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Camisa azul-bebé e calça “fina”

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cab Volei

Não. Não é o meu outfit de eleição para Sábado à noite, nem é (que eu saiba) uma combinação recente da ModaLisboa. Este é o “padrão” habitual da vestimenta dos árbitros portugueses de voleibol – e é deles que estou aqui para falar um pouco.

Árbitros portugueses no final de um jogo (visível o uniforme nacional do árbitro de voleibol) http://desportomariense.blogspot.pt/
Árbitros portugueses no final de um jogo (visível o uniforme nacional do árbitro de voleibol)
Fonte: desportomariense.blogspot.pt

Olhando para uma perspetiva geral das modalidades mais praticadas no país, talvez a ideia que há do árbitro de voleibol é a de que este é que está muito bem, ali na plataforma fixa (“escadote”) ou a percorrer escassos centímetros na posição de segundo árbitro – e isto pode parecer muito fácil (vá, não há relvados para percorrer, nem há a necessidade de ter aquelas pernas que sobressaem com a massa muscular, prontas a correr até ao jogador que mereceu o cartão). De facto, o árbitro de voleibol tem, a nível físico, as posições mais estáticas do panorama desportivo, mas, a nível mental, o jogo é equivalente a muitas “correrias”!

Um jogo oficial, se contiver a equipa de arbitragem toda, terá 4 juízes de linha, um árbitro principal, um segundo árbitro e ainda o marcador, que não deixa de ter relevância e necessita de atenção redobrada, por vezes.

O árbitro de voleibol – e estando na perspetiva de primeiro árbitro, ou daquele que está no “escadote” -, é aquele que, em qualquer decisão que tome, em 90% dos casos em que o apito soa no pavilhão isso implica um ponto para uma das equipas. Requer uma capacidade de concentração muito grande, uma preparação psicológica de algum rigor e mesmo uma série de treinos que se fazem para um melhor desempenho. Arrisco-me a dizer que os árbitros de voleibol no país são provavelmente os mais bem acolhidos perante as suas respetivas associações. Por experiência, sei que as comissões de arbitragem se preocupam em dar todas as condições para que o árbitro vá bem preparado para os jogos/competições, para que haja uma alimentação cuidada, ou uma estadia confortável (quando implica deslocações).

Sim, os árbitros de voleibol realmente têm de cumprir um código regular da forma como se vestem, “o que até os torna mais bonitos”, digamos assim. Mas o que realmente se quer que seja “bonito” é o jogo e a sua organização que, claro, passa pelo árbitro em primeiro lugar. É trazer multidões aos pavilhões, é manter a bola no ar, sempre com um certo nível desportivo, ético e linear no decorrer dos sets – e isto é uma preocupação constante e que procura dar aquele destaque que parece surreal ainda para a modalidade.

Portugal tem anualmente formação de árbitros dentro das categorias de estagiários, regionais e nacionais. Além dos árbitros formados nestas categorias, Portugal tem uma série de árbitros da categoria internacional que fazem parte da Federação Internacional e que destaco por último, mas não de forma menos importante, neste artigo.

São estas competições a nível internacional e árbitros portugueses que estarão em ação nas competições europeias:

Avelino Azevedo – RC Cannes (França) x Eczacibasi Istanbul (Turquia), no dia 5 de Dezembro, na Poule D da Liga dos Campeões – femininos.
Piacenza (Itália) x Dínamo de Moscovo (Rússia), no dia 17 de Dezembro, na Poule B da Liga dos Campeões – femininos.

Hélio Ormonde – Paris Volley (França) x Budvanska Budva (Montenegro), no dia 7 de Novembro, na Poule C da Liga dos Campeões – masculinos.
Lube Banca Macerata (Itália) x SK Posojilnica Aich/Dob (Áustria), no dia 10 de Dezembro, na Poule E da Liga dos Campeões – masculinos.

Lídio Ferreira – Rocheville Le Cannet (França) x Derrotado do Bursa (Turquia) x Fenerbahce Istanbul (Turquia), em data a definir, nos 16 avos-de-final da Challenge Cup – femininos.

Nuno Teixeira – Dauphines Charleroi (Bélgica) x Besiktas Istanbul (Turquia), no dia 20 de Novembro, na Fase de Qualificação da Challenge Cup – femininos.
Chaumont VB (França) x Chev Diekirch (Luxemburgo), no dia 27 de Novembro, na Fase de Qualificação da Challenge Cup – masculinos.

Raquel Portela – Vencedor do Sagres Neuchatel (Suíça) x Apeldoorn Holanda x Derrotado do Vilsbiburg (Alemanha) x Jedinstvo (Bósnia-Herzgovina), em data a definir, nos 16 avos-de-final da Challlenge Cup – femininos.

