto neste exemplo das crianças tínhamos sempre bom remédio – não jogar –, no mundo adulto as coisas não funcionam bem assim. Temos responsabilidades e temos de as honrar. Somos ou não somos adultos? Somos; então jogamos. Mesmo que uma equipa, tipo Barcelona, esteja com 15 pontos isolada na liderança do campeonato a quatro jornadas do fim, o Real Madrid ainda vai e joga. Já sabe que ser campeão é impossível, que perdeu, que levou na boca, que levou no “totiço”. Mas ainda joga, porque, lá está, tem essa responsabilidade. Se uma equipa de futebol estiver a levar 5-0 aos 85 minutos de jogo, é claro que já não quer jogar os minutos finais, mas ainda o faz, seja pela “honra” da coisa, ou só para ver se não leva mais.
A comparação saiu-me muito fraquinha, eu sei. Perdi-me ali por momentos a reviver a minha infância, mas acho que todos podemos concordar numa coisa: o desporto é muito mais mágico quando é renhido. Quando há duas equipas com semelhante força, quando a vitória pode cair para qualquer um dos lados, quando um simples deslize pode deitar tudo a perder, quando um pequeno movimento pode ditar uma vitória gloriosa… é pura magia. Ninguém se lembra das goleadas aos “mijas-na-escada”, mas aquela vitória arrancada a ferros por 2-1 no último minuto frente ao eterno rival, essa sim, fica para a memória.
Dwight Yorke e Peter Schmeichel abraçam-se depois da mítica vitória por 2 a 1 frente ao Bayern Munique, na final da Champions de 1999 Fonte: www.whoateallthepies.tv
Esta é outra daquelas características especiais do desporto, transversais a qualquer modalidade, idade e género. E estas últimas semanas têm sido especialmente entusiasmantes para qualquer fã de desporto, exactamente porque anda tudo mais renhido. Ora vejamos três exemplos no mundo do futebol:
1º Liga Portuguesa – O Porto perdeu (!), o que é igual a: Sporting e Benfica empatados em primeiro (finalmente!!) e Porto a dois pontos. É claro que os adeptos portistas se calhar gostavam de já andar com uma porrada de pontos de avanço na liderança, como de costume. Mas ainda que andem mais nervosos, sou capaz de apostar que alguns, bem lá no fundo, até gostam de ver as coisas mais renhidas. É certo que ainda há muito campeonato pela frente, mas já há muito tempo que não se via uma luta entre os três grandes pelo título de campeão português. É bonito.
La Liga – O Barcelona perdeu (!!), o que significa: Atlético de Madrid apanha Barcelona em primeiro, Real Madrid a apenas três pontos de distância. Ainda só estamos no início, mas já dá para ver que as coisas vão aquecer pela terra de nuestros hermanos.
Campeonato Português Feminino – O A-dos-Francos perdeu (!!!). Aqui calma, que tenho de fazer um reparo – comparar Porto e Barcelona ao A-dos-Francos não é sequer plausível, dado que estamos a falar de equipas que venceram o campeonato o ano passado, enquanto o A-dos-Francos acabou de subir ao primeiro escalão. Mas, ainda assim, é bom, a bem da competitividade do campeonato feminino, que a equipa sensação, invicta até aqui, tenha perdido.
Neste momento, o A-dos-Francos continua em primeiro lugar, Ouriense em segundo, a seis pontos, e Clube Futebol Benfica em terceiro, a sete, mas ambas com menos um jogo que o líder. Se estas duas equipas conseguirem aproveitar o tropeção do líder e fizerem os três pontos, as oito jornadas que faltam para acabar a fase regular prometem ser electrizantes. Curiosamente, os jogos em falta do Ouriense e do Clube Futebol Benfica são contra a mesmíssima equipa: o Boavista, que está no quinto posto com dois jogos em atraso. Mais curioso ainda: o Boavista tem neste momento um goal avarage de zero – marcou 12 golos e sofreu 12.
Estes dois jogos são provavelmente dos mais importantes da temporada para o Boavista, que, em caso de vitória em ambos, pode passar directamente para o segundo lugar, à frente do Ouriense. Mas, lá está, vai defrontar o segundo e terceiro classificados, que querem a todo o custo aproveitar o único deslize dado pelo A-dos-Francos até agora. Not an easy task.
Numa frase? Things are getting interesting. Numa palavra? Gosto. Muito mesmo. É que isto renhido é outra coisa.
William Carvalho, de 21 anos, é a imagem deste Sporting: jovem, recém aparecido, tranquilo e confiante das suas capacidades. Todos os adjectivos são facilmente reconhecidos tanto ao trinco português como à equipa de Alvalade. Mas, para além disso, muito se pode dizer sobre o que é e será o presente e futuro de tanto do jogador como do próprio clube. No final da 11ª jornada, quem foi o melhor jogador da Liga? E a melhor equipa? Na minha forma de ver são, exactamente, William e o Sporting. Mas, tanto um como outro, terão de provar que têm estofo para manter o nível. Mesmo que, tanto um como o outro, não tenham a responsabilidade de o fazer.
