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Euro 2014: França e Dinamarca na final

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cab andebol

Disputaram-se na 6ª feira os dois jogos das meias-finais do Campeonato da Europa de Andebol, que termina este domingo. A França e a anfitriã Dinamarca encontrar-se-ão na final, enquanto que a Espanha e a Croácia lutarão pelo bronze. Eis o que se passou em ambas as partidas:

 

França-Espanha (30-27):

A selecção espanhola começou algo nervosa e falhou 3 vezes em frente a Thierry Omeyer (29% de eficácia no jogo), ao passo que a França desde cedo se mostrou mais incisiva. O ponta direita francês Luc Abalo (melhor marcador da sua equipa com 8 golos em 11 tentativas, que correspondem a 73% de eficácia) entrou muito bem em campo, chegando rapidamente aos 3 golos. Nos primeiros 10 minutos a superioridade dos bleus foi evidente, traduzindo-se num resultado de 6-2 que levou Manolo Cardenas a pedir o time-out.

Porém, a Espanha continuou inoperante com a bola. Os ataques pareciam ser sempre feitos em esforço, tornando-se presa relativamente fácil para os franceses. O lateral-direito Jorge Maqueda (2/12, 17%) estava infeliz na finalização e personificava a fraca exibição espanhola, que apenas o pivot Julen Aguinagalde (5/6, 83%) parecia tentar contrariar. Lá atrás, as exibições dos guarda-redes também mostravam a superioridade francesa – que aos 15 minutos atingia os 50%, por oposição aos 18% de Espanha.

Mas se, até aos 20 minutos, a Espanha apenas tinha 6 golos (contra os 11 de França), no tempo restante da primeira parte o jogo mudou por completo. O lateral-esquerdo Joan Cañellas (10/12, 83%, 2º melhor marcador da prova com 42 golos e a apenas 2 do islandês Sigurdsson), que derivou várias vezes para central, estreou-se a marcar apenas aos 22 minutos, mas a partir daí assinaria uma exibição memorável. Pressentindo uma recuperação do adversário, Claude Onesta pediu o time-out, mas a Espanha fez um parcial de 3-0 e reduziu para 11-9. Era uma selecção espanhola de cara lavada, a arriscar um 4×2 atacante com Aguinagalde e Gedeón Guardiola como pivots. Aproveitando algumas falhas técnicas dos franceses, bem como as exclusões de Luka Karabatic e William Accambray, Cañellas fez o empate a 2 minutos do intervalo. Até lá, mais 2 golos do atleta do Hamburgo colocaram o marcador num 12-14 favorável aos espanhóis.

O jovem lateral Valentin Porte (7/8, 88%) marcou a abrir a segunda parte, pondo fim a quase 9 minutos sem golos da sua equipa. Luka Karabatic foi novamente excluído, mas Cañellas teve o mesmo destino poucos segundos depois. Nikola Karabatic (2/3, 67%), que fez um jogo discreto, aproveitou a nova igualdade numérica para empatar com um remate em suspensão. A França subiu de intensidade e voltou a estar por cima, passando de 15-16 para 18-16. Um dos momentos-chave do jogo aconteceu nesta altura, quando Nikola Karabatic e Daniel Narcisse (5/10, 50%) estavam excluídos e se abria de novo uma janela para a Espanha: Cañellas viu um golo de 7m ser-lhe negado pelo guardião suplente Cyril Dumoulin (ef. de 47%) e, em contra-ataque, Abalo não perdoou. Desta forma, os espanhóis não só não conseguiram aproveitar a dupla superioridade numérica como viram Aguinagalde ser excluído logo a seguir. Dumoulin voltou a estar em grande ao realizar uma dupla defesa, a remates de Raul Entrerríos (4/6, 67%) e Maqueda.

Cañellas empatou a 20 aos 43 minutos, numa altura menos conseguida do jogo em que Porte era quem mais se destacava. O francês apontou o melhor golo do jogo (24-23) aos 50 minutos, com uma rosca espectacular. A dupla de arbitragem cometeu nessa altura um erro importante, ao anular um golo a Aguinagalde que daria o empate. Até final, Luka Karabatic foi desqualificado (e já podia tê-lo sido antes) e Abalo foi quem mais apareceu. A um minuto do fim (29-27), a Espanha mudou para uma defesa em 4×2 e Victor Tomas (2/4, 50%) conseguiu ganhar a bola, mas entregou-a ao adversário. Vitória da França num grande espectáculo de andebol, com várias reviravoltas no marcador e com indefinição até final. A França estava assim confirmada como primeira finalista.

 

Abalo e Cañellas foram os melhores em campo
Abalo e Cañellas foram os melhores em campo / Fonte: Eurohandball.com

Destaques:

– pela positiva, Abalo (algo irregular, mas começou e acabou em alta), Porte (o futuro de França está assegurado) e Dumoulin (entrada que virou o jogo a favor da equipa) do lado francês; Cañellas (melhor em campo), Aguinagalde (movimentações difíceis para a defesa contrária, embora tenha perdido gás) e Entrerrios (sempre bastante sóbrio e competente) pelos espanhóis;

– pela negativa, Nikola Karabatic (importante na defesa, mas demasiado discreto para um dos melhores do mundo), Omeyer (após os primeiros minutos deixou de acertar) e Sorhaindo (se bem que a França não tenha jogado muito para o pivot, esperava-se mais) por parte dos vencedores; Maqueda (os números dizem tudo), Sierra (a equipa nunca pôde contar verdadeiramente com ele), Tomas (muito aquém do que tinha feito até aqui) e Guardiola (demasiado tempo em campo para tão pouca produção)