Ricardo Ferreira – Vencedor do TV Ingersol Buhl (Alemanha) x Landstade Zwolle (Holanda) x Vencedor do Nantes Rezé (França) x Bre Banca Cuneo (Itália), em data a definir, nos oitavos-de-final da Taça CEV – masculinos.

O império de Ding Junhui

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cab Snooker

Não, não é um dejà vu, mas sim um hat-trick. Este texto é do mesmo teor do que o da semana anterior, visto que Ding Junhui voltou a triunfar com o seu snooker de máxima qualidade. Na final do International Championship (domingo, dia 3) começou a escrever-se história.

Um hat-trick que conta com uma vitória no Shangai Masters em Setembro, no Indian Open em Outubro e no International Championship em Novembro. Somando assim nove vitórias no total em eventos de ranking, Junhui junta-se a John Parrot e Peter Ebdon.

Domingo foi um dia bastante stressante. Não só para mim, mas também para os nossos dois finalistas chineses, imagino eu. Pouco tempo para fazer a mala de regresso a Lisboa, pouco tempo para comer, pouco tempo para matar as saudades da cadela e ainda menos tempo para ver a grande final do International Championship. Claro que alguns destes deveres tiveram de ficar para trás e com certeza que um deles não foi a televisão. Infelizmente a Eurosport1 não transmitiu a final na sua totalidade, mas nada que não se resolva com uma escapadela à lei. É óbvio que ver um acontecimento destes num ecrã de computador com um site cheio de publicidade não é o mais agradável, mas mesmo assim é preferível.

Marco Fu liderou até aos 9-8, mas Ding virou o marcador nos últimos dois frames e, com uma entrada de 91 pontos, sagrou-se campeão internacional, esbatendo todas as dúvidas que podiam restar sobre a sua grande qualidade enquanto jogador de snooker.

Títulos de ranking

Stephen Hendry – 36

Steve Davis – 28

John Higgins – 25

Ronnie O’Sullivan -25

Mark Williams – 18

Jimmy White – 10

John Parrott – 9

Peter Ebdon – 9

Ding Junhui – 9

Ding Junhui ganhou 10-9 a Marco Fu no International Championship http://www.worldsnooker.com/
Ding Junhui ganhou 10-9 a Marco Fu no International Championship
Fonte: worldsnooker.com

É o primeiro jogador desde 1993 a ganhar três torneios consecutivos, onde há 20 anos o jogador escocês Stephen Hendry ganhou cinco. E foi o mesmo escocês, considerado por muitos o melhor de todos os tempos, que afirmou com toda a sua convicção que neste momento Ding Junhui é o melhor jogador do mundo.

Antes de fazerem qualquer julgamento à grande atenção que o jogador chinês tem tido, é importante (re)lembrar que não passam de 26 anos de vida, e 17 de jogo.

O próximo evento para o ranking mundial começa dia 26 de Novembro. O UK Championship vai passar-se na cidade inglesa York e Mark Selby é o campeão a bater. 

Seis Jornadas, muitas surpresas

cab futebol feminino

Quando uma época acaba, seja qual for a modalidade, é já uma tendência para todos aqueles que a acompanharam começar a fazer algumas previsões sobre como será no próximo ano. “Será que é desta que o Sporting sai do buraco? Será que o Mourinho vai voltar a ter sucesso no Chelsea? Será que os 49ers vão chegar novamente à Superbowl? Eu cá acho que sim!” É com este tipo de suposições, adivinhações, apostas e previsões que adeptos e entusiastas de desporto se entretêm durante o período de defeso. E é certo e sabido que, lá mais para o fim do campeonato, vai sempre haver algum carapau de corrida que nos vem relembrar daquela previsão feita naquele dia naquele café em que disse isto e aquilo, tal como veio mesmo a acontecer. “Eu é que percebo disto!”, dirá, radiante da vida, ainda que a sua equipa de eleição esteja a ser completamente chacinada e que tenha falhado redondamente todas as outras previsões que fez. São aquelas típicas “personagens” do convívio desportivo que já todos aprendemos a aturar e até mesmo a apreciar as muitas vezes cómicas intervenções.