O Sporting venceu hoje, por 4-0, o Paços de Ferreira, que não sofria golos há vários jogos. É a quarta vez que a equipa de Leonardo Jardim vence por quatro golos de diferença. Em onze jogos, quatro foram vencidos por tal diferença de golos. Pelo meio, uma derrota no Dragão – talvez o campo mais difícil do campeonato – e dois empates em casa, com Benfica e Rio Ave. Para já, saldo francamente positivo. Mas quando há um plano e uma estrutura consolidados – e, depois de tanto se esperar, finalmente há! – não é a meio do caminho que se alteram rotas. O Sporting não é candidato ao título! Apenas e só porque não foi com esse fim que preparou a época. Mas, como já se entendeu, essa meta inferior traçada em tempo certo pode muito bem vir a ser amiga do leão.
William Carvalho tem um percurso idêntico. Chegou ao clube na pré-época practicamente sem se dar por ele, trabalhou na hora e medida certas, empenhou-se e ganhou lugar não apenas no plantel como no onze. Correu por fora, sem pressões, e mostrou-se o melhor. Primeiro, para a posição. Depois, da equipa. Agora, muito provavelmente, do campeonato. Com 21 anos, mas com serenidade de veterano, William soube, segundo Sven Jaecques, director técnico do Cercle de Brugge, fugir das tentações que a vida na Bélgica lhe ia oferecendo. Diz o mesmo que o jovem jogador tinha ao seu dispor chocolate, cerveja e mulheres em quantias excessivas, mas que conseguiu perceber que não era esse o caminho. De igual forma, o Sporting deve resistir à mudança de objectivos que acrescentará apenas pressão dispensável a um conjunto talentoso mas, ao mesmo tempo, jovem e curto quando comparado com o do Porto e Benfica.
É exactamente essa uma das diferenças deste Sporting para o de anteriores anos: quando, na possibilidade de ascender ao primeiro lugar, era clássico o acusar de pressão em Alvalade. Hoje o que se viu foi o contrário. Um sinal de motivação extra, como deve ser, por existir espaço para se subir mais um degrau. O Sporting entrou bem, pressionante, como que a mostrar ao Paços que a derrota do Porto não ia jogar a seu favor. Como fruto dessa atitude positiva, marcou cedo e desbloqueou assim qualquer tipo de nervosismo que se pudesse instalar. O autor do golo? William Carvalho. O melhor em campo? O autor do primeiro golo. Daí em diante foi tudo relativamente fácil.
Ouvi, do que considero ser o melhor comentador futebolístico do país, Carlos Daniel (um dia hei-de parar de o citar, prometo), que as equipas se revêem nos seus trincos: equipa de trinco destrutivo dificilmente jogará muito bem ofensivamente; equipa de trinco macio dificilmente defenderá muito bem; equipa de trinco equilibrado estará sempre mais perto de jogar bom futebol. E assim é o Sporting. O trinco é, a meu ver, a posição mais importante do futebol actual. Qual foi o último grande trinco que actuou em Alvalade? Miguel Veloso, quando na sua melhor forma. E, desde aí, o Sporting deixou de conseguir lutar pelo título. Admito que os problemas vão muito além da qualidade do trinco utilizado, mas, como Carlos Daniel disse, o Sporting tem sido um reflexo do trinco que utiliza. O Benfica da época passada, apesar de ter terminado sem qualquer título, é a prova da teoria dos trincos. Matic foi o melhor jogador do plantel e a qualidade do futebol praticado foi de alto nível.
Publicação de William Carvalho no seu Instagram
Agora é a hora de fazer aquilo de que não gosto: a futurologia. Com base no apresentado, no máximo, tenho condições para afirmar que o Sporting pode lutar pelo título. Pode manter o nível apresentado. Pode assegurar a força de vontade própria dos 21 anos, idade com que todos nós sonhamos conquistar os objectivos traçados, mais pela ambição do que pela razão. Como William, o Sporting pode vir a ser o melhor. Mas não tem essa obrigação. Trabalhar arduamente e manter o equilíbrio entre alegrias e possíveis desapontamentos é o caminho que leva às estradas do sucesso. Estradas essas que serão percorridas pela certa. Este ano ou no próximo, “ninguém vai poder atrasar quem nasceu para vencer”.
O Benfica apresentou-se hoje em Vila do Conde com apenas uma alteração na formação que jogou contra o Anderlecht na passada jornada europeia: entrou Rodrigo e saiu Markovic. As alterações na frente não negam a dependência que ainda existe em relação a Cardozo e a dificuldade que tem existido para criar uma alternativa colectiva eficaz quando o paraguaio não joga. O golo de Rodrigo em Bruxelas não lhe conferiu automaticamente uma boa forma física e Lima tem estado a léguas daquilo a que nos tem habituado. Considerando que o meio-campo do Benfica é, nesta altura, o melhor do campeonato, e que “lá atrás”, fora o fantasma das bolas paradas, está quase tudo bem, serviu hoje o jogo no Estádio dos Arcos para reconsiderar a avaliação que fiz de Lima e Rodrigo? Talvez não.