 

Dinamarca-Croácia (29-27):

O jogo começou com uma Dinamarca algo hesitante e uma Croácia bastante tranquila e eficaz no ataque, com o ponta-direita Ivan Cupic (3/6, 50%) e o central Domagoj Duvnjak (5/9, 56%) em plano de destaque. Do lado dinamarquês, o lateral-esquerdo Mikkel Hansen (2/6, 33%) era a peça em maior evidência, comandando o ataque e distribuindo jogo. Por volta do minuto 13, as exclusões de Zeljko Musa e Ivan Cupic deixaram a Croácia com menos duas unidades por vários instantes, mas Alilovic (6/30, 20%) parou o remate do ponta Hans Lindberg (1/2, 50%). Do outro lado, o guarda-redes Niklas Landin (15/42, 36%) mostrava o seu valor, dando depois azo a ataques onde as combinações entre Hansen e o ponta-esquerdo Anders Eggert (8/9, 89%) eram um dos pratos fortes.

O bloco dinamarquês começou a funcionar melhor, e Eggert empatou a 11 com uma das suas típicas roscas. O ponta do Flensburg falhou um livre de 7m pouco depois (o seu único remate falhado em todo o jogo), e foi excluído logo a seguir. Em vantagem numérica pela primeira vez, a Croácia chegou ao 11-12 por intermédio do ponta-esquerda Manuel Strlek (2/4, 50%), após bom trabalho do lateral Damir Bicanic (3/6, 50%). A Dinamarca mostrava algumas dificuldades e corria sempre atrás do prejuízo, com o lateral-direito Kasper Sondergaard (2/3, 67%) num plano algo discreto tanto a atacar como a defender. Do outro lado, o lateral-direito Marko Kopljar (6/11, 55%) colocava a Croácia novamente com uma vantagem de 2 golos com um bom remate cruzado. Até ao intervalo, destaque para o golo de Duvnjak sobre a buzina, colocando o resultado em 13-15 favorável à sua equipa.

O início da segunda parte revelar-se-ia determinante no resultado final: com os pivots Rene Toft Hansen (4/4, 100%) e Michael Knudsen de fora por exclusão, A Dinamarca encontrou-se momentaneamente a jogar com menos dois. No entanto, a Croácia não conseguiu marcar, muito graças a três fantásticas intervenções de Landin. Cupic falhou dois desses golos e ainda desperdiçou um livre de 7m (à barra), tendo dado o lugar a Zlatko Horvat (6/8, 75%). A Croácia podia ter ganho aqui uma vantagem de 3 ou 4 golos, mas em vez disso foi o reentrado Toft Hansen quem reduziu para a diferença mínima. Os croatas voltaram a não conseguir marcar, o pivot Igor Vori (1/2, 50%) foi excluído e a Dinamarca passou para a frente (16-15), graças ao lateral-direito Mads Christiansen (3/6, 50%). A Croácia apenas facturou ao fim de mais de 6 minutos, vendo-se em desvantagem num jogo que até então tinha controlado.

A equipa da casa parecia agora mais à vontade, com Hansen em evidência nas assistências. Perante alguma desorientação defensiva da Croácia, Eggert fez o 20-18 de 7m aos 40 minutos mas foi excluído pouco depois. Horvat e Kopljar iam mantendo a Croácia por perto no marcador, mas a Dinamarca tinha acertado na defesa e tapava-lhes os caminhos. Landin, com mais duas boas intervenções, impediu os croatas de se aproximarem e contribuiu para que o resultado fosse de 25-23 a 10 minutos do fim. O treinador Slavko Goluza quis arriscar e mudou a defesa para 3x2x1 mas, mesmo com menos um homem (exclusão do pivot Jesper Noddesbo (2/2, 100%)), a Dinamarca fez o 27-25 por intermédio do central Thomas Mogensen (2/3, 67%).

Até final, destaque para as duas defesas de Landin a remates de Strlek. A Croácia continuava a revelar dificuldades na finalização e começava a quebrar tanto física como animicamente, ainda que o guardião suplente Venio Losert, em campo nos minutos finais (3/8, 38%) tenha negado o golo a Hansen e adiado a decisão. Porém, na resposta, Kopljar permitiu nova defesa a Landin, apesar de parecer ter sido empurrado. Antes do final a Croácia ainda podia ter reduzido para apenas um golo de diferença, mas cometeu uma falha técnica que lhe foi fatal. Um golo para a Dinamarca fez o 29-26 e acabou com as dúvidas, tendo Horvat estabelecido o resultado final do encontro. Vitória da equipa favorita, ainda que a Croácia tenha dado boa réplica. O mau início de segunda parte dos croatas acabou por revelar-se decisivo.

 

Hansen e Horvat, dois jogadores em destaque
Hansen e Horvat, dois jogadores em destaque / Fonte: eurohandball.com

Destaques:

– pela positiva, Landin (intervenções decisivas em momentos-chave), Eggert (grande calma na transformação dos 7m e um perigo constante) e Hansen (foi baixando de produção e apenas fez 2 golos, mas é uma peça fundamental como provam as 10 assistências) do lado da equipa da casa; Duvnjak (mesmo muito marcado foi sempre dos mais perigosos), Horvat (desequilíbrio constante pela ponta-direita) e Kopljar (forte tanto a atacar como a defender);

– pela negativa, Lindberg (um único golo é curto para um ponta do seu nível) pela Dinamarca; Cupic (os 3 golos falhados em poucos minutos marcam o jogo), Alilovic (num jogo equilibrado a diferença passou muito pelas balizas…) e Vori (trabalha bem na luta, mas podia ter arriscado mais)

Let’s go Roger, let’s go!