Não tão engraçado é quando isso nos acontece a nós. Logo nós que percebemos tanto daquilo, logo nós que julgávamos saber mais do que maioria sobre aquele desporto, logo nós que tínhamos a certeza de que este ano seria assim e assado. Mas o desporto é feito de surpresas, e mesmo nós, que pensávamos que éramos os maiores, muitas vezes cometemos falhanços piores do que aquele do Slimani em Alvalade ou do que os penáltis do Sérgio Ramos.
Isto tudo para dizer o seguinte: quando no ano passado o Ouriense venceu o campeonato feminino, pensei que já sabia como ia ser a próxima época. Ouriense e 1º Dezembro numa luta acesa pelo título com o Albergaria ao barulho, seguidos de perto por um Boavista ou um Vilaverdense, se estivessem em ano sim. Parecia ser o óbvio, uma aposta segura, uma realidade à espera de acontecer. Bom, é certo que o campeonato ainda vai no início, mas acho que já se pode dizer que falhei redondamente a minha previsão.
Com 6 jornadas no campeonato nacional de futebol feminino, o actual líder é… o A-dos-Francos. Sim, parece que o hábito de haver uma equipa sensação no campeonato anda a pegar no futebol feminino – e de que maneira. Seis jogos e seis vitórias para as atletas recém-promovidas das Caldas da Rainha. Conseguem adivinhar contra quem foi a última? Pois é. 1 a 0 frente ao campeão em título, o Atlético Ouriense, que foi assim atirado para segundo lugar com cinco vitórias, 23 golos marcados e apenas dois sofridos.

Equipa recém-promovida A-dos-Francos continua invicta no campeonato / Fonte: http://futebolfemininoportugal.com/
Equipa recém-promovida A-dos-Francos continua invicta no campeonato / Fonte: http://futebolfemininoportugal.com/

No que diz respeito ao Boavista e ao Albergaria, a minha previsão parece acertada – quarto e quinto classificados, respectivamente. No terceiro posto, uma surpresa. O Clube Futebol Benfica, que ficou a um ponto acima da linha de água na época transacta, soma 14 pontos, com quatro vitórias e dois empates.
E o 1º Dezembro? Por onde anda o antigo “eterno campeão” do futebol feminino? Em oitavo lugar (relembro que o campeonato tem dez equipas), com quatro derrotas e dois empates. Um início de campeonato muito aquém do esperado que deixa o 1º Dezembro em grandes dificuldades para chegar sequer à fase de apuramento de campeão.
Claro que fazer análises de campeonatos com apenas 6 jornadas pode parecer prematuro, mas, “a brincar, a brincar”, já se jogou um terço da fase regular. No entanto, ainda nada está decidido. Conseguirá o Ouriense afirmar-se enquanto novo peso pesado do futebol feminino? Poderá o A-dos-Francos repetir a estória da época passada e sagrar-se campeão, um ano depois de ser promovido? Estará o 1º de Dezembro em risco de descer de divisão, depois de ter estado 140 jogos sem perder? Ou será desta que outros clubes como o Albergaria, Boavista ou mesmo o Futebol Clube Benfica vão finalmente vencer o campeonato feminino?
Ao bom estilo do Dragon Ball – Não percam o próximo episódio, porque nós, no Bola na Rede, também não!

Uma questão central

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Verde e Branco à Risca

Qualquer clube que suporte uma grandeza universal tem de suportar, de igual modo, uma massa associativa exigente ao máximo. Eu, como adepto de um dos maiores clubes desportivos à face da Terra, exijo perfeição.

A perfeição, como sabemos, já morou mais longe de Alvalade. Porém, esta época parece ponderar mudar-se de malas e bagagens para o nosso reino. Mas por que razão ainda não se instalou? Eu tenho a minha opinião, que penso estar em conformidade com o resto dos sportinguistas. Trata-se de uma questão central.

Vejamos: no que toca à baliza acredito que estamos bem servidos, com um dos melhores guarda-redes da Europa (será injusto esta designação ser retirada a Rui Patrício devido a um deslize ao serviço da Selecção Nacional). Não existem dúvidas possíveis quanto a esta posição, contando ainda com a presença de um suplente de alto nível (Boeck); quanto às laterais, tanto Cédric como Jefferson têm mostrado um nível exibicional bastante encorajador para qualquer adepto. Tanto a atacar como a defender têm estado irrepreensíveis. Já Piris demonstrou estar, igualmente, à altura dos acontecimentos nas oportunidades que tem tido (tendo a vantagem de ser competente em ambas as alas); o meio-campo tem funcionado bastante bem (as prestações de William Carvalho são de encher o olho – podemos dormir descansados com um trinco deste nível, tendo ainda a garantia da qualidade do seu suplente, o capitão Fito Rinaudo); na zona mais avançada do miolo tem-se destacado (finalmente) Adrien Silva, um dos motores desta equipa, acompanhado por André Martins ou Vítor, que nos presenteiam, igualmente, com um bom nível, embora sinta que têm a capacidade para dar mais à equipa, e não tenho dúvidas de que o farão. O sector atacante é o que mais alegrias nos tem dado, facto provado pela quantidade de golos que temos feito ao longo desta época: Montero é um avançado de nível mundial; Slimani tem surpreendido e correspondido nas poucas oportunidades que lhe são proporcionadas; Wilson Eduardo, Capel e Carrillo são, claramente, extremos acima da média, com facilidade em brilhar em ambos os flancos, através da velocidade, técnica e capacidade de finalização. Posto isto, fica-nos apenas a faltar analisar um sector do terreno: a zona central da defesa.