Às 17h45 de hoje, Bruno Paixão apitou o início do 11º encontro do campeonato para o Benfica e para o Rio Ave. Olhando para os 90 minutos, podemos falar de um jogo bastante disputado a meio-campo, com muito contacto físico, alguns duelos individuais e vários cartões mostrados. Com dinâmicas de jogo distintas ao longo do encontro, ambas as equipas se anularam bastante bem na primeira metade do jogo – a oferta do jovem Ederson ao minuto 38 não invalida este facto. Um futebol pouco atractivo neste primeiro capítulo foi o que tivemos.
Com uma vantagem magra, o Benfica não soube entrar para a segunda parte com mais agressividade, jogando na expectativa e claramente a achar que defendia um resultado bem mais dilatado do que era na verdade. Ukra, pertinente e oportuno, igualou o marcador depois de um corte menos feliz de André Almeida. O golo do Rio Ave surge, à semelhança do que aconteceu com o primeiro golo do Benfica, numa fase em que o jogo se desenrolava a um ritmo baixo e desinteressante.
Um livre executado na perfeição por Lima voltou a colocar as águias na frente. Felizmente aqui o Benfica pareceu ter aprendido a lição e não voltou a incorrer no mesmo erro. A equipa soube encarar a vantagem com outra atitude e a entrada de Markovic veio trazer velocidade ao jogo e um risco acrescido à defesa do Rio Ave, que aos poucos foi cedendo e foi perdendo a coesão inicial. O Benfica acaba com o jogo ao minuto 78, quando Lima bisa, após assistência de Rodrigo. Por esta altura com dez jogadores, de nada valeram as substituições a Nuno Espírito Santo, que dificilmente mudaria o rumo do jogo, como se comprovou.
O Benfica festeja a subida ao primeiro lugar Fonte: Público
O Benfica sai de Vila do Conde com os tão importantes três pontos e passa para o topo da tabela. À hora a que escrevo este artigo não sei ainda o resultado final do Sporting x Paços de Ferreira, que agora decorre, mas este degrau mostra-se decisivo por colocar o Benfica no primeiro lugar da tabela classificativa (sejam descontados os critérios de desempate em caso de vitória do Sporting, que, a 19 jogos do fim do campeonato, pouco ou nada representam).
Concluindo esta abordagem ao jogo, quero referir que, se, por um lado, acho sempre que uma dupla de avançados abre muitas mais possibilidades de ataque do que um solitário ponta-de-lança, por outro não posso para já assentir que seja esta dupla Rodrigo-Lima a solução perfeita. São dois jogadores de que gosto bastante individualmente e que considero merecerem vestir a camisola do Benfica, mas o futebol entre os dois espera ainda por um “click”, que eu espero que se dê.
Como nota final, quero deixar um bom apontamento à exibição de Fejsa. Sempre competente, mostrou-se fulcral no processo defensivo da equipa e inteligente no desarme e na eminência da falta. Quanto a Enzo e Matic, mais do mesmo, muito boa prestação.
Ontem o João Pedro Oca escreveu aqui que a possível vitória hoje poderia representar “o início de um caminho glorioso para a equipa”. Colega, espero de facto que assim seja e que o primeiro lugar não mais nos fuja. Seja este o trigésimo terceiro.
Não tenho palavras. Nem sequer ideias para escrever este texto. Perdoe-me, caro leitor, mas este FC Porto deixa-me sem ideias, sem palavras, sem espírito para escrever em algumas linhas aquilo que é a minha opinião. É triste dizê-lo, sobretudo de uma equipa tricampeã nacional, de uma equipa que tem tantos títulos conquistados nos últimos anos, dentro e fora de portas.
Mas então, o que se passa com este Porto? Não é preciso ser-se muito entendido em futebol para se perceber que esta é uma equipa cansada, triste, que desilude quem a vê e que não faz tremer quem a enfrenta. Ao olhar para este “FC Porto”, parece que só resta uma coisa de todas essas épocas de glória: as camisolas. Voltando ao início desta história, talvez valha a pena recordar que quando foi anunciada a saída de Vítor Pereira, a esmagadora maioria da plateia azul e branca ficou radiante. O futebol não cativava, a equipa até jogava a passo, mas no final de contas…foi campeã duas vezes. Das cinzas, Vítor Pereira conseguiu acordar em duas ocasiões uma equipa, e acabou por ir buscar dois campeonatos. O futebol nunca foi o melhor, Vítor Pereira não entusiasmava no discurso, mas acabou por ganhar. Se calhar, na mente de alguns aquela ideia de que “no FC Porto qualquer um é campeão” cada vez se tornou mais realista depois de Vítor Pereira. Nos inícios de Julho, quando a equipa entrou na pré-época, acreditava-se numa nova era, num novo ciclo. Vindo de Paços de Ferreira, vinha um treinador que havia feito o impensável: levar o Paços à Champions. Dizia-se que era o melhor que podia acontecer ao Porto, e houve até quem já o comparasse com André Villas Boas.