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cab ténis

Confesso: esperava escrever este artigo com uma dispoisção totalmente diferente. Roger Federer acabou de levar “uma passagem” de Rafael Nadal, nas meias-finais do Austrália Open.

Podia ainda assim ter substituído no título a palavra Roger por Rafa, mas mais uma vez confesso: não sou capaz. A magia de Roger Federer é inigualável e se a minha admiração por ele resistiu ao fatídico ano de 2013, também é capaz de resistir a mais uma derrota clara frente ao rival espanhol.

Não somos só nós, os portugueses, que torcemos o nariz sempre que se fala de Espanha e de desporto. Certamente a Suíça também terá razões para não achar grande piada a “nuestros hermanos”. Em linguagem futebolística, e perdoem-me os meus amigos benfiquistas a comparação, Federer parece o Benfica de Jorge Jesus sempre que joga no Dragão: mostra medo e mostra não conseguir soltar o jogo de forma a lutar de igual para igual pela vitória.

Roger Federer – Australian Open 2014 http://i.telegraph.co.uk
Roger Federer – Australian Open 2014
Fonte: telegraph.co.uk

Há que dar claramente mérito ao espanhol, não só por ser um lutador nato e conseguir sempre renascer das cinzas mas por ter construído um jogo dificílimo de combater. Mais uma vez, o espanhol parece o Barcelona: nem sempre é mais bonito, mas é sempre o mais eficaz (e ele que até é um confesso adepto do Real Madrid).

Nadal vai agora encontrar o “patinho feio” da Suíça, Stanislas Wawrinka, que, com a raça de um espanhol e a esquerda de um suíço, alcançou com todo o mérito esta final. “Stamina” Wawrinka, por serem recorrentes os encontros com mais de três ou quatro horas, sente que chegou a sua altura. É merecido. Já aqui contei a história de que Stan deixou a mulher e o filho para se dedicar exclusivamente ao ténis. Só por isso já merece que a aventura lhe corra bem.

Voltando a Roger Federer; do alto dos seus 32 anos, voltou a surpreender tudo e todos. Quanto todos esperávamos um Roger pronto a atacar o título, eis que chega a Nadal e bloqueia. Ao longo das últimas semanas vimos um Federer acutilante, disponível fisicamente, que derrotou Tsonga em três set’s numa demonstração de força e de vontade, mas que caiu perante Rafa Nadal.

Federer está claramente no circuito por prazer. O tenista suíço já aprendeu a perder, já aprendeu a não ser o melhor, e como disse um colega meu, José Morgado, teve a humildade de ir buscar alguém como Stefan Edberg para trabalhar um estilo de jogo diferente. Federer é isto. É o embaixador por excelência do ténis, seja em 1º ou em 6º, seja a ganhar ou a perder. O nome do tenista suíço confunde-se facilmente com a classe que passeia em court.

Aos 32 anos, Roger Federer ainda faz falta ao ténis. Faz falta porque dos quatro mosqueteiros (Djokovic, Nadal, Murray e Federer) é o mais experiente, é aquele que proporciona a maior magia dentro do campo, mas é também aquele que, aos 32 anos, ainda não desistiu de sonhar e de lutar pelos poucos objectivos que ainda não alcançou.

Let’s Go, Roger, espero ver-te no Rio em 2016, a sair em beleza!

A actualidade do surf nacional e mundial

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cab Surf

O Capítulo Perfeito é a mais esperada competição que se realiza em Portugal por esta altura. Com um período de espera de várias semanas, a prova pode começar já este domingo, uma vez que se preveem excelentes condições para a realização da mesma. A partir de quinta-feira as ondas vão rondar os dois metros com vento offshore. Deste modo, se o vento não continuar forte como nos últimos dias, é provável que haja tubos perfeitos, oferecendo assim as condições perfeitas para a realização da prova.

Competidores do MOCHE Capitulo perfeito. Capituloperfeito.pt
Competidores do MOCHE Capitulo perfeito.
Fonte: Capituloperfeito.pt

A quatro dias de começar o período de espera Volcom Pipe Pro, os 122 atletas inscritos começam a preparar-se para tentar alcançar os 130.000 dólares, no terceiro WQS do ano. Preveem-se condições épicas em Pipeline, numa prova que vai dar oportunidade aos surfistas locais de competirem em Pipe, uma vez que não puderam entrar no enormíssimo Pipeline Masters no passado mês de Dezembro. Os havaianos que ficarem nos primeiros oito lugares estarão automaticamente no Pipe Masters de 2014.

MOCHE Winter Waves é mais uma competição que se realiza em Portugal. Não é um desafio que leve os surfistas a defrontarem-se directamente dentro de água, mas sim através de filmagens. Isto é, cada surfista pode candidatar-se à melhor onda do ano enviando em formato próprio o vídeo da sua onda. As ondas têm de corresponder ao inverno de 2013/2014, mais propriamente entre 25 de Novembro de 2013 e 25 de Março de 2014. Qualquer português que apresente uma onda em território nacional pode participar.

Miguel Blanco candidato ao Moche winter waves http://www.onfiresurfmag.com
Miguel Blanco candidato ao Moche winter waves
Fonte: onfiresurfmag.com

Havendo duas categorias (maior onda e melhor onda), os surfistas podem enviar mais do que uma “onda”. Dentro deste desafio já estão alguns dos mais conceituados surfistas portugueses, como Filipe Jervis, Ruben Gonzalez, Alex Botelho, Francisco Alves, Joao Kopke e Miguel Blanco.

