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A-do-Chapéu e o sonho da Taça

cab futebol feminino

Jornal “A Bola”, a 26/01/2014 – “Líder do Campeonato já sonha com o Jamor”.

Jornal “A Bola”, a 27/01/2014 – “Chapelada rouba Jamor ao líder”.

Bom, em primeiro lugar, e antes de fazer qualquer comentário à monstruosa escorregadela do A-dos-Francos na Taça de Portugal feminina, tenho de fazer uma pequena observação. Há que elogiar o jornal “A Bola” pelo crescente acompanhamento que tem feito do futebol feminino português. Se, em textos anteriores, critiquei os media desportivos nacionais pela cobertura quase nula à modalidade, também é preciso elogiar quando fazem um bom trabalho – e este jornal, em particular, tem dedicado cada vez mais espaço ao escrutínio do futebol feminino nacional.

Retomando o assunto – “O quê? O A-dos-Francos foi eliminado da Taça?” É verdade. Depois de, na época passada, as atletas das Caldas da Rainha terem caído nas meias-finais da competição, frente ao Valadares Gaia, desta vez não foram além dos oitavos-de-final, serventia da equipa do Viseu 2001. “Então, mas, calma lá, nunca ouvi falar dessa equipa!” É normal, já que o carrasco do A-dos-Francos disputa actualmente o Campeonato de Promoção. “Espera, o líder isolado do Campeonato nacional foi eliminado da Taça por uma equipa da segunda divisão?” Bingo! Só que, atenção, as aparências iludem.

A-dos-Francos viu equipa de escalão inferior roubar-lhe o sonho da Taça http://futebolfemininoportugal.com/
A-dos-Francos viu equipa de escalão inferior roubar-lhe o sonho da Taça
http://futebolfemininoportugal.com/

O Viseu 2001 está longe de ser só uma “equipa da segunda divisão”. Com 11 vitórias em 11 jogos disputados e o melhor ataque de todos os campeonatos nacionais femininos, com 89 golos marcados, as visienses são líderes da Série B do Campeonato de Promoção feminino. As semelhanças com a época transacta do A-dos-Francos são muitas, e quis o destino que estas duas equipas se defrontassem nos oitavos-de-final da Taça de Portugal. Ainda que fossem as grandes favoritas a passar à próxima fase da competição, o encontro adivinhava-se complicado para a equipa do A-dos-Francos. As líderes da primeira divisão feminina vinham de uma derrota desmoralizante com o Clube Futebol Benfica, na semana anterior, por quatro bolas a uma, e temia-se que este deslize pudesse trazer consequências para o plantel.

Desmotivado ou não, a verdade é que o A-dos-Francos controlou grande parte do jogo contra o Viseu 2001, mas não conseguiu concretizar as várias oportunidades de golo de que dispôs. Nulo no marcador, aos 90 minutos, chapéu soberbo de Patrícia Sousa sobre Joana Silva (a titular habitual da baliza do A-dos-Francos, Patrícia Morais, cumpria um jogo de castigo) e o Viseu 2001 carimbava a passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal, para rejúbilo dos adeptos fervorosos que estavam no Estádio Municipal do Fontelo.

Viseu 2001 é a única equipa que não está na primeira divisão a passar aos quartos da Taça www.viseumais.com
Viseu 2001 é a única equipa que não está na primeira divisão a passar aos quartos da Taça
www.viseumais.com

Afastadas do sonho da Taça, resta agora ao A-dos-Francos centrar todos os seus esforços na luta pelo título de campeão nacional. As últimas duas semanas foram madrastas para a formação das Caldas da Rainha. A equipa ainda goza de alguma margem na liderança da tabela classificativa, mas convém relembrar que os pontos das equipas serão divididos ao meio aquando da entrada na fase de apuramento de campeão, que está para breve. E, diga-se de passagem, não falta quem queira aproveitar o recente mau momento do líder e equipa sensação do campeonato nacional feminino…

Resultados dos oitavos-de-final da Taça de Portugal feminina:

CA Ouriense/Workfone 3-1 EFF Setúbal

C Futebol Benfica 5-1 Fundação Laura Santos

Vilaverdense FC 2-0 UR Cadima

Boavista FC 4-0 FC Cesarense

Clube Albergaria 8-0 Quintajense

FC Os Sandinenses 0-3 SU 1º Dezembro

SG Sacavenense 0-4 Valadares Gaia

FC Viseu 2001 ADSC 1-0 GDC A-dos-Francos

Antuérpia, o teatro dos sonhos

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cab futsal

As hostilidades estão abertas. Podemos oficialmente dizer que o pontapé de saída no Euro 2014 de Futsal está dado. São 12 equipas de todos os cantos do velho continente a procurar a glória, numa competição disputada somente na cidade belga de Antuérpia, distribuída por dois pavilhões (Lotto Arena, palco dos jogos referentes à primeira fase do torneio, e o SportPalais, sede dos jogos decisivos do torneio). Não é absurdo dizer que a nossa equipa é candidata a trazer o troféu para solo nacional, visto que a seleção portuguesa se encontra numa primeira linha de candidatos, a par de Espanha, Itália e Rússia, surgindo depois, num segundo patamar, um vasto rol de seleções a acompanhar com atenção, de onde se destaca a equipa do Azerbaijão, recheada de jogadores brasileiros de qualidade, a Ucrânia, sempre difícil de bater e já duas vezes vice-campeã continental (2001 e 2003), a Roménia, que surpreendeu a equipa da casa no seu primeiro jogo neste torneio, ou mesmo a República Checa, que conta com seis presenças em oito possíveis, registo igual ao nosso. É essa a magia deste desporto: olhamos para todos os presentes e pensamos que o espetáculo está garantido, emoção é algo que não vai certamente faltar.

Aqui, é possível verificar a distribuição das equipas pelos quatro grupos, constituído cada um por três seleções:

Grupo A

Bélgica                                                 Jogos disputados: Bélgica 1-6 Roménia
Roménia
Ucrânia

Indo ao encontro daquilo que eu disse anteriormente, nenhuma destas seleções se mostra clara favorita, sendo, por isso, o grupo mais imprevisível. No entanto, creio que os adeptos locais irão apanhar uma desilusão, dado que a Bélgica parte claramente como o favorito a sair já de cena. O jogo entre Roménia e Ucrânia promete ser muito intenso e equilibrado, em princípio, para decidir a liderança final no grupo. Dado que transitam duas formações para os quartos de final, esta dupla parece, à primeira vista, ter todas as condições para avançar.