Paulo Fonseca / Fonte: Record
Passados 4 meses, como é possível que a história se tenha alterado tanto? A equipa não aparece, não joga, não intimida. Este sábado até nem foi por uma falha individual, mas sim por um erro de equipa. E sim, esta equipa parece cada vez mais um erro, dos pés à cabeça. Sem imaginação, sem garra, sem alma, sem atitude, não foi o FC Porto que perdeu em Coimbra. Sem inteligência tática e sem capacidade de finalização, não foi o tricampeão nacional que perdeu sete pontos em três jogos. O FC Porto que nos habituou tinha tudo isto e muito mais: partia para cima do adversário, controlava sempre, e triturava até marcar e ganhar os jogos. Vítor Pereira tinha isto, mesmo que sem o brilho de outros. Este treinador não o tem: não vou entrar no discurso gratuito, nem no insulto sem sentido. Acho que a falta de qualidade não deve levar a exageros no discurso. Porém, como autor deste texto, permita-me que diga que acho que já chega. Que não dá mais. Que a situação tem que chegar ao fim. Não é sorte nem azar, nem mera falta de finalização. É falta de atitude e daquilo que é ser FC Porto. É falta de garra e de espírito tripeiro.
Afinal de contas, nunca isto fez tanto sentido, ao olhar para um passado apenas com quatro meses: “Depois de mim virá quem de mim bom fará”.
Eram outros jogos. Eram outros jogadores. Os clubes conservaram os nomes, mas as vibrações que saltavam desde a relva para o mais longínquo dos espetadores eram diferentes. Na primeira metade da década dos 50 chegou a Lisboa um guarda-redes e um basquetebolista procedente do Ferroviário de Moçambique; as duas vertentes encarnavam numa única pessoa; chamava-se Costa Pereira. Chegara uma das personalidades mais marcantes do desporto e do futebol. O basquetebol do Benfica conheceu, durante os primeiros anos, as qualidades do jogador que mais tarde viraria articulista nos jornais desportivos. O futebol do Benfica viu como um guarda-redes podia ser eficaz e fino nos seus movimentos. Foi campeão tanto como futebolista como como basquetebolista. Não foi caso único; o desporto e a sua prática eram entendidos, ainda, com mentalidade formativa integral e bem olímpica. Acúrcio, também guarda-redes e jogador de hóquei patins do FC do Porto, era outro dos desportistas integrais. No entanto, poucos anos antes e mais alguns anos, o Sporting vivera a sua época mais esplendorosa de sempre: o Sporting dos cinco violinos. Tinha jogadores mágicos e tinha um extremo-direito chamado Jesus Correia; este bom atleta foi campeão em hóquei patins e em futebol. Mas, antes do Sporting ter o veloz e dinâmico Jesus Correia, o Benfica tivera, nas suas filas, um dos seus grandes mitos: Espírito Santo. O atletismo e o futebol desfrutaram deste fino estilista.
O sorriso de uma estrela Fonte: http://delagoabay.wordpress.com/
Costa Pereira, no entanto, foi mais abrangente e estava possuído por uma magia especial. Era, na altura, culturalmente forte. Atreveu-se, mal chegou ao Benfica, com a mesa das negociações e discutiu e negociou, sem medos, com a Direção tudo o que tinha e queria negociar a equipa. Se não foi um sindicalista, foi um delegado do grupo. A sua magia e erudição rapidamente se espalharam e conjuntamente com o José Aguas e o Germano formou a coluna vertebral natural na equipa onde se podiam acomodar novos e velhos. Como todos os grandes teve um apodo. Era um guarda-redes completo muito elegante e as suas mãos, muitas vezes, parecia que acariciavam a bola para a roubar da cabeça do contrário, no entanto, teve descuidos espetaculares, tanto foi assim que era conhecido pelo Costa dos Frangos. Na famosa final da Taça da Europa do “tri”, entre a pressa e a autossuficiência, deixou passar uma bola mansa entra as pernas. Acabaria lesionado e o seu lugar ocupado pelo célebre defesa-central Germano.
Os três moçambicanos do Benfica (Eusébio, Costa Pereira e Coluna) Fonte: http://delagoabay.wordpress.com/
Retirou-se, finalmente, perto da década dos 70. Os jornais desportivos começaram a receber as suas crónicas. Tinha uma pluma ágil. Mais tarde, teve vida de treinador e passou uma boa temporada na velha CUF. Um ano, andou pelos lugares cimeiros sendo a sensação do campeonato. Finalmente, saiu da primeira linha. O Benfica e não só demoraram uma eternidade a superar a sua lenda. Fora único. Qualquer candidato a guarda-redes do Benfica padecia um bombardeamento de comparações. Saíam sempre derrotados; a grandeza do seu antecessor pairava sobre o Estádio da Luz e aplastava. Anos mais tarde apareceu o José Henriques. Finalmente, os sócios e adeptos do Benfica acalmaram a sua nostalgia. O firmamento benfiquista tem muitas estrelas chispantes, mas Costa Pereira é uma dessas estrelas que mais deslumbram.
Mário Almeida, presidente da Federação Portuguesa de Corfebol, esteve à conversa com o Bola na Rede e abordou vários temas, como o que falta fazer no Corfebol, as dificuldades sentidas e o próximo Europeu, que se vai realizar em Portugal.