É aqui que residem os grandes problemas do Sporting. Arrisco-me a dizer que os pontos que já perdemos durante este campeonato advêm, precisamente, dos problemas no centro da zona mais recuada da equipa. O Sporting sofreu 10 golos nos 10 jogos oficiais que realizou esta época (uma média de um golo sofrido por jogo), o que, a meu ver, é demasiado, para uma equipa que nos mesmos 10 jogos marcou 31 golos. Não é de todo condizente. Sendo assim, onde reside o problema? Na qualidade dos centrais leoninos? Penso que não. A grande lacuna é a falta de experiência, o que se reflecte em cada golo que o Sporting sofre.

Vejamos: contamos com quatro jogadores no plantel para a posição de defesa-central; Maurício, Marcos Rojo, Eric Dier e Rúben Semedo (embora existam centrais promissores nos B’s, não os vou colocar nestas contas). Estes quatro atletas perfazem uma média de 21 anos e meio de idade, o que não abona a favor da questão da experiência referida anteriormente, embora considere até que o jogador que demonstra menos confiança e experiência destes quatro é, precisamente, o mais velho (Maurício, 25 anos). Maurício apresenta bastantes qualidades, mas é um poço de inexperiência, talvez por nunca ter jogado ao mais alto nível (construiu a sua carreira em equipas de segunda linha do futebol brasileiro); Rojo parece-me ser o central mais competente deste lote, embora apresente por várias vezes falta de concentração; Eric tem desiludido esta época. Talvez por nos ter habituado a um nível bastante elevado na malfadada última época estivéssemos à espera de mais. Falta garra, destreza e concentração a um jogador que não tenho dúvidas de que poderá vir a ser um dos grandes centrais ingleses; Rúben Semedo, quando chamado, deu muito boas indicações, mas, devido à sua falta de experiência nos desafios de alto nível, não resolve o problema (embora esteja curioso para o ver actuar mais vezes, carregando uma maior responsabilidade nos ombros).

Rúben Semedo contra a Fiorentina / Fonte: O Jogo Online
Rúben Semedo contra a Fiorentina / Fonte: O Jogo Online

Qual será então a solução para esta questão? Poderá estar na evolução destes quatro jogadores, não duvido. Mas, sinceramente, penso que a reabertura do mercado poderá ser uma boa oportunidade para podermos vir a contar com um jogador mais experiente para esta posição, que faria dupla com Rojo no centro da defesa. Alguém que traga agressividade, experiência, idade e poder a esta defesa. Os clubes que mais sucesso têm, no panorama futebolístico actual, contam com centrais carregados de prática, profundos conhecedores do futebol, “raposas velhas” dentro das quatro linhas: duplas experientes como Piqué e Mascherano, Pepe e Sergio Ramos ou Ferdinand e Vidic já provaram que uma defesa esclarecida pode dar pontos, e acredito piamente que Bruno, Jardim e Inácio estão conscientes disso mesmo.

Não tenho dúvidas de que a perfeição chegará muito em breve ao nosso “Nobre Vulcão”. Quando? Quando muito, em Janeiro. Até lá, os rapazes continuarão a somar pontos, vitórias e a encher o nosso peito de orgulho. Acima de tudo, é esse o objectivo central.

Amar é querer partir mas ficar

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camisolasberrantes

Só nos contos de fadas é que as paixões imensas ganham o fulgor e a atraente calmaria que – estúpidos de nós – pensamos querer para o resto das nossas vidas. Sofrer, ainda que nessas páginas não conste, faz parte do crescimento. E o crescimento a dois é a coisa mais inspiradora que a Humanidade foi alguma vez capaz de conceber, rejeitando jovialmente o seu intrínseco egocentrismo. Pois que fique claro, ainda que nada saiba realmente sobre o assunto, que amar é ter o coração nas mãos e nas mãos o tremor impaciente de uma vida que anseia pela felicidade conjunta. Ou assim gosto de acreditar.