FC Porto 3-2 Marítimo: pouca razão, muita emoção, apuramento garantido!

Pronúncia do Norte

O FC Porto alcançou hoje, quase miraculosamente, o apuramento para as meias-finais da Taça da Liga. No dia em que souberam da saída do capitão Lucho González para um qualquer clube milionário no Qatar, os dragões entraram em campo com a missão de vencer o Marítimo mas não dependiam apenas de si próprios para carimbar o passaporte. O Sporting, em igualdade pontual à partida para a última jornada da fase de grupos, jogava a poucos quilómetros de distância do Dragão, em Penafiel, e havia a hipótese de se qualificar no caso de conseguir assegurar uma maior diferença de golos ou um maior número de golos marcados do que os portistas. A verdade é que não estiveram muito longe disso.

O FC Porto apresentou aquele que é praticamente seu melhor onze – apenas com Fabiano na baliza em vez de Helton e Defour no lugar do recém-transferido El Comandante – e começou a mandar no jogo. O domínio não foi avassalador mas foi o suficiente para chegar à vantagem: Jackson adiantava a sua equipa no marcador por volta do minuto 20, enquanto Aldair fazia o mesmo em Penafiel.

No entanto, logo a seguir João Diogo gelou o Dragão, empatando para o Marítimo; e poucos minutos depois foi a vez de o capitão Artur pôr os maritimistas na liderança do marcador. O Marítimo defendeu sempre de forma bastante organizada e aproveitou o excessivo balanceamento ofensivo do FC Porto e a descoordenação da defesa portista para disferir dois contra-ataques mortais que culminaram em golo.

A partir daí, o FC Porto foi à procura da sua sorte, buscando o golo. A lesão de Fernando, ainda antes do intervalo, obrigou à entrada de Josué, determinante no final. A primeira parte terminou com a notícia do golo de Mané em Penafiel, que ditava o empate no Municipal 25 de Abril.

Jackson comemorando o primeiro golo com Defour  Fonte: zerozero.pt
Jackson comemorando o primeiro golo com Defour
Fonte: zerozero.pt

Na segunda parte, vimos muito coração e pouca cabeça; muita emoção e pouca razão. A pouco minutos do fim, estava ainda o FC Porto em desvantagem, já eu sabia que ia escrever isto. Independentemente do resultado. A equipa mostrou sempre muita atitude, muita garra, muito esforço, muito empenho, muita vontade de vencer. Por outro lado, raramente conseguiu a fluidez que se exigia num momento em que era fundamental marcar. O anti-jogo do Marítimo, a boa organização colectiva dos insulares e um árbitro muito imaturo iam contribuindo para a falta de ritmo do jogo.

Paulo Fonseca lançou “a carne toda no assador”: tirou Defour, o trinco depois da saída de Fernando, para lançar Ghilas e ganhar presença na área e, a cerca de vinte minutos do fim, substituiu o capitão Maicon por Quintero, jogando com apenas um central e fazendo recuar Josué para lançar os contra-ataques desde trás.

O golo do FC Porto acabou por surgir apenas aos 85 minutos – Carlos Eduardo marcou de cabeça na sequência de um canto. A partir daí, sucederam-se algumas oportunidades e, já nos descontos, Ghilas acabou por ser derrubado e ganhou um penalty (não tão claro quanto o do lance em que Carlos Eduardo foi abalroado e que originou uma caricata bola ao solo na área do Marítimo). Josué não tremeu. O guarda-redes ainda adivinhou o lado, mas a bola estava lá dentro. O jovem formado no clube foi festejar com os incansáveis Super Dragões, enquanto Paulo Fonseca gritava para dentro de campo pedindo mais um golo e Antero o avisava de que a passagem estava assegurada. O jogo terminou com a festa azul e branca.

Josué "abençoado" por Quaresma antes do penalty  Fonte: zerozero.pt
Josué “abençoado” por Quaresma antes do penalty
Fonte: zerozero.pt

Vale a pena fazer uma análise individual aos atletas do FC Porto no jogo desta noite:

Fabiano – o gigante guardião brasileiro sofreu golos pela primeira vez esta temporada na primeira equipa mas não teve culpa em nenhum deles.
Maicon/Mangala – tiveram algumas culpas nos golos – Mangala deixa João Diogo em jogo no primeiro golo e Maicon falha a intercepção no segundo – mas revelaram grande atitude ao longo de toda a partida.
Danilo – é incrível o desacerto do brasileiro ao nível do passe. Hoje deve ter tido mais passes falhados do que acertados. Esteve muito longe do que já conseguiu produzir esta época.
Alex Sandro – ambos os golos sofridos foram pelo corredor esquerdo e revelou uma apatia gritante no primeiro. Todavia, envolveu-se bem no ataque e mostrou uma grande atitude.
Josué – excelente entrada em jogo: boa qualidade de passe, muita intensidade e enorme carácter ao assumir a marcação do castigo máximo, depois do falhanço em Madrid. Voltou a marcar pontos e espreita um regresso ao “onze base” na sequência da saída de Lucho.
Carlos Eduardo – voltou a ser o maestro e apontou o golo que mudou tudo. Com uma extraordinária visão de jogo, procurou a bola em todas as zonas do terreno e mostrou mais uma vez que merece ser titular.
Quaresma – ao contrário do que esperava, tem-se revelado muitíssimo útil. Muito perigoso e cada vez mais forte no um para um. Hoje foi mais objectivo do que nos últimos jogos. Tem crescido e dá a ideia de poder crescer ainda mais. A equipa agradece.
Jackson – pouca bola, muita luta e mais um golo. Não fez um jogo brilhante, mas cumpriu.
Ghilas – entrou bem, procurando o esférico e ameaçando a baliza, acabando por estar no lance mais decisivo da partida, ao arrancar a grande penalidade no último suspiro.
Varela – acabou com a braçadeira. Não esteve tão bem como nos últimos jogos, mas lutou como é habitual.
Fernando – saiu antes do intervalo com problemas físicos. Espera-se que não seja nada de grave porque, após a saída de Lucho, é o único com capacidade para ser a voz de comando do meio-campo azul e branco.
Defour – alta intensidade, pouco rasgo… como sempre. Veremos qual o seu futuro no Dragão.
Quintero – já não jogava mais de um quarto de hora há muitas semanas. Entrou para ajudar, na fase do desespero, e mostrou a qualidade técnica que todos lhe (re)conhecem.