Bola na Rede: O Corfebol é uma modalidade que ainda está muito dentro de Lisboa. Que medidas é que a Federação tem tomado para mudar esta situação?
Mário Almeida: O Corfebol foi introduzido em Portugal há 32 anos. Nasceu na Faculdade de Motricidade Humana (ISEF na altura) e foi por um motivo esporádico. A Faculdade estava à procura de novas modalidades pois estava muito focada no basket, voleibol, andebol e no futebol. Decidiu apostar em três ou quatro modalidades novas sendo que muitas não vingaram. Estas modalidades foram entregues a professores catedráticos, sendo que ao Mário Godinho calhou esta e ele agarrou-se muito ao seu desenvolvimento. Os professores, ao formarem-se, criaram o Agon Clube de Portugal e começaram a fazer jogos entre si. Quando começaram a dar aulas mantiveram-se quase todos na área de Lisboa e por isso a modalidade fica muito por aqui. Fizeram-se algumas investidas com êxito, como as idas a Bragança, Batalha, Leiria, quase com os postes às costas. O problema é que estes clubes que surgiram nestas cidades só conseguiam competir em Lisboa, duraram um ano ou dois – pois vir ao fim-de-semana de Bragança e voltar a Bragança para fazer apenas um jogo não é rentável a nível financeiro, ou seja estas equipas morreram -, embora tenham permanecido por lá professores amantes da modalidade. O professor Mário Godinho, e por isso mesmo lhe prestamos homenagem com a Supertaça, faleceu, no dia 12 de novembro de 2008. Desde a sua morte, a Federação ficou à deriva. Era ele quem tinha, desde as suas raízes, maquinado a Federação. Ao fim de três anos, houve uma reviravolta na Federação e eu acabei por abraçá-la, sendo que com características diferentes. Eu não sou professor de Educação Fisíca, nunca joguei Corfebol na vida e trouxe também para a Federação outra pessoa apenas para a Gestão, porque entendemos que a forma de dar a volta a isto era gerir a modalidade como uma empresa, abordar as questões de marketing, de logística, etc. Sendo certo que os atletas e a maioria dos professores de Educação Física continuam a ter bons skills para a prática da modalidade, esta não era a nossa preocupação, a nossa preocupação era expandir a modalidade. Hoje, passados dois anos, temos ainda um longo caminho a percorrer, pois estas mudanças não se fazem em apenas dois anos. Já temos uma delegação no Porto, temos diretores de responsabilidade regional em lugares específicos, como é o caso de Chaves, responsável pelo Nordeste transmontano; do Fundão, responsável pelas Beiras e pelo Algarve. Neste momento, sim, existem vários clubes em Lisboa, tendo nascido mais três clubes este ano, um facto notável dado os tempos em que vivemos, portanto temos condições para esperar que as coisas vão ter um progresso interessante.
BnR: O que é falta para continuar a melhorar no corfebol?
M.A: Nós temos duas dificuldades grandes, quando estamos a falar na diversificação e na distribuição pelo país. É preciso dar formação em todo o país e, como existe esta concentração toda em Lisboa, é preciso deslocar as pessoas aos sítios. Este é o grande problema, porque nos faltam recursos humanos centralizados que nos levem a cabo esta preparação. A segunda questão é que nós precisávamos de transformar as nossas escolas no corfebol. Aqui existe uma contradição incrível: todas as nossas escolas têm equipamento de corfebol, só que como não existiu durante anos esta predisposição para divulgar o corfebol, os professores de Educação Física – quase todos eles sabem como se joga o corfebol – não o praticam nas escolas, embora tenham o material. Esta é a nossa segunda frente, o ambiente escolar. Temos uma estratégia muito agressiva, vamos ver os resultados que produz, mas também, mais uma vez, é uma coisa para demorar alguns anos. O problema destas coisas é que nós estamos a lidar com pessoas, isto não é como construir um prédio, em que basta adicionar mais trabalhadores. Estas pessoas, para serem bons atletas, têm de começar aos 12 para serem bons internacionais aos 20.
BnR: O Euro 2014 vai ser aqui em Portugal. Quais as expectativas?
M.A.: Esta Supertaça marca o início da temporada do Europeu. O Euro começa exatamente daqui a um ano na Maia. As minhas expectativas são altas. Como se desenvolveu esta modalidade graças aos professores de Educação Física, estes foram os primeiros grandes atletas internacionais e isto criou uma geração que tornou Portugal uma das potencias do corfebol. Estamos atualmente no quarto lugar. Se retiramos o contexto da Holanda, que tem uma situação completamente diferente, estamos em terceiro lugar em 60 federações. As nossas aspirações (não gosto de dizer isso sem a nossa selecionadora presente) é um lugar no pódio, nós já fomos terceiros classificados do Campeonato do Mundo. A nossa convicção é a de que consigamos trazer alguma coisa de valor. Escolhemos a Maia por ter sido nomeada Cidade Europeia do Desporto em 2014, o que nos cria uma canalização de recursos, de imprensa e de divulgação que nos favorece muito; em segundo lugar a Maia fica perto do Porto e há aí uma estratégia muito sólida neste momento e a existência de um Euro que transporta 16 equipas das melhores do mundo, com 400 atletas, durante 10 dias movimenta um potencial enorme de ações que se podem fazer. A nossa convicção é a de que podemos sair dali muito honrosos, apesar de haver quatro equipas que podem concorrer ao terceiro lugar: Ingleterra, Alemanha e República Checa. E talvez a Catalunha. Na China, no Campeonato do Mundo, acabámos em sétimo lugar por uma diferença mínima porque estas equipas são muito equilibradas. Temos dificuldade em alcançar mais pois a grande favorita, Holanda, apresenta um nível muito superior ao resto das equipas. São profissionais, treinam todos os dias do ano, os atletas que fazem parte da seleção holandesa praticam a modalidade desde os seis anos, tendo 20 anos de modalidade. Os nossos, e os dos outros países, começam pelos 12 anos, quando não é mais tarde. De maneira que produzimos um trabalho intenso, principalmente quando trabalhamos com os holandeses – vamos fazer dois estágios com eles – mas os nossos adversários são os que referi.