Grupo B:

Rússia                                         Jogos disputados: Rússia 7-1 Holanda
Portugal
Holanda

Para mim, é o tão aclamado “grupo da morte”. Temos aqui em cena dois dos candidatos a campeões. A fortíssima Rússia, que dispensa apresentações, atual vice-campeã em título (perdeu 3-1 na final frente à todo-poderosa Espanha, em 2012) e vencedora no longínquo ano de 1999, e, por outro lado, a equipa portuguesa, que pretende juntar-se a Espanha, Itália e à já citada Rússia no “hall of fame”do Europeu como vencedores finais. Portugal e Rússia são claros favoritos a passar, sobretudo porque a equipa do Leste Europeu já bateu copiosamente a Holanda, por 7-1, estando praticamente apurada. Resta a Portugal seguir o exemplo e carimbar o apuramento, quando, no dia 30 de janeiro, defrontar a rival Holanda. Caso isso aconteça, a última jornada (1 de fevereiro) servirá para averiguar qual será a vencedora deste entusiasmante grupo B.

Grupo C:

Itália
Azerbaijão
Eslovénia

Mais um grupo interessante que podemos observar. Há um claro favorito, Itália. A formação transalpina, pelo seu historial (onde pontifica o título no ano de 2003), é o natural candidato a assumir a liderança final. Mas engane-se quem pensa que vai ser um passeio até à fase a eliminar. Tem pela frente duas equipas muito interessantes. Em primeiro lugar, o Azerbaijão, que, em 2010, conseguiu alcançar um interessante e notável 4º lugar, provando assim ser um grupo a ter em conta para o apuramento. Tem apenas duas presenças em Europeus, mas coincidem com as 2 últimas edições da prova (2010 e 2012), por isso é um valor emergente no futsal mundial. De forma análoga, embora um pouco mais modesta, aparece a Eslovénia. Também marcou presença em 2010 e 2012, acrescentando à presença de 2003, mas, curiosamente, nunca conquistou qualquer ponto em fases finais (sete derrotas em outros tantos jogos). Quererá, por isso, mudar a história este ano, de modo a alcançar um inédito apuramento para os quartos de final.

Grupo D:
Espanha
República Checa
Croácia

Neste grupo, encontramos um colosso do futsal europeu e mundial, Espanha, que naturalmente dispensa apresentações. Nas oito edições anteriores, os “nuestros hermanos” lograram vencer o torneio por seis vezes (1996, 2001, 2005, 2007, 2010, 2012). Quer isto dizer que as últimas quatro edições não conheceram outro vencedor. Este ano, irão tentar alcançar um inédito penta campeonato, partindo como claros favoritos a, para já, vencer o seu grupo. Posto isto, República Checa e Croácia partem como candidatos ao segundo bilhete para a fase seguinte. É difícil dizer quem é o favorito nesse confronto, talvez a República Checa, por ter mais participações (seis contra três croatas) e por já ter conseguido um lugar no pódio (3ª posição, em 2010, ao passo que a Croácia nunca fez melhor que o 4º lugar, quando organizou o Euro 2012). Mas este embate promete ser mais um escaldante e a não perder.

Campeão em título, Espanha / Fonte: Mediaconsulting.cz
Campeão em título, Espanha /Fonte: Mediaconsulting.cz

Feita a apresentação dos concorrentes, vamos ao que interessa a nós portugueses, o grupo B. Para já, apenas a Rússia jogou contra a Holanda, e venceu de forma clara e tranquila (7-1). Isto provoca um sentimento misto nas hostes lusas. Por um lado, apresenta-se diante dos nossos olhos uma Rússia na plenitude das suas capacidades, a prometer ser um duro rival quando se deparar com a equipa portuguesa. Por outro lado, a Holanda deu um passo claramente em falso, provando ser uma equipa macia e permeável a defender. Apesar de ter entrado forte no jogo com a Rússia, cedo se provou que não tinha andamento para a formação leste-europeia, com um cheirinho a samba, tal a quantidade de jogadores brasileiros que atuam por esta seleção (Eder Lima – avançado, Robinho – avançado, Cirilo – avançado, Pula – defesa, e Gustavo – guarda-redes). Quer-me parecer que a Holanda, em condições normais, não tem qualidade para bater a nossa equipa, salvo qualquer exibição menos conseguida da nossa parte. Ainda assim, há que manter o olho bem aberto, aquando do jogo com a Rússia, que, nesta espécie de mistura russo-brasileira, criou uma seleção temível, e cujo confronto deverá ser encarado com toda a seriedade. Para além dos jogadores já citados, outros merecem o devido destaque, tal como o experiente avançado Shayakhmetov e o capitão Pereversev, também avançado.

Cirilo, autor do 1º golo do Euro 2014 / Fonte: Uefa.com
Cirilo, autor do 1º golo do Euro 2014 / Fonte: Uefa.com

Finalmente, resta-nos desfrutar de toda a ação que irá ter lugar em Antuérpia, uma cidade que esperemos que seja talismã para o nosso futsal, tal como aconteceu recentemente com Kuala Lumpur, em relação ao ténis (título mais importante do ténis português, na pele de João Sousa), e com Florença (onde Rui Costa se sagrou campeão mundial de ciclismo). Vamos todos estar a torcer por um título que tanta falta faz, para potenciar ainda mais esta modalidade no nosso país e a elevar para patamares nunca antes atingidos.

Portugueses na Europa – Parte II

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cab Volei

Parte II. Sim, porque este é o segundo artigo em que faço referências específicas a jogadores formados em Portugal a jogar em clubes de renome internacional noutros países europeus.

O Alexandre Ferreira ou o Nuno Pinheiro (de entre muitos outros que por ‘ lá fora’ andam ou já andaram) são aqueles que mais se destacam, tendo em conta a sua participação na mais importante competição entre clubes na Europa: a Liga dos Campeões de voleibol.

Aproveito a ocasião da reportagem recente realizada pela TVI, em que estes dois jogadores foram destacados  [https://www.facebook.com/photo.php?v=758473367496714 – Vídeo do Facebook].