Em suma, apesar das dificuldades sentidas pelos azuis e brancos, a verdade é que a equipa não jogou pior do que tem jogado. Sofreu golos, é certo, e pôs em risco a passagem às meias-finais da competição. No entanto, dominou claramente a partida e mostrou uma enorme abnegação. A exibição valeu essencialmente por isso. Uma derrota podia ter-se revelado um rude golpe na moral do grupo; a vitória trará, espera-se, um boost de confiança à equipa.

Benfica 1-0 Gil Vicente: Sulejmani resolveu num jogo em que brilharam os meninos do Seixal

Topo Sul

Mais uma vitória para o Benfica, na presente edição da Taça da Liga. Nove pontos somados em três jogos, zero golos sofridos e missão cumprida com a passagem às meias-finais da prova.

Num jogo que serviu apenas para cumprir calendário – antes dele, o Benfica já estava apurado para a próxima fase e o Gil Vicente eliminado –, Jorge Jesus fez descansar os jogadores mais utilizados nos jogos desta temporada e lançou unidades com menos minutos jogados. Assim, o Benfica entrou em campo com um onze inédito, no qual estavam presentes sete jogadores portugueses e outros cinco lusos no banco de suplentes. Do lado do Gil, João de Deus também procurou dar rodagem a alguns jogadores.

Os primeiros minutos de jogo desenrolaram-se num ritmo pausado, com o Benfica, de forma expectável, a tomar a iniciativa do jogo, sob a batuta de André Gomes. O jovem médio era quem pensava o jogo encarnado e esteve sempre em evidência na partida. Ele e Ivan Cavaleiro iam colocando em sentido a defesa gilista, através de lances corridos ou de bola parada. Foi precisamente num lance iniciado pelo extremo Cavaleiro que surgiu a primeira oportunidade para o Benfica, numa jogada em que Funes Mori é derrubado na área do Gil e o árbitro assinalou grande penalidade. Na marcação, o próprio Funes Mori não conseguiu bater o guarda-redes e, na recarga, Djuricic tirou “o pão da boca” a Sulejmani. Assim, manteve-se o nulo no marcador até ao intervalo. De resto, tirando este lance e mais uns cantos perigosos cobrados por André Gomes, nada de relevante há a assinalar numa pobre primeira parte de futebol.

O segundo tempo iniciou-se com a bola na rede da baliza do Gil Vicente. Num belo lance de Djuricic, foi Ruben Amorim quem ia colocando o Benfica em vantagem, não fosse a sua posição irregular; o golo foi (bem) invalidado pelo juíz da partida. Porém, poucos minutos depois, o golo dos encarnados chegou mesmo e por intermédio de Sulejmani. Funes Mori atirou à barra, após um sublime cruzamento de André Almeida e, na sequência do lance, o sérvio só teve de encostar para o 1-0.

André Gomes e Sulejmani, dois dos melhores em campo, festejam o único golo do jogo  Fonte: LUSA
André Gomes e Sulejmani, dois dos melhores em campo, festejam o único golo do jogo
Fonte: LUSA

Em vantagem, as águias continuaram a gerir o jogo a seu bel-prazer, sem que o Gil Vicente, uma equipa bastante desgarrada em campo – esperemos que assim seja também no próximo fim-de-semana –, conseguisse assustar o experiente guardião encarnado Paulo Lopes. Nota apenas para uns lances individuais de Iván Cavaleiro e Djuricic, que, através de inúmeras acelerações, ameaçaram com um segundo golo, que não se concretizou.

Até ao final, Jorge Jesus lançou três miúdos da formação, Bernardo Silva, Heldér Costa e João Cancelo, numa aposta que pecou por ter sido tardia, mais uma vez. Os três meninos da cantera mexeram com o jogo, entusiasmaram os adeptos e mostraram-se preparados para enfrentar desafios mais exigentes. Aliás, as melhores oportunidades do segundo tempo saíram da cabeça de Bernardo Silva e do pé direito de Hélder Costa. Sem dúvida, um alerta para Jesus.

Para fechar, digo que foi com um misto de orgulho e saudade que vi a dupla homenagem protagonizada, antes do apito inical, a dois eternos símbolos do Benfica, Miklos Feher e Eusébio da Silva Ferreira. O húngaro, desaparecido há precisamente dez anos, foi justamente lembrado no dia em que o Rei Eusébio completava 72 anos de vida. Descansem em paz, campeões.