Fonte: jogadadomes.com
BnR: Disse que nunca esteve ligado ao Corfebol, nunca foi atleta. Qual foi a motivação para abraçar o projeto da Federação?
M.A: É uma história engraçada. Eu tenho dois filhos que estão ligados ao corfebol e que me obrigavam a acompanhá-los no corfebol desde há sete anos para cá, de maneira que acabei por me aproximar da modalidade e, como gestor empresarial que eu sou, acabei por observar o que estava fora do campo, as poucas audiências, o pouco crescimento das equipas e reparei que o corfebol precisava de um impulso estrutural. Basicamente a vocação foi esta: criar mecanismos que dessem um impulso à modalidade. Não foi muito fácil, principalmente ser aceite, porque esta comunidade é muito coesa. Por exemplo, quando um indivíduo se muda para uma aldeia é complicado porque os habitantes da aldeia não aceitam bem a mudança e eu senti esta resistência inicial. Eu queria engrandecer a Federação, que neste momento tem um quadro orgânico muito mais complexo mas todo ele virado para o crescimento. O que é que ainda nos falta mais? Falta-nos dinheiro. Vocês sabem que o movimento associativo está muito pressionado pelas quedas orçamentais. Para vos dar uma ideia, nós somos financiados pelo Estado com menos dinheiro do que aquilo que éramos há oito anos atrás. O que é facto é que as medidas restritivas no Orçamento foram grandes ao longo deste tempo todo e isto transporta muita incapacidade à máquina para poder contratar pessoas, nem que sejam meros estagiários profissionais que têm obviamente benefícios fiscais, mas que custam algum dinheiro. É sempre algo que iria ser importante em muitas regiões, mas que está cortado. Na publicidade da modalidade, acho que os números apontam que 98,2% dos canais de televisão se dedicam ao futebol e o resto dedica-se às outras modalidades. São 127 horas de média por semana de futebol na televisão. Vocês vêem, ao mesmo tempo e em dias consecutivos, comentar o espirro que o Jorge Jesus deu durante um jogo e é todos os dias isso e entretanto estão a decorrer os campeonatos nacionais de outras modalidades. É um bocado como a NBA e o futebol americano: eles disputam o tempo de antena, mas, se aparecer outra modalidade, fica num canto porque os outros saturam os media por serem investimentos viáveis: é um bocado como a história do corfebol. Julgo que temos um valor característico, não existe nem uma ponta de violência, apesar dos choques e lesões e é misto. Nós admiravelmente, somos um país para isto: existem quatro árbitros femininos a nível mundial, dois deles são portugueses. Em 70 árbitros, existem quatro senhoras e duas são portuguesas: a Carla Antunes (árbitro da supertaça) e a Isabel. Mas o António Pinho Vargas (cantor/compositor) tinha uma frase extraordinária – “Como se pode gostar de uma canção que não se ouve?” e a mesma coisa se aplica à modalidade. Como é que alguém que nunca viu corfebol pode praticar e gostar da modalidade? Esta é uma questão de responsabilidade social, em que o governo devia impor restrições sérias, como existem em alguns países – a cota do futebol é de 50%, quer seja em canais públicos, quer seja em privados. Podia ser proporcional ao número de atletas, ao número de clubes, e multar quem não cumprisse. O potencial que isto dava… Até de futsal, de que toda a gente fala, dá um jogo por semana, enquanto que de futebol dão jogos de todo o mundo e depois não passam as modalidade nacionais. Outra característica é o preço necessário para a prática desta modalidade, que é muito pequeno: dois postes e as bolas necessárias para a criação de um clube, jogar e treinar custa 400€. Uma tabela de basquetebol custa 2500€, portanto quer dizer que nem financeiramente é um handicap, mas com toda a actividade que nós tentamos desenvolver, não temos nem fundos nem recursos humanos. Estamos a lançar um projeto: “Corfebol Para Todos”, destinado a pessoas com deficiências, um um projeto ambicioso que cobrirá a Trissomia 21 e os Surdos. Temos uma professora responsável, Alexandra Frias, e queremos dinamizar a participação.