Nuno Pinheiro aos comandos da equipa francesa “Tours VB”  www.fpvoleibol.pt
Nuno Pinheiro aos comandos da equipa francesa “Tours VB”
Fonte: fpvoleibol.pt

É bom saber que há quem dê valor a estas participações lá fora e a esta possibilidade de referir Portugal em grandes competições europeias. Referimos Portugal, referimos grandes jogadores e referimos a boa formação que tiveram para tal.

Parafraseando Nuno Pinheiro nesta peça da TVI, o voleibol “nunca será como o futebol”. É uma afirmação simples mas direta, que mostra a ideia generalizada da divulgação da modalidade no país e, acima de tudo, da ideia que estes jogadores internacionais têm lá fora – enquadrando-se num meio de comparação entre o local onde jogam e o seu país de origem.

Não, o voleibol dificilmente terá a abrangência que o futebol e os seus adeptos têm no país. O facto é que o voleibol consegue manter alguns públicos fiéis. principalmente ao jogo em si, à modalidade e à qualidade da competição, evitando certos “clubismos” que, pegando no caso do futebol, levam muitas vezes a divergências entre adeptos e até entre os próprios clubes e intervenientes diretos do jogo.

Alexandre Ferreira - jogador nos italianos do Diatec Trentino  www.fpvoleibol.pt
Alexandre Ferreira – jogador nos italianos do Diatec Trentino
Fonte: fpvoleibol.pt

Sem muito mais a acrescentar, vejam esta pequena reportagem sobre estes dois grandes jogadores e estejam atentos à Liga dos Campeões Europeus de voleibol – é um sonho que outros tantos jogadores portugueses esperam conseguir alcançar em breve. Eu acredito que sim. Há um rol enorme de bons grupos a serem formados e de bons jogadores a serem inseridos na competição profissional portuguesa. Ficar por cá? Claro, é sempre uma mais-valia. Por que não tomar o rumo da internacionalização? Abrir os horizontes, adquirir novas perspetivas competitivas e melhorar no âmbito técnico/tático. O Alexandre continua com a presença assídua na seleção portuguesa e o Nuno percorre os seus objetivos à sua maneira, sempre com a bandeira portuguesa no coração, presumo.

Que venham os hipócritas do costume dizer que foi azar

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Confesso que, desde o anúncio da sua criação, sempre desprezei a Taça da Liga. Mas a forma como perdemos as duas primeiras finais (a primeira, com o Setúbal, por pura incompetência; a segunda, com o Benfica, devido a uma má decisão do árbitro mesmo no fim do jogo) agudizou e de que maneira esse meu sentimento. No entanto, não o nego: este ano queria mesmo vencê-la. O Sporting não ganha um título desde 2008 e está agora a renascer depois da pior fase da sua História; não havendo ainda estofo para o triunfo no campeonato, seria importante vencer uma das outras provas.

Desde o último Sábado, isso passou a ser impossível. E, como não podia deixar de ser com tudo o que envolve o Porto, os acontecimentos foram tudo menos transparentes. A segunda parte no Dragão começou com mais de quatro minutos de atraso, situação que viola a alínea 7 j) do artigo 23º do Regulamento da Liga. Segundo o Record de ontem, um dos convocados do Marítimo, que pediu anonimato (medo de represálias…?), referiu que a espera “foi anormal” e que “não é hábito esperar tanto tempo pelo adversário”. O clube já veio entretanto desmentir (sinal de que a desavença com o Porto por causa de Kléber está ultrapassada?), mas tudo isto é no mínimo intrigante. Sobre o penálti, apenas um comentário: na altura do Estoril-Sporting, não me juntei àqueles que reivindicavam um penálti sobre Montero. Para mim, tanto se aceitava marcar falta como deixar seguir o jogo. Mas é interessante ver a diferença de critérios. A somar a tudo isto, acrescento que o árbitro do Porto-Marítimo era Manuel Mota, o mesmo que anulou um golo limpo a Slimani que tirou o Sporting da liderança do campeonato. Estranhas, estas coincidências que pendem sempre para o mesmo lado.

Relembro que já a vitória do Porto com o Penafiel tinha sido polémica, uma vez que o quarto golo (aquele que os colocou à frente do Sporting) foi marcado em fora-de-jogo. Montero fica com a fama, outros com o proveito… Claro que tudo isto é discutido durante um dia ou dois, mas depois cai em saco roto e surgem desculpas como “os árbitros também erram”, “todos os grandes são beneficiados”, “o Porto foi prejudicado num jogo contra o Chaves, em 1987”, etc. Andamos nisto há mais de 30 anos. E, desta vez, o processo de branqueamento até começou mais cedo: mal os jogos tinham acabado, a TVI já dizia que tinha sido uma “jornada fantástica”… Ainda assim, é com alguma surpresa que noto que a teoria do Porto não coincide com a prática: dizem desprezar a Taça da Liga mas, na hora da verdade, usam todos os meios para continuar em prova e ainda festejam como se de um título se tratasse.

"Montero com o Estoril e Ghilas com o Marítimo: dois lances semelhantes, duas interpretações diferentes. Não é preciso dizer quem saiu beneficiado"
“Montero com o Estoril e Ghilas com o Marítimo: dois lances semelhantes, duas interpretações diferentes. Não é preciso dizer quem saiu beneficiado”

Posto isto, defendo que o Sporting deve retirar-se desta competição fraudulenta. Não sendo isso possível, apoiarei a medida de jogar com os juniores, já no ano que vem. Aliás, iria mesmo mais longe: o Sporting deveria adoptar uma posição de força, ameaçando com falta de comparência já no jogo contra a Académica – e, se nada mudar, jogar sob protesto. É verdade que a competição é diferente, mas a podridão é a mesma.

No meio disto tudo, parvos são os Sportinguistas, que perdem tempo e paciência a discutir com quem só sabe desconversar e ainda se fica rir. Não quero estar a confundir as coisas porque, dos pouquíssimos portistas que existem aqui em Lisboa, conheço quem saiba de que massa é feito Pinto da Costa e constate o óbvio – ou seja, que muitos dos títulos do Porto foram alcançados com recurso a métodos ilícitos. A esses, nada tenho a dizer. Mas aos restantes digo que, se insistem em branquear Pinto da Costa, não podem depois dizer uma palavra que seja contra a corrupção que grassa noutras áreas do país. Pura e simplesmente não têm moral para isso.