O Passado Também Chuta: Mané Garrincha

o passado tambem chuta

O poeta brasileiro Drummond de Andrade situava a Mané Garrincha como um enviado divino que aliviava as tristezas que abraçavam o Brasil. Garrincha era de fato a brincadeira; a alegria de jogar, brincar com uma bola e brincava guiado pelo instinto e não pela tática. Num preliminar de um jogo da canarinha contra a União Soviética, o selecionador Vicente Feola dava indicações como jogar. Mandava tocar no meio campo e posteriormente indicava lançamento para as costas do lateral que tapava o Garrincha. Dizia, cheio de sabedoria divinatória, que o Garrincha facilmente o passaria e rapidamente encararia a área rival. Garrincha escutava até que perguntou: “e o mister já combinou tudo isso com os russos?”. Era um homem sem programas. A finta e o voltar a fintar o mesmo defesa e os restantes defesas que se aproximavam não obedecia a táticas ou estratégias; obedecia exclusivamente ao instinto e capricho de um crack que entendeu que o jogo era uma brincadeira maravilhosa.

Estou aqui… Fonte: allejo.com.br
Estou aqui…
Fonte: allejo.com.br

Viu pela primeira vez o mundo em Pau Grande – Rio de Janeiro. Nasceu numa família mais que numerosa e ele continuou a tradição familiar; teve doze ou treze filhos. Quase todas mulheres; teve três filhos homens; dois faleceram e o terceiro foi fruto de uma relação com uma sueca durante uma digressão pela Europa com a sua equipa Botafogo. Amou brincar com a bola e brincou como ninguém. Eusébio considerou-o o melhor jogador de todos os tempos. E foi. Os campeonatos do Mundo ganhos pelo Brasil nos anos 58 e 62 levam o seu nome apesar da irrupção de Pelé ou da presença de Didi. Vê-lo, durante os intervalos dos filmes, nos cinemas Condes, Odéon ou Politeama com a bola parada a ir-se embora da bola e o defesa hipnotizado a segui-lo, não sabendo onde ficara a bola, era melhor que o melhor filme; salvava a tarde. Desde a plateia ao galinheiro, sentia-se um alvoroço tremendo. Saíamos do cinema e a estrela da fita chamava-se Garrincha e não John Wayne.

Pernas tortas. Magia de finta. Improvisação e cachaça. Viveu com a vertigem dos grandes carregado de lendas. Era também a inocência ou talvez fosse simplesmente a bonomia dos génios. Paro-me a pensar e vou vendo os que de alguma maneira se lhe pareceram pela sua grandeza de improvisação e aparecem Maradonas, Ronaldinhos Gaúchos, Bests, o bem português António Simões, Messi, e todos me parecem anãos quando visiono as suas jogadas e as de Mané Garrincha. Não é descritível. Escrever sobre o Deus dos deuses encolhe os dedos; inibe a imaginação; comprime as emoções; aperta o estômago.

A bandeira da lenda Fonte: Wikipédia
A bandeira da lenda
Fonte: Wikipédia

Batia o dia 20 de Janeiro do ano 83 do século XX e uma maldita cirrose hepática acabou com o Alegria do Povo. Tinha apenas quarenta e nove anos. A cachaça corroera o seu organismo. O Brasil estremeceu. O Mundo reconheceu-o, mas os ramos de louros caíram no quintal do Pelé. Pelé foi o primeiro jogador- marketing e Garrincha foi simplesmente um deus de deuses. O seu epitáfio diz: “ Aqui jaz em paz aquele que foi a Alegria do Povo – Mané Garrincha.” Assim seja.

Milan: O Inferno continua

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A temporada 2013/2014 pode marcar uma das épocas mais negras da história do futebol da Associazione Calcio Milan. Os péssimos resultados, aliados às fracas exibições, já levaram à substituição de treinador, à entrada de Barbara Berlusconi para directora geral do clube e a uma enorme insatisfação por parte dos tiffosi, impacientes por uma reviravolta no rumo que a época leva.
A trinta pontos da líder Juventus, no campeonato, o Milan afundou-se também na Taça de Itália. Com o título a ser uma miragem, a taça nacional era a grande aposta de formação orientada por Clarence Seedorf, mas uma derrota por 1-2, frente à Udinese, ditou a saída de cena dos rossoneri nesta competição.
Pode dizer-se que o Milan durou apenas singelos 15 minutos nessa partida frente à equipa de Udine. Foi nesse quarto de hora inicial que chegou ao golo através de Balotelli, mas, a partir daí, todos os problemas da época voltaram a emergir. Mostrando enorme fragilidade, mesmo jogando em casa, o Milan deixou a formação forasteira tomar conta do jogo e foi com naturalidade que a Udinese chegou à vitória. Emanuelson somou o enésimo erro na temporada ao fazer falta dentro da sua grande área, o que permitiu a Muriel empatar o encontro ainda na primeira parte. O tento de Nico Lopez selou a qualificação da Udinese para as meias finais da Taça e gelou um San Siro já de si escuro e frio.

O colombiano Muriel festeja o golo marcado em San Siro  Fonte: Corrieredellosport.it/
O colombiano Muriel festeja o golo marcado em San Siro / Fonte: Corrieredellosport.it/

Se pensarmos que o Milan está longe dos lugares europeus e conquistar a Liga dos Campeões parece ser uma tarefa impossível, a Taça constituía a grande chance de qualificação para as competições europeias. Um Milan fora da Europa é um cenário que se começa a desenhar cada vez com maior nitidez. Aquele que é o segundo clube com mais Champions conquistadas, com um total de sete, corre o sério risco de ficar confinado ao território italiano em 2014/2015.
Seedorf, que chegou há duas semanas e é o menos culpado de toda esta situação, já veio dizer que não faz milagres e que os assobios dos tiffosi são normais, mas que está preparado para a luta. O técnico holandês pede tempo para executar as suas ideias e transmitir a força mental necessária aos jogadores, os quais estão completamente intranquilos, segundo salienta Seedorf. Com rasgados elogios para Balotelli e Kakà, o treinador milanês pretende transferir a confiança do italiano e do brasileiro ao resto da equipa por forma a que o grupo consiga tornar-se mais forte e potencialmente vencedor.