BnR: Tal como já aconteceu no passado, existe alguma hipótese de vermos uma final da Taça de Portugal ou Supertaça na televisão?
M.A: Os canais de televisão aceitam facilmente transmissões se o conteúdo for de borla, se metermos aqui uma produção e oferecermos ao canal para eles transmitirem, só que esta produção custa uns milhares de euros. Os novos canais, como A Bola TV e Benfica TV, são distribuidores, precisam de pagar para ter o conteúdo. Por exemplo n’A Bola TV, se lhes oferecermos o filme da final da supertaça eles passam e ainda nos deixam colocar publicidade no rodapé. No Campeonato da Europa vamos fazer este esforço, mas um contrato para os 10 dias do Europeu custava à volta dos 127 mil euros. Não tenho dúvidas de que a Sport TV passava alguns jogos se nós oferecêssemos os serviços. Não tenho dúvidas de que se aparecêssemos na televisão íamos ter mais atletas, mas isto custa dinheiro e não há.
É hora de assumir o comando, Benfica. O dia de amanhã poderá ser um dos mais marcantes da época. Espero, por isso, que o seja e que daqui a uns meses o recorde com muita emoção e alegria. Aquilo que estou a dizer pode parecer descabido e exagerado, mas o jogo de amanhã frente ao Rio Ave é de uma importância considerável. A derrota de hoje do F.C.Porto faz com que, em caso de vitória, o Benfica assuma a liderança do Campeonato. Resta saber se será partilhada com o Sporting ou não. Ainda assim, comandar a tabela neste momento tem tudo para beneficiar a nossa equipa, que poderá ganhar um ânimo extra e uma dose de motivação que nos faça rumar ao título.
Para que este cenário se concretize é preciso ir buscar os três pontos a um campo historicamente difícil para os adversários. É certo que, nesta temporada, o Estádio dos Arcos não se tem assumido como a fortaleza de um Rio Ave que ainda só venceu um jogo em casa e perdeu quatro. Contudo, ir jogar a Vila do Conde nunca será tarefa fácil e todos os cuidados são poucos para uma equipa que conta com jogadores de inegável talento, como são Ukra, Tarantini ou Diego Lopes.
O duelo será duro e disputado, mas, como é natural, exige-se ao Benfica a vitória e consequente subida ao primeiro posto da tabela. O jogo de amanhã é um daqueles em que não se pode vacilar e em que o único resultado aceitável é a vitória. É certo que no nosso clube essa lógica é imperial, mas para este jogo a mesma acresce. Por termos a possibilidade de comandar o campeonato pela primeira vez esta época, mas sobretudo por dispormos da hipótese de nunca mais a largar e arrecadar o título nacional. Para qualquer equipa o facto de liderar uma competição traz uma motivação fundamental para o grupo e para a massa adepta. Podemos passar a ser o alvo a abater, aquela equipa que qualquer adversário quer derrotar. Ou podemos ganhar uma dose adicional de pressão. Mas um clube como o Benfica sempre viveu e viverá com isso e tem de saber lidar perfeitamente com tais vicissitudes.
Vitória em Vila do Conde garante liderança Fonte: Record
Para concluir, reforço a relevância do jogo de amanhã para aquilo que será o resto da temporada. A vitória de amanhã poderá ser o início de um caminho glorioso para a equipa e por isso não a podemos deixar escapar. É crucial que façamos um bom jogo, com a consistência e dinâmica necessária para arrecadar os três pontos e saltar para o primeiro lugar, aquele nos deve pertencer sempre. Depois é aguentar a pressão de sermos primeiros e, de uma vez por todas, não deixarmos escapar a liderança. Quem está na frente e comanda deve fazer de tudo para não perder essa posição e focar-se exclusivamente nesse objectivo. Nem que para isso tenhamos de abdicar de lutar por um título europeu. A este Benfica pede-se que ganhe sempre, mas implora-se pelo título de campeão nacional e esse terá de ser sempre objectivo número um do clube. Amanhã poderemos ser primeiros e nunca mais deixar de o ser. Tem isso presente, meu querido Benfica.
Desde que Bruno de Carvalho irrompeu no universo leonino que me identifico com as ideias – e ideais – que advoga. Quando concorreu, pela primeira vez, à presidência do Sporting Clube de Portugal não hesitei em declarar que aquele seria o candidato que apoiaria. O empresário representava o corte inexorável com duas décadas de erros atrozes e derrotas desonrosas com consequências funestas para o clube de Alvalade. Porém, por entre votos escondidos, contagens e recontagens de votos, e outras trapaças, Godinho Lopes venceu as eleições de 2011. A esperança legítima de que, finalmente, o Sporting tomaria rumo diferente esbateu-se. Até Março de 2013.
O mandato de Godinho Lopes pautou-se pelo extremismo aplicado em muitas decisões. Desde as contratações em catapulta até à parada de treinadores que orientaram o Sporting durante o período do mandato do engenheiro. O entusiasmo inicial da massa adepta conjugado com o bom nível exibicional da equipa fizeram crer que os leões haviam encontrado um timoneiro à altura. Mas a época transacta foi o perfeito espelho da política errónea de Godinho.