Luisão e o Benfica representam, de uma forma menos poética, o supra-sumo do que é esse fulgor ritmado que nos tira o sono, a fome, a lucidez e a vontade de viver tornando-nos simultaneamente nos seres mais vivos à face da Terra. O ‘Girafa’ entrou no coração da águia já lá vão 10 anos e, desde então, muitas foram as noites sem dormir que essa história de amor provocou aos que de encarnado vestem. 2009, 2011 e o presente 2013 foram os anos em que os jornais desportivos publicaram a intenção de sair por parte do brasileiro, o que causou manifesto mau-estar no balneário, visto o actual capitão ter declarado na altura – pré-época 2011/2012 – que nem a braçadeira o prenderia ao Benfica. Luís Filipe Vieira, de uma forma ou de outra, conseguiu sempre convencer o central a não fazer as malas e deixar a casa. E, lá está, de uma forma ou de outra, esse amor deixou-se fortalecer e cristalizou aquela que é actualmente a relação de lealdade mais cativante em todo o futebol português.

Hoje o palco é de Luisão porque, se as lesões não atrapalharem, no final da fase de grupos da Champions o camisola 4 tornar-se-á no jogador com mais presenças europeias por um clube português: 99. Nem Veloso (77), Eusébio (75) ou Nené (75) conseguiram deixar tal marca na história do futebol nacional. O actual recordista é nada mais, nada menos do que Vítor Baía, pelo FC Porto, com 98 presenças em jogos para a Europa.

E o que há para contar das aventuras além-mar do ‘Capitão’? Uma infindável amálgama de carrinhos in extremis, cabeceamentos territoriais, alívios determinantes e passes de ruptura para a inteligência dos médios e avançados de encarnado. Para além disso, e acima de tudo, três golos na Liga Europa – onde, em 2011, se destaca o tento contra o PSV, que empurrou a equipa para o empate que acabaria por garantir a presença nas meias-finais contra o Braga -, e cinco golos na Liga dos Campeões, sendo que nenhum benfiquista se esquece do enorme cabeceamento que dá a vitória em casa nos oitavos-de-final contra o Liverpool. No total, e só para saciar a curiosidade, 49 jogos para a Liga Europa (26 vitórias, 10 empates e 13 derrotas) e 47 jogos para a Liga dos Campeões, incluindo fases de qualificação (18 vitórias, 13 empates e 16 derrotas).

Luisão bate o Liverpool em Fevereiro de 2006 / Fonte: record.xl.pt
Luisão bate o Liverpool em Fevereiro de 2006
Fonte: Record

Pelo meio dos beijos apaixonados que mimicamente enviava aos adeptos depois de marcar um golo, também surgiram algumas quezílias. Ofensas, injúrias e revolta declarada e bem expressiva contra um público impaciente e já derrotado quando a vitória contra o Gil Vicente lá acabou por chegar (tarde). Mas a verdade é que quem ama, perdoa. Quem ama, não esquece. Dá o tudo por tudo e tudo deixa nesse jogo que é o amor.

Mais tarde ou mais cedo, porque é assim que os apaixonados vivem e sobrevivem, os temores dissipam-se, as palavras feias guardam-se nos bolsos – lá bem longe do coração – as zangas convertem-se em sinal de entendimento e, com toda a dedicação e lealdade que acompanhou essa vida a dois, vive-se com a certeza de que quando for para morrer, será a seu lado. E de encarnado.

À conquista da Europa

cab hoquei

No aniversário de Cosme Damião, o fundador do Benfica não podia pedir melhor prenda. Num pavilhão cheio e com um grande ambiente, o Benfica voltou a colocar o seu nome na História do hóquei, ao vencer a Taça Continental.

Foi uma noite perfeita para os encarnados e o resultado assim o demonstra: 5-0 ao Vendrell, depois dos 5-3 em Espanha, na primeira mão. Galvanizado pelo grande apoio do público, o Benfica procurou desde cedo o golo que desse tranquilidade à eliminatória, frente a um Vendrell que procurou fechar as linhas, defendendo em quadrado e tentando partir para o ataque quando a equipa do Benfica se encontrava desequilibrada na defesa. Mas o Benfica foi mais feliz e conseguiu ir para o intervalo com uma vantagem de 2 golos, da autoria de Marc Coy e Carlos Lopez.

A segunda parte foi jogada num clima já de antecipação da festa. Com 2 golos de vantagem, a Taça já não parecia escapar. Mas o Benfica não tirou o pé do acelerador e marcou mais 3 golos, por João Rodrigues, duas vezes, e outra vez por Carlos Lopez. No final, festa benfiquista e o culminar de uma grande época a nível europeu, tanto para o Benfica como para o hóquei português. Dia 16 o Benfica volta a ter oportunidade de fazer história, pois defronta o Sport Club do Recife, o Campeão Sul-americano de Hóquei em 2012, para a Taça Intercontinental, em Torres Novas.

Gostaria também de destacar a grande prova que os sub-15 do Sporting fizeram na Eurockey Cup, onde chegaram à final da prova, tendo perdido para o Reus por 3-2. Numa altura em que o Sporting procura a estabilidade neste regresso à primeira liga, este 2ºlugar promete um futuro brilhante para os leões.