Seedorf não tem motivos para sorrir Fonte: http://static.goal.com/
Seedorf não tem motivos para sorrir / Fonte: http://static.goal.com/

O próximo embate do Milan é na Sardenha, este Domingo, no sempre difícil reduto do Cagliari, o que certamente faz temer os tiffosi do Milan, que só viram a sua equipa ganhar um dos dez jogos já disputados fora de portas na Serie A esta temporada.

Até sempre, Miki!

farmaciafranco

Não conseguia acompanhar pela televisão, estava a ouvir o relato do jogo pelo rádio. Na altura, com metade da idade que tenho hoje, ansiava por um Benfica campeão que nunca me tinha enchido os olhos. Vitórias do Benfica só as tinha visto no antigo estádio, naquele enorme palco do futebol que foi em tempos o maior da Europa – havia agora um novo, pronto para receber o Euro 2004. O cachecol, esse, era pequeno, decerto feito à minha medida, mas bordado com o vermelho vivo do Benfica, do meu Benfica. Gostava do plantel, gostava de Camacho, gostava de Miklós Fehér. Um benfiquismo que aos poucos se ia instalando cada vez com maior peso mostrou-me o que depois não quis deixar de ver; o que prendeu tantos portugueses à televisão; o que fez com que Tiago, Fernando Aguiar, Miguel e tantos outros levassem as mãos à cabeça, desesperados; aquilo que foi uma morte em directo.

A história é hoje sabida de todos. O dia 25 de Janeiro de 2004, que viria a ser fatídico para o clube da Luz e seus associados, foi o dia mais curto do ano porque morreu cedo demais. Em Guimarães, num jogo mal disputado, sob condições que arrancavam a custo cada corrida, cada respiração, o 29 tombou. Mas o que hoje fica de Fehér não é apenas o derradeiro cartão amarelo, não é apenas o sorriso que pré-anunciou a sua queda última, não são apenas as lágrimas de colegas de equipa, adversários, equipa técnica, dirigentes e adeptos do Benfica e do futebol. Num Janeiro que, 10 anos depois, foi novamente de pesar para a família benfiquista, o que fica de Fehér para quem continua a encher o Estádio da Luz é o que o imortaliza na história mas também no futuro da instituição que representou. Foi ter vestido o manto sagrado, a camisola berrante; foi ter carregado ao peito o emblema do Sport Lisboa e Benfica, que fez do jovem e promissor húngaro um eterno 29. Porque acima do Benfica não está ninguém, mas ao seu lado, ao meu lado, está; a morte de Fehér é a morte de quem no relvado cumpria com o que nós da bancada não podíamos alcançar, é a morte de quem nos dava alegrias, de quem arrancava em uníssono um golo sempre festejado, um golo sempre nosso, com a águia junto ao peito. Um peito que pela águia acabou por ceder e por isso deve sempre ser respeitado.

Fehér, para sempre recordado Fonte: mikiforever.com.sapo.pt
Fehér, para sempre recordado
Fonte: mikiforever.com.sapo.pt

O que fica de Fehér permite também entender os nossos dias. Em 10 anos, ataques fulminantes em corpos que mais não conseguem lutar pelo esférico continuam a deixar mais pobre o mundo do futebol, a fazer cair atletas cuja paixão vive nos pés e na bola, a roubar aos relvados aqueles que nos fazem vibrar. O futebol é um mundo de estrelas que chegam e partem depressa demais, muitas vezes sem terem dado tudo o que tinham para oferecer. E assim partiu o Miki.

Hoje são 10 os anos que nos separam da partida de Fehér. Hoje, o estádio, que nasceu por essa altura, é mais pequeno e o cachecol que carrego é maior. Do plantel de 2003/2004, apenas Luisão continua a calçar as chuteiras para jogar pelos encarnados. Hoje Eusébio faria 72 anos e hoje joga o Benfica. Continue quem envergue a camisola do glorioso a honrar a história do clube como o fez quem hoje nasceu e hoje partiu, e teremos sempre Cosme Damião ao nosso lado no Estádio da Luz.

Rugby no Feminino – Entrevista a Marta Carvalho

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Marta Carvalho é atleta do GDS Cascais e já treinou com a Selecção Feminina de Rugby. Começou a jogar aos 13 anos e encontrou nesta modalidade muito mais do que um simples desporto. A atleta falou com o Bola na Rede e contou-nos o seu percurso, aproveitando para analisar o que tem de ser melhorado para que a modalidade continue a evoluir.

1 – Como tem sido o teu percurso nesta modalidade?

O meu percurso desportivo tem sido contínuo e evolutivo. Comecei a jogar aos 13 anos no GDSCascais e formámos uma equipa federada passado um ano. Jogo ainda com algumas amigas que começaram a equipa feminina comigo.

2 – Quando tinhas 13 anos, o Rugby ainda estava muito pouco divulgado a nível feminino. O que te levou a optar por esta modalidade?