Bruno Carvalho tem demonstrado ser um Presidente diferente dos antecessores / Fonte: Público
Em Março passado, Bruno Carvalho venceu as eleições para Presidente do Sporting Clube de Portugal, derrotando José Couceiro e Carlos Severino. Desde o primeiro minuto, foi perceptível a diferença entre o agora Presidente e os seus antecessores. O fundador da Fundação Aragão Pinto encetou esforços para reduzir a despesa leonina, seja em jogadores, seja em funcionários, não se aventurou no sempre tentador defeso e passou a ocupar um lugar no banco de suplentes. Medidas louváveis. Paralelamente, os resultados no relvado são deveras positivos.
No que toca à forma como se posiciona no panorama futebolístico português, Bruno Carvalho assume, igualmente, uma postura peculiar, ainda que nem sempre correcta. As recentes declarações , feitas à margem de um encontro de sportinguistas, revelam um exagero desmedido. Bruno de Carvalho não necessita de picardias para demonstrar ser um bom presidente. Pessoalmente, repugno o que disse acerca do vermelho da bandeira portuguesa. Associar o valor cromático da bandeira à cor do clube rival é uma “piada” desnecessária e de um garoto de cinco anos. O vermelho presente na bandeira simboliza o sangue derramado pelos portugueses nas inúmeras batalhas que travaram ao longo de séculos. A cor do clube do Colombo nada interfere nisto.
Continuo a ter a mesma ideia de Bruno Carvalho: homem sério, competente e com um coração marcadamente sportinguista. Todavia, a minha admiração por ele não me impede de o criticar quando acho pertinente. Este é um desses casos.
Conhecido pela sua postura irreverente, frontal e polémica, José Mourinho tem sido decisivo nos clubes por onde passa, não só pelas variadas conquistas, mas também pelo impacto que a sua figura tem nas estruturas do futebol.
O técnico português ganha uma notoriedade que se sobrepõe à do próprio clube onde trabalha, seja em Portugal, Inglaterra, Itália ou Espanha. O Special One logrou conquistar a Liga Inglesa por um clube que já não vencia a competição há cinquenta anos, venceu campeonato e Liga dos Campeões no Porto e no Inter e foi ainda capaz de bater o histórico Barça de Guardiola, ao vencer a Liga Espanhola na temporada 2011/2012. Ao todo são já vinte os títulos conquistados por Mourinho enquanto treinador.
Mas, se é um sonho para os adeptos tê-lo no clube (a maior parte dos do Real Madrid constituem a excepção), a verdade é que se torna um pesadelo vê-lo partir para outras paragens. A ressaca pós-Mourinho é particularmente visível em Milão, onde o Inter nunca mais conseguiu ser o mesmo após a saída do técnico português.
A final da Champions frente ao Bayern em Madrid foi o último jogo de Mourinho no banco do Inter. Conquistou a competição, festejou no relvado, mas não seguiu com a comitiva de regresso ao Norte de Itália para festejar com os inúmeros tiffosi que inundaram as ruas milanesas. O abraço de Mourinho a Materazzi, já no exterior do Barnabéu, em que ambos se desmancham em lágrimas, foi o ponto de partida para um deserto de títulos e bons resultados para os nerazzurri.
Mourinho erguendo o troféu da Liga dos Campeões perante os seus jogadores / Fonte: espnfc.com
Desde aí, o Inter terminou os campeonatos em segundo, sexto e nono, num percurso em que participaram cinco treinadores. É verdade que da equipa de Mourinho muitos jogadores saíram, mas muito dinheiro foi gasto em contratações falhadas. Ver o histórico Zanetti capitanear uma equipa que termina em nono é particularmente chocante.
Falhadas as passagens de Gasperini, Leonardo, Ranieri, Benítez e Stramaccioni, Moratti apostou esta temporada em Walter Mazzarri para orientar a sua equipa. Técnico experiente de cinquenta e dois anos, fez quatro épocas excelentes no Nápoles e é a esperança dos tiffosi nerazzurri para acabar com o trauma pós-Mourinho.
Para já, a equipa está no quarto lugar, a apenas dois pontos de um lugar de Liga dos Campeões, mas já a oito pontos da líder Juventus. Sinal positivo é o facto de a equipa ainda não ter perdido fora de portas e só ter mesmo uma derrota em treze jornadas já disputadas. Bons sinais também a nível ofensivo, uma vez que o Inter é a equipa com mais golos na prova. O esquema, em 3-5-1-1, explora a velocidade das laterais – de jogadores como Nagatomo e Álvaro Pereira -, aliando a isso um meio-campo musculado onde Cambiasso continua a ter um papel fundamental. Na frente, os argentinos Palacio, Icardi e Milito lutam por um posto à frente de Guarin.
Cambiasso cumpre a décima primeira época no Inter / Fonte: focuscalcio.it
Os sinais vindos de San Siro dão conta de uma equipa mais coesa e aparentemente mais fiável. Veremos se Mazzarri terá a capacidade para a fazer crescer e a levar para patamares mais altos, fazendo esquecer de uma vez por todas o fantasma Mourinho, que ainda paira em Milão.