Stop Making Stupid People Famous

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Escolhi díficil. O fácil é de todos

Hoje vou aproveitar para, paradoxalmente, alargar uma tendência própria dos Domingos à noite para o que aqui nos importa: o Sporting. “Stop making stupid people famous” é a tendência, e escusado será dizer o porquê de ser incontornavelmente ligada aos Domingos à noite. Nós temos regularmente a oportunidade de atribuir importância às mais variadas personalidades e facetas, e acabamos quase sempre por fazê-lo da forma errada. O Futebol é um desporto tão rico em coisas boas, e batalhamos sempre acerca das más?

Fonte: Os Magos do Bairro Social
Fonte: Os Magos do Bairro Social

Vamos ser específicos: temos golos, temos dribles, temos remates potentes, passes milimétricos, tácticas diversas, filosofias distintas, temos curvas incansáveis, temos o sentimento de companheirismo próprio de Alvalade, temos o prazer de partilhar um clube de Futebol… e discutimos sempre mais as arbitragens do que tudo o resto? Não me interpretem mal. Não sou dos que acham que os árbitros não devem ser avaliados; criticados, até, se assim for justo, como qualquer outro interveniente do jogo.

O que defendo, e sustento, é a importância daquilo que podemos apreciar e relegamos para segundo plano. O Futebol é emoção, mas verão que a irão saborear muito mais se, depois de apoiarem a equipa que vos move de casa até a um estádio ou até um café ou simplesmente até um qualquer canal ou antena, conseguirem debatê-lo e a todos os seus pormenores que fazem daquele o jogo de que mais gostamos. A insistir na arbitragem perdemos mais do que ganhamos. Por vezes, corremos o risco de sermos injustos e de não entendermos a diferença entre um erro natural e um erro premeditado, que acredito ser bastante recorrente no nosso campeonato. Mas mais do que isso: perdemos a clarividência para apreciar aquilo com que mais simpatizávamos enquanto crianças e, acredito, enquanto começámos a gostar do verde em vez do vermelho, no nosso caso. Essa é a essência do Futebol que se perde com os anos. Ganhamos preconceito, ganhamos limites que nos circundam a vista e nos tornam cegos quando aquilo por que mais pagaríamos seria continuar a ver a nossa equipa a ganhar.

Jovem Sportinguista / Fonte: Sporting Fans
Jovem Sportinguista / Fonte: Sporting Fans

Leonardo Jardim adoptou uma postura de que, confesso, nem fui muito adepto. Não comentar arbitragens pode trazer-nos desvantagens porque quem mais se queixa é quem mais mama. Mas o nosso treinador entendeu ser mais importante dar o exemplo correcto e, aí sim, não poderia estar mais de acordo! Não está em questão a soberania dos árbitros e o seu estatuto inquestionável. Está em questão a lealdade que temos para com o Desporto que nos faz felizes ou tristes, conforme os dias, conforme as noites.

O respeito que temos para com a familiaridade que se veio a perder nos estádios de Futebol deve ser privilegiado. Se são os árbitros e aqueles que estão por trás das suas más actuações os responsáveis pelo empobrecimento do Futebol Português? Sem dúvida. Mas eu acredito que podemos combatê-los ao fazer de Alvalade um sítio diferente. Apoiem a vossa equipa. Discutam as opções técnicas. As decisões do Carrillo. As desmarcações do Montero. O sentido posicional do William. Vão mais além e recebam bem quem com o intuito certo vem a nossa casa, mesmo que defender outras cores. Não permitam, sobretudo, que mudem as vossas convicções. É quando nos apaixonamos que estamos certos. Pelo Futebol, cabe a nós continuar sem discutir o nome dos de apito, tal como fazíamos quando chegávamos à escola primária no dia seguinte ao jogo, de camisola vestida e cores aguerridas. De orgulho erguido e leão ao peito. Sem saber que um dia deixaríamos de saber como gostar daquilo de que mais gostamos.

Citizens caçam os Canaries

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Hoje volto com um rescaldo da Premier League e o meu principal alvo vai ser o Manchester City, que não só ganhou como encantou.

O City precisava de voltar às vitórias depois da derrota com o Chelsea, em Stamford Bridge, devido ao desentendimento de Nastasic e Hart, que deu o 2-1 final ao Chelsea, já em cima do minuto 90. Com o objectivo bem definido, para não perder os olhos da liderança, os Blues de Manchester não só voltaram às vitórias como “atropelaram” o Norwich City, com uma goleada por 7-0.