Comecei a jogar por incentivo do meu pai que é amigo do director do rugby no GDSC. Esse mesmo amigo do meu pai informou-o que estavam a existir treinos de rugby feminino, e disse ao meu pai para me levar lá. Fui a um treino e adorei, a partir daí, nunca mais saí.

Fotografia de Miguel Carmo
Fotografia de Miguel Carmo

3 – Tens alguma referência no mundo do Rugby que tentes seguir na tua carreira?

Não tenho nenhum jogador preferido no mundo do Rugby. Acho apenas que a dedicação e empenho da equipa sénior portuguesa é um exemplo de que o esforço é sempre recompensado e penso que este deveria ser um modelo a seguir para todos os jogadores de rugby portugueses.

4 – Qual foi o momento mais marcante no teu percurso desportivo?

Fui eleita por outras jogadoras de outras equipas a melhor jogadora em campo num torneio em que participei e fui chamada a alguns treinos da selecção. Foram momentos que me deixaram orgulhosa e que provam que uma pessoa consegue sempre superar as suas expectativas e objectivos.

Fotografia de António Simões dos Santos
Fotografia de António Simões dos Santos

5 – Que mensagem gostarias de transmitir aos outros jovens que estão a começar nesta modalidade?

Acho que esta modalidade é de uma grande camaradagem e devem apostar nela se querem fazer grandes amizades. O rugby é também um desporto que tem lugar para todos os tipos de pessoas – altos, magros, baixos – o rugby tem uma grande diversidade de posições no qual todos os tipos de corpos se adequam, e onde ninguém é excluído. Fiz grandes amigas na minha equipa que sei que vão continuar na minha vida, jogando rugby ou não.

6- E no futuro? Gostavas de apostar no Rugby a nível profissional?

O Rugby neste momento é o meu desporto, o meu “hobby”. A minha prioridade é acabar o meu mestrado e o rugby é algo que me ajuda a descontrair. O rugby profissional a nível feminino ainda é muito prematuro, por isso não tenciono fazer do rugby a minha profissão.

7- Qual a tua opinião sobre o Rugby Feminino em Portugal?

O rugby feminino evoluiu imenso desde que entrei no rugby. Quando comecei a jogar, as equipas existentes eram muito poucas. Agora são para mais de 20. A divulgação tem sido enorme e depois de se passar o preconceito de que só os homens podem jogar este jogo, o rugby feminino ganha outra forma e outra importância. Ainda não está repleto de apoio nem pouco mais ou menos, mas tenho esperança que venha a evoluir cada vez mais.

8- Achas que o Rugby Feminino tem o apoio merecido por parte da Federação e de patrocinadores?

Penso que tem tido cada vez mais apoio, no entanto não o suficiente. Muitas marcas não se querem associar a umas miúdas a jogar rugby, por preconceito. Quanto à Federação, penso que têm feito o seu melhor. No entanto, há ainda muitas coisas a melhorar, tais como garantir a presença de árbitros oficiais em todos os jogos de rugby femininos.

Voleibol e o físico

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Para aqueles que pensam que voleibol é só passar a bola para o outro lado da rede: não é bem assim. Como é óbvio, penso que os leitores dos meus artigos sobre a modalidade terão uma ideia mais concisa do que é o voleibol – mesmo sem grandes conhecimentos técnicos.

Ao longo dos últimos anos, a formação que obtive como treinador e mesmo como atleta tem vindo a dar-me conhecimento de um patamar de preparação que muita gente desconhece que é necessário para se ser bom jogador. Além de ser essencial para ter as aptidões suficientes para se ser eficaz em campo, a preparação física de um jogador de voleibol é um ponto a favor na saúde de cada um e em questões como a postura ou o ganho de massa muscular.

Core. De que se trata esta palavra, afinal? Core, ou mais precisamente a preparação física do core ou treino de core, é o fortalecimento do tronco no geral e a capacidade que os nossos membros inferiores têm de nos suportar (tendo o exemplo da posição-base na receção em campo).

Um jogador de voleibol tem uma preparação física muito exigente e o tronco em geral tem de estar fortalecido para movimentos de cariz muito exigente a nível físico. No movimento de ataque os ombros fazem uma rotação no ar que capacita os jogadores a colocar a bola na zona do campo desejada, por exemplo.

A situação de bloco também é essencial, no aspeto de o corpo estar suficientemente rígido de forma a blocar bolas que atingem velocidades surpreendentes em situações de ataque e nomeadamente nas divisões profissionais.

Um jogador de voleibol não faz propriamente ‘maratonas’, como talvez um jogador de futsal, para quem será necessária essa preparação física dos membros inferiores. Ao contrário daquilo que se pensa, é importante também alguma preparação nesse âmbito – afinal são as pernas que suportam o tronco/core em geral, que é constantemente fortalecido treino a treino. Mas será que é sempre assim? Será que os que estão ligados ao voleibol em geral no país e não têm só esta noção optam por esta preparação?

Procuro sempre dispor deste treino mais físico desde os escalões mais baixos na formação (iniciados, por exemplo) com o nível certo, adaptado às idades e capacidades.

O voleibol revitaliza a mente – aqueles que o praticam e entendem os constantes arrepios que um bom remate-ponto dá, ou o bloco que fechou um set, entendem. O corpo também recebe muitos pontos a favor. Um jogador de voleibol, se receber esta preparação do core correta, terá melhorias na sua postura e terá, com certeza, níveis de saúde desejados. Nos últimos anos há uma série de exemplos de treinos específicos e mesmo material  de apoio criado para o efeito – especificamente na preparação dos jogadores de voleibol.