Entretanto, Vítor Pereira, Presidente do Conselho de Arbitragem, veio dizer que as propostas do Sporting “não melhoram nada”, recusando o debate sobre a transparência no sector. Em vez disso, talvez devesse comentar as declarações de Paulo Fonseca, que dão cobertura às duras críticas do seu presidente à arbitragem e que chegam ao ponto de dizer que “existe uma campanha concertada para fragilizar o Porto e promover” Sporting e Benfica. Fosse alguém do Sporting a afirmar tal coisa e, muito provavelmente, haveria novo boicote aos nossos jogos por parte dos árbitros. É por estas e por outras que o dia em que Pinto da Costa deixar a presidência do Porto será aquele em que terá início, no futebol português, a desinfestação de uma praga com mais de três décadas. A boa notícia é que já faltou mais. Enquanto isso não acontece, porém, lá teremos de nos contentar com este futebol mesquinho… E, voltando ao jogo do Dragão, numa coisa dou razão a Paulo Fonseca, treinador a prazo do clube mais corrupto de Portugal: o que se passou no Sábado foi mesmo uma vitória “à Porto”.

Gerações que (não) marcam…

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lanternavermelha

O Benfica está a apostar nos jovens. Se é por necessidade, por política interna, pela cabecinha do senhor Jorge, ou por outra coisa qualquer, não sei. Mas está. Entre as opções, preferia que fosse por política interna, como sempre defendi. Contudo, seja pelo que for, que continue. Por favor.

O Benfica tem uma boa formação, sempre teve bons jogadores a serem formados na Luz, mas nunca, ou quase nunca, foram aproveitados. Normal? Para mim não.

Hoje fala-se, e bem, de Ivan Cavaleiro, de Bernardo Silva, do jovem Oblak, João Cancelo, entre outros. Merecem ser falados? Sim. Merecem ser aproveitados? Claro que sim!

Mas antes não havia qualidade? Não havia jogadores de igual ou superior valor? Ou a equipa principal tinha qualidade a mais para conseguir dar minutos aos miúdos que iam surgindo?

Na minha perspectiva, nenhuma das opções é válida. Havia qualidade e existe sempre espaço para dar minutos a promessas, a possíveis futuras glórias, a miúdos que podem realmente sentir o clube como muito poucos o fazem actualmente.

Todos os anos são feitos desperdícios na nossa formação, mas há anos mais evidentes do que outros. Há gerações mais evidentes do que outras e há, acima de tudo, acontecimentos mais marcantes do que outros. E o Mundial de sub-20, no Verão de 2011, foi um desses acontecimentos. Uma selecção nacional sem estrelas, sem promessas mundiais, sem grande crença por parte dos seus adeptos e consequentemente sem um grande apoio, deslocou-se à Colômbia para disputar a fase final do campeonato. E disputou-a tão bem…lembram-se?

O "emprestado" do Benfica Fonte: foradejogo08.blogspot.com
O “emprestado” do Benfica
Fonte: foradejogo08.blogspot.com

Na base da atitude, da crença, da raça, da táctica e, principalmente, no valor de dois nomes daquela equipa: Nélson Oliveira e Mika. Os dois foram pilares essenciais para o sucesso de Portugal naquele Mundial. Os lusitanos venceram o seu grupo (com Nova Zelândia, Camarões e Uruguai), a seguir venceram a Guatemala – mesmo depois disso ainda poucos davam credibilidade ao conjunto de jogadores lusos -, Argentina e França. Lutaram como quase nunca se viu uma selecção jovem nossa fazer e assumiram a posição de finalista nesse Mundial. Perderam frente a um Brasil que contava com Alex Sandro (Porto), Danilo (Porto), Casemiro (Real Madrid), Phillipe Coutinho (Liverpool) e Oscar (sim, estrela, jogador do Chelsea), entre outros. Nenhuma vergonha, como se percebe facilmente. E quem se destacou mais da nossa selecção? Exacto, Nélson Oliveira e Mika.

Não percebo como nunca tiveram uma real oportunidade. O Nélson jogava dez minutos de quando em vez, o Mika jogava…pois, esse não jogava mesmo. Não entendo como não deram espaço a estes dois miúdos (não só a eles, mas para mim estes casos são flagrantes) para crescer. Não entendo como toda esta geração não foi valorizada. Não tinha estrelas, mas tinha uma excelente dupla no meio campo, Danilo e Pelé. Tinha um excelente central, Nuno Reis. Tinha um enorme Nélson Oliveira – apenas considerado o segundo melhor jogador do mundial – e um seguríssimo Mika – que foi só o melhor guarda redes do torneio. Vice-campões mundiais. E não chegou.

O Benfica deve apostar no Ivan, no Bernardo, até no ‘Manel’ – se é para substituir o Matic é porque é certamente bom -, deve apostar nos talentos da equipa B e potenciar o valor desses jovens, quer para futuras vendas, como, e principalmente, para criar uma equipa principal com uma base portuguesa de formação encarnada. Deve fazer tudo isso, mas não se pode esquecer de erros como os que cometeu com a geração de 2011, a geração do Mundial de sub-20. A geração de Nélson Oliveira e Mika.

Mika saiu para o Atlético CP, mas deixou cá 50% do seu passe Fonte: oderbie.com
Mika saiu para o Atlético CP, mas deixou cá 50% do seu passe
Fonte: oderbie.com

Estes dois casos ficaram-me atravessados, como Benfiquista e como adepto de futebol. Dois jovens que são vice-campões mundiais (também tínhamos Roderick e Luís Martins, mas sei que não estão ao mesmo nível e não se podem aproveitar todos), que foram as figuras da selecção… não cabem no Benfica. Nem no banco.

Isto podia revelar a dimensão do Benfica, que é  imensa, mas neste caso, para mim, revela apenas má gestão. Que sirva de exemplo, que não seja esquecido e que daqui a uns anos tenhamos a possibilidade de ver ‘Ivans’ e ‘Bernardos’ no nosso Glorioso. E que os vejamos a vencer títulos, a sentir realmente o Benfica. Não é pedir muito.