A equipa do ex-avançado Sportinguista, Ricky Van Wolfsvinkel, nunca conseguiu entrar em jogo e abriu demasiados espaços numa defesa claramente fragilizada. Kun Agüero aproveitou-se desse factor da melhor maneira possível com 3 assistências e um golo coroando-o, na minha opinião, como o melhor em campo. Um ataque mortífero, com golos distribuídos por toda a equipa. O primeiro foi da autoria de Bradley Johnson, com um auto-golo, aos 16 minutos, minuto de azar para o jogador forasteiro. De seguida, entraram em ação Silva, Nastasić, Negredo, Toure (e que golo!), Aguero e, a finalizar, Džeko.

O City fica assim a 6 pontos do Arsenal, junto dos principais candidatos, em que o 2º lugar e o 7º lugar são separados por apenas 3 pontos.

Já no jogo grande da jornada, em que o Arsenal recebia o Liverpool, a equipa da casa não desapontou com um grande resultado frente a um rival direto. Os Gunners ganharam por 2-0, com golos de Cazorla e Ramsey (mais um grande golo do gaulês), e provam que não estão para brincadeiras. Suárez nada conseguiu fazer para parar o Arsenal e os 3 pontos ficaram nos Emirates, que se distanciam do 2º lugar, garantindo uma vantagem de 5 pontos.

Golo de Ramsey, frente ao Liverpool / Fonte: Gooner Daily
Golo de Ramsey, frente ao Liverpool / Fonte: Gooner Daily

A nota negativa da jornada vai mesmo para José Mourinho, que viu o seu Chelsea perder em casa dos Toons por 2-0. A jogar em casa, o Newcastle United, aproveitou uma má exibição dos Blues para ganhar, com dois golos franceses, de Gouffran e Rémy. Nota ainda para uma grande exibição de Yohan Cabaye, que demonstra o porquê do interesse de grandes clubes, como o Arsenal, no último defeso. Este é um deslize que o Chelsea não deveria ter tido, contudo a deslocação não era nada fácil.

Yohan Cabaye / Fonte: chroniclelive.co.uk
Yohan Cabaye / Fonte: chroniclelive.co.uk

Nos restantes jogos é de realçar o empate entre o Everton e o Tottenham a zero. Tratava-se de um jogo de elevado grau de dificuldade para a equipa de Villas-Boas e o nulo atesta bem a dificuldade dos jogos no Goodison Park. Já o Man United, obteve uma preciosa vitória frente ao Fulham, por 3-1. O “abono de família”, Robin Van Persie, fez mais um golo e uma assistência para os Reds, deixando David Moyes um pouco mais descansado.

Finalmente, para concluir o rescaldo da jornada, é preciso referenciar o golo de Begovic, que deu o empate ao Stoke City, frente à defesa menos batida do campeonato, o Southampton. Um golo de área a área que deixa Boruc muito mal na fotografia logo ao primeiro minuto. Os Saints ainda lutaram pelo resultado mas não foram além do empate a uma bola. Não é todos os dias que um guarda-redes marca um golo, ainda para mais numa liga como a Premier League.

Na próxima jornada o Arsenal vai até Old Trafford, onde se espera um grande jogo. Quem fará a diferença? RVP, Rooney, Ramsey ou Ozil? Esperamos ansiosamente por mais um grande jogo.

Dez tristes anos

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benficaabenfica

Dez anos se passaram e quatro títulos de futebol se conquistaram (Taças da Liga só servem mesmo para o populismo) com Luís Filipe Vieira como Presidente. Estes números envergonhariam qualquer outro Presidente mas este ganhou uma aura e uma protecção baseadas em demagogia e areia para os olhos dos sócios e adeptos. Vieira está no poder como, quando e durante o tempo que quiser. É isso que assusta e espanta como conseguiu chegar a este ponto. Vieira utilizou a pior fase da história do Clube para lançar o terror e auto perpetuar a sua obra. É esse o maior argumento dos 83% que elegeram a incompetência e que para isso usam do deves querer voltar ao Vale e Azevedo. Tudo certo, nenhum adepto do Benfica quer voltar à fase mais decadente da gloriosa história do clube.

Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus / Fonte: abola.pt
Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus
Fonte: A Bola

Entre 1993 e 2003 (Damásio – Vale e Azevedo – Vilarinho) ganhámos um campeonato e uma Taça de Portugal. Com Vieira, em igual período, entre 2003 e 2013, dois campeonatos e uma Taça de Portugal. A cegueira dos apoiantes de Vieira é tal que parece que o Sport Lisboa e Benfica nasceu em 1993 e tudo o que está para trás não interessa. É de elogiar, sim, a capacidade que Vieira teve para conseguir meter o cérebro dos benfiquistas na máquina de lavar e fazê-los quase esquecer (não todos, felizmente) do Benfica ganhador. Este tipo de campanha fez a grande maioria dos sócios colocar o actual Presidente num pedestal, transmitindo a ideia de que a história para trás de 1993 foi simplesmente apagada. Esta ridícula ausência de títulos vai sendo desculpada com árbitros, relvados, condições atmosféricas, jogadores adversários que correm mais contra nós do que contra os outros, bandeirinhas, adeptos ou ausência deles e os sócios vão na cantiga. São até os sócios e adeptos mais velhos a grande base do apoio vieirista, algo que surpreende, se tivermos em conta o facto de terem sido estes mesmos adeptos a viver na pele e no sangue o Benfica vencedor. Luís Filipe Vieira conseguiu baixar as exigências dos benfiquistas para níveis nunca antes vistos, em que até feitos alcançados pelo Braga e quase pelo Boavista (final de uma competição europeia) conseguem ser tornados em feitos inolvidáveis. Nem sequer quero entrar na área financeira porque os números e a falência técnica falam por si. Pior do que não ganhar é ver os valores do benfiquismo mergulhados em humilhações e demagogia. O desrespeito pelos adversários e pelos próprios adeptos tornou-se um triste hábito deste Benfica. Até já entramos em jogos NA NOSSA PRÓPRIA CASA a achar que é importante “não perder”, segundo o mestre Jorge. O Benfica à Benfica está de coma. Resta-nos o Benfica à benfiquinha de Vieira, pequenino, pequenino…

É claro que reconheço méritos ao Presidente. A forma como utilizou os meios de comunicação, tanto em Portugal como para os emigrantes, é brilhante: afinal, uma mentira dita muitas vezes torna-se verdade. Interessante, também, a forma como subliminarmente consegue fazer passar a sua mensagem de “estabilidade e seguir o caminho traçado” na Benfica TV. Trouxe de volta o Benfica eclético e vencedor nas modalidades e o centro de estágio do Seixal coloca-nos no topo europeu a este nível. Deu condições de trabalho e recursos aos treinadores como não houve igual antes e recuperou a credibilidade do Benfica na Europa do futebol. Mas não ganha. E dos derrotados não reza a história. Ou melhor, reza a história dos vieiristas. Nesta década não ganhámos mas estivemos quase e vai ser para o ano, dizem eles. Enquanto não saímos do quase, o Porto teve a melhor década da sua história.

Reis da Península Ibérica

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cab futsal

E se vos disser que podem ver um Barcelona – Benfica ou um Real Madrid – FC Porto?
Ou ainda um Levante – Sporting? (Loucura). Isto semanalmente, num campeonato que englobaria as equipas da península ibérica. Ficavam todos contentes, não era? Arrisco-me a dizer que alguns adeptos eram meninos para esbofetear o gato da vizinha, num exemplo de alegria extrema (sim, porque eu, sempre que me sinto profundamente realizado, vou a correr tocar no 2º esquerdo para esbofetear o Tareco) – raio do gato da vizinha, não se cala a noite toda.

Para os indivíduos que adoram gatos e não conseguem viver sem ver gatos a vomitar bolas de pêlo e engolir de seguida, as minhas profundas desculpas; não estou aqui para ferir susceptibilidades.
Ao contrário do que imaginam, não estou aqui para vos informar de que vão ver um Rayo Vallecano – Arouca (eu sei que queriam, 1 minuto de silêncio), até porque nem vos estou a falar de futebol; eu sei que se esquecem com facilidade, mas aqui fala-se de futsal.

O conceito é parecido: equipas espanholas e equipas portuguesas (não o FC Porto, porque não integra o campeonato nacional de futsal) defrontam-se numa competição ibérica; ligeiro “twist” nesta aventura: só os campeões das duas competições (campeonato nacional de futsal e o campeonato espanhol de futsal) é que participam nesta competição de um só jogo para ver quem é que é o maior aqui da aldeia.

Eu sinceramente acho esta competição um bocado parva, acho que é mais do que óbvio que a melhor equipa da península ibérica é o Benfica (até me arrisco a dizer do mundo) e acho que isto é de conhecimento geral, mas isto sou eu, que tenho um cartão de sócio vermelho com uma fotografia do Harry Potter com 11 aninhos no lugar da minha cara.

Caras federações Portuguesa e Espanhola de Futsal, por favor aceitem esta nova (velha) competição, e aproveito desde já para dizer que o Benfica ganha pelo menos umas 15 vezes seguidas – sim, porque o Benfica já disputou esta competição, só não ganhou porque não era oficial! A partir de agora é tudo nosso, jogamos na final com o Interviú e o Ricardinho marca autogolos de trivela e festeja, feito doido.