Quero mais vice-campeões mundiais, ou até mesmo campeões, encarnados. Mas quero-os na Luz.

À geração de 2011, obrigado. A todos, mas principalmente ao Nélson e ao Mika. Fizeram vibrar um país.

Antes cantar mal do que chorar bem

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dragaoaopeito

É muito fácil criticar sempre os mesmos, é um facto. Isso, infelizmente, decorre de situações do passado que, no mínimo, indiciam práticas que em nada privilegiam a imagem do Porto e do Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa. Não me cabe a mim analisar situações de há uma década nem de há meio século nem de outro espaço temporal qualquer. Cabe-me, no entanto, falar no presente, porque esse, para mim, é bastante claro.

O Porto passou às meias-finais da Taça da Liga, um objectivo menor no trajecto do clube, como sempre foi assumido. Mas, ao que parece, este ano é dada uma maior importância à prova. Ganhou 3-2 numa partida onde provavelmente fez das piores partidas desta época e onde se sentiu claramente o peso da saída do eterno capitão Lucho Gonzalez, cuja despedida foi emocionalmente acertada com o clube (outro jogador jamais sairia do clube a custo zero). Do jogo há pouco para dizer: um Porto mau, muito mau, que apenas nos últimos 10 minutos se mostrou realmente interessado em vencer, através da raça que sempre lhe foi reconhecida no país e no Mundo.

Falando das críticas, questionar um penalty assinalado como se fosse o lance mais escandaloso do ano é uma atitude mesquinha de mau perdedor. Quem efectivamente viu o jogo do Porto (e entendo que os adeptos do Sporting não o tenham visto porque ocorreu ao mesmo tempo que o do seu clube) observou que, antes do penalty assinalado por falta sobre Ghilas, outro sobre Carlos Eduardo não foi assinalado, dando a origem a uma peculiar bola ao solo perto da pequena aérea madeirense. Mas, como erro não desculpa erro, a grande (grande) maioria dos comentadores desportivos, dos antigos árbitros ou dos “avaliadores de lances” admite haver razão para grande penalidade. Pessoalmente, dou o benefício da dúvida ao árbitro por ter sido uma jogada bastante rápida e aceitaria ambas as decisões; contudo, não é de todo um lance que justifique tanta discussão.

Josué colocou o Porto nas meias-finais da Taça da Liga  Fonte: Facebook do FC Porto
Josué colocou o Porto nas meias-finais da Taça da Liga
Fonte: Página de facebook do FC Porto

Quanto ao atraso do jogo, quero desde já referir um dado que parece que falha em muitos comentários: um jogo até pode começar à mesma hora, mas nunca, nunca mesmo, acaba ao mesmo tempo. No caso específico, o jogo do Sporting teve, ao que me parece, 3 minutos de compensação (não vi o jogo e portanto não sei dizer se foi adequado ou não); o jogo do Porto teve 4 minutos de compensação e esse, sim, é um dado curioso e (diria mais) escandaloso. Quem viu o Porto-Marítimo (digo ver, não visualizar os 2 minutos de resumo do Telejornal) viu as anormais perdas de tempo dos jogadores do Marítimo. Digo anormais porque não foram as típicas “manhas”. Passaram-se situações vergonhosas como jogadores caírem fora das quatro linhas, aos pés do fiscal de linha, e rebolarem para dentro do campo sem qualquer punição (já os jogadores do Porto eram amarelados por protestar). Como curiosidade, tive ainda o cuidado de verificar que o próprio penalty assinalado deu-se aos 92 minutos e 30 segundos e a respectiva cobrança, atrasada por mais uma “lesão” de um qualquer jogador madeirense, apenas se realizou aos 95 minutos e 15 segundos.

Dito isto, justificar o afastamento da Taça da Liga com um atraso de 2 minutos no início da partida parece-me algo sem sentido. Várias declarações deveriam ser pensadas com maior clareza antes de serem proferidas. Falar do “Sistema” por isto é, e peço desculpa, um discurso populista para desculpar o facto de uma equipa estar desde Janeiro em apenas uma competição. Se acho que deveria haver um maior cuidado para que os jogos começassem ao mesmo tempo? Claramente, considero que sim, seja na Taça da Liga ou em qualquer competição, sobretudo em situações de apuramento no mesmo grupo ou em fases finais de campeonatos. Esse é um dever que cabe tanto às equipas (no caso, Porto, Marítimo e equipa de arbitragem) como aos delegados da Liga. Se acho que deve haver punição por um suposto atraso do Porto? Claro que sim, se são regras e se estas não são cumpridas. Não acredito, porém, que por 2 minutos de atraso, após ocorrerem 96 minutos de (mau) futebol, seja decidido qualquer afastamento desta tremenda competição.

É questão para dizer: há quem cante mal e há quem chore bem, cada um está habituado àquilo que merece.

Sem medo de brilhar ao lado das estrelas

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Nos últimos anos, muito se tem discutido sobre qual a melhor opção para um jovem jogador: evoluir no clube de formação até atingir um certo nível de maturidade ou, tendo em conta a fraca aposta por parte dos treinadores nacionais em jogadores da “casa”, dar o salto para o estrangeiro à primeira oportunidade? O passado recente tem-nos mostrado que, apesar de tudo, continua a ser melhor crescer como jogador no país de origem. No entanto, isso não quer dizer que não haja casos de jovens que emigraram e estão a ser bem sucedidos. Um exemplo claro disso é Marcos Lopes, mais conhecido como Rony. O médio ofensivo transferiu-se do Benfica para o Manchester City em 2011 e, embora os citizens tenham um dos melhores plantéis do mundo, foi titular nos dois últimos encontros da equipa de Manuel Pellegrini. É, nesta fase, indiscutivelmente uma das grandes promessas do futebol português e mundial.

Jogar ao lado de estrelas como Agüero ou Yaya Touré é certamente um sonho para qualquer jovem em início de carreira. Aos 18 anos, Rony Lopes já o conseguiu, e a forma destemida como tem jogado é impressionante. O normal seria que, nas primeiras aparições, mostrasse alguma timidez e receio de arriscar, mas não é isso que tem acontecido, bem pelo contrário. Essa irreverência, a juntar ao enorme talento que possui, confirma que estamos na presença de um craque. É o jogador estrangeiro mais jovem de sempre a estrear-se pelo Man City – fê-lo com 16 anos, ainda com Mancini no comando técnico – e as boas exibições na UEFA Youth League, prova em que é um dos melhores marcadores, fazem dele o elemento mais promissor das camadas jovens do clube inglês. Na última semana, atingiu o auge da sua curta carreira: foi o melhor em campo no encontro da Taça da Liga com o West Ham, sendo autor de duas excelentes assistências para golo. Poucos dias depois, voltou a ser aposta de Pellegrini, desta vez no duelo com o Watford, a contar para a FA Cup. Esteve, porém, mais discreto, acabando por ser substituído no início da segunda parte.

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“Rony” Lopes tem sido aposta de Pellegrini
Fonte: Daily Mail

Apesar de ter nascido no Brasil, Marcos Lopes é internacional sub-19 por Portugal. É evidente que, nesta fase, já justifica uma chamada aos sub-21, onde pode ser uma peça importante no apuramento para o Europeu. Contudo, o mais importante é assegurar que o médio ofensivo não “foge” à selecção nacional. A questão que se coloca é que, para que o jogador não possa representar outro país – para além da canarinha, também a Inglaterra pode aliciar o craque –, tem de jogar num encontro oficial. Ora, a próxima competição de carácter oficial é o Mundial do Brasil, e a probabilidade de Rony ser chamado por Paulo Bento é bastante reduzida (nem faria muito sentido). Posto isto, torna-se fundamental que o luso-brasileiro se estreie pela selecção AA no apuramento para o Euro 2016, para evitar uma situação semelhante à de Diego Costa (jogou pelo Brasil num amigável e agora vai actuar pela Espanha). Apesar de o jogador garantir que não tem dúvidas de que quer defender as cores de Portugal, sabe-se que, no futebol, o que é verdade hoje amanhã pode não ser. Supondo que tudo corre como se espera – ou seja, que o jogador do City represente a nossa selecção –, o esquerdino tem tudo para ser um elemento muito importante no futuro. Tem características que, actualmente, fazem muita falta à equipa das quinas: tem uma técnica e uma visão de jogo apuradíssimas, desequilibra imenso através da condução de bola, tem uma capacidade de finalização muito acima da média e tanto pode actuar nos corredores como na zona central. Não o deixem escapar.

Acaba por ser irónico que um dos clubes com um dos melhores plantéis do mundo não tenha receio de lançar um jogador português tão jovem, algo que, à excepção do Sporting, raramente vemos os clubes nacionais fazerem (não terá Bernardo Silva mostrado qualidade suficiente para merecer mais oportunidades?). Ainda em idade de júnior, Rony tem um potencial enorme. Jogar ao mais alto nível nesta fase inicial da carreira é, sem dúvida, essencial para o seu crescimento. A dúvida que se coloca é se, estando num clube com tantos craques, o médio será capaz de, no futuro, assumir-se como uma peça fundamental nos citizens. Pelo que fez até ao momento e pelo estatuto que já alcançou, acredito que sim. No entanto, caso isso não aconteça, seguramente não faltarão interessados em contar com o talento da jovem estrela.

Bundesliga 2013/14 – 18ª Jornada

A 18ª jornada da Bundesliga começou em Mönchengladbach, com o Borussia a receber o Bayern München e a perder por 0-2. Esperava-se um grande jogo, que opunha 3º e 1º classificado, mas a verdade é que a equipa da casa não esteve ao seu melhor nível e foi completamente dominada pela turma de Guardiola. O primeiro golo surgiu cedo, logo aos sete minutos, por intermédio de Mario Götze, que já tinha enviado a bola ao ferro minutos antes. O segundo golo apareceu no início da 2ª parte, na transformação de um pontapé da marca de grande penalidade por parte de Thomas Müller. Com estes três pontos, o Bayern reforça assim a sua condição de líder, ampliando para 10 pontos a vantagem sobre o Bayer Leverkusen, que segue em 2º lugar.

Noutro grande jogo alemão, o Schalke 04 foi vencer o Hamburgo por 0-3. Os mineiros chegaram à vantagem com um golo de Klaas-Jan Huntelaar aos 34 minutos, e depois, na segunda parte, Farfán aos 53′ e Max Meyer aos 56′ selaram o triunfo sobre a equipa de Ola John, que entrou à passagem do minuto 24, substituindo Pierre-Michel Lasogga. Com esta vitória, a equipa de Gelsenkirchen sobe ao 5º lugar, ultrapassando o Wolfsburg, que foi derrotado em casa pelo Hannover 96 por 1-3, pondo fim à série de invencibilidade que estava a passar.

No Westfalstadion o Borussia Dortmund recebeu o Augsburg, e marcou cedo, logo aos seis minutos, por Sven Bender, que viria a empatar também o jogo com um auto-golo. Nuri Sahin ainda voltou a dar a vitória a Jurgen Klöpp, mas Ji Dong-Won empatou logo a seguir, ditando o resultado final: 2-2.

Kevin de Bruyne não teve certamente a estreia que gostava, tendo sido derrotado pelo Hannover 96 / Fonte: Vfl-wolfsburg.de
Kevin de Bruyne não teve certamente a estreia que gostava, tendo sido derrotado pelo Hannover 96 / Fonte: Vfl-wolfsburg.de

Já o Eintracht Frankfurt, que vai jogar com o FC Porto para os 16-avos de final da Liga Europa, venceu pela primeira vez no seu estádio. A magra vitória diante do Hertha Berlin foi obtida através de um golo de Alexandre Meier aos 24 minutos.

Resultados:

Borussia M’gladbach – 0 x 2 – Bayern München
SC Freiburg – 3 x 2 – Bayer Leverkusen
VfL Wolfsburg – 1 x 3 – Hannover 96
FC Nürnberg – 4 x 0 – TSG 1899 Hoffenheim
VfB Stüttgart – 1 x 2 – FSV Mainz
Borussia Dortmund – 2 x 2 – Augsburg
Eintracht Frankfurt – 1 x 0 – Hertha Berlin
Werder Bremen – 0 x 0 – Eintracht Braunschweig
Hamburger SV – 0 x 3 – Schalke 04

Classificação:

Fonte: Zerozero.pt
Fonte: Zerozero.pt

Porquê o Snooker?

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cab Snooker

Quando uma pergunta é simples, a resposta não tem necessariamente de ser óbvia ou directa. No momento em que alguém descobre esta minha pequena “relação”, há sempre a pergunta standard: “como é que começaste a ver snooker?”. Ou então: “porque é que gostas de snooker?”. Essa descoberta vem sempre com uma sombra…

É o mesmo que perguntar ao Cristiano Ronaldo porque é que gosta da Irina. Fácil. A minha mente parece um quadro de Joan Miró, de cada vez que essas palavras ecoam na minha cabeça: respondo com calma ou dou-lhe um “calduço”?

O que me ajuda na resposta é um pequeno episódio especial de que me recordo vivamente. Como poderia não recordar? Foi aquele momento em que eu soube que não era um desporto como os outros, e, apesar de ser estático, tem toda a sua magia em volta dele. A final do campeonato do mundo, em 2011. Estavam na mesa John Higgins e Judd Trump, no Crucible Theatre. Jogaram-se 33 frames de 35 possíveis. Quem viu sabe como foi aquele último break. A partir daí, a história escreve-se a si mesma. Pesquisas sobre as regras, ver muitos jogos, ouvir os comentadores da Eurosport, e assim continuou a saga. Não conseguia descolar do ecrã.

Mas isto é a minha história. E a história do snooker?

Dizem que é uma história cheia de tradição. O snooker é uma derivação do bilhar. No século XV, Luís XI, Rei de França, era dono de uma mesa de bilhar. Este jogo começou, então, a ser associado à aristocracia, dando ao bilhar a imagem de ser um jogo de cavalheiros. Quando jogaram pela primeira vez, as mesas não tinham bordas nem cushions (difícil tradução para o português). Estes foram introduzidos quando os jogadores se cansaram das bolas a cair dos buracos. As bolas eram feitas de marfim e era preciso abater 12 elefantes para que um conjunto de bolas fosse feito.

A maior contribuição individual para o snooker veio de Joe Davis e do seu irmão Fred. Entre eles, dominaram o jogo por mais de 50 anos e foram fundamentais para a transição de um jogo aristocrático para um passatempo da classe trabalhadora. Joe ganhou 15 campeonatos mundiais consecutivos, enquanto Fred triunfou em 8 campeonatos mundiais.

O snooker já percorreu um longo caminho num período relativamente curto de tempo, e pode reclamar o título de ser um dos desportos com maior audiência internacional.

Euro 2014: Franceses alcançam a glória (41-32)

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cab andebol

O apoio da maioria do público dinamarquês à Espanha durante a meia-final parecia adivinhar este desfecho caso fossem os franceses a conseguir um lugar no jogo mais aguardado. A final entre a anfitriã Dinamarca e a França (32-41) teve tudo menos falta de golos, mas talvez nem os próprios franceses contassem sagrar-se campeões com tanta facilidade. Uma coisa era certa: ambas as equipas tinham ganho o Europeu sempre que conseguiram chegar à final, e ontem isso teria forçosamente de mudar.

Os primeiros minutos de jogo ajudam a explicar a confortável vantagem pontual que a França sempre teve na partida. Nikola Karabatic (5 golos marcados em 11 remates, 45% de eficácia) abriu o marcador, e Thierry Omeyer (12 defesas em 40 remates, 30% de eficácia) protagonizou duas defesas a remates aos 6m que, juntamente com o disparo para fora do lateral-direito Kasper Søndergaard (1/4, 25%), possibilitaram à sua equipa chegar aos 0-3. Ao contrário de Omeyer, Niklas Landin (4/26, 15%), nomeado o melhor guarda-redes do Europeu antes da final, não entrou bem e encaixou 3 golos acessíveis. O pivot Rene Toft Hansen (1/1, 100%) foi excluído depois de já ter visto um amarelo e o ponta-esquerda francês Michaël Guigou (10/11, 91%) aproveitou a apatia dinamarquesa para marcar 2 golos e fazer o 2-7 aos 8 minutos. O central Thomas Mogensen reduziu com um grande remate de anca sobre a linha dos 9m, mas pouco depois o treinador Ulrik Wilbek pediu o time-out.

Karabatic Euro'2014
N. Karabatic e Hansen, um duelo de titãs ganho pelo francês / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/

Porém, a paragem não trouxe grandes melhorias para a equipa da casa. Mogensen não conseguiu marcar e, do outro lado, Landin era (mal) batido por N. Karabatic. Pouco depois, para além de não ter conseguido evitar o golo do central Daniel Narcisse (6/7, 86%), Toft Hansen foi excluído pela segunda vez. Se, no ataque, a Dinamarca tinha muitas dificuldades em suplantar a defesa francesa, na retaguarda era completamente permissiva. A consequência disso era o preocupante 4-13 que se registava aos 17 minutos a favor de França, e que motivou Wilbek a pedir novo time-out. Antes disso, o guarda-redes suplente Jannick Green (6/25, 24%) tinha entrado para substituir o desastrado Landin, mas também sem grande sucesso.

Dois golos seguidos da Dinamarca após o regresso pareciam reanimar a equipa, mas a França logo se encarregou de repor a diferença. Grande combinação entre N. Karabatic e Valentin Porte (9/11, 82%), jovem lateral-direito que esteve soberbo e que, pouco depois, aguentava duas cargas e assistia o lateral-esquerdo de origem sérvia. A Dinamarca não conseguia entrar pelo centro e precisava que os pontas aparecessem, mas Anders Eggert (1/3, 33%) marcou o seu único golo aos 20 minutos, com um chapéu a Omeyer (7-15). Após um grande golo de Narcisse, e a perder por 9, Wilbek não esperou mais e ordenou a marcação individual a Karabatic. A Dinamarca começava a marcar, mas a fraca defesa continuava a deitar por terra todas as pretensões da equipa. Aos 22 minutos Porte colocava a França a ganhar por 10, e nem o remate sem cerimónias de Mikkel Hansen (9/11, 82%) nem o primeiro golo de Hans Lindberg (6/8, 75%) conseguiam contrariar o rumo do jogo. Ainda assim, o lateral-esquerdo do PSG e o ponta-direita do Hamburgo eram quem mais se destacava na Dinamarca. Contudo a França não desarmava e, mesmo em inferioridade (exclusão de Porte), Luc Abalo (7/9, 78%) chegou ao golo. A fechar a primeira parte, o melhor golo do jogo: passe de Guigou para Porte, que rematou de primeira no ar. 16-23 ao intervalo, e já nesta altura parecia improvável que a França deixasse escapar o título europeu.

Na segunda parte nada de novo. Narcisse e Abalo aumentaram a vantagem (o ponta-direita fez um golo fantástico de costas para a baliza) e, ainda que Hansen tentasse remar contra a maré, a Dinamarca utilizava uma defesa em 6×0 que nem parava os remates exteriores nem os movimentos do pivot Cédric Sorhaindo (2/3, 67%). Os inconformados Hansen e Lindberg facturaram uma vez cada e a Dinamarca conseguiu dois golos seguidos, algo raro no jogo. No entanto, Landin confirmou estar em dia-não e sofreu um golo em apoio de Porte por baixo das pernas. Guigou continuava a sua saga goleadora e Hansen respondia com um grande remate em suspensão aos 9m. Depois Abalo foi excluído, e o que se passou a seguir ilustra bem como foi este jogo: mesmo em desvantagem numérica, N. Karabatic conseguiu descobrir Guigou sozinho na ponta-esquerda. Estava feito o 30º golo de França (22-30), ainda com 20 minutos para jogar.

Daniel Narcisse, eleito o melhor jogador da final / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/
Daniel Narcisse, eleito o melhor jogador da final / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/

Lindberg continuava a marcar, desta vez após um bonito passe de Hansen. Green fez uma rara defesa a remate de Porte mas, na resposta, a Dinamarca mais uma vez não conseguiu encurtar distâncias: o lateral-direito Mads Christiansen (2/6, 33%) permitiu a defesa a Omeyer. Nova defesa de Green, desta vez a remate de Abalo, e o golo do lateral-esquerdo Henrik Mollgaard (4/7, 57%) aos 43 minutos (24-30) devolvia uma ténue esperança aos adeptos da casa, naquela que foi talvez a única ocasião desde os primeiros minutos em que isso aconteceu. Se defendesse um ou dois ataques franceses e conseguisse marcar, a Dinamarca talvez ainda pudesse ter uma palavra a dizer. Mas para isso era preciso que fizessem em 15 minutos aquilo que não tinham conseguido nos outros 45, e não foi nada disso que aconteceu: a única defesa forte era a francesa, e os golos de Sorhaindo e de Guigou vieram lembrar que a vantagem da sua equipa era sólida e irreversível.

Até final, a única dúvida passou a ser por quantos golos iria a França vencer este jogo. Guigou fez o seu décimo golo na transformação de um livre de 7m e, após um remate de Hansen que parou no bloco, Narcisse ainda pôs a sua selecção a ganhar por 10. Abalo disparou um míssil para dentro da baliza e, ainda que Lindberg conseguisse concretizar o seu 6º golo perante o recém-entrado Cyril Dumoulin, (1/5, 20%), no banco gaulês já se viam muitos sorrisos. O pivot Jesper Noddesbo marcou 2 golos seguidos e reduziu para 31-39 a 3 minutos do fim, mas logo Alix Nyokas (2/2, 100%) fez o 40º da sua equipa e, depois de novo golo de Noddesbo, estabeleceu o resultado final. A França estava assim confirmada como nova campeã europeia de andebol, sucedendo à Dinamarca e alcançando o título em território rival. A equipa da casa tinha sido apontada como favorita, mas a França mostrou sempre ser mais forte. Pela primeira vez numa final de um Campeonato da Europa uma selecção atingiu a marca dos 40 golos.

 

Destaques:

-pela positiva, do lado dinamarquês sobressaíram Hansen (mais uma grande exibição de um dos melhores andebolistas do mundo), Lindberg (se Eggert lhe tivesse seguido o exemplo na ponta-esquerda, a Dinamarca teria dado muito mais luta), Mollgaard (não fez um jogo brilhante mas foi dos mais inconformados) e Noddesbo (merecia mais tempo de jogo, especialmente tendo em conta a má exibição de Toft Hansen); numa selecção francesa em que Claude Onesta praticamente não rodou os jogadores, quase toda a equipa se destacou pela positiva: Guigou (os números falam por si), Porte (uma dor de cabeça para a Dinamarca do início ao fim), N. Karabatic (bem a atacar, enorme a defender, numa exibição digna de um dos melhores do mundo), Omeyer (decisivo para a sua equipa começar a construir a vantagem desde cedo), Abalo (por algum motivo foi eleito o melhor ponta-direita da prova) e Narcisse (a serenidade em pessoa a defender, muito eficaz no ataque);

– pela negativa, toda a defesa da Dinamarca de forma geral, mas particularmente Landin (não apanhou nada), Eggert (uma sombra do que tinha sido na meia-final) e Toft Hansen (um cartão amarelo e duas exclusões nos primeiros 15 minutos, nunca atinou nem a defender nem a atacar); do lado dos campeões europeus todos estiveram bem, pelo que a escolha será sempre algo injusta. Ainda assim, talvez escolha Luka Karabatic (dos menos exuberantes, embora seja sobretudo um elemento defensivo) e Guillaume Joli (9 minutos discretos e com uma falta atacante)

 

Antes da final tinha tido lugar, no mesmo pavilhão, o jogo de atribuição do 3º e 4º lugar entre a Croácia e a Espanha (28-29 para os espanhóis). Domagoj Duvnjak (8/12, 67%) e Denis Buntic (5/7, 71%) foram dos melhores em campo, mas as excelentes exibições de Julen Aguinagalde (7/8, 88%) e Joan Cañellas (8/19, 80%) – simultaneamente o melhor pivot e o melhor marcador da competição (50/64, 78%) – ajudaram a Espanha a suplantar os adversários. Vitória de consolação para os actuais campeões mundiais, que continuam sem conseguir vencer um Europeu.

Cañellas, aqui com Roca (4) e Rivera (28), foi o melhor marcador da competição e ajudou a Espanha a levar o bronze / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/
Cañellas, aqui com Roca (4) e Rivera (28), foi o melhor marcador da competição e ajudou a Espanha a levar o bronze / Fonte: Den2014.ehf-euro.com/